Universidade Federal de Goiás - UFG Centro de Estudos do Caribe no Brasil - CECAB ISSN: 1518-6784 Revista Brasileira do Caribe Revista do Centro de Estudos do Caribe no Brasil CECAB, Goiânia, vol. VI, nº 11 - jul./dez., 2005 Centro de Estudos do Caribe no Brasil - CECAB Diretora: Olga Cabrera Secretária: Idelma Santiago Revista Brasileira do Caribe Editor Responsavel e Organizador do Volume: Brígida M. Pastor Indexada pela Library of Congress. Control number: 2004204431. ww.catalog.loc.gov e pelo Directorio Latindex /UNAM/ México. www.latindex.unam.mx Conselho Editorial Olga Cabrera - Jaime de Almeida - Isabel Ibarra - Brígida M. Pastor - Maria Bernadette Velloso Porto - Joseania de Freitas. Conselho Consultivo Olga Cabrera (Universidade Federal de Goiás, Brasil); Juan J. Baldrich (Universidad de Puerto Rico, Puerto Rico); Consuelo Naranjo (Consejo Superior de Investigaciones Científicas - CSIC-Madrid, Espanha); Jorge Ibarra (Instituto de História-La Habana, Cuba); Brígida M. Pastor (University Of Glasgow, Gran Bretanha); Pedro L. San Miguel (Universidad de Puerto Rico, Puerto Rico); Olga Portuondo (Universidad de Santiago de Cuba, Cuba); Laura Muñoz (Instituto Mora, México); Miguel Suarez Bosa (Universidad de Las Palmas de Gran Canária, Espanha); Maria T. Cortés Zavala (Universidade Michoacana de San Hidalgo, México); Maria Bernadette Velloso Porto (Universidade Federal Fluminense, Brasil); Maria Therezinha F. Negrão de Melo (Universidade de Brasília, Brasil); Joseania Freitas (Univesidade Federal da Bahia, Brasil); Eleonora Zicari (Universidade de Brasília, Brasil); Eugênio Rezende de Carvalho (Universidade Federal de Goiás, Brasil); Luis Sergio Duarte da Silva (Universidade Federal de Goiás, Brasil); Comissão Técnica (Projeto Gráfico/Editoração): Dernival Venâncio Ramos Júnior Capa: Adriana Mendonça Revista Brasileira do Caribe: Revista do Centro de Estudos do Caribe no Brasil/Universidade Federal de Goiás, vol. VI, nº 11, (jul./dez.), Goiânia, Ed. CECAB, 2005. Semestral. Descrição baseada em: vol. VI, nº 11 (jul./dez. 2005). ISSN:1518-6784 301 p. CDU: 94 (1-928.9) 1. Caribe - História - Periódicos. Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia - FCHF - Universidade Federal de Goiás-UFG Campus II - Goiânia - Goiás CEP: 74.001-970 Fone: 55-62-3521-1457 Fax: 55-62-3521-1013 E-mail: [email protected] * Os dados e conceitos emitidos nos artigos, bem como a exatidão das referências bibliográficas são de responsabilidade dos autores. ** Os artigos recebidos para publicação são apreciados por no mínimo 2 (dois) revisores, escolhidos preferencialmente entre os membros dos Conselhos Editorial ou consultores externos especializados. Data de Circulação: Dezembro/2005 Copyright © Tiragem Bruta: 600 exemplares 2005, Centro de Estudos do Caribe no Brasil Sumário Editorial Brígida M. Pastor ................................................................... 07 PARTE I 1492: First Encounters, the Invention of America and the Columbian Exchange Luis Martínez-Fernández ......................................................... 13 Women´s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban Cinema Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito ............................ 33 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana de Pedro Juan Gutiérrez y otras vainas Daniel Noemí Voionmaa ........................................................... 57 “Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration of Afrocuban Motherhood Conrad James .......................................................................... 85 Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés María Zielina .......................................................................... 103 Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional em Martí e Sarmiento no limiar do século XXI Dinair Andrade ........................................................................ 119 PARTE II El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa del Caribe (Siglos XX y XXI) Nara Araújo ............................................................................ 145 Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo: Euzhan Palcy’s Rue Cases-Nègres and Raoul Peck’s Lumumba Lieve Spaas ............................................................................. 169 Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de Mamá Blanca Stephen M. Hart ..................................................................... 185 Género e identidad transcultural. Perspectivas anglosajonas sobre el Caribe y América Latina en el siglo XIX Carmen Ramos Escandón ....................................................... 195 Las narraciones de Julia Álvarez: hibridez y contexto multicultural Maricruz Castro Ricalde ......................................................... 209 Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria en la narrativa yucateca-caribeña. Margaret Shrimpton Masson ................................................... 237 An Approach to the Study of Culture as People in the African World Kwasi Konadu ...................................................................... 261 RESENHAS Brígida M. Pastor. El discurso de Gertrudis Gómez de Avellaneda: identidad femenina y otredad Eugênio Rezende de Carvalho ............................................... 285 Juan FLores. From Bomba to Hip-Hop. Puerto Rican Culture and Latino Identity Brígida M. Pastor ................................................................... 293 Os autores ......................................................................... 297 Summary Editorial Brígida M. Pastor ................................................................. 07 PART I 1492: First Encounters, the Invention of America and the Columbian Exchange Luis Martínez-Fernández ....................................................... 13 Women´s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban Cinema Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito ........................... 33 Neoliberal “Justice” in Cuba. A Reading of El Rey de La Habana by Pedro Juan Gutiérrez and Other Issues Daniel Noemí Voionmaa ........................................................ 57 “Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration of Afrocuban Motherhood Conrad James ....................................................................... 85 Cuban Poetry Today: Two Texts by Dulce Pullés María Zielina ........................................................................ 103 Beyond Nineteenth Century Borders: International Politics in Martí and Sarmiento at the Threshold of the Twenty-First Century Dinair Andrade ..................................................................... 119 PART II The Power of Representation: Cultural Identity in Caribbean Narrative (Nineteenth and Twentieth Century) Nara Araújo .......................................................................... 145 Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo: Euzhan Palcy’s Rue Cases-Nègres and Raoul Peck’s Lumumba Lieve Spaas ........................................................................... 169 Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de Mamá Blanca Stephen M. Hart ................................................................... 185 Transcultural Gender and Identity. Anglosaxon Perspectives on the Caribbean and Latin America in the Nineteenth Century Carmen Ramos Escandón ..................................................... 195 Julia Álvarez´ Narratives: Hibridity and Multicultural Context Maricruz Castro Ricalde ....................................................... 209 Breaking Down the Plantation: Imaginary Spaces in YucatecanCaribbean Narrative Margaret Shrimpton Masson ................................................. 237 An Approach to the Study of Culture as People in the African World Kwasi Konadu ...................................................................... 261 BOOK REVIEWS Brígida M. Pastor. The Discourse of Gertrudis Gómez de Avellaneda: Feminine Identity and Otherness Eugênio Rezende de Carvalho .............................................. 285 Juan FLores. From Bomba to Hip-Hop. Puerto Rican Culture and Latino Identity Brígida M. Pastor ................................................................. 293 About the Authors ............................................................... 297 Editorial O presente número da Revista Brasileira do Caribe incorpora uma rica e variada coleção de artigos que oferecem reveladoras perspectivas sobre o Caribe a partir da ótica da história, da literatura e do cinema. Por outro lado, todos os artigos selecionados encontram-se interligados pelo fato de serem portadores de evidentes aproximações à temática da identidade cultural no contexto caribenho. Assim, o mérito principal do presente volume consiste em ter reunido um importante grupo de autores de diferentes países e especialistas em inúmeros campos disciplinares. Tais investigadores oferecem novos e provocadores enfoques, conceitos e marcos teóricos que enriquecem consideravelmente a historiografia, estimulando novos debates em vários campos e perspectivas dos estudos caribenhos. Os artigos encontram-se ordenados tematicamente, ainda que essa não seja a única classificação possível. A primeira parte deste número, dedicada a Cuba, inicia com um ensaio historiográfico de Luis Martínez, no qual oferece uma reveladora interpretação de vários temas relacionados com o processo histórico de “descobrimento” de Cuba, destacando em sua análise a complexidade de tal processo a partir da perspectiva tanto do europeu quanto dos grupos indígenas autóctones. Em seguida, Glenda Mejía y Alfredo Martínez apresentam em seu artigo uma análise crítica da representação da mulher no cinema cubano, bem como as relações entre gênero e poder na sociedade cubana, caracterizada pela forte presença de ideologias e práticas machistas. Daniel Noemí Voionmaa, por sua vez, oferece uma interessante leitura da obra El rey de la Habana (1999), do escritor cubano Pedro Juan Gutiérrez, na qual ressalta as transformações da sociedade cubana durante a década de 1990, no contexto de inserção da mesma no cenário neoliberal. Na seqüência, Conrad James nos introduz ao mundo da maternidade afro-cubana e sua representação por meio da poesia de Eloy Machado Pérez. Em seu artigo, o autor busca revelar a imagem materna como uma força determinante da vida afro-cubana no contexto histórico de Cuba no período pré-revolucionário. Já o estudo de María Zielina se propõe a explorar o tema da identidade cubana a partir de dois poemas da escritora Dulce Pullés, prestigiosa e popular representante da literatura cubana e latino-americana. E, finalmente, fechando este primeiro jul./dez. 2005 7 grupo de artigos, Dinair Andrade apresenta um estudo, no campo da política interamericana, em que aborda alguns conceitos fundamentais formulados por dois dos mais destacados intelectuais do século XIX hispanoamericano: o cubano José Martí e o argentino Domingo Faustino Sarmiento. A segunda parte do presente volume inclui uma eclética seleção de estudos sobre outros temas e regiões, vinculados direta ou indiretamente com o Caribe. O primeiro artigo, de Nara Araújo, explora o conceito de identidade caribenha por meio de várias narrativas hispano-caribenhas, revelando como o fenômeno da identidade encontra um privilegiado espaço na representação literária. Lieve Spaas, enfocando as temáticas da diáspora afro-caribenha e das novas formas vigentes de escravidão, oferece um estimulante estudo comparativo entre dois filmes franco-caribenhos: Ruen Cases-Nègres (1992) de Euzhan Palcy y Lumumba (2000) de Raoul Perck. Stephen Hart, no campo de abordagem da mulher escritora, dedica o seu artigo à análise do romance Las memorias de Mamá Blanca (1926), da venezuelana Teresa de la Parra, no qual enfatiza o corpo feminino como alegoria da construção da nação venezuelana e da grande nação latinoamericana no início do século XX. Carmen Ramos Escandón, no artigo seguinte, esboça uma inovadora interpretação da perspectiva feminina na literatura de viagem, tomando como objeto de estudo uma obra da escritora estadunidense Lisise W. Champney, Three Vassar Girls (1855). Na seqüência, Maricruz Castro Ricalde nos brinda com um inteligente estudo sobre a complexa definição do conceito de identidade nacional dentro da reflexão contemporânea sobre a multiculturalidade, a partir da obra da escritora dominicana Julia Álvarez. Já Margaret Shrimpton Masson aborda a imagem da plantação na narrativa contemporânea do Caribe continental, a partir da análise dos romances recentes do escritor yucateco Joaquín Bestard, considerados pela autora reveladores de uma imagem múltipla da identidade narrativa regional. Encerrando esse grupo de artigos, Kwasi Konadu propõe, em seu texto, uma revisão crítica da historiografia que tem como tema comum de abordagem a diáspora africana, utilizando-se o contexto do Brasil como um estudo de caso. Finalmente, o presente volume é complementado com resenhas de dois livros cujas temáticas se vinculam aos estudos caribenhos. Eugênio Rezende de Carvalho apresenta o recente livro de Brígida M. Pastor, El discurso de Gertrudis Gómez de Avellaneda: identidad femenina otredad (2002) e Brígida M. Pastor, por sua vez, resenha o livro de Juan Flores, 8 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 From Bomba to Hip-Hop. Puerto Rican Culture and Latino Identity (2000). Nos últimos anos verificou-se um verdadeiro boom na produção acadêmica sobre o Caribe, em particular sobre a diáspora caribenha na América do Norte e na Europa. Desde o surgimento dos estudos culturais voltados à experiência da diáspora caribenha no Reino Unido, passando pelo crescente interesse pelas literaturas e histórias latino-caribenhas, e indo até à percepção do Caribe como exemplo de criollismo, mestiçagem e caos, que para muitos caracterizariam o período colonial, o Caribe se converteu em objeto de profundos estudos e análises. A crescente atenção acadêmica que tem sido conferida aos estudos do Caribe, porém, exige o questionamento e a reflexão sobre as idéias e conceitos de identidade, literatura, cultura e política, que se encontram por detrás desses discursos. O Caribe—ou “os Caribes”—que emerge desses discursos neste último meio século parece revelar-se com uma identidade própria e, em muitos casos, transmitindo um vínculo mais autêntico com a sua presente realidade múltipla e diversa, de forma que os discursos e as idéias desses arquétipos caribenhos têm uma forte influência na forma com que, atualmente, a região do Caribe se imagina a si mesma. A história, a literatura e o cinema nos contextos caribenhos sempre tiveram que se enfrentar com economias frágeis e com uma constante prática da censura. Em todos esses âmbitos o Estado desempenhou um importante papel como estimulador, mas também como censor. Por isso, tais discursos oscilaram, em relação à liberdade de expressão, entre visões liberais e autoritárias. Durante os últimos cinqüenta anos produziu-se uma reavaliação histórica que viu nascer novas e revolucionárias expressões artísticas, entre as quais se destacam os discursos históricos, literários e fílmicos, como sólidos canais dedicados à denúncia da injustiça, à celebração dos protestos sociais e à autenticidade da identidade. Com as vivências da construção de uma sociedade nova, surgiu o questionamento conflituoso de noções como identidade, nação, gênero e diáspora, descobrindo-se novos discursos transgressores e estratégicos em busca de uma formulação ideológica que gere sociedades mais justas e igualitárias. Com este volume, a Revista Brasileira do Caribe pretende-se oferecer como uma plataforma trilingüe para estudiosos de diferentes instituições acadêmicas de diversos países, por meio da participação de vários especialistas que pensam e estudam o Caribe a partir de outros espaços e/ ou contextos não caribenhos. O fenômeno massivo dos acadêmicos e jul./dez. 2005 9 intelectuais desterrados reflete a mesma hibridez que assume o conceito de Caribe. Por isso, esperamos que esta compilação de estudos corrobore a idéia de que criar uma identidade caribenha específica, mediante algo chamado de “integração cultural”, por si só, seria um equívoco, se não entendemos tal processo como uma dialética cultural, uma interação e intercâmbio entre as deferentes culturas, cujo objetivo comum é conquistar uma coexistência étnica e cultural relativamente harmônica. Assim, os caribenhos que se dedicam ao estudo do Caribe fora do seu próprio contexto, seja em razão de um exílio voluntário ou não, ou ainda aqueles que, não sendo caribenhos, adotaram o Caribe como objeto privilegiado de investigação, mantêm entre si um diálogo intelectual intenso e contínuo, integrando perspectivas distintas e elaborando propostas originais para analisar a diversidade das sociedades caribenhas. O fato de poder refletir desde fora, conhecendo em profundidade a partir de dentro, da individualidade, bem como de poder refletir desde fora com a objetividade científica, constitui uma dialética geradora de reveladores discursos caribenhos. Tais discursos iluminam o caminho em direção ao imaginário e a uma realidade de um Caribe diverso e plural, mas unificado em sua identidade. Concluindo, a compilação dos estudos que integram este número 11 da Revista Brasileira do Caribe pretende oferecer aproximações históricas, literárias e fílmicas a partir de detalhadas análises sobre os temas da cultura, identidade, gênero, nação, memória, exílio, escravidão, entre outros. Em seu conjunto, este número representa uma valiosa e inovadora contribuição à temática caribenha, com a intenção comum de oferecer e avaliar um panorama de diversos estudos sobre o significado histórico, cultural, artístico, literário e político do Caribe em diferentes momentos de sua história. Nele são debatidos temas variados e pontos candentes que desafiam a problemática e complexa realidade com a qual se enfrentam as sociedades caribenhas. Assim, esse número, intitulado Discursos caribenhos: história, literatura e cinema pretende erigir-se como uma exploração enriquecedora dentro do campo dos Estudos Caribenhos, proporcionando análises inovadoras, conceitos e referenciais que sirvam de legado instrumental a futuras aproximações aos estudos sobre o Caribe. Brígida M. Pastor University of Glasgow (U. K.) 10 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 PARTE I 1492: First encounters, the invention of America and the Columbian Exchange Luis Martínez-Fernández University of Central Florida Resumo Este ensaio interpretativo aborda vários temas relacionados com o chamado descobrimento de Cuba. Ele busca recriar o complexo drama de incertezas, confusões y surpresas que acompanhou este processo tanto para europeus quanto para indígenas cubanos que tentavam entender os acontecimentos a partir de suas respectivas cosmovisões, religiões e de suas limitações lingüístico-conceituais. Este ensaio discute o processo da “invenção da América”, conceito de Edmundo O’gorman, e o “intercambio colombiano”, conceito de Alfred Crosby, utilizando documento, mapas e crônicas da época. Palavras-chaves: Cristovão Colombo, Cuba, Descobrimento Resumen Este ensayo interpretativo aborda varios temas relacionados con el llamado descubrimiento de Cuba. Busca recrear el complejo drama de incertidumbres, confusiones y sorpresas que acompaño al proceso, a medida que tanto europeos como indígenas cubanos intentaban entender los sucesos desde sus respectivas cosmovisones, religiones y limitaciones lingüísticas y conceptuales. Utilizando documentos, mapas y crónicas de la época, este ensayo discute los procesos de “la * Artigo recebido em junho e aprovado para publicação em setembro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 13-31, 2005 13 Luis Martínez-Fernández invención de América”, concepto de Edmundo O’Gorman, y el “Intercambio colombino”, concepto de Alfred Crosby. Palabras claves: Cristóbal Colón, Cuba, Descubrimiento Abstract This essay is an interpretative approximation to various topics related to de socalled discovery of Cuba. It seeks to recreate the complex drama of uncertainties, surprises and confusions that characterized the process, as Europeans and Indigenous Cubans tried to make sense of it from their own cosmovisions, religious perspectives and conceptual and linguistic limitations. Based on period documents, maps and chronicles, the essay also discusses the encounter, using the Edmundo O’Gorman’s concept “the invention of America” and Alfred Crosby’s notion of the “Columbian exchange.” Keywords: Christopher Columbus, Cuba, Discovery *** Al mismo tiempo que Colón y sus compañeros de Europa descubrieron la América, los hijos de ésta descubrieron a Europa. Fernando Ortiz Fourteen-ninety-two was a most auspicious year for Spain to embark in search of new navigation routes and new lands to be conquered. In January of that year the Spanish Catholic monarchs Ferdinand of Aragon and Isabella of Castile entered triumphantly through the gates of the city of Granada, the last stronghold of Moorish domination in the Iberian Peninsula. The fall of Muslim Granada marked the end of seven centuries of the Christian Reconquista. Later that year, the Spanish crown ordered the expulsion of Muslims and Jews who rejected converting to Christianity. Symbolic and symptomatic of Spain’s national cultural integration, was the publication of the first Spanish language grammar by Antonio de Nebrija, also in 1492. Not coincidentally, in 14 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian... 1492 and in the city of Granada, after over eight years of incessant lobbying, Christopher Columbus finally received the crown’s sanction and support to “discover and subdue some Islands and Continent in the ocean” (COMMANGER y CANTOR, 1988, p. 1-2) The Capitulations of Santa Fe, as the original contract between the Catholic Monarchs and Columbus came to be known, granted the Genoese mariner the titles of admiral, viceroy, and governor of all territories to be found and conquered. Such titles were awarded in perpetuity to him and his descendants. The agreement also included generous economic provisions that entitled Columbus to keep 10 percent of the profits derived from all goods found and traded in any territories to be discovered and the right to invest up to an eight in any subsequent enterprise and draw profits proportionately. While the Capitulations vaguely referred to islands and a mainland, Columbus was convinced that he was headed to the Orient by way of the west. Basing his projected voyage on a mix-andmatch of existing estimates and calculations, he took China to be much larger than it was and believed the earth’s circumference was about a fourth smaller. Combining these and other miscalculations, he believed that the Indies, as East Asia was known, were reachable by sailing west from Europe. By no means a recognized scientist or cosmographer, Columbus proposed a voyage that generated scorn from Europe’s scientific establishment. Years later Columbus reminisced with some satisfaction that everyone laughed at and dismissed his plan”. Undaunted, he pursued his plans with the zeal of a crusader, believing that his new route to the Orient would give him and the Spanish monarchs access to the fabled riches and species of Asia and at the same time allow the expansion of Christianity to remote corners of the world. First encounters On August 3, 1492 Christopher Columbus and eighty-six other men boarded the Santa María, the Niña and the Pinta on the Port of Palos in southern Spain. The latter two were caravels, newly jul./dez. 2005 15 Luis Martínez-Fernández developed small, swift, and easy to handle vessels that made long journeys safe and feasible. Several weeks into the voyage, the ships’ crews began showing signs of unrest and desperation; mutinous conspiracies were spun which Columbus tried to avert by feeding his men false information about the distance so far traveled. He kept two daily records an accurate one for himself and a false one to share with his fellow sailors: “[September 10] went sixty leagues only reckoned 48” (COLUMBUS, 1987, p. 62). Tensions were somewhat diffused as birds and other evidence of nearby land were sighted. On September 25 and again on October 7, false land sightings were made. According to his grossly inaccurate longitude and latitude calculations vessels were approximating present-day Nova Scotia, an unwelcoming region, to say the least. On October 10, Columbus reported that his men “could stand it no longer” (COLUMBUS, 1987, p. 72). At last, in the early hours of October 12, after seventy days of uncertain navigation, the convoy saw land; Columbus named the island San Salvador. Later that day the explorers had their first contact with frightened natives who fled in terror. As the vessels headed south, the natives told Columbus of a large and bountiful island located further south. On his log entry for October 21, Columbus refers to it for the first time: “they call it ‘Colba’” (COLUMBUS, 1987, p. 90). The Admiral’s preconceptions and the natives’ description of Cuba, as Columbus refers to the island over the next few days, led him to believe that it was Cipangu (Japan). “Indians tell me,” he wrote on October 24, “that it is very large and has much trade, and has in it gold and spices and great ships and merchants” (COLUMBUS, 1987, p. 91). Three days later Cuba was within sight. On October 28 Columbus and his men landed in Cuba, the island, that above all others, captivated his heart and delighted his senses. The startled convoy spent the next five weeks exploring the eastern end of Cuba’s northern coast, fathoming the inlets of the jagged coastline. They made several landings along the way, planting a cross and saying prayers at every stopping point; two 16 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian... members of the expedition, Rodrigo de Jerez and Luis de Torres, ventured inland for several days during which they came in contact with numerous native villages. What Columbus and his scouts encountered in Cuba failed to approximate the advanced civilization and marvelous riches of Cipangu as described in The Travels of Marco Polo; in place of the solid gold roofed palaces which cartographer de Paulo described to Columbus, stood palm-thatched bohíos and caneyes. The Admiral now struggled to fit Cuba somewhere else within his nebulous notions of the Indies. His native informants also spoke of a nearby Cubanacán, which he took to be the land of the Great Khan, its capital: the legendary Cathay. On November 2, Columbus dismissed the natives’ claims to Cuba’s insularity. At about the same time, the natives spoke of a large and rich nearby island called Bohío, which now Columbus took, and mistook, for Cipangu. According to the natives it was rich in gold and inhabited by fierce cannibals, two traits included in Marco Polo’s description. On December 5, after over a month of coasting, Columbus’s vessels headed toward Bohío, which the Admiral renamed Hispaniola. Two surviving vessels, the Pinta and the Niña left bound for Europe on January 16, 1493, while thirty-nine sailors stayed behind, quartered in the fort of La Navidad, built from the wreckage of the Santa María. Although Columbus failed to bring back to Europe convincing evidence of having reached the prodigiously rich lands of the Orient, the success of his first voyage earned him ample royal support for a second expedition, this time with seventeen vessels and 1,200 people departing Spain on September 26, 1493. A few months earlier, the Spanish-born Pope Alexander VI had issued his famous Inter Caetera bull, sanctioning Spain’s claims to all lands 100 leagues west of the Azores and granting Portugal equal rights over territories east of that line of demarcation. After making a few short stops in several of the Lesser Antilles (“islands of the Caribs”) Columbus’s convoy headed toward Hispaniola, where they found that the Spaniards who had been left during the first voyage had been killed. jul./dez. 2005 17 Luis Martínez-Fernández On April 24, 1494 Columbus sailed toward Cuba on board the Niña, still convinced that it was not an island but a projection of the Asian mainland. He made reference to being by the Province of Magó, not far from the Great Khan’s Cathay. This time Columbus coasted Cuba’s southern shoreline for several weeks, making numerous stops along the way. In his farfetched efforts to sustain the continentality thesis, he sailed west until his convoy reached what later became known as Cortés Bay in Pinar del Río Province. Rather than continue west to prove or disprove Cuba’s insularity, he ordered his ships to turn back, not before making his crew take an oath affirming that Cuba was not an island; anyone who claimed that it was would be punished by having his tongue amputated. Viewing these events armed with over five centuries of accumulated knowledge and the scientific capabilities of the early twenty-first century obscures the fact that for the two sides involved in these first encounters between the Old and New Worlds the early contacts were bewildering, filled with uncertainty, fear and wild speculations. Initial responses ranged from awe and admiration to horror and hatred; they tested the far corners of European and Amerindian imagination. European explorers and natives, alike, scrambled to draw from their respective religions and cosmovisions as they struggled to understand each other and their respective worlds and the new world that both began to create together. As Columbus’s travel logs and other sources attest, he fell in love with Cuba; it was a love at first sight and it was passionate: “I have never seen anything so beautiful” (COLUMBUS, 1987, p. 93) he wrote his first day on the island. The Admiral marveled at its topography, its luscious vegetation and its bays and rivers which he claimed were the finest he had ever seen. A month into his exploration of Cuba he jotted that it looked “like an enchanted land” (COLUMBUS, 1987, p. 119) and days later he wrote in his navigation log that he did not want to leave the place. The weather seemed to conspire along with Cuba’s enchantment as the convoy was forced to wait several days for favorable winds for the departure. On his 18 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian... second voyage, Columbus reiterated his predilection for Cuba, claiming it was “the most beautiful thing that human eyes had ever seen” (COLÓN, 1995, p. 297). He noted on a delightful stop along the south coast on the Day of Pentecost, 1494: “We rested there on that grass next to those water springs and the marvelous aroma of flowers that could be felt, and the sweet singing of a multitude of little birds, under the shade of tall and enormously beautiful palm trees” (COLÓN, 1995, p. 297). The Genoese mariner described the native inhabitants in praiseful albeit patronizing terms, highlighting their beauty, meekness and friendly character. He remarked their olive skin, their straight jet-black hair and the high cheekbone on their faces. Columbus and other explorers were struck by fact that the islands’ natives wore no clothes, except for married women who covered themselves with small loincloths. Columbus mistakenly reported that the natives had no religion and that they could be easily converted to Christianity and effortlessly subdued: “10 men,” he claimed, “cause 10,000 Indians to flee” (COLUMBUS, 1987, p. 122) . He and other contemporaries also commented on the selflessness of the natives and their willingness to share whatever they had and to trade valuables such as gold and woven cotton for trinkets made out of tin or glass. Early European explorers also recounted their first impressions of tobacco smoking, the natives’ use of hammocks, canoes, and bohíos, and other curious native cultural practices. Although Columbus reported to the monarchs that during his first voyage he found “no monstrosities but well formed people” (COLÓN, 1978, p. 144). he conveyed the fact that the natives repeatedly mentioned the existence of fierce cannibals living in nearby islands: “men with one eye and others with dogs’ snouts who eat men” (COLUMBUS, 1987, p. 101). Columbus and his fellow explorers also heard tales of an island to the south east inhabited by Amazons, and of men with tails living somewhere in western Cuba. Later explorers reported visiting villages inhabited by giants; others obsessively searched for the mythical El Dorado and the Fountain of Youth. jul./dez. 2005 19 Luis Martínez-Fernández Cuba’s and the Caribbean’s unfamiliar fauna challenged the limits of the European explorers’ imagination as strange creatures, large and small, forced the first chroniclers to scramble for words to describe them. Columbus and his fellow seamen saw flying fish and trained fish (guaicán) that the Indians used to catch other fish. He saw manatees that he mistook for sirens. The Admiral and his contemporaries also reported on dogs that did not bark, multicolor parrots, dragon-like iguanas, and countless other species the Caribbean’s bestiary. Later explorations expanded the catalogue of seemingly monstrous creatures, as Europeans came in contact with anteaters, vampire bats, armadillos, boa constrictors, toucans, electric eels, piranhas, and thousands of other species unlike anything they had seen or imagined before. Columbus was repulsed by the sight of iguanas which the natives found so appetizing: “[the] nastiest thing ever seen …they were all the color of dry wood, their skin very wrinkled especially around the neck and above the eyes which looked poisonous and horrific” (COLÓN, 1995, p. 293). Peter Martyr d’Anghiera, a few years later, described a new world sea creature: “four-legged in the shape of a turtle, but with scales instead of a shell, with extremely hard skin, to the point that arrows do not scare it, covered with a thousand warts, its back flat, its head like an ox’s” (MÁRTIR DE ANGLERÍA, 1944, p. 271). He was describing a manatee. The sights of the New World tested the limits of the explorers’ frame of reference and the Castilian language as Columbus and other contemporaries recurred to comparisons with more familiar things. Thus, grass in Cuba was “as tall as in Andalusia,” “palms [were different] from those of Guinea and ours” the sea was as “gentle as the river of Seville;” nuts and rats were large “of the Indian kind” (COLUMBUS, 1987, p. 117, 123, 159). Yuca plants were like carrots but white and tasted like chestnuts, tobacco leaves resembled lettuce leaves; tomatoes were golden apples and potatoes were earth apples, thus the Italian word pomodoro and the French word pomme de’terre. Puzzled Europeans recurred to hyperbole in their efforts to convey the strange world unfolding before them. 20 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian... Columbus spoke of Cuban mountains that “appear to reach the heavens” of “flocks of parrots that obscure the sun;” of ocean water white and thick as milk. Before departing from Cuba in his first voyage he jotted in his log: “it seems to me that under the sun there can be no better lands: in fertility and mildness of cold and heat” (COLUMBUS, 1987, p. 105, 155, 185). As a symbolic act of possession over Cuba, which he named Juana in honor of Prince Juan, Columbus christened coastal points, harbors and rivers as he coasted the island during his first two voyages. He named his landing point San Salvador (Bahía de Bariay); and subsequently dispensed dozens of other places names: Río de la Luna (Bahía de Jururú), Río de Mares or Marte (Bahía de Gibara), Cabo de Palmas (Punta Uvero); Río del Sol (Bahía de Samá); Cabo de Cuba (Punta Lucrecia); Puerto del Príncipe (Bahía de Tánamo); Santa Catalina (Cayo Moa); Cabo del Pico (Punta Guarico); Cabo Campana (Punta Plata); Puerto Santo (Baracoa); Cabo Lindo (Punta Fraile); Cabo del Monte (Punta Rama). During the coasting of the southern shores in 1494, the Admiral continued to hand out names as if he were Adam and Cuba his Paradise. Deeming it the extreme western end of Asia, he named Cuba’s westernmost point Alfa y Omega (Punta de Maisí) and erected two columns and a cross to mark the spot; he later gave the name of Puerto Grande to Guantánamo Bay, and named two constellations of small keys; Jardines de la Reina and Jardinillos. Columbus also named the large island south of Cuba’s southwestern coast San Juan Evangelista (Isla de Pinos and more recently Isla de la Juventud). Because the extant documentation on the first encounters between the Caribbean’s natives and the European explorers was produced exclusively by the latter, it provides much insight on the European’s perceptions of the natives and their environment but very little information on how the natives perceived the invaders and how they struggled to incorporate them into their Neolithic cosmovision. Had the Tainos been able to record these first encounters we would have a better understanding of how they jul./dez. 2005 21 Luis Martínez-Fernández grappled with language and cultural limitations to make sense of the shock that turned their world upside-down in 1492. Tainos first saw Columbus’s convoy from a distance; the vessels must have seemed large sea monsters: whales or giant manatees. Perhaps they appeared as canoes shaped like bohíos with large cotton hammocks blown by Guabancex, the deity that drives the wind and the waves. The experience of seeing white, armed people emerge out of those floating bohíos was most terrifying, as evidenced by the numerous accounts of the Tainos’ fleeing in terror. The Europeans’ metal armors, beards, weaponry, and overall appearance were as, if not more, disconcerting and awe-inspiring to the natives as the natives’ nudity, beardlessness, and body ornamentation were to the Europeans. While the Europeans recognized the natives as fellow human beings, baffled natives first deemed the Europeans immortal beings descended from Heaven. According to Fray Ramón Pané’s contemporary report on Taino religion, the natives later came to believe that the Europeans were the prophesized, clothed invaders who would rule over them and bring death and destruction. The fact that the first explorers had no women with them must have also puzzled the natives and perhaps led them to suspect that, like the Caribs, they had come to kidnap Taino women to make them their own. Just as the Europeans commented on how relatively small value the natives placed on gold and how they lusted after beads and hawk bells, the Tainos who greeted Columbus were surprised and amused by the European’s obsessive lust for gold and worthless leafs, seeds and pieces of bark. Bartolomé de las Casas reported that natives in Cuba came to believe that the Spaniards worshiped gold as their god. Some of the European imports to the New World, particularly their fierce arsenal, terrorized the natives. Men on horseback were deemed strange human-eating beasts in which horse and rider fused into one, like the centaurs of Greek mythology. European dogs were fierce and barked threateningly, unlike the quiet, playful pets kept by the Tainos. The explorers’ muskets and cannon 22 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian... seemed possessed by the deity of thunder Guataúba, who had seemingly allied itself with the invaders. Inventing America So, who discovered Cuba and America? When were they discovered? Every Cuban school child knows the answers: Columbus in 1492. But are those answers correct? It all depends on what one means by discovery. The presence of Viking explorers and settlers in northern North America has been established to date to about 1000 A.D. A recent provocative study by Gavin Menzies claims that in 1421 a large Chinese expedition navigated throughout the Americas including Cuba’s shores. The term discovery, itself, is controversial and has in recent years fallen into disuse at the expense of others such as “encounter” and “first contacts”. Did the first landing on San Salvador on October 12, 1492 or the sighting of Cuba a few days later constitute discoveries or were these just first steps in a protracted process involving multiple actors engaging in what Edmundo O’Gorman called “the invention of America” (O’GORMAN, 1972) and more recently Eviatar Zeruvabel termed the “mental discovery of America” (ZERUVABEL, 1992). Columbus’s voyage of 1492-1493 shook the cosmological, philosophical, and religious foundations of Europe as mariners, cosmographers, cartographers, and theologians scrambled to make sense of the puzzling information and strange artifacts and specimens gradually filtering from half way around the globe. This prolonged drama unfolded in a context of a Europe in transition between the waning Middle Ages and the dawning Renaissance. Columbus was essentially a medieval explorer. A deeply religious man and a crusader at heart, he looked reverently to the Bible and cosmological and philosophical authorities, whose knowledge he used deductively as he tried to understand the world he unwittingly unveiled. Deeply imbedded within his view of the world was the dogma of the Ecumene, that the world consisted of three connected continents jul./dez. 2005 23 Luis Martínez-Fernández (Europe, Asia, and Africa), and likewise there were three oceans (Atlantic, Mediterranean, Indian), three human races (Caucasians, Africans, Asians), and three religions (Judaism, Christianity, Islam); all of this being earthly reflections of the Holy Trinity. Other contemporaries, such as Amerigo Vespucci and Peter Martyr d’Anghiera, as Renaissance men, challenged the ancient authorities and religious texts with scientific observations and experimentation. In Vespucci’s own words, experience was worth more than theory. Europe’s scientists, scholars at Salamanca among them, were initially skeptical about Columbus’s project, insisting that his calculations were inaccurate and that the existing naval technology would not permit a voyage from Europe to the Indies. As seen earlier, Columbus’ burdensome philosophical baggage did not allow him to even consider that Cuba and the other lands he found were something other than the Indies he had set out to reach by way of the west. Meanwhile, Renaissance scientists the likes of Peter Martyr were willing to engage in the “mental discovery” of a New World if scientific evidence led them inductively to that conclusion. Martyr was perhaps the first to scientifically embrace the notion that the islands that Columbus had found were not Asia but in fact something new. In a letter dated November 1, 1493 (only seven and a half months after Columbus’s return to Castile) Martyr referred to Columbus as “he who discovered the New World” (ZERUVABEL, 1992, p. 71-72). For Martyr, Vespucci, and other scientists the budding idea of a New World was not a dogmatic conclusion but rather a hypothesis to be tested with subsequent voyages and explorations. Over the next few years, Columbus, on the one hand, and Vespucci, on the other, embarked in parallel explorations to determine the nature of the lands that Columbus had taken to be the Indies. During his third voyage (1498-1500) Columbus ventured further south and came in contact with the mainland of South America, the first European to do so. Still convinced that the islands found in his earlier voyages were part of the Indies and Cuba was the Malayan Peninsula, he scrambled to redraw the map of the world and to find 24 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian... a place for the seemingly continental landmass he found south of the Caribbean. Taken aback by this new finding, which threatened to destroy the idea of the Ecumene, Columbus responded with another religiously-based conclusion: he had found the Garden of Eden, located in “a mighty continent that was hitherto unknown” (COLUMBUS, 1978, p. 129-130). The Admiral’s encounter with the splendid Orinoco River flowing off the coast of South America led him to affirm that the earth was not round, as widely believed, but rather shaped like a pear or a woman’s breast. On the earth’s highest point, shaped like a nipple, stood the lost Garden of Eden from which flowed the world’s mightiest rivers. Curiously, the Tainos also associated rivers and women’s breasts, their word “toa” used to refer to both. A few months later, Vespucci coasted over 4,200 kilometers of South America’s northern coast, also concluding that it was a continental mass. At about the same time Pedralvarez Cabral, sailing for Portugal coasted south along the Brazilian coast to about 15 degrees south of the Equator while Gaspár Corte-Real reached Greenland and later Labrador and Newfoundland for the Portuguese crown. These mystifying encounters with a massive continent located south of the Equator and another large landmass north of the Caribbean, sparked two primary hypotheses to be tested in further explorations. Columbus’s rather farfetched theory sustained that the islands and mainland to the north were Asia, as he had claimed all along, and that the continent to the south was a previously unknown landmass. Vespucci, meanwhile, hypothesized that all of the islands and landmasses constituted a single continent and that the southern part could not be Asia. In a letter of 1502 he spoke unequivocally of the southern continent as a “new land”. Reflecting the mental redrawing of the world, Cantino’s world map of 1502 showed America as separate from Asia; North and South America separate from each other; and Cuba as an island. In 1501 Vespucci set out on a second voyage in search of evidence to support or dismiss his thesis and a few months later Columbus embarked on his fourth jul./dez. 2005 25 Luis Martínez-Fernández and final voyage in an effort to find new evidence to fit into his latest theory. Vespucci coasted South America’s east coast as far south as what later became known as the Río de la Plata, concluding that since that landmass extended south that far it could not be Asia, therefore it, along with the rest, had to be a new continent. Columbus, meanwhile set out toward Central America in search of an oceanic passage separating what he believed was Asia to the north and the new continent to the south; having coasted Central America and not finding the passage he was after, he returned to his earlier thesis that everything was Asia. Unaware of the fact, while coasting the isthmus he was less than one hundred kilometers from the Pacific Ocean; a decade would pass before Vasco Núñez de Balboa discovered the Pacific Ocean. Columbus, thus, revived the Ecumene and found yet another biblical landmark, the Mines of Ophir in Panama, from which the gold to build Solomon’s temple had been mined. On his way back to Europe, still thinking it part of Asia, Columbus saw Cuba for the last time in mid-May 1503 as if to bid his beloved Juana one final goodbye. A violent storm pushed his vessels away: “I lost, at one stroke, three anchors; and, at midnight, when the weather was such that the world appeared to be coming to an end, the cables of the other ship broke, and it came down upon my vessel with such force that it was a wonder we were not dashed to pieces” (COLUMBUS, 1978, p. 187-188). This was a far cry from that refreshing afternoon on the Day of Pentescost during his second voyage amidst the aroma of flowers, the sweet song of birds, and the shade of royal palms. Was the discovery of America and Cuba—if we may use that term—the result of Columbus’s medieval crusading zeal or was it the result of the inductive science of Renaissance men like Vespucci and Martyr. Arguably it was neither and it was both. The “invention” and “mental discovery” of America required the mystic zeal of a prodigiously stubborn Columbus, whose deeply religious worldview allowed him to embark in explorations and theories summarily dismissed by his learned contemporaries. Ironically, the 26 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian... same mindset that pushed him to find Cuba and other islands and continental masses to the west, prevented him from recognizing them as new. While Columbus was the first European to encounter the Caribbean, South America, and Central America, it was Renaissance men of science and their navigators who eventually accomplished the actual “invention of America.” It was a matter of an unwitting collaboration between passionate medieval explorers and detached Renaissance cosmographers. Such convergences of primal passions and intuitions, on one hand, and skepticism and new ideas, on the other, have been at the heart of many of the most dramatic transformations and revolutions in human history. The discovery/invention of America ranks high among these. Sixteenth-century cartographers, beginning with Martin Waldeseemüller, credited Vespucci with the unveiling of a New World, by naming it America instead of Columbia. His famous map of 1507 portrayed North and South America connected to each other and fully insular. In the year 1500, cartographer Juan de la Cosa, one of the men Columbus had forced to swear that Cuba was not an island, produced the first map in which Cuba appeared as an island. Rather than the mighty continental tongue Columbus still believed it was, de la Cosa portrayed Cuba as a curled-up shrimp of an island about to be devoured by a gigantic, green continental mass, the Gulf of Mexico its gaping mouth. Neither de la Cosa nor any of his shipmates had their tongues cut off as their oath prescribed if they ever said that Cuba was an island. As later maps attest, only two of the names that Columbus gave as he sailed past Cuba stuck (Jardín de la Reina and Jardinillos), as bays and capes reverted to their Taino names or later settlers imposed names of their choosing. Not even the name Juana stuck as King Ferdinand ordered it renamed Fernandina soon after Prince Juan died. Fernandina did not stick either; the island came to be known as Cuba, what the natives had first said to Columbus or what he had understood them to say. Havana’s founders, perhaps unwittingly, honored Columbus, when they named what would eventually become Cuba’s capital jul./dez. 2005 27 Luis Martínez-Fernández San Cristóbal de La Habana. Three centuries later Columbus’s ashes were moved from Santo Domingo to Havana’s Cathedral, where they remained until Spain lost possession of Cuba in 1898. In a twist of irony, the Cuban territory where Columbus first landed convinced that he was in the Orient, eventually became known as Oriente Province; and 125,000 Chinese contract laborers were imported to Cuba between 1847 and 1873. The Columbian Exchange As America was being invented, the Old and New Worlds engaged in what Alfred W. Crosby, Jr. has termed the “Columbian Exchange” (CROSBY, 1972). Previously isolated continents, ignorant of one another, were now linked by travel and trade; and peoples, animals, plants, germs, and precious metals from one continent resettled in new environments across the Atlantic and beyond. While there is no doubt that these early stages of what is now called globalization dramatically transformed the Americas, as the conquests brought about demographic collapses among the natives and as colonists imported plants and animals that replaced those produced by Amerindians, American biological and mineral exports also helped transform all three continents of the former Ecumene. The early Europeans who explored Cuba and other parts of the New World brought with them their domesticated animals and plants, which they hoped would flourish in the American setting. Among the imported animal species were the horse, used for transportation and warfare; the cow, for its meat, hides, and milk; sheep for wool and mouton; the pig, chicken, and goat as sources of food; and the dog as pet and hunting companion. Pigs, cattle, and horses were let lose to multiply, reverting to a state of wildness and causing havoc on native croplands. Food and drink plants imported by the Europeans to satisfy their tastes and to be commercialized included: wheat, melons, onions, garlic, lettuce, grape vines, olives, chick peas, sugarcane, bananas, coffee and tea, among others. Some, like 28 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian... sugarcane and bananas, flourished in Cuba and the Caribbean to such an extent that they led to the coining of the terms “sugar islands” and “banana republics”. Other European food plants, like olives, grapes, and wheat floundered in the Caribbean only to blossom prodigiously in non-tropical regions of Continental America. Pre-Columbian Americans had few domesticated animals, among them turkeys, guinea pigs and llamas. Although few animals crossed the Atlantic in the other direction, mostly as specimens such as exotic birds and the like, American plants invaded Eurasia as well as Africa. One of Columbus’s major motivations had been the acquisition of exotic species such as ginger, cloves, nutmeg, peppers, and cinnamon. While disappointed at not finding much in terms of familiar spices, the Admiral and later explorers found a vast catalogue of food plants, many of which they took back to Europe. Cuba’s main pre-Columbian staple, yuca and yams, did not make it to Europe’s kitchens but eventually found their way to Africa and Asia, where they became important staples in several nations. While the practice was lost in Cuba, African farmers still cultivate yuca in mounds, like the Tainos did five centuries before. Likewise, American corn has reached all corners of the world, its high yields helping nourish millions in China and other nations. Indigenous to South America, the potato found fertile ground in Europe. Originally suspected of causing leprosy, the potato later became the staple crop of several European nations, most notably Ireland, and the main ingredient of Russia’s vodka. Tomatoes also found their way into the European diet, while sweetened chocolate from Central American cacao captivated taste buds in the Old World. Deemed to have aphrodisiac properties, the Jesuit order at one point prohibited its members to consume chocolate, lest the treat conspire against their vow of chastity. Perhaps more sinful was an American plant known as tobacco. In his History of the Indies, father Bartolomé de las Casas castigated smoking as useless and hard to quit vice. Its addictive qualities have helped make tobacco a product of vast consumption in all corners of the world. Cuba, were Columbus first jul./dez. 2005 29 Luis Martínez-Fernández saw tobacco, produces what is widely regarded as world’s finest cigars. The Columbian exchange was also a human drama in which entire populations were destroyed, as others, voluntarily or not, took their place, and new populations emerged as various populations came in contact with one another. In Cuba and much of the Caribbean Amerindian depopulation rates approximated 100 percent in just a few decades after the initial contact with the Europeans; for the entire hemisphere the rate of depopulation surpassed 90 percent. European settlers and their slaves took the place of the natives throughout the Caribbean and elsewhere. Contact between the various racial groups led to miscegenation and the emergence of large mulatto and mestizo populations. Today American nations like the Dominican Republic are essentially mulatto while Mexico, Peru and others are predominantly mestizo. The coming together of Amerindians, Europeans and Africans also generated Creole cultures that combine elements of diverse origins. Human migrations were accompanied by the migration of germs and communicable diseases. Because the Americas had been isolated from the rest of the world and its germs, the Tainos and other native peoples, had not been exposed to, nor developed immunities against, diseases common in Europe, Africa, and Asia. Smallpox, measles, influenza and other diseases imported by European explorers and settlers caused appalling rates of mortality. African diseases such as malaria and later yellow fever caused havoc not only among Amerindian but also among unacclimated Europeans. In return for such a deadly catalogue of new diseases, America’s natives gave Europe syphilis. No evidence of syphilis dating before 1492 has been found outside of the New World; the spread of this venereal disease reached epidemic proportions during the mid-1490s as European armies helped spread it throughout the continent and beyond. The Columbian exchange also included the mineral kingdom, precious metals to be more precise. In 1592 five times more bullion circulated in the world than a century before. The recorded amount 30 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian... of gold and silver exported from the Americas to Europe between 1503 and 1660 was an astounding 407, 851 pounds of gold and 35,273,600 pounds of silver. The Columbian exchange changed not just America, but the entire world, forever. Unwittingly, the stubborn Genovese mariner’s vessels led the path to what today we call globalization. Bibliography COLÓN, Cristóbal. Textos y documentos completos. Madrid: Alianza Editorial, 1978 y 1995. COLUMBUS, Christopher. Four Voyages to the New World. Gloucester: Peter Smith, MA, 1978. COLUMBUS, Christopher. The Diario of Christopher Columbus’s First Voyage to America, 1492-1493. Edited by Bartolomé de las Casas. Translated by DUNN, Oliver; KELLY, JR. E., James. Norman: University of Oklahoma Press, 1987. COMMANGER, Henry Steele; CANTOR, Milton (Eds.). Documents of American History. 2, V. 10 edición. Englewood, NJ: Prentice Hall, 1988. CROSBY, Alfred W. The Columbian Exchange: Biological and Cultural Consequences of 1492.Westport, CT: Greenwood Press, 1972. MÁRTIR DE ANGLERÍA, Pedro. Décadas del Nuevo Mundo. Buenos Aires: Editorial Bajel, 1944. MENZIES, Gavin. 1421: The Year the Chinese Discovered the World. New York: Harper Collins, 2003. O’GORMAN, Edmundo. The Invention of America. Westport, CT: Greenwood Press, 1972. ORTIZ, Fernando. “Por Colón se descubrieron dos mundos”. Revista Bimestre Cubana, 50 (2) Sept.-Oct., 1942, p. 180-190. ZERUVABEL, Eviatar. Terra Cognita: The Mental Discovery of America. New Brunswick: Rutgers University Press, 1992. jul./dez. 2005 31 Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban Cinema Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito University of Queensland Resumo O principal objetivo deste estudo é realizar uma crítica e uma análise da precisão com que a (re)presentação da mulher no cinema cubano descreve a relação gêneropoder na sociedade cubana. Para isso considera-se aqui o argumento de Chanan o qual afirma que o povo cubano considera aquilo que vê no cinema cubano como o mesmo que se vê (que existe) nos âmbitos público e privado de sua sociedade. Conclui-se que o meio cinematográfico aumenta nossa compreensão do papel da mulher e das relações de gênero na experiência diária daquela sociedade já que se permite à audiência interiorizar a história, o humor, as mudanças, as necessidades e a valentia do povo cubano. Os filmes estudados se referem a duas épocas. Na primeira, os personagens de mulheres cubanas são descritas como heroínas revolucionárias. Não há uma refletir ou problematizar seus medos, sua sensualidade e seus desejos como mulher. O que é feito no cinema produzido na segunda época estudada. Os resultados deste estudo sugerem que o cinema de depois de 1959 reflete com freqüência sobre a história social, incluindo a dissolução de classes, através de personagens femininos. Conscientemente ou por omissão, os filmes selecionados destacam a oportunidade de incorporação das mulheres no âmbito público e as limitações deste processo; no entanto, mostra também que esta incorporação é realizada “somente até certo ponto” visto que ainda estão presentes as ideologias e praticas machistas da sociedade patriarcal. * Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em setembro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 33-56, 2005 33 Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito Palavras-chaves: Cinema , Cuba , Mulher Resumen El objetivo principal de este estudio es hacer una crítica y análisis de la precisión con qué la (re)presentación de la mujer en el cine cubano describe la relación géneropoder en la sociedad cubana. Para esto se considera el argumento de Chanan quien afirma que el pueblo cubano considera que lo que se ve en el cine cubano es lo que se ve (o que hay) en el ámbito público y privado de su sociedad. Se concluye que el medio cinematográfico aumenta nuestra comprensión del papel de la mujer y del género en la experiencia diaria de la sociedad cubana ya que se le permite a la audiencia interiorizar la historia, el humor, los cambios, las necesidades y la valentía del pueblo cubano. Los filmes estudiados se agrupan en dos épocas. En la primera los personajes de mujeres cubanas suelen describirse como heroínas revolucionarias, sin reflejar ni proyectar sus miedos, su sensualidad y sus deseos como mujeres, lo cual sí es tipificado en la segunda época. Los resultados de este estudio sugieren que el cine de posterior a 1959 refleja con frecuencia la historia social, incluida la disolución de clases, a través de las mujeres. Conscientemente o por omisión, las películas seleccionadas destacan la oportunidad de incorporación de las mujeres en el ámbito público y las limitaciones de ese proceso, pero sólo hasta cierto punto puesto que aún están presentes las ideologías y prácticas machistas de la sociedad patriarcal. Palabras claves: Cine, Cuba, Mujer Abstract The main purpose of the study is to analyse and critique how accurately the representation of women in Cuban cinema portrays the existing gender power relationships in Cuban society, in the light of Chanan’s claim that Cuban people consider that what we see in Cuban cinema is what we see on the public and private spheres of Cuba. It follows that the cinematic medium increases our understanding of women and gender issues in the daily experience of Cuban society, and thereby allows spectators to engage in representations of the history, the humour, the changes, the needs, and the courage of Cuban people. The films examined here are grouped into two epochs. In the first epoch, Cuban women are generally portrayed as revolutionary heroines, without fully exploring and projecting their fear, their sensuality and their desires as women, as it is typified in the second epoch. Taken together, the results of this study suggest that post 1959 Revolutionary Cuban cinema has frequently portrayed social history–including the breakdown of social class–through women. Consciously or by default, the 34 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban... films chosen highlight both the opportunities for the incorporation of women into the public sphere, and the limitations of that process but only up to a certain point: the machista ideologies and practices characteristic of a patriarchal society still remain. Keywords: Cinema , Cuba , Woman *** It is imperative to analyse the forms of representation of women according to their experiences, beliefs, and cultural, social, and political realities, that is to say, that although hegemonic ideologies (capitalism, socialism, patriarchy) in diverse societies and epochs may share much in common, these commonalities are undermined by spatial and temporal nuances which affect the shape and form artistic institutions (such as ICAIC1 in Cuba) take on, the position women occupy in a society, and the way women are represented in cinema. More specifically, pertaining to the feminist task of liberating women from patriarchal behaviours and institutions, it is important not to draw all-encompassing conclusions or observations regarding women’s experiences and thoughts through “the use of the inclusive, but ultimately indeterminable term of ‘WE’” (CARBY, 1982, p. 233). As Eisenstein (2004) states in her discussion of feminism and Afghan women “it is too easy to think all women should be free like me whoever the ‘me’ is” (EISENSTEIN, 2004, p. 153). In the end, the crucial questions pertain to who is telling the story and how the story is told. It matters profoundly who and what gets represented, who and what regularly and routinely are omitted/permitted; and how things, people, events and relationships are represented. Therefore, what one knows of society depends on how things are represented to her/him and that knowledge in turn informs what one does and what policies one is prepared to accept (HALL, 1986, p. 9). The general aim of this paper is to integrate two broad topics of research: a) the representation of women and b) Cuban cinema, jul./dez. 2005 35 Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito within a multidisciplinary perspective, with the hope of increasing the understanding and knowledge of Cuban women by highlighting their “actual” experiences as presented, hasta cierto punto, in Cuban films. A specific aim is to examine how in a socialist country which society is purported to be organised around ethics of equality, women are represented in its cinema from a feminist point of view. Further specific aims are to examine factors such as patriarchy, machismo, and constructed notions of femininity and masculinity, and how these elements contribute to the nature of the representation of women and influence the audience’s interpretation of these elements within the revolutionary social, political and economic context. Ultimately, we argue that the representation of women in Cuban cinema is in constant flux and is ultimately defined by the social and political main events, both inside and outside of Cuba, of any given period of the Revolution, with such shifts being broadly categorised into two epochs. This will be analysed in relation to the following selected films from the first epoch: De cierta manera (dir. Sara Gómez, 1974/1979), Retrato de Teresa (dir. Pastor Vega, 1979), and Hasta cierto punto (dir. Tomás Gutiérrez Alea, 1983), and from the second epoch: Mujer transparente (dirs. Hector Veitía, Mayra Segura, Mayra Vilasís, Mario Crespo and Ana Rodríguez, 1990), and La vida es silbar (dir. Fernando Pérez, 1998). The first epoch, from the 1960s to 1980s, was embedded deeply within the Cold War context in which the Revolution substituted imperialist and capitalist ideas for socialist ones. During this period Cuban cinema represented women primarily as revolutionary heroines whose preferred form of representation was to narrate societal histories in materialist terms, and specifically labour equality. The second epoch began in the late 1980s with the fall of the Berlin Wall, the subsequent collapse of Soviet communism and the defeat of the Nicaraguan Revolution. During this epoch, cinema focused and explored the representation of women’s femininity, fears and desires, and induced the audience to question gender power relations through such subjectivities – a function of Cuban cinema that was not evident in the first epoch. The cineastas of all six films attempt to inscribe the female image 36 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban... into the process of the Revolution and the changes it has brought about. Thus, this paper attempts to exemplify how machismo, women’s liberation, and images of women that construct diverse discourses of femininity are presented in each epoch. Two Epochs In order to successfully explore and understand the representation of women in Cuban cinema, it is necessary to first outline the fundamental basis upon which Cuban cinema is built. Solanas and Getino (1997) indicate that films produced in Cuba after the triumph of the Revolution were clearly revolutionary in the sense that “although their starting point was just the fact of teaching, reading and writing, they had a goal which was radically different from that of imperialism: the training of people for liberation, not for subjection” (SOLANAS; GETINO, 1997, p. 48). Chilean film-maker Miguel Littin claims that “there are no such things as a film that is revolutionary in itself”, but that a film becomes revolutionary only when it grips the masses (THESHOME, 1979, p. 42). On the other hand, the Bolivian director Jorge Sanjiné’s theory of revolutionary film indicates that it is an outside force, an external power that summons people to action (THESHOME, 1979, p. 42). Additionally Ousmane Sembene, a Senegalese film-maker, claims that a film can be revolutionary without creating revolution, and he defines film more in political terms than in revolutionary ones (THESHOME, 1979, p. 43)2. Solanas and Getino (1997) define Revolutionary cinema as “not fundamentally one which illustrates, documents, or passively establishes a situation: rather, it attempts to intervene in the situation as an element providing thrust or rectification. To put it in another way, it provides discovery through transformation” (SOLANAS; GETINO, 1997, p. 47). Drawing from this it can be stated that Cuban cinema seeks to provoke the audience to self-reflect upon their own role in their society and then to participate in finding a solution rather than remaining passive. Given that the nature of Revolutionary cinema is considered a means of communication with the masses, jul./dez. 2005 37 Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito the Cuban director Tomás Gutiérrez Alea believed in the importance of realising the “social function” of cinema. This is achieved by supplying the spectator with critical insights into actual conditions to the extent that she or he ceases to be a spectator and feels moved actively to participate in the process of daily life (BURTON, 1997, p. 161). Therefore, it is expected that if questions of machismo, emancipation and egalitarianism are raised in Cuban society, these issues will be represented in Cuban films, since there is a strong tradition of Socialist Realism3 in Cuban cinema, a cinema which is characterised by the depiction of the contemporary society. Thus in opposition to Hollywood cinema which has as its primary goal entertainment for the audience, Cuban cinema primarily aims to provoke construct active thinking participants in social discourse and critique (SOLANAS; GETINO, 1997). Thus, based on a Marxist vision of popular involvement of the proletariat in daily functions and decision-making of society, Cuban cinema stressed participation over passivity. This functional relationship between the Revolution and Cuban cinema provided the opportunity for ICAIC, to become an instrument for conscience-raising and to contribute to the enthusiasm for the Revolution and development of an inclusive political process (QUIROS, 1993, p. 65-66). The films discussed in this essay from the first epoch (De cierta manera, Retrato de Teresa and Hasta cierto punto) argue strongly in favour of Cuban women’s labour equality. Women were represented primarily as fighting against machismo to become strong, independent and free to participate in the labour force. By participating in the labour force, women wanted to make others conscious of the aims and ideas of the Revolution in the hope of constructing the “new woman” based upon economic materialist considerations (a revolutionary heroine). Moreover, their participation was to augment women’s and men’s capability and responsibility to critique and address social/cultural issues such as machismo and sexual double-standards to create the “new man”. This is exemplified in Retrato de Teresa (1979) whereby Teresa 38 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban... incessantly struggles for women’s equal participation in the labour force as an expression of rebellion against her husband Ramón’s machista attitudes in the household. Teresa seeks her husband’s support to share responsibilities in the house so she can more easily participate in a socialist society as a mother, a wife, a student, a labourer, an activist but, above all, as an equal based not just on material aspects but on non-gendered human aspects. Ultimately, in accordance with Marxian thought, labour participation represents for Teresa an outlet for emancipation from patriarchal constructions of family and femininity. However, the emancipatory element is undermined as Teresa ironically seeks Ramón’s approval for entering the labour force, due ostensibly to the residues of patriarchy that continue to exist independently of Marxian materialist-based developments. In opposition to claims that all women who play roles as mothers and wives are thus represented as submissive and weak characters, Cuban cinema details how there is no intrinsic weakness or inferiority associated with such roles through the broadening of the conceptual frame of women by appealing to the socialist ethic of equality. This functions in a way whereby work and familial roles are not prioritised or awarded more prestige or importance based upon gender. Therefore, the lack of focus upon women’s feelings and fears is not as a result of them having some kind of intrinsic relative