Universidade Federal de Goiás - UFG
Centro de Estudos do Caribe no Brasil - CECAB
ISSN: 1518-6784
Revista Brasileira do Caribe
Revista do Centro de Estudos do Caribe no Brasil
CECAB, Goiânia, vol. VI, nº 11 - jul./dez., 2005
Centro de Estudos do Caribe no Brasil - CECAB
Diretora: Olga Cabrera
Secretária: Idelma Santiago
Revista Brasileira do Caribe
Editor Responsavel e Organizador do Volume: Brígida M. Pastor
Indexada pela Library of Congress. Control number: 2004204431. ww.catalog.loc.gov
e pelo Directorio Latindex /UNAM/ México. www.latindex.unam.mx
Conselho Editorial
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Velloso Porto - Joseania de Freitas.
Conselho Consultivo
Olga Cabrera (Universidade Federal de Goiás, Brasil); Juan J. Baldrich (Universidad de
Puerto Rico, Puerto Rico); Consuelo Naranjo (Consejo Superior de Investigaciones
Científicas - CSIC-Madrid, Espanha); Jorge Ibarra (Instituto de História-La Habana,
Cuba); Brígida M. Pastor (University Of Glasgow, Gran Bretanha); Pedro L. San
Miguel (Universidad de Puerto Rico, Puerto Rico); Olga Portuondo (Universidad de
Santiago de Cuba, Cuba); Laura Muñoz (Instituto Mora, México); Miguel Suarez Bosa
(Universidad de Las Palmas de Gran Canária, Espanha); Maria T. Cortés Zavala
(Universidade Michoacana de San Hidalgo, México); Maria Bernadette Velloso Porto
(Universidade Federal Fluminense, Brasil); Maria Therezinha F. Negrão de Melo
(Universidade de Brasília, Brasil); Joseania Freitas (Univesidade Federal da Bahia,
Brasil); Eleonora Zicari (Universidade de Brasília, Brasil); Eugênio Rezende de Carvalho
(Universidade Federal de Goiás, Brasil); Luis Sergio Duarte da Silva (Universidade
Federal de Goiás, Brasil);
Comissão Técnica (Projeto Gráfico/Editoração): Dernival Venâncio Ramos Júnior
Capa: Adriana Mendonça
Revista Brasileira do Caribe: Revista do Centro de Estudos do
Caribe no Brasil/Universidade Federal de Goiás, vol. VI, nº 11,
(jul./dez.), Goiânia, Ed. CECAB, 2005. Semestral.
Descrição baseada em: vol. VI, nº 11 (jul./dez. 2005).
ISSN:1518-6784
301 p.
CDU: 94 (1-928.9)
1. Caribe - História - Periódicos.
Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia - FCHF - Universidade Federal de Goiás-UFG
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Fone: 55-62-3521-1457 Fax: 55-62-3521-1013 E-mail: [email protected]
* Os dados e conceitos emitidos nos artigos, bem como a exatidão das referências
bibliográficas são de responsabilidade dos autores.
** Os artigos recebidos para publicação são apreciados por no mínimo 2 (dois) revisores,
escolhidos preferencialmente entre os membros dos Conselhos Editorial ou consultores
externos especializados.
Data de Circulação: Dezembro/2005
Copyright
©
Tiragem Bruta: 600 exemplares
2005, Centro de Estudos do Caribe no Brasil
Sumário
Editorial
Brígida M. Pastor ................................................................... 07
PARTE I
1492: First Encounters, the Invention of America and the
Columbian Exchange
Luis Martínez-Fernández ......................................................... 13
Women´s Representation: Two Epochs of the Revolutionary
Cuban Cinema
Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito ............................ 33
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La
Habana de Pedro Juan Gutiérrez y otras vainas
Daniel Noemí Voionmaa ........................................................... 57
“Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration
of Afrocuban Motherhood
Conrad James .......................................................................... 85
Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés
María Zielina .......................................................................... 103
Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional
em Martí e Sarmiento no limiar do século XXI
Dinair Andrade ........................................................................ 119
PARTE II
El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa
del Caribe (Siglos XX y XXI)
Nara Araújo ............................................................................ 145
Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo:
Euzhan Palcy’s Rue Cases-Nègres and Raoul Peck’s Lumumba
Lieve Spaas ............................................................................. 169
Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de Mamá Blanca
Stephen M. Hart ..................................................................... 185
Género e identidad transcultural. Perspectivas anglosajonas sobre
el Caribe y América Latina en el siglo XIX
Carmen Ramos Escandón ....................................................... 195
Las narraciones de Julia Álvarez: hibridez y contexto
multicultural
Maricruz Castro Ricalde ......................................................... 209
Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria
en la narrativa yucateca-caribeña.
Margaret Shrimpton Masson ................................................... 237
An Approach to the Study of Culture as People in the African
World
Kwasi Konadu ...................................................................... 261
RESENHAS
Brígida M. Pastor. El discurso de Gertrudis Gómez de Avellaneda:
identidad femenina y otredad
Eugênio Rezende de Carvalho ............................................... 285
Juan FLores. From Bomba to Hip-Hop. Puerto Rican Culture and
Latino Identity
Brígida M. Pastor ................................................................... 293
Os autores ......................................................................... 297
Summary
Editorial
Brígida M. Pastor ................................................................. 07
PART I
1492: First Encounters, the Invention of America and the
Columbian Exchange
Luis Martínez-Fernández ....................................................... 13
Women´s Representation: Two Epochs of the Revolutionary
Cuban Cinema
Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito ........................... 33
Neoliberal “Justice” in Cuba. A Reading of El Rey de La Habana
by Pedro Juan Gutiérrez and Other Issues
Daniel Noemí Voionmaa ........................................................ 57
“Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration
of Afrocuban Motherhood
Conrad James ....................................................................... 85
Cuban Poetry Today: Two Texts by Dulce Pullés
María Zielina ........................................................................ 103
Beyond Nineteenth Century Borders: International Politics in
Martí and Sarmiento at the Threshold of the Twenty-First
Century
Dinair Andrade ..................................................................... 119
PART II
The Power of Representation: Cultural Identity in Caribbean
Narrative (Nineteenth and Twentieth Century)
Nara Araújo .......................................................................... 145
Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo:
Euzhan Palcy’s Rue Cases-Nègres and Raoul Peck’s Lumumba
Lieve Spaas ........................................................................... 169
Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de Mamá Blanca
Stephen M. Hart ................................................................... 185
Transcultural Gender and Identity. Anglosaxon Perspectives on
the Caribbean and Latin America in the Nineteenth Century
Carmen Ramos Escandón ..................................................... 195
Julia Álvarez´ Narratives: Hibridity and Multicultural Context
Maricruz Castro Ricalde ....................................................... 209
Breaking Down the Plantation: Imaginary Spaces in YucatecanCaribbean Narrative
Margaret Shrimpton Masson ................................................. 237
An Approach to the Study of Culture as People in the African
World
Kwasi Konadu ...................................................................... 261
BOOK REVIEWS
Brígida M. Pastor. The Discourse of Gertrudis Gómez de Avellaneda:
Feminine Identity and Otherness
Eugênio Rezende de Carvalho .............................................. 285
Juan FLores. From Bomba to Hip-Hop. Puerto Rican Culture and
Latino Identity
Brígida M. Pastor ................................................................. 293
About the Authors ............................................................... 297
Editorial
O presente número da Revista Brasileira do Caribe incorpora uma
rica e variada coleção de artigos que oferecem reveladoras perspectivas
sobre o Caribe a partir da ótica da história, da literatura e do cinema. Por
outro lado, todos os artigos selecionados encontram-se interligados pelo
fato de serem portadores de evidentes aproximações à temática da identidade
cultural no contexto caribenho. Assim, o mérito principal do presente
volume consiste em ter reunido um importante grupo de autores de diferentes
países e especialistas em inúmeros campos disciplinares. Tais
investigadores oferecem novos e provocadores enfoques, conceitos e
marcos teóricos que enriquecem consideravelmente a historiografia,
estimulando novos debates em vários campos e perspectivas dos estudos
caribenhos.
Os artigos encontram-se ordenados tematicamente, ainda que essa
não seja a única classificação possível. A primeira parte deste número,
dedicada a Cuba, inicia com um ensaio historiográfico de Luis Martínez,
no qual oferece uma reveladora interpretação de vários temas relacionados
com o processo histórico de “descobrimento” de Cuba, destacando em
sua análise a complexidade de tal processo a partir da perspectiva tanto do
europeu quanto dos grupos indígenas autóctones. Em seguida, Glenda
Mejía y Alfredo Martínez apresentam em seu artigo uma análise crítica da
representação da mulher no cinema cubano, bem como as relações entre
gênero e poder na sociedade cubana, caracterizada pela forte presença de
ideologias e práticas machistas. Daniel Noemí Voionmaa, por sua vez,
oferece uma interessante leitura da obra El rey de la Habana (1999), do
escritor cubano Pedro Juan Gutiérrez, na qual ressalta as transformações
da sociedade cubana durante a década de 1990, no contexto de inserção
da mesma no cenário neoliberal. Na seqüência, Conrad James nos introduz
ao mundo da maternidade afro-cubana e sua representação por meio da
poesia de Eloy Machado Pérez. Em seu artigo, o autor busca revelar a
imagem materna como uma força determinante da vida afro-cubana no
contexto histórico de Cuba no período pré-revolucionário. Já o estudo de
María Zielina se propõe a explorar o tema da identidade cubana a partir de
dois poemas da escritora Dulce Pullés, prestigiosa e popular representante
da literatura cubana e latino-americana. E, finalmente, fechando este primeiro
jul./dez. 2005
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grupo de artigos, Dinair Andrade apresenta um estudo, no campo da política
interamericana, em que aborda alguns conceitos fundamentais formulados
por dois dos mais destacados intelectuais do século XIX hispanoamericano: o cubano José Martí e o argentino Domingo Faustino Sarmiento.
A segunda parte do presente volume inclui uma eclética seleção de
estudos sobre outros temas e regiões, vinculados direta ou indiretamente
com o Caribe. O primeiro artigo, de Nara Araújo, explora o conceito de
identidade caribenha por meio de várias narrativas hispano-caribenhas,
revelando como o fenômeno da identidade encontra um privilegiado espaço
na representação literária. Lieve Spaas, enfocando as temáticas da diáspora
afro-caribenha e das novas formas vigentes de escravidão, oferece um
estimulante estudo comparativo entre dois filmes franco-caribenhos: Ruen
Cases-Nègres (1992) de Euzhan Palcy y Lumumba (2000) de Raoul Perck.
Stephen Hart, no campo de abordagem da mulher escritora, dedica o seu
artigo à análise do romance Las memorias de Mamá Blanca (1926), da
venezuelana Teresa de la Parra, no qual enfatiza o corpo feminino como
alegoria da construção da nação venezuelana e da grande nação latinoamericana no início do século XX. Carmen Ramos Escandón, no artigo
seguinte, esboça uma inovadora interpretação da perspectiva feminina na
literatura de viagem, tomando como objeto de estudo uma obra da escritora
estadunidense Lisise W. Champney, Three Vassar Girls (1855). Na
seqüência, Maricruz Castro Ricalde nos brinda com um inteligente estudo
sobre a complexa definição do conceito de identidade nacional dentro da
reflexão contemporânea sobre a multiculturalidade, a partir da obra da
escritora dominicana Julia Álvarez. Já Margaret Shrimpton Masson aborda
a imagem da plantação na narrativa contemporânea do Caribe continental,
a partir da análise dos romances recentes do escritor yucateco Joaquín
Bestard, considerados pela autora reveladores de uma imagem múltipla da
identidade narrativa regional. Encerrando esse grupo de artigos, Kwasi
Konadu propõe, em seu texto, uma revisão crítica da historiografia que tem
como tema comum de abordagem a diáspora africana, utilizando-se o
contexto do Brasil como um estudo de caso.
Finalmente, o presente volume é complementado com resenhas de
dois livros cujas temáticas se vinculam aos estudos caribenhos. Eugênio
Rezende de Carvalho apresenta o recente livro de Brígida M. Pastor, El
discurso de Gertrudis Gómez de Avellaneda: identidad femenina otredad
(2002) e Brígida M. Pastor, por sua vez, resenha o livro de Juan Flores,
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
From Bomba to Hip-Hop. Puerto Rican Culture and Latino Identity (2000).
Nos últimos anos verificou-se um verdadeiro boom na produção
acadêmica sobre o Caribe, em particular sobre a diáspora caribenha na
América do Norte e na Europa. Desde o surgimento dos estudos culturais
voltados à experiência da diáspora caribenha no Reino Unido, passando
pelo crescente interesse pelas literaturas e histórias latino-caribenhas, e
indo até à percepção do Caribe como exemplo de criollismo, mestiçagem e
caos, que para muitos caracterizariam o período colonial, o Caribe se
converteu em objeto de profundos estudos e análises. A crescente atenção
acadêmica que tem sido conferida aos estudos do Caribe, porém, exige o
questionamento e a reflexão sobre as idéias e conceitos de identidade,
literatura, cultura e política, que se encontram por detrás desses discursos.
O Caribe—ou “os Caribes”—que emerge desses discursos neste último
meio século parece revelar-se com uma identidade própria e, em muitos
casos, transmitindo um vínculo mais autêntico com a sua presente realidade
múltipla e diversa, de forma que os discursos e as idéias desses arquétipos
caribenhos têm uma forte influência na forma com que, atualmente, a região
do Caribe se imagina a si mesma.
A história, a literatura e o cinema nos contextos caribenhos sempre
tiveram que se enfrentar com economias frágeis e com uma constante
prática da censura. Em todos esses âmbitos o Estado desempenhou um
importante papel como estimulador, mas também como censor. Por isso,
tais discursos oscilaram, em relação à liberdade de expressão, entre visões
liberais e autoritárias. Durante os últimos cinqüenta anos produziu-se uma
reavaliação histórica que viu nascer novas e revolucionárias expressões
artísticas, entre as quais se destacam os discursos históricos, literários e
fílmicos, como sólidos canais dedicados à denúncia da injustiça, à
celebração dos protestos sociais e à autenticidade da identidade. Com as
vivências da construção de uma sociedade nova, surgiu o questionamento
conflituoso de noções como identidade, nação, gênero e diáspora,
descobrindo-se novos discursos transgressores e estratégicos em busca
de uma formulação ideológica que gere sociedades mais justas e igualitárias.
Com este volume, a Revista Brasileira do Caribe pretende-se oferecer
como uma plataforma trilingüe para estudiosos de diferentes instituições
acadêmicas de diversos países, por meio da participação de vários
especialistas que pensam e estudam o Caribe a partir de outros espaços e/
ou contextos não caribenhos. O fenômeno massivo dos acadêmicos e
jul./dez. 2005
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intelectuais desterrados reflete a mesma hibridez que assume o conceito
de Caribe. Por isso, esperamos que esta compilação de estudos corrobore
a idéia de que criar uma identidade caribenha específica, mediante algo
chamado de “integração cultural”, por si só, seria um equívoco, se não
entendemos tal processo como uma dialética cultural, uma interação e
intercâmbio entre as deferentes culturas, cujo objetivo comum é conquistar
uma coexistência étnica e cultural relativamente harmônica. Assim, os
caribenhos que se dedicam ao estudo do Caribe fora do seu próprio contexto,
seja em razão de um exílio voluntário ou não, ou ainda aqueles que, não
sendo caribenhos, adotaram o Caribe como objeto privilegiado de
investigação, mantêm entre si um diálogo intelectual intenso e contínuo,
integrando perspectivas distintas e elaborando propostas originais para
analisar a diversidade das sociedades caribenhas. O fato de poder refletir
desde fora, conhecendo em profundidade a partir de dentro, da
individualidade, bem como de poder refletir desde fora com a objetividade
científica, constitui uma dialética geradora de reveladores discursos
caribenhos. Tais discursos iluminam o caminho em direção ao imaginário e
a uma realidade de um Caribe diverso e plural, mas unificado em sua
identidade.
Concluindo, a compilação dos estudos que integram este número
11 da Revista Brasileira do Caribe pretende oferecer aproximações
históricas, literárias e fílmicas a partir de detalhadas análises sobre os
temas da cultura, identidade, gênero, nação, memória, exílio, escravidão,
entre outros. Em seu conjunto, este número representa uma valiosa e
inovadora contribuição à temática caribenha, com a intenção comum de
oferecer e avaliar um panorama de diversos estudos sobre o significado
histórico, cultural, artístico, literário e político do Caribe em diferentes
momentos de sua história. Nele são debatidos temas variados e pontos
candentes que desafiam a problemática e complexa realidade com a qual se
enfrentam as sociedades caribenhas. Assim, esse número, intitulado
Discursos caribenhos: história, literatura e cinema pretende erigir-se
como uma exploração enriquecedora dentro do campo dos Estudos
Caribenhos, proporcionando análises inovadoras, conceitos e referenciais
que sirvam de legado instrumental a futuras aproximações aos estudos
sobre o Caribe.
Brígida M. Pastor
University of Glasgow (U. K.)
10
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
PARTE I
1492: First encounters, the invention of America and
the Columbian Exchange
Luis Martínez-Fernández
University of Central Florida
Resumo
Este ensaio interpretativo aborda vários temas relacionados com o chamado
descobrimento de Cuba. Ele busca recriar o complexo drama de incertezas, confusões
y surpresas que acompanhou este processo tanto para europeus quanto para
indígenas cubanos que tentavam entender os acontecimentos a partir de suas
respectivas cosmovisões, religiões e de suas limitações lingüístico-conceituais.
Este ensaio discute o processo da “invenção da América”, conceito de Edmundo
O’gorman, e o “intercambio colombiano”, conceito de Alfred Crosby, utilizando
documento, mapas e crônicas da época.
Palavras-chaves: Cristovão Colombo, Cuba, Descobrimento
Resumen
Este ensayo interpretativo aborda varios temas relacionados con el llamado
descubrimiento de Cuba. Busca recrear el complejo drama de incertidumbres,
confusiones y sorpresas que acompaño al proceso, a medida que tanto europeos
como indígenas cubanos intentaban entender los sucesos desde sus respectivas
cosmovisones, religiones y limitaciones lingüísticas y conceptuales. Utilizando
documentos, mapas y crónicas de la época, este ensayo discute los procesos de “la
* Artigo recebido em junho e aprovado para publicação em setembro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 13-31, 2005
13
Luis Martínez-Fernández
invención de América”, concepto de Edmundo O’Gorman, y el “Intercambio
colombino”, concepto de Alfred Crosby.
