Inserção de risco Estatística Mulheres conquistam espaço no mercado de trabalho, mas não recebem atenção adequada da SST A presença predominantemente masculina no ambiente de trabalho vem perdendo lugar com a constante entrada das mulheres em atividades que até então vinham sendo executadas quase que exclusivamente por homens. Elas deixaram de atuar somente naquelas áreas estereotipadas como femininas, para ocupar espaço em profissões com pré-requisitos tidos como masculinos (força, resistência). Mesmo enfrentando preconceito e salários mais baixos do que o conferido a homens em mesma posição hierárquica, elas conseguiram se inserir num mercado de trabalho competitivo, propiciando uma transformação social que, aliada às mudanças nos sistemas produtivos, levou à construção de novos espaços de trabalho, permitindo que ambos passassem a ocupar setores de atividades de forma igualitária. A mudança deste cenário profissional vem sendo remodelado há décadas, o que pode ser comprovado na Tabela abaixo. Por meio dela, é possível perceber o crescimento da participação feminina no mundo do trabalho ao longo dos últimos 14 anos. Enquanto que em 1998 elas eram 9.406.839, representando 38,41% dos trabalhadores inseridos no mercado profissional, em 2011 passaram a ser 19.402.272, respondendo por 41,90% dos trabalhado- res celetistas. O incremento do público feminino no mercado de trabalho nos últimos 14 anos foi de 106,2%. Os homens, por sua vez, neste mesmo período, elevaram sua participação em 78,4%, mostrando que a presença feminina vem se fortalecendo ano a ano. No entanto, a inserção da mulher no mercado de trabalho exige atenção diferenciada de quem atua na área de Saúde e Segurança do Trabalho. Isto porque, por mais que a igualdade de direitos deva ser respeitada, homens e mulheres têm necessidades distintas no ambiente laboral, seja nas diferenças de exposição aos riscos, nas condições de trabalho, no uso e na especificação do EPI, e também na operação de máquinas e equipamentos. Cabe à direção e à equipe de SST das empresas pensarem e colocarem em prática medidas preventivas para atender ambos os gêneros, pois, caso contrário, as mulheres continuarão mais vulneráveis aos acidentes do trabalho. Nos últimos 14 anos, as mulheres tiveram que enfrentar um aumento de 199,1% no número de registros de acidentes laborais. Os homens, por sua vez, registraram um aumento menor: 75,1%. A desatenção com a segurança da mulher pode ser observada nos últimos dois anos. Enquanto que elas sofreram 3% mais aciden- tes em 2011 do que em 2010 (de 201.086 registros, passaram para 207.194), eles tiveram uma queda de 0,9% (de 508.386, para 503.963) em seus registros de acidentalidade. Atualmente, as mulheres respondem por 29,13% dos acidentes de trabalho registrados no país, sendo que 13 anos atrás, a representatividade no quadro de acidentalidade delas era menor: 19,40%. Apesar de aparentemente estarem apresentando uma redução nos registros de doenças do trabalho nos últimos 6 anos (em 2011, elas contabilizaram 5.886 registros de doenças do trabalho, número 63% menor do que o que fora computado em 2005), elas respondem por 35,1% das notificações sem CAT registrada, mostrando que o adoecimento ocupacional vem sendo absorvido pela sistemática do NTEP, que caracteriza como doença decorrente do trabalho casos de assédio moral e sexual (ao quais as mulheres são as maiores vítimas), estresse, LER/DORT, entre outras. No entanto, o dado que mais chama a atenção é o de incidência de acidentes para cada 100 mil trabalhadores. Mesmo sofrendo menos acidentes do que os homens (em 1998, elas se acidentaram quase três vezes menos do que os homens e, atualmente, registram 805 acidentes a menos do que eles), a provável inserção em atividades mais bruscas e pesadas tem feito com que as mulheres se acidentem mais. Isto porque nos últimos 13 anos, elas tiveram um salto na acidentalidade de 45,1%, ao passo que os homens recuaram 1,8% sua incidência de infortúnios laborais. Acidentes de Trabalho registrados por motivo e sexo entre 1998 e 2011 Ano 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 TOTAL Média Masculino Trabalhadores % Feminino 15.084.796 15.214.221 15.982.983 16.437.782 17.265.351 17.740.944 18.845.717 19.832.111 20.865.545 22.246.439 23.234.981 24.135.025 25.752.758 26.908.359 19.967.644 61,59 60,87 60,94 60,46 60,19 60,05 60,00 59,67 59,35 59,15 58,91 58,57 58,44 58,10 59,74 9.406.839 9.779.044 10.245.646 10.751.832 11.418.562 11.803.983 12.561.859 13.406.506 14.289.704 15.360.991 16.206.585 17.072.521 18.315.597 19.402.272 19.402.272 % 38,41 39,13 39,06 39,54 39,81 39,95 40,00 40,33 40,65 40,85 41,09 41,43 41,56 41,90 40,26 Com CAT Registrada Típico Trajeto Doença Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. 250.951 46.994 22.811 9.652 13.969 12.629 265.250 53.751 25.548 11.139 11.886 10.136 236.025 51.473 26.161 11.200 9.605 9.529 233.133 50.060 27.240 11.742 8.682 8.788 260.272 60.118 32.027 14.593 10.448 10.438 262.983 62.564 33.890 15.745 11.976 11.867 303.798 71.335 41.285 19.043 15.074 15.111 320.577 78.035 46.409 21.562 17.172 15.924 325.144 82.280 50.123 24.513 16.308 13.862 330.799 86.230 52.701 26.304 12.565 9.808 347.987 93.938 58.890 29.851 11.444 8.911 327.183 97.310 58.859 31.321 11.411 8.159 319.147 98.146 61.907 33.414 9.892 7.285 318.641 104.519 64.040 36.190 9.197 5.886 4.101.890 1.036.753 601.891 296.269 169.629 148.333 292.992 74.054 42.992 21.162 12.116 10.595 Sem CAT Total de Registrada Acidentes Masc. Fem. Masc. % Fem. - 287.731 80,60 69.275 - 302.684 80,14 75.026 - 271.791 79,01 72.202 - 269.055 79,22 70.590 - 302.747 78,05 85.149 – - 308.849 77,40 90.176 - 360.157 77,35 105.489 - 384.158 76,88 115.521 - 391.575 76,45 120.655 87.529 53.579 483.594 73,33 175.921 131.611 73.346 549.932 72,74 206.046 130.473 68.644 527.926 71,99 205.434 117.440 62.241 508.386 71,66 201.086 112.085 60.599 503.963 70,87 207.194 579.138 318.409 5.452.548 75,18 1.799.764 – 63.682 389.468 76,12 128.555 Fonte: MTE/RAIS, MPS/AEPS * Excluídos casos de Acidente de Trabalho com sexo ignorado Nota: Os dados são preliminares, estando sujeitos a correções. 52 Anuário Brasileiro de Proteção 2013 Brasil.p65 52 9/11/2012, 18:03 % 19,40 19,86 20,99 20,78 21,95 22,60 22,65 23,12 23,55 26,67 27,26 28,01 28,34 29,13 24,82 23,88 Acid./100 mil Trab. Masc. Fem. 1.907 736 1.989 767 1.701 705 1.637 657 1.753 746 1.741 764 1.911 840 1.937 862 1.877 844 2.174 1.145 2.367 1.271 2.187 1.203 1.974 1.098 1.873 1.068 1.931 908