weakness as a mother or wife, but as a result of the cineastas continual permission of men’s desires and wishes and omission of women’s personal expression. In Retrato de Teresa, Pastor Vega focuses more on Teresa’s marital relationship, and on Teresa’s husband rather than on Teresa’s feelings and frustrations. This can be seen in the close-ups where Teresa remains pensive, heart-broken, hopeless, confused and withdrawn without letting the audience witness her possible extramarital affair, her subjectivity and inner struggle (BURTON, 1994). Whilst in Hasta cierto punto Gutiérrez Alea focuses upon Oscar’s struggle with leaving his wife than on Lina’s personal emotions and hopes and her personal jul./dez. 2005 39 Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito reactions from her sexual abuse. Similarly, whilst Lina shows her disenchantment and pain resulting from Oscar’s indecision in leaving his wife by hiding herself under her pillow, she never voices her pain. Interestingly, in De cierta manera (directed by the only female cineasta Sara Gómez), the representation of Yolanda, who is also very strong like Lina and Teresa, differs greatly in that she is given the opportunity to very clearly voice her frustration, her choices and her dreams; she is depicted as a woman who does not accept any machista behaviour that will prevent her from developing herself as a professional and as an individual. Drawing from this we can state that Teresa and Lina are women who struggle between the revolutionary belief of equality and emancipation, and the traditional patriarchal values and machista attitudes which inhibit exploration and expression of their identities, fears, emotions and voices. The experiences of Lina and Teresa give weight to Creed’s (1987) assessment that women do not speak in their own voice and thus are represented only in terms of a male discourse about women. However, Yolanda provides subversive and emancipatory constructions of femininity due possibly to the personal experiences of double-discrimination/double-subjugation of Sara Gómez and the powerful influence these may have had on her representation of Yolanda. Accordingly, Gutiérrez Alea has indicated that “Sara [Gómez] was doubly oppressed, as a black and as a woman, so she was very much moved on the question of how sexism and racism could be dealt with after the revolution. So it is not surprising that she, a woman, undertook the problem of machismo or was interested in the secret societies [abacuá], where the macho elements are so well established” (ALEA cited in RICH, 1998, p. 102). Thus, Sara Gómez typifies machismo with the purpose of not just representing the problem but to emancipate women’s voices in order to find a solution to the problem and act on it. Machismo is a peculiar form of patriarchy that has to do with public relations between men as well as between men and women (LEINER, 1996). In addition, machismo stereotypes the female 40 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban... figure and avoids openly exploring the fundamental issues of women’s sexuality, femininity, gender equality and social power relations. Dussel (1985) interprets machismo as “an ideology that cloaks the domination of woman defined as sexual object, [that] not only alienates the woman but also makes the male impotent in as much as it impedes his relationship with a woman” (DUSSEL, 1985, p. 83). Thus patriarchal ideologies consider it “natural” that women are obedient, submissive, sentimental, emotive, self-sacrificing, ready and happy to perform a passive role in personal and sexual relations, acting as the man’s instrument of pleasure. The male protagonists in the films from the first epoch—Mario (De cierta manera), Ramón (Retrato de Teresa), and Oscar (Hasta cierto punto)— resist change at the level of their personal life (the family and home) through denial of their household responsibilities and by prohibiting their wives from entering the labour force and participating in social activities. However, the male characters are ultimately forced to confront their prejudices or to change somewhat their machista behaviour in order to satisfy their sexual desire and male ego. Interestingly, although the women characters demand from their male counterparts equal rights to enter the labour force, it is the male characters such as Mario’s father Candito (De cierta manera), and Bernal, the party secretary at the factory (Retrato de Teresa), that also take up the challenge of critiquing traditional notions of femininity and masculinity by reminding Mario (De cierta manera) and Ramón (Retrato de Teresa) that the goals of the Revolution are to change the old patterns of machismo. This is exemplified when Candito highlights the responsibilities of good revolutionaries which provoke Mario into choosing between the postulated goals and attitudes of the Revolution and his loyalty towards his workmate Humberto who acts contrary to such new social codes. Furthermore, Bernal challenges machismo by attempting to convince Ramón to allow Teresa to work more hours. Although throughout the film it is clear that Mario resists profound change of his machista attitudes and behaviour because of male-peer pressure, ultimately he is willing jul./dez. 2005 41 Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito to change because he becomes aware of the pressures that his attitudes and behaviours have on his relationship with Yolanda. It can be assumed, based upon his choice to remain by Yolanda’s side at the end of the film, that he wishes dearly for the relationship to continue and to be based on love and less biased gender power relations. Conversely, Ramón maintains his reluctance to change, and expects his wife to take him back under the same machista rules that he has imposed throughout their marriage. In Hasta cierto punto, Oscar is an intellectual who is obviously aware of his apparent higher-class status, through his critique of the prevalence of machismo in the lower class (dock workers). Although Oscar’s cinematic project seeks to critique machismo as an oppressive belief system, ultimately his failure to self-reflect and to realise that no socio-economic class is immune from the workings and attitudes of machismo blinds to the role he plays perpetuating the same patriarchal myths that his project seeks to uncover. In general, in the first epoch, many males are forced by social and familial networks to maintain the posture of traditional masculinity, effectively closing out to varying degrees the opportunity to self-create themselves as more sensitive fathers, sons and husbands. Moreover, whilst the directors of Retrato de Teresa and Hasta cierto punto presented the problem of machismo, they failed to provide a critical discussion about it by omitting possible emancipatory visions for women and how change in machista attitudes can benefit men. Arguably, the failure to permit women to express their individuality, opinions, fears and desires, coupled with the failure to provide the real benefits for men such as the maintenance of intimate relationships and a reconnection with an intimate and personal “self”, may be an important element that can explain the failure of the audience to engage deeply with the issue of machismo and seek solutions towards its eradication. Conversely, in De cierta manera Sara Gómez was primarily concerned with people of both sexes at the level of individual change, coupled with a focus on the ongoing processes of social change in Revolutionary 42 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban... Cuba and how these changes were affecting women and men. Thus, Gómez does not solely present the problem of machismo, but continues with a presentation of both women’s voice and the possibility for men to change. In addition, by ending the film with a full shot depicting an eclectic mix of materialist-based visions of demolishing buildings to make way for new housing projects and images of Yolanda and Mario discussing their relationship, the audience can be seduced by the postulated imperative for change. At the beginning of the second epoch, machismo was presented in cinema but not discussed as a central issue, as illustrated in Mujer transparente. Late in the same epoch, presenting a nontypical construction of masculinity becomes important. Underlining this, Seungsook (2002) states, “masculinity is not a fixed or pregiven identity but a position (or place) in gender relations that is produced and maintained through culturally specific and continued practices, such as certain ways of acting, dressing, or speaking” (SEUNGSOOK, 2002, p. 82-83). Thus, these traditional conceptions of femininity and masculinity that have deep roots in culture and society can be negotiated in order to transform the process of creation and definition of masculine and feminine personalities and their representation in cinema. This is achieved by Fernando Pérez, in La vida es silbar (1998), with the character of Elpidio by providing the audience with a man who wants to express his emotions, failures and fears because he is not afraid to be ridiculed by other men or does not succumb to peer-pressure to be macho. This is clearly seen in the scene when an old man asks Elpidio if the old man is handsome. After being told by Elpidio that he is ugly, the old man walks away crying. After realising what he has done, Elpidio runs to the old man, embraces him and says to him that nobody is perfect. Upon saying these words, he immediately realises the profundity of his words, and thus being called a marginal by his mother no longer affected him; his own differences did not signify failure. Through Elpidio and other male characters in the film, Pérez is sending the message that the “new man” which the Revolution postulates, should jul./dez. 2005 43 Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito not be primarily based upon heroic and so-called “perfect” qualities, but rather the importance of being sensitive towards himself and others. In contrast to the representation of women from the first epoch, the exploration and expression of individual and intimate desires, opinions, fears, failures and identities is central to the representation of women in the second epoch, even though they still play the roles of mother, wife, and independent and strong characters. In this epoch women want everyone to be conscious of themselves and not just conscious of the Revolution, they want to create stories as independent identity-based individuals, and not as participatory vehicles (cadres, heroines and so forth) that narrate histories of the Revolution. In this later period, machismo is apparent, but is not a central and obvious focus. Importantly, second epoch cinema seeks to reconstruct the meaning of femininity with the aim of critiquing and expanding its traditional construction (caring mother and wife) through exploring other issues such as women’s experiences, emotions and desires in their daily lives. This new form of representation is typified in Mujer transparente (1990), with the character of Isabel who is an economically-independent woman who occupies a higher labour position than her husband Luis, but seeks acknowledgment from her husband as a woman with individual fears, desires and opinions (exemplified mostly through voice-over technique). The use of voiceover acts subversively within a patriarchal discourse to overcome the censuring/silencing of reflection upon women’s lived experiences, emotions, aspirations and fears, in order to empower women, thus permitting the forging of intimate identities and connections between the audience (in particular women) and the storyteller (women’s characters) (McHUGH, 2001). Other strong female characters in search of themselves represented in Mujer transparente are Julia and Zoe. They are not only strong but they are not afraid to show the enjoyment of their sensuality and to break old patterns of machismo that dictates that women should be submissive and passive. 44 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban... Mariana, in La vida es silbar (1998), also enjoys her sensuality and her body’s desires. It seems that Mariana is the one always in charge of her relationships, deciding when to start and end her relationships, and with whom to have them. Mariana expresses her power to imagine, control, and power to decide and to seduce through an indulgence and enjoyment of sex and gazing at men’s bodies, showing no signs of vulgarity or obvious instrumentalism. In this epoch it seems that all these female protagonists, by taking control of their own desires and pleasures, stop being subservient to their husbands, fathers, brothers or sons. The only exceptions are Adriana in Mujer transparente and Julia in La vida es silbar. These two women are from the generation of the first epoch, who continue— throughout the second epoch—to be reminded of, made to feel guilty, and ultimately constrained by the traditional hegemonic constructions of femininity. They are presented as women who carry personal belongings from the past, and fears of taboos that do not allow them to enjoy their contemporary fantasies and desires. Cinema and Seduction/Audience Primarily, one of the central objectives of Cuban cinema is to present a realist cinema that challenges its viewers to think about their reality. The Cuban female film-maker Vilasís states that Cuban cinema chooses to create films in which “el resultado es una obra donde el espectador se siente interesado en la historia que le narran, pero al mismo tiempo, constantemente es obligado a reflexionar sobre ‘la realidad’ que lo circunda”4 (VILASIS, 1995, p. 56-57). Other Cuban cineastas such as Julio García Espinoza, Tomás Gutiérrez Alea, and Sara Gómez also view cinema as a forum for expressing and representing revolutionary struggle. Eisenstein believed that “a revolutionary country should be given a revolutionary culture (cinema in his case) in order for the masses to obtain a revolutionary consciousness”5 (HAYWARD, 2000, p. 231). Therefore, true to the Marxist ideas that nurtured the Revolution, Cuban cineastas were jul./dez. 2005 45 Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito to create “the new culture advocated by the revolutionary authorities” (GARCIA OSUNA, 2003, p. 39), with the aim to make spectators think and resist old attitudes that did not fall in line with those postulated by the Revolution. Bearing much congruence with Marx’s axiom which states that “it is not sufficient to interpret the world; it is now a question of transforming it” (SOLANAS; GETINO, 1997, p. 46), Cuban cinema was viewed as an instrumental tool in raising the social and political awareness of the public, thus making film a medium for revolutionary mass education (GARCIA OSUNA, 2003, p. 39). In addition, the narrative style used in Cuban cinema together with other characteristics of a social realist, neorealist, and cinema novo such as the use of cinéma vérité, mise-en-scène, and montage, seduce the audience to share the experiences and thoughts of the protagonists and act towards finding a solution to problems that are presented. More specifically, cinema vérité through newsreel and sections of documentary footage in the first epoch is presented in De cierta manera (e.g. newsreel footage on the progress of the Revolution) and Hasta cierto punto (e.g. the interviews at the dock harbour). This illustrates the problems of the Revolution and presents them within a specific way that affects the audience’s experiences. For instance, machismo and sexual double-standards are depicted in a more precise and realistic fashion that transcends, to a certain degree, the fictional base of the story. The use of mise-en-scene (setting, costume, sound and lighting) in the first epoch was a style determined by moments of the epoch in relation to the Revolution or to Cuban history but still had the aim of transcending life experiences into the films so that the audience could identify with those scenes affecting their senses of the shape and texture of the objects depicted and be seduced by them. An example is the use of music in the three films from the first epoch as an analogy of the story illustrated. An example of montage as a symbolic device is when Sara Gómez, in the first epoch, shows repeatedly the demolition of old buildings, thus metaphorically indicating revolutionary changes. 46 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban... By presenting this scene, the film challenges the audience to realise that any substantial change in life takes time and work but that people need to demolish old patterns in order to construct new ones, built upon a stronger base. In the second epoch the technique of cinéma vérité is not often used, however, through the use of mise-en-scene and montage, Cuban cinema developed its own unique style in presenting pressing issues of the time, whereby the main focus is not society-wide issues like machismo, but more upon an exploration of women’s subjectivities continuing with the goal of seducing the audience to participate as active viewers. Fernando Pérez, in La vida es silbar, uses distinctly Cuban codes or cubanismos that involve Cuban audiences in a multi-layered/allegorical engagement with the films’ content. For instance, superstitions, Afro-Cuban rites, popular music, and symbols (e.g. Elpidio’s name, which is the name of the hero of Cuba’s popular cartoon series, the name of Elpidio’s mother called Cuba, and the exemplification of trains and art). Such techniques function through the presentation and interplay of realistic and out-of-context images and discourses, which interestingly do not deter from the audience’s interpretation of reality. Rather, it can be argued that utilising these techniques adds layers of profundity to the interpretation through the forming of alliances between such images and discourses with the audience’s abstract emotions, essentially transcending the inhibiting confines of real images and attracting the spectator to move oneself closer to the protagonist and/or the script. Ultimately, the common denominator between first and second epoch films in regards to the seduction of the audience—firstly to become aware of the pressing issues of the time, and secondly to engage with friends, family and compañeros to engage in dialogue and move towards solutions to such issues— is the presentation of non-sensationalised circumstances and situations of real characters. In saying this, it seems clear that Cuban cinema, unlike many modern cinemas, is a cinema that does not have as its primary goal “pleasure” or “entertainment”, that is, it jul./dez. 2005 47 Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito does not idolise aesthetics at the expense of omitting or failing to critique substantial and real issues and conflicts. It seeks to create an active audience. Therefore, it can be said that Cuban women identify with female characters, not based upon a superficial and idealistic connection, but might tend to be based upon the apparent congruence of what women experience in film with the actual and daily experiences of women in socialist Cuba. Conclusion This essay has provided some new insights pertaining to the representation of women in Cuban cinema since the beginnings of the Revolution (when women were represented as strong and economically independent) through to the modern era (when women continue to be represented as strong and independent, but finally have been given opportunities to express themselves and explore their individuality and identity). Drawing from the previous discussion it is clear that first epoch films build upon a strictly Marxist materialist base in the representation of women, which ultimately goes someway in constructing discourses of emancipation from patriarchal ideologies and institutions. However, through Marxism’s lack of conceptual tools to explore the “self”, and individuality, it is unable to articulate the identities of a woman that lay beneath material considerations and thus fails to emancipate women from patriarchal discourses that silence women’s free expression of identities. Contrastingly, second epoch Cuban cinema presents a woman who is in search of herself, she is tired of being invisible and she begins asking herself “who am I?, what is a woman?, what is an individual?”. Arguably one can trace this dramatic shift in the nature of representation of women in Cuban cinema to the change of events in the geopolitical arena. Whereby the Cuban identity has been traditionally signified by “Communism” and the “Soviet bloc”, with the demise of continental communism and the Soviet Union, questions pertaining to individual identity became pertinent and pressing – 48 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban... there was no longer a big brother with whom Cuba and Cubans could identify itself with. Furthermore, the female power of leadership and professional positions represented in the films from the first epoch is different from the Cuban films from the second epoch. In Retrato de Teresa, women work as textile workers leading only women, while Isabel works as a manager leading women and men. Yolanda in De cierta manera is a teacher at a primary school, whilst Julia is a university lecturer. Whilst Lina, in Hasta cierto punto, is a dock-manager student, Zoe is a liberal art student. This might signify that not all, but some, aspects in relation to women’s jobs position, from the first epoch have changed in favour of women in the second epoch and that their participation in a patriarchal society has been considered further. Portrayal of women in terms of the interplay of their personal and professional relationships is very important. For example, when a woman is portrayed as working outside the home it should be asked whether she is also portrayed as strong in terms of her personal relationships, or is she depicted as weak, confused, in need of male support (MEDIA ADVOCACY GROUP, 1995, p.8-9). Overall, the underlying frame of references about the representation of women in Cuban cinema, as well as more generally in that society, is based upon the belief that women belong to the family and domestic life and men to the social world of politics and work; that femininity is about care, nurturance and compassion, and that masculinity is about efficiency, rationality and individuality. And whereas women’s political, cultural and labour activities and participation try to undermine just gendered distinctions between public and private, it seems to remain the inevitable frame of reference to understand it (SREBERNY AND VAN ZOONE, 2000, p. 17). That is why women from the first epoch like Teresa and the second epoch like Isabel point to a paradox in women’s attempts to break down the public-private division that characterises gender definitions and relationships in social and political life because their participation in society is still dictated by a male figure, in their case their husband. Sadly the jul./dez. 2005 49 Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito existence of people like Humberto in De cierta manera, Tomás in Retrato de Teresa and Arturo in Hasta cierto punto prevent real progress towards more equitable gender power relations. Overall, it can be argued that through the cinematic representation the authenticity/accuracy of the representation of the situation of each female character from the films discusses above may be accepted, recognised and identified by women who are in the same condition, as well as by those men who might have a problem with their machista attitude because as good revolutionaries they make question their traditional patterns of masculinity and questions of power and sexuality in their private life that they might want to eradicate. These films question the audience with the aim to activate a critical exchange between the screen and the viewer. Such that the audience leaves the cinema, discusses the problems, and try to find a way to act or solve issues that they are actually experiencing in their daily lives. Drawing from this, it can be stated that Cuban cinema is not a cinema that panders to the wishes and desires of passive audience, but has as its main objective to overflow reality in its deepest sense, to make that reality active, so that it operates not just on the screen but also on the audience, not just as a dialogue but also as dialectic. Furthermore, the spectator feels interested in the on-screen history but, at the same time, is continuously obliged to reflect on “the reality” that surrounds her/ him (VILASIS, 1995, p. 56-57). Notwithstanding this, a variety of theoretical and methodological questions remain unanswered, therefore we wish to provide a number of suggestions for future research. To begin with, in order to better understand the degree of congruence between cinema and society more studies of the audience are needed. More specifically, this could be achieved by interviewing Cuban women about their views on how women are represented in Cuban cinema in regards to the representation’s pertinence to women’s real-life circumstances and experiences, and with which aspects of the representation they most profoundly identify with. In addition, 50 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban... interviews with actresses from both epochs of Cuban cinema should be conducted that contrast and compare the roles they have played as women in cinema with their own views of their roles and experiences as women in Cuban society. The objective of this essay is to add to the extant literature that seeks to ascertain the role (reflector/director) realist cinema plays in society, and more specifically how cinema influences or is influenced by the interpretation and representation of women. Since the collapse of the Soviet Union, the Cuban population has been living in a “special period” as Castro has declared it. Therefore, in this “special period”, most of the Cuban population works in the tourist sector, which has replaced sugar as Cuba’s leading foreign-exchange earner. Ostensibly, tourism has played a major role in the increasing numbers of women becoming involved in prostitution, something that Castro fought so hard against during the early days of the Revolution (LANDAU, 1999, p. 26). Castro officially and quite public in his speech of April 1992 at the VI Congress Union de Juventud Comunista (UJC—Union of Young Communists) stated that prostitution is voluntary rather than a necessity.6 And in his interview with the director Oliver Stone in Comandante (2003), quite proudly states “even our prostitutes can read and write”, which indicates that prostitution is not a problem anymore and therefore, contradicts to a certain extent his early aim during the early days of the Revolution. Sadly prostitution has once again increased in Cuba. Since Cuban cinema is a realist cinema, a cinema that wants to educate its audience and challenges them to think, act and look for solutions we highly proposed for a documentary to be made on the topic. However, if Cuban people think that this issue is not a problem such a suggestion will not be considered. As a result of their near total omission from Cuba cinema, the individual experiences of lesbians and black women need to be analysed from film, cultural and women’s studies perspectives. This does not indicate that lesbianism and black women do not exist in Cuban society, but the lack of presence in Cuban cinema leads us jul./dez. 2005 51 Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito to raise the question as to why they have not been included and permitted to express their identity and subjectivity in any film by male or female cineastas. However, on the 21st of December 2004 a group of lesbians and bisexual women started to meet at the Centro Nacional de Educación Sexual (Cenesex/ National Centre of Sexual Education) to discuss issues vis-à-vis sexual diversity that until that date included only men. Following meetings have taken place once a week since then, and at the last meeting on the 11th of January 2005 these women discussed the possibility of future projects which include videos, films and literature discussion and festivals7. Future analyses of these projects would be invaluable in better understanding the multiple faces of women in Cuba. Ultimately, this essay views Revolutionary Cuban cinema as a genuine cinema from a distinctive society in which Cuban women, like women in any other society, still struggle against patriarchy and biased gender power relations. The difference being that, throughout both epochs of Revolutionary Cuban cinema, women have not been represented in exploitative or objectified ways. Rather, women have been consistently represented—in distinctive manners that are apparently informed by the vicissitudes of the Revolution and geopolitical happenings—as strong and independent characters, and as models for society. Furthermore, in post-1990 Cuban cinema to this is added the liberating presentation of women’s personal experiences, thoughts, desires and opinions. Ostensibly these forms of representations are diametrically opposed to those of Western cinema posed over the same period of Revolutionary Cuban cinema. Notas 1 The Cuban Institute of Cinematographic Art and Industry. 2 Sembene marks the difference between political and revolutionary film: “It’s not after having read Marx or Lenin that you go out and make a revolution […] All the works are just a point of reference in history. And that’s all. Before the end of an act of creation society usually has already surpassed it”. (PERRY; MCGILLIGAN, 1971 p. 43) 52 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban... 3 Underlining the purported goals and purposes of Cuban cinema is the adherence to a Socialist Realist style, which refers to the “depiction of social and economic circumstances within which particular echelons of society (usually working and middle class) find themselves” (HAYWARD, 2000, p. 331). Socialist Realism was defined by Stalin during the 1930s as “a true and historically concrete depiction of reality and its revolution[ary] development” (KUHN, 1994, p. 136). As Kuhn (1994) argues, this definition can be open to various interpretations, but it certainly suggests two basic defining characteristics of Socialist Realism: “first, as an adherence to some form of Realism (‘true […] depiction of reality’), and, second, that representations either deal directly with history or inscribe historical specificity in some other way (‘historical concrete’)” (KUHN, 1994, p. 136). More information about Socialist Realism can be found in BAZIN, A. “The Stalin myth in Soviet culture. Movies and Methods”. V. 2. (Ed. Bill Nichols). Berkeley: University of California Press, p. 29-40, 1985; CHRISTIE, I., “Canons and Careers: The Director in Soviet Cinema”. Stalinism and Soviet Cinema, (Ed. Richard Taylor and Derek Spring). London: Routledge, 1993; GROYS, B. The Total Art of Stalinism: Avant-Garde, Aesthetic Dictatorship, and Beyond. Princeton: Princeton University Press, 1992; SHAPIRO, D. Social Realism: Art as a Weapon. New York: Ungar, 1973; TERTZ, A. The Trial Begins On Socialist Realism. California: University of California Press, 1982; TAYLOR, R. and SPRING, D. Stalinism and Soviet Cinema. London: Routledge, 1993. 4 “The result is a piece of art where the spectator is interested in the on-screen history but, at the same time, is continuously obliged to reflect on ‘the reality’ that surrounds her/him”. 5 Often the term “propaganda” is considered simplistically as negative. However as Terence Qualter (1962) indicates “one person’s ‘truth’ is all too often another’s ‘propaganda’. Thus whether or not that which is being presented is true or false, it is the way in which it is used (and not ‘truthfulness’) that determines whether or not it is in fact propaganda” (QUALTER, 1962, p. 122). As Nicholas Reeves (1999) states “propaganda is the deliberate attempt by the few to influence the attitudes and behaviour of the many by the manipulation of symbolic communication” (REEVES, 1999, p. 11-12). Furthermore, “culture, like education, is not and cannot be apolitical or impartial […] Radio, television, cinema and the press are powerful instruments of ideological education and for creation of a collective consciousness […]. The mass media cannot be left to change or be used without direction” (Final declaration of the 1971 Cuban Congress on Education and Culture). jul./dez. 2005 53 Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito 6 Fidel Castro “Discurso pronunciado […] en la clasura del VI Congreso de la UJC, 4 de abril […]”. Granma, April 7, 1992, suppl. p. 2-11. 7 ACOSTA, D. Cuba: Proyecto de Diversidad Sexual abre sus Puertas a Mujeres. Servicios de Noticias de la Mujer. <http://www.rebelion/org, 2005>. Filmography De cierta manera (One Way or Another). Director Sara Gómez. ICAIC, 1974/ 1978. Retrato de Teresa (Portrait of Teresa). Director Pastor Vega. ICAIC, 1979. Hasta cierto Punto (Up to a Certain Point). Director Tomás Gutiérrez Alea, ICAIC, 1983. 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Intento, assim, afastar-me das tradicionais leituras que empregam o paradigma de “realismo sujo” para aproximarem-se da produção de Gutiérrez. Centrando-me, ao invés disso, no estabelecimento do período especial/estado de exceção que se torna norma neste momento é possível advertir a presença de fissuras que permitem pensar uma resistência à hegemonia. O texto de funciona, deste modo, como uma crítica e negação dos ideais revolucionários que ocorre com a inserção da sociedade cubana no cenário neoliberal. Palavras-chaves: Cuba , Justicia, Neoliberalismo Resumen A partir del concepto de Iustitium, para Agamben un vacío de y en la ley, leo El Rey de La Habana, de Pedro Juan Gutiérrez, una possible de-construcción de la noción de una identidad cubana. Planteo que la sociedad cubana durante la década de los noventa devino una sociedad neo-liberal marginal. Intento alejarme de las * Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em outubro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 57-83, 2005 57 Daniel Noemí Voionmaa tradicionales lecturas que emplean el paradigma del “realismo sucio” para acercarse a la producción de Gutiérrez, centrándome, en su lugar, en el establecimiento del periodo especial/estado de excepción que deviene la norma y como ahí es posible advertir la presencia de fisuras que nos permiten pensar una resistencia al proceso hegemónico presente. El texto funciona no como una crítica del proceso revolucionario cubano, sino más bien como un ataque frontal a la negación y rechazo de los ideales revolucionarios que lleva consigo la inserción en el escenario neoliberal. Palabras claves: Cuba , Justicia, Neoliberalismo Abstract Taking as starting point the concept of Iustitium, as the Italian philosopher Giorgio Agamben explains it, i.e., as a vacuum of and in the law; I read in El Rey de La Habana, by Pedro Juan Gutiérrez, possible de-constructions of the idea of a Cuban identity. I argue that the novel shows how Cuban society during the nineties became a “marginal neo-liberal society”. I exclude the typical “dirty realistic” readings, and attempt to look in the establishment of the state of exception/periodo especial—which has become the norm—, some gaps and fissures that will allow us to resist and revert the current hegemonic process. The novel works as a critique not of the Cuban Revolution as it is normally considered, but rather it constitutes a blatant attack to the denial of the very Revolution ideals that the insertion into this new neo-liberal scenario has brought. Keywords: Cuba , Justice, Neoliberalism *** Leer la (im)posibilidad de hacer justicia en la novela, pensar la historia del desastre en las culturas o desarmar las coartadas del Estado y del capital global para borrar su violencia, no implica una aceptación pasiva de la derrota, sino una apertura radical a un futuro diferente aquí y ahora. Luis Martín-Cabrera Los años noventa en Cuba, aquellos vividos bajo lo que no tan eufemísticamente se denominó “periodo especial”, pueden verse como el momento de la instauración definitiva de la suspensión de una cierta ley, para pasar al reino de una ley de la excepcionalidad, 58 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana... del estado de excepción. Surge, así, la paradoja de una ley que se establece fuera de la ley para y por la defensa de dicha ley primera. La justicia desaparece como posibilidad: lo especial de este periodo en gran medida está conformado por la des-diferenciación1 absoluta: se acaba con la distinción entre lo que está “afuera” y aquello que está “adentro” del sistema. Pues, como nos recuerda Agamben, el estado de excepción “non è né esterno né interno all’ordinamento giuridico e il problema della sua definizione concerne appunto una soglia, o una zona di indifferenza, in cui dentro e fuori non si escludono, ma s’indeterminano” (2003, p. 33-34). Esta indeterminación apunta a una modificación radical de la construcción identitaria que desde 1959 se había venido elaborando en la isla. Es cierto que la caída de los mal denominados socialismos reales tuvo un efecto directo y obvio en la economía, cultura y política cubanas; no obstante, esa “desaparición” constituye solo una mitad de la escena. La inserción y participación de Cuba en un “sistema neoliberal periférico de múltiples velocidades” (ya volveré sobre esto) es la principal responsable de que la excepcionalidad se haya convertido en la regla: estamos ante el imperio del Iustitium, aquella instancia jurídica romana donde no solamente se suspendía la administración de la justicia, sino el derecho como tal. Nos situamos, de esta manera, ante el derecho y ante la justicia, en un verdadero “assoluto non-luogo” (AGAMBEN, 2003, p. 67). La paradójica ley es su pura ausencia, una continua y constante negación: necessitas legem non habet2. Y es precisamente esta negación permanente, paradigmática de los especiales años noventa, la que se despliega en las doscientos dieciocho páginas de la novela de Pedro Juan Gutiérrez, El Rey de La Habana (1999). Este texto ha sido leído preferentemente desde la perspectiva del realismo sucio (o su superación3). En esta línea, se le suele considerar—no solo a esta novela, sino a la producción de Gutiérrez en general—, como sintomática de una línea preferente de la literatura cubana: una “tendencia muy acentuada entre nuestros autores de todas las generaciones, en la Isla y en el exilio, a ocuparse jul./dez. 2005 59 Daniel Noemí Voionmaa del tema de la marginalidad, la delincuencia, la prostitución, las drogas, la cárcel, a contar historias bien espeluznantes donde se combinan la miseria, el embrutecimiento y la violencia, con personajes canallas en ambientes sórdidos” (PORTELA, 2003, np). Esto, claro está, como resultado directo de las crisis social y económica de los años 90 y, de modo especial, según Portela, a causa del “empecinamiento” del gobierno por negar la misma crisis. En medio de este panorama, por lo general “desolador”, la novela que aquí trato destacaría por ser una de las pocas, sino la única que es “veraz, incisiva, certera, rigurosamente fiel a los detalles” (PORTELA, 2003, np). Siguiendo esta trayectoria de análisis, que, como vemos, destaca positivamente un acercamiento a un pretendido realismo, se llega a leer la novela incluso como un seudo testimonio. Portela cita al propio Gutiérrez para dar cuenta del “valor político” de la novela: “Esta es la voz de los sin voz. Los que tienen que arañar la tierra cada día para buscar algo de comer, no tienen tiempo ni energía para nada más. Su objetivo único es sobrevivir. Como sea. De cualquier modo. Ni ellos mismos saben por qué ni para qué. Se empecinan en sobrevivir un día más. Sólo eso”(PORTELA, 2003, np). He ahí una posibilidad. Sin embargo, me parece mucho más sugestiva la lectura del texto que da cuenta de otra negatividad: no se trata de la voz de los sin voz; por el contrario, se trata del grito más fuerte de aquellos que sí tienen voz. La novela, al contrario de lo que la gran mayoría de los críticos plantean, no es un ataque a la Revolución cubana ni al sistema que la Revolución ha prometido (y que no ha podido instaurar); no, constituye un ataque demoledor al final del sueño revolucionario y a la nueva Cuba neoliberal. El fracaso de la Revolución no está en el exceso de ella, está en la carencia, en la falta de más revolución. Mi lectura pretende salir, alejarse, tanto de la “veracidad” (y su consecuente “cubanidad”) que se estaría expresando en la novela, como de una lectura efectuada bajo la égida del realismo sucio. Busco, en cambio, sus legalidades ausentes, sus economías y velocidades que se acercan a cero, en fin, una nueva historicidad y temporalidad revolucionarias. Cualquier devenir de identidades 60 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana... (fragmentos, fugas, retazos) estará siempre cruzado por una multiplicidad de estos trayectos. La novela trata de la breve vida de Reynaldo, el “Rey de la Habana”. Desde sus nueve años hasta su dramática muerte a los diecisiete (para un resumen de ella véase el artículo de Portela). Su recorrido vital consiste en una acumulación de carencias: viviendo en la década de los noventa, Rey es el ejemplo de aquel período especial que vive todo el país. Es un trayecto de hambre, soledad y falta de afecto-—correctamente ha sido considerado un relato picaresco, si bien, en este caso hay una ausencia de posibilidad de futuro que la mayoría de los textos picarescos presentan—. El modo de paliar todas esas faltas será, por una parte, a través de ciertos excesos. Exceso de sexo, alcohol, marihuana. Parodia, así, del prototipo del macho que busca en el exceso social aquello que la economía no le permite: la inclusión y participación como alguien importante en el sistema. La pobreza extrema—cuya máxima expresión se da en la constante hambre que padece el protagonista: “‘La única propiedad del pobre es el hambre’, decía su abuela cuando aún hablaba” (p. 87)—es lo que la mayoría de los personajes obtienen de una política económica ambigua y, al menos, doble. Efectivamente, hay dos monedas, el peso y el dólar; dos ciudadanías, los con papeles y los que carecen de ellos; dos posicionamientos en la sociedad radicalmente distintos, y un gobierno que es completamente incapaz de solucionar la situación: “El público circulaba por los pasillos, preguntaba precios, compraba muy poco o nada, y seguían mirando y asombrándose por los precios, y pasando hambre. Algún que otro viejo murmuraba: ‘Se están haciendo millonarios y el gobierno no hace nada. Es contra el pueblo, todo contra el pueblo’” (p. 156). No se acusa al gobierno de enriquecerse, sino a aquellos que abusan de las nuevas reglas de la economía de excepción. El gobierno es responsable por su ineficacia y por propiciar la posibilidad de la coexistencia de sistemas—socialista y neoliberal—que se desdiferencian. Y, precisamente, ante esta des-diferenciación es el juego neoliberal el que impone sus reglas (su carácter omnívoro le lleva a jul./dez. 2005 61 Daniel Noemí Voionmaa adoptar “lo peor de los dos mundos”) y crea algo por todos ya sabido: el surgimiento de una clase adinerada mínima—cuyo capital, además, es producido desde la legalidad de la excepción—y de una gran mayoría que debe pervivir con escasísimos recursos: “Cada día estamos más jodidos en este país. Todo lo que sirve se ha ido pa’l carajo...” (p. 127), dice uno de los personajes que encuentra Rey en su recorrido. Ahora bien, no se trata de una división entre una clase “alta” y una “baja” tradicional. En este sistema neoliberal periférico—en tanto es negado desde el presunto centro que es el gobierno, aunque sea él mismo su principal promotor—hay una suerte de fluidez, de estable inestabilidad que permite a los personajes movilizarse aparentemente entre ambos extremos. Este es el caso de Sandra, el travestí, quien en su apartamento tiene “de todo” (p. 63), como resultado de su participación en la economía de la excepción que se ha tornado la regla: la de la prostitución y la del tráfico de drogas. Su situación, a pesar de poseer “desde luz eléctrica hasta televisor”, dado que está basada en una legalidad otra es momentánea y Sandra desaparece del relato, perdiendo todos sus bienes y con ello el acceso de Rey a ese mundo. La acumulación de paradojas y contradicciones—el modo en que lo “especial” se articula vis-a-vis la supuesta norma anterior—que se dan en un nivel económico y social es innumerable a lo largo de la novela. Esto—y no la crítica a la “terrible situación económica” como suele observar la crítica4—es lo que mejor está caracterizando la situación de Cuba en los años noventa. Así, todo intento por conformar una identidad cubana solamente puede elaborarse a partir del reconocimiento del carácter intrínsecamente contradictorio que dicha labor implica. Más radicalmente: toda identidad solamente deviene en la contradicción y la paradoja; es, en ese sentido, siempre una aporía y solo puede ser aprehendida como tal. Significativamente, aquello que distingue y diferencia más a Rey no es su apetito sexual, sino su peculiar capacidad para dormir o quedarse dormido en cualquier lugar y bajo cualquier circunstancia. El apetito sexual no es para nada algo exclusivo de Rey, sino que es 62 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana... compartido por la mayoría de los personajes. Es más, son por lo general las mujeres quienes manifiestan una mayor y más constante necesidad de actividad sexual. Hacia el final de la novela son las palabras que Magda, la pareja más “estable” de Rey, le larga a éste las que desencadenarán el final. Ante la acusación de ser “una puta”, la mujer responde: “— ¡Puta, pero con el macho que me gusta! Ese negrón me dio pinga tres días seguidos. Sin parar. Tú eres un niño al lado de él” (p. 212). El sexo junto con el hambre son los bienes que todos comparten en la novela, pero el dormir y el quedarse dormido son privilegios de Rey. Menciono brevemente algunas de las ocasiones: Al escaparse del reformatorio, se queda dormido en un “contenedor viejo, lejos de la carretera” (p. 25); poco después no puede regresar a su “casa” (un montón de chatarra) se recuesta en un árbol “en el jardín de la iglesia. Y se durmió.” Lo despiertan ruidos a medianoche, pero rápidamente “quedó dormido de nuevo y despertó en la mañana” (p. 31); también en la tierra contra un árbol grueso (p. 44); en el rincón de un portal (p. 44); en las escaleras (p. 62); en un jergón (p. 75); nuevamente en la escalera (p. 80); en el banco del parquecito junto a la estación (p. 85); cuando está abrumado por una serie de problemas su respuesta es dormir: “se quedó dormido. Durmió profundamente veinte horas consecutivas” (p. 113); y, solo para señalar una ocasión más, al final de la novela luego de violar al cadáver de Magda (a quien acaba de asesinar), “se tiró en el jergón y se durmió al instante” (p. 216). El dormir se constituye, como vemos, en el accidente constante de aquello en lo que ha devenido Rey5. Nueva paradoja de este intento de sujeto: el acto de dormir opone la inacción a la opresión; dormir funciona como escape, es cierto, pero también puede funcionar como suspensión de la lógica de funcionamiento del sistema. Es un detenimiento (por breve que sea) de la temporalidad de producción que rige a la sociedad en la que se está moviendo Rey. Clave: el dormir no implica ni conlleva sueños (aquí la vida no es un sueño), es el reverso a la actividad de acumulación de residuos que es la única actividad económica que le permite al protagonista sobrevivir jul./dez. 2005 63 Daniel Noemí Voionmaa por un tiempo. Como su reverso, por cierto, también le es propia y le pertenece; es decir, esta suspensión es un nuevo estado de excepción que ha devenido regla. No nos resulta difícil, entonces, ver en este accidente (aquello que viene como decía Aristóteles), una marca de la temporalidad del mundo que rodea a Rey6, pues constituye siempre una posibilidad de interrupción del acontecer— tanto de la acción de la novela como de la trayectoria y recorrido de su protagonista. Asimismo, esta tendencia anticipa de modo evidente el final de la novela y la resolución de esta historia de des-formación. Aquel quedarse dormido definitivo y postrero, después del cual ya no queda (ni cabe) ninguna alternativa. La muerte que, de este modo al ser tan anticipada, pierde parte de su carácter trágico (a pesar de lo doblemente escatológico de la muerte de Rey). Recordemos que la novela está enmarcada y atravesada por una cadena de muertes. El periplo de Reynaldo se inicia a causa de una triple muerte—madre, hermano, abuela- que se nos presenta de un modo humorístico en una sola página (p.15) y termina con la inversión paródica a la creación genésica que es la muerte de Rey—“su agonía duró seis días con sus noches” (p. 218)—, donde el verbo es lo que está al final y no al principio, pues “nadie supo jamás nada” (p. 218). Toda excepción, todo periodo especial, toda legalidad o ausencia de ella, está recorrida transversalmente por el anuncio de la muerte que es el dormir. En otros términos: la finitud de la conciencia y del saber (entender)-poder (desear) está siempre presente. Rey solo puede circular en ese campo: no existe un afuera a él, del mismo modo como la excepción no presenta un afuera a ella. Se hace imposible la salida o reversión de la situación excepcional. Así, se hace plenamente real la sociedad del espectáculo que anunciaba Debord—pensando en algo muy distinto—, pero como agrega Virilio, “il (Debord) omettait de dire que cette scénerisation de la vie s’organise sur la sexualité et la violence” (2005, p. 52). El Rey de La Habana nos muestra cómo la participación de Cuba en una economía mundializada y regida por las leyes del mercado no es una pesadilla que puede ocurrir en el futuro, sino que la más simple 64 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana... y superficial realidad: no hay nada bajo este funcionamiento, Cuba ha devenido el ejemplo del triunfo del sistema (una especie de anverso) donde el espectáculo del sistema no oculta sino que transparenta su rostro. Todo estado de excepción presupone un acto de violencia. En ese sentido, la revolución cubana se instaura como la Excepción en 1959. Más de cuarenta años después, durante el periodo especial la violencia—como la observamos en la novela—adquirirá rasgos muy distintos. Esto es, podemos ver el modo en que de la tragedia pasamos a la parodia o, en otros términos, del sentido y la posibilidad al absurdo y la ausencia de cualquier telos. Si la violencia revolucionaria poseía un sentido profundo pues apostaba a la transformación radical del funcionamiento de la sociedad; la violencia que acompaña a la participación en el sistema neoliberal que se da en los noventa presentará un sentido que es puro significante7. Como señalaba antes, las muertes enmarcan el relato y lo recorren; y todas estas muertes son muertes violentas: asesinatos más o menos premeditados, suicidios, muerte por mordeduras de ratas. Ante tal exceso la ley se convierte también en algo vacío: la justicia deviene en un mito, algo que solo existe como abstracción. Lo que sí existe es una justicia otra basada en la ley de la excepción (que es la suspensión de la ley normal8). ¿A qué tipo de justicia es capaz de acceder Rey? ¿Cómo es esa justicia otra? Por una parte, notamos como Rey participa esporádicamente en trabajos que se ubican fuera de la legalidad del estado (estibador, traficante de drogas, etc.) y que a través de ellos tiene, también momentáneamente, acceso a dinero: Por la tarde el viejo gordo lo llamó aparte...Le dio cincuenta pesos. — ¿Y esto? — La búsqueda de hoy. — ¿Qué búsqueda? — ¿Tú no ayudaste a cargar cuatro camiones? jul./dez. 2005 65 Daniel Noemí Voionmaa — Sí. — Eso es pa’nosotros. Cada vez que entre un camión hay que cargarlo rápido y que se vaya. — Uhmm. — Si viene algún inspector de la empresa, tú no sabes ná ni has visto ningún camión aquí (p. 131). Solo mediante la trasgresión de la ley es posible participar, aunque sea tangencialmente, de los bienes que el sistema ofrece. Así, ya no se trata más de una trasgresión sino de la normalización de la nueva situación. No obstante, la abyección de Rey será tal que incluso quedará afuera de esos circuitos (en este sentido, Rey deviene una excepción en la excepción). La única noción de justicia que puede sostenerse es económica; por lo mismo no hay justicia, pues ella es vaciada de cualquier posible sentido. La no-justicia que se adscribe a la participación en una economía neoliberal provoca una auténtica debacle ética que haya en la violencia absurda una de sus expresiones más notables. Y he aquí uno de los aspectos claves de la novela: aquello que podemos denominar dimensión ética del texto: si nos enfrentamos ante la suspensión de una legalidad que crea una zona de indiferenciación donde los personajes se mueven —recordemos a Agamben: “lo stato di eccezione non è né esterno né interno all’ordinamento giuridico” (p. 33)—, hemos de observar también una modificación e indeterminación (si es que no la directa suspensión) del ordenamiento ético que regía una supuesta normalidad, que estaba vigente en la ley previa. O dicho más brutalmente: lo que se suspende y suprime en la novela es la ética revolucionaria. Y la lógica neoliberal se instala triunfante desde su presentismo que tiende a absolutizar el hoy, borrando la posibilidad del pasado y creando una nueva genealogía que borra toda existencia previa, es decir, la excepción al normalizarse y regularizarse—en este caso la neoliberalización—hace borrón y cuenta nueva con el tiempo mismo. Rey puede leerse precisamente como la crítica a ese presentismo que des-diferencia todo y que borra la existencia 66 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana... de un pasado distinto: “Hay quien vive al día. Rey vivía al minuto. Sólo el momento exacto en que respiraba” (p. 159), y esto que permite la sobreviviencia también provoca una genealogía exclusiva: “No venían del polvo y al polvo regresarían. No. Venían de la mierda. Y en la mierda seguirían” (p. 195). Resulta evidente—y reitero mi sorpresa ante la ceguera de la mayoría de los críticos—que lo escatológico no está adscrito ni le atribuye al pensamiento revolucionario; muy por el contrario, es justamente aquella otra (ausencia de) ética neoliberal la que es caracterizada por una doble escatología, la muerte y la mierda. Analicemos el pasaje, a mi juicio, clave de la novela. El momento en que Rey después de haber tenido relaciones con Elena, “la boba”, arranca robándose un pollo y en su carrera recibe primero la ayuda de un pastor protestante quien le paga el pasaje de la guagua y luego en Guanabo, de los tipos de un kiosco, quienes le dan condimentos para su comida. Ahí, luego de comer su asado, Rey se introduce en el mar: Lo dejó todo tirado sobre la arena y entró en el mar totalmente desnudo. El agua tibia y negra le rodeaba. Tuvo una sensación extraña y voluptuosa. Cerró los ojos y se sintió abrazado por la muerte. No había brisa alguna. El agua caldeada, la oscuridad infinita que lo rodeaba. El terror a ahogarse, porque no sabía nadar. Mantuvo cerrados los ojos y se abandonó, flotando boca abajo, con la cara dentro del agua. Se sintió atraído por aquella sensación deliciosa de irse para siempre. Permaneció un tiempo así. Flotando. Apenas sacaba el rostro del agua para respirar y volvía a abandonarse. Estuvo tentado de no respirar más. Dejar el rostro bajo el agua. No respirar. Hundirse en el agua negra. Hundirse en el silencio. Hundirse en el vacío. De repente un cuerpo frío, resbaladizo, duro, lo rozó en los pies y las piernas. Era un pez largo y potente. Nadaba silenciosa y rápidamente y se atrevió a acercarse a la orilla. Lo rozó por un instante que a Rey le pareció un siglo. Aterrado, se incorporó. Tocó la arena del fondo con los pies y salió corriendo hacia la orilla. El agua la tenía a la altura de la cintura o poco jul./dez. 2005 67 Daniel Noemí Voionmaa más. El pez tendría tiempo para perseguirlo y devorarlo en medio de la oscuridad. Y Rey luchó. Con el corazón desbocado, saliéndosele por la boca, salió al fin del agua y se lanzó boca arriba sobre la arena, temblando de pavor (p.167). Este pasaje es notable por varios factores. Primero, aquí nos alejamos un tanto de la escritura “corriente” de Gutiérrez, aquella que Portela describe como de “Oraciones breves, nada de floreos ni juegos con la sonoridad de las palabras ni adjetivación sorprendente ni audacias estilísticas de ninguna índole” (PORTELA, 2003, np.) Sin llegar a “audacias estilísticas”, podemos notar que sí existe una preocupación por la voz del narrador que se focaliza en Rey. Se deja de lado las en el resto de la novela predominantes palabras “fuertes” o “malsonantes”, y se emplea, siempre privilegiando la parataxis, un lenguaje que recurre a estructuras que remiten a usos propios de la poesía. La repetición de “hundirse” o la reiteración de la palabra “agua,” por ejemplo, nos indican este giro en la prosa. Este fragmento alude explícitamente a la cercanía de la muerte, a ese “hundirse” que está cada vez más cerca en la existencia de Rey. El anticipo de la muerte como “agua negra”, “silencio” y, en definitiva, “vacío.” Él mismo se da cuenta de ello un par de páginas más adelante: “Deprimido con ganas de morirse. Más de una vez pensó: ‘¿Por qué no me ahogué aquella noche en la playa?’” (p. 172). Es la antesala al infierno de la nada, del vacío absoluto que resulta preferible al infierno que se vive en vida, lo cual provoca “una sensación deliciosa”; esto es, esa posibilidad de escapar de la realidad—o lo que algunos denominarían pulsión de muerte—es causa de la momentánea posibilidad de un goce literalmente infinito, “para siempre” (p. 172). Así, en el primer párrafo, la muerte es anunciada no de un modo más bien sugerente, lleno de futuro (aunque el futuro sea el vacío sin fin). Esta sensación de delicia se ve interrumpida por la aparición de un pez largo y potente, ante el cual Rey entra en pánico y fantasea que va a ser devorado. Entonces, lucha y logra escapar de esa muerte, pues prefiere, a fin de cuentas, la otra muerte, la muerte que está ya viviendo diariamente. El 68 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana... hundirse para siempre en el agua no puede ser la solución porque hay algo más fuerte en su interior que le impide aceptar ese fin: se lucha aunque no tenga sentido, aunque el fracaso ya esté asegurado. Segundo, estas líneas permiten (y requieren) otra lectura complementaria. Se trata también del bautizo de Rey, de su nacimiento a una nueva vida, un intento por recobrar la inocencia que ha perdido. Los símbolos cristianos son evidentes: el agua, la inmersión de él en ella (parodia de la ceremonia del bautismo) y finalmente aquello que provoca el pánico en Rey: el pez, símbolo de las primeras iglesias cristianas. Rey, podríamos fácilmente interpretar, rechaza todo tipo de institucionalización, de ahí que el pez le produzca ese pavor tan grande. Asimismo, podemos observar las obvias connotaciones sexuales que el pez presenta (ante cuyo reconocimiento, que esa fuerza lo devore, Rey huye)9. Sin embargo, me interesa más considerar una tercera alternativa: se trata aquí de la aceptación por parte de Rey (y él puede funcionar como sinécdoque) del nuevo régimen de excepcionalidad, de la(s) nueva(s) legalidad(es) vigente(s). Al preferir volver a la playa y luchar por volver—no luchar contra el pez—, Rey está reconociendo que a pesar de que la muerte será segura no hay nada mejor que ese afuera del mar; todavía más: toda lucha es para estar en el sistema, para participar en la excepción, no para salir de ella. Ahí, flotando con el rostro hundido en el agua, Rey se enfrenta consigo mismo: con sus terrores y fantasías. La auto-anagnórisis se lleva a cabo no por un proceso racional sino por uno pasional. Sin quererlo, en este pasaje Rey se está respondiendo a la interrogante ¿quién soy yo? Se trata, entonces, efectivamente de un bautizo, uno marcado por el miedo, él único que la excepcionalidad reinante es capaz de brindar. En el agua Rey ha suspendido por un rato su propio trayecto, permitiéndose un momento de introspección. Esa suspensión le permitirá insertarse de pleno en la otra suspensión que está “afuera”: legalidades, funcionamientos, diferencias, todo queda interrumpido. El pez, al final, terminará devorando a Rey de todos modos, pues su aceptación e inserción implican su destrucción total y la reiteración de su desaparición del mapa social10. jul./dez. 2005 69 Daniel Noemí Voionmaa Pero, como suele ser el caso, ninguna lectura funciona unidireccionalmente. Y la misma desaparición absoluta de Rey al final de la novela se nos presenta llena de paradojas. Hemos observado que Rey es incapaz de escapar a su fatum, que necesariamente pasa a ser una parte de la máquina del sistema que lo utiliza y luego lo desecha. Esto es, su presencia es por un lado totalmente insignificante: a nadie le puede importar menos lo que a él le suceda y el también es incapaz de afectar o modificar de modo alguno las condiciones que existen en su entorno. Este parece ser el sentido de las últimas palabras de la novela, una vez que él ha muerto el narrador lacónicamente finaliza el texto con: “Y nadie supo jamás nada” (p. 218). Una oración que remata con una evidente contradicción una novela repleta de paradojas: ¿cómo es posible que nadie sepa nada? ¿Y el narrador? Y más importante aún, ¿nosotros, los lectores? La exclusión y desaparición discursiva de la que es objeto Rey pasa a connotar una serie de otros elementos: hay un intento permanente por parte de una circulación de saberpoder determinada por ocultar o no querer reconocer este otro tipo de “realidad”; es decir, el “nadie” del final de la novela no es absoluto (pues nosotros quedamos fuera de él y nos convertimos en testigos exclusivos), sino que se está refiriendo a un cierto ámbito, a un grupo determinado. Y aquí la crítica apunta, por cierto, en varias direcciones. Crítica a la discursividad hegemónica de una instancia de poder que se afana en negar cierta realidad, pero esta no se limita solamente a la más obvia, la del régimen cubano y su intento de sociedad socialista (en la novela Rey tendría que responder ante la disyuntiva “patria o muerte”, muerte; y el “venceremos” queda olvidado como un resabio de otros tiempos donde aquello era aún posible) que pareciera encontrarse ciego ante lo que sucede; sino también a la de las nuevas políticas y economías que están en circulación. La negación a través del desconocimiento impuesto de una realidad resulta de una nueva ética emplazada o, podríamos argüir, de una ausencia de ella. La ética del iustitium, donde lo que funciona es una fuerza de ley sin ley, una ley tachada que impide, a 70 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana... su vez, la creación de la justicia. Cada vez más se trata de una acumulación mayor de violencia que va acompañada a la acumulación de capital11 que está presente en la novela a través de su ausencia en Rey. Así, El Rey de La Habana funciona como accidente en y de la Cuba de los noventa. Una Cuba a su vez profundamente accidentada, cuyo accidente original resulta imposible determinar12. Sabemos, además, desde Aristóteles, que todo accidente revela su sustancia, un saber—devenir del cual es accidente. La Cuba de los noventa y sus nuevas condiciones desde nuevas perspectivas de lectura es lo que nos posibilita acceder este texto. Porque este rompimiento con las estructuras previas (anteriores a la caída del muro, si bien dicha fecha es más simbólica que real), que puede ser llevado a interesantes excesos, es clave para comprender la realidad finisecular de la isla. Atrevo una exageración hermenéutica para ejemplificar este proceso de cambio radical. Como he referido antes, la novela suele ser leída como una fuerte crítica a la realidad cubana, en particular a la Revolución cubana (más exactamente a aquello en lo que se ha convertido en la Revolución cubana). Anteriormente he intentado mostrar cómo la novela es mucho más que eso y, de hecho, no se trata de una crítica al modelo que la Revolución quiso implementar sino a las concesiones o modificaciones que obligatoriamente tuvo que hacer (lo de obligatoriamente daría paso a otro tipo de discusión que no es el caso seguir aquí, mantengamos el término en suspense). Ahora bien, el protagonista, Reynaldo, el Rey de La Habana, puede ser leído desde su inversión paródica, desde el significado de su nombre y desde su actuar de macho, como la imagen del otro Rey no solo de La Habana, sino de Cuba, de Fidel Castro. El Rey carente, que se ve obligado a cualquier cosa para sobrevivir, pero cuyo fin—trágico—parece ser inevitable. Las oposiciones no se limitan solamente a los posicionamientos diametralmente distintos en la sociedad, sino también a otros aspectos. El Rey de la novela se caracteriza por la brevedad de sus palabras, por su incapacidad de explicarse a través de palabras jul./dez. 2005 71 Daniel Noemí Voionmaa (recurre al sexo, a la bebida o al sueño para expresarse). Castro, en tanto, posee una mítica capacidad oratoria sobre la cual no es necesario hacer mayor hincapié. El exceso de oralidad por una parte (que deja por lo mismo de tener valor, más en estos casos no siempre es mejor), y la casi ausencia total de la misma, por la otra (en este caso, menos tampoco es mejor). Dos estructuras y Weltanschauungen que al oponerse producen una suerte de síntesis dialéctica. Es, no obstante, una síntesis vaciada de sentido. Hay una imposibilidad de producir algo desde la unión y/o confrontación de ambos lugares y tiempos de enunciación. Ambos están carentes de poder: Castro porque es incapaz de llevar a cabo el ideal revolucionario (un fracaso siempre deviniendo algo distinto) y Rey porque es incapaz de todo, de simplemente sobrevivir. Cuba parecería, entonces, debatirse entre esos extremos discursivos que terminan siendo al final las dos caras de la misma medalla. La imposibilidad de la justicia y el vacío de la ley que ha surgido están presentes en los dos. Las reglas son impuestas desde afuera; ambos funcionan como máquinas extemporáneas que no tienen cabida en su propio entorno. En otras palabras: estamos frente a una multiplicidad de negaciones, negaciones de la profundidad de los cambios que se han establecido y del hecho que el control y poder sobre la propia vida (de Cuba y personal) se ha perdido. Estas dos subjetividades, que son anverso y reverso, nos muestran la impotencia ante los cambios y crean, desde su complejo devenir (que tiende hacia la destrucción), una nueva genealogía y lectura del proceso revolucionario. Esta ética del vacío que afecta a la sociedad in toto, desde la lectura, por cierto, de la novela13, nos presenta una serie de problemas que es necesario enfrentar. Podemos así, grosso modo, plantearnos tres preguntas, relacionadas entre sí, que intenten dar cuenta, cual compendio o suma, de los principales factores discutidos hasta aquí. La primera apunta hacia la posibilidad de una justicia alternativa a la (no) justicia que se elabora desde el sistema neoliberal periférico, esto es, cómo superar el vacío de ley que surge desde el iustitium; 72 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana... la segunda versa sobre una posible economía y política de las subjetividades en cuestión (la variante Rey—Castro); finalmente, surge como urgente la pregunta sobre el futuro (que se implica desde la urgencia del presente y la recuperación del pasado), se trata de una crónica anunciada ante la cual nada queda por hacer o, por el contrario, el texto nos plantea alternativas que subviertan las condiciones que plantea. En otras palabras, ¿hay una ética alternativa posible? Pareciera desde un primer acercamiento, y en concordancia con lo planteado hasta el momento, que las respuestas a estas problemáticas son fundamentalmente negativas. No obstante, intentaré mostrar ciertas posibilidades, intersticios, que surgen en este aparente aparato monolítico. La ejecución de la ley tiene como fin evidente la consecución de la justicia. Término por cierto amplio y demasiado ambiguo (todos sabemos de qué se trata, pero al mismo tiempo todos poseemos una concepción, a un nivel práctico, que diverge de las otras). La novela, como he planteado, nos presenta una justicia inalcanzable y por lo tanto inexistente. El vacío de la ley que ha impuesto esa paradójica nueva ley que es la que rige en la excepcionalidad, nos lleva a esa carencia. Pues bien, la única manera de encontrar una salida a la violencia de esa negación es a través de la negación de las premisas que establecen el estado de excepción, irrumpir e interrumpir su flujo. Ciertas instancias nos permiten poder observar dichos intersticios: en particular, una serie de personajes secundarios que son capaces de desdoblarse y que, de esa manera, desarticulan, cualquier visión única. Los casos más significativos son los de Sandra y Elena. La primera, travestí que se enamora de Rey, no solo maneja una sexualidad que no puede ser reducida dicotómicamente, sino que además tiene la capacidad de “pasar el muerto”, esto es, ser literalmente “poseída” por un espíritu, el de Tomasa, que le obliga a fumar y beber alcohol mientras dura el trance. Al plantear una racionalidad diferente y postular una lógica distinta que no puede ser controlada por la lógica “oficial”, está abriendo camino a otros modos de funcionamiento político y social. Importa señalar, no jul./dez. 2005 73 Daniel Noemí Voionmaa obstante, que no se trata de presentar como posible alternativa un retorno a una arcadia illo tempore, donde existe una suerte de contacto con los “espíritus”, la naturaleza o algo similar; lo que interesa rescatar de este pasaje es la posibilidad de una alternativa de pensamiento. Algo que nos lleve al establecimiento de una comunidad que se rija por parámetros distintos, esto es, para la cual la acumulación de capital y reproducción de los medios de producción no sea lo primordial, sino por el contrario, tienda a desestabilizarlos. De modo similar podemos leer la presencia de Elena, la boba con quien Rey tiene relaciones. Ella funciona literal y literariamente (y políticamente) en otro plano del entendimiento. Su capacidad de expresarse se halla completamente atrofiada, del mismo modo el vínculo con su familia, madre y esposo—también bobo—, es disfuncional (de ahí podríamos trazar una línea hacia una especie de comunidad inoperativa, como señala Nancy14); ella actúa regida por el deseo de satisfacer sus necesidades más urgentes, es un funcionamiento que se agota en su misma acción, es decir, no hay una preocupación que vaya más allá del actuar cotidiano. En otras palabras: Elena, la boba, es un ser extraño para la misma excepcionalidad que se vive día a día, rompe las reglas del consumo. En el baño crían pollos y le regala uno de ellos a Rey, quien debe salir arrancando ante los gritos de la madre de Elena: “— ¡Ataja, ataja! ¡Policía, se robó un pollo, se robó un pollo!” (p. 165). De este modo, Elena desde su supuesta inconciencia facilita el “robo” de parte del pequeño capital que su familia tiene (la famosa frase de Brecht vuelve siempre: “¿qué es el robo de un banco comparado con su fundación?”). Desde su “bobería” o “locura” es capaz de actuar simplemente por afecto15. Observamos, en este episodio, una incipiente acción solidaria—algo que está casi por completo ausente del resto del relato y que cuya ausencia caracteriza la lógica del estado de excepción que se ha impuesto. Repito: es un acto muy precario de solidaridad, que no puede proponerse como alternativa real; lo que sí puede sugerir es una apertura, como 74 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana... señalaba previamente, un intersticio en el modelo que rige en la sociedad. Desde esta desestructuración del mecanismo social también podemos intuir mínimamente una nueva justicia, una que pueda surgir desde cualquier punto (cualquier miembro) y que circule hacia todos lados, que no se limite a la racionalidad hegemónica, que es también la “reaccionalidad”; esto es, que se permita abrir sus sentidos, sus líneas de fuga rizomáticamente, para desde su multiplicidad desjerarquizadora romper con los patrones establecidos por la nojusticia neoliberal y la excepcionalidad vuelta regla. Debemos, no obstante, notar un aspecto: el problema de la agencia. Fácilmente podría caerse en la crítica a lo recién planteado diciendo algo así como que se le está atribuyendo la posibilidad de cambiar la situación—las condiciones de funcionamiento político, económico y social—a sujetos totalmente marginales, excéntricos, extraños y desposeídos, como si la “solución” fuese por ahí y todos los demás, aquellos que son “centrales”, que poseen una posición no marginal o, en breve, son “normales” (permitámonos por ahora el uso de esa palabra) carecerían de cualquier capacidad agente. Nada más lejano de lo que he querido plantear: el que en la novela observemos posibilidades alternativas en estos personajes “marginales”, no implica que los “otros” queden excluidos; muy por el contrario, serán precisamente aquellas subjetividades “centrales” y “normales” quienes deberán efectuar los cambios para que estos surtan un mayor efecto. En otras palabras: el accionar que observamos desde la “bobería” o desde el “espiritismo” no se presentan como soluciones, sino como inicios de modelos a seguir. Modelo en el sentido de la posibilidad de la alternativa—esto es clave—no de “llevar a cabo lo mismo”, de “imitar”. El periodo especial y el modo en que podemos leerlo en la novela, constituyen la muestra más clara, más patente, del triunfo de lo que he denominado neoliberalismo periférico. Después del recorrido que hemos efectuado hasta el momento, resulta imprescindible para poder entender el modo en que las políticas y jul./dez. 2005 75 Daniel Noemí Voionmaa economías de las subjetividades devienen en el texto, aclarar un poco más dicha frase. O, en otras palabras, notar que el adjetivo periférico no puede ser utilizado a cabalidad. Refería antes que uno de los aspectos de esta periferia neoliberal era la coexistencia de diversas velocidades (un lugar es una multiplicidad de lugares, en un mismo momento circulan variadas temporalidades), empero, lo periférico no rechaza lo central, es más, lo incluye (lo mismo ocurre viceversa, en aquellas instancias que se suelen considerar como centros). Sin querer ahondar más en algo que he discutido en otra parte16, la misma noción de des-diferenciación que hemos mencionado anteriormente debe entenderse y relacionarse con la imposibilidad de fijar centros y periferias. Si he empleado el término es, de modo fundamental, por la particularidad política que Cuba sigue teniendo, no por su particularidad económica (si bien debemos reconocer que la relación con los Estados Unidos es sumamente particular; el embargo posee un posicionamiento ambiguo: por un lado excluye a Cuba de todo comercio, esto es, lo ubica incluso fuera de una periferia económica; por el otro, en cambio, le da un posicionamiento central, al hacerlo el “centro” de toda decisión económica y política que se adopte). Nuestro Rey de La Habana, el joven Reynaldo, pervive en esa misma incertidumbre: su marginalidad le da su centralidad. Por eso, repetimos, dichos posicionamientos se derrumban como construcciones epistemológicas. Rey está de cumpleaños el siete de enero. Un día después de epifanía. En un nuevo acercamiento a un discurso que adquiere matices cristianos, observamos como Rey desde su génesis se sitúa después de la revelación. La revolución ha ocurrido un primero de enero, el seis los reyes reconocen al elegido; después de eso aparece el Rey de La Habana; es, efectivamente, un Rey que ha llegado tarde. Rey se ubica en un post total, y esta temporalidad y ubicación en el espacio, es también una marca de la sociedad cubana de los noventa. En breve, la imposibilidad de una identidad pasa por la (de)construcción de una identidad-post. Posterior a los sueños, a 76 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana... las grandes esperanzas, a la revolución misma (como realidad y como ideal), el devenir de las subjetividades en los noventas cae en el vacío del puro presente. Los reyes, los elegidos ya han sido, se ha llegado demasiado tarde y en este nuevo mundo post, Rey solo puede intentar la pervivencia a como dé lugar, circulando por las trayectorias que ha determinado el nuevo ordenamiento político, social y económico de la isla, la especialidad. Ser “especiales”, vivir en la especialidad y en la excepcionalidad es, entonces, un reconocimiento de una derrota profunda, de una carrera perdida que solo se reemplaza por el sin sentido, por la inevitable superficialidad del puro presente que se impone como único y de su hegemonía. Rey es, a fin de cuentas, un desecho, una escoria, una ruina que no resulta como producto de esa historia anterior (de la historia repleta de sueños, posibilidades y esperanzas); no, Rey y la nueva Cuba que surge en los noventa es la ruina que la no-justicia neoliberal (o aquello que llamamos progreso) ha ayudado tan fuertemente a instaurar en la isla. En él vemos la acumulación de carencias, de exclusiones; el desarrollo que se posibilita, así, después de que nos hemos dado cuenta que los reyes del seis de enero y a quien han reconocido no existen (o si existen no sirven más), se alimenta en esa continua destrucción y deyección. De ahí que ser cubano o cubana en los noventa sea buscar en y desde la derrota que es el iustitium neoliberal que se ha establecido, una esperanza. Un poco más arriba sugerí, intuí algunas trayectorias a partir de la novela que podían leerse en ese sentido, hacia la construcción efectiva de un funcionamiento social regido por una justicia que se sobreponga a la suspensión de la ley, esto es, una sociedad justa que pueda elaborar una ética de la solidaridad y a través de ella crear lo que en palabras que hoy adquieren un tono romántico casi cursi, se denomina una sociedad mejor. Las buenas intenciones, por cierto, no bastan. Como sabemos, el infierno está lleno de ellas. Y La Habana de la novela pareciera, en muchas ocasiones, asemejarse a uno, especialmente para el protagonista; adquiriendo incluso, hacia el final, características apocalípticas17, con la lluvia propiciando el derrumbe del edificio jul./dez. 2005 77 Daniel Noemí Voionmaa donde viven Rey y Magda. Es el fin que se acerca inevitable e irremediable, en medio de la pasión desenfrenada entre los dos (¿no nos recuerda acaso el final de Cien años de soledad?): No había nada, pero se adoraban. Afuera seguía lloviendo copiosamente. A veces con mucho viento. Al día siguiente, a las tres de la tarde, el temporal continuaba en su apogeo. Hacía setenta y dos horas que llovía sobre La Habana, con vientos fuertes, rachas, truenos. La ciudad paraliza-da (...) En ese momento los muros comenzaron a ceder. Habían absorbido toneladas de agua. Las piedras de cantería, agrietadas, después de más de un siglo soportando, decidieron que ya era suficiente y se quebraron. Un estruendo enorme y todo se precipitó abajo. El techo y los muros. El piso también cedió y todo siguió cinco metros más, hasta el suelo... La escalera no existía. También se había derrumbado. Ellos estaban en un pedacito de piso y muro, a cinco metros de altura... salieron caminando hacia la terminal de ferrocarriles. A sus espaldas resonó un estruendo: el último trozo de la habitación de Magda también se vino al piso (p. 201203). He aquí, en todo su pavoroso esplendor, la imagen del fin. Las ruinas que se establecen, que se posicionan como la realidad. No puede ser más evidente el resultado del progreso que la excepción ha fundado. La crítica al nuevo modelo es evidente: estamos ante el Apocalipsis. ¿Cómo salir, cómo poder construir desde ese final, desde esas ruinas? Ahí la novela no nos da respuestas—más allá de las que postulé antes—, porque todavía no existen las respuestas ni las soluciones. La excepción que se ha convertido en la regla, la opresión es la norma; la destrucción total que imposibilita el futuro y busca borrar el pasado es aquello que queda, que permanece. Rey, como sabemos, morirá. Pero quedan los lectores, quedamos nosotros y queda nuestra esperanza. Y es en ese breve intersticio, el donde y el cuando el deber del cambio, de una nueva y profunda revolución se mantiene. Porque no podemos contentarnos con el reino del iustitium, porque es necesario reconstruir la historia desde todos los 78 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana... accidentes para así recuperar las posibles múltiples subjetividades (reconocerlas todas). Crear, en definitiva, una nueva historia, que sea la historia de la revolución pero que también vaya más allá. El Rey de La Habana se debate entre el Apocalipsis y el sueño (de Rey, de nosotros). Pensar críticamente la excepción, la seudo justicia que se implementa, la suspensión de la ley, la economía que se impone, todo ello es un deber imperioso. Y no se trata de realismo sucio o mágico o virtual. No. La realidad que toda crítica debe buscar es aquella que revierta las líneas finales de la novela. Hacer de la historia implícita en el “Y nadie supo nada jamás”, nuestra historia, devolverle su visibilidad. Buscar la victoria de la justicia y la justicia de la victoria. Siempre. Notas 1 Josefina Ludmer en su artículo “Ficciones cubanas de los últimos años: el problema de la literatura política” caracteriza la situación cubana como una de desdiferenciación. Este aspecto es una de las características propias de la postmodernidad, de acuerdo con Jameson. Singular Modernity: Essay on the Ontology of the Present, 2002, como a Lash. Sociology of Postmodernism, 1990. 