Palabras claves: Cristóbal Colón, Cuba, Descubrimiento
Abstract
This essay is an interpretative approximation to various topics related to de socalled discovery of Cuba. It seeks to recreate the complex drama of uncertainties,
surprises and confusions that characterized the process, as Europeans and
Indigenous Cubans tried to make sense of it from their own cosmovisions, religious
perspectives and conceptual and linguistic limitations. Based on period documents,
maps and chronicles, the essay also discusses the encounter, using the Edmundo
O’Gorman’s concept “the invention of America” and Alfred Crosby’s notion of
the “Columbian exchange.”
Keywords: Christopher Columbus, Cuba, Discovery
***
Al mismo tiempo que Colón y sus compañeros de Europa
descubrieron la América, los hijos de ésta descubrieron a
Europa.
Fernando Ortiz
Fourteen-ninety-two was a most auspicious year for Spain
to embark in search of new navigation routes and new lands to be
conquered. In January of that year the Spanish Catholic monarchs
Ferdinand of Aragon and Isabella of Castile entered triumphantly
through the gates of the city of Granada, the last stronghold of
Moorish domination in the Iberian Peninsula. The fall of Muslim
Granada marked the end of seven centuries of the Christian
Reconquista. Later that year, the Spanish crown ordered the
expulsion of Muslims and Jews who rejected converting to
Christianity. Symbolic and symptomatic of Spain’s national cultural
integration, was the publication of the first Spanish language
grammar by Antonio de Nebrija, also in 1492. Not coincidentally, in
14
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian...
1492 and in the city of Granada, after over eight years of incessant
lobbying, Christopher Columbus finally received the crown’s sanction
and support to “discover and subdue some Islands and Continent in
the ocean” (COMMANGER y CANTOR, 1988, p. 1-2) The Capitulations
of Santa Fe, as the original contract between the Catholic Monarchs
and Columbus came to be known, granted the Genoese mariner the
titles of admiral, viceroy, and governor of all territories to be found
and conquered. Such titles were awarded in perpetuity to him and
his descendants. The agreement also included generous economic
provisions that entitled Columbus to keep 10 percent of the profits
derived from all goods found and traded in any territories to be
discovered and the right to invest up to an eight in any subsequent
enterprise and draw profits proportionately.
While the Capitulations vaguely referred to islands and a
mainland, Columbus was convinced that he was headed to the Orient
by way of the west. Basing his projected voyage on a mix-andmatch of existing estimates and calculations, he took China to be
much larger than it was and believed the earth’s circumference
was about a fourth smaller. Combining these and other
miscalculations, he believed that the Indies, as East Asia was known,
were reachable by sailing west from Europe. By no means a
recognized scientist or cosmographer, Columbus proposed a voyage
that generated scorn from Europe’s scientific establishment. Years
later Columbus reminisced with some satisfaction that everyone
laughed at and dismissed his plan”. Undaunted, he pursued his plans
with the zeal of a crusader, believing that his new route to the Orient
would give him and the Spanish monarchs access to the fabled
riches and species of Asia and at the same time allow the expansion
of Christianity to remote corners of the world.
First encounters
On August 3, 1492 Christopher Columbus and eighty-six other
men boarded the Santa María, the Niña and the Pinta on the Port
of Palos in southern Spain. The latter two were caravels, newly
jul./dez. 2005
15
Luis Martínez-Fernández
developed small, swift, and easy to handle vessels that made long
journeys safe and feasible. Several weeks into the voyage, the ships’
crews began showing signs of unrest and desperation; mutinous
conspiracies were spun which Columbus tried to avert by feeding
his men false information about the distance so far traveled. He
kept two daily records an accurate one for himself and a false one
to share with his fellow sailors: “[September 10] went sixty leagues
only reckoned 48” (COLUMBUS, 1987, p. 62). Tensions were somewhat
diffused as birds and other evidence of nearby land were sighted.
On September 25 and again on October 7, false land sightings were
made. According to his grossly inaccurate longitude and latitude
calculations vessels were approximating present-day Nova Scotia,
an unwelcoming region, to say the least. On October 10, Columbus
reported that his men “could stand it no longer” (COLUMBUS, 1987,
p. 72). At last, in the early hours of October 12, after seventy days
of uncertain navigation, the convoy saw land; Columbus named the
island San Salvador. Later that day the explorers had their first
contact with frightened natives who fled in terror. As the vessels
headed south, the natives told Columbus of a large and bountiful
island located further south. On his log entry for October 21,
Columbus refers to it for the first time: “they call it ‘Colba’”
(COLUMBUS, 1987, p. 90). The Admiral’s preconceptions and the
natives’ description of Cuba, as Columbus refers to the island over
the next few days, led him to believe that it was Cipangu (Japan).
“Indians tell me,” he wrote on October 24, “that it is very large and
has much trade, and has in it gold and spices and great ships and
merchants” (COLUMBUS, 1987, p. 91). Three days later Cuba was
within sight.
On October 28 Columbus and his men landed in Cuba, the
island, that above all others, captivated his heart and delighted his
senses. The startled convoy spent the next five weeks exploring
the eastern end of Cuba’s northern coast, fathoming the inlets of
the jagged coastline. They made several landings along the way,
planting a cross and saying prayers at every stopping point; two
16
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian...
members of the expedition, Rodrigo de Jerez and Luis de Torres,
ventured inland for several days during which they came in contact
with numerous native villages.
What Columbus and his scouts encountered in Cuba failed to
approximate the advanced civilization and marvelous riches of
Cipangu as described in The Travels of Marco Polo; in place of
the solid gold roofed palaces which cartographer de Paulo described
to Columbus, stood palm-thatched bohíos and caneyes. The Admiral
now struggled to fit Cuba somewhere else within his nebulous notions
of the Indies. His native informants also spoke of a nearby
Cubanacán, which he took to be the land of the Great Khan, its
capital: the legendary Cathay. On November 2, Columbus dismissed
the natives’ claims to Cuba’s insularity. At about the same time, the
natives spoke of a large and rich nearby island called Bohío, which
now Columbus took, and mistook, for Cipangu. According to the
natives it was rich in gold and inhabited by fierce cannibals, two
traits included in Marco Polo’s description. On December 5, after
over a month of coasting, Columbus’s vessels headed toward Bohío,
which the Admiral renamed Hispaniola. Two surviving vessels, the
Pinta and the Niña left bound for Europe on January 16, 1493,
while thirty-nine sailors stayed behind, quartered in the fort of La
Navidad, built from the wreckage of the Santa María.
Although Columbus failed to bring back to Europe convincing
evidence of having reached the prodigiously rich lands of the Orient,
the success of his first voyage earned him ample royal support for
a second expedition, this time with seventeen vessels and 1,200
people departing Spain on September 26, 1493. A few months earlier,
the Spanish-born Pope Alexander VI had issued his famous Inter
Caetera bull, sanctioning Spain’s claims to all lands 100 leagues
west of the Azores and granting Portugal equal rights over territories
east of that line of demarcation. After making a few short stops in
several of the Lesser Antilles (“islands of the Caribs”) Columbus’s
convoy headed toward Hispaniola, where they found that the
Spaniards who had been left during the first voyage had been killed.
jul./dez. 2005
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Luis Martínez-Fernández
On April 24, 1494 Columbus sailed toward Cuba on board the Niña,
still convinced that it was not an island but a projection of the Asian
mainland. He made reference to being by the Province of Magó,
not far from the Great Khan’s Cathay. This time Columbus coasted
Cuba’s southern shoreline for several weeks, making numerous stops
along the way. In his farfetched efforts to sustain the continentality
thesis, he sailed west until his convoy reached what later became
known as Cortés Bay in Pinar del Río Province. Rather than continue
west to prove or disprove Cuba’s insularity, he ordered his ships to
turn back, not before making his crew take an oath affirming that
Cuba was not an island; anyone who claimed that it was would be
punished by having his tongue amputated.
Viewing these events armed with over five centuries of
accumulated knowledge and the scientific capabilities of the early
twenty-first century obscures the fact that for the two sides involved
in these first encounters between the Old and New Worlds the
early contacts were bewildering, filled with uncertainty, fear and
wild speculations. Initial responses ranged from awe and admiration
to horror and hatred; they tested the far corners of European and
Amerindian imagination. European explorers and natives, alike,
scrambled to draw from their respective religions and cosmovisions
as they struggled to understand each other and their respective
worlds and the new world that both began to create together.
As Columbus’s travel logs and other sources attest, he fell in
love with Cuba; it was a love at first sight and it was passionate: “I
have never seen anything so beautiful” (COLUMBUS, 1987, p. 93) he
wrote his first day on the island. The Admiral marveled at its
topography, its luscious vegetation and its bays and rivers which he
claimed were the finest he had ever seen. A month into his exploration
of Cuba he jotted that it looked “like an enchanted land”
(COLUMBUS, 1987, p. 119) and days later he wrote in his navigation
log that he did not want to leave the place. The weather seemed to
conspire along with Cuba’s enchantment as the convoy was forced
to wait several days for favorable winds for the departure. On his
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian...
second voyage, Columbus reiterated his predilection for Cuba,
claiming it was “the most beautiful thing that human eyes had ever
seen” (COLÓN, 1995, p. 297). He noted on a delightful stop along the
south coast on the Day of Pentecost, 1494: “We rested there on
that grass next to those water springs and the marvelous aroma of
flowers that could be felt, and the sweet singing of a multitude of
little birds, under the shade of tall and enormously beautiful palm
trees” (COLÓN, 1995, p. 297).
The Genoese mariner described the native inhabitants in
praiseful albeit patronizing terms, highlighting their beauty, meekness
and friendly character. He remarked their olive skin, their straight
jet-black hair and the high cheekbone on their faces. Columbus and
other explorers were struck by fact that the islands’ natives wore
no clothes, except for married women who covered themselves
with small loincloths. Columbus mistakenly reported that the natives
had no religion and that they could be easily converted to Christianity
and effortlessly subdued: “10 men,” he claimed, “cause 10,000
Indians to flee” (COLUMBUS, 1987, p. 122) . He and other
contemporaries also commented on the selflessness of the natives
and their willingness to share whatever they had and to trade
valuables such as gold and woven cotton for trinkets made out of
tin or glass. Early European explorers also recounted their first
impressions of tobacco smoking, the natives’ use of hammocks,
canoes, and bohíos, and other curious native cultural practices.
Although Columbus reported to the monarchs that during his
first voyage he found “no monstrosities but well formed people”
(COLÓN, 1978, p. 144). he conveyed the fact that the natives repeatedly
mentioned the existence of fierce cannibals living in nearby islands:
“men with one eye and others with dogs’ snouts who eat men”
(COLUMBUS, 1987, p. 101). Columbus and his fellow explorers also
heard tales of an island to the south east inhabited by Amazons, and
of men with tails living somewhere in western Cuba. Later explorers
reported visiting villages inhabited by giants; others obsessively
searched for the mythical El Dorado and the Fountain of Youth.
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Luis Martínez-Fernández
Cuba’s and the Caribbean’s unfamiliar fauna challenged the
limits of the European explorers’ imagination as strange creatures,
large and small, forced the first chroniclers to scramble for words
to describe them. Columbus and his fellow seamen saw flying fish
and trained fish (guaicán) that the Indians used to catch other fish.
He saw manatees that he mistook for sirens. The Admiral and his
contemporaries also reported on dogs that did not bark, multicolor
parrots, dragon-like iguanas, and countless other species the
Caribbean’s bestiary. Later explorations expanded the catalogue of
seemingly monstrous creatures, as Europeans came in contact with
anteaters, vampire bats, armadillos, boa constrictors, toucans, electric
eels, piranhas, and thousands of other species unlike anything they
had seen or imagined before. Columbus was repulsed by the sight
of iguanas which the natives found so appetizing: “[the] nastiest
thing ever seen …they were all the color of dry wood, their skin
very wrinkled especially around the neck and above the eyes which
looked poisonous and horrific” (COLÓN, 1995, p. 293). Peter Martyr
d’Anghiera, a few years later, described a new world sea creature:
“four-legged in the shape of a turtle, but with scales instead of a
shell, with extremely hard skin, to the point that arrows do not scare
it, covered with a thousand warts, its back flat, its head like an ox’s”
(MÁRTIR DE ANGLERÍA, 1944, p. 271). He was describing a manatee.
The sights of the New World tested the limits of the explorers’
frame of reference and the Castilian language as Columbus and
other contemporaries recurred to comparisons with more familiar
things. Thus, grass in Cuba was “as tall as in Andalusia,” “palms
[were different] from those of Guinea and ours” the sea was as
“gentle as the river of Seville;” nuts and rats were large “of the
Indian kind” (COLUMBUS, 1987, p. 117, 123, 159). Yuca plants were
like carrots but white and tasted like chestnuts, tobacco leaves
resembled lettuce leaves; tomatoes were golden apples and potatoes
were earth apples, thus the Italian word pomodoro and the French
word pomme de’terre. Puzzled Europeans recurred to hyperbole in
their efforts to convey the strange world unfolding before them.
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian...
Columbus spoke of Cuban mountains that “appear to reach the
heavens” of “flocks of parrots that obscure the sun;” of ocean water
white and thick as milk. Before departing from Cuba in his first
voyage he jotted in his log: “it seems to me that under the sun there
can be no better lands: in fertility and mildness of cold and heat”
(COLUMBUS, 1987, p. 105, 155, 185).
As a symbolic act of possession over Cuba, which he named
Juana in honor of Prince Juan, Columbus christened coastal points,
harbors and rivers as he coasted the island during his first two
voyages. He named his landing point San Salvador (Bahía de Bariay);
and subsequently dispensed dozens of other places names: Río de
la Luna (Bahía de Jururú), Río de Mares or Marte (Bahía de Gibara),
Cabo de Palmas (Punta Uvero); Río del Sol (Bahía de Samá); Cabo
de Cuba (Punta Lucrecia); Puerto del Príncipe (Bahía de Tánamo);
Santa Catalina (Cayo Moa); Cabo del Pico (Punta Guarico); Cabo
Campana (Punta Plata); Puerto Santo (Baracoa); Cabo Lindo
(Punta Fraile); Cabo del Monte (Punta Rama). During the coasting
of the southern shores in 1494, the Admiral continued to hand out
names as if he were Adam and Cuba his Paradise. Deeming it the
extreme western end of Asia, he named Cuba’s westernmost point
Alfa y Omega (Punta de Maisí) and erected two columns and a
cross to mark the spot; he later gave the name of Puerto Grande to
Guantánamo Bay, and named two constellations of small keys;
Jardines de la Reina and Jardinillos. Columbus also named the large
island south of Cuba’s southwestern coast San Juan Evangelista
(Isla de Pinos and more recently Isla de la Juventud).
Because the extant documentation on the first encounters
between the Caribbean’s natives and the European explorers was
produced exclusively by the latter, it provides much insight on the
European’s perceptions of the natives and their environment but
very little information on how the natives perceived the invaders
and how they struggled to incorporate them into their Neolithic
cosmovision. Had the Tainos been able to record these first
encounters we would have a better understanding of how they
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Luis Martínez-Fernández
grappled with language and cultural limitations to make sense of the
shock that turned their world upside-down in 1492. Tainos first saw
Columbus’s convoy from a distance; the vessels must have seemed
large sea monsters: whales or giant manatees. Perhaps they appeared
as canoes shaped like bohíos with large cotton hammocks blown
by Guabancex, the deity that drives the wind and the waves. The
experience of seeing white, armed people emerge out of those
floating bohíos was most terrifying, as evidenced by the numerous
accounts of the Tainos’ fleeing in terror. The Europeans’ metal
armors, beards, weaponry, and overall appearance were as, if not
more, disconcerting and awe-inspiring to the natives as the natives’
nudity, beardlessness, and body ornamentation were to the
Europeans. While the Europeans recognized the natives as fellow
human beings, baffled natives first deemed the Europeans immortal
beings descended from Heaven. According to Fray Ramón Pané’s
contemporary report on Taino religion, the natives later came to
believe that the Europeans were the prophesized, clothed invaders
who would rule over them and bring death and destruction. The
fact that the first explorers had no women with them must have
also puzzled the natives and perhaps led them to suspect that, like
the Caribs, they had come to kidnap Taino women to make them
their own.
Just as the Europeans commented on how relatively small
value the natives placed on gold and how they lusted after beads
and hawk bells, the Tainos who greeted Columbus were surprised
and amused by the European’s obsessive lust for gold and worthless
leafs, seeds and pieces of bark. Bartolomé de las Casas reported
that natives in Cuba came to believe that the Spaniards worshiped
gold as their god. Some of the European imports to the New World,
particularly their fierce arsenal, terrorized the natives. Men on
horseback were deemed strange human-eating beasts in which horse
and rider fused into one, like the centaurs of Greek mythology.
European dogs were fierce and barked threateningly, unlike the quiet,
playful pets kept by the Tainos. The explorers’ muskets and cannon
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian...
seemed possessed by the deity of thunder Guataúba, who had
seemingly allied itself with the invaders.
Inventing America
So, who discovered Cuba and America? When were they
discovered? Every Cuban school child knows the answers: Columbus
in 1492. But are those answers correct? It all depends on what one
means by discovery. The presence of Viking explorers and settlers
in northern North America has been established to date to about
1000 A.D. A recent provocative study by Gavin Menzies claims
that in 1421 a large Chinese expedition navigated throughout the
Americas including Cuba’s shores. The term discovery, itself, is
controversial and has in recent years fallen into disuse at the expense
of others such as “encounter” and “first contacts”. Did the first
landing on San Salvador on October 12, 1492 or the sighting of
Cuba a few days later constitute discoveries or were these just first
steps in a protracted process involving multiple actors engaging in
what Edmundo O’Gorman called “the invention of America”
(O’GORMAN, 1972) and more recently Eviatar Zeruvabel termed the
“mental discovery of America” (ZERUVABEL, 1992).
Columbus’s voyage of 1492-1493 shook the cosmological,
philosophical, and religious foundations of Europe as mariners,
cosmographers, cartographers, and theologians scrambled to make
sense of the puzzling information and strange artifacts and specimens
gradually filtering from half way around the globe. This prolonged
drama unfolded in a context of a Europe in transition between the
waning Middle Ages and the dawning Renaissance. Columbus was
essentially a medieval explorer. A deeply religious man and a
crusader at heart, he looked reverently to the Bible and cosmological
and philosophical authorities, whose knowledge he used deductively
as he tried to understand the world he unwittingly unveiled. Deeply
imbedded within his view of the world was the dogma of the
Ecumene, that the world consisted of three connected continents
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Luis Martínez-Fernández
(Europe, Asia, and Africa), and likewise there were three oceans
(Atlantic, Mediterranean, Indian), three human races (Caucasians,
Africans, Asians), and three religions (Judaism, Christianity, Islam);
all of this being earthly reflections of the Holy Trinity. Other
contemporaries, such as Amerigo Vespucci and Peter Martyr
d’Anghiera, as Renaissance men, challenged the ancient authorities
and religious texts with scientific observations and experimentation.
In Vespucci’s own words, experience was worth more than theory.
