Painel – 02 – Paisagem e Movimentos Sociais
Projeto Participativo da Área Comunitária do Assentamento Domingos Carvalho, Rio Negrinho - SC
Autores: Fausto Moura Breda, Fernanda Gorski, Gabriel Scapinelli, Hugo Koji Miura, José Rodolfo Pacheco
Thiesen, Maiári Cruz Iási e Mariane M. Klettenhofer1
Florianópolis, outubro 2007
e-mail: [email protected]
O AMA-UFSC (Ateliê Modelo de Arquitetura da Universidade Federal de Santa Catarina) é um
grupo de extensão universitária de iniciativa estudantil – parte do projeto de EMAUs (Escritórios Modelo de
Arquitetura) da FeNEA (Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo) – que vem
trabalhando com comunidades excluídas organizadas desde 2001. Busca não somente o complemento da
educação universitária, como também o compromisso com a realidade social brasileira, através de projetos
participativos baseados no diálogo e na troca de saberes entre os envolvidos, de forma a se produzir um
bem coletivo – com a finalidade da apropriação e sustentabilidade da comunidade.
O presente trabalho é o primeiro realizado pelo Ateliê diretamente com este tipo de movimento
social. Ele se iniciou no final de 2006 com uma visita de alguns integrantes do AMA a um assentamento em
Garuva - SC, na qual foi revelada a necessidade da construção de um centro comunitário e de formação
regional para militância que estaria destinado ao Assentamento Domingos Carvalho, em Rio Negrinho – SC.
Este Assentamento foi criado em 1999 e possui o nome em homenagem a uma das lideranças
estaduais do MST e antigo líder do grupo. Sua área de 564 hectares é dividida em 35 lotes dos quais 34
são destinados às famílias que o utilizam para produzir individualmente e um único lote servindo de área
comunitária, onde se realizam reuniões, assembléias e comemorações. Essas atividades tomam parte num
antigo silo, onde ficava armazenado o alimento do gado, mantido em confinamento quando a área ainda era
“Fazenda Corredeiras”, anteriormente a ocupação. Ali também se encontram algumas casas, um campo de
futebol e áreas de plantio, ladeadas pelo rio Corredeiras. É nesta área que se dará a intervenção, buscando
um local coerente às suas necessidades.
Viagens periódicas, dos integrantes do ateliê ao assentamento, têm sido feitas com a intenção de
haver uma maior aproximação com os moradores da região, fomentando a troca de idéias, procurando
apontar soluções que instrumentalizem a ação da comunidade por suas demandas. O desafio é encontrar
formas de diálogo que contribuam para que os estudantes compreendam os assentados e estes possam
construir o desejo do centro comunitário de forma participativa. A intenção é de, através de maquetes e
desenhos de estudo, fazer com que os próprios assentados mostrem conclusões para a área.
Assim, uma maquete feita pelos estudantes foi apresentada aos assentados de modo que eles
pudessem contribuir com o projeto através de opiniões e anseios. Mas o resultado não foi como o esperado,
a escala da maquete era muito reduzida e não houve boa compreensão por parte dos assentados, não
habituados com este tipo de representação. O grupo já vem preparando maquetes em outras escalas e, na
tentativa de aguçar a curiosidade dos moradores, tentam fazer com que estas sejam mais interativas.
A distância entre a universidade e o assentamento também dificulta o trabalho. A viagem custa caro
e os estudantes acabam demorando a retornar. Com o apoio da universidade, através de três bolsas de
extensão e de um professor orientador, em agosto de 2007, o problema foi amenizado, mas ainda não
resolvido completamente.
Apesar dos obstáculos, o projeto tem grandes chances de ser realizado. Não somente pela
possibilidade de sua construção concreta (em 2008 será feita uma requisição ao INCRA para
disponibilização de verba à realização da obra), mas também da construção coletiva da paisagem com a
participação popular, formando agentes cada vez mais influentes na sociedade de forma transformadora.
1
Alunos de graduação de Arquitetura e Urbanismo UFSC, integrantes do AMA, orientados pelo professor Américo Ishida.