2 Este dictum romano puede entenderse de dos maneras opuestas. Por una parte, “la necessità non riconosce alcuna legge” y, por la otra, “la necessità crea la sua propria legge” (Agamben, 2003, p. 34). Ahora bien, esta oposición no implica la anulación de uno de los dos ‘sentidos’; por el contrario, ambos se refuerzan, crean-destruyen, de modo permanente: la negación de la ley lleva al surgimiento de una nueva ley que es su vez negada, sólo para ser reemplazada por una nueva, etc. 3 Anke Birkenmaier habla de la superación del realismo sucio en la producción de Gutiérrez (“Más allá del realismo sucio: El Rey de La Habana de Pedro Juan Gutiérrez”), algo que se ubicaría dentro de un proceso bastante lógico “si aceptamos el naturalismo como otro predecesor lejano, resulta que el término ‘realismo sucio’ no recoge, por lo tanto, una tendencia particularmente novedosa que, sin embargo, vuelve a surgir periódicamente, anunciándose como más realista que la literatura establecida.” (BIRKENMAIER, 2003, np). Birkenmaier identifica el realismo sucio con una estética de la violencia y agrega como rasgo característico el que “las narrativas del realismo sucio tienen generalmente un jul./dez. 2005 79 Daniel Noemí Voionmaa punto de partida tajante que aparece bajo diferentes formas, pero fundamentalmente repite una misma estructura. Se podría describir como el silencio después de una catástrofe, o en todo caso, el de la vida llana y mala inmediatamente después de un evento decisivo” (BIRKENMAIER, 2003, np). Cabe destacar la conexión que se establece entre la escritura y el silencio. Esta escritura estaría dando cuenta de ese vacío de lenguaje que se ha producido como consecuencia de un evento decisivo. Lo que falta agregar aquí es, en primer lugar, que ese evento decisivo es siempre de carácter económico (el realismo sucio solo se entiende en una sociedad neoliberal, es más, cabe entenderlo como un producto de la etapa post-fordista del sistema); en segundo lugar, la catástrofe funciona no solo como un accidente original y único, sino que podemos considerarla como en un permanente devenir (vivimos en la catástrofe), es decir, no existe nunca un pleno “después” de la catástrofe, dado que su construccióndestrucción es continua. 4 Toda crítica, por cierto, está marcada políticamente, lo cual no impide que en algunas circunstancias, se llegue a verdaderas joyas de la manipulación. En el caso “cubano” es realmente notable el intento por parte de académicos “anticastristas” por elaborar sesudos comentarios de las novelas que se convierten en baratas y simplistas diatribas anti-revolucionarias, que poco tienen que ver con los textos que analizan o, con suerte, constituyen una lectura reduccionista de los mismos. Por el otro lado, como contrapunto, es necesario consignar, como lo hace Jorge Herralde, que durante los años noventa hubo una importante producción de novelística que caía en lo que él denomina “panfleto político anticastrista de indignación previsible”. Esto es efectivo en muchos casos, no obstante, como recién señalé, la crítica es la que ha ayudado a acentuar y reforzar este punto de vista. 5 Como bien nos recuerda Paul Virilio, “Inventer le navire à voile ou à vapeur, c’est inventer le naufrage. Inventer le train, c’est inventer l’accident ferroviaire du déraillement. Inventer l’automobile domestique, c’est produire le télescopage en chaîne sur l’autoroute” (VIRILIO, 2005, p. 27). 6 En clases (Universidad de Michigan, Ann Arbor, semestre de otoño, 2004) algunos de los estudiantes veían en esta capacidad de Rey una muestra de la multiplicidad de temporalidades que coexisten en una sociedad como la cubana (y, por extensión, en la latinoamericana). En el contexto del curso, que trataba sobre pobreza y cultura, resultó interesante notar que desde una perspectiva puramente de la producción, el hecho de que Rey pueda quedarse dormido en cualquier lugar y ante cualquier circunstancia, no deja de tener sus tintes revolucionarios (anárquicos, apuntaban algunos). Creo que la idea del dormir 80 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana... como accidente nos permite, desde una perspectiva levemente diferente, acercarnos a esa idea: los accidentes son aquellas modificaciones que están siempre por venir y que, a su vez, ya han sido creadas. Como se articulan y relacionan en un determinado contexto y momento social es lo que queda por descifrar. 7 Resulta interesante pensar la violencia de la novela desde los términos que articula Arendt, quien en su clásico On Violence la considera como opuesta por completo al poder cuando se da en un “estado puro” (lo cual, por cierto, nunca o casi nunca sucede). Pareciera surgir en el texto de Gutiérrez una multiplicidad de espacios y tiempos desde los cuales la violencia es ejercida. Esta se vincula de un modo complejo con el poder, pues este también pareciera proceder de una multiplicidad de instancias, pero ciertamente no del protagonista. Es decir, reacciona y resiste solo por medio de la violencia, pero carece de poder. Más aún, su violencia posee una fuerza bastante restringida, razón por la cual nunca podrá acceder a alguna instancia de poder. 8 Nótese la estrecha relación entre lo “normal” y la ley. En efecto, la norma es aquello que queda implementado a través del establecimiento de la ley. Así, la suspensión de la ley implica la suspensión de la normalidad. Si consideramos que la excepcionalidad entonces vigente se convierte en la regla/norma, podemos argüir que lo normal ha devenido solamente ausencia, imposibilidad. Como sabemos, la maniobra de todo tipo de régimen “de excepción” es buscar normalizarse. Caso sintomático lo constituye el PRI mexicano: donde la idea de cambio permanente queda institucionalizada, normalizada en el mismo nombre del partido. 9 Una interpretación basada en conceptos cristianos o una lectura psicoanalítica (versiones no tan distintas, al fin y al cabo), pueden dar pie a idea y elaboraciones altamente sugerentes e interesantes. No pretendo, para nada, descartar dichas alternativas (de hecho, como es posible advertir en mi análisis, nos las descarto por completo), sino, al contrario, plantearlas como posibles alternativas complementarias de análisis, en la línea de la construcción de una no-identidad cubana. 10 ¡Qué diferente será esta muerte y su nulo futuro, a la de Ti Noel (y para qué hablar de la de Mackandal) que se nos propone al final de esa otra novela que nos habla de otra revolución! La trayectoria y peregrinación de Ti Noel en El reino de este mundo puede leerse como contrapartida, como contracara y contralibro de la de Reynaldo. Recordemos que la novela no está exenta de alusiones a otros textos, siendo el más explícito: “Ella vendía maní. Le hubiera gustado que todos dijeran: ‘Oh, ella cantaba boleros’. Pero no. Ella vendía maní” jul./dez. 2005 81 Daniel Noemí Voionmaa (p. 53) que más que un homenaje a la novela de Cabrera Infante funciona como parodia y desacralización de uno de los textos que se planteaba, a su vez, como paródico por antonomasia. 11 Resulta notorio cómo el texto presenta un modo exuberante de acumulación que solamente puede ser entendido en términos bio-políticos. Los cuerpos, el cuerpo de Rey en este caso, pasa a formar parte, como un desecho más, de la máquina omnívora instaurada por el sistema. El ejercicio bio-político en Cuba ha sido siempre notable, en particular desde la caída de Batista, mas ahora hay una inversión en el sentido del uso de los cuerpos por parte del poder (un poder que, reitero, no se equivale para nada con el gobierno de Castro; el poder surge principalmente de las nuevas circunstancias históricas que se viven, la excepción y la consecuente implementación de un neoliberalismo periférico). 12 Virilio nos da como ejemplo de “accidente original” el del trasbordador Challenger: “Quand à la navette Challenger, son explosion en vol la même année que le drame de Tchernobyl, c’est l’ accident originel d’un nouvel engin, l’equivalent du premier naufrage du tout premier navire” (p. 27). De un modo más coloquial podríamos preguntar: ¿Cuándo nos fuimos al carajo? 13 Aunque sea redundante quiero repetir que lo que efectúo en estas líneas es una lectura de la novela, y desde ella infiero posibilidades para comprender y entender la situación cubana actual. Pero no hago el proceso inverso (partir de una lectura de la realidad cubana). Obviamente esta división funciona, asimismo, solo de manera metodológica, y cuando es llevada acabo los entrecruzamientos son múltiples; pues como sabemos la ficción (o lo que antes denominábamos ficción y que hoy ya se ha tornado imposible de diferenciar de lo no-ficcional) resulta muchas veces mucho más productivo y nos permite una lectura más rica en matices y sugerencias que una lectura o visión de aquella siempre inasible realidad o de sus supuestos documentos de primera fuente (¿? ¡Por favor!). 14 En Nancy, la comunidad se define por la naturaleza política de su resistencia contra el poder inmanente. La familia de Elena no puede ser entendida de ese modo aún, no obstante abre una puerta hacia un tipo de resistencia. 15 Para ver la relación entre locura y afecto (o amor) y el surgimiento, a partir de esa combinación, de comunidades alternativas y “alter-nómicas” (poseedoras de una ley “otra”), me parece interesante referir al texto escrito y fotográfico de Diamela Eltit y Paz Errázuriz. Asimismo, es muy sugerente y lúcido el análisis que de él efectúa WILLIAMS, Gareth. The Other Side of the Popular. 16 En NOEMÍVOIONMAA, Daniel. Leer la pobreza en América Latina: literatura y velocidad. Santiago de Chile: Cuarto Propio, 2004. En particular en las páginas 82 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana... 31 a 35. 17 El pasaje de la lluvia que arrecia en la ciudad y que provoca el derrumbe de edificios se acerca, interesantemente, a lo que muchos críticos denominarían realismo mágico (la escena de la lluvia, claro está, tienen reminiscencias macondianas evidentes; por otra parte, creo que se pueden establecer conexiones con el final de De donde son los cantantes, de Severo Sarduy). Bibliografía AGAMBEN, Giorgio. Stato de eccezione. Torino: Bollati Boringhieri, 2003. ARENDT, Hannah. On Violence. San Diego: Harvest Book, 1970. BIRKENMAIER, Anke. “Más allá del realismo sucio: El Rey de La Habana de Pedro Juan Gutiérrez”. Cuban Studies. V. 32, 2001, p. 37-54. BIRKENMAIER, Anke.“El realismo sucio en América Latina. Reflexionres a partir de Pedro Juan Gutiérrez”. Mayo de 2005. <http://www.miradas.eictv.co.cu/ print_version.php?id_articulo=139. GUTIÉRREZ, Pedro Juan. El Rey de La Habana. Barcelona: Anagrama, 1999. HERRALDE, Jorge. “Pedro Juan en el ring”. 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Porém, sua obra representa os sentimentos, medos e anseios da população afro-cubana que ainda não se pode ver expressos na poesia cubana. Neste ensaio quero apresentar a obra deste escritor, focando principalmente as representações da figura da mãe afro-cubana e as relações mãe-filho. No que diz respeito às representações maternas, a mãe aparece como força que rege a vida afro-cubana sem a qual se viveria num mundo condenado à falta de referências vitais. O contexto histórico é Cuba prérevolucionária. Palavras-chaves: Cuba, Negros, Maternidade Resumen Eloy Machado Pérez es un afrocubano que ha publicado varias antologías poéticas. Este poeta trabajó como obrero de la construcción y no tiene estudios básicos. No obstante, su obra representa los sentimientos, miedos y anhelos de la población afrocubana, lo cual no suele verse expresado en la poesía cubana. En este ensayo quiero presentar la obra de este escritor, prestando particular atención a las representaciones de la figura de la madre afrocubana y las relaciones madre-hijo. * Artigo recebido em agosto e aprovado para publicação em outubro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 85-102, 2005 85 Conrad James Con respecto a las representaciones maternas, la madre aparece como fuerza que rige la vida afrocubana, sin la cual viviría en un mundo condenado a la falta de referentes vitales. El contexto histórico es el de la Cuba prerrevolucionaria Palabras claves: Cuba, Negros, Maternidad Abstract Eloy Machado Pérez (b.1940) is a black Cuban who has produced several anthologies of poetry. A former construction worker with no formal education he chronicles the thoughts, anxieties and aspirations of a black Cuban constituency which rarely sees itself represented in their nation’s poetry. In this paper I introduce his work paying special attention to his focus on the black Cuban mother and wider mother/ son relationships. The context is pre-revolutionary Cuba and the mother is constructed as an afro-centric life force in an otherwise unrelentingly hapless world. Keywords: Cuba, Blacks, Motherhood *** Ella era poeta, dicharachera, me enseñó a vivir en el barrio de la vida. Era mi inspiración, y está presente en cada libro mío. Era mi todo. El que no quiera y aprecie a su madre, no es capaz de querer a nadie. Era mi madre, pero a la vez mi amiga. Su espíritu aún me baña”. Eloy Machado1 Eloy Machado Pérez (b. 1940), or “El Ambia” as he is affectionately known in Havana is a unique voice within contemporary AfroCuban culture. A construction worker before the 1959 Revolution he embraced and was embraced by the new system with its attendant ideology of egalitarianism. Machado’s thematic concerns, his aesthetics, his vision of Cuba and of the world set him apart from the priorities of the mainly white literary establishment in Cuba. But neither does his work fit comfortably within the corpus of poetry produced by black Cuban writers in his or successive generations. Black or Mulatto poets such as Nancy 86 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration... Morejón, Excilia Saldaña, Georgina Herrera, Jesús Cos Causse or Marino Wilson Jay who, like Machado, gain access to the world of publishing shortly after the Revolution very often deal with similar concerns about race and class as we find in the poems of Machado. But the gritty urban realism which constitutes the theme of most of his texts is seldom found in the work of his counterparts. More importantly the distinct orality of his poetry contrasts with the often more involved literary style of his contemporaries and invites comparison with the performance poetry produced in the Anglophone Caribbean by writers such as Jamaica’s Mutabaruka or Jean Binta Breeze. Eloy Machado is perhaps best described as an urban griot whose poetry, punctuated by idiolect and neologisms which are at times difficult to decode, bears witness to the histories of a black Cuban underclass. In an informative interview with William Luis, which raises several important issues concerning the politics involved in the contemporary cultural arena in Cuba, the black Cuban short story writer and film-maker Elio Ruiz testifies to the popularity of Machado's work among the black Cuban population: “Eloy Machado es el único poeta Cubano vivo, cuyos libros se agotan inmediatamente. El único que el pueblo negro de los barrios quiere escuchar porque lo representa en sus cantos” (LUIS, 1994, p. 37-45). In this respect his poems do for black Cubans today what Guillén’s Motivos de son did for them in the 1930s. Machado's poetry, which recreates, sometimes in very harrowing terms, the vicissitudes of life for the black urban poor of pre-revolutionary Cuba, thus speaks directly to the dispossessed blacks of present day Cuba. It is within this context that the poet pervasively invokes the image of his mother and reconstructs her relationship with him. Machado has spoken of his love for his mother, Jacinta Pérez, and his aunt Felicia as a sustaining force and has suggested that this love constitutes the content and meaning of his poetry.2 Apart from acting as a stabilizing force which imposes order on his own chaotic history, Machado's poetry attempts, retroactively, jul./dez. 2005 87 Conrad James to rescue his mother Jacinta Pérez from the socio-economic deprivation which characterized her life.3 I discuss primarily, poems from two collections, Camán Lloró (1984) and Jacinta ceiba frondosa (1991) but I also examine “Poema de un sueño”, from Por mi pura (2003). White Cuban Creole culture and what Machado sees as its attendant Eurocentrism are rejected through his construction of the mother as both socialist and AfroCuban. One major aspect of Cuban creole culture which is rejected by Machado through the use of the mother image is Roman Catholicism as the poetry establishes an oppositional relationship between the mother and this form of religious authority. The God of this system of belief is conspicuous because of his absence and the rejection of his ostensible benignity and a concomitant identification with the mother is a persistent motif in the poetry. This disposition radically disavows the Roman Catholic ethos in which the idolization of maternity does not imply a rejection of the paternal deity who remains the ultimate source to which reverence is directed. The short four line poem “Papá Dios” from Jacinta ceiba frondosa is particularly effective in its disavowal of God-the-Father: “Papá Dios” Te acuerdas de Papá Dios Jacinta cuando no nos dejaba comer un grano. (Jacinta ...p. 10). God’s insensitivity to the exigencies of the impoverished and dispossessed, his abdication of duty to the proverbial family are the focus of the text. The intimacy invoked through the title “Papá Dios” is therefore ironically undermined and “Papá” communicates absence, distance, and apathy. The transgressive effect of the poem is reinforced technically through the employment of the voice of the child whose innocence compounds the message of divine neglect. Simultaneously the conversational tone of the poem sets up the mother 88 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration... as interlocutor. Maternal dialogue replaces paternal silence. While the Cuban Revolution has tended to take care not to seem the enemy of religion, the class interests represented by the catholic church, at least in the early stages, invariably served as a source of conflict with the socialist cause. In Cuba, according to Fidel Castro, the church was for a long time served by a clergy of foreign origin. It was the church of the rich and had no priests who supported industrial workers or served alongside labourers.4 A similar attitude seems to be espoused by Machado as he rejects Roman Catholic iconography and its associated culture. This is achieved primarily through emphasis on the horrific deprivation of those who are marginalized. Thus in “Razón y tiempo” (Camán Lloró, p. 90-92) the de-centering of a Eurocentric religious ethos is predicated on God's abandonment of the poor. As in “Papá Dios” the subject of communication between mother and son focuses their poverty: “Mamá, la barriga / me hace ruu ru ruu” (p. 92) . Rhythmic enumeration of items of food and drink exacerbates the destitution of both child and mother: Siento que se está fajando café con pan café con pan café con pan y pan sin vino y sin aguardiente, de arroz y refresco y palillo en diente. (p. 92). God is uncaring and oblivious of the plight of an insignificant mother and her inconsequential world: “Jacinta huevo, / Jacinta orden. / Dios no le hizo caso / en un mundo sin eco” (p. 90). The insensibility of God is counteracted imagistically by the depiction of the bond which is forged between mother and son both in the experience of adversity and in the survival of it: jul./dez. 2005 89 Conrad James y pasamos la arache, y nació la mañana, y seguimos como si fuéramos un par de borrachos hasta que sonaron ambas campanas que indicaban los féferes (p. 91).5 Social progress, that is, revolution, redresses the effects of divine neglect. Jacinta symbolizes this progress and thus both mother and revolution are celebrated simultaneously. Not only is Jacinta “Revolución con lápiz y libreta” (p. 92) she becomes the reason and time, “razón y tiempo” (p.92), which replace pain with understanding6. This picture of Jacinta as revolution, time, and reason complements her other characteristics of strength and shrewdness, “Jacinta piedra / Jacinta lince” (p. 90), which serve to construct her as a counterpoint to God; as reason and time she represents both immortality and infinite wisdom. Here, casting the mother as reason disrupts the binary, reason/body dialectics which often designates woman as exclusively body. The religious iconoclasm of the poem is further developed through the construction of an image of maternal holiness that precludes the presence of God: Jacinta nació con pudor y jamás fue abatida como el viento con hambre. Su consorte: la tijera moral, palabra santa, sin Dios en labio pobre. (p. 91). But the description of Jacinta as “calle” and “vida” (p. 90) is also significant. The journey motif in these depictions simultaneously recognizes the harsh realities of the life of mother and son and highlights Jacinta as a source of hope. More importantly, in the context 90 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration... of this analysis the mother usurps the position which Jesus establishes for himself in the bible as “the way, the truth and the life”.7 The ubiquitous aunt Felicia, a kind of “othermother” to the poet/persona, is equally exalted in “Razón y tiempo”. 8 God's absence and insensibility are also countered by the strength and urgency of her presence: “Felicia cuadro, / brazo, / empuje” (p. 90). By depicting an inseparable bond between mother, son, and aunt these texts reverse traditional religious authority and establish an alternative theology. The union parodies the concept of a Holy Trinity establishing union in a secular universe and constructing the indispensable influence as maternal rather than paternal: “Tres vidas / una misma vida / bailando un tango / en tres menor” (p. 90). Simultaneously fraternity is located within popular as opposed to official religious culture. The social dispossession which is evoked in “Papá Dios” and “Razón y tiempo” is communicated more starkly through much more candid images in “Qué horror”, of book Camán Lloró (p. 46-49). Corro, corro, corro y el aire me molesta, entra por los huecos de mi camisa deshecha por el tiempo sin cambio ¿cómo voy a cambiarla si vivo en Luz 4, en la posada de la peseta? (p. 46). Here the vision that is projected is strikingly deterministic. The image of flight with which the poem begins suggests the human will to escape squalid conditions but this will is thwarted by the oppressiveness of social circumstance. The harsh circumstances of the subject's childhood are enumerated throughout the text. Mother, aunt, and son are nomadic subjects whose periods of rest are punctuated with discomfort: “las chinches nos esperaban / como si fuéramos los embajadores de la / sangre” (p. 48). The poem emphasizes the connection between this destitution and the capitalist system in which the subject lives his childhood. The trio are “humildes jul./dez. 2005 91 Conrad James hijos de la desgracia / capitalista” (p. 47) and capitalism is a cruel system with poisonous effects: “hundía sus garras envueltas en cicuta / de panetela borracha” (p. 47). The circularity of the poem's structure is used to confirm the unrelentingly pessimism of vision and the fate of the dispossessed casualties of pre-revolutionary Cuba. Thus having begun in entrapment the text closes with the image of life as “la tumba de los muertos vivos” (p. 49). The rejection of the male God of Christian thought is also far more irreverent in “Qué horror” than in the previous poems. Le rogamos al dios ciego por nosotros, por la máquina que pasaba por nuestro lado a toda velocidad, como si no existieran transeúntes Le rogamos por vestidos, por zapatos y por el jamón que veíamos colgado cuando pasábamos por La Mía, pero nuestros brazos, como si fueran de seres enanos, no alcanzaban esas cosas (p. 47-48). God is blind and deaf because he does not respond to the exigencies of those who pray to him. Sardonic strategies sustain the poem and emphasize simultaneously the disapprobation of God and the dilemma of the poor. Just as the warmth of the term “papá” is undermined in “Papá Dios”, here capitalist apellative strategies are shown to be contradictory for the poor. Far from communicating the possibility of possession the shop named “La Mía” underscores the group's anonymity and alienation from society's resources. Similarly, the ironic reference to “seres enanos” confirms society's adroitness in dwarfing the hopes of the marginalized and underlines the inaction of “Dios” within this scheme of things. But the icon of maternity within Roman Catholicism, Mary, is also toppled in “Qué horror” as the subject considers the misery of poverty. Her sanctity is undermined, her uniqueness diminished as she is presented in terms that emphasize abject physicality rather than transcendent spirituality: 92 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration... Dormimos como si nada estuviera pasando en nuestro maltratado cuerpo. Dormimos como si no fuéramos a despertar, como si la tal María o Caridad, ganadora del famoso maratón no se hubiera cagado en el baño (p. 48). Jacinta and Felicia are the only sources of hope in this vast terrain of hopelessness. It is mother and othermother who provide the daily bread: “Ayer, qué alegría sentimos todos, / comimos una rica comida hecha por San / Jacinta / y forrajeada por Felicia la caminanta” (p. 46). Even though this “rica comida” is nothing more than the dregs of coffee and stale bread, “borra de café.../ y pan de San Laó de dos semanas” (p. 46), the eating of it is constitutes a celebration of the courage and arduous labour of Jacinta and Felicia. In the consciousness of the poet/persona Jacinta thus becomes an alternative deity, the source to which all faith is directed: “Seguimos con la fe en el bolsillo / y en el ajustador de mi madre” (p. 48). More importantly, along with Felicia, through dance she comes to signify a mode of transcending social difficulty and perpetuating life force. Through popular culture Jacinta and Felicia create beauty out of a barren landscape while it struggles against the tragic impoverishment of life: Felicia guarachaba como si la vida que llevara fuera de pomarrosa la Jacintada, empero, iba como si buscara una solución a la lucha de la madrugada. (p. 46-47)9. But here, as in “Razón y tiempo” and the poem “Brindo” from Jacinta Ceiba frondosa, dance is also constructed as a mothercentred culture through which the son is influenced and empowered. This exemplifies a larger tendency in the poetry of Machado to jul./dez. 2005 93 Conrad James present Jacinta and Felicia as representatives of African-centred forms of culture which mitigate the effects of poverty. In “Cuarenta años” (Camán Lloró, p. 93-94), for example, the speaker recounts the story of his life to a young male interlocutor (presumably a son). It is a narrative that is initially punctuated with tropes of suffering: “cuarenta años en la universidad del hambre, / en la envara...”(p. 93). But it becomes essentially one of inspiration and it is mother and aunt who initiate hope through the marímbula: “Quién se lo iba a imaginar, Jacinta y Felicia / cuarenta años transportando verdades / del aire al corazón y del corazón a la marímbula” (p. 93).10 Consequently the narrative points the listener not to the forty years of oppression but to the future possibility of “el sueño de los cien años” (p. 94). In “Qué horror” AfroCuban dance also becomes an enactment of the struggle of life. But while it is pivotal in developing a consciousness of social reality in the son / subject it also serves as a context within which the mother can demonstrate to the son a mode of deferring the effects of life's vicissitudes: Ella movió la cabeza sin dejar de bailar al compás de los seductores tambores. Sudaba como si estuviera trabajando en un horno de cal. Pero hubo una mirada lánguida hacia el combatiente menor que bailaba. Sus movimientos eran observados por los demás congueros y el niño reía sin pensar en lo que pasaría luego (p. 47). Machado's damning commentary on pre-revolutionary Cuban society also takes place in contexts that have nothing to do with religious iconoclasm. As usual it is his mother, Jacinta, who is used to epitomize the struggle that life entails. The one paragraph poem, “Alguna vez”, which uses a prosaic structure to convey the drudgery and desperation of the life of the dispossessed, is a case in point: 94 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration... “Alguna vez” Alguna vez Jacinta buceó para encontrar lo soñado allí en el estiércol de la vida, o vice versa, para que la vida la encontrara a ella como un fenómeno natural en el hecho, o es que también entró en un pajar buscando la aguja de la fortuna como un requetesueño advenedizo, o es que esa es la pesadilla que sabemos todos? (Jacinta ceiba frondosa p. 8). The poem begins in an affirmative mode and then converts immediately into an interrogative mode which is sustained to the end. This structure conveys the uncertainty which characterizes the existence of the socially disenfranchised. In this context it is only the action of the mother which is definitive: “Alguna vez Jacinta buceó” (my emphasis). But the idea of the uncertainty engendered by poverty is reinforced through the disjunctive formulation of the text so that even this definitive act by Jacinta becomes subject to multiple interpretations. Ultimately, however, the mother becomes an index of a marginalized black community whose desire to escape poverty becomes a dream that is constantly deferred, “lo soñado” eventually becomes “requetesueño advenedizo”. Jacinta, the mother, tends to be cast by Machado in terms which conform to the values and ideological demands of postrevolutionary culture so that the simultaneous celebration of “madre” and “patria” which is seen in “Razón y tiempo” is used to repudiate capitalist ideology and to express commitment to a socialist ethos. In “Jacinta la sufrida” (Camán Lloró, p. 50-51), for example, the introduction of the mother is used as the occasion to recall the racial and class oppression of the colonial past. The text celebrates the moral and spiritual disposition of Jacinta but the self-conscious and repetitive proclamation of the end of colonialism confirms the propagandistic intention of the text as it celebrates the perceived egalitarianism of the revolution: jul./dez. 2005 95 Conrad James Soy un hijo de una ex esclava del colonialismo pretérito muerto, en baja, derrotado por un comando conjunto de obreros y marginales de intelectuales y campesinos (p. 50). The Marxist-oriented rejection of western religion in Machado's poetry is balanced by a reverential attitude toward an African-centred religious culture. Santería serves as a positive counterpoint to the debilitating character of Eurocentric culture. “Poema de un sueño” (2003, p. 78) exemplifies this attitude. “Poema de un sueño” recollects a dream, narrated to the persona, in which an individual (perhaps a male relative) has an extended conversation with Yemayá the orisha of maternity. “Poema de un sueño” Qué inmensa es Yemayá Dios mío, dijo con los brazos abiertos hacia el cielo Idelfonso Machado con todo el corazón. Lágrimas de amor y de fe corrieron por sus mejillas de azabache, la santísima virgen de Regla me dijo que tengo que hacer ebbó de flores11. Qué lindo sueño tuve. Yo le hablaba con ella frente al mar y las olas se levantaban como si bailaran unidas 96 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration... al son de mi voz, arcoiris de mar bañaban mi ser. Yo le hablaba, le hablaba y la veía en la punta de la ola del morro diciéndome con gracia pídeme, pídeme, mientras vuelos de mar acrobaciaban en su corona. No imaginé que fuera a tener un sueño tan bello con Yemayá. As in the mother/son relationship dialogue features as an important characteristic of the relationship between goddess and worshipper. The constant talking between the persona and Yemayá is therefore one of the most memorable aspects of the dream. This portrayal contrasts starkly with the absence, silence, muteness, and blindness with which the Father/God figure is associated in the poetry of Machado. Not only is the dialogue accompanied by “Lágrimas de amor”, but the entire experience takes place within a therapeutic maternal environment that further counterpoints the terseness and hostility of the world of “Papá Dios”. The sense of oneness with nature which the speaker feels in “Poema de un sueño” becomes a source of empowerment to him. Yemayá is mother nature and the forces over which she has control allow him to transcend, albeit temporarily, the difficult social realities of his life. This image of maternal power is complemented in the portrayal of the orisha’s grandeur and expansivity: “Qué inmensa es Yemayá / Dios mío”. In this respect Jacinta becomes a figure of Yemayá. As “madre de incalculable / alcance” (1991, p. 51.) she is similarly expansive. In addition, Jacinta is ubiquitous in so far as she affects every aspect of the poet's / persona's life. She is imaged variously as priestess, in “En el bémbele changolla” Jacinta ceiba jul./dez. 2005 97 Conrad James frondosa (p. 31-32), teacher in “Brindo” (1991, p. 40), and mentor in “Cuarenta años” and “Ahí viene Jacinta Pérez”. The collection Jacinta Ceiba frondosa ends with poem “Brindo”. “Brindo” Brindo por mi mamá porque la estrella no despegue la idea nunca jamás. Brindo por mi mamá que me enseñó a bailar la rumba, a reír, a fajarme, a boxear, a soñar y a esperar acuatizar el canto de la forma más jovial brindo por el abasiago como la risa más bonita de mi mamá. Brindo como antes, como después del aguacero por mi mamá como su canto en el tango cuando bailaba conmigo cuando en el tango del danzón Felicia también, bailaba conmigo Brindo por mi mamá (p. 40). Both traditional and non-traditional images are deployed in “Brindo” to convey the central concern with the mother's influence 98 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration... on the development of the son/subject. She is associated as usual in his poetry with spiritual uplift and she teaches the son the value of patience, “a esperar / acuatizar el canto”. The proverbial strength of the mother's smile is also a characteristic that is celebrated: “brindo por el abasiago / como la risa más bonita / de mi mama”. Here the association of the mother's smile with symbols of male Africancentred religious power serves to emphasize the power the subject draws from her.12 But he also learns lessons from her which are more usually transmitted in male/male relationships (“fajarme” and “boxear”). The subject therefore learns his masculinity from his mother and not “men chosen as masculine models” (CHODOROW, 1978, p. 176). Not only does this reinforce the absence of the father but it also mythifies the mother whose execution of multiple roles in the upbringing of the son make her larger than life13. Machado's construction of the mother from a perspective of socialist orthodoxy might very well raise several problems for some feminist approaches to motherhood. One way of reading these poems might be to suggest that the alignment of Jacinta with the nation and the inscription of her as the embodiment of virtue and benevolence undermine her subjectivity as a woman. Certain strands of black feminist criticism might find Machado's idealization of black motherhood particularly problematic. The invariable appearance in his work of the mother as an inordinately strong, self-sacrificing, and miracle-working figure corresponds with the attitude of unbridled sanctification of black motherhood which is often denounced in the work of black feminist critics14. In this regard the representation of Jacinta and Yemayá as mentors who inspire and empower the poet/ worshipper/son could be read as an Afro-Caribbean version of the traditional European pattern of male dependence on a goddess or maternal figure as muse. This notion of a maternal source of inspiration, what Erich Neumann refers to as the “inspiring anima” (NEWMANN, 1972, p. 295), has been the focus of much critique in feminist literary theory and practice15. I prefer to read the poems as texts that enrich the dynamics of Cuban literary culture by retrieving stories of the anonymous, the jul./dez. 2005 99 Conrad James obfuscated and the disavowed and inscribing them once and for all into the society’s history. Defying anonymity, Jacinta is both inspiration and agent. More importantly as “poeta” and “dicharachera” she also has the power of the word. Thus in the poetic universe of Eloy Machado language, dialogue and political solidarity are not semanticized in terms that exclude women. Instead they are imaged as emanating from a mother-centred/woman centred culture. Notas 1 Interview with the author. Havana, 2000. 2 Interview with the author. Havana, 2000. 3 Born in abject poverty, Machado's early life was extremely difficult and this led him to commit several petty crimes for which he was jailed on a number of occasions, both as a child and as an adult. Interview with the author op.cit. See also Efigenio Ameijeiras Delgado's “Prólogo” to Camán lloró and the introduction to Machado's Poesía VI (1989). 4 See Granma N.7, November 20, 1977, p. 6. 5 “Arache” is a Yoruba term which is used to refer to ominous experiences. “Féferes” is a “cubanismo” which means food. 6 The image of the mother with “lápiz y libreta” is probably a reference to the massive literacy campaigns which were initiated, both in rural Cuba and in the urban slums, soon after the revolution came to power. To a large extent, this project involved young people teaching the older generation to read. See PAULSTON, Rolland G. “Education”. MESA-LAGO, Carmelo (Ed.). Revolutionary Change in Cuba. 1970, p. 375-97. 7 “I am the way the truth and the life, no man cometh unto the father but by me”. St. John 3. 16. 8 According to Stanlie James othermothers are those who assist blood mothers in caring for their children. They might be blood relatives but are also very often friends or “supportive fictive kin”. This arrangement was prevalent in slave society where children, often separated from their biological mothers, were brought up by “othermothers”. See JAMES, Stanlie. “Mothering. A Possible Black Feminist Link to Social Transformation?”. JAMES, Stanlie, and BUSIA, Abena P. A. (Eds). Theorizing Black Feminisms.1993, p. 44-54. 100 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 “Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration... 9 The “pomarrosa” is a beautiful plant that grows wild in Cuba. 10 The “marímbula” is a base instrument which consists of metal keys mounted on a wooden box. It derives from a set of African hand-held instruments known as “mbira”. See MANUEL, Peter. Caribbean Currents: Caribbean Music from Reggae to Rumba. 1995, p. 36. 11 An “ebbó” is a ceremony within “santería” (also referred to as “regla de ocha”) which allows initiates to exorcize themselves of evil spirits. Ebbós can be performed by non-initiates of the religion as well. See BOLÍVAR ARÓSTEGUI, Natalia. Los orichas en Cuba. 1990, p. 175. 12 “Abasiago” is a term used within the “abakuá” society, an all-male African religious society in Cuba, to refer to the supreme god of the mythology on which the society is founded. 13 Symbolized by Edith Clarke's 1957 anthropological text My Mother who Fathered Me this is a stereotype which prevails in the discourse on black mothering in the Caribbean. 14 The debates concerning motherhood in black feminist scholarship are far too extensive to be reproduced here. However, Patricia Hill-Collins comments below are emblematic of the intellectual will to de-mythify black motherhood. “Despite the fact that these portrayals by black men might be well intentioned, an Afrocentric feminist analysis is needed to debunk this image” (HILL-COLLINS, 1990, p. 117). 15 According to Mary DeShazer, for example, “Although the poet is typically portrayed as being possessed by the muse it is he who possesses her” (DESHAZER 1986, p. 2). Irrespective of the psychological motives for the male poet's invocation of the female as muse, DeShazer claims that it is “an act of appropriation and control” as his poetic production necessitates the consumption of “her creative energy into himself”(p. 2). Bibliography BOLÍVAR ARÓSTEGUI, Natalia. Los orishas en Cuba. La Habana: UNEAC, 1990. CHODOROW, Nancy. The Reproduction of Mothering: Psychoanalysis and the Sociology of Gender. Berkeley: University of California Press, 1978. CLARKE, Edith. My Mother who Fathered Me. London: Allen and Unwin, 1957. DESHAZER, Mary. Inspiring Women: Reimagining the Muse. New York: Pergammon, 1986. jul./dez. 2005 101 Conrad James HILL-COLLINS, Patricia. Black Feminist Thought. London: Routledge, 1990. JAMES, Stanlie. “Mothering— A Possible Black Feminist Link to Social Transformation?”. JAMES, Stanlie; BUSIA, Abena P.A. (Eds.). Theorizing Black Feminisms. London: Routledge, 1993, p. 44-54. LUIS, William. “Entrevista a Elio Ruíz”. 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O propósito deste trabalho é analisar dois de seus poemas, “Com licença” e “Diálogo”, em cujas tramas se entretecem a riqueza fornecida pelos patakines Yorubas aos sincretismos religiososs da ilha com o desejo de meditar sobre os mecanismos da criação. Estes poemas reúnem características próprias do movimento de poesia afro-cubana das décadas de quarenta como a inclusão na trama de elementos de identidade cultural e étnica e jogar com as possibilidades de desalojar, deslocar as proposições “clássicas” do que é poesia, assentado-os nos espelhos raciais e culturais que oferecem as crenças sincréticas tão populares na ilha de Cuba. Palavras-chaves: Dulce Pullés, Diálogo de Amor, Identidade Resumen La presencia de Dulce Pullés en los diversos festivales de poesía hispanoamericana, como el que se llevó a cabo en Cartagena, Colombia en diciembre del 2003 hablan del impacto y popularidad de esta escritora cubana. El propósito de este trabajo es analizar dos de sus poemas de la corriente afrocubana, “Con licencia” y “Diálogo” * Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em setembro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p.103-118, 2005 103 Maria Zielina en cuyas tramas se entretejen la riqueza que prestan los patakines yorubas a los sincretismos religiosos de Cuba con el deseo de meditar sobre los mecanismos de la creación. Estos poemas reúnen características propias del movimiento de poesías afrocubanas, de la década de los cuarenta, como son las de incluir en la trama elementos de identidad cultural y étnica, y jugar con la posibilidad de desalojar, dislocar las proposiciones “clásicas” de lo que es poesía, asentándolos en los espejos raciales y culturales que ofrecen las creencias sincréticas tan populares en la isla. Palabra claves: Dulce Pullés, Diálogo de amor, Identidad Absctract The purpose of this article is to analyze two of the poems of Dulce Pulles, a Cuban woman writer who is practically unknown outside Latin America. However, her presence in many poetry festivals such as in the VII Festival de Poesia, in Cartagena, Colombia, reveals that her work has found many followers and admirers. Some of the characteristics that we can notice in Pulles’ poetry are intimacy and a wish to detach herself from some of the violence and despair that lately offers Latin American literature. Both elements are present in these two poems, “Con licencia” and “Diálogo,” written in the 1990’s, in which the rich and diverse output of Cuban identity, wonders of the Yoruba’s patakies, meditation on folk arts and writer desire are revealed. Keywords: Dulce Pullés, Diálogo de amor, Identity *** Dinamismo y color en las imágenes, religiosidad simbólica en el atributo a las deidades africanas, orgullo ilimitado en su ascendencia étnica, musicalidad en la introducción de los rezos, sencillez en los giros poéticos, éstos son sin duda algunos de los rasgos que mejor describen la obra de Dulce Pullés Méndez. Ella, es una nueva voz en la poesía cubana que se mueve con soltura tanto dentro de la tradición lírica como la erótica o afrocubana. Nació en Santiago de Cuba y se confiesa gran admiradora de Cesar Vallejo; vive apartada del bullicio de los que se dan a conocer a través de viajes y conferencias en el extranjero. Sus poemas nacen 104 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés en su vieja casa en la ciudad de La Habana, de donde sale para pasear por las empinadas calles de Santiago de Cuba o desembarcar en Guanabacoa o Matanzas y recordar el pasado sentada en los sillones de mimbres que amueblan las casas de muchos famosos santeros y babalaos de Guanabacoa y Matanzas. A veces, como irritada Penélope escudriña las aguas atormentadas que golpean el sufrido pero indestructible Malecón habanero y medita con sonrisa de madonna africana sobre la abierta contradicción de escribir a solas y con todos, muda y elocuente, el diálogo amoroso que entre “machete y miel” se produce en la isla antillana1. Durante la lectura de este diálogo étnico-amoroso que se presenta o se reunen en lo versos de Pullés podemos distinguir cuatro corrientes temáticas entretejidas, vinculadas con discursos de tipo cultural y estéticos, las que ofrecen imágenes de tramas diversos. Esta imágenes son a veces de carácter personal o instigadoras de lo que se concibe como identidad social, cultural, étnica, y otras de carácter fragmentado, divulgador de ideas o textualizadoras de lo que se concibe como práctica letrada en cuanto a cómo crear un arte poético. Estas corrientes son la amorosa, temporal, afrocubana2 y la de homenaje. Dentro de la corriente afrocubana se percibe una especie de subdivisión interior que incluye poemas de identidad propiamente dicho, como resultan ser “Ache tambor”, “Motivos de ser”, “Diálogo”, “Nostalgia africana”, “Zarabanda y “Pasos y toques”. Entre los de la línea amorosa tenemos “Plegaria”, “Sostén,” “Extasis”, y “Germinal”; dentro de la temporal podríamos citar “Batahola del tiempo,” y “Fuera del tiempo” y entre los de dedicatoria, “Como música en el tiempo,” “Madrigal para un caminante,” y “El Príncipe enano”. Estos dos últimos poemas están dedicados a José María Heredia y José Martí, poetas a los que Pullés admira desde pequeña. En este trabajo me limito a presentar mayormente dos poemas de la corriente afrocubana, “Con licencia” y “Diálogo,” los cuales reunen características propias del movimiento de poesías afrocubanas, como son las de incluir en la trama elementos de identidad cultural y étnica, y jugar con la posibilidad de desalojar, jul./dez. 2005 105 Maria Zielina dislocar las proposiciones “clásicas” de lo que es poesía, asentándolos en los espejos raciales y culturales que ofrecen las creencias sincréticas tan populares en la Isla. “Con licencia”, el lenguaje cifrado, perfilador de espacios mágicos, locales, habla de semejanzas, sistematizaciones, entre el arte de forjar una escultura y el arte de escribir un texto, los cuales a su vez son transnacionales. En la región circuncaribe el término “con licencia” es una frase socio-cultural, que logró formar paralelismos de connotaciones diversas durante el sistema de clase esclavista. Si una de esas connotaciones hablaba de paralización la otra hablaba de avance; si una era involuntaria la otra no lo era; si una hablaba de actos indignantes la otra enfatizaba el decoro; si una buscaba la sombra la otra la luz; si una acusaba lo reprimido, la otra lo liberado. La razón fundamental para el paralelismod entre estas connotaciones, está enraizada en la historia del Caribe, un mundo de dislocaciones, sincretismos, símbolo de configuraciones en cuanto a las relaciones que existieron entre esclavistas y esclavos, catálogo de coexistencia étnicas y culturales. Históricamente y atendiendo al sistema de la plantación esclavista, que se desarrolló en Cuba mayormente en el siglo XIX, la frase “con licencia” indicaba por parte del esclavo sumisión y respeto hacia sus amos; indispensable para obtener permiso para llevar a cabo un acto determinado o para entrar o salir de un lugar, y no pocas veces, su último resorte para contrarestar la ira del dueño o la ama celosa cuando estos se hallaban de mal humor, irritados por deudas que se les echaban encima o embriagados, tras una noche o varios días de festejos. Por lo tanto, “con licencia” fue una frase impuesta, la cual anticipaba una segunda parte, la de “sí mi amo” y producía un efecto negativo en aquel que la pronunciaba, ya fuera éste un esclavo doméstico o rural, pues lo hacía sentirse inferior, infantilado, incapacitado. El propósito que albergaban los amos, autoridades y otros al demandar el uso de la misma era el de recordarle al otro, al esclavo, que era un sujeto privado de derechos, al servicio del otro, subalterno y quizas hasta “malo”. Pero como 106 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés oferta libre e impuesta por el amo y las circunstancias, la frase también cobró , además de las anteriores otras connotaciones; ella era utilizada por los esclavos como máscara eficaz mediante la cual lograba escapar del escudriñamiento a que estaba sometido diariamente. Careta capaz de ocultar el gesto de rebeldía que se revelaba en los ojos del esclavo que aspiraba huir de la hacienda, velo que ocultaba la mano dispuesta a aferrar el machete vengador; antifaz que disimulaba las palabras masculladas por entre los los labios apretados de una boca que deseaba escupír el resabio. “Con licencia” es pues, dentro del sistema de la plantación, una frase dolorosa que nos habla de la relación forzosa y trágica que existió entre esclavos y amos. Pero por ser una frase sociocultural, adaptada, martirizada, mojigangada, la misma posee también otro tipo de connotación, la místico- religiosa, pues está entretejida con las creencias yorubas presentes en la Isla. En este caso, con licencia, indica que la persona que la profiere, en este caso un creyente de la Regla de Ochá (Osha), Santería, está pidiendo protección; está en busca de un aliado sobrenatural y poderoso, fuera de este mundo, capaz de perdonarlo o ayudarlo. Es parte de un saludo y los creyentes de la santeria la usan para dar muestra de reverencia y acatamiento los mandatos de los orishas. A esta connotación esóterica de la frase es a la que se refiere Pullés en su siguiente poema, titulado, “Con licencia”. Con Licencia Pieza: Eggún Salvando bejucos y guisasos, con la acción del golpe, allá lejos, sobre unos lomazos redondos, te saqué del monte. Fue noche silenciosa que se llenó de sábanas de miradas de estrellas, de sudorosos cuerpos de llantos y besos. En tanto ... jul./dez. 2005 107 Maria Zielina te esculpí de imágenes a talle de difuntas con pelos y huesos que no se inmustian como los malinches que no son de virulentos animales del otro mundo, porque eres Ikú benévolo que guardas el secreto de los tallos vivos. Octubre 1993 En este poema lo primero que llama nuestra atención es el título, en parte ontológico, reflexionador de un pasado y observador de una forma de ser, y luego el pleno reconocimiento por parte de la escritora de que el poema sería dedicado a una pieza específica llamada “Eggún”, la cual estaba en el proceso de ser tallada por un escultor, amigo de la escritora. Pero, una vez leído el título, nos cabe preguntar ¿A quién, de qué y por qué pide licencia el hablante? Las respuestas a estas preguntas nos los da el hablante en los primeros versos, en donde leemos “saltando bejucos y guisasos”, y “te saqué del monte”. El hablante está pidiendo permiso al monte, reino de Osaín (San Silvestre), lugar donde crece todo tipo de plantas sagradas, y por lo tanto su entrada al mismo obedece a un criterio mágico, responde a un designio. Mediante este saludo-permiso se acepta lo sobrenatural, lo inexplicable, el carácter mágico y la esencia animista del monte.Pero este saludo no deja de expresar un cierto temor; un temor enraizado en la fe y en los sentidos; pues al aceptar el hablante que el monte es el recinto propio de orishas, divinidades, espíritus ancentrales, buenos y malos es aceptar que el “saltarlos”, evadir, ignorar a cualquiera de ellos es “jugar con fuego”. El hablante ha decidido entrar en un territorio a una hora vedada, pues es de noche, como veremos más adelante, y esto le puede acarrear consecuencias desastrosas, males inesperados, castigos de algún tipo. El hablante se está arriesgando pues su conducta puede despertar el enojo de alguna de las deidades del monte, quienes continuamente emprenden nuevos pactos, celosos de las alianzas entre dioses y hombres, tal y como sucede en el olimpo griego. 108 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés Dentro de la Santería o Regla Ocha, el monte está considerado como un recinto mágico, un lugar sagrado, el cual debe ser respetado y a la vez temido. Este lugar está lleno de orishas, deidades, los cuales a veces residen en arbustos, bejucos, árboles, piedras, ojos de agua, lagunas, copas de árboles, etc. Los orishas generalmente están representados bajo la forma de palos, piedras y caracoles y por esa razón los crentes afirman que cada guisaso o bejuco, por ser “brujero”, es propiedad de algún orisha. Precisamente sobre este dinamismo religioso entre monte, como recinto sagrado y el creyente, nos escribió Lydia Cabrera en su libro El monte, en donde leemos. Árboles y yerbas, en el campo de la magia o en el de la medicina popular, inseparable de la magia, responden a cualquier demanda. […]Para el pueblo cubano, comenta Cabrera, “las plantas curan porque ellas mismas son brujas”, […] Toda calamidad tiene su antídoto o preventivo en algún palo o yerbajo... Un “palo”—musi o nikunia nfinda—, un espirítu nos ataca, y con otro nos defiende el brujo. [Estos palos] causan un bien o un mal según la intención de quien los corta y utiliza (CABRERA, 1993, p. 21). Si atendemos a estas observaciones que hiciera la etnóloga cubana, el título del poema cobra entonces, junto a su significado semántico de permiso o sumisión voluntaria, cualidades de conjuro mágico, que al hablante le sirve tanto de saludo como de escudo y del cual se vale para protegerse. Al mismo tiempo este saludo, colocado como puerta del poema, tiene el objetivo de remitirnos a la cosmogonía yoruba. Primero, a la figura de Osaín, considerado como el dueño de las yerbas y la vegetación y segundo, a la de Elegguá, orisha poderosísimo por tener el atributo de ser dueño de todos los caminos3. A su vez, el nombre de la pieza, “Eggún” nos remite al orisha de ese mismo nombre, el cual representa no sólo el “espíritu de los muertos,” los antepasados africanos muertos del creyente en otros tiempos y lugares, sino también el espirítu de los jul./dez. 2005 109 Maria Zielina difuntos que fueron iniciados por el mismo padrino, o guía espiritual del creyente. Por ser representante del espíritu de los antepasados Eggún es uno de los orishas más venerado y respetado, del panteón yoruba y durante las ceremonias a él se le dedican los primeros ritos. Por lo tanto, esta invocación-permiso revela cierto temor por parte del poeta lo que puede ser explicado de la forma siguiente. Primero, éste ha decidido buscar un sólo orisha, Eggún, haciendo caso omiso de los demás, actitud que puede ser tomada como signo de orgullo, liviandad o ignorancia, y segundo, su acción de sacarlo de su vivienda natural, el monte, (“te saqué del monte”) revela egoísmo e intromisión, por lo menos. Ambas acciones pudieran ser indefendibles a los ojos de los orishas. Si continuamos elaborando sobre estos primeros versos y atendiendo a la cosmogonía de la Regla Ochá, este temor que revela el poeta no es infudado pues se basa en los sentidos, en el miedo a lo desconocido, lo sobrenatural. Aunque Eggún es un orisha que representa la conexión afectuosa y positiva que los creyentes mantuvieron con familiares ya difuntos, a los que se les ve como guardianes afecuosos aún despues de muertos, este orisha es temido por su conexión con cementerios y muertos. Esto se debe a la influencia que dejaron en la imaginación del creyente los cuentos, anécdotas, y toda clase de supersticiones que con respecto a campos santos, cadáveres, espantos, etc.trajeron consigo y diseminaron los sacerdotes católicos y esclavos africanos. Por ese motivo, muchos seguidores de estas creencias están convencidos de que los eggunes de personas muertas y malvadas pueden ser manipulados para causar el mal, y de que no todo los babalawos, tienen la capacidad o el poder de desarmar, neutralizar, exorcizar, la influencia maléfica de los mismos. Por esa razón se recomienda no pedir la protección de aquellos familiares que hayan tenido una vida turbulenta o disoluta, aspecto que se trae más adelante en el poema. El tono mágico o irreal que acompaña la acción física del golpe y la reacción de los testigos nos los traen al poema los versos de la segunda estrofa: “Fue noche silenciosa que se llenó / de sábanas 110 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés / de miradas de estrellas, / de sudorosos cuerpos / de llantos y besos. Esta descripción de la entrada del hablante al monte, ewe para los adeptos, indica que éste está consciente de la presencia de Echu Alágbana, una de las manifestaciones, caminos, de Eleguá, el cual es el jefe de los Eggúngún, a quienes dirige con un látigo y representa el infortunio. El papel de Alágbawánna, nombre con que también se conoce a dicho orisha, es el de castigar a los irresponsables y a los burlones que se adentran en el monte, pues le gusta esperar a sus víctimas apostado en parajes oscuros e inhóspitos y sorprender a los mismos. La prueba de que la invocación—saludo del título, “con licencia”, ha sido efectiva en cuanto al desarmamiento de dicho orisha y de que el hablante ha ganado la benevolencia de los otros, nos vienen señalados por la alusión a la noche, la cual no ha sido alterada.Es decir, a pesar de que el hablante había incurrido en vaias faltas, como la de entrar al monte en horas de la noche, y momento ideal para que Echú Alágbana lleve a cabo sus hazañas, ésta permanece amiga. Ella se había llenado de “estrellas”, “besos”, “llantos”, “sábanas”, y “sudorosos cuerpos”, elementos que corresponden a la cotidianidad nocturna de los orishas, los que normalmente se entregan y se conducen de esta manera cuando no están enfrascados en discordias, o rivalizando con otros. Al leer estos versos se hace patente el deseo de Pullés de reproducir la concomitante manifestación que existe entre las “raíces” de donde nace el Ikú final, la escultura de madera y el Ikú de palabras, lenguaje. Ambas nacen de la memoria, de las creencias y leyendas, del mito y por eso el esquema generador del nacimiento del orisha está presentado de acuerdo a la memoria ascentral pero impregnado del devenir germinal del mito, la leyenda religiosa. De acuerdo a ese esquema y respetando las hitorias o patakíes acerca de este orisha, Ikú, la muerte, se crea de un tallo; es decir se hace conforme a la conocida tradición africana de que el espíritu de un muerto es personificado en un palo, pero su maduración espiritual como objeto físico es una escultura y un poema. La última estrofa de la poesía nos habla de la escultura en sí, e ilustra la intensidad de los sentimientos del hablante frente al Ikú jul./dez. 2005 111 Maria Zielina creado. Es una imagen que le satisface pues en ella se fundan la imaginación y el anhelo personal, y como el resto del poema, dicha imagen, figura, habla de la organización, sistematización que se lleva a cabo dentro de todo proceso creativo. En el verso “/ te esculpí de imágenes a talle de difuntas/,” la escultura obedece a la imaginación tanto del hablante como del artista, y en ésta se concretan las imágenes concebidas a través del tiempo; están hechas de sueños, experiencias. El verso, por lo tanto, habla de continuidad y reverencia. Los siguientes versos, “ / con pelos y huesos / que no se inmustian como los malinches / que no son de virulentos animales del otro mundo,/ porque eres Ikú benévolo/ que guardas el secreto / de los tallos vivos/,” completan la formulación de continuidad que se expresaban en la primera, pero añade otro elemento muy importante, y que pone al descubierto la aspiración de todo artista: el deseo de que su obra sea eterna, de que su Ikú no se “inmustie como los malinches”. Y leemos: “En tanto... / te esculpí de imágenes a talle de difuntas / con pelos y huesos / que no se inmustian como los malinches / que no son de virulentos animales del otro mundo,/ porque eres Ikú benévolo/ que guardas el secreto / de los tallos vivos”. Otra vez, el hablante nos hace retornar al sistema religioso, y en particular al embó/ ebó, término yoruba que significa sacrificio, y que se refiere comunmente al proceso de inmolar animales domésticos, u ofrecer comidas especiales en honor de los orishas. En la práctica, el embó es uno de los procedimientos al que acude el sacerdote con el objetivo de apoderarse de la esencia anímica de una persona o de aliarse con espíritus malignos para obtener algo, y por lo tanto sirve para hacer el mal o el bien. Por estar relacionado, en la mayoría de los casos, exclusivamente con los cultos de tipo lucumí y con el oráculo su carácter es mas bien egoísta, personalista, pues se busca satisfacer algún tip de deseo. La eficacia del embó depende de la fé que ponga en dicho embó tanto el sacerdote como el creyente. El embó al que se refiere el hablante responde a una búsqueda definida; él anhela que este sacrificio satisfaga a Ikú, y por eso enfatiza que los ingredientes, “pelos” y “huesos”, no proceden de 112 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés “virulentos animales del otro mundo”. Esto coincide con el planteamiento original del título y el de las estrofas, que es la de honrar a un orisha determinado. Al específicarse que el embó no tiene elementos indignos, pues los ingredientes proceden de animales limpios, sanos y no malévolos, el hablante le hace saber al Ikú que sus intenciones son buenas. Se enfatiza que éste ha hecho todo lo posible por evitar que en esta ofrenda tomaran parte o influyesen los eggunes, espíritus malos, los que podrían estar “amarrados” a esos animales. Los dos últimos versos, “/ porque eres Ikú benévolo/ que guardas el secreto / de los tallos vivos/”, toman carácter de plegaria, la que comunmente está a cargo de sacerdotes y dichas con qon el fin de que el embó surta efecto. Este sacrificio—ofrenda juega metafóricamente en el poema, pues Ikú está creado de un palo de monte, al que se le ofrecen ofrendas por representar el espíritu familar, y de ahí su deseo de alimentarlo, pero las descripciones del embó es también alimento para el ikú literario que se nos rinde en el poema. Este último, el ikú literario es a su vez es metafóricamente una ofrenda al Ikúescultura. El proceso fantasmórico, irreal y mágico que se persigue al hablar del Ikú, deidad que dispone de la vida, del destino de los que están entre la vida y la muerte, y el temor a las acechanzas de Echú Alágbana, se logra en el poema a través de vocablos como monte, bejucos, guisasos, estrellas, besos y silenciosa vis a vis llantos, malos, pelos, huesos, difunta y virulentos. Podríamos decir, al final de la lectura de este y otro poemas pullesianos que éste es un poema que se inventa a sí mismo, y a través de él, la poeta cubana pone al alcance del lector el mecanismo de la creación. Mediante este mecanismo la poeta ha logrado presentar la figura tallada y crear el poema, hablar de la práctica de la creación literaria. Por ser un texto creado para festejar la figura visual, tallada por las manos del escultor, tenemos que el lenguaje y las variantes religiosas con que nos topamos desde la inaguración del poema, están utilizadas para rescatar de la marginalidad y de la exclusión tanto al artista de figuras afro-religiosas como la pugna jul./dez. 2005 113 Maria Zielina entre lo bueno y lo malo que envuelven las creencias sincreticas caribeñas, como la Regla de Ochá. Por ese motivo, el título, “Con licencia” y el epígrafe, “A una pieza Eggún”, refuerzan el deseo de acertar tanto en el elogio admirativo hacia el artista como en la empresa de dar a conocer las raíces de la figura. De ahí que cada palabra conlleva un contexto metafórico de cualidades ritualísticas, haciéndose del lenguaje un performance ritual y de autosacrificio, “en honor a la pieza”. El lenguaje es la sangre-metafórica que alimenta el poema, y una vez que están asentada las premisas, título y epígrafe, surge la necesidad de darle a la creación, el referente cultural religioso. Este referente se halla en el relato mítico-religioso de “cómo se crean los dioses”, pero como todo nacimiento especial, único, se tienen que seguir determinadas reglas, tales como la de obtener el permiso de otros dioses, ofrecer un sacrificio a Ikú, la muerte, y saber seleccionar el momento de la germinación, en este caso, la noche. La culminación de esta ceremonia es el objetoescultura-poema y la proclamación de la transformación cultural, de una figura malévola a una benévola. Esta transformación se inscribe en la realidad del hombre común, el que mediante la fe es capaz de dar un significado propio, personal, único a una figura, leyenda, diferente a las que éstas hubieran tenido originalmente. Diálogo Mira mi negro te saco lasca te meto raspa te lijo el cuero te amanso el pelo te miro negro y eres mi abuelo. Sácame lasca méteme raspa líjame el cuero amansa el pelo 114 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés yo soy el abuelo de tu bisabuelo. Agárrate negra, siéntate ya yo soy Francisco pancho o Tomás Tu bisabuelo lo tengo atrás! Sácame lasca méteme raspa líjame el cuero amansa el pelo yo soy el abuelo de tu bisabuelo. El poema que hemos citado arriba, y vamos a analizar a continuación se titula “Diálogo”, el cual está compuesto de cuatro estrofas con versos en su mayoría pentasílabos. Como poema de la vertiente afrocubana, “Diálogo” continúa tanto la tradición oral africana como la lírica española, y ha sido estructurado en base a los principios del paralelismo y la repetición. En la trama y en las imágenes que se traen para su composicón evidenciamos el placer que le origina al hablante el reconocer la fuerza de los lazos culturales y étnicos que lo atan a tres generaciones, tatarabuelo, bisabuelo, y abuelo. Leemos, “/ Mira mi negro / te saco lasca / te meto raspa / te lijo el cuero / te amanso el pelo / te miro negro / y eres mi abuelo / Sácame lasca / méteme raspa / líjame el cuero / amansa el pelo / yo soy el abuelo / de tu bisabuelo/ ”. No hay contrastes, ni desilusiones en cuanto a las expectativas del hablante, quien ve a sus familiares como figuras intercambiables, llenas de amor, símbolos de posicionamientos históricos y socio-culturales La presentación de la trama nos recuerda los poemas de Nicolás Guillén, pues hallamos esa búsqueda de afinidad física, resistencia y ritmo que caracterizó los poemas sones guillenianos. jul./dez. 2005 115 Maria Zielina Como en Guillén, cada una de las estrofas termina en una especie de verso-estribillo que sirve para redondear los elementos sensoriales que se nos presentan. Los vínculos de los que nos habla el hablante con los familiares generan correspondencias de realidades, desembocan en el espacio de ideas o anécdotas que unen el pasado y el presente. Leemos, “/ te miro negro / y eres mi abuelo / ...yo soy el abuelo / de tu bisabuelo / ... / Tu bisabuelo lo tengo atrás!... /yo soy el abuelo / de tu bisabuelo /”. En estos mismos versos observamos también una especia de autoeducación en la que no puede leerse ningún tipo de ambiguedades en cuanto a la identidad del hablante, cada uno de los abuelos se materializa en el otro. Las experiencias que tiene el hablante de vivir en una sociedad racista, en donde los individuos son clasificados acorde con el color de la piel y la textura de los cabellos se revelan en los versos, “te amanso el pelo,” y “te lijo el cuero.” Sin embargo, esta experiencia negativa de la que se nos habla en los anteriores versos se ven borrados por el gesto de reconquista de su identidad, en su inconformismo frente al intento de separación entre el bisabuelo que vino de Africa, y el abuelo criollo, nacido en América. La sombra del racismo no le seducen, y se ve retratado en cada una de las generaciones: “/te miro negro / y eres mi abuelo/ ... / yo soy Francisco / Pancho o Tomás / Tu bisabuelo lo tengo atrás!