Europe’s scientists, scholars at Salamanca among them, were initially
skeptical about Columbus’s project, insisting that his calculations
were inaccurate and that the existing naval technology would not
permit a voyage from Europe to the Indies. As seen earlier,
Columbus’ burdensome philosophical baggage did not allow him to
even consider that Cuba and the other lands he found were something
other than the Indies he had set out to reach by way of the west.
Meanwhile, Renaissance scientists the likes of Peter Martyr were
willing to engage in the “mental discovery” of a New World if
scientific evidence led them inductively to that conclusion. Martyr
was perhaps the first to scientifically embrace the notion that the
islands that Columbus had found were not Asia but in fact something
new. In a letter dated November 1, 1493 (only seven and a half
months after Columbus’s return to Castile) Martyr referred to
Columbus as “he who discovered the New World” (ZERUVABEL,
1992, p. 71-72). For Martyr, Vespucci, and other scientists the budding
idea of a New World was not a dogmatic conclusion but rather a
hypothesis to be tested with subsequent voyages and explorations.
Over the next few years, Columbus, on the one hand, and Vespucci,
on the other, embarked in parallel explorations to determine the
nature of the lands that Columbus had taken to be the Indies. During
his third voyage (1498-1500) Columbus ventured further south and
came in contact with the mainland of South America, the first
European to do so. Still convinced that the islands found in his earlier
voyages were part of the Indies and Cuba was the Malayan
Peninsula, he scrambled to redraw the map of the world and to find
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian...
a place for the seemingly continental landmass he found south of
the Caribbean. Taken aback by this new finding, which threatened
to destroy the idea of the Ecumene, Columbus responded with
another religiously-based conclusion: he had found the Garden of
Eden, located in “a mighty continent that was hitherto unknown”
(COLUMBUS, 1978, p. 129-130). The Admiral’s encounter with the
splendid Orinoco River flowing off the coast of South America led
him to affirm that the earth was not round, as widely believed, but
rather shaped like a pear or a woman’s breast. On the earth’s highest
point, shaped like a nipple, stood the lost Garden of Eden from which
flowed the world’s mightiest rivers. Curiously, the Tainos also
associated rivers and women’s breasts, their word “toa” used to
refer to both. A few months later, Vespucci coasted over 4,200
kilometers of South America’s northern coast, also concluding that
it was a continental mass. At about the same time Pedralvarez
Cabral, sailing for Portugal coasted south along the Brazilian coast
to about 15 degrees south of the Equator while Gaspár Corte-Real
reached Greenland and later Labrador and Newfoundland for the
Portuguese crown.
These mystifying encounters with a massive continent located
south of the Equator and another large landmass north of the
Caribbean, sparked two primary hypotheses to be tested in further
explorations. Columbus’s rather farfetched theory sustained that
the islands and mainland to the north were Asia, as he had claimed
all along, and that the continent to the south was a previously unknown
landmass. Vespucci, meanwhile, hypothesized that all of the islands
and landmasses constituted a single continent and that the southern
part could not be Asia. In a letter of 1502 he spoke unequivocally of
the southern continent as a “new land”. Reflecting the mental
redrawing of the world, Cantino’s world map of 1502 showed
America as separate from Asia; North and South America separate
from each other; and Cuba as an island. In 1501 Vespucci set out
on a second voyage in search of evidence to support or dismiss his
thesis and a few months later Columbus embarked on his fourth
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Luis Martínez-Fernández
and final voyage in an effort to find new evidence to fit into his
latest theory. Vespucci coasted South America’s east coast as far
south as what later became known as the Río de la Plata, concluding
that since that landmass extended south that far it could not be
Asia, therefore it, along with the rest, had to be a new continent.
Columbus, meanwhile set out toward Central America in search of
an oceanic passage separating what he believed was Asia to the
north and the new continent to the south; having coasted Central
America and not finding the passage he was after, he returned to
his earlier thesis that everything was Asia. Unaware of the fact,
while coasting the isthmus he was less than one hundred kilometers
from the Pacific Ocean; a decade would pass before Vasco Núñez
de Balboa discovered the Pacific Ocean. Columbus, thus, revived
the Ecumene and found yet another biblical landmark, the Mines of
Ophir in Panama, from which the gold to build Solomon’s temple
had been mined. On his way back to Europe, still thinking it part of
Asia, Columbus saw Cuba for the last time in mid-May 1503 as if to
bid his beloved Juana one final goodbye. A violent storm pushed his
vessels away: “I lost, at one stroke, three anchors; and, at midnight,
when the weather was such that the world appeared to be coming
to an end, the cables of the other ship broke, and it came down upon
my vessel with such force that it was a wonder we were not dashed
to pieces” (COLUMBUS, 1978, p. 187-188). This was a far cry from
that refreshing afternoon on the Day of Pentescost during his second
voyage amidst the aroma of flowers, the sweet song of birds, and
the shade of royal palms.
Was the discovery of America and Cuba—if we may use
that term—the result of Columbus’s medieval crusading zeal or was
it the result of the inductive science of Renaissance men like
Vespucci and Martyr. Arguably it was neither and it was both. The
“invention” and “mental discovery” of America required the mystic
zeal of a prodigiously stubborn Columbus, whose deeply religious
worldview allowed him to embark in explorations and theories
summarily dismissed by his learned contemporaries. Ironically, the
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian...
same mindset that pushed him to find Cuba and other islands and
continental masses to the west, prevented him from recognizing
them as new. While Columbus was the first European to encounter
the Caribbean, South America, and Central America, it was
Renaissance men of science and their navigators who eventually
accomplished the actual “invention of America.” It was a matter of
an unwitting collaboration between passionate medieval explorers
and detached Renaissance cosmographers. Such convergences of
primal passions and intuitions, on one hand, and skepticism and new
ideas, on the other, have been at the heart of many of the most
dramatic transformations and revolutions in human history. The
discovery/invention of America ranks high among these.
Sixteenth-century cartographers, beginning with Martin
Waldeseemüller, credited Vespucci with the unveiling of a New
World, by naming it America instead of Columbia. His famous map
of 1507 portrayed North and South America connected to each
other and fully insular. In the year 1500, cartographer Juan de la
Cosa, one of the men Columbus had forced to swear that Cuba
was not an island, produced the first map in which Cuba appeared
as an island. Rather than the mighty continental tongue Columbus
still believed it was, de la Cosa portrayed Cuba as a curled-up shrimp
of an island about to be devoured by a gigantic, green continental
mass, the Gulf of Mexico its gaping mouth. Neither de la Cosa nor
any of his shipmates had their tongues cut off as their oath prescribed
if they ever said that Cuba was an island. As later maps attest, only
two of the names that Columbus gave as he sailed past Cuba stuck
(Jardín de la Reina and Jardinillos), as bays and capes reverted to
their Taino names or later settlers imposed names of their choosing.
Not even the name Juana stuck as King Ferdinand ordered it
renamed Fernandina soon after Prince Juan died. Fernandina did
not stick either; the island came to be known as Cuba, what the
natives had first said to Columbus or what he had understood them
to say. Havana’s founders, perhaps unwittingly, honored Columbus,
when they named what would eventually become Cuba’s capital
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Luis Martínez-Fernández
San Cristóbal de La Habana. Three centuries later Columbus’s ashes
were moved from Santo Domingo to Havana’s Cathedral, where
they remained until Spain lost possession of Cuba in 1898. In a twist
of irony, the Cuban territory where Columbus first landed convinced
that he was in the Orient, eventually became known as Oriente
Province; and 125,000 Chinese contract laborers were imported to
Cuba between 1847 and 1873.
The Columbian Exchange
As America was being invented, the Old and New Worlds
engaged in what Alfred W. Crosby, Jr. has termed the “Columbian
Exchange” (CROSBY, 1972). Previously isolated continents, ignorant
of one another, were now linked by travel and trade; and peoples,
animals, plants, germs, and precious metals from one continent
resettled in new environments across the Atlantic and beyond. While
there is no doubt that these early stages of what is now called
globalization dramatically transformed the Americas, as the
conquests brought about demographic collapses among the natives
and as colonists imported plants and animals that replaced those
produced by Amerindians, American biological and mineral exports
also helped transform all three continents of the former Ecumene.
The early Europeans who explored Cuba and other parts of the
New World brought with them their domesticated animals and plants,
which they hoped would flourish in the American setting. Among
the imported animal species were the horse, used for transportation
and warfare; the cow, for its meat, hides, and milk; sheep for wool
and mouton; the pig, chicken, and goat as sources of food; and the
dog as pet and hunting companion. Pigs, cattle, and horses were let
lose to multiply, reverting to a state of wildness and causing havoc
on native croplands. Food and drink plants imported by the Europeans
to satisfy their tastes and to be commercialized included: wheat,
melons, onions, garlic, lettuce, grape vines, olives, chick peas,
sugarcane, bananas, coffee and tea, among others. Some, like
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian...
sugarcane and bananas, flourished in Cuba and the Caribbean to
such an extent that they led to the coining of the terms “sugar islands”
and “banana republics”. Other European food plants, like olives,
grapes, and wheat floundered in the Caribbean only to blossom
prodigiously in non-tropical regions of Continental America.
Pre-Columbian Americans had few domesticated animals,
among them turkeys, guinea pigs and llamas. Although few animals
crossed the Atlantic in the other direction, mostly as specimens such
as exotic birds and the like, American plants invaded Eurasia as
well as Africa. One of Columbus’s major motivations had been the
acquisition of exotic species such as ginger, cloves, nutmeg, peppers,
and cinnamon. While disappointed at not finding much in terms of
familiar spices, the Admiral and later explorers found a vast catalogue
of food plants, many of which they took back to Europe. Cuba’s
main pre-Columbian staple, yuca and yams, did not make it to
Europe’s kitchens but eventually found their way to Africa and Asia,
where they became important staples in several nations. While the
practice was lost in Cuba, African farmers still cultivate yuca in
mounds, like the Tainos did five centuries before. Likewise,
American corn has reached all corners of the world, its high yields
helping nourish millions in China and other nations. Indigenous to
South America, the potato found fertile ground in Europe. Originally
suspected of causing leprosy, the potato later became the staple
crop of several European nations, most notably Ireland, and the
main ingredient of Russia’s vodka. Tomatoes also found their way
into the European diet, while sweetened chocolate from Central
American cacao captivated taste buds in the Old World. Deemed
to have aphrodisiac properties, the Jesuit order at one point prohibited
its members to consume chocolate, lest the treat conspire against
their vow of chastity. Perhaps more sinful was an American plant
known as tobacco. In his History of the Indies, father Bartolomé
de las Casas castigated smoking as useless and hard to quit vice.
Its addictive qualities have helped make tobacco a product of vast
consumption in all corners of the world. Cuba, were Columbus first
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Luis Martínez-Fernández
saw tobacco, produces what is widely regarded as world’s finest
cigars.
The Columbian exchange was also a human drama in which
entire populations were destroyed, as others, voluntarily or not, took
their place, and new populations emerged as various populations
came in contact with one another. In Cuba and much of the
Caribbean Amerindian depopulation rates approximated 100 percent
in just a few decades after the initial contact with the Europeans;
for the entire hemisphere the rate of depopulation surpassed 90
percent. European settlers and their slaves took the place of the
natives throughout the Caribbean and elsewhere. Contact between
the various racial groups led to miscegenation and the emergence
of large mulatto and mestizo populations. Today American nations
like the Dominican Republic are essentially mulatto while Mexico,
Peru and others are predominantly mestizo. The coming together
of Amerindians, Europeans and Africans also generated Creole
cultures that combine elements of diverse origins.
Human migrations were accompanied by the migration of
germs and communicable diseases. Because the Americas had been
isolated from the rest of the world and its germs, the Tainos and
other native peoples, had not been exposed to, nor developed
immunities against, diseases common in Europe, Africa, and Asia.
Smallpox, measles, influenza and other diseases imported by
European explorers and settlers caused appalling rates of mortality.
African diseases such as malaria and later yellow fever caused
havoc not only among Amerindian but also among unacclimated
Europeans. In return for such a deadly catalogue of new diseases,
America’s natives gave Europe syphilis. No evidence of syphilis
dating before 1492 has been found outside of the New World; the
spread of this venereal disease reached epidemic proportions during
the mid-1490s as European armies helped spread it throughout the
continent and beyond.
The Columbian exchange also included the mineral kingdom,
precious metals to be more precise. In 1592 five times more bullion
circulated in the world than a century before. The recorded amount
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
1492:First Encounters, the Invention of America and the Columbian...
of gold and silver exported from the Americas to Europe between
1503 and 1660 was an astounding 407, 851 pounds of gold and
35,273,600 pounds of silver.
The Columbian exchange changed not just America, but the
entire world, forever. Unwittingly, the stubborn Genovese mariner’s
vessels led the path to what today we call globalization.
Bibliography
COLÓN, Cristóbal. Textos y documentos completos. Madrid: Alianza Editorial,
1978 y 1995.
COLUMBUS, Christopher. Four Voyages to the New World. Gloucester: Peter
Smith, MA, 1978.
COLUMBUS, Christopher. The Diario of Christopher Columbus’s First Voyage
to America, 1492-1493. Edited by Bartolomé de las Casas. Translated by DUNN,
Oliver; KELLY, JR. E., James. Norman: University of Oklahoma Press, 1987.
COMMANGER, Henry Steele; CANTOR, Milton (Eds.). Documents of American
History. 2, V. 10 edición. Englewood, NJ: Prentice Hall, 1988.
CROSBY, Alfred W. The Columbian Exchange: Biological and Cultural
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MÁRTIR DE ANGLERÍA, Pedro. Décadas del Nuevo Mundo. Buenos Aires:
Editorial Bajel, 1944.
MENZIES, Gavin. 1421: The Year the Chinese Discovered the World. New York:
Harper Collins, 2003.
O’GORMAN, Edmundo. The Invention of America. Westport, CT: Greenwood
Press, 1972.
ORTIZ, Fernando. “Por Colón se descubrieron dos mundos”. Revista Bimestre
Cubana, 50 (2) Sept.-Oct., 1942, p. 180-190.
ZERUVABEL, Eviatar. Terra Cognita: The Mental Discovery of America. New
Brunswick: Rutgers University Press, 1992.
jul./dez. 2005
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Women’s Representation: Two Epochs of the
Revolutionary Cuban Cinema
Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito
University of Queensland
Resumo
O principal objetivo deste estudo é realizar uma crítica e uma análise da precisão
com que a (re)presentação da mulher no cinema cubano descreve a relação gêneropoder na sociedade cubana. Para isso considera-se aqui o argumento de Chanan o
qual afirma que o povo cubano considera aquilo que vê no cinema cubano como o
mesmo que se vê (que existe) nos âmbitos público e privado de sua sociedade.
Conclui-se que o meio cinematográfico aumenta nossa compreensão do papel da
mulher e das relações de gênero na experiência diária daquela sociedade já que se
permite à audiência interiorizar a história, o humor, as mudanças, as necessidades
e a valentia do povo cubano. Os filmes estudados se referem a duas épocas. Na
primeira, os personagens de mulheres cubanas são descritas como heroínas
revolucionárias. Não há uma refletir ou problematizar seus medos, sua sensualidade
e seus desejos como mulher. O que é feito no cinema produzido na segunda época
estudada. Os resultados deste estudo sugerem que o cinema de depois de 1959
reflete com freqüência sobre a história social, incluindo a dissolução de classes,
através de personagens femininos. Conscientemente ou por omissão, os filmes
selecionados destacam a oportunidade de incorporação das mulheres no âmbito
público e as limitações deste processo; no entanto, mostra também que esta
incorporação é realizada “somente até certo ponto” visto que ainda estão presentes
as ideologias e praticas machistas da sociedade patriarcal.
* Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em setembro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 33-56, 2005
33
Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito
Palavras-chaves: Cinema , Cuba , Mulher
Resumen
El objetivo principal de este estudio es hacer una crítica y análisis de la precisión
con qué la (re)presentación de la mujer en el cine cubano describe la relación géneropoder en la sociedad cubana. Para esto se considera el argumento de Chanan quien
afirma que el pueblo cubano considera que lo que se ve en el cine cubano es lo que
se ve (o que hay) en el ámbito público y privado de su sociedad. Se concluye que
el medio cinematográfico aumenta nuestra comprensión del papel de la mujer y del
género en la experiencia diaria de la sociedad cubana ya que se le permite a la
audiencia interiorizar la historia, el humor, los cambios, las necesidades y la valentía
del pueblo cubano. Los filmes estudiados se agrupan en dos épocas. En la primera
los personajes de mujeres cubanas suelen describirse como heroínas revolucionarias,
sin reflejar ni proyectar sus miedos, su sensualidad y sus deseos como mujeres, lo
cual sí es tipificado en la segunda época. Los resultados de este estudio sugieren
que el cine de posterior a 1959 refleja con frecuencia la historia social, incluida la
disolución de clases, a través de las mujeres. Conscientemente o por omisión, las
películas seleccionadas destacan la oportunidad de incorporación de las mujeres en
el ámbito público y las limitaciones de ese proceso, pero sólo hasta cierto punto
puesto que aún están presentes las ideologías y prácticas machistas de la sociedad
patriarcal.
Palabras claves: Cine, Cuba, Mujer
Abstract
The main purpose of the study is to analyse and critique how accurately the
representation of women in Cuban cinema portrays the existing gender power
relationships in Cuban society, in the light of Chanan’s claim that Cuban people
consider that what we see in Cuban cinema is what we see on the public and
private spheres of Cuba. It follows that the cinematic medium increases our
understanding of women and gender issues in the daily experience of Cuban society,
and thereby allows spectators to engage in representations of the history, the
humour, the changes, the needs, and the courage of Cuban people. The films
examined here are grouped into two epochs. In the first epoch, Cuban women are
generally portrayed as revolutionary heroines, without fully exploring and projecting
their fear, their sensuality and their desires as women, as it is typified in the second
epoch. Taken together, the results of this study suggest that post 1959
Revolutionary Cuban cinema has frequently portrayed social history–including
the breakdown of social class–through women. Consciously or by default, the
34
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban...
films chosen highlight both the opportunities for the incorporation of women into
the public sphere, and the limitations of that process but only up to a certain
point: the machista ideologies and practices characteristic of a patriarchal society
still remain.
Keywords: Cinema , Cuba , Woman
***
It is imperative to analyse the forms of representation of
women according to their experiences, beliefs, and cultural, social,
and political realities, that is to say, that although hegemonic ideologies
(capitalism, socialism, patriarchy) in diverse societies and epochs
may share much in common, these commonalities are undermined
by spatial and temporal nuances which affect the shape and form
artistic institutions (such as ICAIC1 in Cuba) take on, the position
women occupy in a society, and the way women are represented in
cinema. More specifically, pertaining to the feminist task of liberating
women from patriarchal behaviours and institutions, it is important
not to draw all-encompassing conclusions or observations regarding
women’s experiences and thoughts through “the use of the inclusive,
but ultimately indeterminable term of ‘WE’” (CARBY, 1982, p. 233).