/”. El uso de la forma imperativa en “Tu bisabuelo lo tengo atrás,” “agárrate negra”, “sácame raspa” y otras semejantes, le sirve al poeta para controlar el tono y el espíritu del poema. No hay ni renuncia ni reprensión. Todo el poema expresa un referente concreto, el tatarbuelo, repetido en el bisabuelo y éste en el abuelo, y así sucesivamente, y esto hace que el poema se diferencie un tanto de otros poemas afrocubanos, tales como “El apellido” o “La canción del bongó”, de Nicolás Guillén, por ejemplo, en los que la enumeración de nombres africanos vis a vis españoles, y la noción de que “siempre falta algún abuelo” confieren a dichos poemas un elemento de discontinuidad y de perdida. En el poema de Pullés no observamos dichos elementos, no hay resabios por el nombre 116 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés impuesto, sino concientización de una identidad negra y de una identidad ganada y preservada de generación en generación; no hay asomo de rupturas. Para cada una de las “lascas” y “raspas” que se efectuén a través del tiempo, siempré habrá otra lasca, un “atrás” un bisabuelo, un tatarabuelo, un abuelo para el hablante del poema. Como en otros poemas afrocubanos, “Dialogo” también revela una estrecha relación con la música popular como lo ejemplifican las frases “sácame lasca,” méteme raspa” o “líjame el cuero”. Estas frases han formado parte del vocabulario festivo popular cubano y son empleandos pormuchos músicos y cantantes de música popular cubana cuando tocan o remedan instrumentos músicales tales como el güiro, tumbadoras, guitarras, con el propósito de que los mismos respondan a la intencionalidad de estribillo o canción. En esta poesía como en otras la construcción de la identidad del hablante es el trama que se enfatiza en el poema, y la cercanía con el otro, los familiares que se conocieron o no se presenta por la interconexion entre etnicidad y cultura y todo el poema respira una atm’osfera de intimidad y orgullo, uno de los leitmotif entramados en toda la poesía de Dulce Pullés. Notas 1 Todas las alusiones a la obra de Pullés proceden de copia de sus poesías originales, enviadas por la escritora y de las que dispongo. La escritora tomo parte en el VII Festival Internacional de la Poesía que se celebró en Cartagena, Colombia en 2003. Toma parte con regularidad en el Festival del Caribe, que se efectúa en Santiago de Cuba, Cuba. En los Estados Unidos la obra de Pullés es totalmente desconocida. 2 Utilizo la terminología “afrocubana” con fines esencialmete metódicos para compararlos con aquellos poemas que bajo tal terminología aparecieron cuando se publicaron los primeros poemas-sones de Nicolás Guillén y otros escritores cubanos. 3 Osaín, llamado también Ossain, está sincretizado con San Antonio de Abad y San Silvestre. Elegguá o Elegua se sincretiza con el Niño de Atocha, San Antonio de Padua y el Ánima Sola. Tiene un perfil ambiguo que se presta a la magia, tiene jul./dez. 2005 117 Maria Zielina infinidad de caminos, patakíes, representaciones, dentro de la Regla Ochá. Bibliografía CABRERA, Lydia. El monte. La Habana: Letras Cubanas, 1993. DÁVILA, Eliana. Jugando a juegos prohibidos. La Habana: Editorial Letras Cubanas, 1992. DOPICO ECHEVERRÍA, Raúl. Tras la huella de lo imposible: antología de nuevos poetas cubanos, según la tendencia de la agresividad. Guadalajara: Secretaría de Cultura de Jalisco, 1994. 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VI, nº 11 Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional em Martí e Sarmiento no limiar do século XXI Dinair Andrade Faculdade UPIS/Universidade de Brasília Resumo O cubano José Martí (1853-1895) e o argentino Domingo Sarmiento (1811-1888) refletiram e atuaram, também, no âmbito da política interamericana e procuraram explicitar, cada um a seu modo, distintas conexões, finalidades, causalidades e outros temas de política internacional, enfatizando, principalmente, aspectos das relações entre os Estados Unidos e a América Latina. Estes intelectuais, ao tentarem dar inteligibilidade à posição ocupada por suas respectivas pátrias de nascimento no contexto da política internacional do Continente, produziram reflexões presentes em conceitos de enorme influência no limiar do século XXI, como globalização, regionalização, integração, liberdade, democracia, justiça, dentre outros. Palavras-chaves: Martí, Sarmiento, Relaciones Internacionales Resumen El cubano José Martí (1853-1895) y el argentino Domingo Sarmiento (18111888), además de escritores, trabajaron en el ámbito de la política interamericana y buscaron explicitar, cada uno a su modo, distintas conexiones, finalidades, * Artigo recebido em agosto e aprovado para publicação em outubro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 119-142, 2005 119 Dinair Andrade causalidades y otros temas de política internacional, enfatizando, principalmente, aspectos de las relaciones entre Estados Unidos y Latinoamérica. Estos intelectuales, al intentar aclarar la posición ocupada por sus respectivos países de origen en el contexto de la política internacional del Continente, produjeron reflexiones presentes en conceptos de gran influencia en los umbrales del siglo XXI, como la globalización, regionalización, integración, liberdad, democracia, justicia, entre otros. Palabras claves: Martí, Sarmiento, Relaciones Internacionales Abstract José Martí, Cuban (1853-1895), and Domingo Sarmiento, Argentine (1811-1888), were authors who both wrote and acted in the field of interAmerican politics.They tried to make clear, each one in his own manner, the distinct connections, aims and causes of international politics, among other subjects, with especial focus on the relations between the United States and Latin America. In their efforts to understand the true status of their motherlands in the continental politics, these two thinkers offered reflections which underlie concepts such as globalization, regionalization, integration, freedom, democracy, justice, among others of great import at the turn of the XXI century. Keywords: Martí, Sarmiento, International Relations *** José Julián Martí y Pérez (Cuba, 1853-1895) e Domingo Faustino Sarmiento (Argentina, 1811; Paraguai, 1888) dedicaram parte de sua atuação e de sua produção intelectual à política internacional na América, dando inteligibilidade às distintas conexões entre os diversos Estados americanos e, mais enfaticamente, entre os Estados Unidos e a Hispano-América. Neste particular, as relações internacionais do século XX revelaram, claramente, conteúdos temáticos do pensar martiano e sarmientino, motivando-nos a apresentar esta comunicação no II Simpósio Internacional do Caribe no Brasil, na cidade de Goiás (GO), de 10 a 12 de julho de 2002. Martí e Sarmiento perceberam, com nitidez, duas entidades distintas, compartilhando a geografia do Novo Mundo: os Estados 120 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional... Unidos e a Hispano-América, ou seja, uma América Anglo-Saxônica e uma América Espanhola. Essas duas entidades se diferenciavam pela diversidade das culturas pré-colombianas, pela distinta formação histórica das respectivas metrópoles colonizadoras, pelos diversos processos de colonização, dentre outros elementos de diferenciação. Martí descobriu, principalmente durante sua estada nos Estados Unidos, que a Hispano-América deveria construir as suas próprias alternativas políticas, econômicas e sociais; Sarmiento encontrou, nos Estados Unidos e na Europa, modelos políticos, econômicos e sociais para as antigas colônias espanholas do Novo Mundo. Martí contestou, duramente, a posição de Sarmiento francamente favorável à norte-americanização da América Espanhola. Sarmiento idealizava a sociedade industrializada, que representava para ele a “nação culta”. Nessa perspectiva, entende-se que o Ocidentalismo, contrário ao enaltecimento da terra como ela era, consistia, precisamente, em atrair a modernização para a Hispano-América. O publicista cubano fazia julgamento severo, não compartilhado pelo intelectual argentino, dos Estados considerados avançados e rejeitava a idéia de que a civilização possuía o direito natural de dominar regiões e povos por ela intitulados bárbaros. Martí não aceita a posição de Sarmiento de tomar como civilização aquilo que é imposto a ferro e fogo, incluindo importação de instituições e hábitos próprios de outras realidades. Desde a juventude, quando foi condenado a trabalhos forçados em Cuba, por haver participado da Conspiração de 1868 em defesa da independência da sua Pátria (MARTÍ, 1, 1963, p. 45-76), Martí manifestou-se a favor de pontos fundamentais, cuja vigência não se pode contestar. A pesquisadora Jean Franco reafirma: “Siempre iba a permanecer fiel a esta idea de que la vida humana es sagrada, de que el hombre tiene derecho a la libertad y de que por la libertad vale la pena sacrificar la propia vida” (FRANCO, 1993, p. 118). Sarmiento, à sua maneira, defendeu o direito à liberdade e à dignidade do homem. Aludiu à criação futura de um tribunal para julgar os povos, numa clara antevisão da criação de organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas, ou talvez um dos seus jul./dez. 2005 121 Dinair Andrade seis órgãos principais, o Tribunal Internacional de Justiça, sediado em Haia, ou ainda, a Organização dos Estados Americanos. “No está léjos el dia en que haya un alto tribunal formado por el congreso de las naciones civilizadas del mundo, adonde puedan hacer valer i respetar sus derechos los pueblos débiles. Pero miéntras no llega este caso, nuestro primer cuidado debe ser alejar, por el perfecto conocimiento del derecho internacional positivo, cuanta ocasion haya de colisiones con las potencias grandes” (SARMIENTO, II, 1909, p. 226)1. As rupturas surgidas no século XX, provocando desordens e novas ordens no cenário internacional, fizeram evidentes algumas permanências que perpassam o sistema em geral e o interamericano em particular. Estas permanências, na verdade, representam o substrato cultural que subsidia, num movimento subterrâneo de longa duração, as relações internacionais e caucionam o sistema que condiciona as diversas formações sociais no Ocidente. Esta acepção decorre da análise em que se tem presente um conjunto de estruturas que interagem segundo uma lógica organicamente dialética; as composições e recomposições do conjunto substanciam as permanências para vivificar a sua dinâmica e, sobretudo, fazer perdurar a correlação das forças sociais numa conjuntura histórica. Neste momento, assinalamos e discutimos as permanências, tanto martianas quanto sarmientinas, que, pela oportunidade e justeza das observações e análises, foram inclusas no espólio da cultura ocidental e hoje sobrevivem nas entranhas da globalização, regionalização, integração, liberdade, justiça, democracia, etc. O ideário de Martí está sendo incluído numa corrente de pensamento que denominamos genericamente de Autonomista e o de Sarmiento na de Ocidentalista. A corrente Autonomista, geralmente, manifesta-se nos programas políticos de matiz socialista ou socializante, e, ainda que paradoxal, em programas políticos de tendência fascista, nas suas mais distintas modalidades. (Aqui interessa-nos tão-somente a teorização de Martí que se inscreve numa reflexão Autonomista genérica e não questões históricas particulares como aquela espécie 122 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional... de autonomismo paraguaio, diríamos, à época de Solano López). A corrente Ocidentalista tem-se apresentado em alguns programas políticos de caráter conservador. Cumpre, entretanto, assinalar que, na prática política, encontram-se, em realidades históricas singulares, num mesmo grupo de poder, tendências Autonomistas e Ocidentalistas, que se manifestam conforme as circunstâncias e as contingências. Um líder latino-americano dos nossos dias, de tendência Ocidentalista, comprometido com a globalização da economia, poderá, por exemplo, reivindicar o fim do preconceito racial no seu país e até argumentar que o preconceito ali manifestado difere daquele compartilhado por outros povos, como os norteamericanos, por exemplo. Movimentos étnico-sociais de minorias, lutas políticas à base de guerrilhas e movimentos artísticos e literários claramente inseridos no Autonomismo não obstruíram, no entanto, o Ocidentalismo que se fez presente no ordenamento e impulso do tecnicismo, da proficiência na produção e no alcance premeditado de resultados. A constante preocupação tanto do Autonomismo quanto do Ocidentalismo, segundo os seus conceitos e instruções particulares, é a valorização e o desenvolvimento da realidade social. Estas correntes podem caminhar, às vezes, em direção adversa aos segmentos sociais que, no exercício do poder, conduzem e manipulam a sociedade. Os conceitos do Autonomismo e do Ocidentalismo latino-americanos não se cristalizaram e se sepultaram no mostruário dos oitocentos, pois a sua sobrevivência deve-se à não completa superação das contradições sociais, políticas, econômicas etc. que lhes deram pertinência e razão de ser. Ou seja, o processo histórico que os engendrou não concluiu o ciclo de suas realizações. O movimento modernista na América Latina, nas primeiras décadas do século XX, a despeito de haver sido proposto na Europa, foi uma explícita manifestação de Autonomismo, afiançando a imersão em uma outra autonomia, o Nacionalismo (AMORES, 1995, p. 55-77), corrente que, nas realidades das composições econômicas, foi adquirindo outros conteúdos com específicas orientações políticas, chegando a resguardar os mercados nacionais das investidas dos jul./dez. 2005 123 Dinair Andrade produtores estrangeiros. Face às obstruções que ocorreram no ordenamento sócio-político, o século XX latino-americano assistiu, em diversas regiões e momentos, às ações de caráter autonomista, perpetradas por grupos guerrilheiros como o Sendero Luminoso (Movimento revolucionário peruano), Tupamaros (Movimento Nacional de Libertação do Uruguai). Ainda na América Latina, manifestações de autonomia podem ser encontradas nos movimentos étnico-sociais de minorias, evidenciando um aumento considerável dos grupos organizados em defesa do desenvolvimento da consciência negra, indígena, “gay”, dentre outros. Quando se editam medidas governamentais de caráter impopular ou como tal interpretadas—privatizações e reformas estruturais, por exemplo2—, o sentimento nacionalista, contido e encoberto por algumas lideranças nacionais latino-americanas, vem sempre à tona, através de movimentos populares, ora mais ora menos expressivos. Na verdade, estes movimentos quase sempre retratam uma busca de identidade que oscila entre elementos originários desestruturados e elementos alienígenas inadaptados. Observa-se, igualmente, em quase todas as sociedades latino-americanas, experiências autonomistas nas artes, no cinema e no “folklore”, que, contendo em si elementos de identidades nacionais, revelam, às vezes, uma clara opção pela reivindicação da cultura hispânica3. Entrementes, o Ocidentalismo tem-se apresentado com insistência igual à do Autonomismo. O início do século XX fez-se acompanhar, na América Latina, das inovações científicas e tecnológicas vividas na Europa. Aquelas inovações abarcaram distintos aspectos da vida do homem. No entanto, enquanto na Europa era crescente o número de pessoas que se beneficiavam com as mudanças, na América Latina, pelo contrário, um reduzido contingente humano desfrutava daquelas contribuições da cultura ocidental. É notória, por exemplo, a restrição do uso dos meios de transportes ferroviários, telégrafos, iluminação a gás etc. no circuito latino-americano. Deve-se ressalvar que as aspirações das conquistas tecnológicas latino-americanas reservaram-se às 124 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional... indústrias norte-americanas e européias não-ibéricas, com um conseqüente desdém pela herança hispânica, sem se dar conta de que, ao lado desta, estava aquela “que os homens que fizeram a Independência quiseram” (POMER, 1983, p. 14). O processo de apropriação e exploração foi análogo em todas as partes da América Latina. Na prática, as novas fontes de matérias-primas e os amplos mercados consumidores justificaram a atuação de países europeus e dos Estados Unidos no continente, pois, à época, esta era a lógica dos investimentos dos países centrais, ou seja, assegurar a remuneração ampliada do capital por meio da privatização dos mercados periféricos. Os Estados Nacionais da Hispano-América, neste contexto, passaram a produzir os artigos de interesse dos Estados centrais e de suas indústrias em expansão: guano (Peru), trigo (Argentina e Chile), produtos pecuários (Uruguai, Argentina), salitre e cobre (Chile), estanho (Bolívia), petróleo (Venezuela, Peru, México), milho e batata (Equador) (LÓPEZ, 1986, p. 83-88). Nesse processo, na primeira metade do século XIX, os Estados Unidos conseguiram incorporar ao seu território quase dois terços do espaço geográfico do México e os franceses, na segunda metade, se fixaram no território mexicano com a efêmera monarquia de Maximiliano de Habsburgo4. Os Estados centrais valeram-se, não raras vezes, de diversos expedientes, inclusive bélicos, para derrubar, em muitas regiões, as resistências de certos setores de alguns Estados hispano-americanos às manifestações de dominação disfarçadas de Ocidentalismo. Chama-se a atenção para o fenômeno do intervencionismo norteamericano na América Latina especialmente após 1880—revestido por um caráter de missão civilizadora, de dever de levar o progresso e a ordem aos povos “inferiores”—e a dramaticidade dos movimentos de resistência em Estados como Cuba, Colômbia, Panamá, Nicarágua, Haiti, México, etc. (LÓPEZ, 1986, p. 103-116). A escalada ocidentalista que, no final do século XX, comemorou o quinto centenário, iniciou-se com os grandes descobrimentos marítimos e geográficos. Adam Smith comentou, a propósito, que “A descoberta da América e a de uma passagem para as Índias jul./dez. 2005 125 Dinair Andrade Orientais pelo cabo da Boa Esperança são os dois maiores e mais importantes eventos registrados na história da humanidade” (SMITH, II, 1985, p. 100). Este processo da conquista européia do mundo, que ainda se encontra em plena vigência, está agora sob o controle das antigas colônias inglesas da América do Norte. No quadro geral da conquista européia do globo, encontra-se, também, a monarquia japonesa, que foi incorporada ao núcleo das sociedades industrializadas. A inserção do Novo Mundo no universo sócioeconômico ocidental modificou profundamente as relações econômicas entre os diversos Estados da Europa. Na teoria, tanto o Novo quanto o Velho Mundo deveriam beneficiar-se com o intenso intercâmbio que entre eles ocorreu. Na prática, o resultado foi bem distinto. “Na época específica em que se realizaram tais descobertas, aconteceu que a superioridade de forças estava a tal ponto ao lado dos europeus, que estes puderam cometer impunemente toda a sorte de injustiças naquelas regiões longínquas” (SMITH, II, 1985, p. 101). O exemplo do Haiti é significativo. Situado no Caribe, foi uma das mais opulentas possessões européias. Em 1789, quando a França estava no alvor da hegemonia burguesa, o Haiti detinha três quartos da produção mundial de açúcar e era o maior produtor mundial de café e algodão. Com os seus 450.000 escravos proporcionou à França um quantum insofismável de riqueza na consolidação do domínio burguês. Hoje, em contrapartida, o Haiti encontra-se em estado de miséria e pobreza profundas, sendo o desespero a face singular da região (AZEVEDO; HERBOLD, 1986, p. 71-78)5. Nesta escalada, uma conquista permanente e renovada do Novo Mundo pela Europa, o Ocidentalismo contemporaneamente inscreve-se com os seus produtos e serviços nos mais sofisticados mecanismos da engenharia econômica (tecnologia das comunicações, avanços da informática etc.) e, para assegurar a tragédia que em substância traz consigo, abastece arsenais bélicos e se utiliza dos governantes latino-americanos, quase sempre alheios aos interesses, às necessidades e à dignidade das sociedades que representam. O enfrentamento Norte-Sul tornou-se mais acirrado 126 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional... na medida em que o século XX foi-se findando. A submissão do Sul intensificou-se nos últimos anos, sobretudo, na América Latina e na África, que constituem as duas regiões mais diretamente vitimadas pelo processo de expansão européia. As estatísticas mostram que, dos anos sessenta para cá, duplicou-se a distância entre ricos e pobres, em decorrência da prática de uma política neoliberal imposta às colônias tradicionais pelos países industrializados, que, a despeito da intensa apologia ao mercado livre são mais protecionistas hoje que há uma década. Embora fazendo crítica ao anacrônico Mercantilismo, os neoliberais valem-se do “ghost” do Estado intervencionista, a mão invisível que orienta as relações econômicas. Naturalmente, as medidas protecionistas praticadas pelos países industrializados condicionam a veiculação das mercadorias dos países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento e, sobretudo, criam e ampliam “lócus” econômicos que, sem procederem de fato concorrências pontuais, remuneram os investimentos com taxas inalcançáveis nos seus países de origem. Esta realidade não deixa de ter ingredientes da reforma econômica proposta por Sarmiento, quando presidente da Argentina, para quem a economia deveria estar fora do controle governamental. E, neste caso, o sistema econômico, ajustado às leis naturais, teria completa liberdade para se desenvolver (SARMIENTO, VI, 1909, p. 364-368; X, 1896, p. 303-323; XIII, 1896, p. 81-107; XVII, 1898, p. 200-209). Tem-se estudado e documentado, exaustivamente, a desarticulação econômica dos países pobres em decorrência, principalmente, da atuação econômica agressiva dos países ricos. A despeito do sofrimento dos países do Terceiro Mundo em virtude da crescente miséria, há, todavia, nesses países, setores que se beneficiam com este “status quo”. Estes setores reduzidos e privilegiados endossam as políticas neoliberais que os enriquecem embora devastem os seus países. Mesmo nos próprios Estados industrializados, a sociedade tem se mostrado insatisfeita. Na França, a vitória das esquerdas nas eleições parlamentares de 1997 documenta a desaprovação pela sociedade da política econômica jul./dez. 2005 127 Dinair Andrade adotada até então6. A Europa, na sua contínua edificação, desenvolve um processo de extensibilidade econômica que é um fenômeno inseparável da luta que se verifica entre os Estados que a constituem e entre os segmentos particulares no interior de cada Estado. Os múltiplos segmentos sociais que compõem os Estados europeus, em diversos momentos, foram, e continuam sendo, derrotados e saqueados pelos seus respectivos Estados. Nesta luta, os resultados são desiguais em virtude das possibilidades e limitações de cada sociedade. Algumas, em decorrência de uma luta constante, podem, inclusive, conservar e ampliar direitos básicos. A globalização aporta novos mecanismos para expropriar os grandes setores do próprio país ao redirecionar a inversão e a produção para regiões onde a repressão é maior e os salários menores. A idéia de progresso que, tanto na perspectiva martiana quanto na sarmientina, representa um aspecto destacado da contemporaneidade dos seus autores, compõe a base dos seus respectivos projetos de reconstrução da Hispano-América. “En cuanto tal configura una identidad futura, un ‘llegar a ser’”(ÍÑIGO MADRIGAL, II, 1992, p. 65). Todavia, a globalização atual da economia se apresenta como um processo de difusão de um modelo que certamente nem Martí nem Sarmiento desejariam para os hispanoamericanos: de um lado, a concentração de enormes privilégios para pouquíssimos; de outro, a extensão da miséria para os demais (BROWN, 1993). Os grandes conglomerados internacionais estão deslocando para regiões atrasadas as suas indústrias, visando redução de custos por meio de isenções fiscais, incentivos dos governos locais, baixos salários etc. Neste quadro, vislumbra-se, num futuro muito breve, a ampliação de parques industriais no México, na Argentina e em outros países da Hispano-América. Nos países ricos e pobres, a década dos sessenta caracterizouse por um crescimento numérico da participação popular e das reivindicações dos mais distintos setores da sociedade. Ainda que não possamos creditar a organização da sociedade e a exposição de suas idéias e interesses como expressão acabada de uma 128 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional... ordenação política democrática, foi um fenômeno que representou conquistas alcançadas e registradas nas agendas governamentais. No entanto, nos anos setenta, os segmentos sociais dominantes entenderam que ocorrera uma crise na democracia e elevaram as suas vozes conclamando que a ordem dependia do retorno dos estratos recém-mobilizados à sua condição anterior. Ou seja, as conquistas porventura alcançadas7 precisavam ser acondicionadas nos limites do “establishment” para que recuperassem a credibilidade dos agentes investidores internacionais. Esta redisposição da engenharia política facilitou a criação e a ampliação da produção em áreas mais convenientes e mais adequadas aos interesses dos grandes conglomerados. O capital, nos últimos anos, tem tido maior mobilidade e menos restrições legais, ficando mais distante dos controles de parlamentos, bancos centrais e de outras instituições que, de alguma maneira, refletem interesses da opinião pública8. No que concerne ao controle da opinião pública, deve-se recordar que à grande maioria das pessoas oculta-se a informação por meio da manipulação dos dados e fontes e a ignorância que permeia a sociedade secunda os ocultamentos. O desconhecimento aumenta no que diz respeito aos temas decisivos para a vida em sociedade. Não se está, pois, muito distante do sentido orwellano de democracia: para que os governantes tenham menos problemas, o público deverá estar sempre disperso, desatento e imiscuído na ignorância. Esta afirmação tem antecedentes e há muito que se tenta inviabilizá-la ou corroborá-la enquanto instrução governativa (ORWELL, 1976). A transparência das administrações governamentais constitui um capítulo da História Política. E, neste sentido, os intelectuais, desde as revoluções democráticas do século XVII na Inglaterra, têm emitido os seus pontos de vista sobre o que se chamou de multidão rebelada. Estes pontos de vista oscilam desde o extremo libertário até o extremo autoritário. No primeiro caso, encontra-se John Locke, sustentando que o cidadão deveria ser informado dos assuntos públicos. Todavia, não poderia discuti-los, muito menos participar da administração do Estado. De forma mais amena, a jul./dez. 2005 129 Dinair Andrade questão é colocada, na atualidade, pelo intelectual progressista norteamericano Walter Lippmann. Para ele, uma reduzida elite de homens responsáveis deve deter o poder decisório. Apenas nestas condições, assegura Lippmann, uma democracia poderia funcionar bem. O público em geral não pode ultrapassar a sua condição de mero espectador do processo político9. Ou deve apenas comparecer, em algumas sociedades com caráter obrigatório, aos pleitos eleitorais para legitimar, com o voto, o processo de escolha política. Martí também acreditava que a sociedade deveria ser esclarecida a respeito dos problemas que lhe diziam respeito. A propósito da Conferência Monetária das Repúblicas da América, reunida nos Estados Unidos em 189110, mencionou que a sociedade norteamericana deveria estar ciente do que estava por detrás daquele debate monetário. E sentenciou: “En la política, lo real es lo que no se ve” (MARTÍ, 6, 1963, p. 158). No segundo caso, não se reserva ao público sequer o direito de ser informado. Estamos diante do que se convencionou denominar de extremo autoritário. Aqui, não se admite nem que o cidadão seja informado do que fazem os seus dirigentes políticos. Mantém-se o bloqueio da difusão das informações sobre o governo, inclusive de conteúdos referentes às décadas anteriores. Nas presentes estruturas de poder, entrevemos os dirigentes aproximarem-se do extremo autoritário, se tivermos por paradigma a participação dos cidadãos na vida política do seu Estado. A despeito da veiculação de um discurso em nome da transparência, os governos, continuamente, insistem no impedimento da participação e conhecimento do público dos seus atos e decisões. Têm sido muito pouco esclarecidas as ações de personalidades políticas ou setores do poder de diversos Estados, envolvidos em escândalos fartamente divulgados por grandes periódicos latino-americanos. Para dar eficácia a esta tendência, a função policial dos governos do Terceiro Mundo amplia-se consideravelmente, controlando os trabalhadores e outros segmentos da sociedade para permanecerem invulneráveis às demandas sociais, enquanto as empresas estrangeiras obtêm a 130 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional... satisfação dos seus interesses. “Para que el club de los hombres ricos pueda gobernar el mundo con eficacia en función de los intereses de sus miembros, hay que mantener a la chusma en el lugar que le corresponde: en el Sur, hombrienta y reprimida; en el propio país, aislada y distraída” (CHOMSKY, 1994, p. 25-26). Sarmiento, embora em temporalidade histórica distinta, igualmente idealizava e defendia o princípio iluminista segundo o qual o governo deveria garantir a todos os homens uma livre e igual oportunidade econômica. No entanto, reiterava a necessidade concreta da manutenção da ordem, sem a qual, a liberdade seria impossível e as leis naturais da economia, ineficazes11. A globalização, tornando “anacrônico o Estado-nação e quimérica a soberania” (CERVO; DÖPCKE, 1994, p. 437), gerou uma situação em que as sociedades interagem como se constituíssem um mesmo organismo, fenômeno antevisto por Sarmiento: “Con la civilizacion se va haciendo el mundo tan uniforme, que ya nada sorprende al viajero en las costumbres de los pueblos”. (SARMIENTO, I, 1909, p. 12). Nos últimos quarenta anos, muitas mudanças ocorreram em todo o Norte, especialmente nos Estados Unidos. Na verdade, se o Quinto Centenário dos Grandes Descobrimentos Geográficos tivesse ocorrido em 1962, a sua comemoração teria tido, certamente, em virtude da conjuntura daquele período, uma conotação de libertação do Novo Mundo. Entretanto, em 1992, em decorrência daquelas transformações, muito mais culturais e morais que institucionais, isto foi completamente impossível. A propósito destas reflexões, Chomsky chama a atenção para o conteúdo de um documento da administração republicana do Presidente George Bush (1989-1992), vazado quando do início do ataque, por terra, ao Iraque (1991). O texto insistia que, em se tratando de conflito com inimigos mais fracos, ou seja, do Terceiro Mundo, os Estados Unidos deveriam atuar de forma rápida e terminante (CHOMSKY, 1994, p. 38). Pode-se fazer, neste caso, uma alusão a Sarmiento, que via em Solano López a barbárie e na Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai um movimento que se prolongava indevidamente. O embate deveria ter fim imediato, jul./dez. 2005 131 Dinair Andrade pensava. Em virtude disto, o presidente argentino, num gesto de menosprezo à oficialidade das forças armadas do seu país e dos demais que integravam o pacto militar platino, tentou contratar, nos Estados Unidos, um general que fosse capaz de colocar um fim no conflito12. A denominada crise da democracia, de fato, preocupou muito as elites ocidentais nos anos sessenta. A crise foi muito explícita. “El fermento de esa década llegó a círculos mucho más amplios en los años siguintes, aportando una nueva sensibilidad frente a la opresión racista y sexista, una preocupación por el medio ambiente, respeto por otras culturas y por los derechos humanos” (CHOMSKY, 1994, p. 39). Em virtude destas preocupações, verificam-se as ações dos diversos movimentos internacionais de solidariedade com o Terceiro Mundo, que atuaram nos anos oitenta, com manifestações sem precedentes, pela vida e destino de grandes contingentes humanos. Estes movimentos assustam e desagradam aos grandes empresários, sendo considerados perigosos e contrários à ordem estabelecida. Tais movimentos de solidariedade muitas vezes representam uma esperança singular para um expressivo contingente da população mundial.13 A propósito da solidariedade, referindo-se a Martí, Vilma Espín escreveu: “En la medida que avanzamos hacia el porvenir se agranda la fuerza inspiradora de su espíritu revolucionario, de sus sentimientos de solidaridad hacia los demás pueblos...”14. No que se refere ao indivíduo, o intelectual cubano afirmou, num discurso que se tornou conhecido pela expressão “Con todos y para el bien de todos”, pronunciado no Liceo Cubano de Tampa (Florida, USA), em 26 de novembro de 1891: “Yo quiero que la ley primera de la república sea el culto de los cubanos a la dignidad plena del hombre” (MARTÍ, 4, 1963, p. 270). As sociedades avançadas e industrializadas do Ocidente advogam e difundem uma interpretação da História Contemporânea centrada em dois pontos fundamentais. O primeiro explicita a convergência da História Contemporânea a um ideal de democracia liberal e de mercados livres, que materializam definitivamente a 132 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional... liberdade humana. O segundo indica que as sociedades acabaram de emergir de uma luta cósmica onde os ideais da democracia liberal e dos mercados livres foram vitoriosos. Estas interpretações, todavia, não são referendadas pela realidade. Aliás, poder-se-ia dizer que estas interpretações se propõem a contrariar ou a redirecionar o que a formação social apresenta de fato concreto. O ponto de vista mais sustentável parte de outro nível de argumentação. Nas sociedades avançadas do Ocidente tem ocorrido um declínio da democracia e dos mercados livres na medida em que o poder se concentra, cada vez mais, nas mãos dos setores privilegiados. No curso da História humana, a prática da liberdade e da democracia tem sido sempre considerada como uma ameaça e uma oposição à ordem estabelecida. A seu turno, os mercados têm representado o instrumento controlador das sociedades e dos Estados. Na prática, são os mercados que preservam as suas riquezas e os seus privilégios15. No âmbito da História Política, o termo democracia é utilizado sob diversos pontos de vista e significados. Aqui, o termo é empregado em duas concepções bem distintas. Numa delas, democracia é a possibilidade de generalização da participação significativa da população na administração da coisa pública. As elites empresariais consideram a democracia, nesta acepção, como uma forte ameaça à preservação da ordem. Assinale-se que a democracia, neste sentido, passa por um processo de desgaste na atualidade. Na outra concepção, em direção oposta, o vocábulo democracia tem a conotação de controle ideológico ou controle doutrinário. A sociedade é considerada democrática quando nela imperam os processos empresariais. As questões são avaliadas e decididas por uma cúpula. A participação das massas é um elemento estranho e inoportuno. Estas oposições estavam presentes no âmbito das primeiras revoluções democráticas ocorridas na Inglaterra durante o século XVII. Um princípio básico tomou corpo no seio daquelas revoluções e pode ser decodificado através da idéia da manutenção da massa submetida e reprimida. jul./dez. 2005 133 Dinair Andrade Na teoria e na prática políticas da atualidade, este princípio está presente. Ele sobreviveu ao tempo e às diversas experiências políticas. À idéia de massa está associado o sentido de ignorância e estupidez. Está associado, ainda, o sentido da barbárie sarmientina (SARMIENTO, VII, 1896). O poder e a influência nas mãos da massa é o indicativo de desastre para quem controla o poder e o privilégio. Esta concepção foi levada aos Estados Unidos pelos “Pilgrim Fathers”. Estes, imbuídos desta concepção de democracia, defendiam o ponto de vista de que o país deveria ser governado e administrado pelos seus proprietários e em benefício deles, posto serem homens dotados de virtude e bom senso (MORISON; COMMAGER, I, 1950; ASSIMOV, 1994). Numa fase inicial, na colônia, os “Pilgrim Fathers” representaram uma aristocracia da propriedade comercial e rural. Posteriormente, nos séculos XIX e, principalmente, no século XX, aquela antiga aristocracia transformou-se na elite empresarial de uma nova e pujante sociedade industrial. Na verdade, permanece, com algum refinamento e com pouca variação, aquela concepção de democracia fundada na atuação do pequeno número de homens virtuosos. Para aprofundar esta análise política, retomase Walter Lippmann, com suas duas classes de cidadãos numa democracia de sociedade industrial. De um lado, os “homens responsáveis”, que constituíam um grupo pequeno, cujo dever era administrar e dirigir a sociedade. Do outro, o “rebanho desorientado”, que representava o público em geral, sempre violento e perigoso. Deste, os “homens responsáveis” deveriam se proteger. Segundo Lippmann, as duas classes de cidadãos existentes numa democracia possuía, cada qual, função específica. Os “homens responsáveis” dirigiriam as instituições numa democracia e não num Estado totalitário. Já o “rebanho desorientado” representava os espectadores sem participação nas ações. No máximo, apoiava, através de eleições periódicas, os membros do grupo dirigente. Nada mais. Numa sociedade livre, torna-se muito difícil para o Estado utilizar a força para obter o controle social, pois a conquista da liberdade esteve, no decorrer do tempo, vinculada a uma constante 134 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional... e árdua luta popular. O controle social, na maioria dos casos, se concretiza através da manipulação da opinião pública. Os Estados Unidos, por exemplo, utilizam muito do poder de persuasão da propaganda. A elite empresarial, que é um grupo muito bem estruturado, conhece a eficácia e a oportunidade desse expediente16. A Guerra Fria que se seguiu à Segunda Guerra Mundial atomizou o Ocidente. Os desvalidos daqueles recontros frustraram-se com as guerras setoriais na Ásia e, particularmente, com o denodo das infiltrações ideológicas compulsivas nas mais difusas organizações sociais. Ao término da década dos sessenta, os levantes universitários denunciaram a barbárie das repressões que se faziam nas Academias, como se se quisesse provar que a produção intelectual era nociva. As reivindicações eram muito diversificadas. Todavia, interessa-nos, no momento, as ligadas às atividades políticas. Grupos, os mais distintos, até então passivos começaram a se organizar e a efetuar as suas reivindicações no âmbito da política e da administração pública. Nos Estados Unidos formou-se, no quadro da trilateral—inclusos a Europa e o Japão—um setor liberal humanitário que preparou um interessante estudo sob a forma de livro com o título The Crisis of Democracy. Naquele trabalho, contestou-se o levantamento da chusma nos anos sessenta. O que foi a crise para o setor liberal humanitário norte-americano do início dos anos setenta? Uma grave ameaça à democracia (CROZIER, 1975). A crise foi, na verdade, o fato de que uma multidão normalmente marginalizada (jovens, mulheres, minorias etc.) se organizou e passou a exigir os seus direitos. Os controles internos e externos da sociedade atuam sempre com muita coerência estabelecendo que “los ricos del mundo gobiernan el mundo; el área de servicio, el llamado Sur, obedece, y la mayoría de la población nacional obedece también: es decir, los trabajadores, tanto a escala internacional como nacional, según la visión de los oficialmente comprometidos con la democracia” (CHOMSKY, 1994, p. 55).17 Nos Estados militares e autoritários, que não se preocupam com a chusma, a manutenção da ordem é garantida mediante o uso da força quando os limites estabelecidos jul./dez. 2005 135 Dinair Andrade começam a ser ultrapassados. Em El Salvador, por exemplo, quando algum sacerdote ou camponês contraria as normas estabelecidas, a atuação de esquadrões da morte pode se manifestar (PÉREZ BRIGNOLI, 1990, p. 133-180). Na Argentina, o presidente Sarmiento, em 1874, quando da inauguração da Ferrovia do Leste, em Concórdia, na província de Entre Ríos, revelou, num discurso, a sua confissão de fé autoritária, mencionando que o seu governo estava sendo de força, de repressão, e, segundo a teoria americana, um excelente governo, posto que mantinha a paz e a tranqüilidade a fim de que as forças impulsivas da ação individual de elite atuassem livremente e sem nenhum tropeço (GÁLVEZ, 1962, p.1003). Nos Estados onde há maiores garantias individuais, a manutenção da ordem é feita por procedimentos mais sutis. Dentre estes procedimentos, pode-se arrolar o controle do pensamento, que gera modificação de opinião. Nos últimos vinte anos, verifica-se uma escalada monumental da livre circulação do capital, com fluxos mundiais não controlados pelos Estados de origem. Este mundanismo de capitais ocorre com muita rapidez e é facilitado em toda a parte do globo onde penetra. O fenômeno, por um lado, alimenta a globalização da economia; pelo outro, é uma decorrência de tal globalização. Este processo pode desindustrializar as sociedades industriais da atualidade, porque os investimentos se deslocam para os locais de maior interesse do investidor, ou seja, Estados com alto poder de repressão e salários baixos, com encargos sociais menores. Tudo que uma corporação industrial quer. Assim, instaura-se uma espécie de governo supranacional. Uma entidade governamental paradoxalmente espontânea, mas intencionada e estruturada, que atua de fato e que a tudo dirige. E a imprensa financeira internacional considera esta entidade supranacional como uma “Nova Era Imperial”.18 As discussões em torno do capitalismo liberal são sempre recorrentes.19 No âmbito mais específico do mercado livre, a História Econômica tem explicitado as duras lições vivenciadas pelos países pobres. Aquela disciplina menciona sempre a violação radical, às 136 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional... vezes até com o emprego da força, dos princípios do capitalismo liberal pelos Estados ricos e poderosos. O sistema mais geral tem funcionado num conjunto de contradições. Enquanto os Estados do Terceiro Mundo praticam, geralmente, as regras e os princípios do capitalismo liberal, os Estados industrialmente avançados utilizam, drasticamente, as barreiras alfandegárias protecionistas. No Ocidente, a crise soviética foi chamada de desastre. Porém, só o foi em relação com o que se compara. Faz-se, com muita habitualidade, um confronto ingênuo entre a Europa Ocidental, livre e adiantada, com a Oriental, sem liberdade e atrasada. Nada mais ambíguo. A Europa Oriental e a Europa Ocidental sempre possuíram as suas especificidades e diferenças. Naturalmente, tornaram-se ainda mais distintas durante a primeira metade do século XX. A propósito, recorda-se que o método comparativo, a despeito da sua importância para a compreensão e explicação dos fenômenos sociais, apresenta riscos que o investigador deve evitar quando da sua utilização.20 Há a possibilidade de se efetuarem comparações, por exemplo, com países similares na primeira metade do século XX. Apesar de diferentes, as comparações poderão ser, quiçá, menos equivocadas: Brasil e Rússia, Guatemala e Bulgária, dentre outras. Confrontos tão distintos oferecerão um quadro bastante divergente daquele obtido com o cotejo entre a Europa Ocidental e a Europa Oriental. Este panorama das tendências atuais focaliza, conforme comentado, a estruturação de um governo mundial dirigido pelos ricos e destinado à concretização dos seus interesses. As funções dos Estados Nacionais circunscrevem a mobilização de recursos em torno dos bancos e das indústrias e o controle da população (BAUER, 1979, p. 38-47). Ocorre, outrossim, o crescimento das empresas transnacionais, que controlarão a economia internacional. A “Nova Era Imperial” assiste à formação de suas próprias instituições de governo que, na verdade, traduzem estas novas realidades econômicas. Estas tendências poderão representar a desestabilização da democracia na sua substância, a destruição da jul./dez. 2005 137 Dinair Andrade possibilidade de participação da chusma no processo decisório, o impedimento de a população inteirar-se do que ocorre e, finalmente, o isolamento ou a atomização da sociedade.21 O intelectual cubano, espírito internacionalista, sonhou com uma outra globalização, traduzida na união fraterna dos povos: “A diferencia de Sarmiento y de muchos de sus contemporáneos, Martí no sentía pesimismo por el futuro de las sociedades multirraciales y apreciaba la cultura no europea como demuestra, verbigracia, su descripción de Tenochtitlán en la cual pone de relieve la belleza plástica de esta ciudad y de la civilización precolombina”22 (FRANCO, 1993, p. 122-123). Martí e Sarmiento, a despeito dos aspectos particulares que os distinguiram, estiveram em sintonia com as tendências nacionalistas e regionalistas da época, que, apesar dos inegáveis traços românticos, procuraram obter um retrato fiel da Hispano-América, diverso daquele traçado pelos que os precederam. Devemos ressaltar que a escolha da via ocidentalista ou autonomista pelos autores que examinamos não decorreu naturalmente de uma revelação. Não foi, tão pouco, uma opção que se apresentou a cada um deles em um momento de perplexidade ou êxtase. Na verdade, cremos, após o exame da obra completa destes autores, que a escolha das respectivas vias decorreu de contínuas vigílias de reflexão. A argumentação que desenvolveram em seus escritos endossa a nossa convicção. Na verdade, Martí e Sarmiento impuseram-se a tarefa de porta-vozes de uma reivindicação histórica —a emancipação, inserção e a participação da Hispano-América nos benefícios oferecidos pela comunidade internacional daquela época. Tanto um quanto outro trouxeram à luz a proposta segundo o ordenamento de suas consciências e de suas possibilidades. Enquanto Martí efetuou a defesa incondicional e intransigente de princípios como respeito recíproco às diferenças, busca da convivência mútua, preservação da identidade peculiar de cada povo, liberdade política e espiritual dos homens, unidade da “Nuestra América”, não intervenção nos assuntos internos dos Estados, solução pacífica dos conflitos entre nações, incremento das relações econômicas e culturais entre os povos “nuestro-americanos”, 138 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional... Sarmiento, a seu turno, em decorrência de seu projeto de construção de uma Hispano-América à imagem e semelhança do mundo dito civilizado, distanciou-se, inexoravelmente, destes princípios. Notas 1 Ao citar Domingo Sarmiento manteve-se a grafia dos textos produzidos durante a vigência da reforma ortográfica do espanhol que ele propôs. 2 A política econômica empreendida pela administração do presidente Carlos Saúl Menem, na Argentina e as orientações econômicas sinalizadas pela administração do presidente Carlos Salinas de Gortari, no México, são testemunhos do que afirmamos. 3 Estes elementos culturais foram objetos da análise de Martí no seu ensaio “Nuestra América”, publicado no t. 6, p. 15-23 de suas Obras completas. Na realidade este intelectual examinou duas culturas: “la del hombre natural y la del ‘libro importado’, insistiendo en que la minoría intelectual debía guiarse por la primera más que por la segunda”. FRANCO, J. Historia de la literatura hispanoamericana, p. 29. Recorda-se que a miscigenação étnica, o isolamento das zonas rurais, as diferentes formas da vida social, a concentração das minorias ilustradas em aglomerações urbanas dispersas etc, garantiram a sobrevivência de mundos separados por um grande abismo. 4 Sobre esta matéria é recomendada a leitura de MEINING, D. W. The Shaping of America. v. 2, Continental America, 1800-1867, New Haven, Yale University Press, 1993. 5 Uma avaliação mais aprofundada pode ser encontrada no trabalho de GRONDIN, intitulado Haiti: cultura, poder e desenvolvimento. 6 Ver a reportagem intitulada “França guina à esquerda”. Revista Veja, N. 23, São Paulo, 11 de junho de 1997, p. 30-33. 7 Os movimentos ocorridos em 1968 procederam, na Europa, alterações de ordem política, sobretudo, nas administrações das universidades e, na América Latina, ensejaram guerrilhas rurais ou urbanas em alguns países. 8 Sobre a mobilidade do capital financeiro ver DEZALAY, Y. “The Big Bang and the Law”. FEATHERSTONE, M. (Ed.). Global culture. 9 Destacam-se duas obras de LIPPMANN sobre o tema: Essays in the Public Philosophy e Public Opinion. jul./dez. 2005 139 Dinair Andrade 10 Considerada como um prolongamento da Conferência Internacional Americana (outubro de 1889 – abril de 1890), cujo resultado mais evidente, foi a criação da União Internacional das Repúblicas Americanas, a referida Conferência Monetária tinha como objetivo a criação de um sistema monetário interamericano, segundo as conveniências dos Estados Unidos, onde, revitalizando-se o bimetalismo, se utilizaria de uma ou várias moedas internacionais que tivessem curso legal em todos os Estados da América. 11 Ver BUNKLEY. A vida de Sarmiento. p. 386-396. FRANCO, J. Historia de la literatura hispanoamericana. p. 77, afirma que, segundo Sarmiento, são valores da civilização: “el imperio de la ley, la organización social y el comércio”. 12 De acordo com GÁLVEZ, M. Biografias completas. V. II: Vida de Sarmiento, p. 934, o jornal “New York Times [itálico no original] se entera y se indigna”. 13 APPADURAL, A. “Disjunction and Difference in the Global Cultural Economy”. Theory, Culture & Society. New York, N. 7, 1990, p. 2-3. 14 Ver Anuario del Centro de Estudios Martianos, N. 9, 1986, p. 317. 15 REICH. The Word of Nations. PRZEWORSKI. Estado e economia no capitalismo. Ver, especialmente, a parte III: “O governo do capital”. 16 Ver FEATHERSTONE, M. “Localismo, Globalismo e Identidade Cultural”. Sociedade e Estado. XI, N. 1, jan.-jun., 1996. 17 CHOMSKY. Op. cit., p. 55. Ver também PRZEWORSKI, M. Op. cit., especialmente a parte II: “O governo do Estado”. 18 Ver HOBSBAWM, E. J. A era dos extremos, especialmente, o capítulo “O Terceiro Mundo”, parte II. 19 Para uma avaliação do quadro econômico do capitalismo liberal dos tempos de Sarmiento, ver o artigo de Jonathan C. Brown, intitulado “Juan Bautista Alberdi y la doctrina del capitalismo liberal en la Argentina”, publicado em Ciclos, año III, v. III, N. 4, 1er semestre de 1993, p. 61-74. 20 Para maiores esclarecimentos examinar entre outros, CARDOSO; HÉCTOR PÉREZ. Os métodos da história. p. 409-419. KULA. Problemas y métodos de la historia económica. p. 571-614. 21 Utilizaram-se, nesta comunicação, informações de natureza factual e bibliográfica da Política y cultura a finales del siglo XX, de Noam CHOMSKY. 22 A menção a Tenochtitlán e a civilização pré-colombiana encontra-se em MARTÍ, op. cit., t. 18, p. 383. 140 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional... Documentação MARTÍ, J. Obras completas. 26 v., La Habana: Editorial Nacional de Cuba, 19631966. SARMIENTO, D. F. Obras de D. F. Sarmiento. 53 v., Paris: Buenos Aires: Belín Hermanos, Editores / Imprenta y Litografía “Mariano Moreno” / Establecimiento Poligráfico – Marquez, Zaragoza y Cía / Imprenta, Litografía y Encuadernación Borzone, 1895-1900, 1902-1903, 1909. Bibliografia AMORES, J. B. et alii. Iberoamérica en el siglo XIX: nacionalismo y dependencia. Pamplona: Ediciones Eunat, 1995. ASIMOV, I. La formación de América del Norte. Madrid: Alianza, 1994. AZEVEDO, E. R.; HERBOLD, H. Caribe: o paraíso submetido. São Paulo: Brasiliense,1986. BAUER, O. La cuestión de las nacionalidades y la social democracia. México: Siglo veintiuno, 1979. BUNKLEY, A. W. Vida de Sarmiento. Buenos Aires: Editorial Universitaria de Buenos Aires, 1966. BROWN, L. (Org.). State of the World. New York: Norton and Company, 1993. CARDOSO, C. F. S.; PÈREZ BRIGNOLI, H. Os métodos da história: introdução aos problemas, métodos e técnicas da história demográfica, econômica e social. Rio de Janeiro: Graal, 1983. CARVALHO, E. R. de. 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VI, nº 11 PARTE II El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa del Caribe (Siglos XX y XXI) Nara Araújo Universidad Autónoma Metropolitana-México Resumo Neste ensaio pretende-se fazer uma aproximação à identidade cultura no Caribe, conceito de difícil definição devido à unidade diversa das culturas que conformam o espaço caribenho. Para esse propósito serão estudados textos narrativos de língua hispânica no contexto de outras narrativas caribenhas para comprovar como o fenômeno da identidade encontra um lugar na representação literária. Palavras-chaves: Identidade, História, Narrativa Caribenha Resumen En este ensayo se pretende una aproximación a la identidad cultural en el Caribe, concepto de difícil definición, debido a la unidad diversa de las culturas que conforman el espacio Caribe. Para ese propósito se estudian textos narrativos de habla hispana, en el contexto de otras narrativas caribeñas, para comprobar cómo el fenómeno de la identidad encuentra un lugar en la representación literaria. Palabras claves: Identidad, Historia, Narrativa Caribeña * Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em setembro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 145-168, 2005 145 Nara Araújo Abstract Caribbean cultural identity is a difficult concept to define, due to the diverse unity of the cultures grown in the Caribbean world. This paper tries to explore such a definition through different narrative texts, mainly in Spanish, but also those in other languages spoken in the area, to reach the conclusion that identity finds a way of expressing itself in literary representation. keywords: Identity, History, Caribbean Narrative *** El son, la prietura y la errancia se postulan como la bandera del Caribe entero. Una arropadora, histórica, facultada bandera de tres franjas. ¡Entrañable la una, unitaria la otra y la tercera amarga! Luis Rafael Sánchez De un constante choque de culturas, en ese trópico nació la cultura caribeña, hija de gallegos, mayas, catalanes, taínos, andaluces, bretones, celtas, germanos, galos, íberos, yorubas, congos, ararás y yolofes, y hasta con envidiable discreción, chinos e indios orientales. Nancy Morejón En la primera mitad del siglo XX, la identidad cultural ya era un gran tema de la literatura del Caribe, y de alguna manera el exilio, el viaje, el mito, las raíces étnicas y la historia, entre los temas más significativos, estaban (y aún están) relacionados con él. El auto-reconocimiento del espacio Caribe comienza a principios del pasado siglo con Jean Price-Mars y Fernando Ortiz, Jacques Roumain y Claude Mckay, Nicolas Guillén y Aimé Césaire, un proceso sostenido por Alejo Carpentier y Lydia Cabrera, Jacques Stephan Alexis y Wilson Harris, George Lamming, Edouard Glissant y Kamau Brathwaite, Maryse Condé y Rosario Ferré, entre otros muchos autores contemporáneos. En este contexto, la reflexión en torno al papel del negro—la obra de Frantz Fanon, la negritud—, 146 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa... respondió al peso determinante de la presencia africana en esta “frontera imperial”. El reconocimiento de la diversidad cultural—y marcadamente lingüística—, ha coexistido con la aspiración a encontrar la mismidad, una suerte de “en-sí”, en ese “mosaico cultural de sociedades que a través de casi cinco siglos han venido precisando su identidad histórica”(TOLENTINO, 1979, p. 38). Alejo Carpentier destacó la diversidad geográfica extraordinaria de los “pueblos que habitan el mar Caribe”, señalando al mismo tiempo sus elementos comunes; la presencia de la música, el papel desempeñado por este espacio como escenario del encuentro entre las razas blanca, india y negra. El coloniaje, la esclavitud; el intercambio de hombres e ideas durante las luchas independentistas del XIX¸ ejemplos de lo que Carpentier llama un “humanismo caribe”(CARPENTIER, 1981, p. 205). La identidad cultural caribeña es resultante de la identidad de su historia, lo que no niega la especificidad cultural que distingue a unos países de otros (BANGOU, 1981, p. 235). La historia de esta región sociocultural se ha colocado bajo el paradigma de la unidadplural en el cual la economía de plantación ha desempeñado un factor de homogeneidad, en esta primera esfera colonial de Occidente fuera de Europa, mientras que la diversidad lingüística y las especificidades de sus procesos culturales han sido el resultado de las características respectivas de los distintos sistemas metropolitanos de conquista, colonización y dominio (colonias de asentamiento o de enclave), idénticos en esencia pero distintos en sus métodos. El proceso de independencia política ocurre con un tempo distinto al de los países continentales no caribeños y a la vez, entre los países caribeños. Hay otras disimilitudes: la fundación temprana de universidades en los países de habla hispana y el marcado “ausentismo” de los colonizadores en los de habla inglesa, así como la aparición tardía de la conciencia nacional en los territorios de habla inglesa y su acceso masivo en los años 60 a la independencia; el sistema neocolonial en los “departamentos de ultramar”, en las “excolonias” holandesas, y en el “estado libre asociado”, y la existencia de un gobierno socialista en la mayor de las Antillas. jul./dez. 2005 147 Nara Araújo Entre los países de idéntica habla abundan las disparidades: el grado de desarrollo económico entre Haití, Guadalupe y Martinica (LÓPEZ MORALES, 2002, p. 215) o del “hispanismo” entre Cuba, Puerto Rico y República Dominicana, por ejemplo (MARIÑEZ, 1989, p. 31). La aspiración a una concepción unitaria del Caribe es un fenómeno del siglo XX, como lo es la existencia del Caribe como valor literario (PORTUONDO, 1975, p. 82). En las primeras décadas del pasado siglo se logran las primeras reuniones para discutir problemas comunes de los países de la región y a lo largo de la centuria, poetas, narradores y ensayistas proponen diversos modelos interpretativos: real-maravilloso (Carpentier), negritud (Césaire), mestizaje (Guillén), y más recientemente, antillanidad (Glissant), creolización (Brathwaite), creolidad (Chamoiseau). Esfuerzos que encontraban sus antecedentes en las definiciones de una identidad nacional, como la de Jorge Mañach (el choteo) para Cuba, o la de Antonio Pedreira (el insularismo) en Puerto Rico, por ejemplo. De los años 50 data la preocupación por encontrar un concepto unificador desde el saber académico (RODRÍGUEZ, 1983, p. 15), y en los 70 y 80, este saber alcanza mayor visibilidad en los intentos de eliminar la distancia entre el Caribe de habla hispana (estudiado sobre todo como parte de la literatura hispanoamericana y luego latinoamericana) y los otros Caribes, así como entre el Caribe insular y el continental. En los años 90, la discusión sobre la identidad cultural del Caribe participa del clima posmoderno en el cual se desestabiliza el viejo (¿viejo?) anhelo de totalidad propio a la modernidad. En la era apologética del fragmento, del fracaso de los meta-relatos, de la crisis del concepto de estado-nación, y de las migraciones acuciantes—nada nuevas para el espacio Caribe—, así como del consecuente debilitamiento de los bordes y fronteras discursivos, algunas interpretaciones de este espacio revelan la impronta del posestructuralismo, los estudios culturales y los estudios poscoloniales. El espacio Caribe es epítome de lo poscolonial, por su condición de periferia de la periferia, por su resistencia a los ejes del poder, por la originaria subversión del sujeto colonial, en el interior 148 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa... del discurso eurocéntrico (Caliban feliz de poseer el lenguaje de Próspero, para maldecirlo; Antoinette dándole fuego al castillo de Rochester), por presentar sitios de enunciación de discursos diferenciados, que encuentran en la cultura, una zona ideal de resistencia. El espacio Caribe es materia idónea para los estudios culturales por ser voz híbrida en la cual lo escrito y lo oral, lo culto y lo popular, se entremezclan entre reticencias y arrojo. Desde el posestructuralismo se la ha podido concebir como una identidad rizomática, una identidad-relación (GLISSANT, 1992, p. 211), en que nada se puede reducir a lo Único, pero tampoco a lo múltiple o como isla que se repite en tropismos, en series, como metaarchipélago que no tiene ni fronteras ni centro, en un movimiento perpetuo, de differance, el del caos, el performance y el ritmo (BENÍTEZ-ROJO, 1996, p. 1-22). Paradigmas, el de la identidad-relación y el de la identidad-diferida nada ajenas al paradigma clásico y aún vigente de la transculturación orticiana, como esos toma y daca permanentes, como ese ajiaco en que las viandas se confunden, se traslapan, se entrechocan, en un magma en el que son y han dejado de ser, fenómeno que a partir del caso de Cuba, Fernando Ortiz extendió a zonas de similares intercambios. El discurso antropológico de Ortiz puede moverse con ductilidad hacia la literatura, a partir del estudio de la economía social y la técnica en Cuba. Ortiz no fue nada ajeno a la joven vanguardia estético-política de su tiempo, con la cual estableció relaciones de influencia mutua. La poesía de Nicolás Guillén, por ejemplo, lo reafirma en el valor de los orígenes africanos como parte inseparable de la nueva conciencia cubana y de su fuerza creadora. Fernando Ortiz dio cuenta no de un factor, ni de un momento, sino de un proceso secular, de necesaria y constante presencia, extensible a las otras islas del Caribe, y no sólo. Hoy, el concepto de transculturación puede entenderse de manera más amplia, no tanto como síntesis, sino como “heterogeneidad yuxtapuesta” (YÚDICE, 2003, p. 6). Hoy, a la altura del nuevo siglo, más allá de la manera en que se concibe la identidad cultural del Caribe, arraigada o en movimiento, vertical u horizontal, de raíz o de rizoma, aún es tópico de actualidad. jul./dez. 2005 149 Nara Araújo Luego de un intento de conceptuar el término, la propuesta de este trabajo sería ver cómo el discurso literario ha articulado variables de la identidad, a través del tiempo; variables que se mueven de la afirmación a la subversión, de lo colectivo a lo individual, siempre en tensión con el canon occidental, en una discusión constante con la “historia oficial”, apelando a los mitos fundadores y a nuevos códigos semióticos y simbólicos. Aun cuando se enfocará sobre todo textos del Caribe de habla hispana, se hará a la luz de ejemplos de los otros Caribes, pues es difícil asumir la producción de uno de sus espacios lingüísticos sin una mirada comparativa del Caribe como espacio sociocultural diferenciado y al mismo tiempo, como peculiar zona de América Latina. El Caribe como una zona periférica por antonomasia (MIGNOLO, 1994, p. 23-25). Como es propio a las regiones emergentes y periféricas, la indagación en torno al ser y la identidad ha sido un fenómeno recurrente, un imperativo vital. En el mundo desarrollado este problema no tiene igual alcance. Los franceses no persiguen la definición de su identidad, los ingleses no buscan su reflejo en la literatura, los europeos no se cuestionan, persistentemente, qué es Europa, sino que han aceptado una macro-unión a partir de una moneda y no de una cultura común. Esa preocupación existió en tiempos del romanticismo en los que se tendió a precisar los conceptos de nación y literatura nacional, se hurgó en el pasado y en los valores del folk. Hoy, este problema puede aparecer en regiones de marcada fisonomía cultural que se integran en una nación (España por ejemplo), pero defienden su especificidad sobre la base de un perfil y lengua propios (Cataluña, País Vasco), frente a una cultura y una lengua en algún momento impuestas. Tomado aisladamente, el concepto de identidad es para las matemáticas la igualdad que se verifica siempre, cualquiera que sea el valor de sus variables. En la lógica, la identidad es una ley según la cual cada expresión debe emplearse en un mismo sentido para lograr la identificación de los objetivos dados. En ambos discursos se opera con una identidad abstracta de acuerdo con los requisitos propios a cada una de estas disciplinas. La metafísica, al 150 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa... extender a la realidad esa abstracción (que puede funcionar como tal dentro del proceso de cognición), define las cosas como inmutables y constantes. En una concepción dialéctica, la identidad deja de ser abstracta, encierra la diferencia y es por lo tanto relativa. Su definición expresa la igualdad de un objeto o de un fenómeno consigo mismo, o de varios entre sí, y supone la existencia de contradicciones internas cambiables de acuerdo con el desarrollo objetivo de condiciones dadas. Lo idéntico sería entonces lo temporal y transitorio y su cambio, lo absoluto. Pretender que los objetos son absoluta y permanentemente idénticos a sí mismos, o entre sí, es ignorar que la realidad es mutable. La estabilidad relativa de los fenómenos del mundo objetivo determina la de los elementos constitutivos de un razonamiento dado. La identidad cultural podría definirse entonces como el conjunto de signos histórico-culturales que determinan la especificidad de una región y con ellos, la posibilidad de su reconocimiento en una relación de igualdaddiversidad, permanencia-cambio. Sólo con la comprensión del nexo entre lo igual y lo diferente, presente en la filosofía y de alguna manera en las matemáticas, puede resolverse la precisión y el contenido de este concepto. Lo subjetivo es el acto de toma de conciencia de la necesidad de una autodefinición. Lo objetivo, la existencia misma del conjunto de signos que constituyen, expresan y reflejan la identidad cultural como imagen proyectada del ser. El problema de la identidad cultural y su búsqueda es propio de una fase determinada del desarrollo de un país o región. Se agudiza en el preludio y decurso de una guerra de liberación, de un proceso independentista o de la transformación de una sociedad. También en las condiciones de un país ya independiente, de conciencia anticolonialista, o en aquel en el cual la emancipación es precaria. El ser colectivo sólo puede ser—variablemente—igual a sí mismo, en su acontecer socio-cultural. Es el ser humano en su cultura. La identidad cultural entonces es un todo (lo general) que incluye la parte (lo individual). Y en la relación entre lo uno—el proceso general histórico-social de transculturación—, y lo diverso —las particularidades nacionales que a su vez incluyen lo uno y lo jul./dez. 2005 151 Nara Araújo diverso—, debe comprenderse la noción de identidad cultural. No se trataría entonces de una búsqueda esencialista de reminiscencias modernas y románticas, asociada a la “construcción de espacios sólidos y coherentes, capaces de enhebrar vastas redes sociales de pertenencia o legitimidad”, incluso si ésta fuera una respuesta plausible a un impulso de autoafirmación (CORNEJO, 1994, p. 13). La identidad se asociaría entonces no con lo diferente, sino con lo característico. Si la nación es una comunidad imaginada (ANDERSON, 1983), también la identidad. La identidad se articula en el plano discursivo, en el lenguaje pues “Las identidades culturales son los puntos de identificación, los inestables puntos de identificación o sutura, los cuales se constituyen dentro de los discursos de la historia y la cultura. No una esencia, sino una posición” (HALL, 1990, p. 225226). En nuestro espacio Caribe el diseño de una identidad ha sido problemático. Inasible o sólo un proyecto ideológico, el anhelo de un modelo, por un lado, o por el otro, el reclamo de una unidad que por encima de diversidades indiscutibles, sea el sostén de un sentimiento de pertenencia, inteligencia y entendimiento mutuo, como una reacción defensiva, un esfuerzo de des-alienación. La aparición tardía de la autoconciencia en el siglo XX—anunciada por Martí— y de la consecuente atención investigativa a la región, como zona de especificidades; la herencia africana, con su raigal conflicto de identidad en la oposición binaria amo/esclavo-blanco/negro; el proyecto ideológico balkanizador de la potencia imperial, en el cual el área desempeña un papel estratégico explican, amén de las consecuencias de la historia colonial-neocolonial, que la identidad cultural esté en el centro de la literatura caribeña. Ella puede articularse tanto en la existencia del conjunto de obras que la constituyen, como en el contenido mismo—asunto, fábula, tema y personajes—, de los textos de ficción. En el corpus narrativo de la novelística caribeña se observan constantes-variables de la identidad cultural. Éstas son: el espacio, la historia, el conflicto étnico, el mito, la lucha política, la evolución individual de uno o 152 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa... varios personajes, la infancia, el viaje, las formas de creación colectiva, el habla popular. Estas constantes-variables pueden coincidir en un mismo texto en un diferente orden de jerarquías. El tratamiento del espacio se ha dado en la recreación admirativa del entorno físico natural como en La lézarde de E. Glissant, en la importancia de la ciudad, El siglo de las luces de Carpentier, o del barrio, Miguel Street de Naipaul. La historia, como búsqueda de raíces en New Day de V. S. Reid, o medio de interpretación del presente, La situación de L. Otero. El problema étnico aparece como posibilidad integradora de una nación, Biografía de un cimarrón de Barnet, o en sus múltiples variables conflictivas de integración-oposición Voices under the window de J. Hearne o Sapotille et le serin d’argile de Michèle Lacrosil. El mito funciona como arsenal de valores en El palacio del pavo real de W. Harris o como historia ejemplar, El reino de este mundo de Carpentier. La evolución y crecimiento personal de un personaje que trata de hallar su lugar con Sólo cenizas hallarás de P. Vergés. El mundo de la infancia se recrea en El castillo de mi piel de G. Lamming o en La rue Cases-nègres de J. Zobel. El viaje puede ser con retorno, The Mimic Men de Naipaul, o como emigración, Harlem todos los días de E. Díaz Valcárcel y La vida real de M. Barnet. La creación popular es asunto de The Dragon Can’t Dance de E. Lovelace, Bolero de L. Otero, o La Guaracha del Macho Camacho de L. R. Sánchez. La riqueza del habla popular es esencial en Brother Man de R. Mais o Dezafi de Frankétienne. Algunas de estas variantes aparecen en la novela “continental” latinoamericana, pero con distinta frecuencia, intensidad y registro. En el Caribe, por ejemplo, la recreación del mundo de la infancia se efectúa con un marcado sentido, tanto de aprendizaje o iniciación como de apropiación y autodefinición de la identidad individual. La incorporación del habla popular no se limita al empleo de expresiones de la lengua coloquial, fenómeno presente en la novela latinoamericana del siglo XX, sino que supone el establecimiento de una lengua literaria capaz de fusionar artísticamente la norma con la lengua oral, decisiva en algunos países. jul./dez. 2005 153 Nara Araújo Sin hablar del fenómeno de los créoles y sus avances en instituirse como una norma otra. El saber teórico sobre el Caribe y la praxis artística del Caribe han ido parejos. Si de la concepción inicial de una región caribeña constituida por las islas, se pasó a aquella en la cual el espacio Caribe incluye las zonas continentales que participan de los rasgos socio-históricos que lo definen, se ha llegado a un concepto que supone que el Caribe se extiende desde Nueva York hasta Recife, que el Caribe está en la matriz del país natal pero también, en su diáspora. Incluso, que una literatura “nacional” puede constituirse más allá del territorio de la nación, y expresarse en una lengua diferente a la del país natal (el caso de Achy Obejas para Cuba o el de Julia Álvarez para la República Dominicana). Si en novelas de Alejo Carpentier o de Jacques Roumain la acción incluía episodios que conectaba las islas, más recientemente, en las de Maryse Condé, las historias incorporan escenas africanas (La saga de Ségou) y pueden extenderse al escenario estadounidense. En Moi Tituba Sorcière, Noire de Salem (1986), Condé narra la diáspora africana como diáspora del Caribe y al conectar a una esclava de Barbados con las jóvenes “hechiceras” de Salem, completa la “Historia oficial”, con el desarrollo de la presencia comprobada de esta esclava en aquellos sucesos del Norte supersticioso y puritano, pero dotándola de poderes sobrenaturales e impulso libertario. La irrupción de Condé en los años 80 como una potente voz renovadora es muestra de un fenómeno significativo en la reformulación del cuestionamiento de la identidad caribeña, el de la mirada desestabilizadora, femenina, que desde adentro pone en crisis al paradigma, construido por los patriarcados locales, de una identidad nacional. Si la nación podía haberse constituido como anhelo de las clases dominantes, como ocurre en la anécdota que narra Maldito amor (1986) de la puertorriqueña Rosario Ferré, es la voz femenina, subversiva, la que desenmascara el engaño de una nación construida sobre la base de la falacia moral y la discriminación de raza y de género. 154 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa... En los años 60, Jean Rhys, desde la posición criolla, había cuestionado al imperio británico, completando en su novela Wide Sargasso Sea (1966), la historia de la loca del desván de Jane Eyre (Charlotte Brontë). Rhys hace que ese personaje, referido en la novela del XIX, se convierta en la Antoinette protagónica de la suya, y además, que en acto de venganza, esta criolla queme el castillo de su esposo británico, símbolo del imperio colonial. Es sintomático que en un sueño premonitorio—verdadera prolepsis del final del relato—, Antoinette ha dado fuego al castillo y antes de lanzarse al vacío, ve en el borde del estanque a Tia, su amiga negra y pobre de la niñez, que la incita a saltar. Cuando salta, nombrando a Tia, Antoinette despierta, pero ya sabe qué hacer. El final de la novela es ambiguo. Si por una parte, ver a Tía al final de su vida y saltar en el sueño hacia ella significa que la criolla la asocia con un pasado—con la amiga negra—al que quisiera volver; por otro, el que Tia la incite a saltar y por lo tanto a morir, implicaría que esa clase y esa raza aniquilan a los blancos y los sustituirán. Ambas interpretaciones apuntarían a uno de los temas posibles de esta novela que coloca al conflicto étnico en el centro de su planteo ideo-estético: la identidad perdida de una clase en decadencia y su encabalgamiento entre el vínculo con las raíces—los negros—y su pertenencia a la raza del poderío imperial—los blancos. En los años 80, es una protagonista mulata, Gloria, la que en la novela de Rosario Ferré, da fuego a la plantación. El central “Justicia” es locus privilegiado de una familia pudiente que la historia oficial (en la propia novela, la del narrador de la “novela nacional”) presenta como prístina e inmaculada; construcción engañosa que las voces femeninas (Laura, Titina y Gloria, las tres de ascendencia africana) ponen en cuestión. Al quemar el central azucarero, al borrarlo por el fuego, se hace tabla rasa de los fundamentos de la nación y el discurso nacional puertorriqueño (el discurso criollo del XIX) se desestabiliza por la raza y el género. El ser femenino se confunde con el ser político en Puerto Rico, el cuerpo femenino es el cuerpo político de la isla. Gloria—esposa, amante y madre— (para algunos, puta y loca), es quien quema los “fundamentos” de jul./dez. 2005 155 Nara Araújo la nación (ORTEGA, 1991, p. 205-214). La novela entabla una discusión entre lo colonial de lo español y lo estadounidense, pero también con los símbolos artificiosos de lo criollo. La identidad nacional está marcada por el conflicto racial y por la opresión de un género por otro. La alternancia en la novela de la “novela nacional” que construye falsos mitos (y que “escribe” Don Hermenegildo) y el discurso “oral” de los personajes, vuelve problemático el lugar diferencial de la enunciación del discurso nacional y pone en relieve su desestabilización por la raza y el género. En la Cuba de los 90, los relatos de jóvenes narradoras desestabilizan al meta-relato hegemónico y moderno de la identidad, la retórica “dura” de un discurso sobre la nación como proyecto unificado. El micro-relato local perturba las maniobras ideológicas mediante las cuales se dan identidades esenciales a comunidades imaginadas y construyen un paradigma sobre “lo cubano”. Ya Lydia Cabrera, había desestabilizado ese paradigma cuando en los años 30, siendo mujer blanca y burguesa, se sumerge en la cultura afrocubana, y en sus Cuentos negros de Cuba (1940), transcribe de manera poética los mitos y el mundo mágico de los negros en Cuba, llamando la atención sobre la necesidad de hacer entrar a la cultura afrocubana en el concepto identitario de lo cubano. En esos 22 relatos, se incorporan términos provenientes de la lengua lucumí (una de las lenguas habladas por cubanos de ascendencia africana), proverbios y canciones, y se narran historias de seres humanos y animales, con humor, ingenio y sabiduría. Más de medio siglo después, en las novelas de Ena Lucía Portela (El pájaro: pincel y tinta china, 1996, La sombra del caminante, 2001, y Cien botellas en una pared, 2003), por ejemplo, una mirada irreverente somete al escarnio y la parodia los paradigmas de la nacionalidad estereotipada y critica las formas aún vigentes de discriminación, racial y sexual, a pesar del profundo cambio social a partir del 59 en Cuba. Todo es cuestionado: el “tropical sunshine” del idilio para turistas—en realidad, agobio de la zona tórrida—, la idea de que la cubanidad es amor y los cubanos, lo máximo—cuando 156 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa... pueden ser deleznables y abyectos—, el desideratum teóricoguevariano del “hombre nuevo”—negado en la práctica por los nuevos hombres—; así como los centros de enseñanza, la televisión informativa, los cuerpos armados, ciertos escritores nacionales, cualquier forma de dogmatismo (aunque sea de bandera progresista como el feminismo), la burocracia estatal, o los nuevos gerentes de la etapa de la legalización de la tenencia del dólar y el turismo en Cuba, posterior a la caída del Muro de Berlín y a la pérdida de los socios comerciales del desaparecido campo socialista: “la isla endiablada es su propio confín.” La marginalidad de los personajes de Portela se definen por su ignorancia de los centros de poder y saber, pues viven ignorantes de aquellos discursos taxativos, normativos, como en una cápsula en la que sólo importan sus relaciones interpersonales: heterosexuales, homosexuales o bisexuales. Como dice uno de sus personajes—un escritor a quien le reprochaban escribir sobre las ideas y sobre la escritura, ignorando la riqueza de la “realidad cubana”—, para él, su amor por otro hombre era toda la realidad; de la misma manera, para los restantes personajes de Portela, la realidad es el otro y todos viven ignorantes de la política. La acción de sus tres novelas se sitúa de manera explícita a mediados o finales de los 90 y las referencias se corresponden con una Habana de turistas y apagones, jineteras (prostitutas con extranjeros) y gays, alquiler de casas en dólares y balseros en fuga, escasez de agua y bienes de consumo, y recurrencia al alcohol, la droga y el sexo. Sus personajes son jóvenes marginales, a veces universitarios y cultos, cuya marginalidad no se define en el sentido delincuencial, pero hay una ausencia de retratos épicos, sociológicos y generacionales y un apoliticismo explícito. Un clima de violencia (crímenes, sadismo), de escatología y teratología, de voyeurismo y masoquismo, caldea las escenas de una Habana profunda y nocturna, underground. La búsqueda de los protagonistas es de identidad, pero no se trata, como en las novelas contemporáneas de la diáspora cubana, de encontrar una memoria perdida, de recomponer una vivencia anterior, de recuperar lo que en algún momento se perdió al dejar la isla jul./dez. 2005 157 Nara Araújo natal, recomponiendo los fragmentos de la escena original, donde se define el ser y cuyo sitio vital es la familia, como en la narrativa de la escritora cubano-americana Achy Obejas. Los personajes de Portela se colocan en los márgenes de una nación, concebida como retórica de la patria, como consigna, como chovinismo, como exaltación del heroísmo con léxico moralizante. La narrativa cubana de los 90, tanto la de las escritoras, como las de los escritores nacidos después de los años 70, participa del clima posmoderno iniciado con el postboom. Iconoclastas, han sido nombrados novísimos y posnovísimos por sus transgresiones del relato, por una escritura que en una dinámica posmoderna busca “en la superficie y en el incesante despliegue de los signos la inmensidad de la cultura” (MATEO, 1995, p. 128), por sus nuevos códigos y el desafío a las expectativas de recepción. Si los narradores cubanos de los 60 (Desnoes, Otero, Soler Puig), expresaban una voluntad de encontrar y articular alguna de las formas de la identidad, mediante el realismo social, los de los 90, se alejan de los referentes explícitos y participan de una mirada escéptica, irónica o paródica, y tratan asuntos como el rock, la droga, el homoerotismo, asuntos incómodos en el discurso institucional cubano, al tiempo, que como otros textos posmodernos, violentan la frontera entre lo culto y lo popular. Igualmente, como la narrativa del postboom, se caracterizan por la autorreferencialidad, la intertextualidad, la fragmentación y la tematización de los dilemas de la escritura. Las dos novelas de Jorge Ángel Pérez, Cándido habanero (2001) y Fumando espero (2003), apelan a los juegos intertextuales de las citas. Estas se imbrican en el tejido narrativo y le otorgan una densidad semántica particular, aquella en la que las citas, al entrar en una nueva realidad semiótica, cambian su sentido, se refuncionalizan. El humor y el sarcasmo carnavalizan a la alta cultura al tiempo que se sirven de ella para resemantizarla. La vecindad (rabelaisiana) de la filosofía y/o la religión con la escatología, con las zonas últimas del aparato digestivo, producen un efecto degradante y humorístico. En la primera novela, Cándido, el 158 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa... protagonista (narrador en primera persona), está desprovisto de los instrumentos para reconocer a los referentes culturales y esta ignorancia cándida desacraliza la “alta” cultura. En la segunda, el protagonista (también un narrador en primera), es el escritor cubano Virgilio Piñera, y el punto de vista asumido es el del auto-escarnio, desde la realidad degradada de un cuerpo y rostro faltos de atractivo y los padecimientos fisiológicos, estomacales. La importancia del cuerpo en ambas novelas, la fuerte carga erótica (heterosexual y homosexual en la primera y homo en la segunda), constituyen una exaltación de destinos individuales que se definen por su sexualidad. La apología de las vidas privadas, del hombre público (Virgilio Piñera) convertido en hombre privado, la tematización del cuerpo, a partir de una visión anatómica, médica, (que remite a Rabelais y va más allá de él), participa de esa zona de la narrativa de la posmodernidad que cancela los discursos épicos, sociologizantes, buscadores de proyectos identitarios nacionales o totalizadores, y que se detiene más bien en las historias particulares, privadas, de lo local y lo cotidiano: el petit récit sustituye al grand récit. El curso rocambolesco de las anécdotas en estas novelas, la hipérbole y el grotesco, la parodia y el sarcasmo, son visiones lúdicas en que la Historia es telón de fondo y prevalece la historia con la intensa narratividad de episodios desopilantes, excepcionales, en que las consignas son “domar lo horrible” y “convertir lo trágico en cómico”, como le recomienda el jefe de la galera en la cárcel al Cándido habanero de los años 90. Como en las novelas de Ena Lucía Portela, los sujetos en las novelas de Jorge Ángel Pérez tienen identidades escindidas, polimorfas y sus historias se resuelven en la búsqueda de una sexualidad definitoria pero sin fronteras. Incluso en algunas de las prácticas homosexuales de sus personajes, gay o lésbicas, se atraviesan los roles de lo masculino y lo femenino, o estos roles se confunden, se alternan, se traslapan, yendo más allá de las esencialidades definitorias. El cuerpo es un lugar de enunciación y su singularidad se construye a partir de la presencia, al interior de ese lugar, de todo aquello que es exterior, de las interrelaciones de jul./dez. 2005 159 Nara Araújo ese lugar con otros lugares. El sujeto ex/céntrico es el resultado de más de un proceso y ocupa más de un lugar simultáneamente en un incesante movimiento a través de las fronteras de su identidad. Esa traslación a nivel del sujeto es metonimia de la traslación en los discursos definitorios de identidades nacionales o regionales, que se construyen en ese movimiento rizomático. La narrativa de la posmodernidad y el posboom le había dado entrada al micro-relato local para discutir con visiones totalizadoras de la identidad. La escritura de la periferia modificó el centro en un avance siempre trangresor de modelos y epistemes. Los escritores anteriores, como Carpentier—aún en la modernidad en el momento de sus primeras grandes obras, pero en términos de Lyotard, conteniendo lo posmoderno—entrarán en el cambio de sensibilidad y cánones estéticos como ocurre en El arpa y la sombra (1979) del escritor cubano, en la cual se perturba, aún más, la relación ente la ficción y la historia. Como una anticipación de este diálogo entre historia y ficción el cubano Lino Novás Calvo, en su novela Pedro Blanco, el negrero(1933), contaba, al decir del propio Carpentier, una “…extraordinaria historia de aventuras verídicas…(CARPENTIER, 1987, p. 187). Al narrar las aventuras de un negrero andaluz y remitir a los hechos documentales, tanto en notas al pie dentro de la novela, como después de su final, en una prolija bibliografía y cronología de la historia de la trata de esclavos, Novás Calvo sustentaba en ellas la fabulación narrativa, en un procedimiento de desfamiliarización y de particular diálogo, tanto con la Historia como con la ficción, que la novelística ulterior y la metaficción historiográfica desarrollaría como algunos de sus artificios. Si a finales de los 70, Carpentier desacraliza en El arpa…, la figura de Cristóbal Colón, en la Noche oscura del Niño Avilés (1984), del puertorriqueño Edgardo Rodríguez Juliá, mediante el discurso de la crónica imaginada y sobre la base de antiguas crónicas, se (re)construye Nueva Venecia, la licenciosa y discutida colonia del siglo XVIII cerca de San Juan, y esa realidad narrativa se incorpora de manera problemática al discurso histórico de Puerto 160 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa... Rico, cuando la poesía asiste a Clío. Ya también en los 80, la narrativa del también puertorriqueño Luis Rafael Sánchez contribuía a ese contexto posmoderno que cuestionaba las visiones codificadas de una Historia oficial, con su capacidad de apresamiento de sustratos socioculturales y la movilización de valores establecidos, mediante la carnavalización y la parodia, la sátira y el humor, la hipérbole y el grotesco. Por su ficcionalización alegórica de la condición colonial, el topos de la conducta colonizada y mimética y su defensa de lo local, su narrativa es poscolonial. La irrupción de personajes marginales—drogadictos, lumpens, exiliados, prostitutas, negros, homosexuales, travestis—, la exaltación de la cultura popular—la guaracha y el bolero—, y su transformación de asunto en trasunto; la inseminación de la lengua culta por el lenguaje popular; la irrupción de lo escatológico, del cuerpo como territorio, y la pulsión liberadora del erotismo, son algunas de sus estrategias. Movilización que conlleva la ampliación de la novela como género, su transformación estructural, su hibridez y mestizaje, a tono con la identidad del polimorfo espacio Caribe. En su segunda novela, La importancia de llamarse Daniel Santos (1989), la hibridez y mestizaje se combinan estructuralmente para (re)construir el mito de un famoso cantante de boleros puertorriqueño, Daniel Santos. Con ella, Sánchez se inscribe en la vertiente de la narrativa del Caribe (Wilson Harris, Jacques Stéphan Alexis o Lezama Lima), que incorpora al mito como material narrativo. Alejo Carpentier, por ejemplo, en El reino de este mundo (1948), recrea el mito de Mackandal en una trama que evidencia más lo real maravilloso, que los sucesos de la revolución haitiana, su referente histórico. Los poderes licantrópicos del esclavo manco, su función incitadora a la rebelión de los esclavos negros contra sus amos blancos, son elementos fundamentales de la fábula. La mirada de Ti-Noël, que está amarrado a los orígenes del “más allá”, rompe la lógica del relato histórico, se atiene a lo real maravilloso. Cuando el ajusticiamiento de Mackandal, el esclavo, al igual que sus hermanos de condición y raza, ve cómo Mackandal se salva, transformándose. Sin embargo, el narrador ve a un hombre que jul./dez. 2005 161 Nara Araújo muere. La historia se subordina a lo real maravilloso, pero hay una doble perspectiva: la del protagonista y la del narrador. Si en El reino…el mito (afirmativo) sirve para romper la lógica de la historia (¿moderna?) dando voz a la perspectiva de las clases desposeídas, en La importancia… el uso (¿posmoderno?) del mito presenta aristas divergentes (afirmativas y negativas), pues Daniel Santos (un personaje histórico mucho más cercano y visible que Mackandal), sirve para afirmar un paradigma positivo de la cultura, que se expresa en él y él encarna, aunque algunos de sus atributos—bohemio, machista y tal vez delincuencial—, pueden inducir a una resistencia a aceptarlo. Este cantante de boleros se “mitifica” mediante una operación que se apoya en la hipérbole y coloca al personaje más allá de la eventual sanción social, pues “es menos y más que un individuo: es un tropo del trópico”. La dimensión mítica se logra por la magnitud del personaje como músico, pero sobre todo por la multiplicidad de espacios y voces, de distintas hablas, que alimentan su construcción. Construcción que se estructura como un recorrido por la América Latina, como la acción recopiladora de testimonios por parte de un narrador-recolectorautor. Novela autorreferencial que se explica por sí misma, en La importancia… dos paratextos desfamiliarizan cualquier expectativa de lectura orientada hacia el biografismo, el verismo o el factualismo. Si en la “Presentación” (“El método del discurso”), se aclara que esa novela es híbrida y fronteriza y que sólo debe leerse como una fabulación, en la “Despedida”, al hacer explícitas las fuentes, se desautomatiza la intertextualidad erudita, dejando sólo, a quien lee, el cuerpo de la fabulación, el mito Daniel Santos. La postura innovadora de la novela se inaugura en el título que juega con la obra de Oscar Wilde y anticipa el diálogo implícito con el dramaturgo inglés (en la Tercera Parte), sobre la relación entre naturaleza y arte—que en Sánchez es sobre la vida y la literatura—, y quién copia a quién. Esta postura se hace programática en la “Presentación”, pues al auto-colocarse en la periferia y la 162 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa... marginalidad de la preceptiva, la auto-proclamación del mestizaje se cumple en la novela. Los dos paratextos (“Presentación” y “Despedida”) enmarcan tres fragmentos de diferente naturaleza literaria. La Primera Parte es la elaboración testimonial del mito, la polifonía de voces, y predomina la narración fragmentada y multi-espacial del mito Daniel Santos. La Segunda, es de carácter argumentativo, como un ensayo definidor y defensor de la cultura popular y explicativo del machismo y su reprobación. En la Tercera, confluyen el melodrama posible y la intervención “no narrativa” del autor en un momento en que el texto se vuelve auto-referencial. El mito Daniel Santos es motivo que acompaña las historias de boleros posibles; entre ellas la de Marisela, cuarentona y envuelta en carnes, cuyo bolero posible sería el amor imposible de un dueño de casa de discos, construido al compás de un bolero de Daniel Santos. Junto a esa literatura, inferior a la vida, por su necesaria concisión y limitación, junto a esa vida limitada por la literatura, la voz del narrador-autor-Luis Rafael Sánchez-Wico Sánchez-Sánchez, discurre sobre el kitsch y el camp, lo crudo y lo cocido, Sontag y Levi-Strauss. Junto a la fabulación bolerística, la reflexión intelectual: nueva vecindad (Bajtín/Rabelais) que ensancha la novela. Ya en La guaracha del Macho Camacho (1976) se construye otra vecindad: la historia se cuenta con el acompañamiento de la guaracha que niega irónicamente con su estribillo (“la vida es una cosa fenomenal lo mismo pa’l de alante que pa’l de atrás”) la dramática realidad que se narra. Los personajes—el político, el “hijo de papá”, la prostituta, la señora educada en Suiza y la mujer de pueblo—, animan esta historia detenida en el tiempo de un embotellamiento (“tapón” en Puerto Rico), metáfora del estancamiento de sus vidas, sus conciencias y el transcurrir en la isla de cemento. Este atascamiento de las conciencias y su circunstancia, que tiene en el tapón su metáfora mejor, es contrastado por la cadencia de la guaracha, por la negación musical de ese status estático, por la alternancia de la acción principal con emisiones radiales del pegajoso ritmo en 21 secciones narrativas de las cuales jul./dez. 2005 163 Nara Araújo 19 son locuciones radiofónicas. La guaracha niega irónicamente el estatismo, el despliegue escriturario produce un movimiento contrastante con lo inmóvil de la situación. La aliteración, los neologismos y la hipérbole, el encadenamiento vertiginoso de los enunciados y el énfasis por repetición, las sinonimias y las derivaciones de palabras, la intertextualidad con toda la gama posible de la cultura de élite y la cultura de masas (el ballet, la literatura y el cine, los cómics, los cuentos infantiles y las telenovelas, los gangsters, las zarzuelas y los cuplés, la Barbie y Walter Mercado), movilizan múltiples lenguajes: la publicidad, los medios masivos de comunicación, los folletines y novelas rosa, las telenovelas, las modas…El habla cotidiana del puertorriqueño de la calle, la españolización del inglés, la dificultad en la comunicación de seres de mancas mentes y escasas ideas que apelan a la elipsis y al recurrente “o sea…”, junto al texto de la guaracha, sirven para esta visión esperpéntica en la cual el sarcasmo, el humor y la ironía cuestionan la imagen idílica de la isla tropical. Estos juegos del lenguaje se inscriben en una definición identitaria por afirmación y por negación. Recoger la voz de la calle, instaurarla en un sustrato literario, “culto”, es legitimarla, al tiempo que se le usa como instrumento desacralizador de identidades cosificadas, sin espíritu. La fuerza arrolladora del lenguaje adquiere particular fuerza en un contexto cultural que se defiende contra la ingerencia del inglés. Las fuertes imágenes auditivas y visuales, los juegos de palabra y el habla marginal, las vecindades escatológicas, la exploración de los fluidos y emanaciones del cuerpo; en fin, esa masa ingente de vocablos, seleccionados y combinados de acuerdo con un juego que esconde un orden, sirven como contraste y como instancia liberadora de ese magma caótico que emerge de la novela. Es sintomático, en la situación de una cultura que se enfrenta a los retos del dominio del inglés, la manera en que los narradores puertorriqueños han intentado, a través del lenguaje, encontrar nuevos registros identitarios. En Figuraciones en el mes de marzo (1972) de Emilio Díaz Valcárcel, la estructura fragmentaria de diálogos, 164 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa... del habla “puertorriqueña”, los textos de antiguos cronistas, las cartas y los recortes de periódicos, las carteleras de cines y teatros, el uso del lenguaje del radio, de la prensa y de la publicidad, así como la experimentación lingüística, la inclusión de poemas, del horóscopo y el directorio telefónico, las rupturas sintácticas y la ausencia de signos de puntuación, sirven para dar cuenta, con sarcasmo, del status colonial isleño. En otra novela del mismo autor, Harlem todos los días (1978), semejantes artificios como la ironía, los arcaísmos, los neologismos, la creación de palabras por yuxtaposición, los juegos de palabras, en frases cortadas y elípticas, de ritmo acelerado, estructuran una trama cuyo espacio de acción es el exilio niuyorkino, para expresar una crisis de identidad en la asimilación a otra sociedad. Crisis ambas, las de la isla y las del exilio, que se expresan en lo ideo-estético mediante estructuras caóticas. Pero no sólo en Puerto Rico el lenguaje es zona de exploración identitaria. En Sólo cenizas hallarás (1980) del dominicano Pedro Vergés, el uso del habla coloquial—expresiones del ambiente, palabras obscenas, referencias eróticas—, sirve como proyección, en un nivel lingüístico, de la situación emocional de los personajes. De ahí el tono cursi, propio a los boleros, que matiza la fábula, narrada por medio de fragmentos de historias individuales que no siguen un desarrollo lineal para articular una trama con saltos atrás que, aún así, se refiere a una cronología: desde la muerte del dictador Trujillo, en 1961, hasta finales del año siguiente. El cuestionamiento extenso e intenso de la identidad cultural caribeña es un rasgo específico y unitario de la región. La causa se encuentra en los factores inherentes a su desarrollo histórico-social. La pluralidad de esta demanda aglutinante reside en las maneras y perspectivas de su elaboración en el discurso literario que ha recogido los diferentes puntos de vista sobre esta problemática y su desarrollo. La reiteración de ciertas constantes en las literaturas de las distintas áreas permite afirmar que, en el análisis de la problemática de la identidad cultural de la región, se debe distinguir lo objetivo, no sólo en los signos culturales, sino también en las partes componentes de jul./dez. 2005 165 Nara Araújo uno de esos signos, la literatura, que se estructura prácticamente, sobre similares cuerdas temáticas. Como concluye Francoise Perus, la conciencia de la heterogeneidad cultural del Caribe, junto con la unidad geográfica e histórica que caracterizan el ámbito caribeño, así como el reconocimiento del diálogo (lo escrito/lo oral, lo metropolitano/lo vernacular), se integran a la constitución del corpus de la literatura caribeña (PERUS, 1999, p. 46). La identidad cultural es tangible pero no es estática. Realidades en procesos permanentes y contradictorios de manifestación, superación y evolución, pérdidas o ganancias, se inscriben en diversos discursos en el continuum de la cultura. La identidad se expresa en nexos de permanencia-cambio y unidaddiversidad, y necesita del auto-reconocimiento. Entre los signos que constituyen y diseñan la identidad cultural, la literatura es espacio idóneo por su registro y conocimiento. Su pluralidad—condición sine qua non de la creatividad—es signo de riqueza y no de debilidad. En la toma de conciencia—lo subjetivo—y en las obras mismas— lo objetivo—participan los escritores. La interrogación identitaria asume variados perfiles de acuerdo con las circunstancias de época y el grado de desarrollo de los procesos literarios en los cuales las obras se inscriben. Por su condición periférica y emergente, las literaturas del Caribe tienen como común denominador el intento de designar un espacio—individual, nacional o regional—, y para ello construyen variadas estéticas y poéticas: realistas o experimentales, historias de atmósferas o de caracteres, predominio de las tramas o de los juegos lingüísticos, a veces todo mezclado. La relación con la Historia—para desestabilizarla, validarla o completarla—, y con los arcanos míticos y lo simbólico, la gravedad del tono o la parodia, forman parte del arsenal de procedimientos que los escritores del Caribe han utilizado en su conformación de un espacio literario más allá de su propio confín, que se integra a procesos amplios de discursividad y que al mismo tiempo conserva sus especificidades. Estas literaturas marchan a tono con los cambios de mentalidad y de espíritu de época, así como participan de las 166 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa... problemáticas inherentes a la recepción de los textos: creación y edición, distribución, promoción y lectura, de acuerdo con los vigentes horizontes de expectativa. Por una parte, quién habla, qué se dice, cómo se dice; por la otra, quién lee, qué se lee, y cómo se lee, en el contexto del diálogo, en tensión, de lo local y lo global. La palabra es un lugar simbólico. Ella designa el espacio creado por la distancia que separa a los representados de sus representaciones. La representación siempre es una convención, pero una convención que construye una totalidad inasible—la identidad, y además posee una función operativa, la de ejercer cierto poder. La narrativa del Caribe ha ejercido ese poder: el poder de los discursos y el poder de la representación. Bibliografía ANDERSON, Benedict. Imagined Communities. Reflections on the Origin and Spread of Nationalism. Londres/Nueva York: Verso, 1983. 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VI, nº 11 Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo: Euzhan Palcy’s Rue Cases-Nègres and Raoul Peck’s Lumumba Lieve Spaas Kingston University Resumo Este artigo compara dois filmes caribenhos, Rue Cases-Nègres (1992) de Euzhan Palcy, situado em Martinica em 1930, e Lumumba (2000) de Raoul Peck, cuja ação se passa na República Democrática do Congo em 1961, momento em que ocorre a transição da colonia belga para o estado independente. Os dois filmes revelam práticas trabalhistas equivalentes a práticas escravistas apesar do fato de que a escravidão já estava abolida em ambos os países nos momentos trabalhados pelos filmes. Este estudo também confronta a África idealizada pelos escravos com a África autêntica onde a exploração é algo constante e a luta pela verdadeira independência é algo constante. Palavras-chaves: Diáspora, Escravidão, África Pós-colonial Resumen Este artículo compara dos filmes caribeños, Rue Cases-Nègres (1992) de Euzhan Palcy, ubicado en Martinica en 1930, y Lumumba (2000) de Raoul Peck, cuya acción se sitúa en la República Democrática del Congo en el momento de la transición de una colonia belga a un estado independiente en 1961. Los dos filmes revelan praticas laborales que equivalen a prácticas esclavistas a pesar de que la esclavitud * Artigo recebido em agosto e aprovado para publicação em outubro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 169-183, 2005 169 Lieve Spaas ya se había abolido. Este estudio también confronta la idealizada Africa, que los antiguos esclavos idealizaron, con la auténtica Africa donde la explotación está muy extendida y la lucha por una verdadera independencia es constante. Palabras claves: Diáspora, Esclavitud, África Pos-colonial Abstract The article compares two Caribbean films, Euzhan Palcy’s Rue Cases-Nègres (1992), set in the 1930’s in Martinique, and Raoul Peck’s Lumumba (2000), located in the now Democratic Republic of the Congo at the moment of transition from a Belgian colony to an independent state in 1961. Both films reveal labour practices that are tantamount to slave labour in spite of the fact that slavery had been abolished. The study also confronts the idealised Africa, which the former slaves imagined, with the real Africa where exploitation is rife and the struggle for genuine independence ongoing. Keywords: Diaspora, Slavery, Postcolonial Africa *** With the exception of Cuba, film-making in the Caribbean by Caribbean people is mainly a phenomenon of the 1980s and beyond. The very few films that emerged in that period did so without any infrastructure of production or distribution. As in many other third world countries, the Lumière brothers exposed the Caribbean to cinema at a very early period following the invention of film. In Haiti the exposure came in 1899, only four years after the new medium had been invented. Like the other Francophone Caribbean countries, Guadeloupe and Martinique, Haiti rapidly became a consumer/receiver of film products from the Western world. Besides being a consumer of Western films, the Caribbean was also used (or misused) as a resource for Western films where the representation of the beauty of the tropical islands was at odds with the people’s daily lives. It was only in the late 1970s and the early 1980s that a shift occurred. Political events in the islands, such as the movements advocating independence from France in Guadeloupe 170 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo... and Martinique and the Duvalier reign of terror in Haiti, were instrumental in creating a climate of political awareness. These political, economic and cultural currents of the ‘70s and ‘80s slowly found expression in films where they became the main subject matter. Whatever contemporary events dominate the Caribbean narratives, the memory of the Afro-Caribbean diaspora continues to emerge as the “oneness” that underlies the identity of the different countries. Not only does Caribbean cinema evoke the memory of slavery it also denounces how slavery after its abolition has insidiously persisted. Two celebrated Caribbean films that are particularly revealing in this respect are Euzhan Palcy’s 1983 Rue Cases-Nègres (Sugar Cane Alley) based on Joseph Zobel’s novel Black Shack Alley (1953) and Raoul Peck’s Lumumba (2000), inspired by the murder of Patrice Lumumba, the only democraticallyelected Prime Minister of the Congo. The films are located at opposite ends of the black diaspora: Rue Cases-Nègres shows how the freeing of the slaves in Martinique did little to change the living conditions of the people, while Lumumba reveals how in the Congo Free State the colony, set up under the pretence of abolishing the Arab slave trade, instated labour conditions that amounted to slavery. Both films earned considerable international fame, continue to be shown frequently and have become landmarks in the cinema of the Afro-Caribbean diaspora. Rue Cases-Nègres is set in poverty-stricken Martinique in the 1930s, Lumumba in the Belgian Congo shortly before the country gained independence on 30 June 1960. Both films open with pictures of colonial memory. Palcy’s film opens showing postcards of Fortde-France and various local views, which French colonials were in the habit of sending overseas. They are picturesque, sepia photographs revealing nothing of the poverty in which José, a twelveyear-old boy and main protagonist of the film, is growing up. Peck’s film, made seventeen years after Palcy’s, uses a more cinematographic language by editing the opening sequence so as to create a to-and-fro movement from still black and white photographs jul./dez. 2005 171 Lieve Spaas to the action of white colonials enjoying themselves at a party and back again to the photographs. These photographs, unlike those in Palcy’s film, reveal appalling colonial practices. One photograph shows well-dressed Belgian colonials relaxing around a table in the open air. On the table lie a few skulls; nobody looks at them, they seem to be everyday objects similar to a tea or coffee pot. In front of the table lies a young black boy who faces the camera in a position a domestic animal might adopt, or alternatively, as the contrived posture might suggest, like an ornament. From this glimpse of a tableau of colonial daily life in the Congo, the camera cuts to the party where expensively dressed guests hold glasses of champagne. Other photographs show two women chained together; a man tied up and lying on the ground while being beaten with the chicotte, the infamous whip made of hippopotamus skin. Another is a postcard showing the hanging of a black man in the presence of expressionless white colonials. Underneath the picture a caption reads: “Exécution d’un nègre à Boma”, and again the camera cuts from the black and white postcard to shots of the colourful and lavish party. Following this carefully-edited opening a statement appears on the screen: “Ceci est une histoire vraie” (This is a true story). Peck’s assertive and skilfully edited opening offers a powerful indictment of the treatment by the colonials of the indigenous people in contrast to the luxurious lifestyle the colonials not only adopted but also tauntingly displayed. Peck’s statement that this is a real story emphasises the fact that the murder of Lumumba has all the ingredients of an American thriller—a possible signal of an American involvement in the murder. Rue Cases-Nègres depicts the daily lives of the people in Rue Cases-Nègres, a microcosm of Caribbean colonial society with its old and young, its children, its white colonisers and its many kinds of black Caribbean people. The simple story is a powerful allegory of Martinique’s history, represented by José’s journey to adulthood. José lives with his grandmother, Amantine in Rue CasesNègres, next door to an old man, Monsieur Médouze. Both Amantine 172 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo... and Médouze work in the sugar cane plantation for a meagre wage, which barely allows them to survive, and in the case of Amantine, to care for her grandson. Through Médouze’s retelling of the past, José’s identity will be grounded in an imagined, yet real place of origin: Africa. Médouze’s story starts with “Once upon a time…” and then tells about his father, who was brought from Africa as a slave. Médouze now passes down the story to José, whose grandfather was also a slave from Africa. The story refers to the loss of a homeland and an identity that can never be recaptured. His father wept and wept and never understood what happened when the white people came. People were caught by lasso, then forced to march for days before being loaded on to the ships, then unloaded in Martinique to work in the sugar cane fields for white people, who stood over them with guns. Médouze is not very precise about the country; he speaks simply of “Africa”. The first layers of identity—family, village and country—have been lost; the descendants of slaves had all become “Africans”. Africa, the lost land also has the aura of a promised land for José: “If you go to Africa, I’ll come with you”, he promises Médouze, who is too realistic for such a dream. While he is talking, Médouze is sculpting a small African figure in wood, which will become the token of the cultural heritage from Africa and which is now passed on to José. Médouze then tells the story of the blacks’ revolt against the white people: one day all black people came down to Saint-Pierre, they burned the houses of the whites and that is how slavery ended. “The whites trembled with fear” he explains. The liberated slaves were now “free” to go all over Martinique but then realised that they were nevertheless forced to come back to the same place because the whites had all the land and paid very little. These words spoken by an emaciated black man, grandson of an African slave, still forced to work in the sugar cane fields for minimum wages, is a powerful indictment of neo-colonialism, where “free” people remain economically dependent. Equally telling is the representation of the grandmother who, like Médouze, is old and jul./dez. 2005 173 Lieve Spaas tired and should not be working in the sugar cane fields. The ultimate irony is revealed when the children are looking for sugar in José’s house and search every possible place where Amantine might have hidden it until they realise there is none: those who work in the sugar cane fields cannot afford to buy sugar. Where Médouze’s anger explodes when recalling his father’s history, Amantine’s erupts when she pictures the future and refuses to let her grandchild work in the sugar cane fields but vows that she will not condemn children to misery like all these “gutless black people”. Médouze represents the African heritage; Amantine embraces French values and transmits these to José. Education becomes the means of giving him the freedom that was denied to her and so she carries on with her excessively demanding work, not even contemplating how she is going to find the obligatory contribution to José’s tuition fees. For Amantine, the road to freedom is through identification with French values. Monsieur Médouze and Amantine endow José with human, spiritual and political values that form the foundation of his identity. This, Stuart Hall suggests, consists of “the names we give the different ways we are positioned by, and position ourselves within, the narratives of the past” (HALL, 1992, p. 224). Médouze provides this narrative, while Amantine is instrumental in instilling Frenchness in José. These two elements come together in a new cultural identity that integrates the African past and the French future. However, José will also develop a different sense of self through contact with his own peers and other members of society. There is the group of children, the little girl, bright like José, who is not allowed to continue school but has to start earning money. There is Leopold, the nearly white, second-generation mulatto boy, who is not allowed to talk to the “black” children but who is not white enough for his father, a French aristocrat, to recognise him officially: only “white” people can inherit a name liked de Thorail. The unwritten contract between Médouze and Amantine suggests both a balance and a dichotomy in identity formation: while Médouze conveys a black consciousness and an anti-colonial 174 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo... discourse of négritude, Amantine anticipates the hybridity of Caribbean identity. As Hall puts it: “Across a whole range of cultural forms there is a ‘syncretic’ dynamic which critically appropriates elements of the master-codes of the dominant culture and “creolises” them”(HALL, 1992, p. 235). When José obtains a full scholarship to study in Fort-de-France and prepares to leave Rue Cases-Nègres, Amantine dies. Médouze is already dead. For José, they will both return to Africa while he will go to Fort-de-France, taking Rue CasesNègres with him. In its merging of the past with the present, through Médouze, and the future, through Amantine, the film reveals that cultural identity is not solely a matter of “being”—it is also of “becoming”. “It belongs to the future as much as to the past” (HALL, 1992, p. 223). No other film captures so powerfully the past losses and historical rupture of the Caribbean peoples or restores what has been called an “imaginary fullness”. For the viewer from Martinique Rue Cases-Nègres represents a major event: “By bringing to the screen this novel which is at the same time a novel about roots and about education, the film-maker tackles what is maybe the most intimate part of the Antillean consciousness”(MÉNIL, 1992, p. 168). The film was hailed as the start of a new Caribbean cinema of the diaspora. But this was not to be. The promise the film generated has remained unfulfilled. Palcy herself went to Hollywood to make films. Palcy’s Rue Cases-Nègres placed Martinique on the map of world cinema. Raoul Peck was to do likewise for Haitian cinema with his Lumumba (2000). While Palcy captured the daily lives of the slaves taken from Africa and brought to the Caribbean, Peck sets his film at the other end of the diaspora and, instead of evoking the unspecified “Africa” of Médouze, locates the film in a specific country in Africa, the now Democratic Republic of the Congo, a former colony with a particularly tragic history starting with the Berlin Conference in 1884-85. At this diplomatic conference the European powers decided to whom the different African countries should be allocated for colonisation. The King of the Belgians, jul./dez. 2005 175 Lieve Spaas Leopold II, without being present at the conference, succeeded in gaining recognition of himself as sovereign of the “Congo Free State”, the so-called “heart of darkness” in central Africa, often perceived by Europeans at the time as an “empty” space. The name given to the country, “Congo Free State”, was most misleading since, in effect, the country became the King’s private property. In reality, the King had already embarked much earlier on his colonising of the country when, as early as 1879, he had sent explorer Henry Morton Stanley to persuade local chiefs to sign away their land to the King. Ruthless forced labour to collect rubber, needed for the recently invented rubber tyres, was instated almost immediately. Punishment for failing to collect the required amount of rubber was carried out in barbaric ways such as the cutting off of hands. It was not until 1890 when George Washington Williams, an American Civil War veteran and Baptist missionary, went to the Congo Free State that reports of the appalling treatment of the Congolese people came to light. Williams’s evidence was corroborated by Protestant missionaries and also by Edmund Dene Morel, an employee with a shipping company in Liverpool. Morel observed that ships laden with rubber and ivory arrived in Antwerp from the Congo while ships sailing to the Congo carried soldiers and large quantities of firearms and ammunition. Finally, Roger Casement, British Consul to the Congo Free State, produced extensive and detailed reports on what were “crimes against humanity”. The treatment of the indigenous population was tantamount to slavery. If Palcy’s film emphasises the fact that the lives of the freed slaves is no better than that during officially recognised slavery, Peck’s film reveals that the “Africa”, so idealised by Médouze, is here a country where slavery prevails in all but name. Peck’s choice of the Congo is linked to his family background. In 1961, when Peck was eight years old, his parents, wanting to escape from the Duvalier regime, like many Haitians migrated to the Congo, a country with which they felt an affinity: they were also keen to contribute to 176 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo... the building of an independent Congo. The Congo had gained independence on 30 June 1960 but soon thereafter Patrice Lumumba was brutally murdered after only four months in office as Prime Minister. Lumumba came to symbolise an ideal and a ray of hope for Africa and her dispersed people whom the slave trade had so cruelly transported. For Haitians Lumumba could not but remind them of their own great freedom fighter, Toussaint L’Ouverture. Lumumba had committed no crime: this was a political murder. The deed remained shrouded in mystery and the burning questions as to who were the real assassins, and who were the ones who ordered the execution of Lumumba, remained unanswered. It was known that Belgians and Congolese were involved in the actual killing of Lumumba but rumours soon began to circulate about the involvement of the Belgian government, the United States and the United Nations who, so it was claimed, ordered the killing. Not only was Lumumba savagely murdered, his dead body was torn to pieces and disposed of. Not a trace was left. The murderers had hoped that getting rid of Lumumba’s body would also erase his memory; but that was not to be. Lumumba embodied too important a vision of the Congo; he was not just a person but also an ideal that personified independence, freedom and equality. Far from being forgotten, Lumumba became a mythical figure, a true African hero. The Peck family arrived in the Congo shortly after Lumumba was murdered. Raoul was too young to understand the importance and the horror of this death but in the family Lumumba was referred to frequently. Peck’s mother worked in the office of the Mayor and Peck remembers many stories she told. In 1991, thirty years after Lumumba’s death, Peck, now an adult and aspiring film-maker, who had already gained an international reputation with his film Haitian Corner (1988) where he explores the life of a Haitian refugee in New York, made a documentary about the murdered hero, Lumumba, La Mort d’un prophète, in which he expresses in a personal way, using family memories, the empathy he feels towards him. It is a powerful and seriously researched document that was acclaimed internationally but was hardly to be found in Belgium. Yet, it had jul./dez. 2005 177 Lieve Spaas greatly impressed sociologist and author, Ludo de Witte who decided to research the case further. This led to the publication of his impressive study, published in Dutch in 1999, De Moord op Lumumba (The Assassination of Lumumba) and in English in 2001. It was a bold book that shocked those Belgians who preferred not to hear anything more about Lumumba. The book’s main conclusion was that the Belgian Government was primarily responsible for the murder of the Congolese Prime Minister, but without the steps taken by Washington and the United Nations during the preceding months the assassination could never have been carried out. De Witte’s book aroused the interest of the press and the reaction was such that it put pressure on Belgium to set up a parliamentary commission to examine the conclusions De Witte had reached. Through the book Peck now also gained new insights into the case of Lumumba and, still keen to draw world attention to the murdered Congolese hero, he returned to the subject with scriptwriter, Pascal Bonitzer, and in 2000 brought out the feature film Lumumba. Peck wanted to make a popular film that would reach large audiences and draw attention to what happened to Lumumba. The film was shown in France in October 2000, and was on the programme of the Ouagadougou Film Festival in 2001. In Belgium, the film was shown only after the parliamentary commission had been set up. Unlike the book, the film does not proffer an investigation into the circumstances of the murder: it gives instead a dignified portrait of Lumumba, picturing him, with both his qualities and faults, not only as a well-meaning person, a loving spouse and a kind father but also a man engaged in a relentless struggle against a Western Goliath composed of Belgium and other Western powers. However, the political situation in the Congo itself was precarious and Lumumba had also to contend with internal hostile forces-fellow Congolese who turned against him such as Tshombe, Kasa-Vubu and Mobutu, all concerned with their own political advancement but also, so it appears, influenced by Western forces. 178 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo... The film portrays Lumumba as a colonial creation and more specifically a product of Belgian colonialism. Here is not a man with a particular job or skill but a man with a vision who focuses exclusively on getting rid of colonial domination. It shows the ascent of Lumumba, his arrival in Leopoldville from Stanleyville, his oratorical talent already displayed in the job he takes just for the sake of being in Leopoldville—promoting Polar beer. It places him in the political and social context of the Congo and records the events that led up to his murder. The film gives an insight into the reluctance of the Belgian authorities to transfer power to the Congolese and shows the all too rapid transition from colony to independent republic when only a handful of Congolese held a university degree. It is a powerful indictment of the colonial situation in general but also an accusing statement of Belgian colonialism specifically in which Belgium had projected its own identity problems with the Walloon/Flemish divide. While the pre-credit sequence, using cinematographic language and careful editing, conveys the Congo’s colonial past and present in a semi-documentary way, the film proper adopts a very distinct fiction style reminiscent of film noir, and reminds one of an American thriller movie. The headlights of three big American cars of the late Fifties approach through the savannah. In the back of the cars are three corpses, the bodies of Lumumba and his two allies who were with him by chance and were executed with him. These bodies must be disposed of because nothing is to remain of Lumumba. The film shifts between past and present: the white colonials struggling with the bodies alternate with shots of Lumumba alive, in the back of a car, having been beaten and abused. The voice-over is Lumumba speaking: “Even dead I frighten them …”, his words punctuate the gruesome deeds of the white people who, themselves repulsed by the stench of the decomposing bodies, hack and cut the bodies to pieces, then dissolve them in barrels of sulphuric acid. Lumumba is heard in voice-over, “Tu ne raconteras pas tout aux enfants” (“You are not to tell the children everything”). These jul./dez. 2005 179 Lieve Spaas two juxtaposed openings offer the essence of the film: the first preceding the credits recalls the colonial situation in the Congo, the second the elimination of the Congo’s most promising hero. The unfolding of Lumumba’s fate is virtually sealed at the ceremony of independence when Lumumba gives his famous address to the nation in reply to King Baudouin’s eulogistic speech. Peck gives a truthful account of the ceremony. First the King spoke and stated that independence was the result of “the undertaking conceived by the genius of King Leopold II” and, continuing in a paternalistic mood, he urged the Congolese not to compromise the future with hasty reforms and not to replace “the structures that Belgium hands over to you until you are sure you can do better. Don’t be afraid to come to us. We will remain by your side, give you advice, train with you the technical experts and administrators you will need”. After the King, it was Kasa-Vubu, the country’s first president who spoke. His speech was formal and conformed to the style expected at such an occasion. Then came Lumumba. His address was one of the most powerful anti-colonial speeches ever made. He did not address the King, instead, he opened his fiery speech: “Congolese Men and Women, fighters for independence, who are today victorious”. In the frankest terms he described the colonial system that Baudouin had just glorified: We have known sarcasm and insults, endured blows morning, noon and night because we were “niggers”. Who will forget that a Black was addressed in the familiar “tu”, not as friend, but because the polite “vous” was reserved for Whites only? We have seen our lands despoiled under the terms of what was supposedly the law of the land but which only recognised the right of the strongest. We have seen that this law was quite different for a White than for a Black: accommodating for the former, cruel and inhuman for the latter. We have seen the terrible suffering of those banished to remote regions because of their political opinions or religious beliefs; exiled within their own 180 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo... country, their fate was truly worse than death itself…. And finally, who can forget the volleys of gunfire in which so many of our brothers perished, the cells where the authorities threw those who would not submit to a rule where justice meant oppression and exploitation? Belgium, finally understanding the march of history, has not tried to oppose our independence. By this one act, Ludo De Witte writes, Lumumba reinforced the Congolese people’s sense of dignity” (DE WITTE, 2001, p. 3). The speech had been interrupted several times by sustained applause. The images of daily life under colonial occupation, shown in the opening sequence of the film, corroborate Lumumba’s list of abuses suffered by the Congolese. Indeed, the film shows how in both the public sphere in the city and in the intimate sphere of the home, the attitude shown is one of contempt for the Congolese and of belief in the superiority of the whites and the inferiority of the Africans. The verbal and physical abuse of prisoners is shown in an almost unbearable way in the treatment Lumumba himself was subjected to in prison before being, suddenly, released to be present at the round-table discussions in Brussels. There is total reluctance on the part of the Belgians portrayed in the film to even entertain the idea—or ideal—of an end to the colony and an independent Congo. One particular scene displays this most explicitly when General Janssens, commander-in-chief of the Congolese army, makes it clear that there is not going to be independence in the army. The old kind of discipline will prevail. He confirms this by writing in large letters on the blackboard: Independence = Preindependence. In the domestic domain, the attitudes are no better. Recalling with irony a so-called “civilising” moment, the film shows a Belgian woman in close-up, an expression of utmost contempt on her face, rebuking the young Congolese servant because she has, yet again, forgotten to place the fork to the left of the plate. The film intertwines in a skilful way scenes that show not only the Belgians’ disbelief that independence is really happening jul./dez. 2005 181 Lieve Spaas but also their complete disdain for the Congolese: “This is not a people, these are members of tribes. They hang together thanks to the Belgian administration” is the comment of one colonial. Yet, while expressing contempt for the entire situation, they also show awareness of their failure to train and prepare the Congolese for independence. Disbelief and denial prevail as revealed in the reflections made among the Belgians. When the large picture of Leopold II is taken off the wall in the Governor’s palace, a Belgian addresses the King: “Ils vont vous le cochonner votre Congo” (“They’ll butcher your Congo”), recalling for the viewer the butchery that actually took place in the colony. The butchery that is revealed is that of the murder of Lumumba and his two companions which opened the film and now closes it, repeating the same close-ups of Lumumba in the back of the car, accompanied by the voice-over which now continues the monologue from the beginning: Don’t tell everything to the children. Just tell them that I came fifty years too early. I want my children to be told that the future of the Congo is beautiful. Throughout the struggle for the independence of my country, I have never doubted for a single instant that the sacred cause to which my comrades and I have dedicated our entire lives would triumph in the end. But what we wanted for our country—its right to an honourable life, to perfect dignity, to independence with no restrictions—was never wanted by Belgian colonialism and its Western allies …. History will one day have its say; it will not be the history taught in the United Nations, Washington, Paris or Brussels, however, but the history taught in the countries that have rid themselves of colonialism and its puppets. Africa will write its own history full of glory and dignity. The monologue, taken from the letter Lumumba actually wrote to his wife from prison, is, as De Witte writes, “a political testament that shows his unshakeable faith in the anti-colonial revolution’s final victory”. 182 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo... It is spoken by Lumumba in the back of the car near the place of execution. From the car Lumumba sees his companions being executed, his words uttered between the sounds of the shooting. Finally he is taken to the tree. As he walks towards it the camera cuts to a close-up of the tree as seen by Lumumba on that final brief walk. It is scarred by bullets. He stands dignified against the tree, and as the order to prepare for execution is shouted, the camera suddenly cuts to Mobutu on his throne wearing an immaculate white suit and his well-known leopard-skin hat, the shot lasting the time between the order to shoot and the actual killing. The camera cuts back to Lumumba being shot then again back to Mobutu saying “Merci” which clearly closes the speech he has just finished. Another sudden cut to the crowd, black and white people together, applauding Mobutu. Most likely this concerns the declaration by Mobutu of Lumumba as national hero. The camera cuts back to the place of execution and the film closes showing the barrels of sulphuric acid, seen at the beginning of the film, in which the bodies are dissolved so as to erase all evidence of the murder. In burning Lumumba, it is not only a person that is killed but an ideal and the promise of the end of colonialism. Médouze’s nostalgic evocation of the past in Africa is, as it were, annihilated. The two films illustrate the displacement of state in the diaspora, that of rupture and discontinuity for the people dragged away in the triangular Atlantic slave trade and that of people becoming “other” in their own country, subjected to the most extreme exploitation that amounts to slavery but that does not speak its name. Bibliography DE WHITE, Ludo. The Assassination of Lumumba. London-New York: Verso, 2001. HALL, Stuart. “Cultural Identity and Cinematic Representation”. CHAM, Mbye (Ed.). Ex-Iles. Essays on Caribbean Cinema. Trenton, N.J.: Africa World Press, 1992, p. 221-36. MENIL, A. “Rue Cases-Nègres or the Antilles from the Inside”. CHAM, Mbye. jul./dez. 2005 183 Lieve Spaas (Ed.). Ex-Iles. Essays on Caribbean Cinema. Trenton, N.J.: Africa World Press, 1992, p. 155-75. Filmography Lumumba. Director Raoul Peck, 2000. Rue Cases-Nègres. Director Euzhan Palcy, 1992. 