As Eisenstein (2004) states in her discussion of feminism and Afghan
women “it is too easy to think all women should be free like me whoever the ‘me’ is” (EISENSTEIN, 2004, p. 153). In the end, the
crucial questions pertain to who is telling the story and how the
story is told. It matters profoundly who and what gets represented,
who and what regularly and routinely are omitted/permitted; and
how things, people, events and relationships are represented.
Therefore, what one knows of society depends on how things are
represented to her/him and that knowledge in turn informs what
one does and what policies one is prepared to accept (HALL, 1986, p.
9).
The general aim of this paper is to integrate two broad topics
of research: a) the representation of women and b) Cuban cinema,
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Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito
within a multidisciplinary perspective, with the hope of increasing
the understanding and knowledge of Cuban women by highlighting
their “actual” experiences as presented, hasta cierto punto, in Cuban
films. A specific aim is to examine how in a socialist country which
society is purported to be organised around ethics of equality, women
are represented in its cinema from a feminist point of view. Further
specific aims are to examine factors such as patriarchy, machismo,
and constructed notions of femininity and masculinity, and how these
elements contribute to the nature of the representation of women
and influence the audience’s interpretation of these elements within
the revolutionary social, political and economic context. Ultimately,
we argue that the representation of women in Cuban cinema is in
constant flux and is ultimately defined by the social and political
main events, both inside and outside of Cuba, of any given period of
the Revolution, with such shifts being broadly categorised into two
epochs. This will be analysed in relation to the following selected
films from the first epoch: De cierta manera (dir. Sara Gómez,
1974/1979), Retrato de Teresa (dir. Pastor Vega, 1979), and Hasta
cierto punto (dir. Tomás Gutiérrez Alea, 1983), and from the second
epoch: Mujer transparente (dirs. Hector Veitía, Mayra Segura,
Mayra Vilasís, Mario Crespo and Ana Rodríguez, 1990), and La
vida es silbar (dir. Fernando Pérez, 1998). The first epoch, from
the 1960s to 1980s, was embedded deeply within the Cold War
context in which the Revolution substituted imperialist and capitalist
ideas for socialist ones. During this period Cuban cinema represented
women primarily as revolutionary heroines whose preferred form
of representation was to narrate societal histories in materialist terms,
and specifically labour equality. The second epoch began in the late
1980s with the fall of the Berlin Wall, the subsequent collapse of
Soviet communism and the defeat of the Nicaraguan Revolution.
During this epoch, cinema focused and explored the representation
of women’s femininity, fears and desires, and induced the audience
to question gender power relations through such subjectivities – a
function of Cuban cinema that was not evident in the first epoch.
The cineastas of all six films attempt to inscribe the female image
36
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban...
into the process of the Revolution and the changes it has brought
about. Thus, this paper attempts to exemplify how machismo,
women’s liberation, and images of women that construct diverse
discourses of femininity are presented in each epoch.
Two Epochs
In order to successfully explore and understand the
representation of women in Cuban cinema, it is necessary to first
outline the fundamental basis upon which Cuban cinema is built.
Solanas and Getino (1997) indicate that films produced in Cuba
after the triumph of the Revolution were clearly revolutionary in the
sense that “although their starting point was just the fact of teaching,
reading and writing, they had a goal which was radically different
from that of imperialism: the training of people for liberation, not for
subjection” (SOLANAS; GETINO, 1997, p. 48). Chilean film-maker
Miguel Littin claims that “there are no such things as a film that is
revolutionary in itself”, but that a film becomes revolutionary only
when it grips the masses (THESHOME, 1979, p. 42). On the other
hand, the Bolivian director Jorge Sanjiné’s theory of revolutionary
film indicates that it is an outside force, an external power that
summons people to action (THESHOME, 1979, p. 42). Additionally
Ousmane Sembene, a Senegalese film-maker, claims that a film
can be revolutionary without creating revolution, and he defines
film more in political terms than in revolutionary ones (THESHOME,
1979, p. 43)2. Solanas and Getino (1997) define Revolutionary cinema
as “not fundamentally one which illustrates, documents, or passively
establishes a situation: rather, it attempts to intervene in the situation
as an element providing thrust or rectification. To put it in another
way, it provides discovery through transformation” (SOLANAS;
GETINO, 1997, p. 47). Drawing from this it can be stated that Cuban
cinema seeks to provoke the audience to self-reflect upon their
own role in their society and then to participate in finding a solution
rather than remaining passive. Given that the nature of Revolutionary
cinema is considered a means of communication with the masses,
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Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito
the Cuban director Tomás Gutiérrez Alea believed in the importance
of realising the “social function” of cinema. This is achieved by
supplying the spectator with critical insights into actual conditions to
the extent that she or he ceases to be a spectator and feels moved
actively to participate in the process of daily life (BURTON, 1997, p.
161). Therefore, it is expected that if questions of machismo,
emancipation and egalitarianism are raised in Cuban society, these
issues will be represented in Cuban films, since there is a strong
tradition of Socialist Realism3 in Cuban cinema, a cinema which is
characterised by the depiction of the contemporary society. Thus in
opposition to Hollywood cinema which has as its primary goal
entertainment for the audience, Cuban cinema primarily aims to
provoke construct active thinking participants in social discourse
and critique (SOLANAS; GETINO, 1997). Thus, based on a Marxist
vision of popular involvement of the proletariat in daily functions
and decision-making of society, Cuban cinema stressed participation
over passivity. This functional relationship between the Revolution
and Cuban cinema provided the opportunity for ICAIC, to become
an instrument for conscience-raising and to contribute to the
enthusiasm for the Revolution and development of an inclusive
political process (QUIROS, 1993, p. 65-66).
The films discussed in this essay from the first epoch (De
cierta manera, Retrato de Teresa and Hasta cierto punto) argue
strongly in favour of Cuban women’s labour equality. Women were
represented primarily as fighting against machismo to become strong,
independent and free to participate in the labour force. By
participating in the labour force, women wanted to make others
conscious of the aims and ideas of the Revolution in the hope of
constructing the “new woman” based upon economic materialist
considerations (a revolutionary heroine). Moreover, their
participation was to augment women’s and men’s capability and
responsibility to critique and address social/cultural issues such as
machismo and sexual double-standards to create the “new man”.
This is exemplified in Retrato de Teresa (1979) whereby Teresa
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban...
incessantly struggles for women’s equal participation in the labour
force as an expression of rebellion against her husband Ramón’s
machista attitudes in the household. Teresa seeks her husband’s
support to share responsibilities in the house so she can more easily
participate in a socialist society as a mother, a wife, a student, a
labourer, an activist but, above all, as an equal based not just on
material aspects but on non-gendered human aspects. Ultimately,
in accordance with Marxian thought, labour participation represents
for Teresa an outlet for emancipation from patriarchal constructions
of family and femininity. However, the emancipatory element is
undermined as Teresa ironically seeks Ramón’s approval for entering
the labour force, due ostensibly to the residues of patriarchy that
continue to exist independently of Marxian materialist-based
developments.
In opposition to claims that all women who play roles as
mothers and wives are thus represented as submissive and weak
characters, Cuban cinema details how there is no intrinsic weakness
or inferiority associated with such roles through the broadening of
the conceptual frame of women by appealing to the socialist ethic
of equality. This functions in a way whereby work and familial roles
are not prioritised or awarded more prestige or importance based
upon gender. Therefore, the lack of focus upon women’s feelings
and fears is not as a result of them having some kind of intrinsic
relative weakness as a mother or wife, but as a result of the
cineastas continual permission of men’s desires and wishes and
omission of women’s personal expression. In Retrato de Teresa,
Pastor Vega focuses more on Teresa’s marital relationship, and on
Teresa’s husband rather than on Teresa’s feelings and frustrations.
This can be seen in the close-ups where Teresa remains pensive,
heart-broken, hopeless, confused and withdrawn without letting the
audience witness her possible extramarital affair, her subjectivity
and inner struggle (BURTON, 1994). Whilst in Hasta cierto punto
Gutiérrez Alea focuses upon Oscar’s struggle with leaving his wife
than on Lina’s personal emotions and hopes and her personal
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Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito
reactions from her sexual abuse. Similarly, whilst Lina shows her
disenchantment and pain resulting from Oscar’s indecision in leaving
his wife by hiding herself under her pillow, she never voices her
pain. Interestingly, in De cierta manera (directed by the only female
cineasta Sara Gómez), the representation of Yolanda, who is also
very strong like Lina and Teresa, differs greatly in that she is given
the opportunity to very clearly voice her frustration, her choices
and her dreams; she is depicted as a woman who does not accept
any machista behaviour that will prevent her from developing herself
as a professional and as an individual. Drawing from this we can
state that Teresa and Lina are women who struggle between the
revolutionary belief of equality and emancipation, and the traditional
patriarchal values and machista attitudes which inhibit exploration
and expression of their identities, fears, emotions and voices. The
experiences of Lina and Teresa give weight to Creed’s (1987)
assessment that women do not speak in their own voice and thus
are represented only in terms of a male discourse about women.
However, Yolanda provides subversive and emancipatory
constructions of femininity due possibly to the personal experiences
of double-discrimination/double-subjugation of Sara Gómez and the
powerful influence these may have had on her representation of
Yolanda. Accordingly, Gutiérrez Alea has indicated that “Sara
[Gómez] was doubly oppressed, as a black and as a woman, so she
was very much moved on the question of how sexism and racism
could be dealt with after the revolution. So it is not surprising that
she, a woman, undertook the problem of machismo or was interested
in the secret societies [abacuá], where the macho elements are so
well established” (ALEA cited in RICH, 1998, p. 102). Thus, Sara Gómez
typifies machismo with the purpose of not just representing the
problem but to emancipate women’s voices in order to find a solution
to the problem and act on it.
Machismo is a peculiar form of patriarchy that has to do
with public relations between men as well as between men and
women (LEINER, 1996). In addition, machismo stereotypes the female
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban...
figure and avoids openly exploring the fundamental issues of
women’s sexuality, femininity, gender equality and social power
relations. Dussel (1985) interprets machismo as “an ideology that
cloaks the domination of woman defined as sexual object, [that] not
only alienates the woman but also makes the male impotent in as
much as it impedes his relationship with a woman” (DUSSEL, 1985, p.
83). Thus patriarchal ideologies consider it “natural” that women
are obedient, submissive, sentimental, emotive, self-sacrificing, ready
and happy to perform a passive role in personal and sexual relations,
acting as the man’s instrument of pleasure. The male protagonists
in the films from the first epoch—Mario (De cierta manera),
Ramón (Retrato de Teresa), and Oscar (Hasta cierto punto)—
resist change at the level of their personal life (the family and home)
through denial of their household responsibilities and by prohibiting
their wives from entering the labour force and participating in social
activities. However, the male characters are ultimately forced to
confront their prejudices or to change somewhat their machista
behaviour in order to satisfy their sexual desire and male ego.
Interestingly, although the women characters demand from their
male counterparts equal rights to enter the labour force, it is the
male characters such as Mario’s father Candito (De cierta manera),
and Bernal, the party secretary at the factory (Retrato de Teresa),
that also take up the challenge of critiquing traditional notions of
femininity and masculinity by reminding Mario (De cierta manera)
and Ramón (Retrato de Teresa) that the goals of the Revolution
are to change the old patterns of machismo. This is exemplified
when Candito highlights the responsibilities of good revolutionaries
which provoke Mario into choosing between the postulated goals
and attitudes of the Revolution and his loyalty towards his workmate
Humberto who acts contrary to such new social codes. Furthermore,
Bernal challenges machismo by attempting to convince Ramón to
allow Teresa to work more hours. Although throughout the film it is
clear that Mario resists profound change of his machista attitudes
and behaviour because of male-peer pressure, ultimately he is willing
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Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito
to change because he becomes aware of the pressures that his
attitudes and behaviours have on his relationship with Yolanda. It
can be assumed, based upon his choice to remain by Yolanda’s side
at the end of the film, that he wishes dearly for the relationship to
continue and to be based on love and less biased gender power
relations. Conversely, Ramón maintains his reluctance to change,
and expects his wife to take him back under the same machista
rules that he has imposed throughout their marriage. In Hasta cierto
punto, Oscar is an intellectual who is obviously aware of his apparent
higher-class status, through his critique of the prevalence of
machismo in the lower class (dock workers). Although Oscar’s
cinematic project seeks to critique machismo as an oppressive belief
system, ultimately his failure to self-reflect and to realise that no
socio-economic class is immune from the workings and attitudes of
machismo blinds to the role he plays perpetuating the same
patriarchal myths that his project seeks to uncover. In general, in
the first epoch, many males are forced by social and familial networks
to maintain the posture of traditional masculinity, effectively closing
out to varying degrees the opportunity to self-create themselves
as more sensitive fathers, sons and husbands.
Moreover, whilst the directors of Retrato de Teresa and
Hasta cierto punto presented the problem of machismo, they failed
to provide a critical discussion about it by omitting possible
emancipatory visions for women and how change in machista
attitudes can benefit men. Arguably, the failure to permit women to
express their individuality, opinions, fears and desires, coupled with
the failure to provide the real benefits for men such as the
maintenance of intimate relationships and a reconnection with an
intimate and personal “self”, may be an important element that can
explain the failure of the audience to engage deeply with the issue
of machismo and seek solutions towards its eradication. Conversely,
in De cierta manera Sara Gómez was primarily concerned with
people of both sexes at the level of individual change, coupled with
a focus on the ongoing processes of social change in Revolutionary
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban...
Cuba and how these changes were affecting women and men. Thus,
Gómez does not solely present the problem of machismo, but
continues with a presentation of both women’s voice and the
possibility for men to change. In addition, by ending the film with a
full shot depicting an eclectic mix of materialist-based visions of
demolishing buildings to make way for new housing projects and
images of Yolanda and Mario discussing their relationship, the
audience can be seduced by the postulated imperative for change.
At the beginning of the second epoch, machismo was
presented in cinema but not discussed as a central issue, as illustrated
in Mujer transparente. Late in the same epoch, presenting a nontypical construction of masculinity becomes important. Underlining
this, Seungsook (2002) states, “masculinity is not a fixed or pregiven identity but a position (or place) in gender relations that is
produced and maintained through culturally specific and continued
practices, such as certain ways of acting, dressing, or speaking”
(SEUNGSOOK, 2002, p. 82-83). Thus, these traditional conceptions of
femininity and masculinity that have deep roots in culture and society
can be negotiated in order to transform the process of creation and
definition of masculine and feminine personalities and their
representation in cinema. This is achieved by Fernando Pérez, in
La vida es silbar (1998), with the character of Elpidio by providing
the audience with a man who wants to express his emotions, failures
and fears because he is not afraid to be ridiculed by other men or
does not succumb to peer-pressure to be macho. This is clearly
seen in the scene when an old man asks Elpidio if the old man is
handsome. After being told by Elpidio that he is ugly, the old man
walks away crying. After realising what he has done, Elpidio runs
to the old man, embraces him and says to him that nobody is perfect.
Upon saying these words, he immediately realises the profundity of
his words, and thus being called a marginal by his mother no longer
affected him; his own differences did not signify failure. Through
Elpidio and other male characters in the film, Pérez is sending the
message that the “new man” which the Revolution postulates, should
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Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito
not be primarily based upon heroic and so-called “perfect” qualities,
but rather the importance of being sensitive towards himself and
others.
In contrast to the representation of women from the first
epoch, the exploration and expression of individual and intimate
desires, opinions, fears, failures and identities is central to the
representation of women in the second epoch, even though they
still play the roles of mother, wife, and independent and strong
characters. In this epoch women want everyone to be conscious of
themselves and not just conscious of the Revolution, they want to
create stories as independent identity-based individuals, and not as
participatory vehicles (cadres, heroines and so forth) that narrate
histories of the Revolution. In this later period, machismo is apparent,
but is not a central and obvious focus. Importantly, second epoch
cinema seeks to reconstruct the meaning of femininity with the aim
of critiquing and expanding its traditional construction (caring mother
and wife) through exploring other issues such as women’s
experiences, emotions and desires in their daily lives.
This new form of representation is typified in Mujer
transparente (1990), with the character of Isabel who is an
economically-independent woman who occupies a higher labour
position than her husband Luis, but seeks acknowledgment from
her husband as a woman with individual fears, desires and opinions
(exemplified mostly through voice-over technique). The use of voiceover acts subversively within a patriarchal discourse to overcome
the censuring/silencing of reflection upon women’s lived experiences,
emotions, aspirations and fears, in order to empower women, thus
permitting the forging of intimate identities and connections between
the audience (in particular women) and the storyteller (women’s
characters) (McHUGH, 2001). Other strong female characters in
search of themselves represented in Mujer transparente are Julia
and Zoe. They are not only strong but they are not afraid to show
the enjoyment of their sensuality and to break old patterns of
machismo that dictates that women should be submissive and passive.
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban...
Mariana, in La vida es silbar (1998), also enjoys her sensuality and
her body’s desires. It seems that Mariana is the one always in charge
of her relationships, deciding when to start and end her relationships,
and with whom to have them. Mariana expresses her power to
imagine, control, and power to decide and to seduce through an
indulgence and enjoyment of sex and gazing at men’s bodies,
showing no signs of vulgarity or obvious instrumentalism. In this
epoch it seems that all these female protagonists, by taking control
of their own desires and pleasures, stop being subservient to their
husbands, fathers, brothers or sons. The only exceptions are Adriana
in Mujer transparente and Julia in La vida es silbar. These two
women are from the generation of the first epoch, who continue—
throughout the second epoch—to be reminded of, made to feel guilty,
and ultimately constrained by the traditional hegemonic constructions
of femininity. They are presented as women who carry personal
belongings from the past, and fears of taboos that do not allow them
to enjoy their contemporary fantasies and desires.