184 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de Mamá Blanca Stephen M. Hart University College London Resumo Este ensaio analisa a maneira como o corpo feminino está representado em Las memórias de Mamá Blanca de la escritora venezuelana Teresa de la Parra. Avalio esta representação a partir de vários pontos de vista, principalmente a partir da perspectiva do romance como alegoria da construção da nação venezuelana e da grande nação latino-americana nas primeiras décadas do século XX, baseando-me no estudo de Doris Sommer, Foundational Fictions: The National Romances of Latin America (1991). Um exame do texto mostra que ele contém muitos espaços de tensão e ambiguidade; estes são momentos em que o sentido parece desaparecer. A imagem de “trucamento” é interpretada, neste ensaio, como uma metáfora da maneira como o corpo feminino estava sendo representado e construído na sociedade venezuelana daquele momento. Palavras-chaves: Teresa de la Parra, Escritura feminina, Las memorias de Mamá Blanca Resumen Este ensayo analiza la manera en que el cuerpo femenino se representa en Las memorias de Mamá Blanca de la escritora venezolana Teresa de la Parra. Considero esta representación desde varios puntos de vista, principalmente desde la perspectiva de la novela como alegoría de la construcción de la nación venezolana y también de * Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em outubro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 185-194, 2005 185 Stephen M. Hart la gran nación latinoamericana en las primeras décadas del siglo XX, basándome en el estudio de Doris Sommer, Foundational Fictions: The National Romances of Latin America (1991). Un examen del texto muestra que contiene muchos espacios de tensión y ambigüedad; son los espacios donde el sentido parece desaparecer. La imagen de “truncamiento” se interpreta en este ensayo como una metáfora de la manera en que el cuerpo femenino se representa y se construye en la sociedad venozolana de aquel entonces. Palabras claves: Tereza de la Parra, Escritura femenina, Las memorias de Mamá Blanca Abstract This essay looks at the manner in the female body is portrayed in Las memorias de Mamá Blanca by the Venezuelan novelist Teresa de la Parra. I look at this idea from a variety of vantage points, but mainly from the perspective in which the novel is seen as an allegory of nation-building in Venezuela and by extension Latin America in the early decades of the twentieth century, taking my lead from Doris Sommer, Foundational Fictions: The National Romances of Latin America (1991). Close inspection reveals that this literary text contains a number of gaps or spaces of ambiguity and tension; there are junctures in the text where not everything seems to add up. Truncation of the text at certain key junctures is read in this essay as a metaphor of the ways in which the female body is portrayed in contemporary Venezuelan society. Keywords: Teresa de la Parra, Women´s Writing, Las memorias de Mamá Blanca *** In this essay I want to address the notion of the symbolic nature of the female body as presented in Las memorias de Mamá Blanca (1926) by the Venezuelan novelist Teresa de la Parra. I want to look at this idea from a variety of possible points of view, but mainly from the perspective in which the novel is seen as an allegory of nation-building in Venezuela and by extension Latin America in the early decades of the twentieth century1. It is important to look at the “Advertencia” closely, since on inspection it contains gaps or spaces of ambiguity and tension, junctures in the text which not everything seemed to add up, which may explain 186 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de Mamá Blanca why it was often rejected by male critics (GAMBARINI, 1990). We notice, for example, that the text which we are now reading should not, in fact, have been published since Mamá Blanca asked the young girl—in effect, the editor and an alter ego of Teresa de la Parra—not to publish it. But she did. And not only that, she decided to edit it brutally, in the process cutting out all the beauty and spontaneity of the original; all the “butterflies” as she calls them. And the editor does not pass up the opportunity to mock her readership, those people who are used to “stuffy” books, and would in any case she says with delicious irony, be dreadfully bored with a text that was spontaneous. In this we see that she is a spirit kindred to Sor Juana; she is in her “Advertencia” in effect hollowing out from within the male abode of literature, finding a room of one’s own, a woman’s space 2. Furthermore there is an ambiguous reference in the hermetic text, “el esplendor del texto hermético”, and in particular to the act of opening up a sacrosanct space: “hasta abrir siete puertas con siete llaves de oro”. Again like sor Juana, the narrator makes some pointed comments about the way that Eve always seems to bear the blame for the ills of the world. Her text in a sense can be seen, as we shall see, as a re-writing of the male script of creation and, also, of nation creation. The prologue alludes to how the text is a truncated version. She simply took, she says, the first 100 pages of Mamá Blanca’s account. This could be seen as a cop-out, a recourse to the deus ex machina used in classical theatre (I’m bored and I want to end this story now), but it can also be read alternatively as a metaphor of the ways in which women’s lives are (were) truncated. As soon as they leave the paradise of the sugar cane plantation called Piedra Azul, everything goes wrong – they have to deal with money, with real people, their authority is questioned, etc. The arrival in Caracas is like a re-writing of the Fall. It is a fall from grace. The story stops just as it seems about to begin, and this is a very direct way of showing how this happens in women’s lives.3 So far, so good: we have looked at the story as a projection of the lives of some young women in Venezuela at the turn of the jul./dez. 2005 187 Stephen M. Hart century, and seen it as a feminist tale of the women’s fall from grace. There is, however, another way of looking at this story, and this is in terms of the nation-building allegory. There are a number of pointers in the text which suggest that this level exists, or rather is hinted at. I’ll begin with a quote from the end of chapter 1: “Bajo la presión de la mano de Evelyn en mi brazo, mi cuerpo caminaba sin hacer resistencia. Pero mi alma independiente, mi alma intangible, a quien Evelyn no podria agarrar por un brazo ¡resistía!” (PARRA, 1982, p. 335).4 Here we have a sense of the narrator’s body, and immediately we are introduced to a split between that body and her soul. Whereas her body is unable to resist, her soul is. This immediately introduces the idea that the body can have a symbolic meaning, similar in some ways to the soul that we hear about in Sab, but it can also have another interpretation5. There are some indications in the text that Juan Manuel may be seen as a projection of Simón Bolívar. Don Manuel is quite a distant figure, almost god-like in his removal from the events of everyday life, and yet, a very strong image is created of his being similar to Simón Bolívar at the end of the first chapter “Blanca Nieves y Compañía”: “no venía a ser más sensible a nuestras almas que la de aquel Bolívar militar...” (PARRA, 1982, p. 328). In case we were to think of this reference to the historical backdrop being a one-off, we have a rather unusual reference to Mamá as Napoleon: “yo aseguro que Mamá y Napoleón se parecieron mucho” (PARRA, 1982, p. 329). There is also a reference to Mamá Blanca attempting to place each of her daughters in different places, just like Napoleon did, which means that we need to interpret the daughters in a political sense as well. The text is important to point out that their conquest is a different kind of conquest, and yet—the text implies—it is just as important. We might be reminded here of Pedro José Figueroa’s picture of Simón Bolívar, Liberator and Father of the Nation of 1819; the nation is a young woman, and Bolívar is the father of that nation6. So perhaps the six daughters can be seen in terms of the new independent nation. And here is the problem—there are six of them. This might be a veiled reference to the splitting up of the 188 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de Mamá Blanca Spanish viceroyalties during the Independence movement. We have a hypothesis; let’s see if we can test it alongside other pieces of evidence in the text. There are other characters who might be taken as allegorical figures representing historical events or important key players of the times. The primo Juancho seems to be a clear symbol of the ineffectual Liberal party during the nineteenth century, ranting and raving about the faults of his conservative enemies, but always being broke and getting nothing done. It is a devastating and unfortunately true depiction of the Liberal Party in Venezuela during the 19th century, and elsewhere in Latin America. Evelyn, the English maid, is an image of the kindly but essentially ineffectual role of the British during the nineteenth century. Vicente Cochocho is the jack of all trades “criollo”, brilliant at so many tasks, farmer, teacher, odd-job man, sugarmaster, irrigation master, doctor, apothecary, funeral director; though again, essentially ineffectual: jack of all trades, master of none. The “criollo” in nineteenth century Spanish America was not part of a professionalised elite, and soon found itself out of sorts during the Industrial Revolution when Britain and other nations began to pull ahead. Vicente Cochocho, “criollo” jack of all trades, master of none. He refuses to get married, instead carrying on a scandalous relationship with two women on the estate, Aquilina and Eleuteria, which is described as “free love” (PARRRA, 1982, p. 371). The narrator says it was “platónico sin duda” (PARRA, 1982, p. 37), but we know this to be a lie. The important point here is that he will not produce a future heir. The implication is that Latin America via the criollos will not produce an heir. This idea is suggested as well by the way in which Blanca Nieves interprets the love story of Paul et Virginie: “Mamá, que llueva muchísimo, que crezca el río, que se ahogue la niñita y que se muera después todo el mundo” (PARRA, 1982, p. 338).7 Blanca Nieves does not want there to be a Prince Charming. She wants the girl to die before he turns up. If we use this allegorizing reading (the novel is a roman à clé about the nation-building process), what happens when we take this reading and apply it to the conclusion of the novel, always the jul./dez. 2005 189 Stephen M. Hart most significant in terms of the creation of the work of art’s ideology. We have already suggested that Las memorias de Mamá Blanca can be interpreted as an allegory of the way that the female world disintegrates when it comes into contact with the male world of the city (in this case Caracas). And what is worse, is that once they have lived in the city, they can no longer return. Can this idea be applied to the reading of the novel as an historical allegory? I think it can. For what these same components could now be seen to contain is a veiled reference to the failure of patronymic politics, the failed project of nationhood in Venezuela, the failure of men such as Bolívar to produce a nation which is able to go forward, men’s failure to produce a future. I am not suggesting somehow that this novel can only be interpreted in one way: ie either as a straightforward account of Teresa de la Parra’s memories of how happy she was as a child in a sugar plantation in Venezuela; or as an allegory of the fall of mankind from grace; or as an allegory of women’s expulsion from their feminine Eden; or as an allegory of the failure of patronymic politics in the nineteenth century; or of the failure of the nationbuilding project in nineteenth-century Latin America. In fact the novel can “mean” all of these different things, and perhaps some are stronger readings that others. Remember that Teresa de la Parra, or rather the editor in the “Advertencia”, refers to the way in which there are seven keys: could this mean there are seven different interpretations? Could it also be a lesbian text, though veiled, as Sylvia Molloy suggests in her important reading of the novel?8 What I would like to propose is that Las memorias de Mamá Blanca is a palimpsestic text; that is, it is a text of various levels. Thus, whenever you feel that you are simply reading a text as a naturalist story, you suddenly see a new level emerge such that it becomes a set of sliding mirrors, or Russian dolls. In conclusion I wish to refer to three significant points within the text. The first concerns the point in which the children are being chastised for being naughty, and then they burst into tears: Violeta 190 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de Mamá Blanca is punished for teasing Blanca Nieves, and is told to sit on a chair for an hour, but then the scene seems somehow to change into an auto-da-fe: El auto de fe seguía su curso cruel. En su inclemencia Mamá era el gran inquisidor; Evelyn era el verdugo; yo, el el infame delator, y Violeta, la desalmada Violeta, el pobre hereje que se achicharaba antes las miradas infamantes del público, cómplice también y también verdugo (PARRA, 1982, p. 344). The metaphor gradually begins to take over the story, such that we almost begin to forget the real story (a little girl is being punished) and “see” the metaphor: the heretic is burning in the flames. The metaphor continues into the next segment of text, and this leads to Blanca Nieves beginning to cry as well. The important point to underline here is the ease with which the characters are allowed to be transformed into figures of a far-away historical drama. But this is not unique. The novel does this a lot; it is a slippery text, one level slides into another in a rather dizzying array of self-refracting levels. Even the most innocent of details may not be so innocent. Thus when much is made of the fact that, of all the daughters, Blanca Nieves is the only one with straight hair—the other all have curly hair: “pero ¿de donde sacarías tú el pelo tan liso, Blanca Nieves, mi hija querida?” (PARRA, 1982, p. 333). Here we can raise the possibility that the image of femininity—on a stereotypical level that of hair—is also an image of non-issue, of curling back into itself, of refusing to accept the city, an idea which is echoed on the level of the text which is itself truncated, non-linear, curling back into itself, and indeed, holding its true secret within. For after all, what is the word that Violeta says in the chapter that describes the end of the sugar cane plantation “Se acabó trapiche”, and in effect spells the end of their prelapsarian existence: Al comprobar el hecho, Evelyn dijo con autoridad: — Violeta, dame cuchillo. jul./dez. 2005 191 Stephen M. Hart Violeta contestó: — No. La autoridad de Evelyn pasó de las palabras a los hechos. Agarrando a Violeta por la muñeca, con la mano que le quedaba libre le quitó el cuchillo en un segundo. Violeta, sorprendia y desarmada, la miró con insolencia y en defensa propia y voz muy clara: !.....! !Zas! Un calificativo inesperado, rotundo, soberbio, muy bien acordado en cuanto a género y nmero; una sola palabra nada más (PARRA, 1982, p. 377). As we subsequently find out, however, this spells the end of the “trapiche”. Yet we will never know what the word is. The suspension points are paradigmatic of this novel, a work in which much is left unsaid, much hinted at, but never made explicit. Teresa de la Parra’s fiction is, like that of Machado de Assis, as important for what it misses out as for what it ostensibly says….9 Notas 1 In this I will be drawing on the research of SOMMER, 1991, MEYER, 1983, and MASIELLO, 1985. 2 For further discussion of sor Juana’s re-writing of the male canon, see HART, 1999, p. 48-51. 3 A similar argument has been made of Ifigenia as a truncated bildungsroman; see AIZENBERG, 1985. 4 All references are to PARRA, 1982. 5 For further discussion of the symbolic role played by Sab’s soul in Gómez de Avellaneda’s novel, see DAVIES, 2001, p. 28: “Although Sab’s body is freed, his body remains enslaved.” 6 See HART, 2005, p. 347. The oil painting is reproduced at p. 344. 7 For further discussion of the role played by Paul et Virginie in Parra’s text, see KING & HART, 2005, p. 60-61. 8 See MOLLOY, 1995, and 1999. 192 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de Mamá Blanca 9 I have pursued a similar argument with regard to Machado de Assis’s novels, in particular in my forthcoming essay, “Four Stomachs and a Brain: An Interpretation of Esaú e Jacó”. ROCHA, João Cézar de (Ed.). Companion to Machado de Assis. Bibliography AIZENBERG, Edna, “El Bildungsroman fracasado en Latino América: el caso de Ifigenia”. Revista Iberoamericana, 51, 1985. DAVIES, Catherine, “Introduction”. Sab. Manchester: Manchester University Press, 2001, p. 1-28. GAMBARINI, Elsa Krieger. “The Male Critic and the Woman Writer: Reading Teresa de la Parra’s Critic”. The Feminine Mode: Essays on Hispanic Women Writers. VALIS, Noel & MAIER, Carol. Lewisburg (Eds.). PA: Associated University Presses, 1990. HART, Stephen. Companion to Spanish American Literature. London: Tamesis, 1999. HART, Stephen. “Blood, Ink and Pigment: Simón Bolívar as Proteus”. Bulletin of Spanish Studies. LXXXII, 4-5, 2005, p. 335-52. 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Obra: narrativa, ensayos, cartas, selección. Estudio crítico y cronología de Velia Bosch y Julieta Bombona. Caracas: Ayacucho, 1982. SOMMER, Doris. Foundational Fictions: The National Romances of Latin America. Berkeley: University of California Press, 1991. jul./dez. 2005 193 Género e identidad transcultural. Perspectivas anglosajonas sobre el Caribe y América Latina en el siglo XIX Carmen Ramos Escandón CIESAS.México, D.F (Centro de Investigaciones y Estudios Superiores en Antropología Social) Resumo Este artigo analisa o processo de criação discursiva sobre a natureza caribenha e latino-americana através do livro para adolescentes Three Vassar Girls in South America publicado em Boston em 1885. O espaço imaginado da realidade americana esta construído pela autora Lisie W. Champney a partir do olhar assombrado das jovens viajantes. Assim, a voz da mulher é o narrador que se assoma à alteridade do espaço geográfico cujo exotismo fascina as jovens leitoras. Palavras-chaves: Viagens, Mulheres, Século XIX Resumen Este articulo analiza el proceso de creación discursiva sobre la naturaleza caribeña y latinoamericana a través de un libro de viajes para adolescentes publicado en Boston en 1885: Threee Vassar Girls in South America. El especio imaginado de la realidad americana esta construido por la autora Lisie W. Champney, en la mirada asombrada de las jóvenes viajeras. Así, la voz de la mujer es el narrador que se asoma a la otredad del espacio geográfico cuyo exotismo fascina a las jóvenes lectoras. * Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em novembro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 195-207, 2005 195 Carmen Ramos Escandón Palabras claves: Viajes, Mujeres, Siglo XIX Abstract This article explores the narrative discourse through which the Caribbean and Latin American nature is build in a travel book for teenagers. The book Three Vassar Girls in South America, published by Lisie W. Champney in Boston in 1885 builds an imaginary reality through the surprised gaze of three young women. Thus, the voice of women is here the narrator who glances at the otherness of the American geographical space, this exotic regard fascinated the young readers at the time. Keywords: Travel, Women, Nineteenth Century *** La vieja tradición de la literatura viajera que en el caso hispanoamericano se inaugura con la conquista misma, se vio fortalecida en el siglo XIX con la inclusión de una nueva voz, la de las mujeres viajeras. En efecto desde las muy conocidas cartas de la marquesa Calderón de la Barca, (Frances Erskine Inglis) esposa del primer embajador español en México y publicadas en 18431, los escritos de Maria Graham2 sobre Brasil y Chile, hasta las memorias de Ethel Tweedy la incansable viajera y crítica social que viajó a México a fines del siglo XIX.3 Ambas son de los mejores ejemplos de cómo la voz femenina ganó un lugar importante en la literatura de viaje de la época. No era para menos, hacia el fin de siglo las mujeres excepcionales empiezan a interesarse por otros países, a ampliar sus horizontes intelectuales, a enfatizar su instrucción. Para aquellas mujeres de la clase alta, el manejo de idiomas y posibilidades de viaje, les permite, asomarse a otros mundos, a espacios diversos que superan el estrecho mundo de la domesticidad y la crianza de los hijos. Más aun, son este tipo de nuevas mujeres quienes constituyen las principales lectoras de este tipo de literatura. Son mujeres excepcionales para su momento histórico, dado que el discurso prevalente sobre la conducta femenina presupone una liga 196 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Género e identidad transcultural. Perspectivas... fundamental entre las características femeninas y el papel social de la mujer, entregada a la domesticidad.4 En especial, es entre las mujeres de habla inglesa, largamente familiarizadas con el hábito de la lectura y la escritura de cartas a amigos y familiares, en donde la literatura de viaje tiene su más alta expresión. Las autoras, como las lectoras son mayoritariamente mujeres. Un ejemplo de este tipo de literatura es el analizado aquí. Se trata de un libro que bien podría inscribirse en lo que Tamara Hunt y Micheline Lessard5 llaman “la mirada colonial”, es decir, aquella perspectiva en donde priva la falta de información, el acento en el exotismo, el uso de la narrativa como espacio de fascinación de y de construcción del “otro”, La peculiaridad consiste en que se trata de literatura para adolescentes o jóvenes. Este tipo de perspectiva se inscribe en lo que Edward Said ha señalado a propósito de la perspectiva sobre “el otro”.6 La novedad radica aquí en que “el otro” tradicional, es decir la mujer, resulta aquí la constructora de la fascinación exótica, pues se trata de un libro publicado por una autora, prolífica escritora de literatura viajera donde los personajes son jóvenes mujeres. También fue una articulista popular que escribió en algunas de las revistas más importantes de la época como Harper’s New Montly Magazine, Scriber`s Magazine, The Galaxy, The century entre otras7. En efecto el presente trabajo rescata un pequeño libro publicado por Lizzie W. Champney en Boston, en 1885, Three Vassar Girls in South America.8 El libro, con amplias ilustraciones sobre los lugares visitados, ejecutadas por el marido de la autora James Wells Champney, pintor nacido en Boston en 1843. Se trata de un ameno relato en donde tres mujeres jóvenes hacen el viaje en compañía de los padres de Delight Holmes, una de las viajeras. Su padre, un profesor de botánica va en busca de especímenes raros y su esposa le acompaña. En él barco conocen a un joven médico, el Dr. Stillman, a un fotógrafo y a un brasileño que vuelve a su país. Al relato de las peripecias de viaje se suma una trama policíaca, pues al embarcarse los viajeros reciben la noticia de que sospecha que un famoso estafador irá a bordo del mismo barco, dando lugar a que las viajeras sospechen de jul./dez. 2005 197 Carmen Ramos Escandón cada uno de los personajes a bordo. Será una de las jóvenes viajeras la primera en descubrir la falsa identidad del personaje. Las tres mujeres jóvenes son estudiantes del prestigioso colegio Newyorkino de Vasaar College, hasta hoy uno de los mejores, más prestigiosos y caros colegios para mujeres en el este de los Estados Unidos, que solo recientemente admitió la presencia masculina entre sus aulas9. El libro está dirigido a un público lector adolescente, o joven, mayoritariamente femenino que puede fácilmente identificarse con las viajeras, cuyas personalidades y temperamentos varían enormemente. Todas tienen en común un deseo de aventura y exploración, pero mientras una está invitada como acompañante de las otras dos, los dos restantes: Victoria Delavan y Delight Holmes son mujeres de familias pudientes que pueden fácilmente solventara el gasto del viaje. El padre de una de ellas, el Prof. D necesita ir a América Latina para completar sus colecciones botánicas y animales. Maud la invitada, se interesa por la pintura y pasa una buena parte del viaje haciendo ilustraciones de los tipos físicos de la región, o de los lugares visitados. El ritmo de la narrativa viajera es tradicional, se inicia con la invitación al viaje y continúa a lo largo de un recorrido que incluye Las Islas Vírgenes, Brasil, en especial la zona de las amazonas y cruzando la cordillera culmina en Cuzco y Quito. El interés de esta curiosidad bibliográfíca, radica, a mi manera de ver, en la posibilidad que nos brinda de conocer como se veía a una región tan vasta y tan variada como la América del sur, desde la perspectiva de tres jóvenes norteamericanas a fines del siglo XIX. Se trata pues de explorar como la autora construye la mirada femenina de las jóvenes, protagonistas de esta pequeña saga y dirigida a lectoras muy semejantes a las viajeras mismas. La autora prolífica escritora de este tipo de literatura, fue una alumna de Vassar College. El relato se apoya en la supuesta inocencia y naivite de los personajes, femeninos, que sin embargo, son el eje de la construcción de un imaginario sobre el territorio exótico que significa la América del sur para el público joven de su país. 198 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Género e identidad transcultural. Perspectivas... Si Mary Louise Pratt ha establecido que el libro de viaje significa la creación de una zona de contacto entre los dos mundos presentes, el del viajero explorador o narrador y el del espacio explorado en la narración,10 este pequeño libro, puede colaborar a descubrir, con la mirada que aprovecha la perspectiva de mas de un siglo, el universo cultural que sobre el Caribe y América Latina se ofrece a las jóvenes norteamericanas de la época y colaborar a descifrar las múltiples capas de procesos de interpenetración cultural y formación de identidades. Se trata de asomarse a la versión que sobre el Caribe y Latinoamérica podrían tener las lectoras que buscaban en la literatura de viaje, un espacio de alteridad a su realidad especifica. Sin embargo, el libro esta construido de tal manera que pretende una supuesta veracidad sobre el relato apoyándose en la cita de autores de la época. Además de las viajeras, hay otros viajeros a bordo, cada uno con una característica o interés personal. El Prof. Holmes un botánico que viaja con el propósito de investigar las plantas de la región. El Dr. Stillman pretende añadir los conocimientos locales sobre medicina y herbolaria, a la ciencia. El botanista y el médico representan el contacto entre el conocimiento occidental, reputado como científico y lo que en ese momento se llaman simplemente “remedios nativos” cuya eficacia se prueba en el tratamiento del viejo profesor que cae víctima de una misteriosa enfermedad. Al respecto debemos recordar que en efecto, los recursos y conocimientos sobre el empleó de los recursos naturales latinoamericanos, tiene una larga tradición en el comercio europeo. Baste recordar el palo de Brasil, la cochinilla y desde luego el guano peruano. En este caso se mencionan específicamente la Jacaranda, el palo de rosa, el palo santo o palisander la Moracoatidra o madera de cebra, el pao d’arco, la tuya, cedros y laureles (p. 35), así zarzaparrilla y el “peruvian bark” es decir la quina.11 Las maderas se mencionan de modo particular y se supone que serán exportadas a los Estados Unidos. El interés por los recursos naturales de la región, no debe sorprender, estamos en plena expansión del jul./dez. 2005 199 Carmen Ramos Escandón capitalismo imperialista, que se sustenta en la integración de las regiones de económicas de autosuficiencia a la esfera del intercambio monetario mundial. Se trata pues de reforzar la perspectiva que considera a Latinoamérica como un continente proveedor de materias primas, de recursos y aun de conocimientos herbolarios que supuestamente ayudaran a la transformación de la región. El interés por las costumbres y productos regionales en este caso se describe a través de los ojos inocentes de las viajeras, que sucumben a las delicias de las frutas y comidas locales: mango, plátanos, queso flameado, guayabas, pinas naranjas, (p. 38-39) a la vez que sueñan con la explotación de productos locales que aumenten el comercio con su país. En cambio el interés por los acontecimientos locales, por la historia de la región, por las costumbres locales es prácticamente nulo. Salvo la conquista y la leyenda negra que culpa a España, hay una mínima atención a la cultura de la región. Es la fascinación con la realidad geográfica, lo que prevalece. La Geografía real, la realidad imaginada La travesía comienza de algún puerto norteamericano pero la primera parada son las Islas Vírgenes.12 La descripción de la ciudad y la montaña, no aparece, simplemente se refieren a ella como la New Jerusalem y su belleza resulta tan supernatural que obliga a derramar lágrimas (p. 30). En la descripción del paisaje prevalece pues una perspectiva embelesada, de romanticismo que idealiza la naturaleza de la región como un espacio de idealidad, una especie de paraíso terrenal, una zona de perfección fuera de la historia, en donde nada ocurre. De hecho el argumento de la narrativa, no toma en cuenta el lugar en lo absoluto. El interés por los sitios que van visitando se justifica por la belleza natural descrita con admiración y hasta arrobo. La narrativa se apoya en los peligros locales para añadir emoción al viaje. Los acontecimientos locales, no interesan, los lugares son bien dignos de mención por sus tipos físicos, por el colorido de las plantas, por el exotismo de una naturaleza virgen. 200 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Género e identidad transcultural. Perspectivas... La descripción de las áreas que recorren los viajeros está apoyada con la imagen de los grabados que ilustran el libro.13 Esta es, a mi juicio, una de las partes más valiosas de libro, la diferencia entre la descripción verbal de las regiones y la forma en que se ilustra la región misma. Los grabados son particularmente dramáticos en la representación de lugares naturales que significan una posible amenaza. Es el sentido virginal de la naturaleza el que se enfatiza como un espacio ignoto, como un territorio no tocado aún por la cultura occidental. La selva amazónica, con sus peligrosos animales y las inhóspitas regiones de la cordillera andina, se resaltan como los sitios amenazantes cuyo riesgo yace precisamente en su falta de incorporación a la mirada europea. El sentido de aventura, de riesgo inminente con que se representa la geografía en esta perspectiva, no puede menos que darle un cierto sentido épico a la narración, un acento en la aventura del descubrimiento, en la mirada doblemente virginal de las protagonistas. Virginal desde su condición de mujeres célibes y desde su condición de norteamericanas para quien la otredad de los lugares visitados aumenta su atractivo. Se trata del uso de una doble alteridad, la de la mujer en cuanto que mujer y la de la otredad discursiva de que son limitadas las ocasiones en las que las mujeres tienen el acceso a la palabra y a la narración. El libro está escrito por una mujer, desde la perspectiva que describe a tres intrépidas viajeras y más aun propone una alternativa de mujer intrépida, valiente, que conscientemente rechaza el matrimonio como único espacio de realización posible. Los personajes están más cerca de la “Gibbson girl” que de “El ángel del hogar”.14 Aquí, es en los personajes femeninos, en donde la autora radica las virtudes de la observación, la perspicacia y aun de la temeridad física. Son estas tres mujeres el héroe de la narración y su heroicidad esta dada por la originalidad de sus acciones y pensamientos, por la pertenencia al selecto grupo de mujeres de Vassar College, quienes afirman su individualidad lejos de la trillada esfera del matrimonio, para fincarla en la audacia de sus conductas. jul./dez. 2005 201 Carmen Ramos Escandón Por ejemplo en uno de los pasajes más emocionantes de libro, una de las protagonistas se aventura sola en la noche, al paraje desierto de donde brota una fuente de agua. En el trayecto es sorprendida por un leopardo, es en este momento que es salvada por el joven doctor que acompaña al grupo de viajeros. A pesar de su agradecimiento, el narrador establece que la joven en ningún momento pierde la calma. Naturaleza y veracidad La otra forma de justificar la credibilidad de la narración es a través de la enunciación y descripción de los productos naturales de la región o de las variedades botánicas de las plantas mencionadas. En este sentido esta mencionada la Jacaranda, la Moraicoatida, la Palisades, que es, supuestamente el Palo santo, una madera morada, que será introducida en los Estados Unidos. Esta es una característica del libro que no puede pasarse por alto, pues es la parte que más cercanamente toca la realidad de lo que era la Latinoamérica de la época y la relación entre los Estados Unidos y Latinoamérica. En esta perspectiva el Caribe y Latinoamérica parece como el sitio proveedor de materiales, productos, exóticos, nuevos, y que eventualmente significaran un comercio importante con los Estados Unidos o Europa, los compradores naturales. En ese sentido son varios los productos que aparecen me mencionados tales como el caucho, el chocolate, un cierto fríjol misterioso que sirve para las dolencias de ojos, el curare, cuya celeridad para matar no conoce antídoto. En el mismo sentido se menciona el así, una palma de la que se hace una especie de helado, que se dice, es sumamente refrescante (p. 39). Un espacio especial de fascinación son las frutas tropicales, los montones de pinas, mangos, plátanos y naranjas resultan tan exóticos cuan apetecibles. La escripción de los platos, sabores y olores locales añade interés la narración y sirve para difundir el conocimiento sobre los productos. 202 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Género e identidad transcultural. Perspectivas... La idea del viaje está usada como espacio de transformación interna y externa. Las jóvenes viajeras aprenden a conocer sus capacidades e intereses y en el descubrimiento de su propia forma de ser se sostiene el interés de la narración que presenta situaciones límite, a las que ellas deben responder. Los peligros de la naturaleza, el abandono de los sirvientes que les sirven de guía, la doble personalidad del brasileño dueño de la finca en que se albergan inicialmente y que resulta ser el estafador mencionado al inicio, son espacios y situaciones que permiten un cierto desarrollo de los personajes que se da paralelo a la exploración y conocimiento de las diferentes regiones. Hay sin embargo, una cierta falta de realidad y contraste entre lo que era la experiencia viajera de principio de siglo y la de este momento (1885). En ningún momento las viajeras se ven en peligro por el viaje mismo, lo que lo limita son la falta de recursos, la falta de mano de obra nativa que sirva de guía, pero no la prevalecía de la fuerza de la naturaleza sobre las posibilidades de los viajeros. Ello no obstante, la fuerza de la naturaleza virgen parece sobre todo en los grabados que ilustran el libro en lo que se refiere a la zona andina. Las cordilleras, las cataratas los ríos, es decir la naturaleza misma, se presenta como una amenaza, a veces infranqueable. Hay pues una dicotomía entre la narrativa y la ilustración que aparece mucho más temible que lo que la acción misma describe. La naturaleza es el gran espacio a conquistar, el espejo de la otredad desde la forma de vida occidental que representan las viajeras. El sentido épico del libro pasa por la conquista de la naturaleza, así sea únicamente en la capacidad de observación y recorrido del área. La amenaza de la naturaleza resulta aquí un sitio de riesgo, de espacio a dominar, cuya fascinación y exotismo es el acicate del viaje mismo. Hay además un triple juego con la represtación de la naturaleza. Los grabados la muestran abrupta, inconquistable, pero la narración nos habla de la facilidad con que se representa por partida doble. El fotógrafo que viaja con el grupo, la toma en su cámara instantánea y Maud, una de las viajeras y jul./dez. 2005 203 Carmen Ramos Escandón personaje central del libro, toma sus apuntes de las bellezas naturales y los tipos físicos de la zona, en una especie de interpretación personal de la región. Es la capacidad de observación de la joven que le desarrolla su facilidad para pintar lo que le permite descubrir la doble personalidad de uno de los viajeros, El Sr. Silva quien es en realidad un estafador huyendo de la policía. Así, la observación de la naturaleza desarrolla en Maud, capacidades insospechadas de autoafirmación e intereses mas allá de lo doméstico, pues al fin del viaje decide estudiar medicina. El libro supone una doble conquista, la de las viajeras para superar los peligros que les plantean la naturaleza y la de su propio autoconocimiento, que las lleva a la aumentada confianza en sus propias capacidades. Se trata pues de un libro que pretende ser formativo para sus jóvenes lectoras, en su momento, seguramente aspiró a ser un testimonio o, por lo menos, una visión que al describir una realidad muy diferente de la de Vassar College y la clase acomodada que allí se educa, abría las puertas a una perspectiva más amplia, más cosmopolita para las jóvenes. Resulta así un instrumento didáctico para las jóvenes y un espacio de autoafirmación para la autora, una de las pocas voces femeninas sumamente exitosa en la construcción de un espacio de expresión propia. Sus numerosos artículos y libros así lo confirman. En su conjunto, como objeto material el libro anuncia, desde su portada, el exotismo de su contenido, con las tres jóvenes alrededor de una hamaca. Así, puede decirse que este pequeño relato constituye un doble testimonio. Por una parte, se trata de una estética de la naturaleza tradicionalmente vista desde la feminidad. La naturaleza es el especio de la otredad exótica a la que muy pocas mujeres tenían acceso en su momento. Otro testimonio acaso aun más importante, es el de dar voz a un imaginario femenino en donde prevalecen la autoafirmación, la aventura y la osadía, frente a las conductas, tan insistentemente prescritas de la sumisión y la domesticidad. 204 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Género e identidad transcultural. Perspectivas... Notas 1 La edición original no consigna el nombre de la autora, solamente las iniciales de su nombre de casada. Mme. C de la B. Life in México, During a Residence of Two Years in that Country. Boston: Charles C. LITTLE and James BROWN,1943. La edición londinense dice Madame C. De la B. Life in México During a Residence of Two Years in that Country. London: Chapman and Hall, 1843. With a Preface by William H. Prescott. En español la edición mas completa es la de Felipe Teixidor. Tampoco allí se consigna el nombre de soltera de la autora. Madame Calderón de la Barca. La vida en México durante una residencia de dos anos en ese país. México: Editorial Porrua, 1959. Traducción, prólogo y notas de Felipe Teixidor. 2 GRAHAM CALCOTT, Maria. Journal of a Residence in Chile During the Year 1822. Londres: Longman et al. /John Murria, 1824. Para una lectura interpretativa de la significación de sus escritos en comparación con Flora Tristan ver PRATT, Mary Louise. Ojos imperiales. Argentina: Universidad de Quilmes, 1997, p.275288. 3 Ethel Tweedie (Mrs. Alec Tweedie) escribió varios libros sobre viajes, con un toque de crítica social. Sobre México escribió: Mexico as I saw It. New York: Mc. Millan, 1901. The Maker of Modern Mexico: Porfirio Diaz. New York L. Lane, 1906, Mexico: From Diaz to the Kaiser. New York: G Doran, 1918. También publicó America as I saw It or America Revisited. New York: Mac Millan, 1913. 4 Vease GORDON, Felicia. The Integral Feminist: Madeleine Pelletier 1874-1939. Mineapolis: University of Minessota Press, 1990, p.20. 5 HUNT, Tamara y LESSARD, Micheline R. Women and the Colonial Gaze. New York: Washington Square Press/New York University Press, s/d. 6 Said, Edward. Culture and Imperialism. London: Chatto and Windus, 1993. 7 La mayoría de sus trabajos están conservados en la biblioteca de la Universidad de Cornell, en Ithaca, New York. 8 CHAMPNEY, Lizzie W. Three Vassar Girls in South America. A Holiday Trip for Three College Girls Through the Southern Continent up the Amazon, Down the Madeira, Across the Andes, and up the Pacific Coast to Panama. Boston: Estes and Lauriat Publishers, 1885. El libro pertenece a la serie Three Vassar Girls, una serie para adolescentes que registra 11 titulos: Three Vassar Girls Abroad. Boston, 1883; Three Vassar Girls in England, (1884); Three Vassar jul./dez. 2005 205 Carmen Ramos Escandón Girls in South America (1885); Three Vassar Girls in Italy (1886); Three Vassar Girls on the Rhine (1887); Three Vassar Girls at Home (1887); Three Vassar Girls in France (1888); Three Vassar Girls in Russia and Turkey (1889); Three Vassar Girls in Switzerland (1890); Three Vassar Girls in the Tyrol (1891); Three Vassar Girls in the Holy Land (1892). Además escribió la serie Witch Winne entre 1889 y 1898. Como la serie de las chicas de Vassar, los personajes viajan y visitan España, Venecia, Holanda, etc. Su otra incluyo también biografías de mujeres coloniales norteamericanas: Dames and Daughters of Colonial Days. New York, 1900. Además de numerosos artículos en revistas y publicaciones periódicas. Vease <http:// readseries.com/auth-bc/champbio.html>. 9 Yo adquirí el libro, prácticamente de desecho en Vassar College, en Pouquispee, New York, en una barata de libros de su biblioteca, al celebrarse alli la Berkshire Conference on Women. 10 PRATT, Marie Louise. Ojos imperiales: Literatura de viajes y transculturación. Argentina: Universidad Nacional de Quilmes, 1997. 11 Vox New Collage Spanish and English Diccionary. Lincolnwood Illinois: National Textbook Company, 1992 12 Las Islas Vírgenes, descubiertas en 1500 pasaron a manos de la Danish West India Company. Los Estados Unidos tuvieron un interés estratégico en la región desde la guerra Civil Norteamericana y finalmente las compraron a Dinamarca al inicio de la primera guerra mundial. 13 Los grados fueron ejecutados por “Champ”, pseudónimo que se refiere al nombre del marido de la autora, pintor y grabador de la época, el ilustrador oficial de los libros de su mujer. 14 Se trata de dos de los estereotipos femeninos más importantes del fin del siglo XIX. El ángel del hogar es la mujer hogareña, ocupada solo de su espacio domestico, entregada a la crianza de los hijos y la complacencia del marido. La “Gibson Girl” es la nueva mujer de la época, el dial femenino hacia 1900. Vease: “The Gibson Girl, Eyewitness to history”. <httpwww eyewitnestohistory.com> que desempeña un trabajo remunerado fuera del hogar y no ve el matrimonio como única meta de su vida Bibliografía CHAMPNEY, Lizzie. Three Vassar Girls in South America. A Holiday Trip of Three College Girls. Boston: Estes and Lauriat Publishers, 1885 HUNT, Tamara; LESSARD, Micheline. Women and the Colonial Gaze. New York: Washington Square Press/New York University Press, 2002. 206 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Género e identidad transcultural. Perspectivas... MILES, Sara. Discourses of Difference. London: Routledge, 1993. ORTEGA Y MEDINA, Juan. México en la conciencia anglosajona. México: Antigua Librería de Robledo, 1955. ( Mexico y lo Mexicano, N° .22). PRATT, Mary Louise. Ojos Imperiales. Literatura de viajes y transculturación. Argentina: Universidad de Quilmas,1997. SAID, Edward. Culture and Imperialism. London: Chatto and Windus, 1993. jul./dez. 2005 207 Las narraciones de Julia Álvarez: hibridez y contexto multicultural Maricruz Castro Ricalde Tecnológico de Monterrey Resumo O objetivo deste trabalho é refletir sobre as configurações que se tecem na obra da escritora de origem dominicana, Julia Álvarez, no que diz respeito à identidade nacional e seus problemas dentro da reflexão contemporânea sobre a multiculturalidade. Neste artigo desejamos ressaltar os traços que convertem seus relatos em escrituras hibridas ao permitir neles a convivência de elementos heterogêneos e, aparentemente, incompatíveis entre si. Propomos-nos demonstrar que este recurso e de natureza metonímica. A autora lança mão dos procedimentos de narração fazendo alusão à possibilidade de colocar comunidade multiculturais, onde não existe o imperativo da mescla e da fusão. Propõe-se assim, sistemas culturais em continua interação e, deste modo, sujeitos à prováveis transformações baseadas nas experiências compartilhadas por seus membros. Palavras-chaves: Multiculturalismo, Escrituras Híbridas, Literatura Anglo-caribenha Resumen El objetivo de este trabajo es reflexionar sobre las configuraciones que se tejen en la obra de la escritora de origen dominicano, Julia Álvarez, acerca de la identidad nacional y sus enclaves en el pensamiento contemporáneo de la multiculturalidad. En este artículo deseamos resaltar los rasgos que convierten sus relatos en escrituras * Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em setembro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 209-235, 2005 209 Maricruz Castro Ricalde híbridas, al permitir la convivencia en ellos de elementos heterogéneos y, aparentemente, incompatibles entre sí. Nos proponemos demostrar que este recurso es de naturaleza metonímica. Es decir, la autora echa mano de los procedimientos de la narración en alusión a la posibilidad de plantear comunidades multiculturales, en donde no existe el imperativo de la mezcla o la fusión. En su lugar, se proponen sistemas culturales en continua interacción y, por lo tanto, sujetos a probables transformaciones, basadas en las experiencias compartidas por sus miembros. Palabras claves: Multiculturalismo, Escrituras Híbridas, Literatura Anglo-caribeña Abstract The purpose of this paper is to think about the configurations of Julia Álvarez’ literary work, a Dominican-American writer, linked to national identity and its relations with the contemporary thought of multiculturalism. We want to remark the hybridism of her writing because she puts together contradictory elements, incompatible among them, apparently, and in despite of that, they could live together. We would like to show that hybridism, as a literary strategy, is presented in order to associate the narration resources with the image of multicultural communities, in the same way that a metonymic figure. Inside those communities, it’s no necessary to melt or disappear any of its different constitutive elements. Instead, her stories propose cultural systems that interact continuously and, therefore, they could probably change, due to the shared experiences of its members. Keywords: Multiculturalism, Hybrid Writings, Anglo-Caribbean Literature *** Introducción El objetivo de este trabajo es reflexionar sobre las configuraciones que se tejen en la obra de la escritora de origen dominicano, Julia Álvarez, acerca de la identidad nacional y sus enclaves en el pensamiento contemporáneo de la multiculturalidad. Sus narraciones redefinen los componentes tradicionales del concepto de nación, los cuales aluden a ciertos elementos compartidos entre sus miembros como “[...] una historia y una ascendencia común, una lengua y cultura y una socialización 210 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Las narraciones de Julia Álvarez... compartida a través de instituciones [...]” (LÓPEZ, 2002, p. 72). Sobre todo porque las ficciones de Álvarez exhiben una gran movilidad geográfica, gracias al ejercicio de la memoria de sus personajes, lo cual permite que un sujeto que vive en un país y habla la lengua oficial de éste, sea capaz de configurar sus experiencias en él, a partir de un sistema de interpretación “ajeno” a él. Los individuos de sus ficciones están inmersos en procesos continuos de hibridación y expuestos a desplazamientos transnacionales (entre Estados Unidos y República Dominicana) que les impelen a cuestionarse sobre sus arraigos territoriales y, por extensión, cognitivos y afectivos. Sus libros entrañan siempre una mirada sobre la nación como una categoría multidimensional que sólo es fructífera, si se le considera como una noción siempre en proceso y en constante cambio, condicionada a las prácticas y a los discursos de los sujetos que la sostienen. Aun cuando mencionaremos algunos ejemplos de casi todas la obra de Álvarez y, sobre todo, de la escrita para los lectores más jóvenes, nos interesa centrarnos en dos títulos, debido a ciertas características “anómalas” presentes en ellos. Ambos, curiosamente, fueron publicados el mismo año, 2001 (en inglés, en su versión primera; idioma en el que también han sido escrito los demás textos de esta autora). Se trata de Cuando la tía Lola vino de visita para quedarse (de la colección para jóvenes lectores) y El cuento del cafecito (dirigido a un público de más edad). Los rasgos que separan a estos libros de los anteriores y los posteriores de la escritora se vinculan tanto con el género literario elegido, como con la inclusión en estas narraciones de formas del discurso que las alejan del canon del cuento largo o la novela. En este artículo deseamos resaltar los rasgos que convierten sus relatos en escrituras híbridas, al permitir la convivencia en ellos de elementos heterogéneos y, aparentemente, incompatibles entre sí. Nos proponemos demostrar que este recurso es de naturaleza metonímica. Es decir, la autora echa mano de los procedimientos de la narración en alusión a la posibilidad de plantear comunidades multiculturales, en donde no existe el imperativo de la mezcla o la fusión. En su lugar, se jul./dez. 2005 211 Maricruz Castro Ricalde proponen sistemas culturales en continua interacción y, por lo tanto, sujetos a probables transformaciones, basadas en las experiencias compartidas por sus miembros. La hibridación: recurso temático y formal How the Garcia Girls lost their Accent (1991) situó el nombre de Julia Álvarez, entre el cada vez más numeroso grupo de escritoras que escribe o publica sus primeras versiones en inglés, a partir de una mirada sobre sus lugares de origen en Latinoamérica: Sandra Cisneros, Esmeralda Santiago, Rosario Ferré o Cristina García, por mencionar algunas. Todas ellas trazan, en algún momento de su obra narrativa, sagas familiares, cuyo subtexto es tanto la historia personal como la de sus países de origen (México, Puerto Rico o Cuba). La relación entre la memoria subjetiva y la memoria colectiva bastaría para poder analizarlas desde el enfoque de su hibridez discursiva. Néstor García Canclini identifica tres procesos clave para explicar la hibridación: “la quiebra y mezcla de las colecciones que organizaban los sistemas culturales, la desterritorialización de los procesos simbólicos y la expansión de los géneros impuros” (1989, p. 264). Los primeros de ellos aparecen en la literatura de Julia Álvarez, dada su inserción en la multitud de escritores latinoamericanos que escriben sobre su país, viviendo lejos de él, fuera por largas temporadas, fuera casi toda su vida; rasgo de los autores de nuestras latitudes, desde mucho tiempo atrás: Domingo Faustino Sarmiento, José Martí, Alfonso Reyes, Oswaldo de Andrade, Julio Cortázar, Mario Vargas Llosa, Cristina Peri-Rossi, por mencionar algunos. Los productos artísticos emanados de la memoria dibujan lugares híbridos, “rediseñados por patrones cognoscitivos y estéticos adquiribles” (GARCÍA CANCLINI, 1989, p. 306) en los más diversos sitios del mundo. En el caso de Álvarez, el tópico de la hibridez cultural se despliega de manera insistente, al situar a sus personajes (algunos de ellos, posibles alter-egos de la autora) en un espacio propicio 212 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Las narraciones de Julia Álvarez... para interrogarse sobre ellos mismos y su sentido de pertenencia a una nación determinada, mediante estrategias literarias relacionadas con el desdibujamiento de los géneros literarios. Por ejemplo, Yolanda, la protagonista de su primera novela, reaparece en ¡Yo! (1997), en un juego de naturaleza intertextual e intergenérica. En el primer caso, al recurrir de nuevo a la familia García para construir su narración; en el segundo, al conferir una apariencia de realidad personal (el texto como una crónica de vida) a un escrito de naturaleza ficcional. De ello es tan consciente la autora, que en ¡Yo!, los subtítulos de los capítulos de la primera parte son géneros o subgéneros literarios o del discurso (“Testimonio”, “Poesía”, “Informe”, “Romance” y “Epístola”) y en las dos últimas partes de la novela son elementos de estructura o de estilo literarios (“Perspectiva”, “Desenlace”, “Ambientación”, “Caracterización”, etc.). El matiz lúdico de este texto arranca desde la selección del título, cuya ambigüedad descansa entre el diminutivo del nombre del personaje principal (Yo), perteneciente al orden de lo fictivo, y el pronombre de la primera persona, que nos acercaría a las distintas variaciones de las escrituras del yo. Al receptor, sin embargo, se le brinda la clave de su lectura, al titular el prólogo como “Las hermanas. Ficción”. El género ensayo ha sido también objeto de experimentación, en relación con la hibridez literaria. Un año después de haber publicado ¡Yo!, dio a conocer un nuevo título: Something to Declare. Éste surgió de la inquietud de sus lectores por encontrar respuestas directas a preguntas sobre tópicos diversos que aparecen en los escritos de Álvarez: la experiencia de la inmigración, del cambio de la lengua de origen (el español) al de la nueva patria (el inglés), la combinación de la vida como escritora, profesora y miembro de una familia: “[...] straight answers. Which is where essays start” (1999, p. xiv). Pero, en realidad, esto ni siquiera es el punto de partida de sus ensayos, sino más bien un motivo para volver a mezclar las formas discursivas (exposición, argumentación, narración, diálogo, descripción, entre otras)1, las temporalidades (los recuerdos de la infancia primera y la juventud con el presente de la escritura) y los jul./dez. 2005 213 Maricruz Castro Ricalde temas recurrentes en sus novelas previas: los vínculos entre la historia y la Historia, las preguntas sobre la identidad (entendiéndola como Jean-Luc Nancy: “the self that identifies itself” (FUSS, 1995, p. 2), la pertenencia a una nación, el significado de ser mujer y ser escritora. Como en ¡Yo!, la elección del título del libro no es una cuestión dejada al azar. Something to Declare es una forma de responder a la pregunta incluida en los formatos aduanales de muchos países y explícita en la de los formularios de entrada a los Estados Unidos. Se refiere, por lo tanto, a la experiencia del viajero, nativo o visitante, quien debe rendir cuentas al Estado sobre el posible ingreso de bienes que deben ser monitoreados: dinero, alimentos, animales, plantas, entre otros. La respuesta usual, apresurada, es “nothing to declare”. En el nombre de su libro, Álvarez incluye, dentro del espectro de aquello que no forma parte de la nomenclatura revisada por la autoridad, la experiencia de la migración, de la transculturalidad, la hibridación proveniente de llevar entre su equipaje un pasado y una memoria para aterrizar en una tierra nueva, promesa de un futuro diferente a lo conocido. El “something” le contesta al “nothing” como una manera de plantarse frente a un orden articulado por un listado de materialidades que deja fuera la esfera de la subjetividad que, a la larga, se traduce en un complejo conglomerado de prácticas y valores sociales. En el 2000, la autora se dirigió a un nuevo público, a través de la escritura: publicó en Knopf Book for Young Readers, textos para edades de un rango variado (desde niños de educación elemental hasta de educación media superior). En estos libros, los protagonistas son infantes o adolescentes que, por alguna circunstancia, deben adaptarse a un ambiente distinto al que conocen. Si en un inicio, todos ellos sienten algún tipo de exclusión, finalmente pueden realizar pactos y negociaciones que les permiten comprender su nuevo contexto y entenderse mejor a sí mismos. Todos los títulos de Álvarez en esta colección han tenido un cálido recibimiento tanto por parte de la crítica especializada como el reconocimiento de instituciones públicas y académicas2. 214 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Las narraciones de Julia Álvarez... Estas narraciones se acercan gracias a ciertos rasgos, entre los cuales deseamos destacar otro matiz propio de la hibridez discursiva: lo que Perry Anderson llama “la intersección de diferentes temporalidades históricas” o Néstor García Canclini, “heterogeneidad multicultural” (GARCÍA CANCLINI, 1989, p. 70). Esta perspectiva se basa en la idea de la coexistencia de una gran diversidad de tradiciones junto con las expresiones culturales más vanguardistas. Lo tradicional y lo antiguo no fue sustituido del todo, principalmente en lo que a las sociedades latinoamericanas se refiere, al mismo tiempo que el proceso modernizador promovía otro tipo de prácticas, usos y costumbres. El resultado ha sido la pervivencia, en un mismo espacio, de tiempos que se superponen y cuyo producto más evidente es la constitución de realidades muchas veces conflictivas y contradictorias. La obra de Álvarez recoge esta característica y sobresale el hecho de no omitirla en los libros creados para los más jóvenes. Por ejemplo, el primero de ellos fue The Secret Footprints (2000). En él, la decisión de Julia Álvarez de dirigirse a un público muy diferente al de sus exitosas novelas previas (En el tiempo de las mariposas, En el nombre de Salomé y ¡Yo!) marcó un cambio sustancial en sus estrategias narrativas, pues suspende los experimentos que había llevado a cabo, en relación con el empleo de analepsis, prolepsis y el uso de tiempos fragmentarios; la inclinación por trazar genealogías e, incluso, graficarlas; el uso de una gran variedad de géneros (cartas, diarios, poemas, crónicas periodísticas), en un mismo texto. Determinación asumida, muy posiblemente, para no confundir con este tipo de recursos a quienes tal vez se están iniciando en la literatura. Sin embargo, siguió aprovechando las imbricaciones de dos o más tramas basadas en el desarrollo de los personajes, la inclusión de hechos históricos de la República Dominicana como subtextos, cierto matiz reflexivo sobre el uso de la lengua materna y la lengua de uso (en este caso, el inglés y el español). Todo ello como una manera de entreverar las tradiciones culturales del Caribe y las de los anglosajones nacidos en Estados Unidos. jul./dez. 2005 215 Maricruz Castro Ricalde The Secret Footprints habla de las ciguapas, una comunidad de bellas mujeres que viven bajo el agua y salen por las noches, en busca de comida. La amistad de una de ellas, Guapita, con un muchacho de la isla es el núcleo de la historia. Nuevamente, Álvarez explora las relaciones entre dos culturas, dos pueblos distintos entre sí y que, sin embargo, pueden converger por la voluntad, por la curiosidad intensa que el “otro” despierta. El resultado es la convicción de lo fructífero de los acercamientos personales, pues cuando prevalecen los prejuicios colectivos, la experiencia del encuentro se vive de una manera muy diferente. Por otra parte, la autora recoge una leyenda, una narración que circula en forma oral como parte de los misterios de la isla, y la incorpora a la experiencia del presente de un niño como cualquier otro. Funde, así, las estratificaciones de lo temporal, de la misma manera que rompe las fronteras entre lo culto y lo popular, la ficción y la idea de realidad. Las utopías transformadoras presentes en los relatos de esta colección, pero también en El cuento del cafecito, son la respuesta de Álvarez sobre cómo acercar la experiencia dominicana con la estadounidense: de qué manera situar en el mismo horizonte de su escritura a dos sociedades tan diferentes entre sí, y simultáneamente complejas y multidimensionales en sí mismas. Un año después, Julia publicó Before We Were Free y, a pesar de pertenecer a la misma colección, enfocada a lectores jóvenes, aborda problemas muy similares a los de su obra previa dirigida a los adultos. Las dictaduras en Latinoamérica, el terror que invade a las familias, cuando uno de sus miembros “desaparece” o ante la posibilidad de que el “Jefe” pose los ojos en alguna de las jovencitas del lugar son una constante en sus novelas. La historia de las hermanas Mirabal (eje de En el tiempo de las mariposas) circula dentro del mundo de Anita, protagonista de Before We Were Free. Esta adolescente de doce años vive con intensidad el despertar de su cuerpo y sus afectos, de manera paralela a la incertidumbre e inseguridad de lo que ocurre en el exterior. El tema de la identidad reaparece, en la doble vertiente de los cambios de la pubertad y los 216 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Las narraciones de Julia Álvarez... de una nación envuelta en violentos acontecimientos. De manera semejante a como trabajó sus novelas de corte histórico (En el tiempo de las mariposas y En nombre de Salomé), la autora introduce lo cotidiano y lo femenino en un intento por rescribir la Historia de la República Dominicana. La mirada sobre las vidas individuales, selladas por el devenir de la vida nacional, se posa también en las alegrías juveniles del primer enamoramiento, de las amistades entre mujeres, de la complicidad familiar. La tragedia del entorno social es equilibrado por la amplitud narrativa que se le concede a los espacios creados por la solidaridad comunitaria. El texto más reciente en esta línea es Finding Miracles (2004). En él, el tema de la identidad es reelaborado, desde una óptica inversa: ¿cómo reconciliarse con el origen, si la identidad se ha constituido, en apariencia, a través de la negación de aquél? Como en varios de sus libros, el ingrediente autobiográfico deja su huella. Al igual que en Cuando la tía Lola [...], ¡Yo!, En nombre de Salomé, Vermont se despliega como el enclave, blanco y frío, que contrasta con el lugar colorido y cálido que yace en el recuerdo sobre el Caribe. Milagros debe realizar un viaje, tanto interior como objetivo, para tratar de entender si su pasado y su país de nacimiento sustentan sus raíces como sujeto. La recuperación de la historia personal y la historia colectiva se presentan con una fuerza singular en este texto, atando la veta del resto de su obra: en algún sitio entre el yo y los otros, entre el lugar de los ancestros y el sitio en el que se vive, se teje el concepto de nación. Su obra, por lo tanto, se localiza en los diversos cruces de caminos que implica la multiculturalidad, puesto que las fronteras sólo están marcadas en los desplazamientos reales. Simbolizados a través de la metáfora del viaje, en prácticamente todas sus narraciones, los personajes se trasladan del trópico hacia los Estados Unidos y viceversa. Sin embargo, esas fronteras geográficas se desmoronan en la constitución del sujeto, quien funde en la memoria lo que supuestamente pertenece a un sitio o a otro. La pérdida de referentes culturales fijos trae consigo la ganancia de nuevos paradigmas, cuya seña de identidad es la hibridez, que favorece la jul./dez. 2005 217 Maricruz Castro Ricalde copresencia de tiempos y espacios, memoria colectiva y subjetividad. El escritor trasnacional, el inmigrante que llega con una historia a cuestas, desjerarquiza las nociones de su lugar de origen, debido a esos procesos de desestructuración y resignificación que suscita el extrañamiento. Cuando la tía Lola vino de visita para quedarse y El cuento del cafecito son ejemplos de la impureza genérica, propia de los procesos de hibridación cultural, en los términos de García Canclini. Su organización formal favorece un reconocimiento sobre variados tópicos del mundo actual: la inmigración, la transculturación, la existencia de comunidades multiculturales así como los problemas aparejados con la globalización como las injusticias y la asimetría económicas, los estereotipos raciales y nacionales. En ambos casos, sin embargo, hay un desenlace que respira optimismo y sustenta la posibilidad de transformaciones sociales basadas en el compromiso comunitario. De manera mucho más marcada que en otros textos, en aquéllos, Álvarez cuestiona la manera como se construye el objeto literario, desde el enfoque de los géneros canónicos, al inscribir de modo asaz evidente, la diferencia entre el discurso narrativo, el ensayístico y el informativo, englobándolos a todos, no obstante, dentro de la misma historia. Así, Cuando la tía Lola vino de visita para quedarse culmina con un ensayo en donde explicita su interés por explorar la lengua como uno de los ingredientes de la identidad y, tal vez, el espacio en donde ésta se configura. En él, habla de las variantes idiomáticas que existen tanto en el inglés como en el español y el plan de igualdad en el que deben convivir todas ellas. Desde la perspectiva de este trabajo, la exhortación a aprender a hablar el español, aunque sea “un poquito” es especialmente relevante. A través de ella, está planteando la necesidad de la multidireccionalidad en las relaciones entre los sujetos y sus naciones. Admite en él, en forma implícita, cierto cariz didáctico, al referirse a las palabras que tal vez el lector “ha aprendido en este libro” (2001, p. 122). La idea de escribir para redimir, para “salvar” a los lectores, parece ser uno de 218 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Las narraciones de Julia Álvarez... sus empeños. Mediante la literatura y el asombro que puede despertar, dice Álvarez, es posible transformar las miradas de odio y desconfianza hacia el otro (el que no habla igual, el que pertenece a otra cultura) (1999, p. 141). La libertad de la narradora al tachar, dentro del título, de visita le permite echar mano de una estrategia tipográfica para propiciar la aparición de las dos opciones del personaje. Una alude a la movilidad y la otra, a la permanencia de la tía Lola, en el nuevo hogar de Miguel y Juanita en Vermont. Al ser el pequeño Miguel, el protagonista, podríamos inferir que es él o su mirada, la que favorece que Lola se quede o se vaya de la casa. El nombre del libro, por lo tanto, enuncia la problemática central del texto, englobada en la respuesta de la interrogante: ¿qué significa la permanencia de la tía en la casa de estos niños dominicanos que viven en el norte de Estados Unidos? Junto con ella, llega el español a una comunidad en donde casi no hay latinos y a la par de esta lengua extraña, un cúmulo de situaciones y prácticas diferentes, cuando Miguel lo único que quiere es no llamar la atención y no sentirse distinto a los demás niños de su entorno. Lola es la viva encarnación de la otredad. Iniciar la novela con el problema de la lengua (“—¿Por qué no podemos decir simplemente ‘Aunt’ Lola?” (ÁLVAREZ, 2001, p. 9) y finalizar con un breve ensayo en donde se habla de la diversidad del español y las variantes idiomáticas que existen, dependiendo del lugar en donde se hable, convierte a este texto, en su conjunto, en una invitación a comprender que lo distinto, enriquece, multiplica, y, simultáneamente, ayuda a comprender la finitud y las limitaciones del sujeto (Álvarez termina dicho ensayo, admitiendo que algunas veces olvida “cómo se dice alguna cosa en español” (2001, p. 122), dado el número de años que ha hablado el inglés). El cuento del cafecito, de alguna manera, se acerca al de Cuando la tía Lola [...], en cuanto a la estructura y la intención, aun cuando el destinatario es ya un público adulto. Ambos textos son narraciones, aunque aquél es muy corto. Si en éste hay signos de la hibridez que tanto le interesa a Julia Álvarez, El cuento del cafecito, la consuma. Por un lado, presenta la historia de Joe, un jul./dez. 2005 219 Maricruz Castro Ricalde profesor de Nebraska que marcha a la República Dominicana de vacaciones. Ahí descubre, debido al azar, lo que significa producir café orgánico. El encuentro con la familia de Miguel (nótese la repetición del nombre del protagonista de Cuando la tía Lola [...]) y los campesinos de la zona lo sensibilizan acerca de los graves problemas que viven los pequeños cafetaleros. Joe decide emprender una aventura comunitaria, a fin de que la tradición del buen café no se extinga. De manera indirecta, años después, esta determinación le permitirá conocer a una mujer a quien amar. La hibridez de esta narración se manifiesta de múltiples formas. Por ejemplo, el texto se divide en cuatro partes, de la cuales el episodio sobre Joe es la más extensa y la que fundamenta a las dos siguientes. La segunda, el “Epílogo” es escrito por Bill Eichner, actual esposo de Julia Álvarez. Si el texto de apertura se plantea como una ficción (aun cuando se detectan evidentes rasgos autobiográficos, como en el resto de la obra de Álvarez), aquél es una reflexión que habla desde el “yo” para documentar la experiencia del cafetal cooperativo “Café Alta Gracia”. La mezcla de realidad y ficción, explorada tanto en sus novelas históricas como en las que narra las peripecias familiares, se torna más compleja, en este corto texto que, además, es contado de manera muy directa y lineal. La aparición, sin embargo, de un texto firmado por el cónyuge de Álvarez, justo después del final de la historia de Joe, interpela al lector acerca de las fronteras entre los géneros literarios y otro tipo de géneros del discurso; cuestiona su existencia y las convierte en líneas casi imperceptibles. El concepto de frontera se vuelve muy flexible, movedizo, prácticamente transparente y dotado de un alto grado de ambigüedad, tal y como se plantea en las otras partes que integran El cuento del cafecito. El siguiente apartado es aún menor en extensión: un par de páginas, cuya autoría no se aclara. Se llama “Un café mejor: Desarrollo de justicia económica” y propone la necesidad de impulsar el “fair trade”. El tono es expositivo y culmina en forma argumentativa. Es decir, intenta separarse del tono de la ficción de 220 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Las narraciones de Julia Álvarez... la historia de Joe, pero, al mismo tiempo, establece lazos de contacto entre este personaje imaginario y los nombres de personas que Bill Eichner había mencionado como reales, en el segundo escrito. Por último, se agregan cinco páginas que tienen como objetivo proveer “Información sobre recursos y ventas”, título de este documento de naturaleza comercial que brinda un listado de sociedades “fair trade”, aporta sus direcciones, sintetizan sus objetivos y sus funciones así como los productos que comercializan. La mezcla de tan variadas formas del discurso, en una obra de tan reducida extensión, puede leerse como una metáfora de las realidades heterogéneas aludidas en El cuento del cafecito. Si bien los títulos entre una y otra parte fungen como líneas divisorias (como fronteras simbólicas) que avisan los cambios de los géneros discursivos, en realidad, la obra literaria que se ofrece es una sola, caracterizada por la hibridación de los géneros. El sentido del texto, entonces, no emana de cada uno de los apartados, sino de su conjunto. De su interacción depende el vínculo que el lector establece entre la ficción y su relación estrecha con la realidad contemporánea. Temas como el comercio justo, la autosustentabilidad y la ecología parecerían más afines a un manual académico, a una investigación o a un reporte científico. Son, no obstante, los tópicos centrales de este libro de Álvarez, quien a través de la “desorganización” de las estructuras literarias canónicas, le imprime vida a su texto, lo deshace como concepto (la noción de la obra literaria como un sistema cerrado y autosuficiente) y lo compromete a interactuar con el afuera, con el mundo, con la sociedad. Intercambios culturales recíprocos En la obra de Julia Álvarez interesa especialmente el planteamiento sobre los cambios culturales recíprocos que producen las migraciones. En sus narraciones resalta cómo “el hecho social de la multiculturalidad ha retado el entendimiento tradicional de la identidad nacional en ciertos términos culturales y raciales” (LÓPEZ, 2002, p. 72). Los enfoques de sus narraciones se debaten entre la jul./dez. 2005 221 Maricruz Castro Ricalde homogeneización que implican los procesos de integración nacional y el respeto a la heterogeneidad, bordeando el peligroso abismo de la fragmentación social. El sentido de pertenencia es desterritorializado y abandona su cariz unívoco, pues los personajes que emigran, independientemente de su localización geográfica o de la duración de su desplazamiento, pueden seguir experimentando su afiliación a una o varias comunidades. Tanto las novelas marcadas por una mayor intrusión de orden autobiográfico como las que toman como sujetos protagónicos a personajes históricos (En el tiempo de las mariposas y En nombre de Salomé, serían los casos), erigen el viaje como un leitmotiv. Las culturas de los dos países, uno del Caribe, el otro de Norteamérica, son caracterizadas de manera completamente distinta y, en un primer momento, parecerían pares antitéticos que situarían a las protagonistas en una encrucijada. No obstante, de manera un tanto más débil en sus primeras publicaciones y con mayores certezas después, Álvarez permite que en su escritura se manifiesten tanto las rupturas como las yuxtaposiciones que sobrevienen del encuentro de las múltiples identidades que constituyen cada una de las naciones en cuestión. Esto es posible porque ha ido configurando el concepto de identidad no como un objeto estable, sólido y homogéneo, sino como una noción fluida e inestable. Gracias a ello, su orientación en torno del multiculturalismo apela al derecho a la diferencia cultural. Una de las estrategias literarias a las que ha recurrido es la del distanciamiento: configura a sus personajes como extraños en el espacio en el que habitan o al cual arriban. El abismo del lenguaje aparece de manera repetida: la tía Lola llega de visita a Estados Unidos, sin saber una palabra de inglés; Joe sólo sabe del español, lo que ha estudiado en la secundaria. En otras obras también aparece este rasgo: la periodista (alter ego dela autora) que articula esa lengua torpemente, ante la sobreviviente de las hermanas Mirabal (“Dedé se ve obligada a sonreír ante algunas incoherencias importadas en el español de la mujer” (2001b, p. 14); en ¡Yo!, sin 222 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Las narraciones de Julia Álvarez... importar los años que ha vivido en Estados Unidos, el padre de la protagonista aún no habla bien el inglés (“— ¿Dónde está mi Yo? — gritó en mal inglés que lo hizo aparecer aún más patético” (1999b, p. 97). Las vicisitudes de las hermanas García, cuyo acento es objeto de burlas, tiene el eco de las experiencias vividas por la autora, en sus primeros años como inmigrante: “ ‘No speak eengleesh,’ they taunted my accent. ‘I’m Chiquita Banana and I’m here to say…’ They glared at me as if I were some repulsive creature with six fingers on my hands” (1999, p. 140). La ausencia de una lengua común es un obstáculo, en apariencia, insalvable para la comunicación entre los miembros de dos culturas, pero pierde peso (aun cuando nunca desaparece del todo, como un resabio que recuerda la diferencia, la otredad), ante lo voluntad de los sujetos. Si el espíritu abierto, extrovertido, de los habitantes caribeños resalta en los ambientes más bien inhóspitos del noreste de Estados Unidos (a la tía Lola le basta una tarde para hacer “una docena de amigos” (2001, p. 45), el deseo de Joe de practicar “gratis” el español con los campesinos dominicanos se desplazará a un nuevo respeto hacia la palabra: Trabaja todo el día al lado de Miguel y sus hijos. Por la noche, mientras lee, levanta la cabeza y ve que la familia lo está mirando: ¿Qué dice el papel? Miguel quiere saber. Son cuentos, explica Joe. Cuentos que me ayudan a comprender lo que significa vivir en esta tierra. Miguel mira el libro en las manos de Joe con un respeto nuevo. Joe ha notado el mismo afecto en la cara de Miguel mientras inspecciona las pequeñas plantas de su vivero (2004, p. 36). La adquisición de un nuevo lenguaje (una lengua distinta a la nativa o el aprendizaje de la lectura y la escritura del propio idioma) confiere inteligibilidad al entorno y, principalmente, le permite al usuario interpretarse a sí mismo, en un contexto distinto. A Joe no le basta la vida cotidiana para comprender el ámbito que ha elegido, en el centro de la isla, lejos de Nebraska. Acude a la palabra ajena jul./dez. 2005 223 Maricruz Castro Ricalde y, en especial, a la literatura. El sentido general que asoma en esta concepción invoca a la perspectiva de la construcción de la identidad, basada en la lectura que el sujeto realiza de sí, a partir de sus palabras y sus acciones. Así, la identidad se plantea como una construcción imaginaria (GARCÍA CANCLINI, 1995, p. 95). Luego, entonces, importa la voz propia y la escucha atenta, en el mar de voces que nos rodean. La singularidad del yo interesa no por su unicidad o su aislamiento potencial, sino por ser una vía para saber quién se es. El riesgo de la inmovilidad se evade porque en este enfoque prevalece la autoinvención, dado que toda interpretación está modelada por la subjetividad. Se entiende, pues, que en la cita anterior también aparezca la relación entre la lengua (la lectura, la escritura, el diálogo) y la vida, vínculo que asoma repetidas veces en esta obra y otras de la autora: “Es sorprendente lo bien que crece el café cuando le cantan las aves o cuando a través de una ventana abierta le llega la voz humana que lee las palabras en el papel que todavía guarda el recuerdo de haber sido árbol” (2004, p. 46). La comida es uno de los aspectos que influyen en la cohesión nacional, desde una visión más fundamentalista de las identidades. Compartir ciertas costumbres, prácticas y tradiciones aseguraría una diferenciación nítida de otros conjuntos sociales y sobre esa distinción descansarían las esencias de la cultura nacional (GARCÍA CANCLINI, 1995, p. 93-93). En Cuando la tía Lola [...], Álvarez le concede un amplio espacio de la trama a los ritos y los hábitos culinarios como los escenarios a través de los cuales pueden construirse formas alternativas de convivencia. La reticencia de Miguel de aceptar a su tía, ante la posibilidad de que sus amigos descubran que “tiene una pariente chiflada”, se va debilitando gracias a su comida. Hasta él “está cansado de tanta pizza y tantos perritos calientes con patatas fritas” (2001, p. 11). En un inicio, la tía Lola le cocina a Miguelito y a Juanita “comida dominicana de la buena” y no los espaghettis que acostumbran comer los hermanos y sus amigos en Estados Unidos. A través de un recurso metonímico, de contigüidad, lo que sale de la cocina de Lola es saludable (permitirá 224 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Las narraciones de Julia Álvarez... que “le crezcan los músculos de los brazos” a su sobrino), lo convertirá en un hombre fuerte. Es decir, la gastronomía es un modo para que el chico se vaya acercando a sus raíces dominicanas y vaya venciendo el temor de ser diferente al resto de sus compañeros. En esta novela, además, se confiere a las dotes culinarias de su personaje un halo “mágico” que, alentado por su madre, Miguelito asocia con la “santería”. La convicción del niño de que la comida de la tía le traerá buena suerte, va transformándolo y favorece su adaptación a un nuevo entorno. Al igual que la comida, las pociones de hierbabuena, guayuyo y yemas de huevo (útiles para curar las heridas y los cortes) son revestidos de poderes “sobrenaturales”, cuando, en realidad, son hierbas maceradas que la medicina tradicional caribeña conoce desde mucho tiempo atrás. La narradora se preocupa tanto por mencionar el nombre de los platillos como de explicar en qué consisten y cuáles son sus ingredientes. Por ejemplo, los quipes: “Tienen trigo, carne picada y una pizca de pimienta” (2001, p. 47); las empanaditas de queso “están hechas con queso y harina y [...] se fríen en aceite de cacahuate” (2002, p. 48); las rueditas de dulce de leche se preparan con “Leche, azúcar y coco rallado” (2001, p. 49). El matiz didáctico que habíamos advertido, en relación con el español, expresado en la última parte de este libro, aparece diseminado en esta historia. La introducción de vocablos, formas de preparación y guisos para un lector no dominicano podría tener como resultado originar nuevas tradiciones y/o suscitar acercamientos de orden intercultural. Sobre todo, si tenemos en cuenta que el texto se dirige a jóvenes lectores, a quienes se les estaría induciendo tanto a aceptar nuevos giros gastronómicos como a comprender la gran riqueza que el contacto con otras culturas trae consigo. Hacia el final de la narración, el lector va dejando atrás los extremos del estereotipo que la mente infantil de Miguel había formulado en un inicio. La llegada de Santa Claus sintetiza la idea del espacio transnacional y los cambios producidos por el contacto y la circulación de las culturas: jul./dez. 2005 225 Maricruz Castro Ricalde Es diferente del Santa Claus americano: mucho más delgado, de piel morena, de ojos vivos y oscuros. Pero también tiene barba blanca y un traje rojo encendido con un cinturón grueso y botas relucientes. —¡Santicló, Santicló!