Cinema and Seduction/Audience
Primarily, one of the central objectives of Cuban cinema is to
present a realist cinema that challenges its viewers to think about
their reality. The Cuban female film-maker Vilasís states that Cuban
cinema chooses to create films in which “el resultado es una obra
donde el espectador se siente interesado en la historia que le narran,
pero al mismo tiempo, constantemente es obligado a reflexionar
sobre ‘la realidad’ que lo circunda”4 (VILASIS, 1995, p. 56-57). Other
Cuban cineastas such as Julio García Espinoza, Tomás Gutiérrez
Alea, and Sara Gómez also view cinema as a forum for expressing
and representing revolutionary struggle. Eisenstein believed that “a
revolutionary country should be given a revolutionary culture (cinema
in his case) in order for the masses to obtain a revolutionary
consciousness”5 (HAYWARD, 2000, p. 231). Therefore, true to the
Marxist ideas that nurtured the Revolution, Cuban cineastas were
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Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito
to create “the new culture advocated by the revolutionary authorities”
(GARCIA OSUNA, 2003, p. 39), with the aim to make spectators think
and resist old attitudes that did not fall in line with those postulated
by the Revolution. Bearing much congruence with Marx’s axiom
which states that “it is not sufficient to interpret the world; it is now
a question of transforming it” (SOLANAS; GETINO, 1997, p. 46), Cuban
cinema was viewed as an instrumental tool in raising the social and
political awareness of the public, thus making film a medium for
revolutionary mass education (GARCIA OSUNA, 2003, p. 39). In addition,
the narrative style used in Cuban cinema together with other
characteristics of a social realist, neorealist, and cinema novo such
as the use of cinéma vérité, mise-en-scène, and montage, seduce
the audience to share the experiences and thoughts of the
protagonists and act towards finding a solution to problems that are
presented.
More specifically, cinema vérité through newsreel and sections
of documentary footage in the first epoch is presented in De cierta
manera (e.g. newsreel footage on the progress of the Revolution)
and Hasta cierto punto (e.g. the interviews at the dock harbour).
This illustrates the problems of the Revolution and presents them
within a specific way that affects the audience’s experiences. For
instance, machismo and sexual double-standards are depicted in a
more precise and realistic fashion that transcends, to a certain
degree, the fictional base of the story. The use of mise-en-scene
(setting, costume, sound and lighting) in the first epoch was a style
determined by moments of the epoch in relation to the Revolution
or to Cuban history but still had the aim of transcending life
experiences into the films so that the audience could identify with
those scenes affecting their senses of the shape and texture of the
objects depicted and be seduced by them. An example is the use of
music in the three films from the first epoch as an analogy of the
story illustrated. An example of montage as a symbolic device is
when Sara Gómez, in the first epoch, shows repeatedly the demolition
of old buildings, thus metaphorically indicating revolutionary changes.
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban...
By presenting this scene, the film challenges the audience to realise
that any substantial change in life takes time and work but that
people need to demolish old patterns in order to construct new ones,
built upon a stronger base.
In the second epoch the technique of cinéma vérité is not
often used, however, through the use of mise-en-scene and montage,
Cuban cinema developed its own unique style in presenting pressing
issues of the time, whereby the main focus is not society-wide issues
like machismo, but more upon an exploration of women’s
subjectivities continuing with the goal of seducing the audience to
participate as active viewers. Fernando Pérez, in La vida es silbar,
uses distinctly Cuban codes or cubanismos that involve Cuban
audiences in a multi-layered/allegorical engagement with the films’
content. For instance, superstitions, Afro-Cuban rites, popular music,
and symbols (e.g. Elpidio’s name, which is the name of the hero of
Cuba’s popular cartoon series, the name of Elpidio’s mother called
Cuba, and the exemplification of trains and art).
Such techniques function through the presentation and
interplay of realistic and out-of-context images and discourses, which
interestingly do not deter from the audience’s interpretation of reality.
Rather, it can be argued that utilising these techniques adds layers
of profundity to the interpretation through the forming of alliances
between such images and discourses with the audience’s abstract
emotions, essentially transcending the inhibiting confines of real
images and attracting the spectator to move oneself closer to the
protagonist and/or the script. Ultimately, the common denominator
between first and second epoch films in regards to the seduction of
the audience—firstly to become aware of the pressing issues of the
time, and secondly to engage with friends, family and compañeros
to engage in dialogue and move towards solutions to such issues—
is the presentation of non-sensationalised circumstances and
situations of real characters. In saying this, it seems clear that Cuban
cinema, unlike many modern cinemas, is a cinema that does not
have as its primary goal “pleasure” or “entertainment”, that is, it
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does not idolise aesthetics at the expense of omitting or failing to
critique substantial and real issues and conflicts. It seeks to create
an active audience. Therefore, it can be said that Cuban women
identify with female characters, not based upon a superficial and
idealistic connection, but might tend to be based upon the apparent
congruence of what women experience in film with the actual and
daily experiences of women in socialist Cuba.
Conclusion
This essay has provided some new insights pertaining to the
representation of women in Cuban cinema since the beginnings of
the Revolution (when women were represented as strong and
economically independent) through to the modern era (when women
continue to be represented as strong and independent, but finally
have been given opportunities to express themselves and explore
their individuality and identity). Drawing from the previous discussion
it is clear that first epoch films build upon a strictly Marxist materialist
base in the representation of women, which ultimately goes someway
in constructing discourses of emancipation from patriarchal
ideologies and institutions. However, through Marxism’s lack of
conceptual tools to explore the “self”, and individuality, it is unable
to articulate the identities of a woman that lay beneath material
considerations and thus fails to emancipate women from patriarchal
discourses that silence women’s free expression of identities.
Contrastingly, second epoch Cuban cinema presents a woman who
is in search of herself, she is tired of being invisible and she begins
asking herself “who am I?, what is a woman?, what is an
individual?”. Arguably one can trace this dramatic shift in the nature
of representation of women in Cuban cinema to the change of events
in the geopolitical arena. Whereby the Cuban identity has been
traditionally signified by “Communism” and the “Soviet bloc”, with
the demise of continental communism and the Soviet Union, questions
pertaining to individual identity became pertinent and pressing –
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Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban...
there was no longer a big brother with whom Cuba and Cubans
could identify itself with.
Furthermore, the female power of leadership and professional
positions represented in the films from the first epoch is different
from the Cuban films from the second epoch. In Retrato de Teresa,
women work as textile workers leading only women, while Isabel
works as a manager leading women and men. Yolanda in De cierta
manera is a teacher at a primary school, whilst Julia is a university
lecturer. Whilst Lina, in Hasta cierto punto, is a dock-manager
student, Zoe is a liberal art student. This might signify that not all,
but some, aspects in relation to women’s jobs position, from the first
epoch have changed in favour of women in the second epoch and
that their participation in a patriarchal society has been considered
further. Portrayal of women in terms of the interplay of their personal
and professional relationships is very important. For example, when
a woman is portrayed as working outside the home it should be
asked whether she is also portrayed as strong in terms of her personal
relationships, or is she depicted as weak, confused, in need of male
support (MEDIA ADVOCACY GROUP, 1995, p.8-9). Overall, the
underlying frame of references about the representation of women
in Cuban cinema, as well as more generally in that society, is based
upon the belief that women belong to the family and domestic life
and men to the social world of politics and work; that femininity is
about care, nurturance and compassion, and that masculinity is about
efficiency, rationality and individuality. And whereas women’s
political, cultural and labour activities and participation try to
undermine just gendered distinctions between public and private, it
seems to remain the inevitable frame of reference to understand it
(SREBERNY AND VAN ZOONE, 2000, p. 17). That is why women from
the first epoch like Teresa and the second epoch like Isabel point to
a paradox in women’s attempts to break down the public-private
division that characterises gender definitions and relationships in
social and political life because their participation in society is still
dictated by a male figure, in their case their husband. Sadly the
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Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito
existence of people like Humberto in De cierta manera, Tomás in
Retrato de Teresa and Arturo in Hasta cierto punto prevent real
progress towards more equitable gender power relations.
Overall, it can be argued that through the cinematic
representation the authenticity/accuracy of the representation of
the situation of each female character from the films discusses above
may be accepted, recognised and identified by women who are in
the same condition, as well as by those men who might have a
problem with their machista attitude because as good revolutionaries
they make question their traditional patterns of masculinity and
questions of power and sexuality in their private life that they might
want to eradicate. These films question the audience with the aim
to activate a critical exchange between the screen and the viewer.
Such that the audience leaves the cinema, discusses the problems,
and try to find a way to act or solve issues that they are actually
experiencing in their daily lives. Drawing from this, it can be stated
that Cuban cinema is not a cinema that panders to the wishes and
desires of passive audience, but has as its main objective to overflow
reality in its deepest sense, to make that reality active, so that it
operates not just on the screen but also on the audience, not just as
a dialogue but also as dialectic. Furthermore, the spectator feels
interested in the on-screen history but, at the same time, is
continuously obliged to reflect on “the reality” that surrounds her/
him (VILASIS, 1995, p. 56-57).
Notwithstanding this, a variety of theoretical and
methodological questions remain unanswered, therefore we wish
to provide a number of suggestions for future research. To begin
with, in order to better understand the degree of congruence between
cinema and society more studies of the audience are needed. More
specifically, this could be achieved by interviewing Cuban women
about their views on how women are represented in Cuban cinema
in regards to the representation’s pertinence to women’s real-life
circumstances and experiences, and with which aspects of the
representation they most profoundly identify with. In addition,
50
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Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban...
interviews with actresses from both epochs of Cuban cinema should
be conducted that contrast and compare the roles they have played
as women in cinema with their own views of their roles and
experiences as women in Cuban society. The objective of this essay
is to add to the extant literature that seeks to ascertain the role
(reflector/director) realist cinema plays in society, and more
specifically how cinema influences or is influenced by the
interpretation and representation of women.
Since the collapse of the Soviet Union, the Cuban population
has been living in a “special period” as Castro has declared it.
Therefore, in this “special period”, most of the Cuban population
works in the tourist sector, which has replaced sugar as Cuba’s
leading foreign-exchange earner. Ostensibly, tourism has played a
major role in the increasing numbers of women becoming involved
in prostitution, something that Castro fought so hard against during
the early days of the Revolution (LANDAU, 1999, p. 26). Castro
officially and quite public in his speech of April 1992 at the VI
Congress Union de Juventud Comunista (UJC—Union of Young
Communists) stated that prostitution is voluntary rather than a
necessity.6 And in his interview with the director Oliver Stone in
Comandante (2003), quite proudly states “even our prostitutes can
read and write”, which indicates that prostitution is not a problem
anymore and therefore, contradicts to a certain extent his early aim
during the early days of the Revolution. Sadly prostitution has once
again increased in Cuba. Since Cuban cinema is a realist cinema, a
cinema that wants to educate its audience and challenges them to
think, act and look for solutions we highly proposed for a documentary
to be made on the topic. However, if Cuban people think that this
issue is not a problem such a suggestion will not be considered.
As a result of their near total omission from Cuba cinema,
the individual experiences of lesbians and black women need to be
analysed from film, cultural and women’s studies perspectives. This
does not indicate that lesbianism and black women do not exist in
Cuban society, but the lack of presence in Cuban cinema leads us
jul./dez. 2005
51
Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito
to raise the question as to why they have not been included and
permitted to express their identity and subjectivity in any film by
male or female cineastas. However, on the 21st of December 2004
a group of lesbians and bisexual women started to meet at the Centro
Nacional de Educación Sexual (Cenesex/ National Centre of Sexual
Education) to discuss issues vis-à-vis sexual diversity that until that
date included only men. Following meetings have taken place once
a week since then, and at the last meeting on the 11th of January
2005 these women discussed the possibility of future projects which
include videos, films and literature discussion and festivals7. Future
analyses of these projects would be invaluable in better understanding
the multiple faces of women in Cuba.
Ultimately, this essay views Revolutionary Cuban cinema as
a genuine cinema from a distinctive society in which Cuban women,
like women in any other society, still struggle against patriarchy and
biased gender power relations. The difference being that, throughout
both epochs of Revolutionary Cuban cinema, women have not been
represented in exploitative or objectified ways. Rather, women have
been consistently represented—in distinctive manners that are
apparently informed by the vicissitudes of the Revolution and
geopolitical happenings—as strong and independent characters, and
as models for society. Furthermore, in post-1990 Cuban cinema to
this is added the liberating presentation of women’s personal
experiences, thoughts, desires and opinions. Ostensibly these forms
of representations are diametrically opposed to those of Western
cinema posed over the same period of Revolutionary Cuban cinema.
Notas
1 The Cuban Institute of Cinematographic Art and Industry.
2 Sembene marks the difference between political and revolutionary film: “It’s not
after having read Marx or Lenin that you go out and make a revolution […] All
the works are just a point of reference in history. And that’s all. Before the end
of an act of creation society usually has already surpassed it”. (PERRY;
MCGILLIGAN, 1971 p. 43)
52
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Women’s Representation: Two Epochs of the Revolutionary Cuban...
3 Underlining the purported goals and purposes of Cuban cinema is the adherence
to a Socialist Realist style, which refers to the “depiction of social and economic
circumstances within which particular echelons of society (usually working
and middle class) find themselves” (HAYWARD, 2000, p. 331). Socialist Realism
was defined by Stalin during the 1930s as “a true and historically concrete
depiction of reality and its revolution[ary] development” (KUHN, 1994, p.
136). As Kuhn (1994) argues, this definition can be open to various
interpretations, but it certainly suggests two basic defining characteristics of
Socialist Realism: “first, as an adherence to some form of Realism (‘true […]
depiction of reality’), and, second, that representations either deal directly
with history or inscribe historical specificity in some other way (‘historical
concrete’)” (KUHN, 1994, p. 136). More information about Socialist Realism
can be found in BAZIN, A. “The Stalin myth in Soviet culture. Movies and
Methods”. V. 2. (Ed. Bill Nichols). Berkeley: University of California Press, p.
29-40, 1985; CHRISTIE, I., “Canons and Careers: The Director in Soviet
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TERTZ, A. The Trial Begins On Socialist Realism. California: University of
California Press, 1982; TAYLOR, R. and SPRING, D. Stalinism and Soviet
Cinema. London: Routledge, 1993.
4 “The result is a piece of art where the spectator is interested in the on-screen
history but, at the same time, is continuously obliged to reflect on ‘the reality’
that surrounds her/him”.
5 Often the term “propaganda” is considered simplistically as negative. However
as Terence Qualter (1962) indicates “one person’s ‘truth’ is all too often another’s
‘propaganda’. Thus whether or not that which is being presented is true or
false, it is the way in which it is used (and not ‘truthfulness’) that determines
whether or not it is in fact propaganda” (QUALTER, 1962, p. 122). As Nicholas
Reeves (1999) states “propaganda is the deliberate attempt by the few to
influence the attitudes and behaviour of the many by the manipulation of
symbolic communication” (REEVES, 1999, p. 11-12). Furthermore, “culture,
like education, is not and cannot be apolitical or impartial […] Radio, television,
cinema and the press are powerful instruments of ideological education and for
creation of a collective consciousness […]. The mass media cannot be left to
change or be used without direction” (Final declaration of the 1971 Cuban
Congress on Education and Culture).
jul./dez. 2005
53
Glenda Mejía and Alfredo Martínez-Expósito
6 Fidel Castro “Discurso pronunciado […] en la clasura del VI Congreso de la
UJC, 4 de abril […]”. Granma, April 7, 1992, suppl. p. 2-11.
7 ACOSTA, D. Cuba: Proyecto de Diversidad Sexual abre sus Puertas a Mujeres.
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey
de La Habana de Pedro Juan Gutiérrez y otras vainas
Daniel Noemí Voionmaa
University of Michigan
Resumo
A partir do conceito de Iustitium, para Agamben um vazio da e na lei, realizo uma
leitura da obra El rey de la Habana de Pedro Juan Gutiérrez, como uma possível
des-construção da noção de identidade cubana. Coloco a transformação da sociedade
cubana durante a década de noventa numa sociedade neoliberal marginal. Intento,
assim, afastar-me das tradicionais leituras que empregam o paradigma de “realismo
sujo” para aproximarem-se da produção de Gutiérrez. Centrando-me, ao invés
disso, no estabelecimento do período especial/estado de exceção que se torna
norma neste momento é possível advertir a presença de fissuras que permitem
pensar uma resistência à hegemonia. O texto de funciona, deste modo, como uma
crítica e negação dos ideais revolucionários que ocorre com a inserção da sociedade
cubana no cenário neoliberal.
Palavras-chaves: Cuba , Justicia, Neoliberalismo
Resumen
A partir del concepto de Iustitium, para Agamben un vacío de y en la ley, leo El Rey
de La Habana, de Pedro Juan Gutiérrez, una possible de-construcción de la noción
de una identidad cubana. Planteo que la sociedad cubana durante la década de los
noventa devino una sociedad neo-liberal marginal. Intento alejarme de las
* Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em outubro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 57-83, 2005
57
Daniel Noemí Voionmaa
tradicionales lecturas que emplean el paradigma del “realismo sucio” para acercarse
a la producción de Gutiérrez, centrándome, en su lugar, en el establecimiento del
periodo especial/estado de excepción que deviene la norma y como ahí es posible
advertir la presencia de fisuras que nos permiten pensar una resistencia al proceso
hegemónico presente. El texto funciona no como una crítica del proceso
revolucionario cubano, sino más bien como un ataque frontal a la negación y
rechazo de los ideales revolucionarios que lleva consigo la inserción en el escenario
neoliberal.
Palabras claves: Cuba , Justicia, Neoliberalismo
Abstract
Taking as starting point the concept of Iustitium, as the Italian philosopher Giorgio
Agamben explains it, i.e., as a vacuum of and in the law; I read in El Rey de La
Habana, by Pedro Juan Gutiérrez, possible de-constructions of the idea of a Cuban
identity. I argue that the novel shows how Cuban society during the nineties
became a “marginal neo-liberal society”. I exclude the typical “dirty realistic”
readings, and attempt to look in the establishment of the state of exception/periodo
especial—which has become the norm—, some gaps and fissures that will allow
us to resist and revert the current hegemonic process. The novel works as a critique
not of the Cuban Revolution as it is normally considered, but rather it constitutes
a blatant attack to the denial of the very Revolution ideals that the insertion into
this new neo-liberal scenario has brought.
Keywords: Cuba , Justice, Neoliberalism
***
Leer la (im)posibilidad de hacer justicia en la novela, pensar
la historia del desastre en las culturas o desarmar las
coartadas del Estado y del capital global para borrar su
violencia, no implica una aceptación pasiva de la derrota,
sino una apertura radical a un futuro diferente aquí y ahora.
Luis Martín-Cabrera
Los años noventa en Cuba, aquellos vividos bajo lo que no
tan eufemísticamente se denominó “periodo especial”, pueden verse
como el momento de la instauración definitiva de la suspensión de
una cierta ley, para pasar al reino de una ley de la excepcionalidad,
58
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana...
del estado de excepción. Surge, así, la paradoja de una ley que se
establece fuera de la ley para y por la defensa de dicha ley primera.
La justicia desaparece como posibilidad: lo especial de este periodo
en gran medida está conformado por la des-diferenciación1
absoluta: se acaba con la distinción entre lo que está “afuera” y
aquello que está “adentro” del sistema. Pues, como nos recuerda
Agamben, el estado de excepción “non è né esterno né interno
all’ordinamento giuridico e il problema della sua definizione concerne
appunto una soglia, o una zona di indifferenza, in cui dentro e fuori
non si escludono, ma s’indeterminano” (2003, p. 33-34). Esta
indeterminación apunta a una modificación radical de la construcción
identitaria que desde 1959 se había venido elaborando en la isla. Es
cierto que la caída de los mal denominados socialismos reales tuvo
un efecto directo y obvio en la economía, cultura y política cubanas;
no obstante, esa “desaparición” constituye solo una mitad de la
escena. La inserción y participación de Cuba en un “sistema
neoliberal periférico de múltiples velocidades” (ya volveré sobre
esto) es la principal responsable de que la excepcionalidad se haya
convertido en la regla: estamos ante el imperio del Iustitium, aquella
instancia jurídica romana donde no solamente se suspendía la
administración de la justicia, sino el derecho como tal. Nos situamos,
de esta manera, ante el derecho y ante la justicia, en un verdadero
“assoluto non-luogo” (AGAMBEN, 2003, p. 67). La paradójica ley
es su pura ausencia, una continua y constante negación: necessitas
legem non habet2. Y es precisamente esta negación permanente,
paradigmática de los especiales años noventa, la que se despliega
en las doscientos dieciocho páginas de la novela de Pedro Juan
Gutiérrez, El Rey de La Habana (1999).
Este texto ha sido leído preferentemente desde la perspectiva
del realismo sucio (o su superación3). En esta línea, se le suele
considerar—no solo a esta novela, sino a la producción de Gutiérrez
en general—, como sintomática de una línea preferente de la
literatura cubana: una “tendencia muy acentuada entre nuestros
autores de todas las generaciones, en la Isla y en el exilio, a ocuparse
jul./dez. 2005
59
Daniel Noemí Voionmaa
del tema de la marginalidad, la delincuencia, la prostitución, las drogas,
la cárcel, a contar historias bien espeluznantes donde se combinan
la miseria, el embrutecimiento y la violencia, con personajes canallas
en ambientes sórdidos” (PORTELA, 2003, np). Esto, claro está, como
resultado directo de las crisis social y económica de los años 90 y,
de modo especial, según Portela, a causa del “empecinamiento” del
gobierno por negar la misma crisis. En medio de este panorama,
por lo general “desolador”, la novela que aquí trato destacaría por
ser una de las pocas, sino la única que es “veraz, incisiva, certera,
rigurosamente fiel a los detalles” (PORTELA, 2003, np). Siguiendo
esta trayectoria de análisis, que, como vemos, destaca positivamente
un acercamiento a un pretendido realismo, se llega a leer la novela
incluso como un seudo testimonio. Portela cita al propio Gutiérrez
para dar cuenta del “valor político” de la novela: “Esta es la voz de
los sin voz. Los que tienen que arañar la tierra cada día para buscar
algo de comer, no tienen tiempo ni energía para nada más. Su
objetivo único es sobrevivir. Como sea. De cualquier modo. Ni ellos
mismos saben por qué ni para qué. Se empecinan en sobrevivir un
día más. Sólo eso”(PORTELA, 2003, np). He ahí una posibilidad. Sin
embargo, me parece mucho más sugestiva la lectura del texto que
da cuenta de otra negatividad: no se trata de la voz de los sin voz;
por el contrario, se trata del grito más fuerte de aquellos que sí
tienen voz. La novela, al contrario de lo que la gran mayoría de los
críticos plantean, no es un ataque a la Revolución cubana ni al sistema
que la Revolución ha prometido (y que no ha podido instaurar); no,
constituye un ataque demoledor al final del sueño revolucionario y a
la nueva Cuba neoliberal. El fracaso de la Revolución no está en el
exceso de ella, está en la carencia, en la falta de más revolución.
Mi lectura pretende salir, alejarse, tanto de la “veracidad” (y
su consecuente “cubanidad”) que se estaría expresando en la novela,
como de una lectura efectuada bajo la égida del realismo sucio.
Busco, en cambio, sus legalidades ausentes, sus economías y
velocidades que se acercan a cero, en fin, una nueva historicidad y
temporalidad revolucionarias. Cualquier devenir de identidades
60
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana...
(fragmentos, fugas, retazos) estará siempre cruzado por una
multiplicidad de estos trayectos.
La novela trata de la breve vida de Reynaldo, el “Rey de la
Habana”. Desde sus nueve años hasta su dramática muerte a los
diecisiete (para un resumen de ella véase el artículo de Portela). Su
recorrido vital consiste en una acumulación de carencias: viviendo
en la década de los noventa, Rey es el ejemplo de aquel período
especial que vive todo el país. Es un trayecto de hambre, soledad y
falta de afecto-—correctamente ha sido considerado un relato
picaresco, si bien, en este caso hay una ausencia de posibilidad de
futuro que la mayoría de los textos picarescos presentan—. El modo
de paliar todas esas faltas será, por una parte, a través de ciertos
excesos. Exceso de sexo, alcohol, marihuana. Parodia, así, del
prototipo del macho que busca en el exceso social aquello que la
economía no le permite: la inclusión y participación como alguien
importante en el sistema. La pobreza extrema—cuya máxima
expresión se da en la constante hambre que padece el protagonista:
“‘La única propiedad del pobre es el hambre’, decía su abuela cuando
aún hablaba” (p. 87)—es lo que la mayoría de los personajes obtienen
de una política económica ambigua y, al menos, doble. Efectivamente,
hay dos monedas, el peso y el dólar; dos ciudadanías, los con papeles
y los que carecen de ellos; dos posicionamientos en la sociedad
radicalmente distintos, y un gobierno que es completamente incapaz
de solucionar la situación: “El público circulaba por los pasillos,
preguntaba precios, compraba muy poco o nada, y seguían mirando
y asombrándose por los precios, y pasando hambre. Algún que otro
viejo murmuraba: ‘Se están haciendo millonarios y el gobierno no
hace nada. Es contra el pueblo, todo contra el pueblo’” (p. 156). No
se acusa al gobierno de enriquecerse, sino a aquellos que abusan de
las nuevas reglas de la economía de excepción. El gobierno es
responsable por su ineficacia y por propiciar la posibilidad de la
coexistencia de sistemas—socialista y neoliberal—que se desdiferencian. Y, precisamente, ante esta des-diferenciación es el juego
neoliberal el que impone sus reglas (su carácter omnívoro le lleva a
jul./dez. 2005
61
Daniel Noemí Voionmaa
adoptar “lo peor de los dos mundos”) y crea algo por todos ya
sabido: el surgimiento de una clase adinerada mínima—cuyo capital,
además, es producido desde la legalidad de la excepción—y de una
gran mayoría que debe pervivir con escasísimos recursos: “Cada
día estamos más jodidos en este país. Todo lo que sirve se ha ido
pa’l carajo...” (p. 127), dice uno de los personajes que encuentra
Rey en su recorrido. Ahora bien, no se trata de una división entre
una clase “alta” y una “baja” tradicional. En este sistema neoliberal
periférico—en tanto es negado desde el presunto centro que es el
gobierno, aunque sea él mismo su principal promotor—hay una
suerte de fluidez, de estable inestabilidad que permite a los personajes
movilizarse aparentemente entre ambos extremos. Este es el caso
de Sandra, el travestí, quien en su apartamento tiene “de todo” (p.
63), como resultado de su participación en la economía de la
excepción que se ha tornado la regla: la de la prostitución y la del
tráfico de drogas. Su situación, a pesar de poseer “desde luz eléctrica
hasta televisor”, dado que está basada en una legalidad otra es
momentánea y Sandra desaparece del relato, perdiendo todos sus
bienes y con ello el acceso de Rey a ese mundo. La acumulación
de paradojas y contradicciones—el modo en que lo “especial” se
articula vis-a-vis la supuesta norma anterior—que se dan en un
nivel económico y social es innumerable a lo largo de la novela.
Esto—y no la crítica a la “terrible situación económica” como suele
observar la crítica4—es lo que mejor está caracterizando la situación
de Cuba en los años noventa. Así, todo intento por conformar una
identidad cubana solamente puede elaborarse a partir del
reconocimiento del carácter intrínsecamente contradictorio que dicha
labor implica. Más radicalmente: toda identidad solamente deviene
en la contradicción y la paradoja; es, en ese sentido, siempre una
aporía y solo puede ser aprehendida como tal.
Significativamente, aquello que distingue y diferencia más a
Rey no es su apetito sexual, sino su peculiar capacidad para dormir
o quedarse dormido en cualquier lugar y bajo cualquier circunstancia.
El apetito sexual no es para nada algo exclusivo de Rey, sino que es
62
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana...
compartido por la mayoría de los personajes. Es más, son por lo
general las mujeres quienes manifiestan una mayor y más constante
necesidad de actividad sexual. Hacia el final de la novela son las
palabras que Magda, la pareja más “estable” de Rey, le larga a éste
las que desencadenarán el final. Ante la acusación de ser “una
puta”, la mujer responde: “— ¡Puta, pero con el macho que me
gusta! Ese negrón me dio pinga tres días seguidos. Sin parar. Tú
eres un niño al lado de él” (p. 212). El sexo junto con el hambre son
los bienes que todos comparten en la novela, pero el dormir y el
quedarse dormido son privilegios de Rey. Menciono brevemente
algunas de las ocasiones: Al escaparse del reformatorio, se queda
dormido en un “contenedor viejo, lejos de la carretera” (p. 25); poco
después no puede regresar a su “casa” (un montón de chatarra) se
recuesta en un árbol “en el jardín de la iglesia. Y se durmió.” Lo
despiertan ruidos a medianoche, pero rápidamente “quedó dormido
de nuevo y despertó en la mañana” (p. 31); también en la tierra
contra un árbol grueso (p. 44); en el rincón de un portal (p. 44); en las
escaleras (p. 62); en un jergón (p. 75); nuevamente en la escalera (p.
80); en el banco del parquecito junto a la estación (p. 85); cuando
está abrumado por una serie de problemas su respuesta es dormir:
“se quedó dormido. Durmió profundamente veinte horas
consecutivas” (p. 113); y, solo para señalar una ocasión más, al final
de la novela luego de violar al cadáver de Magda (a quien acaba de
asesinar), “se tiró en el jergón y se durmió al instante” (p. 216). El
dormir se constituye, como vemos, en el accidente constante de
aquello en lo que ha devenido Rey5. Nueva paradoja de este intento
de sujeto: el acto de dormir opone la inacción a la opresión; dormir
funciona como escape, es cierto, pero también puede funcionar como
suspensión de la lógica de funcionamiento del sistema. Es un
detenimiento (por breve que sea) de la temporalidad de producción
que rige a la sociedad en la que se está moviendo Rey. Clave: el
dormir no implica ni conlleva sueños (aquí la vida no es un sueño),
es el reverso a la actividad de acumulación de residuos que es la
única actividad económica que le permite al protagonista sobrevivir
jul./dez. 2005
63
Daniel Noemí Voionmaa
por un tiempo. Como su reverso, por cierto, también le es propia y
le pertenece; es decir, esta suspensión es un nuevo estado de
excepción que ha devenido regla. No nos resulta difícil, entonces,
ver en este accidente (aquello que viene como decía Aristóteles),
una marca de la temporalidad del mundo que rodea a Rey6, pues
constituye siempre una posibilidad de interrupción del acontecer—
tanto de la acción de la novela como de la trayectoria y recorrido de
su protagonista. Asimismo, esta tendencia anticipa de modo evidente
el final de la novela y la resolución de esta historia de des-formación.
Aquel quedarse dormido definitivo y postrero, después del cual ya
no queda (ni cabe) ninguna alternativa. La muerte que, de este
modo al ser tan anticipada, pierde parte de su carácter trágico (a
pesar de lo doblemente escatológico de la muerte de Rey).
Recordemos que la novela está enmarcada y atravesada por una
cadena de muertes. El periplo de Reynaldo se inicia a causa de una
triple muerte—madre, hermano, abuela- que se nos presenta de un
modo humorístico en una sola página (p.15) y termina con la inversión
paródica a la creación genésica que es la muerte de Rey—“su agonía
duró seis días con sus noches” (p. 218)—, donde el verbo es lo que
está al final y no al principio, pues “nadie supo jamás nada” (p. 218).
Toda excepción, todo periodo especial, toda legalidad o ausencia de
ella, está recorrida transversalmente por el anuncio de la muerte
que es el dormir. En otros términos: la finitud de la conciencia y del
saber (entender)-poder (desear) está siempre presente. Rey solo
puede circular en ese campo: no existe un afuera a él, del mismo
modo como la excepción no presenta un afuera a ella. Se hace
imposible la salida o reversión de la situación excepcional. Así, se
hace plenamente real la sociedad del espectáculo que anunciaba
Debord—pensando en algo muy distinto—, pero como agrega Virilio,
“il (Debord) omettait de dire que cette scénerisation de la vie
s’organise sur la sexualité et la violence” (2005, p. 52). El Rey de La
Habana nos muestra cómo la participación de Cuba en una
economía mundializada y regida por las leyes del mercado no es
una pesadilla que puede ocurrir en el futuro, sino que la más simple
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana...
y superficial realidad: no hay nada bajo este funcionamiento, Cuba
ha devenido el ejemplo del triunfo del sistema (una especie de
anverso) donde el espectáculo del sistema no oculta sino que
transparenta su rostro.
Todo estado de excepción presupone un acto de violencia.
En ese sentido, la revolución cubana se instaura como la Excepción
en 1959. Más de cuarenta años después, durante el periodo especial
la violencia—como la observamos en la novela—adquirirá rasgos
muy distintos. Esto es, podemos ver el modo en que de la tragedia
pasamos a la parodia o, en otros términos, del sentido y la posibilidad
al absurdo y la ausencia de cualquier telos. Si la violencia
revolucionaria poseía un sentido profundo pues apostaba a la
transformación radical del funcionamiento de la sociedad; la
violencia que acompaña a la participación en el sistema neoliberal
que se da en los noventa presentará un sentido que es puro
significante7. Como señalaba antes, las muertes enmarcan el relato
y lo recorren; y todas estas muertes son muertes violentas: asesinatos
más o menos premeditados, suicidios, muerte por mordeduras de
ratas. Ante tal exceso la ley se convierte también en algo vacío: la
justicia deviene en un mito, algo que solo existe como abstracción.
Lo que sí existe es una justicia otra basada en la ley de la excepción
(que es la suspensión de la ley normal8). ¿A qué tipo de justicia es
capaz de acceder Rey? ¿Cómo es esa justicia otra? Por una parte,
notamos como Rey participa esporádicamente en trabajos que se
ubican fuera de la legalidad del estado (estibador, traficante de
drogas, etc.) y que a través de ellos tiene, también
momentáneamente, acceso a dinero:
Por la tarde el viejo gordo lo llamó aparte...Le dio cincuenta
pesos.
— ¿Y esto?
— La búsqueda de hoy.
— ¿Qué búsqueda?
— ¿Tú no ayudaste a cargar cuatro camiones?
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Daniel Noemí Voionmaa
— Sí.
— Eso es pa’nosotros. Cada vez que entre un camión hay que
cargarlo rápido y que se vaya.
— Uhmm.
— Si viene algún inspector de la empresa, tú no sabes ná ni has
visto ningún camión aquí (p. 131).
Solo mediante la trasgresión de la ley es posible participar,
aunque sea tangencialmente, de los bienes que el sistema ofrece.
Así, ya no se trata más de una trasgresión sino de la normalización
de la nueva situación. No obstante, la abyección de Rey será tal
que incluso quedará afuera de esos circuitos (en este sentido, Rey
deviene una excepción en la excepción). La única noción de justicia
que puede sostenerse es económica; por lo mismo no hay justicia,
pues ella es vaciada de cualquier posible sentido. La no-justicia que
se adscribe a la participación en una economía neoliberal provoca
una auténtica debacle ética que haya en la violencia absurda una de
sus expresiones más notables. Y he aquí uno de los aspectos claves
de la novela: aquello que podemos denominar dimensión ética del
texto: si nos enfrentamos ante la suspensión de una legalidad que
crea una zona de indiferenciación donde los personajes se mueven
—recordemos a Agamben: “lo stato di eccezione non è né esterno
né interno all’ordinamento giuridico” (p. 33)—, hemos de observar
también una modificación e indeterminación (si es que no la directa
suspensión) del ordenamiento ético que regía una supuesta
normalidad, que estaba vigente en la ley previa. O dicho más
brutalmente: lo que se suspende y suprime en la novela es la ética
revolucionaria. Y la lógica neoliberal se instala triunfante desde su
presentismo que tiende a absolutizar el hoy, borrando la posibilidad
del pasado y creando una nueva genealogía que borra toda existencia
previa, es decir, la excepción al normalizarse y regularizarse—en
este caso la neoliberalización—hace borrón y cuenta nueva con el
tiempo mismo. Rey puede leerse precisamente como la crítica a
ese presentismo que des-diferencia todo y que borra la existencia
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana...
de un pasado distinto: “Hay quien vive al día. Rey vivía al minuto.
Sólo el momento exacto en que respiraba” (p. 159), y esto que permite
la sobreviviencia también provoca una genealogía exclusiva: “No
venían del polvo y al polvo regresarían. No. Venían de la mierda. Y
en la mierda seguirían” (p. 195). Resulta evidente—y reitero mi
sorpresa ante la ceguera de la mayoría de los críticos—que lo
escatológico no está adscrito ni le atribuye al pensamiento
revolucionario; muy por el contrario, es justamente aquella otra
(ausencia de) ética neoliberal la que es caracterizada por una doble
escatología, la muerte y la mierda.
Analicemos el pasaje, a mi juicio, clave de la novela. El
momento en que Rey después de haber tenido relaciones con Elena,
“la boba”, arranca robándose un pollo y en su carrera recibe primero
la ayuda de un pastor protestante quien le paga el pasaje de la
guagua y luego en Guanabo, de los tipos de un kiosco, quienes le
dan condimentos para su comida. Ahí, luego de comer su asado,
Rey se introduce en el mar:
Lo dejó todo tirado sobre la arena y entró en el mar totalmente
desnudo. El agua tibia y negra le rodeaba. Tuvo una sensación
extraña y voluptuosa. Cerró los ojos y se sintió abrazado por la
muerte. No había brisa alguna. El agua caldeada, la oscuridad
infinita que lo rodeaba. El terror a ahogarse, porque no sabía
nadar. Mantuvo cerrados los ojos y se abandonó, flotando boca
abajo, con la cara dentro del agua. Se sintió atraído por aquella
sensación deliciosa de irse para siempre.
Permaneció un tiempo así. Flotando. Apenas sacaba el rostro
del agua para respirar y volvía a abandonarse. Estuvo tentado
de no respirar más. Dejar el rostro bajo el agua. No respirar.