—los primos pequeños dan voces y corren a decir que quieren. [...] —¡Feliz Navidad!—dice Miguel—. “Merry Christmas!” (2001, p. 117-119). La hibridación del personaje es patente, al igual que los cambios fonéticos que se operan en el nombre de este icono navideño. Eso es un indicio de la apropiación cultural que permite su reproducción, florecimiento y evolución, tal y como sucede con los bienes culturales vivo.3 La coexistencia de aspectos (complexión, color de la piel y los ojos frente a la barba, color del traje, cinturón y botas) construye una identidad, sustentada en el reconocimiento de los pequeños primos de Miguel y de él mismo. Santicló es tan valioso simbólicamente para estos niños como Santa Claus lo sería para otros infantes, pertenecientes a una comunidad diferente. Ninguno es más verdadero o mejor que el otro, tal y como lo condensa Miguel, al enunciar “Feliz Navidad” y “Merry Christmas” en los dos idiomas que lo instituyen como sujeto. La identidad de los personajes de los dos textos analizados se teje a través de la representación que los sujetos forjan de sí mismos. Para ello, la presencia del otro es relevante. “La mirada ajena nos determina, nos otorga una personalidad (en el sentido etimológico de ‘máscara’) y nos envía una imagen de nosotros. El individuo se ve entonces a sí mismo como los otros lo miran” (VILLORO, 1999, p. 65). Este enfoque se repite de manera insistente en la obra de Álvarez y, principalmente, en sus textos para jóvenes, aun cuando el sentido de la “distancia” señalada por la mirada ajena también sea uno de los ejes de las novelas con especial énfasis en la autobiografía. Incluso, en sus novelas más “históricas”, ese sentimiento persiste. Hemos mencionado ya el caso de la escritora 226 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Las narraciones de Julia Álvarez... que desea entrevistar a Dedé, en En el tiempo de las mariposas, y cómo su inseguridad acerca del manejo del lenguaje la vuelve tímida e insegura. El titubeo es similar en Camila Henríquez Ureña, una de las protagonistas de En nombre de Salomé, quien a pesar de vivir durante varios años en Estados Unidos, opta por regresar al Caribe, a Cuba, en donde los “otros” le son más cercanos. En Cuando la tía Lola [...], la asimilación de Miguel es paulatina y es determinada por la aceptación de su diferencia, por parte de sus compañeros de escuela. El gusto de Mort por la comida de Lola; la fiesta de cumpleaños de la mami, en la casa morada con ribetes color salmón, a donde llegan todos los habitantes de las cercanías; la exuberancia de la tía. Todo aquello que Miguelito intenta esconder al principio, se convierte en parte de su identidad: la conciencia de su singularidad ha enriquecido su visión de la vida y eso le permite entenderse como un estadounidense, sin que por ello deje de ser dominicano. Para Miguel, los estereotipos podrían facilitar algunos aspectos de su vida. Por ejemplo, por ser dominicano, por haber nacido donde Sammy Sosa, él podría entrar sin ningún problema al equipo de béisbol. En su lugar, Álvarez prioriza la cultura del esfuerzo, a fin de que los éxitos y las satisfacciones provengan de las propias acciones del sujeto, independientemente de su origen, su extracción social o su género. La autora ilustra cómo las diferencias parten de una motivación original y, al ser conocida, tornarse en “razonables” para los demás. Por ejemplo, la tía Lola explica porqué en el Caribe existe un “sentido distinto del tiempo”: “Vivimos de acuerdo con el sol y el mar”, por eso sus habitantes no se rigen por el reloj (2001, p. 115) y con su lógica elimina la sobresimplificación del estereotipo sobre el dominicano perezoso o impuntual. En El cuento del cafecito aparecen algunos problemas compartidos con el texto anterior. Sin embargo, el compromiso personal de las voces narrativas con un enfoque social es mucho más explícito. La reunión de la diversidad de textos que lo componen y sustenta cada uno de sus apartados se encamina a informar al lector acerca de las connotaciones de un comercio justo y la jul./dez. 2005 227 Maricruz Castro Ricalde necesidad de actuar en torno de los problemas mundiales contemporáneos. Lo interesante es la decisión, estructural y estilísticamente hablando, para que el mensaje llegue con una mayor eficacia hacia el lector. Álvarez opta por lo que mejor conoce: los recursos literarios. El cuento, como género, es la primera elección para seducir al lector y esto es posible gracias a la historia de Joe. El testimonio de Bill Eichner, el “Epílogo”, es otro tipo de texto, aunque cimentado también en las estrategias narrativas. Sólo en los dos últimos desaparece ese voluntad de “contar”, de comunicar una historia (ficticia y/o real), para ofrecer reflexiones basadas en datos concretos sobre la realidad de las cooperativas cafetaleras. La autora, por tanto, invierte el orden de los géneros discursivos, en cuanto a la “credibilidad” de los mismos. A través de la verosimilitud de la ficción, ella se asegura que los receptores sigan la lógica de un relato, afincado en la posibilidad de la convivencia intercultural y de un cambio en las relaciones sociales. Los números (“medio millón de familias de cultivadores de café alrededor del mundo”), las definiciones (“Fair trade es comercio eficiente y lucrativo organizado con base en un compromiso que busque la igualdad, la dignidad, el respeto y la ayuda mutuos” (2004, p. 77), las direcciones: En Estados Unidos Café Alta Gracia 758 Sheep Farm Road, Weybridge, VT 05773 Internet: www.cafealtagracia.com Y como ésta, se añaden otras catorce direcciones de sociedades fair trade en Estados Unidos, Canadá y República Dominicana. Todo lo anterior es un apoyo que complementa el objetivo del texto literario. También deseamos subrayar que el propósito de El cuento del cafecito no se reduce a una historia basada en una óptica sobre las relaciones interpersonales e interculturales, sino apunta hacia las repercusiones económicas, políticas y sociales de un orden 228 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Las narraciones de Julia Álvarez... mundial sustentado en la asimetría. Los significados y las implicaciones de las realidades culturales contemporáneas se manifiestan de múltiples maneras en este texto y abrazan los efectos de las prácticas globales que alcanzan cualquier rincón del planeta, no sólo a los países del tercer mundo. De aquí que la vida placentera de Joe, en la granja de su padre, se vea abruptamente interrumpida, cuando debe venderse gran parte de los terrenos para pagar las deudas: “La agricultura se convirtió en un negocio administrado por oficinistas que nunca habían puesto la mano en la tierra” (2001, p. 12). Álvarez describe, de este modo, la disyuntiva del presente, en el cual se sitúan como polos una tendencia hacia prácticas y tendencias globales, por un lado, y el cada vez mayor individualismo y necesidad de afirmación del sujeto. James Lull ha denominado a este panorama el “push and pull of global culture” (en prensa, 1). “Push” se refiere a las influencias culturales que el individuo integra a su vida, algunas veces de manera inconsciente, pues forman parte de un repertorio más o menos estable de hábitos y valores. La cultura en la que el sujeto está inmerso influye en su actuar cotidiano y le confiere un sentido de pertenencia a una comunidad que lo arropa. En el caso de los personajes de Álvarez, la economía global desestabiliza cierto estado armónico de los contextos sociales. Joe es “expulsado” de su tierra de origen, al orillarlo a trabajar en un sitio no previsto: la escuela. Su horizonte de vida era totalmente diferente (“Joe creció en una finca de Nebraska soñando que algún día sería agricultor, como su padre” (2001, p. 11). Su decisión de quedarse a vivir en República Dominicana no sólo se basa en un compromiso social, asumido voluntariamente. Es, de alguna forma, la continuación del sueño truncado por condiciones de tipo global, ajenas a sus deseos y sus expectativas. La descripción de la competencia injusta entre las compañías transnacionales y los pequeños propietarios de los cafetales, se orienta a aportar pruebas al lector sobre cómo en aquéllas prevalece el interés por el lucro y no por el bien común: sea el de los agricultores, sea el del consumidor (se habla de los pesticidas con jul./dez. 2005 229 Maricruz Castro Ricalde que son rociadas las plantas; “veneno” le indican a Joe). El dominicano le explica al estadounidense: “Con el método moderno usted puede sembrar más café; usted no tiene que esperar a que crezcan los árboles y puede tener resultados más rápidos; más dinero en el bolsillo” (2001, p. 32). Es visible cómo las repercusiones de estos vuelcos culturales (el cultivo tradicional vs. las técnicas modernas) impactan en un grado diferente a quienes cultivan la tierra en Estados Unidos o en República Dominicana. En el primer caso, Joe encuentra trabajo como profesor y puede ahorrar lo suficiente para comprar una parcela al lado de Miguel. Posee los conocimientos necesarios, la visión y el liderazgo para transformar su entorno, impulsando una cooperativa. En el segundo, Miguel carece de todas esas herramientas para continuar luchando por sus convicciones. Su destino es vender sus tierras, como muchos otros de sus compañeros, y trabajar como empleado en lo que antes era su propiedad. La carencia de un comercio justo, se infiere del texto de Álvarez, afecta los destinos colectivos tanto como los individuales. No obstante, siempre los más afectados son lo que menos tienen. Esa parte de la cultura que permanece como un sedimento entre las comunidades y sus miembros (el “push”, según Lull) favorece, en el texto analizado, que las prácticas agrícolas persistan y que siga cultivándose el café “a la antigua”, a pesar de las tendencias globales que impulsan resultados económicos acelerados y efectivos. El “pull” alude a “the role of the self as an active agent of cultural construction” (en prensa, 2). Y es esta parte volitiva del sujeto la que lo erige como un ser con poder de decisión sobre sí mismo y los compromisos que asume. Los enfoques posmodernos han hecho hincapié sobre los riesgos de una creciente individualidad y falta de interés hacia los demás. De ahí la necesidad de equilibrar el “push” que apunta hacia la tradición y la colectividad y el “pull” que se dirige hacia la innovación, la creatividad, y la satisfacción personal en exclusiva. La situación se torna más compleja con el alcance de la globalización y la rapidez con la que provoca cambios en la cultura. El pacto que establecen Miguel y Joe (“No van a alquilar sus parcelas a la 230 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Las narraciones de Julia Álvarez... compañía ni cortarán sus árboles. Van a cultivar a la antigua. Van a producir un café mejor” (2001, p. 44) entraña los dos procesos culturales descritos por Lull. Los personajes determinan continuar con una tradición, tanto por el “push” (ese “input” que los impulsa a ser leales a un tipo de producción agrícola) como por el “pull” (el ejercicio de su libertad para elegir, al margen de si las prácticas escogidas son una tendencia de la colectividad o no). Los dos primero y luego el resto de los campesinos que se les unen enfrentan así al gran “pull” contemporáneo que se asocia con los valores del capitalismo, lo cual inviste al cuento de una perspectiva utópica, tendente a transformar un orden mundial que no por extendido es más justo. El acuerdo entre una persona del Caribe y otra de América del Norte ilustra la manera como las alianzas interculturales pueden ser reales, fructíferas y deseables. Por una ética de la cultura En las narraciones de Julia Álvarez se ha identificado una tendencia por definir al sujeto, en el contexto de una comunidad multicultural. Este mero hecho posiciona su obra en el contexto de la ética de la cultura, al señalar, en forma consistente, los comportamientos, los valores y las actitudes de los individuos singularizados por la hibridez: aquéllos que han nacido en una nación, pero viven en una diferente; cuya lengua materna es una, aunque en su formación educativa, su vida social y su desarrollo profesional hayan adoptado otra. La vocación de la República Dominicana, afirma, está implícita en la condición de su suelo: es una isla caribeña y como todas éstas, son esponjas que absorben a quienes llegan y a quienes se van: “whether indios in canoas from the Amazon, or conquistadores from Spain, or African princess brought in chains in the holds of ships to be slaves or refugees from China or central Europe or other islands” (1999, p. 175). La reiteración sobre la nación como espacio se sustenta en la vinculación con las identidades de sus sujetos. Como la República jul./dez. 2005 231 Maricruz Castro Ricalde Dominicana, los individuos son islas, permeables, esponjas; lugar de tránsito en donde lo que llega no se va del todo y lo que se ha ido ha dejado algo de sí. Por lo tanto, el sujeto es un ser inacabado de manera forzosa, debido a la interacción que ha guardado, en su relación con otros individuos. Mientras más se exponga a los contactos múltiples, más se enriquece, dentro de paradoja de la incompletitud: otros viven en él, de la misma manera que el sujeto construye a los otros. Su perspectiva acerca de los entornos de la multiculturalidad aparece tanto en sus novelas como en sus cuentos y sus ensayos. En su reflexión sobre si puede ser considerada una escritora de Vermont, la autora enuncia: “although I am from a tropical island, I am also a Vermont writer” (1999, p. 195), a pesar de no haber nacido en ese estado de la Unión Americana, no haber crecido ahí, ni siquiera haber enterrado a algún ser querido en esa tierra. Y de la misma manera, enfatiza en otro artículo: “I am not a Dominican writer” (1999, p. 172), pues no escribe en español, no vive en la isla, tampoco trabaja en ella o ejerce ahí sus derechos como ciudadana. Pero también asegura que no es una “norteamericana”. Álvarez y sus textos son, entonces, ejemplos del sujeto y los productos híbridos que evidencian la desterritorialización contemporánea. Al describirse como una escritora dominicano-americana, la autora configura “a country that’s not on the map” (1999, p. 173). Su perspectiva de sujeto nacional no responde a ninguna frontera delimitada en su geografía por un Estado, ni tampoco favorece la integración de los estereotipos asociados a regiones específicas del mundo. La contradicción de ser y no ser, de manera simultánea, encarna a la perfección el concepto de hibridez, en donde el “ser” no descarta el “no ser”, sino lo implica. Más aún, éste es definido por aquél y viceversa. Resalta en la obra de Julia Álvarez la redefinición de los conceptos de nación e identidad, pues a través de la lectura de sus narraciones, el lector comprende que no están formulados como puntos de partida o de llegada. Es decir, la identidad personal y la nacional no se presentan como un sintagma de naturaleza lineal, a través del cual el sujeto adquiere características y competencias 232 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Las narraciones de Julia Álvarez... que lo convierten en tal persona o en un miembro de una nación específica. Si la cultura antecede al individuo; si éste lee el mundo, de acuerdo con una estructura de sentido que le preexiste, ello no quiere decir que, mediante su acción individual, no pueda contribuir a que su comunidad desplace, interrogue, transforme u omita prácticas o creencias. Por lo tanto, mas bien visualiza la nación y la identidad como paradigmas, cuyos ejes asociativos le permiten al sujeto una gran movilidad, dentro de un amplio espectro. Dichos ejes presentan intersecciones múltiples con otros sistemas culturales que los acercan entre sí, aun cuando los conjuntos formados conserven ciertas particularidades que permiten su diferenciación. La hibridez y el multiculturalismo desplegados en la narrativa de Julia Álvarez lleva consigo otro tipo de problemáticas que permite que su literatura pueda ser considerada también como una lectura del mundo contemporáneo: la posibilidad de que los miembros que pueblan los espacios multiculturales sean relegados a los márgenes; que al no ser reconocidos por un centro nuclear, homogéneo y normado, acaben por carecer de un rostro definido ante sí mismos y los demás. A semejanza de las denominaciones que engloban como pertenecientes al “tercer mundo” a países tan dispares como México, Pakistán o República Dominicana, borrando sus diferencias con ese apelativo; como minorías “asiático-americanas” (al igual que cualquier otra minoría) en Estados Unidos a quienes tengan un origen chino, japonés o coreano, sin distinguirlas siquiera entre sí. Recordemos que a Miguelito le preguntan si es de la India, por el puro hecho de tener la piel oscura y el cabello negro. La diferencia, entonces, se aminora, mediante la homogeneización que brinda el estereotipo. De la misma manera, los textos de Julia Álvarez se encuentran en una posición difícil de clasificar: “the Americans considering me a writer of ethnic interest, a Latina writer”(1999, p. 174), en tanto que en República Dominicana, “she’s not Dominican enough”. La eliminación de las diferencias, con el objetivo de fusionar los horizontes culturales de una nación, mediante el estereotipo, la creación de jerarquías o clasificaciones apenas si abogaría por la tolerancia y nunca por el encuentro y la interacción. De ahí la jul./dez. 2005 233 Maricruz Castro Ricalde relevancia de El cuento del cafecito, en el cual esta autora apuesta por lo que en otras situaciones o momentos hubiera sido considerado una utopía social. León Olive describiría la cooperativa impulsada por Joe y Miguel como “las interacciones fructíferas y la realización de proyectos comunes entre miembros de diferentes culturas, todo lo cual es necesario para la participación la construcción de naciones multiculturales o de una sociedad global multicultural”(1999, p.8687). Por último, la ética cultural visualizada en la obra de Julia Álvarez descansa en el relato de historias enclavadas en tiempos y lugares concretos que apuntan hacia problemáticas específicas, con lo cual asume los numerosos tipos de sociedades interculturales que pueden constituirse. Evita, por lo tanto, que sus narraciones sean leídas como fórmulas generales para resolver los problemas de los ámbitos multiculturales y los sujetos que los integran, aun cuando los temáticas abordadas aparezcan de manera reiterada en este tipo de sociedades. Su escritura se convierte en una interrogante, en una pregunta abierta y una invitación dirigida a la sociedad, en torno del papel que la voluntad del sujeto puede significar en la construcción tanto de las identidades personales como de las nacionales. Notas 1La movilidad de las fronteras entre los géneros literarios es también uno de los rasgos de su poesía. La misma Álvarez admite que en su libro Homecoming, “[...] the sonnets were not sonnets in the traditional sense...” (1999, p. xiv). 2 Algunos de éstos son: Before We Were Free ganó en 2002, el Americas Award for Children’s and Young Adult Literature y fue seleccionado por el Miami Herald como uno de los mejores libros del año. En el 2004, el Pura Belpré, concedido por la Asociación de Bibliotecas Americanas y su traducción al español seleccionado como uno de los mejores libros del año por Críticas. Cuando la tía Lola [...] obtuvo dos premios en 2001. A El cuento del cafecito se le reconoció con el Nebraska Book Award 2002. La Biblioteca Pública de New York consideró Finding Miracles como uno de los diez mejores libros de su tipo de 2005, al igual que el Bank Street. 234 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Las narraciones de Julia Álvarez... 3 Es decir, los cambios culturales pueden registrarse en múltiples niveles y no son característicos de un desplazamiento geográfico tan solo. Así, la imagen del Santa Claus puede ser más o menos estándar en una sociedad dada, pero sus prácticas pueden variar enormemente (cuándo reparte los regalos o cómo lo hace, por ejemplo), dentro de una misma comunidad. Bibliografía ÁLVAREZ, Julia. How the Garcia Girls Lost their Accent. New York: A Plume Book, 1992. ÁLVAREZ, Julia. Something to Declare. North Caroline: A Plume Book, 1999. ÁLVAREZ, Julia. ¡Yo!. 1ª reimp.. México: Alfaguara, 1999b. ÁLVAREZ, Julia. The Secret Footprints. New York: Knopf Book for Young Readers, 2000. ÁLVAREZ, Julia. Cuando la tía Lola vino de visita para quedarse. México: RBA/ Océano, 2001. ÁLVAREZ, Julia En el tiempo de las mariposas. México: Alfaguara, 2001b. ÁLVAREZ, Julia. En el nombre de Salomé. México: Alfaguara, 2002. ÁLVAREZ, Julia. Before We Were Free. 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Aponto dois aspectos particulares da narrativa de Bestard: em primeiro lugar, a construção de um espaço narrativo alternativo; em segundo lugar, o uso da fragmentação como estratégia narrativa e também como conceito que alimenta sua proposta de identidade narrativa regional. Ambas as estratégias nos permitem explorar os limites que determinam y marcam o discurso literário nacional y como ele está articulado com as necessidades e demandas regionais. Palavras-chaves: Plantations, Fragmentação Narrativa, Literatura Yucateca Resumen Este artículo explora la imagen de la plantación en textos narrativos del Caribe Continental, específicamente en escritores yucatecos contemporáneos. Mi análisis explora las novelas recientes del escritor Joaquín Bestard (1935- ) y revela cómo * Artigo recebido em agosto e aprovado para publicação em outubro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 237-260, 2005 237 Margaret Shrimpton Masson estos textos de fin-de-siglo tejen un mundo de fragmentos, representando una imagen múltiple de la identidad regional. Los textos ofrecen lo que he llegado a nombrar “alternativas simultáneas”, versiones distintas de las historias y relatos que existen en un tiempo. Señalo dos aspectos particulares de la narrativa de Bestard: en primer lugar, la construcción de un espacio narrativo alternativo; en segundo lugar, el empleo de la fragmentación, como estrategia narrativa y también como el concepto que alimenta su propuesta para una identidad cultural regional. Ambas estrategias nos permiten explorar los límites que determinan y marcan el discurso literario nacional y cómo a su vez éste articula con las necesidades y demandas de las regiones. Palabras claves: Platación, Fragmentación Narrativa, Literatura Yucateca Abstract This paper explores the image of the plantation in narrative texts from the continental Caribbean area, specifically in contemporary Yucatecan writers. My analysis looks at the recent novels of the writer Joaquin Bestard (1935- ) and explores how these turn of the century texts weave a world of fragments, drawing on a multi-image representation of our regional identity. These writings offer what I have come to term “simultaneous alternatives”, different versions of the stories and histories that coexist in time. I will concentrate on two specific aspects of Bestard’s narrative: firstly, the construction of an alternative narrative space; secondly, the use of fragmentation as both narrative strategy and as the concept behind his proposal for regional cultural identity. Both strategies allow us to explore the limits that determine and outline the national literary discourse and how it in turn articulates with the needs and demands of the regions. Keywords: Plantacions, Narrative Fragmentation, Yucatecan Literature *** To take the straight path was not the best way of getting to places, and if the traces twisted and turned through the woods, you had to twist and turn with them… You had to take the traces, scramble their order with the irrationality of a runaway. Patrick Chamoiseau, Antan d’ enfance 1 238 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria... La plantación: del espacio a la metáfora Este artículo explora la imagen de la plantación en la narrativa del área continental del Caribe, específicamente en autores contemporáneos de Yucatán. Mi análisis aborda las más recientes novelas del escritor yucateco Joaquín Bestard (1935- ) para demostrar cómo los textos caribeños de fin de siglo tejen un mundo de fragmentos para dibujar las múltiples caras de nuestra identidad. La tendencia transgresora de la narrativa yucateca es marcada en los textos de las últimas décadas del siglo XX, y en ellos hallamos un discurso literario que ofrece una reconceptualización de la identidad caribeña, superando los límites del espacio físico de la plantación para construirse a partir de los espacios de la palabra y sus metáforas. Espacio de represión y violencia que genera resistencia, libertad, huida y exilio, las metáforas de la plantación revelan aspectos profundos de la poética caribeña de fin de siglo. Si uno experimenta con la lectura y análisis de diversos textos escogidos al azar—por ejemplo, The autobiography of my Mother, de Jamaica Kincaid, The polished hoe, de Austin Clarke, Jonestown, de Wilson Harris, Como un mensajero tuyo de Mayra Montero, The Ventriloquist’s tale, de Pauline Melville, o Ínsulas, de Renato Rodríguez, todos escritos en las últimas década—se descubre la construcción de un poderoso mundo íntimo e híbrido en el espacio narrativo. Leer los textos bajo una óptica comparatística revela una serie de paralelismos entre ellos, que surgen a partir de las lecturas cruzadas y traslapadas de las obras. Una lectura comparada de los textos arriba mencionados (y muchos otros) encamina a la consideración de las articulaciones entre el Caribe insular y continental, así como traspasando las diversas divisiones lingüísticas del área. Tanto en lo metodológico como lo temático, entre los textos y los propios escritores, la plantación se transforma: el espacio cerrado se abre y los límites se desbordan; el escritor, convertido en cimarrón, se alza la voz y cuestiona la identidad— nacional, regional, híbrida, globalizada—y entra a un mundo liminal, jul./dez. 2005 239 Margaret Shrimpton Masson ese tercer espacio (BHABHA), el vació, (HARRIS) o el espacio de la relación (GLISSANT)2. En los textos yucatecos analizados aquí son dos aspectos en particular que permiten profundizar en la transformación metafórica del espacio de la plantación en la literatura caribeña: en primer lugar, la reconceptualización del espacio represivo en otro creativo (señalado ciertamente tanto por Rex Nettleford y Kamau Brathwaite, como Antonio Benítez-Rojo y Edouard Glissant) por medio de estrategias narrativas que desafían los límites cronotópicos del texto para lograr la construcción de un espacio narrativo alternativo. En segundo lugar, el uso de la fragmentación como estrategia narrativa que articula con la hibridez. Ambas estrategias conducen a una re-valoración de los discursos identitarios en la literatura, planteando nuevas relaciones y articulaciones con el discurso nacional y regional caribeño. La contribución teórica de Edouard Glissant es indiscutible para esta discusión. En la sección “Espacio cerrado, palabra abierta” de su libro Poética de la relación (Poetics of Relation. Ann Arbor: University of Michigan Press, 2000), Glissant retoma la plantación, no como espacio histórico, (el sistema socio-económico), sino como uno metafórico: So, finally, historical marronage intensified over time to exert a creative marronage, whose numerous forms of expression began to form the basis for continuity. Which made it no longer possible to consider these literatures as exotic appendages of a French, Spanish or English literary corpus; rather, they entered suddenly, with the force of a tradition that they built themselves, into the relation of cultures (GLISSANT, 2000, p. 71). 3 En su estudio señala tres etapas en el proceso literario caribeño que emana de la plantación, que van desde la escritura como sobrevivencia hasta llegar finalmente a la “pasión de la memoria” (GLISSANT, 2000, p. 68). Continua, 240 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria... The Plantation is one of the bellies of the world, not the only one, one among so many others, but it has the advantage of being able to be studied with the utmost precision. Thus, the boundary, its structural weakness, becomes our advantage. And in the end, its seclusion has been conquered. The place was closed, but the word derived from it remains open (GLISSANT, 2000, p. 75).4 Más importante aun para la conceptualización caribeña que presenta Glissant es “la palabra abierta” que se construye como un lenguaje que transcendiera todos los límites, también consecuencia de la Plantación, y de la necesidad de lograr una comunicación por encima del “universo de silencio de la Plantación” (GLISSANT, 2000, p. 68). Este lenguaje es un creole, o en otros términos, un “lenguaje de uso”, que se contrasta con la lengua de voz: There are communities of use-language that cross the barriers of voice-language. I feel closer to the writers of the English-orSpanish- speaking Caribbean (or, of course, Creole-speaking) than to most writers of French. This is what makes us Antillean. Our voice languages are different, our use-language (beginning with our relation to the voice-languages) is the same. (GLISSANT, 2000, p. 214-215). 5 Para el guyanés Wilson Harris el poder de la palabra no es solamente el abrir espacios, sino también “to witness all events in the now of the imagination” [“testimoniar todos los hechos en el ahora de la imaginación”](Citado por GHOSE, sn). Esta maravillosa frase significa profundos cambios para la escritura en el Caribe: una ruptura no solamente de la línea tiempo/espacio, sino también es implícito el borrar la unicidad espacial y temporal, abogando por un mundo paradójicamente unido en la fragmentación. Harris ofrece una visión fragmentada del mundo a la vez que usa ese mismo desmembramiento para caracterizar la realidad. Es como si en estos jul./dez. 2005 241 Margaret Shrimpton Masson textos encontráramos la vía estética para explicar el Caribe como uno y diverso, donde la fragmentación no implica la exclusión de las partes sino el desdoblamiento de ellas en una conceptualización que exige muchas verdades simultáneas, borrando las fronteras entre géneros, espacios, tiempos e historias. Los textos que analizo tejen un mundo de fragmentos para dibujar las múltiples caras de nuestra identidad y ofrecen lo que he llegado a nombrar “alternativas simultáneas”, versiones distintas de historias y relatos que coexisten en un tiempo. Yucatán: espacio caribenho Mis andanzas por la literatura caribeña, van zigzagueando desde las tierras del Caribe Continental hacia las islas, invirtiendo, así mismo, una perspectiva que dibujaba siempre un centro en aquella isla que se repite en el archipiélago. Mi centro está en las orillas, en las áreas Continentales que nos llevan de Yucatán hacia las Guyanas, pasando por lo caribeño centroamericano, panameño, colombiano y venezolano. Para Wilson Harris, este es el “puente rítmico” de Quetzalcóatl, Kukulcán, Huracán y Yurakón. 6 Estas áreas continentales son liminales, desvelando tensiones inherentes a su condición de ser casi-islas tendidas entre el mar-azul-verde Caribe y las densas selvas del interior del Continente americano; entre una identidad caribeña y otra nacional y latinoamericana. Tanto el caribeño de las zonas fronterizas, como el isleño se encuentra frente una situación que le obliga a diferenciar, más no excluir, las culturas que le rodean: no es obligado a escoger entre África, Asia, América y Europa, sino a combinar esta herencia de una manera creativa y alternativa. En las zonas continentales del Caribe se experimenta la triple articulación de identidades que marca su discurso como propio y en el cual se expresa una identidad de nación, otra de región y otra más como isla-nación. En estas zonas la marginalización aumenta y llega a representar el epítome del abandono, la confusión y el 242 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria... olvido. Sin ser islas sufren un “complejo de isla”, aisladas como regiones marginadas dentro de su país nacional. Su aislamiento se acentúa al no poder expresar una nacionalidad, conformándose con su identidad regional, cada vez más distinta a las tendencias nacionales. Como en las islas, en las regiones continentales la situación postcolonial hace resaltar las dificultades entre la sociedad dominada y la dominante, y reproduce de nuevo una serie de dualismos comunes para el Caribe insular: centro-periferia, metrópoli-isla, nación-región. En el caso específico de Yucatán, desde el siglo XVI en adelante, la región se erigía como ejemplo paradigmático de la tensión nación-región por su marcada condición sociocultural indígena (maya), su marginación política y económica durante la colonia (y después) y el tipo de español colonizador, configurándose como un espacio distinto. Mientras tanto, los vínculos históricos, culturales, políticos y económicos entre Yucatán y el área Caribe (y en particular con Cuba) son también evidentes desde el siglo XVI.7 La representación de la península como isla en mapas de cartógrafos del siglo XVI,8 también impulsa la configuración de esta región-isla, en la orilla del Caribe. Desde ambos lados de una imaginaria frontera parecía confirmarse el viejo adagio yucateco, “Yucatán, el país que no se parece a otro.” La marginación política, social y económica de Yucatán como región dentro de la nación mexicana es marcada hasta mediados del siglo XIX. Es solamente con el “boom” henequenero que trajo las riquezas del “oro verde” a las plantaciones/haciendas yucatecas a partir de 1870 que Yucatán se catapultó repentinamente al espacio de poder, pero irónicamente esto también permitió mantener el aislamiento de la península. La oligarquía política en Yucatán anhelaba su independencia política, argumentando la diferencia cultural de la región en base a la herencia maya-prehispánica. No lograron concretar el sueño independiente, pero sí dieron a luz al discurso fundacional que ha marcada la identidad yucateca desde entonces. El discurso político y literario de los escritores decimonónicos determinaba la separación tajante entre el mundo indígena (reconociendo solamente la herencia de la cultura maya, jul./dez. 2005 243 Margaret Shrimpton Masson no el indígena en sí) y el mundo criollo. Sobre la fundación de la cultura maya, los intelectuales yucatecos del siglo XX re-inventarían una identidad cultural con un nuevo indígena, vestido de mestizo que articulaba con la imagen nacional de un México mestizo posrevolucionario. 9 Esta nueva imagen discursiva seguía manteniendo a Yucatán como un espacio aparte, caracterizado por el indígena y los folklorizados espacios rurales. La primera mitad del siglo XX se dedicó a la construcción de esta identidad cultural fundada en el nuevo indígena “mestizo”, consolidándose en la obra de los escritores indigenistas—Luis Rosado Vega, Antonio Médiz Bolio y Ermilo Abreu Gómez, quienes articulaban con el discurso indigenista nacional. En la obra de estos tres, aunque de forma distinta en Abreu Gómez, se configura a Yucatán tal como la Nación la quería ver en estos tiempos posrevolucionarios: de cara indígena, con una milenaria cultura indígena al respaldo, y escritores mayistas encabezando el movimiento intelectual. Sin embargo, la obra indigenista de Mediz Bolio o de Rosado Vega representa solo una cara de la identidad regional. Estos autores retratan, sin cuestionamientos, su interpretación del Yucatán de los pueblos mayas del interior del estado: en sus obras se encuentran las costumbres, las tradiciones y la oralidad del maya, pero no se halla el indígena mismo, quien carece de voz, en estos textos traducidos del maya al español. Traducidos, no solamente en términos lingüísticos sino también aculturados. La excepción en este grupo es Ermilo Abreu Gómez, que a lo largo de su amplia obra literaria mantiene activo un discurso crítico con respecto al discurso nacional indigenista. Su obra Canek, escrita en 1940 representa un parte-aguas en el panorama literario regional. Esta pequeña novela no re-escribe leyendas e historias de la tradición maya colonial, sino retoma la historia del rebelde maya Jacinto Canek, quién encabezó un levantamiento indígena en el oriente de la península de Yucatán en 1767. Esta rebelión, una más de las muchas que han caracterizado la resistencia indígena a la colonización europea desde el siglo XVI, tiene numerosas versiones escritas, en 244 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria... mano de los historiadores yucatecos del Siglo XIX, así como estudios de especialistas en el Siglo XX. Además, la historia de Canek, desde hace mucho tiempo ha sido fuente de inspiración en el pueblo, donde florecen las versiones orales de su proeza. Abreu Gómez re-escribe las historias oficiales en su novela, narrando la historia desde la perspectiva de Canek, por primera vez dando la voz a un personaje indígena en la narrativa mexicana y construyendo el personaje central a partir de los cuentos heroicos que escuchaba cuando siendo niño vivía en los pueblos. Abreu Gómez subvierte el canon literario nacional ofreciendo una narración que cuestiona la historia oficial, humaniza el protagonista indígena y desafía la hegemonía de una autoridad que se basa exclusivamente en el poder de la palabra escrita.10 La obra cuestiona los límites de las obras literarias del momento, elevando Canek a la categoría de héroe (el súbtítulo de la obra es: “Historia y leyenda de un héroe maya”), y claramente combinando las fuentes—cultos y populares—de su historia. En esta obra encontramos la primera abertura hacia la consideración de una identidad alterna—no hay un rechazo a la nación, pero sí la necesidad de articular y reconsiderar sus límites. Consciente de su tarea, Abreu Gómez rompe con el marco histórico-temporal de la narración, recurriendo a numerosos paralelos entre el texto y la vida contemporánea del Yucatán del siglo XX.11 En 1940, Abreu Gómez ofrece la posibilidad de dar voz a los discursos regionales, y abre paso a la construcción de un discurso híbrido en la literatura. La producción literaria actual en Yucatán avanza a partir de esta incipiente articulación de la región con su metrópoli (México) y con el Caribe, y se enfrenta al problema de cómo plasmar en el texto la naturaleza híbrida de su identidad. La respuesta se halla en las diversas formas narrativas que surgen en los textos, desafiando a cada paso las definiciones canónicas de “novela”, “cuento” y “relato”, para crear textos alternativos que se orientan a partir de los modelos no-occidentales de la literatura popular mestiza y la tradición oral maya. Saber cómo articular las diferencias culturales en la construcción de una identidad es el reto jul./dez. 2005 245 Margaret Shrimpton Masson que enfrenta el escritor yucateco hoy, y es un desafío que Kamau Brathwaite ha señalado repetidamente para los escritores caribeños.12 La narrativa contemporánea: Joaquín Bestard Vásquez (1935- ) La obra narrativa de Joaquín Bestard incluye 15 novelas y unos cinco libros de cuentos, escritos durante los últimos cuarenta años. Sin embargo, su tiempo de mayor productividad ha sido sin duda los años desde 1980 en adelante, fecha que marca su regreso a Yucatán después de pasar veinte años viviendo en la Capital de la Republica Mexicana. En ese momento, cuando anunció su regreso a la provincia, sus compañeros escritores en la metrópoli del Distrito Federal pronosticaron (erróneamente) su muerte literaria. Al contrario, el feliz reencuentro con su tierra se ha traducido en una rica narrativa, que alcanza ahora su madurez con la publicación de Ciento y un años, Koyoc, recién editada por la Universidad Autónoma de Yucatán (2004) y Un Tigre con ojos de jade, reeditado en su versión original, en Por Esto!, Octubre 2004.13 Novelas como De la misma herida (1985), Ocasos de un mar de cobre (1992), El cuello del jaguar (2000), Balada de la Mérida Antigua (2000) y El coleccionista de otoños (2003), son algunos de los títulos más relevantes de su obra. Su narrativa se caracteriza por un constante deseo de cambiar y renovarse, pero hallamos tópicos recurrentes de suma importancia para esta discusión. La base de su obra es el cuestionamiento de una identidad determinada, lo que le conduce a una discusión en las novelas y en los cuentos en términos de la representación de la identidad cultural como una serie de identidades traslapadas. Siempre confrontacional y en busca de nuevos espacios, sus estrategias narrativas le conducen al encuentro con la intertextualidad, y lo interdisciplinario. Las constantes traslapes narrativas se explican también a partir de la representación plástica, donde las artes visuales constituyen una parte relevante de su arte narrativa. 246 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria... En la mayor parte de su obra, las historias se desarrollan en un pueblo mítico de nombre Beyhaulé, que en lengua maya significa, “quizás, tal vez, puede ser”. Beyhaulé, como su nombre sugiere, es y no es un pueblo ficticio. No está en el mapa, pero sí se encuentra en la experiencia de vida de muchos yucatecos. En ninguna novela se repite su ubicación geográfica, pues como un pueblo nómada lo encontramos en el interior, en la costa y en las afueras de la ciudad capital. Como el pueblo transculturado (o como el cimarrón) que representa, Beyhaulé se transforma constantemente, y así mismo el espacio simbolizado de la región adquiera también múltiples caras. En la primera de las novelas que analizo aquí, Ciento y un años Koyoc (2003), exploro la construcción de un espacio narrativo “cimarrón”, un espacio marginal y movedizo, que se vuelve el núcleo, o corazón de la historia narrado. En el segundo texto, Balada de la Mérida antigua (2000) abordo el empleo de la fragmentación como estrategia narrativa para representar la articulación de múltiples identidades en la región. Ambas novelas profundizan en la transformación del texto: del espacio cerrado al dominio de la palabra abierta—del dominio de la plantación a la libertad del cimarrón. Ciento y un años Koyoc Escribir y recordar se convierten en tópicos importantes en la amplia obra narrativa de Joaquín Bestard, donde la memoria, vinculada con la tradición oral y la historia colectiva de la región ocupa un poderoso lugar dentro de su narrativa escrita, que emplea siempre un español yucateco como lengua narrativa. La narrativa de la oralidad que encontramos en las historias de Maximito Koyoc —narrador/protagonista de esta novela—nos lleva al mundo narrativo de Bestard en donde crea y re-crea su propio universo oral, inventando pueblos míticos y tradiciones populares que se funden con las creencias extraídas de la realidad social yucateca, pero a su vez son transformadas en una ficción literaria compleja, que une los planos de lo imaginario y lo real. El acto de narrar está a cargo de la figura de don Maximito, frágil anciano de 101 años jul./dez. 2005 247 Margaret Shrimpton Masson que asume la responsabilidad formal de ser cronista del mítico pueblo de Beyhualé, un especie de Macondo yucateco. Dentro de nuestro mundo de las alternativas simultaneas, es significativo pensar en que el acto de recordar, no es una simple repetición de los hechos pasados recuperados para el presente. Maximito explica la tarea del cronista y hace hincapié en que los recuerdos no llegan simplemente porque se los piden: Conciencia, así la llaman […] Los momentos y las acciones de familiares o mías están distantes de causarme remordimientos. Muchos trozos perdidos, descuartizados o enterrados en lo que dicen memoria. Tal vez a veces me cueste un poco de trabajo rescatarlos completos o hacer la reposición de la faltante (BESTARD, 2004, p. 29). Maximito Koyoc, cuentero par excellence también reserva el derecho de no contar, o por lo menos de narrar las historias cuándo y cómo le parezca: … se los contaré cuando me renazcan los recuerdos, porque las cosas tampoco salen así de ora quiero hablar de esto y aí viene enteritito como culebra del huevo. Pero a mi edá, tengo que ir agarrando los hilos sueltos y jalar con cuidado, con tal que no se rompan, y luego a ver qué pesqué, deseando por amor de Dios sea lo que busco a gatas (BESTARD, 2004, p. 17). Maximito no es el estereotipo de cronista—el que afirma desde el libro de Historia su autoridad para decir la verdad, apuntar hechos y establecer fechas. Koyoc es un cronista distinto, paradigma de un orden alterno, que busca explicarse por todas las partes y fragmentos de las historias y sus protagonistas. Nuestro cronista escoge vivir las experiencias de Beyhualé y del mundo, sentado en lo alto de un banco de patas largas, donde convive con las arañas del techo. En ese espacio—afuera del espacio comunal de la casa 248 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria... —Maximito conversa con sus arañas, los “otros” que le comprenden. Maximito se construye entonces como narrador de cuentos, creador de historias, inventor de realidades e ilusiones, un cronista alternativo, un cimarrón que usa la palabra para reescribir el mundo: “Yo les prometo un Maximito distinto pa cada cuento, recuerdo o ilusión, durante ciento y un momentos”(BESTARD, 2004, p. 42). Estos momentos, -los recuerdos y fragmentos—se arman en un complejo rompe-cabezas a lo largo del texto. La figura de Maximito—cimarrón, cuentero-juglar, creador irónico—, se concreta en la imagen de Maximito el narrador, casi convertido en araña—“A veces me siento igual a las arañas del techo, tengo dos brazos dichosos y libertinos, dos piernas muy flacas y cuatro patas largas del banco: total ocho. Igual que ellas” (BESTARD, 2004, p. 214). La conceptualización de Maximito como cimarrón remite a la vez a la consideración de la palabra y el poder. Quienes han relegado al bis-abuelo Maximito a un espacio aislado de la casa—simbolizada en su alta banca de ocho patas—es su propia familia, su propia gente. El anciano, en vez de quedar en silencio y aceptar su dominación, rebela contra su propia marginación y se vuelve el generador de historias, la voz que a fin de cuentas mantiene viva las historias—las pequeñas y las grandes. Así, el esclavo o el marginado logra su libertad, por medio del poder de su voz, y obliga a cuestionar—¿quién decide sobre las historias grandes y pequeñas? ¿Quién controla quiénes somos? ¿Quién determina nuestra identidad? ¿Quién pone orden a nuestras historias y nuestros recuerdos? Los 101 capítulos del libro relatan 101 años de la historia de Beyhualé, sin orden cronológico. Los 101 fragmentos responden a episodios de la historia mundial, nacional y regional, así como eventos culturales, y registran el impacto o la recepción de tales eventos en Beyhualé. Es decir, el enfoque del narrador es a partir de su propia lectura de, por ejemplo, la noticia del primer Zepellin, y no en los datos Históricos del asunto. La novela registra de una u otra forma los grandes historias, pero remitiéndolos al protagonismo de los pequeños e íntimos actores de las mismas. jul./dez. 2005 249 Margaret Shrimpton Masson La rebeldía de Don Maximito alcanza uno de sus mejores momentos cuando narra la historia de “Peregrina”, balada canónica de los trovadores y pieza principal de los Tríos yucatecos. La canción fue escrita por Luis Rosado Vega en 1923, importante escritor de la primera mitad del siglo XX, lo que contribuye, junto con la composición musical de Ricardo Palmerín al enorme éxito que tuvo. La canción fue solicitado al poeta por el entonces gobernador del estado, Felipe Carillo Puerto, y dedicado a la periodista estadounidense, Alma Reed, quien fue la inspiración detrás de los famosos “ojos claros y divinos” de la canción. Típicamente transgresora, la versión de Máximito sobre la popularidad e impacto de la canción le lleva por otros rumbos, partiendo del problemático color de los ojos. Explica Maximito el furor que causó la letra, pues las beyhualenses se lanzaron a la búsqueda de sus ojos verdes: Acudieron a médicos, boticarios, h-menes, curanderos, hechiceras, charlatanes y farsantes, y nada. Siguieron con los ojos negros a pesar de utilizar doscientas o más clases de gotitas. Se acabaron los goteros en Beyhaulé y se tuvo que pedir una remesa especial a Mérida. (BESTARD, 2003, p. 199). Según Maximito, la “rebelión femenina […] puso en cuarentena a los maridos” (BESTARD, 2003, p. 199) y los impulsó a tomar medidas. Investigaron la raíz del problema analizando a detalle la letra, “Señores, veámoslo con el cuidado requerido, el verso dice: de ojos claros y divinos, analicemos bien: ¿azules? ¿verdes? ¿verdemar? ¿celestes? […] y si nos vamos por lo divino, éste no es un color, sino tal vez luz, brillo [….] ¡Carajo! ¿De qué color tenía los ojos peregrina?” (BESTARD, 2003, p. 199). El episodio se resuelve al término de una exhaustiva investigación de archivo que desempolva una serie de canciones de poetas yucatecos que cantan exclusivamente de los ojos negros y bellos de las mujeres yucatecas. A pesar del humor latente en el relato, el argumento es más serio, y cuestiona las bases que han servido para determinar y representar nuestra identidad cultural. 250 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria... La intención no es la de quitar a Peregrina su merecida lugar en la serenata yucateca, sino la de interrogarnos sobre la frecuente folklorización e iconización de unos pocos aspectos de la cultura regional, a prejuicio de una perspectiva más amplia, híbrida o colectiva. El acto doloroso y traumático de recordar, no conlleva a la reconciliación ni tampoco a la solución de los problemas, sino más bien conduce a un enfrentamiento de pasado y presente. En palabras de Homi Bhabha, remembrar “no es nunca un acto silencioso de introspección o retrospección. Es un doloroso remembrar, una construcción, pedazo por pedazo, del pasado desmembrado, para explicarnos la trauma del presente” (BHABHA, 1994, p. 63). Maximito entonces, es un artista de la historia, narrando los fragmentos—los hilos sueltos—para llegar a una historia más completa y más compleja. Muchas veces, el lector que sigue las fechas, que busca la cronología, que trata de dibujar el árbol genealógico de los BechKoyoc-Solis, (las familias fundadoras de la historia narrada) llegará a cuestionar la autoridad histórica de Maximito, y responderá con “no puede ser, no pudo haber nacido entonces, se han mezclado los años…”. Nos falla la lógica. Sin embargo, Edouard Glissant explica otra manera de entender el tiempo de la memoria histórica para los pueblos caribeños que ayuda a explicar la perspectiva de Maximito: Memory in our works is not a calendar memory; our experience of time does not keep company with the rhythms of month and year alone: it is aggravated by the void, the final sentence of the Plantation; our generations are caught up within an extended family in which our root stocks have diffused and everyone had two names, an official one and an essential one-the nickname given by his community (GLISSANT, 2000, p. 72)14. Maxmito no necesita imponer un orden a sus recuerdos, porque el orden espontáneo dictado por sus recuerdos es suficiente. El cuadro que se arma tiene repeticiones, digresiones, analepsis y traslapes: como la realidad que representa. jul./dez. 2005 251 Margaret Shrimpton Masson Balada de la merida antigua Balada de la Mérida Antigua construye su discurso, como la identidad regional, en una serie de capas traslapadas e interrelacionadas. Introduce la fragmentación y la intertextualidad como estrategias narrativas con efectos profundos para el significado del texto. La fragmentación es una estratégica formal de la construcción de la obra, a la vez que una importante aporte discursivo. La portada del libro sugestivamente aborda la problemática de las múltiples caras de la región, en una representación de retratos, todos divididos por la mitad, pero a la vez sobrepuestos uno sobre otro, para conformar una imagen fragmentada, sin una visión homogénea o completa. En términos discursivos, la fragmentación opera por medio de la yuxtaposición y en ciertos momentos intercambio, de las voces de los tres personajes principales: Doña Sara, dama meridana de la clase media alta; Escolástico, su hijo solterón; y X-Pet, la criada maya, nacida en el pueblo de Beyhualé. Por su parte, no solamente se hace uso de la intertextualidad a nivel ficcional (con frecuentes referencias a otras novelas de Bestard, empleando “las cajas chinas y los vasos comunicantes”) sino también en un nivel más formal, introduciendo textos coloniales españoles como La relación de las cosas de Yucatán, del obispo Landa, textos indígenas como Los cantares de Dzitbalché, (con notas de Barrera Vásquez), y también combinado ambos con los escritos periodísticos de Escolástico. El texto introduce los tres personajes principales, de acuerdo a los estereotipos convencionales de blanco, maya y mestizo: Doña Sara, identificada por su rechazo a la cultura y el pueblo maya, pero aceptando su “utilidad”; x-Pet, la criada maya, quien fue llevado de su pueblo a la casa urbana de Doña Sara en el centro histórico de la ciudad; y Escolástico, el hijo, mestizo biológicamente, quien debería representar también el mestizaje cultural, educado por su madre y por la nodriza maya. Su padre, que suponemos indígena, nunca 252 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria... aparece en la obra. No obstante, el discurso desconstruye esta simple armonía matemática por los constantes traslapes entre los personajes, cuyas identidades deslizan entre uno y otro. X-Pet, la criada maya es el personaje que más relevancia tiene en este contexto, ya que ella, a pesar de los esfuerzos de doña Sara para obviarla y excluirla totalmente, ocupa todas las esferas de la novela. X-Pet es una presencia perenne y silenciosa que absorbe todo el ambiente que le rodea en la casa de Doña Sara hasta lograr ser como ella: “Tu volviste a x-Pet así […] a tu imagen y semejanza […] dificulta distinguir entre señora y sirviente” (BESTARD, 2000, p. 197). Poco a poco, los espacios de Doña Sara son usurpados por XPet, que convierte paulatinamente—iniciando con los jardines—, el espacio urbano en una recreación de su pueblo: X-Pet trajo la Ceiba de su pueblo. […] La matita la acomodó en una canasta de chilibes y mimbre, tejidos muy apretados para que no saliera la tierra. Doña Sara le preguntó la causa de su apuro y los tantos cuidados para con la planta. Me la dio un h-men (curandero) explicó. La trasplantamos del patio de su casa. Así, x-Pet trasladó el fragmento de su Beyhualé para adornar el solar meridano. […] X-Pet eligió el fondo del patio para sembrar su Ceiba. Esta creció y sus ramas sobrepasaron y se extendieron por arriba de los muros de división de los solares colindantes. Pero ningún vecino reclamó nunca la caída de hojas o basura en sus terrenos, también ocupados con frutales. (BESTARD, 2000, p. 215) X-Pet llega silenciosamente a apoderarse también de los espacios interiores de la casa: “Me tiene vigilado con x-Pet. A la vieja no la veo, pero sé que anda cerca. No la oigo, pero está atenta. No la siento, pero me contempla y mamá la escucha” (BESTARD, 2000, p. 159). En muchas ocasiones, las acciones de Escolástico o de Doña Sara son repetidas con precisión por x-Pet, yuxtaponiendo voces y acciones. Si en anteriores novelas, la voz indígena ha llegado a usurpar la voz blanca, invirtiendo los códigos del discurso, en esta novela el proceso no es lineal, ya que las voces más bien se desdoblan jul./dez. 2005 253 Margaret Shrimpton Masson asumiendo diversas identidades en un proceso circular, que va y viene en el espacio y en el tiempo. Escolástico—la voz narrativa—se mueve en distintos planos en la novela—narrando su pasado, sus recuerdos, sus sueños y su presente donde también intercala sus propios escritos periodísticos. Las verdades de estas historias se fragmentan entre las distintas autoridades narrativas señaladas arriba: la española, la indígena y la mestiza, y además entre historias “reales”, y historias “ficcionales”. Así, al final de la novela Escolástico aclara para su madre que existen tres verdades: “Tres, mamá. La tuya, la de x-Pet y la mía” (2000, p. 252). Es importante señalar como dinámica interna de la articulaciones de identidades en Yucatán, que el cuarto personaje, Eurinidice, esposa soñada e idealizada de Escolástico, es una figura que no solamente desestabiliza la geometría de la estructura triangular formado por los tres personajes centrales, sino ella es sistemáticamente excluida de esa articulación. Eurinidice se configura como el foráneo, el invasor que transgreda las fronteras de la región yucateca y cuya presencia amenaza la identidad regional. Contra el invasor de afuera, la trinidad yucateca se une y se defiende. La novela rechaza la solución mestiza como una tercera vía: x-Pet, culturalmente mestiza por la manera en que adopta los estilos de vida y incluso el habla de doña Sara, también se mantiene arraigada a sus raíces, al pueblo Beyhualé que es parte intrínseca de ella, y el espacio que queda configurado dentro del patio de la casa de Doña Sara. Por otra parte, Escolástico, quien debería configura el sueño mestizo, nutrido por la cultura maya y la cultura no-indígena de su madre, no logra reconciliarse con sus orígenes. Escolástico se esfuerza por defender el pueblo indígena del racismo expresado por su madre; sin embargo, esa defensa lo hace solamente en sus escritos periodísticos, y notablemente exclusivamente a partir de las referencias históricas coloniales. Su relación con el pueblo maya es escolástica y académica. Su mixtura es a la vez conflictiva y creativa y en constante movimiento entre los factores componentes, pero que en él al contrario de x-Pet, no logran existir simultáneamente. Escolástico es siempre obligado a escoger: 254 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria... Se lavó y se talló con sosquil, aunque por momentos olvida el detalle sus movimientos por rutinarios, mientras su rostro vuelve a capturar la bipolaridad escondida tan efectivamente. Esa triste sonrisa capaz de impregnar a su boca un gesto distinto. De pronto, queda indeciso sobre de qué lado hacerse la vereda: del español o el maya. Se siente burlado. Pero su carácter termina imponiéndose. Está bien, un día me la haré a la derecha y el siguiente a la izquierda. (BESTARD, 2000, p. 31). En esta obra, Bestard desafía el estereotipo del mestizo “aculturado” como única imagen representativa de la identidad regional: imagen de “mestizaje maldito” como lo llama en De la misma herida (1985). Su confrontación con el discurso fundacional yucateco le lleva a proponer un mestizaje imaginada desde la fragmentación y la destrucción de la armonía, forjado a partir de la violencia—aquí representado en x-Pet. El mestizaje en Yucatán— esa combinación común de europeo e indígena, chino y libanés— produce, entonces, una hibridez cultural, caracterizado en sus obras por la fragmentación constante de linajes, historias y narraciones. Al final, este desmembramiento crea un nuevo orden alterno y coherente que también debe discutir la marginación de un discurso regional propio frente a los cánones nacionales. Lecturas desdobladas y alternativas simultáneas Desde los paralelos evidentes entre las casi-islas continentales de Yucatán y Guyana, hasta las relaciones más sutiles en la perspectiva narrativa de los autores, que los lleva casi sin excepción a un rechazo del realismo y también del realismo mágico, aceptamos que simplemente existen otras dimensiones de la realidad de la imaginación caribeña, que lejos de ser fantasía o magia responden a una experiencia colectiva. En diversos textos contemporáneos descubrimos un mundo colectivo proyectado a partir de la intimidad jul./dez. 2005 255 Margaret Shrimpton Masson de la experiencia individual. Así, por ejemplo, Jamaica Kincaid nos presenta con una protagonista que relata la autobiografía de su madre, que es el recuento de su vida de ella (la hija, no la madre), a la vez que es también la historia de los hijos que nunca tuvo; Mayra Montero teje una historia de amor ubicada en la isla de Cuba, entre una Mulata china y el gran cantante italiano Caruso, que se mueve entre los planos de la música operística, las historias de los libretos, los diarios de la mulata-china, la historia que escribe su hija y una investigación periodística que combina voces orales y documentación, en un enorme orquesta transculturada de lo europeo, africano, chino y caribeño. Joaquín Bestard, nos ofrece 101 años de historia— Yucatán, México y el mundo, todo por el ojo del mítico pueblo de Beyhualé, el pueblo que todos conocemos pero no encontramos en mapa alguno.15 Estos espacios de fragmentación resisten clasificación—son uno y diverso—, uno de los grandes aportes y también de las grandes dificultades para la poética caribeña. Uno de los aciertos de la crítica reciente es afirmar, como Silvio Torres-Saillant (1997), que no es necesario definir el Caribe y de ende su poética, para lograr distinguirla del canon occidental, o cualquier otro canon, sino aceptar y entender su existencia. Es en esencia esa liminalidad, la cualidad intrínseca del Caribe. En los fragmentos del mundo literario yucateco-caribeño hallamos la “cross-culturality” de Harris, “la métissage” de Glissant, y la hibridez de Joaquín Bestard: un espacio de creolité caribeño en constante transformación. En estas obras el narrador ha pactado con el cimarrón y en su discurso rebelde, rompe los límites de su plantación—el discurso dominante. En Yucatán, sacudir las bases de la identidad regional a partir del discurso literario logra—en el caso de Bestard—una modificación o desconstrucción de los iconos y los estereotipos regionales. Las fronteras de la región se vuelven flexibles, la articulación con la nación no la única posible, y los puentes regionales se consolidan. 256 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria... Notas 1“Tomar el camino más recto no siempre era la mejor manera de llegar; y si los caminos se zigzagueaban por los bosques, también teníamos que zigzaguear….Había que seguir los trazos, revolverlos y desordenarlos con la irracionalidad de un cimarrón”. CHAMOISEAU, Patrick. Antan d’enfance. Paris: Hatier, p. 109, 1990. (En ésta y las siguientes citas, la traducción del inglés al español es mía.) 2 Ver. BHABHA, Homi. “To that end we should remember that it is the ‘inter’— the cutting edge of translation and negotiation, the in-between, the space of the entre that derrida has opened up in writing itself—that carries the burde of the meaning of culture […] It is in this space that we will find those words with which we can speak of Ourselves and Others. And by exploring this hybridity, this “Third Space”, we may elude the politics of polarity and emerge as the others of our selves”. “The Commitment to Theory”. New Formations. Vol 5, 1988. 3 “Entonces, finalmente, se intensificó el cimarronaje histórico en el tiempo, para alcanzar un cimarronaje creativo, cuyas formas numerosas de expresión formaron la base para una continuidad. Ya no era posible concebir de estas literaturas como apéndices exóticos de un corpus literario francés, español o inglés; más bien, irrumpieron de repente, con la fuerza de una tradición que ellos mismos construyeron, en la relación de las culturas” (GLISSANT, 2000, p. 71). 4 “La Plantación es uno de los vientres del mundo, no el único, uno entre muchos otros, pero tiene la ventaja de poder ser estudiada con la máxima precisión. Así, el límite, su debilidad estructura, se vuelve nuestra ventaja. Y al final, su aislamiento ha sido conquistado. El espacio fue cerrado, pero la palabra que nació adentro, permanece abierta” (GLISSANT, 2000, p. 75). 5 “Hay comunidades de “lenguaje de uso” que transcienden las fronteras de la lengua de voz. Me siento mas cercano a los escritores del Caribe anglófono o hispanófono (y por supuesto el Caribe de habla creole), que a la mayoría de los escritores en francés. Eso es lo que nos hace antillano. Nuestras lenguas son diferentes, nuestro lenguaje de uso (empezando con la relación con la lengua) es el mismo.” (GLISSANT, 2000, p. 214-215) 6 Ver HARRIS, Wilson. “New Preface to Palace of the Peacock”. BUNDY, Andrew (Ed.). The Unfinished Genesis of the Imagination. London: Routledge, 1999, p. 53-57. jul./dez. 2005 257 Margaret Shrimpton Masson 7 Incluso, tan acostumbrada era la relación con el Caribe, y tanto mas fácil moverse hacía Cuba que hacía la capital de la Republica, que encontramos en la novelas de la primera mitad del siglo XX, referencias detalladas de los viajes por mar, a La Habana, Nueva Orleáns y Nueva York. El viaje a México, en contraste, no era directo. Había que ir por mar a Veracruz y después por tren a México. Es hasta 1950 que el ferrocarril une Mérida y México D.F, y 1970 cuando se inaugura la carretera. 8 Ver ANTOCHIW, Michel, 1994, p. 98, citado en SHRIMPTON, M., 2005. 9 La construcción del imaginario nacional sobre las bases de un indígena inventado, blanqueado como mestizo es evidente en la obra indigenista de Antonio Mediz Bolio (1884-1957). El indígena (o su herencia cultural) que sirvió de fundación para el XIX, se transforma en un “misterioso” mestizo, en esta cita tomada de La tierra del faisán y el venado, 1922: “He pretendido […] hacer una estilización del espíritu maya, del concepto que tienen todavía los indios […] he pensado el libro en maya y lo he escrito en castellano. He hecho como un poeta indio que viviera en la actualidad y sintiera, a su manera peculiar, todas esas cosas suyas. […] Una poesía especialísima, autóctona, misteriosa y de fuentes remotísimas, hay de todo esto”. 10 Ver SHRIMPTON, Margaret. Tejiendo historias en el Caribe. Narrativa contemporánea yucateca. México: Editorial Arte y Literatura/Universidad Autónoma de Yucatán, 2005 (en prensa). (Capítulos 3 y 5). 11 Señala Abreu Gómez en el prólogo de la obra, “Así se escribió Canek”: “Por vía de juego en la historia de Canek va algo de mi vida y también de la vida de otros sujetos” (ABREU GÓMEZ, E., 1977, p. 17). Los juegos de tiempos han continuado hasta las turbulentas décadas a finales del siglo XX: el comandante Marcos, del EZLN ha utilizado diversos fragmentos de Canek como epígrafes para sus discursos. 12 BRATHWAITE, Edward, K. Roots. La Habana: Casa de las Américas, 1986, p. 124-126. 13 Esta novela se publicó en la ciudad de México en 1996, por la editorial Costa Amic. Debido al empleo de muchos vocablos regionales, Costa Amic exigió la supresión de todos los mayismos, y la consecuente modificación de la obra. Durante 4 semanas en Octubre de 2004, la novela fue re-editado y publicado en entregas en el Unicornio, suplemento dominical de Por Esto!, (Mérida), respetando el manuscrito original del autor y restaurando los mayismos. 14 GLISSANT, Edouard. Poetics of Relation. “La memoria en nuestra obras…. No es una memoria de calendario; nuestra experiencia del tiempo no se marca 258 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria... solamente con los ritmos de los meses y los años: es agravado por el vació, el último castigo de la Plantación; nuestras generaciones están envueltas dentro de la gran familia extendida del devenir de nuestras raíces, y todos tienen dos nombres, uno oficial y otro esencial—el apodo dado por la comunidad”. (2000, p. 72) 15 Refiero a las siguientes obras: KINCAID, J. The Autobiography of my Mother; MONTERO, Mayra. Como un mensajero tuyo; BESTARD, Joaquín. Ciento y un años Koyoc. 