Hundirse en el agua negra. Hundirse en el silencio. Hundirse en
el vacío. De repente un cuerpo frío, resbaladizo, duro, lo rozó en
los pies y las piernas. Era un pez largo y potente. Nadaba
silenciosa y rápidamente y se atrevió a acercarse a la orilla. Lo
rozó por un instante que a Rey le pareció un siglo. Aterrado, se
incorporó. Tocó la arena del fondo con los pies y salió corriendo
hacia la orilla. El agua la tenía a la altura de la cintura o poco
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Daniel Noemí Voionmaa
más. El pez tendría tiempo para perseguirlo y devorarlo en medio
de la oscuridad. Y Rey luchó. Con el corazón desbocado,
saliéndosele por la boca, salió al fin del agua y se lanzó boca
arriba sobre la arena, temblando de pavor (p.167).
Este pasaje es notable por varios factores. Primero, aquí nos
alejamos un tanto de la escritura “corriente” de Gutiérrez, aquella
que Portela describe como de “Oraciones breves, nada de floreos
ni juegos con la sonoridad de las palabras ni adjetivación sorprendente
ni audacias estilísticas de ninguna índole” (PORTELA, 2003, np.) Sin
llegar a “audacias estilísticas”, podemos notar que sí existe una
preocupación por la voz del narrador que se focaliza en Rey. Se
deja de lado las en el resto de la novela predominantes palabras
“fuertes” o “malsonantes”, y se emplea, siempre privilegiando la
parataxis, un lenguaje que recurre a estructuras que remiten a usos
propios de la poesía. La repetición de “hundirse” o la reiteración de
la palabra “agua,” por ejemplo, nos indican este giro en la prosa.
Este fragmento alude explícitamente a la cercanía de la muerte, a
ese “hundirse” que está cada vez más cerca en la existencia de
Rey. El anticipo de la muerte como “agua negra”, “silencio” y, en
definitiva, “vacío.” Él mismo se da cuenta de ello un par de páginas
más adelante: “Deprimido con ganas de morirse. Más de una vez
pensó: ‘¿Por qué no me ahogué aquella noche en la playa?’” (p.
172). Es la antesala al infierno de la nada, del vacío absoluto que
resulta preferible al infierno que se vive en vida, lo cual provoca
“una sensación deliciosa”; esto es, esa posibilidad de escapar de la
realidad—o lo que algunos denominarían pulsión de muerte—es
causa de la momentánea posibilidad de un goce literalmente infinito,
“para siempre” (p. 172). Así, en el primer párrafo, la muerte es
anunciada no de un modo más bien sugerente, lleno de futuro
(aunque el futuro sea el vacío sin fin). Esta sensación de delicia se
ve interrumpida por la aparición de un pez largo y potente, ante el
cual Rey entra en pánico y fantasea que va a ser devorado. Entonces,
lucha y logra escapar de esa muerte, pues prefiere, a fin de cuentas,
la otra muerte, la muerte que está ya viviendo diariamente. El
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“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana...
hundirse para siempre en el agua no puede ser la solución porque
hay algo más fuerte en su interior que le impide aceptar ese fin: se
lucha aunque no tenga sentido, aunque el fracaso ya esté asegurado.
Segundo, estas líneas permiten (y requieren) otra lectura
complementaria. Se trata también del bautizo de Rey, de su
nacimiento a una nueva vida, un intento por recobrar la inocencia
que ha perdido. Los símbolos cristianos son evidentes: el agua, la
inmersión de él en ella (parodia de la ceremonia del bautismo) y
finalmente aquello que provoca el pánico en Rey: el pez, símbolo de
las primeras iglesias cristianas. Rey, podríamos fácilmente interpretar,
rechaza todo tipo de institucionalización, de ahí que el pez le produzca
ese pavor tan grande. Asimismo, podemos observar las obvias
connotaciones sexuales que el pez presenta (ante cuyo
reconocimiento, que esa fuerza lo devore, Rey huye)9. Sin embargo,
me interesa más considerar una tercera alternativa: se trata aquí de
la aceptación por parte de Rey (y él puede funcionar como
sinécdoque) del nuevo régimen de excepcionalidad, de la(s) nueva(s)
legalidad(es) vigente(s). Al preferir volver a la playa y luchar por
volver—no luchar contra el pez—, Rey está reconociendo que a
pesar de que la muerte será segura no hay nada mejor que ese
afuera del mar; todavía más: toda lucha es para estar en el sistema,
para participar en la excepción, no para salir de ella. Ahí, flotando
con el rostro hundido en el agua, Rey se enfrenta consigo mismo:
con sus terrores y fantasías. La auto-anagnórisis se lleva a cabo no
por un proceso racional sino por uno pasional. Sin quererlo, en este
pasaje Rey se está respondiendo a la interrogante ¿quién soy yo?
Se trata, entonces, efectivamente de un bautizo, uno marcado por
el miedo, él único que la excepcionalidad reinante es capaz de
brindar. En el agua Rey ha suspendido por un rato su propio trayecto,
permitiéndose un momento de introspección. Esa suspensión le
permitirá insertarse de pleno en la otra suspensión que está “afuera”:
legalidades, funcionamientos, diferencias, todo queda interrumpido.
El pez, al final, terminará devorando a Rey de todos modos, pues su
aceptación e inserción implican su destrucción total y la reiteración
de su desaparición del mapa social10.
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Daniel Noemí Voionmaa
Pero, como suele ser el caso, ninguna lectura funciona
unidireccionalmente. Y la misma desaparición absoluta de Rey al
final de la novela se nos presenta llena de paradojas. Hemos
observado que Rey es incapaz de escapar a su fatum, que
necesariamente pasa a ser una parte de la máquina del sistema que
lo utiliza y luego lo desecha. Esto es, su presencia es por un lado
totalmente insignificante: a nadie le puede importar menos lo que a
él le suceda y el también es incapaz de afectar o modificar de modo
alguno las condiciones que existen en su entorno. Este parece ser
el sentido de las últimas palabras de la novela, una vez que él ha
muerto el narrador lacónicamente finaliza el texto con: “Y nadie
supo jamás nada” (p. 218). Una oración que remata con una evidente
contradicción una novela repleta de paradojas: ¿cómo es posible
que nadie sepa nada? ¿Y el narrador? Y más importante aún,
¿nosotros, los lectores? La exclusión y desaparición discursiva de
la que es objeto Rey pasa a connotar una serie de otros elementos:
hay un intento permanente por parte de una circulación de saberpoder determinada por ocultar o no querer reconocer este otro tipo
de “realidad”; es decir, el “nadie” del final de la novela no es absoluto
(pues nosotros quedamos fuera de él y nos convertimos en testigos
exclusivos), sino que se está refiriendo a un cierto ámbito, a un
grupo determinado. Y aquí la crítica apunta, por cierto, en varias
direcciones. Crítica a la discursividad hegemónica de una instancia
de poder que se afana en negar cierta realidad, pero esta no se
limita solamente a la más obvia, la del régimen cubano y su intento
de sociedad socialista (en la novela Rey tendría que responder ante
la disyuntiva “patria o muerte”, muerte; y el “venceremos” queda
olvidado como un resabio de otros tiempos donde aquello era aún
posible) que pareciera encontrarse ciego ante lo que sucede; sino
también a la de las nuevas políticas y economías que están en
circulación. La negación a través del desconocimiento impuesto de
una realidad resulta de una nueva ética emplazada o, podríamos
argüir, de una ausencia de ella. La ética del iustitium, donde lo que
funciona es una fuerza de ley sin ley, una ley tachada que impide, a
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana...
su vez, la creación de la justicia. Cada vez más se trata de una
acumulación mayor de violencia que va acompañada a la
acumulación de capital11 que está presente en la novela a través de
su ausencia en Rey.
Así, El Rey de La Habana funciona como accidente en y de
la Cuba de los noventa. Una Cuba a su vez profundamente
accidentada, cuyo accidente original resulta imposible determinar12.
Sabemos, además, desde Aristóteles, que todo accidente revela su
sustancia, un saber—devenir del cual es accidente. La Cuba de los
noventa y sus nuevas condiciones desde nuevas perspectivas de
lectura es lo que nos posibilita acceder este texto. Porque este
rompimiento con las estructuras previas (anteriores a la caída del
muro, si bien dicha fecha es más simbólica que real), que puede ser
llevado a interesantes excesos, es clave para comprender la realidad
finisecular de la isla. Atrevo una exageración hermenéutica para
ejemplificar este proceso de cambio radical. Como he referido antes,
la novela suele ser leída como una fuerte crítica a la realidad cubana,
en particular a la Revolución cubana (más exactamente a aquello
en lo que se ha convertido en la Revolución cubana). Anteriormente
he intentado mostrar cómo la novela es mucho más que eso y, de
hecho, no se trata de una crítica al modelo que la Revolución quiso
implementar sino a las concesiones o modificaciones que
obligatoriamente tuvo que hacer (lo de obligatoriamente daría paso
a otro tipo de discusión que no es el caso seguir aquí, mantengamos
el término en suspense). Ahora bien, el protagonista, Reynaldo, el
Rey de La Habana, puede ser leído desde su inversión paródica,
desde el significado de su nombre y desde su actuar de macho,
como la imagen del otro Rey no solo de La Habana, sino de Cuba,
de Fidel Castro. El Rey carente, que se ve obligado a cualquier
cosa para sobrevivir, pero cuyo fin—trágico—parece ser inevitable.
Las oposiciones no se limitan solamente a los posicionamientos
diametralmente distintos en la sociedad, sino también a otros
aspectos. El Rey de la novela se caracteriza por la brevedad de sus
palabras, por su incapacidad de explicarse a través de palabras
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Daniel Noemí Voionmaa
(recurre al sexo, a la bebida o al sueño para expresarse). Castro, en
tanto, posee una mítica capacidad oratoria sobre la cual no es
necesario hacer mayor hincapié. El exceso de oralidad por una parte
(que deja por lo mismo de tener valor, más en estos casos no siempre
es mejor), y la casi ausencia total de la misma, por la otra (en este
caso, menos tampoco es mejor). Dos estructuras y
Weltanschauungen que al oponerse producen una suerte de síntesis
dialéctica. Es, no obstante, una síntesis vaciada de sentido. Hay
una imposibilidad de producir algo desde la unión y/o confrontación
de ambos lugares y tiempos de enunciación. Ambos están carentes
de poder: Castro porque es incapaz de llevar a cabo el ideal
revolucionario (un fracaso siempre deviniendo algo distinto) y Rey
porque es incapaz de todo, de simplemente sobrevivir. Cuba
parecería, entonces, debatirse entre esos extremos discursivos que
terminan siendo al final las dos caras de la misma medalla. La
imposibilidad de la justicia y el vacío de la ley que ha surgido están
presentes en los dos. Las reglas son impuestas desde afuera; ambos
funcionan como máquinas extemporáneas que no tienen cabida en
su propio entorno. En otras palabras: estamos frente a una
multiplicidad de negaciones, negaciones de la profundidad de los
cambios que se han establecido y del hecho que el control y poder
sobre la propia vida (de Cuba y personal) se ha perdido. Estas dos
subjetividades, que son anverso y reverso, nos muestran la impotencia
ante los cambios y crean, desde su complejo devenir (que tiende
hacia la destrucción), una nueva genealogía y lectura del proceso
revolucionario.
Esta ética del vacío que afecta a la sociedad in toto, desde la
lectura, por cierto, de la novela13, nos presenta una serie de problemas
que es necesario enfrentar. Podemos así, grosso modo, plantearnos
tres preguntas, relacionadas entre sí, que intenten dar cuenta, cual
compendio o suma, de los principales factores discutidos hasta aquí.
La primera apunta hacia la posibilidad de una justicia alternativa a
la (no) justicia que se elabora desde el sistema neoliberal periférico,
esto es, cómo superar el vacío de ley que surge desde el iustitium;
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana...
la segunda versa sobre una posible economía y política de las
subjetividades en cuestión (la variante Rey—Castro); finalmente,
surge como urgente la pregunta sobre el futuro (que se implica
desde la urgencia del presente y la recuperación del pasado), se
trata de una crónica anunciada ante la cual nada queda por hacer o,
por el contrario, el texto nos plantea alternativas que subviertan las
condiciones que plantea. En otras palabras, ¿hay una ética alternativa
posible? Pareciera desde un primer acercamiento, y en concordancia
con lo planteado hasta el momento, que las respuestas a estas
problemáticas son fundamentalmente negativas. No obstante,
intentaré mostrar ciertas posibilidades, intersticios, que surgen en
este aparente aparato monolítico.
La ejecución de la ley tiene como fin evidente la consecución
de la justicia. Término por cierto amplio y demasiado ambiguo (todos
sabemos de qué se trata, pero al mismo tiempo todos poseemos
una concepción, a un nivel práctico, que diverge de las otras). La
novela, como he planteado, nos presenta una justicia inalcanzable y
por lo tanto inexistente. El vacío de la ley que ha impuesto esa
paradójica nueva ley que es la que rige en la excepcionalidad, nos
lleva a esa carencia. Pues bien, la única manera de encontrar una
salida a la violencia de esa negación es a través de la negación de
las premisas que establecen el estado de excepción, irrumpir e
interrumpir su flujo. Ciertas instancias nos permiten poder observar
dichos intersticios: en particular, una serie de personajes secundarios
que son capaces de desdoblarse y que, de esa manera, desarticulan,
cualquier visión única. Los casos más significativos son los de Sandra
y Elena. La primera, travestí que se enamora de Rey, no solo maneja
una sexualidad que no puede ser reducida dicotómicamente, sino
que además tiene la capacidad de “pasar el muerto”, esto es, ser
literalmente “poseída” por un espíritu, el de Tomasa, que le obliga a
fumar y beber alcohol mientras dura el trance. Al plantear una
racionalidad diferente y postular una lógica distinta que no puede
ser controlada por la lógica “oficial”, está abriendo camino a otros
modos de funcionamiento político y social. Importa señalar, no
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Daniel Noemí Voionmaa
obstante, que no se trata de presentar como posible alternativa un
retorno a una arcadia illo tempore, donde existe una suerte de
contacto con los “espíritus”, la naturaleza o algo similar; lo que
interesa rescatar de este pasaje es la posibilidad de una alternativa
de pensamiento. Algo que nos lleve al establecimiento de una
comunidad que se rija por parámetros distintos, esto es, para la cual
la acumulación de capital y reproducción de los medios de
producción no sea lo primordial, sino por el contrario, tienda a
desestabilizarlos.
De modo similar podemos leer la presencia de Elena, la boba
con quien Rey tiene relaciones. Ella funciona literal y literariamente
(y políticamente) en otro plano del entendimiento. Su capacidad de
expresarse se halla completamente atrofiada, del mismo modo el
vínculo con su familia, madre y esposo—también bobo—, es
disfuncional (de ahí podríamos trazar una línea hacia una especie
de comunidad inoperativa, como señala Nancy14); ella actúa regida
por el deseo de satisfacer sus necesidades más urgentes, es un
funcionamiento que se agota en su misma acción, es decir, no hay
una preocupación que vaya más allá del actuar cotidiano. En otras
palabras: Elena, la boba, es un ser extraño para la misma
excepcionalidad que se vive día a día, rompe las reglas del consumo.
En el baño crían pollos y le regala uno de ellos a Rey, quien debe
salir arrancando ante los gritos de la madre de Elena: “— ¡Ataja,
ataja! ¡Policía, se robó un pollo, se robó un pollo!” (p. 165). De este
modo, Elena desde su supuesta inconciencia facilita el “robo” de
parte del pequeño capital que su familia tiene (la famosa frase de
Brecht vuelve siempre: “¿qué es el robo de un banco comparado
con su fundación?”). Desde su “bobería” o “locura” es capaz de
actuar simplemente por afecto15. Observamos, en este episodio,
una incipiente acción solidaria—algo que está casi por completo
ausente del resto del relato y que cuya ausencia caracteriza la lógica
del estado de excepción que se ha impuesto. Repito: es un acto
muy precario de solidaridad, que no puede proponerse como
alternativa real; lo que sí puede sugerir es una apertura, como
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana...
señalaba previamente, un intersticio en el modelo que rige en la
sociedad.
Desde esta desestructuración del mecanismo social también
podemos intuir mínimamente una nueva justicia, una que pueda surgir
desde cualquier punto (cualquier miembro) y que circule hacia todos
lados, que no se limite a la racionalidad hegemónica, que es también
la “reaccionalidad”; esto es, que se permita abrir sus sentidos, sus
líneas de fuga rizomáticamente, para desde su multiplicidad
desjerarquizadora romper con los patrones establecidos por la nojusticia neoliberal y la excepcionalidad vuelta regla. Debemos, no
obstante, notar un aspecto: el problema de la agencia. Fácilmente
podría caerse en la crítica a lo recién planteado diciendo algo así
como que se le está atribuyendo la posibilidad de cambiar la
situación—las condiciones de funcionamiento político, económico y
social—a sujetos totalmente marginales, excéntricos, extraños y
desposeídos, como si la “solución” fuese por ahí y todos los demás,
aquellos que son “centrales”, que poseen una posición no marginal
o, en breve, son “normales” (permitámonos por ahora el uso de esa
palabra) carecerían de cualquier capacidad agente. Nada más lejano
de lo que he querido plantear: el que en la novela observemos
posibilidades alternativas en estos personajes “marginales”, no implica
que los “otros” queden excluidos; muy por el contrario, serán
precisamente aquellas subjetividades “centrales” y “normales”
quienes deberán efectuar los cambios para que estos surtan un mayor
efecto. En otras palabras: el accionar que observamos desde la
“bobería” o desde el “espiritismo” no se presentan como soluciones,
sino como inicios de modelos a seguir. Modelo en el sentido de la
posibilidad de la alternativa—esto es clave—no de “llevar a cabo lo
mismo”, de “imitar”.
El periodo especial y el modo en que podemos leerlo en la
novela, constituyen la muestra más clara, más patente, del triunfo
de lo que he denominado neoliberalismo periférico. Después del
recorrido que hemos efectuado hasta el momento, resulta
imprescindible para poder entender el modo en que las políticas y
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Daniel Noemí Voionmaa
economías de las subjetividades devienen en el texto, aclarar un
poco más dicha frase. O, en otras palabras, notar que el adjetivo
periférico no puede ser utilizado a cabalidad. Refería antes que
uno de los aspectos de esta periferia neoliberal era la coexistencia
de diversas velocidades (un lugar es una multiplicidad de lugares,
en un mismo momento circulan variadas temporalidades), empero,
lo periférico no rechaza lo central, es más, lo incluye (lo mismo
ocurre viceversa, en aquellas instancias que se suelen considerar
como centros). Sin querer ahondar más en algo que he discutido en
otra parte16, la misma noción de des-diferenciación que hemos
mencionado anteriormente debe entenderse y relacionarse con la
imposibilidad de fijar centros y periferias. Si he empleado el término
es, de modo fundamental, por la particularidad política que Cuba
sigue teniendo, no por su particularidad económica (si bien debemos
reconocer que la relación con los Estados Unidos es sumamente
particular; el embargo posee un posicionamiento ambiguo: por un
lado excluye a Cuba de todo comercio, esto es, lo ubica incluso
fuera de una periferia económica; por el otro, en cambio, le da un
posicionamiento central, al hacerlo el “centro” de toda decisión
económica y política que se adopte). Nuestro Rey de La Habana,
el joven Reynaldo, pervive en esa misma incertidumbre: su
marginalidad le da su centralidad. Por eso, repetimos, dichos
posicionamientos se derrumban como construcciones
epistemológicas.