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VI, nº 11 An Approach to the Study of Culture as People in the African World Kwasi Konadu Winston-Salem State University Resumo Nos último anos, “a diáspora” e os “estudos sobre a diáspora”, além de perceberem as comunidades como imaginadas ou inventadas tem gozado de popularidade ao mesmo tempo que são objeto de crítcas. Ainda que haja uma grande proliferação de programas acadêmicos e de investigações sobre a diáspora africana, a exploração da cultura daqueles que são (supostamente) os objetos de tais esforços sofrem interpretações inexatas da cultura. Portanto, a narrativa e a identidade dos africanos são percebidas como versões plagiadas que são apresentadas através de expressões como hibridismo, criollismo e sincretismo. Os temas tratados neste artigo tratam das interpretações da cultura como um conceito polisémico ou como eixo de definição e interpretação de um habitat temporal. Reavalia-se principalmente fontes secundárias e materiais de arquivo junto com pesquisas realizadas nas regiões caribenhas, bem como no oeste da África, pretendendo-se oferecer uma exploração conjunta sobre a cultura como individuos no mundo africano (e não como “diáspora”) no contexto de estratégias socio-políticas y culturais dominantes utilizadas tanto pelos africanos como por aqueles que controlam a ordem social dentro da qual se encontram os africanos. Palavras-chaves: Mundo africano, Teoria da cultura, Diáspora * Artigo recebido em agosto e aprovado para publicação em novembro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 261-283, 2005 261 Kwasi Konadu Resumen En los últimos, “la diáspora” y “los estudios sobre diáspora”, además de centrarse en las comunidades como imaginadas o inventadas han gozado de popularidad y a la vez han sido objecto de crítica. Aún que hay una gran proliferación de programas académicos y de investigación sobre la diáspora africana, la exploración de la cultura de aquellos que son (supuestamente) los objectos de tales esfuerços sufrem interpretaciones inexactas de la cultura . Por tanto, las narrativas y la identidad de los africanos son a menudo versiones de plagios presentadas a través de expresiones de hibridismo, criollismo y sincretismo. Los temas tratados en este artículo tratan de la interpretación de la cultura como um concepto polisémico o eje definidor de la definicion e interpretación de un habitat temporal. Reevaluando principalmente fuentes secundarias y materiales de archivo junto con investigaciones realizadas en las regiones caribeñas y del oeste de África, este estudio pretende ofrecer una exploración conjunta sobre la cultura como individuos en el mundo africano (y no como “diáspora”) en el contexto de estrategias socio-políticas y culturales dominantes utilizadas tanto por los africanos como por aquellos que controlan el orden social dentro del que se encuentran los africanos. Palabras claves: Mundo africano, Teoría de la cultura, Diáspora Abstract In recent years, “diaspora” and “diaspora studies,” as well as thinking about communities or identities as imagined or invented, have become popular even fashionable as these imprecise notions have received their share of widespread use and some criticism. While there have been a proliferation of research and academic programs in African “diaspora” studies, the approach to the culture of those who are (supposedly) the subject of such endeavors suffer from inappropriate interpretations of culture. Therefore, the narrative and personhood of Africans are often plagiarized versions presented through the conceptual idioms of hybridity, creole-ness, and syncretism. The issues addressed in this essay are concerned about the interpretation of culture as a multilayered concept or axis around which temporal life is organized and interpreted. By reassessing mostly secondary and some archival materials in conjunction with research in the Caribbean and West Africa regions, I argue for an composite approach to culture as people in the African world (rather than “diaspora”) in the context of dominant socio-political and cultural strategies employed concurrently by Africans and those who manage the social order within which Africans find themselves. Keywords: African world, Culture theory, Diaspora 262 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 An Approach to the Study of Culture as People.. *** We are not a people of yesterday… We are not a stagnant people, hating motion… Our fears are not of motion. We are not a people of dead, stagnant waters. Reasons and promptings of our own have urged much movement on us — expected, peaceful, repeated motion… Then the time and our need for continuation called for motion. The flow of our warmest blood answered the call. We spread connected over an open land. Ayi Kwei Armah, Two Thousand Seasons Introduction In recent years, “diaspora” and “diaspora studies,” as well as thinking about communities or identities as imagined or invented, have become popular even fashionable as these imprecise notions have received their share of widespread use and some criticism. African “diaspora” studies programs, departments, and scholarship have grown exponentially within the last fifteen years, a growth which witnessed the establishment of academic journals and discussion groups that regard the cumulative nature of these efforts as constituting a “field” distinct from Caribbean or African(a) studies. International initiatives such as the UNESCO Transatlantic Slave Trade Education Project, which is under the broader Breaking the Silence project, are engaged in related and overlapping work as those found at York University in Canada and analogous efforts by Pennsylvania State, Yale, and Tulane University in the United States. While there have been a proliferation of research and academic programs in African “diaspora” studies, the approach to the culture of those who are (supposedly) the subject of such endeavors suffer from inappropriate interpretations of culture and, therefore, the narrative and personhood of Africans are often plagiarized versions presented through the conceptual idioms of hybridity, creole-ness, and syncretism. jul./dez. 2005 263 Kwasi Konadu I say interpretations of culture since what and how we interpret, as ways in the process of making sense, correspond to our very modes of creating and ascribing meaning, which, ultimately, are anchored in our world-sense (i.e., our way of making sense of our reality). Thus, the issue addressed herein is not so much the meaning(s) of culture as an exercise in semantics, but rather the interpretation of culture as a multilayered concept or axis around which temporal life is organized and interpreted given that we are nothing but our culture in physiological, ideational, and spiritual terms. By reassessing mostly secondary and some archival materials in conjunction with research in the Caribbean and West Africa regions, this essay argues for an composite approach to culture as people in the African world (rather than “diaspora”) in the context of dominant socio-political and cultural strategies employed concurrently by Africans and those who manage the social order within which Africans find themselves. This essay begins by distilling two central strategies from the literature on the African “diaspora,” outlines the research perspective employed in the context of those strategies and their historical meaning(s), and then uses Brazil as a case study for the approach to culture as people argued in this paper. Finally, some conclusive remarks are offered. The imperative of a multilayered perspective on culture in the African world correspond not only to the questions of who and where are Africans and how and why did they come to be in the historical and geographical places we find them, but also the praxis of teaching and demonstrating an understanding of the concept of an African world encompassing Africa, the Americas, the Caribbean, Europe, Asia, Australia and other geo-political contexts in which communities that show evidence of historical and cultural linkages with Africa exist.1 In the Brazilian context, the recent legislation which made compulsory the teaching of African and AfricanBrazilian history in schools can be directly implicated on the exigent matter of African historical and cultural knowledge, representation, and propagation (see OLIVA, 2003). Embedded in the theoretical issues of and scholarly dialogues on African “diaspora” studies, preliminary 264 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 An Approach to the Study of Culture as People.. research revealed two sets of emergent themes from the works of E. Kofi Agorsah, Sidney Mintz, Richard Price, John Thornton, Abdias do Nascimento, Jose Arroyo, Q. Duncan, J. Huapaya, A. Bedoya, B. Cayasso, Carlos Moore, Nigel Bolland, Robert Farris Thompson, Franklin Knight, Philip Curtin, Michael Gomez, Linda Heywood, Maureen Warner-Lewis, Joseph E. Harris, Jesús García, Tomás Chirimini, Ivan Van Sertima, Edward Alpers, Marco Cuevas, Gerdès Fleurant, Gordon Lewis, Cheikh Anta Diop, G. Andrews, F. W. Knight, I. Hrbek, and others. Those dual and simultaneous themes are “de-Africanization” strategies and goals, and strategies and goals of sovereignty and consolidation (i.e., re-Africanization). These themes, however, have not been delineated by any of the foregoing writers nor have they been fully explored as part of the larger narrative of the movement of Africans through cultural space and historical time. De-Africanization strategies and goals include the use of census and demographic data to project an image of African decline or disappearance, the consistent front-line deployment of African soldiers in colonial and contemporary wars from the Indian to Atlantic Ocean, the encroachment on African land from South Carolina to South America, and the socio-political use of “creole-ness” and hybridity (as a corollary to syncretism) to facilitate ongoing deAfricanizing, de-humanizing processes. Brazil, for instance, offers an opportunity to expose or de-mystify syncretism in the context of a racist socio-political order projected as a racial democracy which links itself to the idea of syncretism as proof of the non-existence of racism. On creole-ness, where many have essentially argued the social context encourages or discourages the retention of African culture and population density facilitates African survivals, the supposition that social orders which are increasingly and densely African over time would give rise to a “creole culture” and not the continuity of an African one is a dubious conjecture. The confusion and impreciseness of the term “creole,” a term used in specific historical instances to refer equally to humans, animals, or vegetables, is also confounded by the existence of simultaneous sovereignty jul./dez. 2005 265 Kwasi Konadu and consolidation strategies or goals reflective of the strong tendencies among enslaved and first-generation Africans in the Americas to socialize and meet with their “country men” (SCHIEBINGER, 2004, p. 15; THORNTON, 1992, p. 163); the submerging of distinction and the establishment of Africans “nations” to maintain identity, culture, and organize politically; the African construction of a specifically African idea of “independence” as part and parcel of active “maroon” efforts which signaled a sustained politics and a concept of anti-colonial liberation (GARCÍA, 200, p.284-287); sovereignty efforts marked by quilombos, palenques, and other “maroon” communities to contemporary “Black power” or liberation movements; and the Africans’ use of their language and practice of their culture in homes, quarters, and social groups (HARRIS, 2001, p. 108). De-Africanization and sovereignty and consolidation strategies are central themes which allow for a more appropriate way to talk about the African’s confrontation with European attempts to construct a European world outside of Europe. In other words, European expansion and conquest of the Americas correspond to the African “diaspora” (west of the African continent) and the challenges of being African outside of Africa-most clearly expressed in the ongoing contestation between re-Africanization and deAfricanization strategies and goals. In the Americas, the African history of so-called Latin America is usually reduced to drums, “witchcraft,” and folklore and the fear that this region would become another Haiti remains a general and unresolved problem in “Latin American” and Caribbean historiography (GARCÍA, 2001, p. 284-286). Yet, even Haiti’s revolution has been reduced to a footnote or product of French “revolutionary” thinking, evident in notions such as C. L. R. James’ “Black Jacobins.” The reduction of African agency and culture development are conceptual as well as pragmatic issues that warrant a re-assessment in light of recent scholarship and ambivalent patterns of thinking in areas where there exist an historical and cultural African presence (e.g., THORNTON, 1992; 1998). In the Caribbean, many of these societies have been historically colored by hostility toward and 266 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 An Approach to the Study of Culture as People.. ignorance of Africa and its cultures, and “at the academic and popular levels of the Caribbean there remains resistance to the suggestion or assertion of African-Caribbean linkages” (WARNERLEWIS, 2003, p. xxiii; EASTMAN & WARNER-LEWIS, 2000, p. 403). It is not surprising then to find the same treatment of Africans in North America and the Caribbean in that the scholarship on those regions are often rooted in postures of a plantation genesis for the culture of so-called “African America(s)” and assumptions of no prior socialization. Consequently, personhood and identity prior to enslavement in the Americas is lost to notions of deficiency and pathology. The reification of the idea of “imported slaves”, rather than Africans who were subjected to processes of becoming “enslaved,” has been fundamental to standard scholarship absent of an interrogation of its assumptions and the evidence in support thereof. The above geographical focus on the Americas, which for some does (not) include the Caribbean, serves the purpose of further contextualizing the use of Brazil as a case study in explicating the approach to culture in this essay, rather than to obscure or undermine the reality of African movement (inhibited and on their own terms) across place and time, as well as those locales which have a cultural and historical link to Africa with enslavement not a primary facilitating agent. Brazil, however, as a site of dense African population, offer several possibilities by which to examine African culture as people in the context of a paradoxical social order that had the longest duration of chattel slavery on the America side of the Atlantic Ocean and, perhaps, the greatest level of cultural and historical continuity by virtue of the continued renewal of Africans stretching from upper-West Africa to Madagascar and parts of the East African coast to the Brazilian landscape. In explicating the context and content of the simultaneous and overlapping processes involved in the patterns of African culture development and consolidation in its confrontation with patterns of de-Africaniziation, the African experience in Brazil suggest the veracity of the concepts of culturalhistorical continuity, convergence, de-Africanization, and re- jul./dez. 2005 267 Kwasi Konadu Africanization, which all have implications for the study of culture as people in an expanding, yet consolidating and interlinked African world. Research Perspective Using Mintz and Price (1992) as paradigmatic of a large body of literature, since many have either embraced their assumptions and/or their conclusions, we find several, yet crucial limitations in the study of African culture. Mintz and Price employed a narrow conception of culture restricted to “institutions” regulating private and personal spheres of cultural expression, and, in their academic focus, neglected the knowledge of those enslaved and supported the misconception that solidarity was systematically and successfully undermined by the plantocracy through the separation of those who spoke the same language. Due to the preference of European “traders” for specific ports and sources and that Caribbean planters, for instance, sought particular “ethnicities,” Africans of the same speech communities persisted on plantations and neighboring plantations functioning much like a constellation of villages (WARNERLEWIS, 2003, p. xxvii). These historical realities not only affirm bonds between so-called “ship mates”, but, more significantly, brings into focus the work of Mintz and Price as characterized by “a reductive urge to codify... carried out to such an extreme of rigidity that the unruliness of reality is too often forced into neat, mentally manipulable categories, as if such constructs can account for all emotional, physical and psychic data” (WARNER-LEWIS, 2003, p. xxviii). Using the “culture zone” concept advanced by Warner-Lewis (2003), a composite approach to African culture in the Americas, Africa, Asia, Europe, and other parts of the world transcends some of the real and artificial limitations of the “specific island” or “country” approach since the concepts of particularity and commonality are not mutually exclusive (WARNER-LEWIS, 2003, p. 29 xxix). In identifying a specific culture zone, one has to identify the specificity of the culture, isolate patterns which appear to characterize the area, whether by 268 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 An Approach to the Study of Culture as People.. exclusivity or by intensity of usage through word cognition, cultural parallels within the region, establishment of links in ways of making sense of the world and cultural praxis, and the reoccurrence of symbols and artifacts throughout the area. Certainly, following Warner-Lewis (2003, p. xxix), “the cultural elements that survive do not, and cannot, reconstitute themselves in the same molecular fashion as they held prior to dislocation and succeeding cultural contacts,” but there exists the possibility of reconstruction based upon those elements or the principles underpinning those elements. The aforementioned processes, which themselves imply a transcendence of disciplinary boundaries and use of multiple skills, argue that research on culture in the African world must be nothing but multilayered in conception, approach, analysis, interpretation, and presentation. My operational definition for culture is that culture is a composite of the spiritual, ideational, and material-physical dimensions of reality and a process that provides a procedural framework for living and ways to engage, interpret or make sense of reality. In this regard, culture and history affect each other in symbiotic ways; history as occurrences or developments over a period of time in a specific locale—with or without interactions with other locales—engenders culture and culture, in turn, shapes the development of that history. Since the notion of culture implies a rationale, it also has features of material, ideational, and spiritual value, values which themselves reflect indigenous African conceptualizations of the human being as a composite of physiological, ideational, and spiritual constituents. Whereas the spiritual and perhaps ideational dimensions of culture are deep structured, “it is the material aspect of culture that is subject to the most relentless change” due to its concreteness and vulnerability (ABRAHAM, 1962, p. 29) . Every culture has an ideology or fundamental framework used to interpret and response to the historical, socio-political, cosmic, and temporal environment. “Material culture” can, therefore, be considered the physical, technological or tangible aspects of life used, made, and shared, jul./dez. 2005 269 Kwasi Konadu and include all of the physical manifestations of a culture. “Ideational culture” refers to ideas, symbols, values, principles, ways of feeling, thinking and acting, as well as a stock of knowledge and ways of making sense of the reality constructed by a group. An ideational culture embraces the temporal or physical-material dimension of the world, but goes on to accept the notion that a non-physical, immaterial reality is real and apprehensible. “Spiritual culture” constitutes larger cosmological or non-temporal elements and, in a sense, can be considered the “parent” dimension in relation to the temporal, but as part of the continuum of the material, ideational, and spiritual. In other words, if this continuum was a tree, the material would be the physical tree, the ideational would be the roots, and the spiritual would be what nourishes the roots as well as the “unseen” (underground) activities of sustainability. Thus, by way of example, Candomblé in Brazil or Santeria in Cuba can be viewed as European in terms of material culture (objects, dress) but African in relation to ideational and spiritual culture since these African spiritual-temporal expressions in the Americas are anchored in an African cultural core rather than a European one.2 Figures 1 illustrates the foregoing perspectives on culture. 270 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 An Approach to the Study of Culture as People.. Figure 1, “the dimensions of culture: a working model,” attempts to graphically situate the above discussion, while underscoring the idea of culture as both concept and lived experience in its comprehensible depth and scope. The “cultural core” is the seed and matrix of a culture. This notion is often obscured by the idea of hybridity, which falsely presupposes that culture is selfcontained and that certain cultures are and some are not “hybrid”. Notice that the three layers of culture visually correspond to (African) conceptions of the human being in terms of an outer physical layer, an ideational layer or mind enclosed by that external matter, and a deeper (spiritual) part of one’s being beyond the frontier of both. All three layers, however, are linked to a core origin and life force, and one can gauge or approximate the deep of culture as a personal or collective experience beyond the surface and the scope of culture as inherently expansible as the physical skin, the capacity of the mind and spirit, and the nature of the cosmos. Wherever identifiable African culture exists, it is not enough to assume what the layers of that extant culture means for those who live it. In order to identify “African-ness” in the lives of those who experience it—in its comprehensible dimensions of course— only a composite perspective of culture can probe the spiritual (not necessarily religious), ideational or conceptual, and material-physical contours of historical and cultural African communities. It is only through the deep combing of these dimensions will African (world) culture and, therefore, African people globally will be excavated and projected in their humanity in places where they reside due voluntarily or involuntarily factors, or a combination of the two. The research perspective advanced here is for the generation of approaches and interpretations grounded in the cultural reality under study, but this approach is not a procedure fro dissecting culture by way of the three layers or dimensions and then putting the result back together like a jigsaw puzzle. Rather, the idea is to allow one to concurrently apprehend the parts as distinct “components” and as parts of which form an inextricable whole. As one digs and uncovers a term, a ritual, a symbol, a practice expressive of any of jul./dez. 2005 271 Kwasi Konadu the three layers of culture or a combination thereof, she or he will find it possible to approach and appreciate the depth, scope and interconnectedness of African cultural reality in those places with an African cultural and historical presence. Are there limits of this research approach? All approximations as well as sources have limitations, but as a process rather than strictly method the approach advanced here is a tool which, through case studies or global surveys, can contribute to the advancement of the study of culture as people in the African world. What follows then is a brief case study which seeks to re-interpret the African cultural experience in Brazil through a narrative informed by our approach and research perspective. Case Study: The African Experience in Brazil In Brazil, the deep textured patterns of African history and culture are often reduced to exoticism and reified as folklore. For instance, Africans in Brazil were not even granted a chapter in the comprehensive Manual Bibliográfico de Estudos Brasileiros (The Bibliography of Brazilian Studies) published in 1949; however, they were incorporated into the folklore section. The Brazilian tradition of “folklorizing” African culture must be viewed within the context of de-Africanization strategies on the part of the aligned forces of the national government, tourist industry, corporate businesses, and the Catholic Church, in contestation with African strategies of sovereignty and consolidation in the form of movements to create or maintain their own psychic and cultural space, identity, and history under hostile conditions. The prevailing backdrop to the contention is the propagated myth of racial democracy or harmony and the corresponding notion that the historical development and national culture of Brazil is defined by miscegenation and a general social plasticity. In the accepted narrative of Brazil, the country came into existence with the arrival of Pedro Álvares Cabral in 1500. This troubled narrative is guilty of both omission and commission in that it ignores and marginalizes the indigenous and later African presence 272 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 An Approach to the Study of Culture as People.. in the country which became known as Brazil. Brazil has the reputation of importing the largest number, and for the longest duration, of enslaved Africans of any colony in the Americas between the early sixteenth century and the latter part of the nineteenth century. Overall, Brazil received approximately forty percent of the total number of Africans brought to the Americas, however large that final number may be, during the life of the enslavement enterprise. The enslavement enterprise and process requires some clarification for more often than not historians and other writers have a tendency to conflate chattel slavery in the Americas and servitude or forms of “slavery” on the African continent. The issue is not that some Africans actively engaged and profited from the enslavement enterprise. The issue is talking about “slavery” as a shared human phenomenon which differs only in terms of degrees when those Africans who participated never conceived of a de-humanizing, de-culturalizing process and social order as conjured up and executed in the Americas. In other words, it is not a question of degrees of difference in relatively the same (slavery) system, but one where we are dealing with two different types of systems in thinking and implementation. The European enslavement enterprise was contemporaneous with the latter stages of the Arab enslavement enterprise, which began as early as the seventh century CE (Common era), and later surpassed the former beginning with the Portuguese. The Portuguese imported and enslaved Africans who came primarily from western Africa (e.g., Guinea, Ghana, Benin/Dahomey, Niger, and Nigeria), west-central Africa (e.g., Kôngo-Angola region), southwestern Africa and the east African coast (e.g., Mozambique). The principal cultural groups represented by Africans in Brazil include the Yoruba-Nagô (Nigeria, Benin), Manding (Mali, Guinea), Hausa (Northern Nigeria, Niger), Fon-Gegê (Dahomey/Benin, Togo), FanteAsante (Ghana), and Bantu-Kôngo (Kôngo-Angola, Mozambique). The Malês were generally any African Muslim in Bahia, and in Rio de Janeiro they were known as Alufá. Nagô is the Brazilian expression for the Yoruba, while Gegê applies to the Fon or Ewejul./dez. 2005 273 Kwasi Konadu Fon of former Dahomey (contemporary Benin). The Asante or Fante, both of whom are culturally and linguistically Akan, were called “mina” (as in the “El mina” castle on the coast of Ghana), though many who fell under this category were not Asante and, in some instances, nor were they Fante. Rather, many who were referred to as “mina” were non-Akan or Africans to the east, west, and north of the forest-based Asanteman (Asante nation), which not only controlled much of what is contemporary Ghana during its peak but also play a role (along with others) in the export of Africans to the Americas. The preference of the Portuguese to acquire new enslaved Africans as opposed to growing this population locally is telling for the male to female ratio was typically 2:1, adults were more sought after than children, and the average life span of an enslaved person was approximately 15 years upon arrival in Brazil. Sugar fazendas or plantations defined enslaved life during the sixteenth and seventeenth centuries, and in the latter century there was a focus on importing Africans from the Kôngo-Angola region. The exploitation of gold and diamond deposits in the states of Minas Gerais and Goiás during the eighteenth century coincided with a calculated preference for Africans from the “costa da mina” region (contemporary Ghana, Togo, Benin, and Nigeria) and, thus, the northeast of Brazil became dominated by Africans born of this region. It should be noted that historians or writers sometimes confuse ports of embarkation with ports and areas of origin, and the invented or real place-names in Africa with those of sovereigns in terms of determining who came from where. The nineteenth century witnessed the development of the coffee industry, which became Brazil’s most profitable export. Certainly, as these industries flourished, the increased demand for enslaved African labor remained high and the Africans’ indigenous knowledge of mining, metallurgy, cattle rearing, and agriculture suited a plantocracy which concentrated, chronologically, on the production of sugar, diamond and gold, and coffee. 274 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 An Approach to the Study of Culture as People.. The return of Africans in Brazil to West Africa-Nigeria, Togo, Benin (former Dahomey), and Ghana—from the first half of the eighteenth century to the twentieth century is a phenomenon which, in large measure, is a response to many of the issues which characterized nineteenth century Brazil. The nineteenth century is perhaps the most significant in terms of the extent of events and their implications for the history of Africans in Brazil. During this century, the focal points of enslaved labor were the coffee plantations of Rio de Janeiro and São Paulo. The expanding area of São Paulo experienced numerous revolts and rebellions in the nineteenth century; however, the greatest number of revolts by enslaved Africans occurred on the plantations of northeast Brazil, particularly, in Salvador, Bahia, which had more than twenty between 1798 and 1841. The years 1830-1880 were characterized by numerous military conflicts in South America, including the war of the Triple Alliance in 1865-1870 wherein Argentina, Brazil, and Uruguay fought against Paraguay. In all these military conflicts large numbers of African troops were deployed. A small number of “free” Africans in Brazil participated in the abolitionist movement, since this movement was largely a (white) elite one where government officials created antislave trade regulations and imposed related taxes to encourage planters to use European immigrant workers. Europeans were greatly encouraged to immigrate to Brazil to live and work on coffee plantations in the late nineteenth century. This critical period saw the abolition of slavery in 1888 through the Lei Áurea (Golden Law), the mass immigration of whites, the socio-political pressure on Africans to marry white (so as to “improve” the race), the denial of voting through literary requirements in the 1891 constitution, and the destruction (by fire) of most historical documents and archives related to the enslavement enterprise ordered by Rui Barbosa on May 13, 1891. At the height of European imperialism in Africa and other parts of the non-Western world, in addition to the emergence of anthropological theories linked to colonialism, Brazilian elites sought jul./dez. 2005 275 Kwasi Konadu to address the complexion of the country by instituting branqueamento or its national program of “whitening” which anticipated the gradual disappearance of African in Brazil. Presumably faced with a “racial” threat to their social order, the whites in Brazil united on the idea of transforming Brazil into another Europe. For them, the creation of the “mulatto/a”—highly offensive terms that signify the offspring of a mule (African female) and a horse (white male)—in the words of Sylvio Romero, was a “condition of victory for the white man”. This “victory” necessitated the disappearance of the African population occasioned by institutionally encouraging massive European immigration, destruction of enslavement documents, manipulation of demographic data, restrictions on non-European immigrants, and miscegenation. It is certainly then not surprising to find that Gilberto Freyre’s Casa Grande e Senzala (“The Masters and the Slaves or Enslaved Quarters”), as Freyre is arguably the leading apologist for slavery, is one of the most widely translated works into English. Freyre’s ideas find currency in the proposition that Brazil is balanced and homogeneous; hence, a harmonious racial democracy. A consequence of the racial ideology of non-racism is its very selfdenial, a posture advanced by Gilberto Freyre and Pierre Verger. Perhaps, the more profound consequence of this “non-racism” ideology is that the “black” movement in Brazil expends a great deal of energy attempting to prove to its people that their condition is a function of race since many believe racism does not exist. The severely circumscribed nature of life and living made is so that “free blacks” and “mulattos” were subject to laws that seldom distinguished between them and those enslaved. The abolishment of the enslavement enterprise ushered in no real benefits to Africans in Brazil (VIANNA, 1999, p. 184). Former enslaved Africans were confined to low-paying jobs, poor housing facilities, unemployment, limited educational opportunities, and, as a group, lacked political and economic power all behind a façade of racial equality. A good number of Africans found themselves earning their living as housemaids, civil workers, and prostitutes. During the early 276 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 An Approach to the Study of Culture as People.. twentieth century, several African-Brazilian publications and organizations were established to propagate cultural and social consciousness, as well as fight against racism and impoverishment. The level of African-Brazilian activism in the 1970s was informed by the Civil Rights and Black Power movements in the United States, as well as the political independence movements in Africa and the Caribbean. The level of sustained activism during the twentieth century has been aimed at prevailing socio-economic conditions and cultural exploitation, and the statistics alone tell their own story. Eighty percent of all prison inmates, seventy percent of the population who live below the poverty level, the majority of the residents in the nation’s poorest housing facilities, and most of the homeless population in Brazil’s urban centers are Afro-Brasileiros or Africans in Brazil. Current discourse on policies of “affirmative action” as a form of governmental concessions may not have any real affect on the day-to-day, cultural life and death struggle of Africans in Brazil unless their movement fully de-links itself from the mythologies (i.e., popular narrative of “Afro-Brazilians”) which envelop their lives and forge a socio-economic and psychic space built upon cultural agency. The cultural reality of Africans in Brazil is inescapable and, perhaps, Abdias Nascimento’s contention, which argues Brazil is culturally and demographically an African nation, is instructive of another, yet plausible way of conceptualizing this nation (at least during the past four centuries to the present). The material culture of Africans in Brazil constitutes a corpus of physical and technological innovations or contributions to innovations in the areas of mining, metallurgy, cattle rearing and farming, agriculture, foods and cuisine, crafts and art through varied media, ritual implements and artwork, carnival or carnaval, architecture on both sides of the Atlantic Ocean (e.g., Benin), music and instrumentation (e.g., samba), capoeira, indigenous medicine, and other material-physical advancements. The ideational culture of Africans in Brazil denote those ideas, symbols, values, principles, ways of feeling, thinking and acting, as well as a knowledge base and ways of making sense jul./dez. 2005 277 Kwasi Konadu of the world created, marshaled, and nurtured by this group in their challenge to be culturally African outside of Africa in an increasingly Europeanizing social order. This ideational culture is evident in iconographies used in socio-political and spiritual contexts, linguistic impressions upon the lexicon and pronunciation of Portuguese as well as extant Yoruba and Kikongo vocabularies that are extensive, bodies of varied and distinct African knowledges derived from West, West-Central, South and East African sources in term of cosmology, fundamental ethos or character, social and political organizing principles, and healing and holistic health. Spiritual culture in the context of Africans in Brazil correspond to the non-temporal character of Candomblé, the Xangô (Shango) tradition in Pernambuco, and Macumba, which was Candomblé transformed in Rio de Janeiro in the 1900s. Macumba developed into Umbanda in the southern parts of Brazil. But there is more to this spiritual culture than what appears to be the apparent since spirituality is an expression of culture and culture, in this sense, is not simply what one does (spiritually) but the core philosophy which underpin expressions of a spiritual nature. A very prominent idea in any discussion of Candomblé, or African culture in Brazil, is the notion “syncretism.” What is often missing in these discussions, however, is the African experience of historical harassment, restrictions and police persecution, baptisms by force, and the proselytizing efforts of the Catholic Church backed by the armed support of the state. In this socio-political context, what we have is not “syncretism” between Catholicism and African spiritual systems but rather a strategy employed by Africans to confound and circumvent oppression. Much like in Haiti and Cuba, both of which have large African populations, a deep synthesis of the main forms and principles of Yoruba, Ewe-Fon, and Bantu-Kôngo traditions occurred and this composite system was (later) partly informed by the saints of Catholicism. In fact, such a convergence occurred in the late 17th century West Africa between the Yoruba and Ewe-Fon traditions and again on Haitian, Cuban, and Brazilian soil in the decades and centuries that followed. Moreover, the large 278 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 An Approach to the Study of Culture as People.. Kôngo-Angola cultural presence makes the argument that Candomblé is of Yoruba origins a difficult one to substantiate, since there are three branches of Candomblé, each of which are linked to specific African cultural “nations.” The Nagô and Gegê or Jeje branch is based, respectively, on Yoruba and Ewe-Fon spiritual systems, while the Kôngo-Angola branch (i.e., Candomblé de Angola) is based on Bantu-Kôngo sources. The third branch of Caboclo requires some clarification. Caboclos are analogous to the Orixás (Orishas) of the Yoruba and many, particularly in Salvador, Bahia, view these “divinities” as indigenous to Brazil.3 At the start of the nineteenth century, Candomblé were suppressed and terreiros (temples) were often raided; this persecution continued until the 1970s wherein many Candomblé adherents began to practice their spirituality in the open. From suppression to exploitation, Candomblé has since been used for tourism through the performance of “folk shows” in terreiros and within the triad of Candomblé spiritual expression there are heated debates on whether or not to discard the Catholic imagery which “masks” Candomblé. Conclusion The African confrontation with European attempts to construct a European world outside of Europe or the European expansion and conquest of the Americas correspond to African communities which reside in this part of the world, and these communities express the very real and historically situated challenges of being African outside of Africa in the form of an ongoing contestation between African cultural core and a foreign one. In probing some of the more notable sources relevant to the study of culture as people in the African word, it is clear to me several prior, simultaneous, and overlapping processes were involved in the patterns of African cultural autonomy and consolidation as these efforts confronted patterns of “de-Africaniziation” rather than nebulous processes called “creolization” and “syncretization.” An examination and re-appraisal of those processes through the African experience in Brazil case jul./dez. 2005 279 Kwasi Konadu study reveal the incompatibility of the use of (the Atlantic or Indian) “oceans” as thresholds that transformed Africans into “other beings” or objects, Black Atlantic, creole-ness, hybridity, mulatto-ness, syncretism. Instead, what is more appropriate are conceptual tools such as the notions of cultural-historical continuity, convergence and consolidation, de-Africanization, and culture as multi-layered concept grounded in the material, ideational, and spiritual data related to African peoples and their movement. Movement has characterized much of African history or the African experience in the temporal, and noteworthy here are the parallel geographic movements of continental plates away from the African continent (e.g., Australia, India, Madagascar, and Antarctica drifted away from Africa earlier than South America which broke away from western and southern Africa) and the out-migration of peoples from Africa, which, cumulatively imply the crossing of cultural-geological threshold or movement (almost naturally) away from the African continent. The challenge in an expanding, yet consolidating and interlinked African world, for many, is the difficulty in comprehending “adequately the true nature of the African cultural heritage in the Caribbean [and elsewhere] without first appreciating its dynamism and its life-sustaining elements which have particularly helped it to survive far beyond the geographical boundaries of the African continent” (AGORSAH, 1999, p. 63). To that end, the research perspective and approach on culture as people—by way of three fundamental dimensions—in the African world is offered. Notas 1 MWALIMU, J. Shujaa. Personal Communication, 2005, shared some of the ideas presented here on the topic of studying the African world. Dr. Shujaa is Director of the African World Studies Institute at Fort Valley State University, Fort Valley, Georgia. 2 Some would argue that African(a) studies scholars, such as myself, who write about African culture are “essentialist” (whatever that means) as if, in their own disciplinarily backyards such as history or anthropology, the work of Europeans who propagate Europe in aesthetics or the like are not essentialists. In other 280 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 An Approach to the Study of Culture as People.. words, “if one can speak of European dress, food and culture, despite ethnic divergences, why then can one not speak of similar African applications” (WARNER-LEWIS, 2003, p. xxix). 3 Some regard the caboclo as indigenous Brazilian “spirits,” and others view them as ancestors indigenous to Brazil. Bibliography ABRAHAM, W. E. The Mind of Africa. Chicago: The University of Chicago Press, 1962. AGORSAH, E. 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O recente e progressivo interesse pelo estudo das mulheres, nessa dupla acepção, enfrenta, entretanto, um grave desafio, representado pela escassez de fontes e vestígios acerca do passado feminino, produzidos pelas próprias mulheres, na medida em que as representações que dispomos sobre elas têm sido histórica e majoritariamente oriundas de fontes e discursos masculinos. Diante de tal quadro de escassez de fontes e de uma crescente preocupação interdisciplinar capaz de dar conta das diversas e complexas dimensões desse objeto, destacam-se, como uma das poucas e privilegiadas formas de expressão desse * Resenha recebida em julho e aprovada para publicação em setembro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 285-291, 2005 285 Eugênio Rezende de Carvalho universo feminino, as obras literárias escritas por mulheres e que, em maior ou menor medida, abordam direta ou indiretamente a própria condição feminina. Tais obras literárias ganham ainda maior relevo quando geradas em contextos históricos de sociedades patriarcais nos quais as idéias do que hoje poderíamos chamar de feminismo não contavam ainda com quaisquer outras possibilidades alternativas de expressão. Esse é o caso, por exemplo, do contexto da produção literária de uma das mais importantes escritoras do meio cubano-espanhol do século XIX, a cubana Gertrudis Gómez de Avellaneda (1814-1873). A propósito, um rico e instigante conjunto de ensaios sobre o discurso feminista de Gómez de Avellaneda, que partem da análise dos principais escritos pessoais—memórias, autobiografia e epistolário—e de algumas obras ficção literária da escritora cubana, encontram-se no livro El discurso de Gertrudis Gómez de Avellaneda: identidad femenina y otredad (Alicante, Espanha: Universidad de Alicante, 2002, 158p.), da investigadora espanhola Dra. Brígida Pastor, professora de letras hispânicas da Universidade de Glasgow, Escócia. O primeiro ensaio desse livro, intitulado “La expresión feminista en la Cuba del siglo XIX: La mujer escritora”, divide-se em duas partes. Na primeira, a professora Pastor procura demonstrar como algumas características da sociedade cubana do século XIX exerciam uma forte repressão nas mulheres em geral e, em particular, como tal repressão repercutia no desenvolvimento das idéias liberais e feministas de um tipo especial de mulher que se forjou naquele momento: a mulher escritora e intelectual. Para a autora, algumas peculiaridades caracterizaram o feminismo hispano-americano: significou uma ameaça à tradição, uma negação dos valores da família e das convenções sociais. Exatamente por tal característica, esse feminismo se deparou com a forte resistência de uma arraigada cultura patriarcal, o que contribuiu para postergar o processo de emancipação da mulher, especialmente em Cuba. Por outro lado, em que pese a educação e a igreja católica terem fortalecido a cultura da submissão, mesmo nessas condições adversas algumas 286 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Resenha mulheres de status privilegiado, aspirando seu reconhecimento intelectual, se rebelaram contra essa sociedade discriminadora e patriarcal por meio da escrita. Contudo, conforme demonstra a autora, os escritos e a rebeldia dessas mulheres se viram limitados por sua própria condição cultural, refletindo o conflito entre a sua vocação literária e o seu papel de esposas e mães. Além do mais, essas mulheres se defrontaram com as barreiras impostas por um mundo literário de domínio exclusivamente masculino no qual a feminilidade e a intelectualidade eram tidas como inconciliáveis. Na segunda parte desse primeiro ensaio, Brígida Pastor destaca ainda como a escritora cubana iniciou de forma pioneira o debate feminista tanto em Cuba como na Espanha. A partir da análise da autobiografia, das memórias e do epistolário de Avellaneda, Pastor demonstra como as suas idéias feministas emergiam de forma recorrente nas abordagens de temas como o do casamento, da educação e da marginalização da mulher, ressaltando como a escritora cubana combatia veementemente todas as convenções e imposições sociais no âmbito de cada uma dessas esferas. A autora destaca como Avellaneda já denunciava, em meados do século XIX, a prática do casamento forçado e a própria instituição do casamento, a desigualdade entre a educação de homens e mulheres e, ainda, a discriminação sofrida pela mulher dentro do mundo literário e da sociedade em geral. Tais preocupações feministas, ao serem expressas publicamente por Avellaneda, lhe renderam perseguições e discriminações por parte das autoridades e do meio social cubano, sendo que algumas de suas obras literárias foram proibidas sob a alegação de que portavam idéias subversivas ao sistema escravista, bem como idéias que atentavam contra a moral e os costumes da época. Gómez de Avellaneda converteu-se, assim, segundo Pastor, numa vítima dos próprios códigos sociais discriminatórios que atacava, numa exceção entre as demais mulheres escritoras de sua época, por ter radicalizado e levado mais adiante que aquelas a bandeira feminista, com a crítica contundente dos valores discriminatórios e excludentes da sociedade patriarcal cubana. jul./dez. 2005 287 Eugênio Rezende de Carvalho Sob o título “Autobiografia y discurso estratégico: la escritura ginocrítica”, o segundo ensaio do livro se propõe a demonstrar que várias das estratégias narrativas empregadas na elaboração das cartas autobiográficas de Gómez de Avellaneda encontram-se limitadas pelos recursos teóricos que estavam ao alcance da mulher cubana daquela época para expressar sua identidade em uma cultura patriarcal. O termo “ginocrítica” designaria, no caso específico, algo como a abertura dos textos escritos por mulheres para as distintas formas femininas de analisá-los. O grande desafio e objetivo de Avellaneda, segundo Brígida Pastor, seria inventar, pela escrita, uma identidade genuinamente feminina, alternativa à identidade cultural do sistema patriarcal. Ou, mais precisamente, seria transformar a mulher, de objeto, desprovida de linguagem própria, em sujeito, com linguagem e direito próprios. Mas, para tanto, era necessário enfrentar, quase sempre de forma contraditória, os rígidos parâmetros que a sociedade impunha à mulher. Avellaneda enfrentará esse desafio por meio de sua própria pessoa, no âmbito privado—o único então que lhe era permitido—, em sua Autobiografia y cartas. Tais textos expressam, ao mesmo tempo, segundo Pastor, os conflitos da própria escritora com as normas da sociedade e como a força dessas mesmas normas praticamente impede Avellaneda de reagir e libertar-se totalmente delas por sua própria conta. Em outras palavras, expõem o dilema da escritora cubana que, embora inserida numa sociedade que considerava a mulher objeto, assumiu abertamente o desafio de revelar-se em sua linguagem como sujeito autônomo e essencialmente feminino. Em seu afã de apresentar-se como uma mulher diferente, a escritora acaba por se mostrar como um ser dividido, em constante tensão e contradição com as convenções sociais que a perseguiam e limitavam. Tal fenômeno foi denominado por algumas teóricas feministas de “ansiedade de autoria”, como um sintoma do medo que as escritoras do século XIX experimentaram ao se atreverem a adentrarem no âmbito do mundo masculino. O primeiro romance de Gómez de Avellaneda, intitulado Sab, de 1841, que narra o caso de um amor impossível de um mulato 288 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Resenha escravo (Sab) por uma mulher branca, é o foco central do terceiro ensaio do livro, “Discurso de marginación híbrida: género y esclavitud en Sab”. Nele a doutora Pastor pretende demonstrar, distanciandose de algumas outras interpretações críticas dessa obra, que o propósito principal de Avellaneda não foi o de narrar uma história de amor mais ou menos conflitiva e nem o de apresentar uma denúncia premeditada contra a escravidão, mas sim o de afirmar sua ideologia feminista, estabelecendo o paralelismo entre a situação de escravidão da raça negra e o estado de marginalização da mulher branca no seio da sociedade burguesa. Ou seja, com este romance a escritora cubana procurou, de acordo com a autora, estabelecer uma analogia entre a posição dos escravos e a da mulher, constituindo-se um discurso de marginalização híbrida que vincula a posição e a condição social da mulher com a representação do “outro”, nesse caso o escravo. Uma construção híbrida em razão de que esse escravo negro, embora do sexo masculino, é apresentado como um personagem sexualmente ambíguo, uma mescla de masculino e feminino, na medida em que se identifica com a condição social da mulher e questiona, ainda que de forma indireta, os valores patriarcais. Mas também porque esse escravo, na verdade, não é totalmente branco, nem completamente negro, sendo mais uma mescla de branco e negro e de africano e europeu. Por tudo isso, trata-se, segundo Pastor, de um personagem que desafia o discurso masculino dominante. Ainda que Avellaneda não tenha sido obcecada pelo ideal abolicionista, o personagem do escravo teria sido mais um meio ou um instrumento do qual a autora se serviu para proclamar os direitos da mulher e seu desejo de igualdade social. Dividido entre duas realidades sociais, o escravo Sab não pertencia a nenhuma: se encontrava, como as mulheres, à margem da sociedade, em uma posição de subordinação, carente de poder e de voz própria. Por fim, no quarto e último ensaio do livro, intitulado “Discurso identitario femenino em Dos Mujeres”, Brígida Pastor analisa outro romance de Avellaneda, Dos Mujeres (1842). Para a autora, este jul./dez. 2005 289 Eugênio Rezende de Carvalho romance, mais do que uma simples crítica à instituição do casamento, representa um dos primeiros discursos feministas em língua castelhana que ataca as convenções sociais que discriminam e oprimem a mulher. A obra narra a história de duas mulheres (Luisa e Catalina) que representam os estereótipos bipolares comuns na sociedade patriarcal cubana: de um lado a mulher “anjo”, tradicional, submissa, carente de toda identidade própria, perfil que caracteriza a maioria das mulheres nesse contexto; e, de outro, a mulher intelectual, culta e liberada, rebelde, pouco convencional, tida pela sociedade como um “monstro”. Para a autora, com esse romance, Avellaneda, identificando-se claramente com a personagem intelectual e transgressora, oferece duas imagens diferentes da mulher do século XIX em sua constante batalha pela expressão de sua própria identidade feminina. Em que pese as diferenças óbvias entre esses dois estereótipos de mulheres, ao longo da narrativa Avellaneda faz com que ambas as personagens terminem por buscar, contraditoriamente, suas respectivas identidades genuinamente femininas. Com esses quatro ensaios de crítica literária, a professora Brígida Pastor—com a autoridade de uma das mais respeitadas especialistas na obra de Gertrudis Gómez de Avellaneda—nos brinda com um conjunto de reveladoras imagens da realidade feminina do contexto sócio-cultural hispano-americano do século XIX. Analisando e confrontando, de forma minuciosa e crítica, os escritos públicos e privados daquela que foi sem dúvida uma das mais importantes escritoras do mundo hispano-americano do século XIX, Pastor revela, com uma invejável sensibilidade e requinte de detalhes, os traços fundamentais que caracterizaram e marcaram o discurso feminista de Avellaneda. Assim, este livro constitui mais um bom exemplo de como a literatura, sobretudo quando esta constitui uma das raras alternativas e possibilidades de expressão das mulheres sobre suas próprias condições de vida, pode se constituir numa riquíssima via ou caminho para se compreender esse intrincado, complexo e contraditório universo feminino. Tendo como veículo e 290 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Resenha instrumento a obra literária de Avellaneda, o que Brígida Pastor capta e nos revela é, no fundo, a experiência reprimida e encoberta vivida pelas mulheres cubanas em meados do século XIX e, sobretudo, as entranhas e contradições de um mundo social discriminador e excludente, no qual praticamente todas as suas representações eram limitadas e moldadas por uma arraigada cultura patriarcal e discriminadora. jul./dez. 2005 291 Resenha Brígida M. Pastor University of Glasgow FLORES, Juan. From Bomba to Hip-Hop. Puerto Rican Culture and Latino Identity. NewYork: Columbia University Press, 2000, 265 p. During the first part of the 1990s, a considerable number of publications on the “Hispanic” or “Latino” experience emerged, but Juan Flores’ book, From Bomba to hip-hop is one of the few scholarly studies to reveal the complexities of Latino identity. In addition, it is a homage that constitutes one of the few pioneer pieces of research on Puerto Rican culture and artistic expression. The title of this book, From Bomba to Hip-Hop, is one that catches the reader’s attention and is more than a phonetic and musical juxtaposition of words. I will try to define this phrase, adopting the author’s definition: “A celebration of the continuity of Puerto Rican Culture” (p. I). Juan Flores’ study lucidly traces the evolving distinctiveness of Puerto Rican culture in both New York and Puerto Rico and the title attempts to combine these locations. Thus, “bomba” refers to the folkloric origins of Puerto Rican popular dance and music, which is the ancestor of the “hip-hop” music that emerged in * Resenha recebida em junho e aprovada para publicação em setembro de 2005 Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 289-292, 2005 293 Brígida M. Pastor 1970s and 1980s in the marginalised areas of New York, becoming a prominent feature of Puerto Rican youth culture in New York. The book is structured in ten rather brief chapters, with a short introduction and a concluding Postscript. The introduction, though brief and anecdotal, is based on Flores’ observations of an event entitled “From Bomba to Hip-Hop” at his Hunter College alma mater. It addresses many of the issues that the subsequent chapters of the book will deal with and invites us to read more. Although the book does not have a clear connecting thread, each of the chapters is written clearly and leads in to the next, allowing the reader to enjoy a progressive understanding of the main theme of the book. At the very beginning of the book the reader is introduced to the notion of “popular culture” in a clear manner, Flores defining the concept “popular” as that belonging to the majority of people (i.e. poor and low middle classes, the common people). Flores distinguishes the different meanings that “popular” has acquired over time, convincingly showing how the term has evolved from its earlier definition as the survival of traditions or folklores, to its current definition of “mass culture”. The most interesting aspect of this scholarly researched book is the account it gives of how Puerto Rican identity has developed in New York, providing an exhaustive description of its national roots, cultural space, musical and literary expressions. Flores continues to argue consistently the shaping of Puerto Rican identity is not defined by geographical, linguistic or behaviour models, but by a close kinship with its origins, the people and the culture that define the genuine self, rather than being defined by its condition in the Diaspora. An important characteristic of this study is the emphasis placed on the Puerto Rican’s experience of being “in between” two cultures, leading in Flores’ opinion to “the possibility of an intricate politics of freedom and resistance” (p. 55). Like Díaz Quiñones in La memoria rota, which analyses the construction and breaking of Puerto Rican nation, Flores emphasises the continuity of the Puerto Rican cultural development in the Diaspora. He gives the eloquent example of the emergence of Spanglish in Puerto Rican culture, as a symbiosis 294 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Resenha between language and place, between identity and memory. The main idea proposed here is that the apparently fragmented image of Puerto Rican culture is actually connected by a constant process of re-construction, where unity and diversity maintain a robust Puerto Rican identity that is bond by its historical memory. The book reveals how the cohabitation of diverse ethnic minorities in the Diaspora leads to the emergence of hip-hop, via the interaction between Puerto Ricans and Black youngsters within the shared context of New York, creating a common space for a fusion of African American and Latino musical expression. However the author describes how “this fusion” has obscured Puerto Rican cultural and musical heritage. He supports this hypothesis by referring to the neglect of Puerto Rico’s native Spanish language and to how Latin styles have been subsumed by the American label. Flores expands this issue by highlighting how bands and singers of Cuban, Panamanian, and Ecuadorian origins in the USA have gained fame and popularity as Spanish-language reggae-rap in the Caribbean and Latin America. Whereas New York Puerto Ricans with their hip-hop backgrounds have become dispersed and have lost their Puerto Rican identity. Flores stresses how the prevailing racial hierarchy with which Puerto Ricans find themselves confronted in the American Diaspora can explain the invisibility of this Hispanic community. The book includes a number of case studies to illustrate its main points, as well as a valuable selection of contemporary Puerto Rican and other Latino rap songs. These lyrics illustrate the innovation and heritage of minorities such as Puerto Ricans, despite their apparent invisibility in New York. In his analysis of the complexities of Latino life, Flores shows that although Latino Studies is a growing area in further education institution in the USA, this has involved a complex and arduous process of development. In other words, the struggle of Latino people to adapt to in the colonial context of North America has been paralleled by the academic struggle encountered in establishing Latino Studies as an independent discipline. In an admirably challenging manner, Flores proposes that jul./dez. 2005 295 Brígida M. Pastor Latino Studies should be integrated urgently into academia as a social movement and in the name of human rights. He adds that this also will address the need to awaken awareness of historical memory among Puerto Ricans and other Latino immigrants. This book undoubtedly represents a comprehensive study of contemporary Puerto Rican culture and is a valuable contribution to the field. Although several studies have already been carried out, these are restricted to mainstream issues in Latino culture. Flores’ book emphasises the complex particularities of Puerto Rican cultural experience and is an insightful exploration of the complexity and contradictions of contemporary Puerto Rican and Latino culture, informed by a contemporary cultural theory. From Bomba to hiphop is a well-researched and valuable work that uncovers many enigmas of “Latinos” in New York and invites us to re-evaluate the issue of Puerto Rican culture and identity in the United States. It undoubtedly provides the groundwork for important studies on ethnic minorities yet to come. 296 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 Os autores Luis Martínez-Fernández é Doutor em História da América Latina pela Duke University, U.S., e atualmente trabalha na University of Central Florida, onde dirige o Programa de Estudos Latinoamericanos e Caribenhos. Foi editor da Enciclopedia of Cuba. Além de inúmeros artigos publicados em várias revistas acadêmicas especializadas, em sua produção destacam-se os livros: Protestantism and Political Conflict in the Nineteenth-Century Hispanic Caribbean; Fighting Slavery in the Caribbean; Torn between Empires. Alfredo Martínez-Expósito é doutor em literatura hispânica pela Universidad de Oviedo, Espanha, e professor de estudos hispânicos na University of Queensland, Austrália, onde leciona estudos culturais e cinema español e latino-americano. Tem publicado extensivamente sobre a temática homosexual em cinema e literatura hipânicos, destacando-se os livros: Los escribas furiosos:configuraciones homoeróticas en la narrativa española contemporánea; Gay and Lesbian Writing in the Hispanic World; Escrituras torcidas: ensayos de crítica Queer. Glenda Mejía é Mestre em Letras pela University of Queensland, Austrália, com uma dissertação no campo da sócio-lingüística, intitulada Language and Identity: The Second Generation of Hispanic Adolescents in Brisbane. Acaba de concluir sua tese de doutoramento na mesma universidade, na área de Cinema e Estudos Culturais, intitulada The Representation of Women in Revolutionary Cuban Cinema. Atualmente, leciona língua espanhola nas universidades australianas de Queensland e Griffith. Daniel Noemí Voionmaa realizou seu doutorado na Yale University, U. S. Recentemente publicou o livro intitulado Leer la pobreza en América Latina: Literatura y velocidad. É especialista em jul./dez. 2005 297 literatura e cultura hispano-americana, sendo que seus estudos privilegiam os casos de Chile, Argentina e Equador. Atualmente é professor visitante na University of Michigan – Ann Arbor, U.S., na área de cultura e literatura latino-americanas. Conrad M. James é Doutor em Estudos Hispânicos pela University of Cambridge, U.K. Atualmente é professor de literatura e cultura hispano-americanas e caribenhas na University of Birmingham, U.K. Suas investigações e publicações se concentram na temática de raça e gênero na literatura cubana. É co-editor da Revista The Cultures of the Hispanic Caribbean. María Zielina é doutora pela University of Santa Bárbara, U.S., e professora e pesquisadora da California State University – Monterey Bay, U.S., especialista nas temáticas de Literatura Hispânica, Identidades e Culturas Afro-Mestiças, Literatura Infantil Hispânica e ainda em Literatura Feminina Latino-americana, áreas sobre as quais possui inúmeros trabalhos publicados. Tem participado ultimamente de vários projetos de pesquisa na Nova Zelândia, Polônia, Espanha, Guatemala, México, Venezuela, Nicarágua, Porto Rico e Rússia. Dinair Andrade é Mestre e Doutor em História pela Universidade de Brasília, Brasil, na área de História das Relações Internacionais. É Pesquisador Associado da Universidade de Brasília, onde atua como orientador no Programa de Pós-Graduação em História, bem como professor no Departamento de Estudos Sociais da UPIS, também em Brasília. Ultimamente tem publicado inúmeros trabalhos sobre a temática das relações internacionais, em particular no contexto da América Latina e Caribe. Nara Araújo é Doutora em Ciências Filológicas pela Universidade de Moscou e Professora da Universidad Autónoma Metropolitana na cidade do México. Dentre as suas obras mais importantes temos 298 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 as compilações Viajeras al Caribe e Textos de teorías y crítica literarias (del formalismo a los estudios poscoloniales), o estudo crítico-literário intitulado Visión romántica del otro, além de vários ensaios traduzidos ao inglês, francês, italiano, russo e português. Lieve Spaas é Doutora em Estudos Francófonos pela Oxford University, U.K. Atualmente é professora e pesquisadora em Letras e Cultura na Kingston University – Londres, U.K. Seu campo de pesquisa é interdisciplinar, abrangendo antropologia social, estudos sobre representações culturais e sobre cinema e literatura. Entre suas publicações temos: Echoes of Narcissus (ed.); The Francophone film: A struggle for identity; Le Cinéma nous parle: Stratégies narratives du film; Paternity and Fatherhood: Myths and Realities (ed.) Robinson Crusoe: Myths and Metamorphoses (co-ed.). É ainda editora da série Polygons: Cultural Diversities and Intersections. Stephen M. Hart é Doutor em Estudos Hispânicos pela Cambridge University, U.K. Foi professor do Westfield College, University of London, U.K., na University of Kentucky, U.S., e, atualmente, é professor em Estudos Hispânicos da University College London. Recebeu em 2004 os seguintes títulos: Doctor Honoris Causa, da Universidad Nacional Mayor de San Marcos-Lima, Perú; e Orden al Mérito, do Governo do Perú. Entre suas mais recentes publicações, destacam-se: Companion to Spanish American Literature; César Vallejo: autógrafos olvidados; Companion to Latin American Film; Companion to Magical Realism. Carmen Ramos Escandón é Mestre em História Latinoamericana eemLiteratura Latino-americana pela University of Texas – Austin, U.S., e Doutora pela State University of New York-Stony Brook, U.S. Reconhecida internacionalmente por sua produção no campo de História e Gênero, entre suas numerosas publicações destacam-se seus mais recentes livros: Presencia y Transparencia; jul./dez. 2005 299 Género e Historia; El Género en Perspectiva e Industrializacion, género y trabajo femenino en el sector textil mexicano (no prelo). Maricruz Castro Ricalde é Doutora em Letras Modernas e em Ciências da Comunicação na Universidad del País Vasco, Espanha. Atualmente é professora na Cátedra de Humanidades na Escuela de Negocios y Humanidades, Tecnológico de Monterrey – Toluca/ México, e professora e investigadora do ITESM-Toluca. Entre suas publicações, destaca-se o livro Ficción, narración y polifonía. El universo narrativo de Sergio Pitol. É ainda co-editora de Escrituras en contraste. Femenino/masculino en la literatura mexicana del siglo XX e editora de Puerta al tiempo: Literaturas de Latinoamericana del siglo XX (no prelo). Margaret Shrimpton Masson é Doutora em Ciências Filológicas pela Universidad de La Habana, Cuba. Atualmente trabalha como professora e investigadora na área de Literatura latino-americana na Faculdade de Ciências Antropológicas da Universidad Autónoma de Yucatán –México. Além do livro Tejiendo historias en el Caribe. Narrativa yucateca contemporánea, é autora de vários artigos sobre narrativa yucateca e caribenha, publicados em diversas revistas especializadas. Kwasi Konadu é Mestre em Estudos Africanos e Afro-americanos pela Cornell University e Doutor em Estudos Africanos pela Howard University, U.S. Atualmente é professor de história africana e caribenha em Winston-Salem State University. Suas pesquisas se concentram nos estudos sobre cultura e sociedade, linguagem e medicina, na África e no mundo africano. É autor do livro The East Organization and the Principles and Practice of Black Nationalist Development. Eugênio Rezende de Carvalho é Doutor em História Social das Idéias pela Universidade de Brasília e atualmente professor e investigador da Universidade Federal de Goiás, Brasil. É especialista 300 Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11 em estudos sobre História Intelectual e das Idéias e sobre Identidades Culturais nos contextos latino-americano e caribenho dos séculos XIX e XX. Além de numerosos artigos em revistas especializadas, publicou os livros Nossa América: a utopia de um novo mundo e América para a Humanidade: o americanismo universalista de José Martí. Brígida M. Pastor é Doutora em Estudos Hispânicos pela University of Bristol, U.K., e atualmente professora e pesquisadora da University of Glasgow, U.K. É especialista em literatura, cinema e cultura hispano-americanos, e ainda em estudos de gênero. Entre suas publicações nessas áreas, destacam-se os livros: El discurso de Gertrudis Gómez de Avellaneda: identidad femenina y otredad; Fashioning Cuban Feminism and Beyond; Miradas de Género en el cine cubano y español (no prelo); bem como inúmeros trabalhos em revistas acadêmicas especializadas e em obras coletivas. jul./dez. 2005 301 A REVISTA BRASILEIRA DO CARIBE é uma publicação semestral de caráter internacional e científico do Centro de Estudos do Caribe no Brasil (CECAB) que tem como objetivo fundamental estimular e divulgar os estudos culturais, históricos, literários e interdisciplinares sobre o Caribe no Brasil Normas Editoriais para Publicação de Artigos 1. IDIOMAS: A Revista Brasileira do Caribe publica colaborações em português, espanhol, francês ou inglês; 2. TIPOS DE TRABALHOS PUBLICADOS: Artigos, inéditos, que tratem de estudos históricos relacionados com o Caribe; Resenhas Críticas, sobre obra bibliográfica publicada nos últimos dois anos, cujo conteúdo se relacione com a história do Caribe; Entrevistas com personalidades de grande expressão na historiografia caribenha; e Instrumentos de Trabalho, que reproduzam documentos históricos importantes relacionados com o Caribe, ou que informem comentadamente sobre arquivos, bibliotecas, repertórios, inventários etc. que possam interessar aos pesquisadores caribenhos; 3. FORMA DE APRESENTAÇÃO: os trabalhos deverão ser encaminhados no formato Microsoft Word for Windows, versão 98 ou 2000, espaçamento entre linhas simples, margens de 2,5 cm, fonte Times New Roman em corpo nº 11, parágrafo justificado, via e-mail ou via correio convencional, sendo neste caso uma cópia em disquete e outra impressa. Deverão ser acompanhados de um breve currículo do autor, incluindo endereço, telefone/fax e, sobretudo e-mail para contato. Os artigos deverão ainda ser acompanhados de dois resumos, sendo um no idioma original e outro em inglês (abstract) ou espanhol, bem como de três palavras-chave, também no idioma original e em inglês e espanhol, que deverão ser colocadas logo abaixo dos resumos. No caso do idioma original ser o inglês, o segundo idioma do resumo e das palavras-chave deverá ser o português e o espanhol. 4. EXTENSÃO DOS TEXTOS: a extensão dos artigos deverá ter entre 15 e 20 páginas, e a das resenhas entre 3 e 7 páginas, todas no formato acima especificado. Já os dois resumos dos artigos deverão conter em torno de 10 (dez) linhas; 5. NORMATIZAÇÃO: todos os textos deverão obedecer ao padrão normativo da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas - para apresentação de trabalhos científicos, sobretudo no que se refere às citações, referências e notas; 6. CITAÇÕES: No corpo do texto, com menos de cinco linhas, devem vir transcritas entre aspas duplas, com o mesmo tipo e tamanho da letra do texto, acompanhadas da indicação entre parêntesis do sobrenome do(s) autor(es), data da publicação e página(s) citada(s), sendo que diferentes títulos de um mesmo autor no mesmo ano, deverão ser diferenciados com uma letra após a data, a partir da letra a. Exemplo: (CASTILLO, 1940, p. 18-19). Com mais de cinco linhas devem ser transcritas em parágrafo distinto, sem deslocamento da primeira linha, em corpo 10 normal, com recuo à esquerda e sem aspas; Uma citação dentro de outra é indicado por aspas simples. Estas citações abreviadas enviam à bibliografia no final do artigo, a mesma deve vir com citação de autor, ano e página como a anterior; 7. NOTAS DE RODAPÉ: breves, sucintas e claras, podem ser de esclarecimento ou explicativas, usadas para a apresentação de comentários, explanações ou traduções que não caberiam no texto. Devem vir em corpo 8, em ordem crescente de numeração; 8. BIBLIOGRAFIA: deve vir ao final do trabalho e contemplar as obras efetivamente citadas e referenciadas ao longo do texto e nas notas de rodapé, bem como apresentar indicações completas, conforme os modelos abaixo: Livro: SOBRENOME, Letra inicial do nome do Autor. Título do livro: sub-título. Local: Editora, ano de publicação. Exemplo: LARRAÍN IBÁÑEZ, J. Modernidad razón e identidad en América Latina. Santiago, Chile: Editorial Andrés Bello, 1996. ARTIGO OU CAPÍTULO DE COLETÂNEA: SOBRENOME, Letra incial do nome do Autor. Título do artigo ou capítulo. : SOBRENOME, Letra inicial do nome do organizador. (org.) Título da Coletânea. Local: Editora, ano, página inicial-página final do artigo ou capítulo. Exemplo: AINSA, F. Reflejos y antinomias de la problematica de la identidad en el discurso narrativo latinoamericano. UBIETA GOMEZ, E. (org.) Identidad cultural latinoamericana. Enfoques filosóficos literarios. La Habana: Editorial Academia, 1994, p. 53-72. ARTIGO DE REVISTAS OU PERIÓDICOS: SOBRENOME, Letra inicial do nome do Autor. Título do artigo. Título do periódico, Local de publicação, número do volume, número do fascículo, página inicial-final do artigo, data. Exemplo: GIRVAN, N. Reinterpretar el Caribe. Revista Mexicana del Caribe. V. 4, N. 7, p. 634, jul./dec. 1999. 9. CRITÉRIOS DE REVISÃO: os artigos enviados à Revista Brasileira do Caribe serão remetidos a pelo menos dois pareceristas escolhidos entre os membros dos Conselhos Editorial e Consultivo que poderão recomendar ou não a publicação, ou ainda recomendá-la com modificações. O Conselho Editorial se reserva o direito de sugerir ao autor modificações de forma com o objetivo de adequar o texto às dimensões da revista e a seu padrão editorial e gráfico. Os demais tipos de textos, que não os artigos, serão apreciados pelo Conselho Editorial, a quem cabe a decisão referente à oportunidade da publicação das contribuições recebidas; 10. ENDEREÇO PARA ENVIO DAS CONTRIBUIÇÕES: Revista Brasileira do Caribe Universidade Federal de Goiás Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia Campus II - sala 42 Goiânia - Goiás CEP: 74.001-970 Fone: 55-62- 3521-1457 Fax: 55-62-3292-1118 E-mail: [email protected]