Rey está de cumpleaños el siete de enero. Un día después
de epifanía. En un nuevo acercamiento a un discurso que adquiere
matices cristianos, observamos como Rey desde su génesis se sitúa
después de la revelación. La revolución ha ocurrido un primero de
enero, el seis los reyes reconocen al elegido; después de eso aparece
el Rey de La Habana; es, efectivamente, un Rey que ha llegado
tarde. Rey se ubica en un post total, y esta temporalidad y ubicación
en el espacio, es también una marca de la sociedad cubana de los
noventa. En breve, la imposibilidad de una identidad pasa por la
(de)construcción de una identidad-post. Posterior a los sueños, a
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana...
las grandes esperanzas, a la revolución misma (como realidad y
como ideal), el devenir de las subjetividades en los noventas cae en
el vacío del puro presente. Los reyes, los elegidos ya han sido, se
ha llegado demasiado tarde y en este nuevo mundo post, Rey solo
puede intentar la pervivencia a como dé lugar, circulando por las
trayectorias que ha determinado el nuevo ordenamiento político,
social y económico de la isla, la especialidad. Ser “especiales”, vivir
en la especialidad y en la excepcionalidad es, entonces, un
reconocimiento de una derrota profunda, de una carrera perdida
que solo se reemplaza por el sin sentido, por la inevitable
superficialidad del puro presente que se impone como único y de su
hegemonía. Rey es, a fin de cuentas, un desecho, una escoria, una
ruina que no resulta como producto de esa historia anterior (de la
historia repleta de sueños, posibilidades y esperanzas); no, Rey y la
nueva Cuba que surge en los noventa es la ruina que la no-justicia
neoliberal (o aquello que llamamos progreso) ha ayudado tan
fuertemente a instaurar en la isla. En él vemos la acumulación de
carencias, de exclusiones; el desarrollo que se posibilita, así, después
de que nos hemos dado cuenta que los reyes del seis de enero y a
quien han reconocido no existen (o si existen no sirven más), se
alimenta en esa continua destrucción y deyección. De ahí que ser
cubano o cubana en los noventa sea buscar en y desde la derrota
que es el iustitium neoliberal que se ha establecido, una esperanza.
Un poco más arriba sugerí, intuí algunas trayectorias a partir de la
novela que podían leerse en ese sentido, hacia la construcción
efectiva de un funcionamiento social regido por una justicia que se
sobreponga a la suspensión de la ley, esto es, una sociedad justa
que pueda elaborar una ética de la solidaridad y a través de ella
crear lo que en palabras que hoy adquieren un tono romántico casi
cursi, se denomina una sociedad mejor.
Las buenas intenciones, por cierto, no bastan. Como sabemos,
el infierno está lleno de ellas. Y La Habana de la novela pareciera,
en muchas ocasiones, asemejarse a uno, especialmente para el
protagonista; adquiriendo incluso, hacia el final, características
apocalípticas17, con la lluvia propiciando el derrumbe del edificio
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Daniel Noemí Voionmaa
donde viven Rey y Magda. Es el fin que se acerca inevitable e
irremediable, en medio de la pasión desenfrenada entre los dos (¿no
nos recuerda acaso el final de Cien años de soledad?):
No había nada, pero se adoraban. Afuera seguía lloviendo
copiosamente. A veces con mucho viento. Al día siguiente, a
las tres de la tarde, el temporal continuaba en su apogeo. Hacía
setenta y dos horas que llovía sobre La Habana, con vientos
fuertes, rachas, truenos. La ciudad paraliza-da (...) En ese
momento los muros comenzaron a ceder. Habían absorbido
toneladas de agua. Las piedras de cantería, agrietadas, después
de más de un siglo soportando, decidieron que ya era suficiente
y se quebraron. Un estruendo enorme y todo se precipitó abajo.
El techo y los muros. El piso también cedió y todo siguió cinco
metros más, hasta el suelo... La escalera no existía. También se
había derrumbado. Ellos estaban en un pedacito de piso y muro,
a cinco metros de altura... salieron caminando hacia la terminal
de ferrocarriles. A sus espaldas resonó un estruendo: el último
trozo de la habitación de Magda también se vino al piso (p. 201203).
He aquí, en todo su pavoroso esplendor, la imagen del fin.
Las ruinas que se establecen, que se posicionan como la realidad.
No puede ser más evidente el resultado del progreso que la excepción
ha fundado. La crítica al nuevo modelo es evidente: estamos ante el
Apocalipsis. ¿Cómo salir, cómo poder construir desde ese final, desde
esas ruinas? Ahí la novela no nos da respuestas—más allá de las
que postulé antes—, porque todavía no existen las respuestas ni las
soluciones. La excepción que se ha convertido en la regla, la opresión
es la norma; la destrucción total que imposibilita el futuro y busca
borrar el pasado es aquello que queda, que permanece. Rey, como
sabemos, morirá. Pero quedan los lectores, quedamos nosotros y
queda nuestra esperanza. Y es en ese breve intersticio, el donde y
el cuando el deber del cambio, de una nueva y profunda revolución
se mantiene. Porque no podemos contentarnos con el reino del
iustitium, porque es necesario reconstruir la historia desde todos los
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana...
accidentes para así recuperar las posibles múltiples subjetividades
(reconocerlas todas). Crear, en definitiva, una nueva historia, que
sea la historia de la revolución pero que también vaya más allá. El
Rey de La Habana se debate entre el Apocalipsis y el sueño (de
Rey, de nosotros). Pensar críticamente la excepción, la seudo justicia
que se implementa, la suspensión de la ley, la economía que se
impone, todo ello es un deber imperioso. Y no se trata de realismo
sucio o mágico o virtual. No. La realidad que toda crítica debe
buscar es aquella que revierta las líneas finales de la novela. Hacer
de la historia implícita en el “Y nadie supo nada jamás”, nuestra
historia, devolverle su visibilidad. Buscar la victoria de la justicia y
la justicia de la victoria. Siempre.
Notas
1 Josefina Ludmer en su artículo “Ficciones cubanas de los últimos años: el problema
de la literatura política” caracteriza la situación cubana como una de desdiferenciación. Este aspecto es una de las características propias de la
postmodernidad, de acuerdo con Jameson. Singular Modernity: Essay on the
Ontology of the Present, 2002, como a Lash. Sociology of Postmodernism,
1990.
2 Este dictum romano puede entenderse de dos maneras opuestas. Por una parte,
“la necessità non riconosce alcuna legge” y, por la otra, “la necessità crea la sua
propria legge” (Agamben, 2003, p. 34). Ahora bien, esta oposición no implica la
anulación de uno de los dos ‘sentidos’; por el contrario, ambos se refuerzan,
crean-destruyen, de modo permanente: la negación de la ley lleva al surgimiento
de una nueva ley que es su vez negada, sólo para ser reemplazada por una
nueva, etc.
3 Anke Birkenmaier habla de la superación del realismo sucio en la producción de
Gutiérrez (“Más allá del realismo sucio: El Rey de La Habana de Pedro Juan
Gutiérrez”), algo que se ubicaría dentro de un proceso bastante lógico “si
aceptamos el naturalismo como otro predecesor lejano, resulta que el término
‘realismo sucio’ no recoge, por lo tanto, una tendencia particularmente novedosa
que, sin embargo, vuelve a surgir periódicamente, anunciándose como más realista
que la literatura establecida.” (BIRKENMAIER, 2003, np). Birkenmaier
identifica el realismo sucio con una estética de la violencia y agrega como rasgo
característico el que “las narrativas del realismo sucio tienen generalmente un
jul./dez. 2005
79
Daniel Noemí Voionmaa
punto de partida tajante que aparece bajo diferentes formas, pero
fundamentalmente repite una misma estructura. Se podría describir como el
silencio después de una catástrofe, o en todo caso, el de la vida llana y mala
inmediatamente después de un evento decisivo” (BIRKENMAIER, 2003, np).
Cabe destacar la conexión que se establece entre la escritura y el silencio. Esta
escritura estaría dando cuenta de ese vacío de lenguaje que se ha producido
como consecuencia de un evento decisivo. Lo que falta agregar aquí es, en
primer lugar, que ese evento decisivo es siempre de carácter económico (el
realismo sucio solo se entiende en una sociedad neoliberal, es más, cabe entenderlo
como un producto de la etapa post-fordista del sistema); en segundo lugar, la
catástrofe funciona no solo como un accidente original y único, sino que podemos
considerarla como en un permanente devenir (vivimos en la catástrofe), es decir,
no existe nunca un pleno “después” de la catástrofe, dado que su construccióndestrucción es continua.
4 Toda crítica, por cierto, está marcada políticamente, lo cual no impide que en
algunas circunstancias, se llegue a verdaderas joyas de la manipulación. En el
caso “cubano” es realmente notable el intento por parte de académicos “anticastristas” por elaborar sesudos comentarios de las novelas que se convierten
en baratas y simplistas diatribas anti-revolucionarias, que poco tienen que ver
con los textos que analizan o, con suerte, constituyen una lectura reduccionista
de los mismos. Por el otro lado, como contrapunto, es necesario consignar,
como lo hace Jorge Herralde, que durante los años noventa hubo una importante
producción de novelística que caía en lo que él denomina “panfleto político
anticastrista de indignación previsible”. Esto es efectivo en muchos casos, no
obstante, como recién señalé, la crítica es la que ha ayudado a acentuar y
reforzar este punto de vista.
5 Como bien nos recuerda Paul Virilio, “Inventer le navire à voile ou à vapeur, c’est
inventer le naufrage. Inventer le train, c’est inventer l’accident ferroviaire du
déraillement. Inventer l’automobile domestique, c’est produire le télescopage
en chaîne sur l’autoroute” (VIRILIO, 2005, p. 27).
6 En clases (Universidad de Michigan, Ann Arbor, semestre de otoño, 2004)
algunos de los estudiantes veían en esta capacidad de Rey una muestra de la
multiplicidad de temporalidades que coexisten en una sociedad como la cubana
(y, por extensión, en la latinoamericana). En el contexto del curso, que trataba
sobre pobreza y cultura, resultó interesante notar que desde una perspectiva
puramente de la producción, el hecho de que Rey pueda quedarse dormido en
cualquier lugar y ante cualquier circunstancia, no deja de tener sus tintes
revolucionarios (anárquicos, apuntaban algunos). Creo que la idea del dormir
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana...
como accidente nos permite, desde una perspectiva levemente diferente,
acercarnos a esa idea: los accidentes son aquellas modificaciones que están
siempre por venir y que, a su vez, ya han sido creadas. Como se articulan y
relacionan en un determinado contexto y momento social es lo que queda por
descifrar.
7 Resulta interesante pensar la violencia de la novela desde los términos que
articula Arendt, quien en su clásico On Violence la considera como opuesta por
completo al poder cuando se da en un “estado puro” (lo cual, por cierto, nunca
o casi nunca sucede). Pareciera surgir en el texto de Gutiérrez una multiplicidad
de espacios y tiempos desde los cuales la violencia es ejercida. Esta se vincula
de un modo complejo con el poder, pues este también pareciera proceder de una
multiplicidad de instancias, pero ciertamente no del protagonista. Es decir,
reacciona y resiste solo por medio de la violencia, pero carece de poder. Más
aún, su violencia posee una fuerza bastante restringida, razón por la cual nunca
podrá acceder a alguna instancia de poder.
8 Nótese la estrecha relación entre lo “normal” y la ley. En efecto, la norma es
aquello que queda implementado a través del establecimiento de la ley. Así, la
suspensión de la ley implica la suspensión de la normalidad. Si consideramos
que la excepcionalidad entonces vigente se convierte en la regla/norma, podemos
argüir que lo normal ha devenido solamente ausencia, imposibilidad. Como
sabemos, la maniobra de todo tipo de régimen “de excepción” es buscar
normalizarse. Caso sintomático lo constituye el PRI mexicano: donde la idea de
cambio permanente queda institucionalizada, normalizada en el mismo nombre
del partido.
9 Una interpretación basada en conceptos cristianos o una lectura psicoanalítica
(versiones no tan distintas, al fin y al cabo), pueden dar pie a idea y elaboraciones
altamente sugerentes e interesantes. No pretendo, para nada, descartar dichas
alternativas (de hecho, como es posible advertir en mi análisis, nos las descarto
por completo), sino, al contrario, plantearlas como posibles alternativas
complementarias de análisis, en la línea de la construcción de una no-identidad
cubana.
10 ¡Qué diferente será esta muerte y su nulo futuro, a la de Ti Noel (y para qué
hablar de la de Mackandal) que se nos propone al final de esa otra novela que
nos habla de otra revolución! La trayectoria y peregrinación de Ti Noel en El
reino de este mundo puede leerse como contrapartida, como contracara y
contralibro de la de Reynaldo. Recordemos que la novela no está exenta de
alusiones a otros textos, siendo el más explícito: “Ella vendía maní. Le hubiera
gustado que todos dijeran: ‘Oh, ella cantaba boleros’. Pero no. Ella vendía maní”
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81
Daniel Noemí Voionmaa
(p. 53) que más que un homenaje a la novela de Cabrera Infante funciona como
parodia y desacralización de uno de los textos que se planteaba, a su vez, como
paródico por antonomasia.
11 Resulta notorio cómo el texto presenta un modo exuberante de acumulación que
solamente puede ser entendido en términos bio-políticos. Los cuerpos, el cuerpo
de Rey en este caso, pasa a formar parte, como un desecho más, de la máquina
omnívora instaurada por el sistema. El ejercicio bio-político en Cuba ha sido
siempre notable, en particular desde la caída de Batista, mas ahora hay una
inversión en el sentido del uso de los cuerpos por parte del poder (un poder que,
reitero, no se equivale para nada con el gobierno de Castro; el poder surge
principalmente de las nuevas circunstancias históricas que se viven, la excepción
y la consecuente implementación de un neoliberalismo periférico).
12 Virilio nos da como ejemplo de “accidente original” el del trasbordador Challenger:
“Quand à la navette Challenger, son explosion en vol la même année que le
drame de Tchernobyl, c’est l’ accident originel d’un nouvel engin, l’equivalent
du premier naufrage du tout premier navire” (p. 27). De un modo más coloquial
podríamos preguntar: ¿Cuándo nos fuimos al carajo?
13 Aunque sea redundante quiero repetir que lo que efectúo en estas líneas es una
lectura de la novela, y desde ella infiero posibilidades para comprender y entender
la situación cubana actual. Pero no hago el proceso inverso (partir de una lectura
de la realidad cubana). Obviamente esta división funciona, asimismo, solo de
manera metodológica, y cuando es llevada acabo los entrecruzamientos son
múltiples; pues como sabemos la ficción (o lo que antes denominábamos ficción
y que hoy ya se ha tornado imposible de diferenciar de lo no-ficcional) resulta
muchas veces mucho más productivo y nos permite una lectura más rica en
matices y sugerencias que una lectura o visión de aquella siempre inasible
realidad o de sus supuestos documentos de primera fuente (¿? ¡Por favor!).
14 En Nancy, la comunidad se define por la naturaleza política de su resistencia
contra el poder inmanente. La familia de Elena no puede ser entendida de ese
modo aún, no obstante abre una puerta hacia un tipo de resistencia.
15 Para ver la relación entre locura y afecto (o amor) y el surgimiento, a partir de
esa combinación, de comunidades alternativas y “alter-nómicas” (poseedoras
de una ley “otra”), me parece interesante referir al texto escrito y fotográfico de
Diamela Eltit y Paz Errázuriz. Asimismo, es muy sugerente y lúcido el análisis
que de él efectúa WILLIAMS, Gareth. The Other Side of the Popular.
16 En NOEMÍVOIONMAA, Daniel. Leer la pobreza en América Latina: literatura
y velocidad. Santiago de Chile: Cuarto Propio, 2004. En particular en las páginas
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Justicia” neoliberal en Cuba. Una lectura de El Rey de La Habana...
31 a 35.
17 El pasaje de la lluvia que arrecia en la ciudad y que provoca el derrumbe de
edificios se acerca, interesantemente, a lo que muchos críticos denominarían
realismo mágico (la escena de la lluvia, claro está, tienen reminiscencias
macondianas evidentes; por otra parte, creo que se pueden establecer conexiones
con el final de De donde son los cantantes, de Severo Sarduy).
Bibliografía
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jul./dez. 2005
83
“Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the
Celebration of Afrocuban Motherhood
Conrad James
University of Birmingham
Resumo
Eloy Machado Pérez é um afro-cubano que publicou várias antologias poéticas.
Ele trabalhou como operário de construção civil e não tem estudos básicos. Porém,
sua obra representa os sentimentos, medos e anseios da população afro-cubana
que ainda não se pode ver expressos na poesia cubana. Neste ensaio quero apresentar
a obra deste escritor, focando principalmente as representações da figura da mãe
afro-cubana e as relações mãe-filho. No que diz respeito às representações maternas,
a mãe aparece como força que rege a vida afro-cubana sem a qual se viveria num
mundo condenado à falta de referências vitais. O contexto histórico é Cuba prérevolucionária.
Palavras-chaves: Cuba, Negros, Maternidade
Resumen
Eloy Machado Pérez es un afrocubano que ha publicado varias antologías poéticas.
Este poeta trabajó como obrero de la construcción y no tiene estudios básicos. No
obstante, su obra representa los sentimientos, miedos y anhelos de la población
afrocubana, lo cual no suele verse expresado en la poesía cubana. En este ensayo
quiero presentar la obra de este escritor, prestando particular atención a las
representaciones de la figura de la madre afrocubana y las relaciones madre-hijo.
* Artigo recebido em agosto e aprovado para publicação em outubro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 85-102, 2005
85
Conrad James
Con respecto a las representaciones maternas, la madre aparece como fuerza que
rige la vida afrocubana, sin la cual viviría en un mundo condenado a la falta de
referentes vitales. El contexto histórico es el de la Cuba prerrevolucionaria
Palabras claves: Cuba, Negros, Maternidad
Abstract
Eloy Machado Pérez (b.1940) is a black Cuban who has produced several anthologies
of poetry. A former construction worker with no formal education he chronicles
the thoughts, anxieties and aspirations of a black Cuban constituency which rarely
sees itself represented in their nation’s poetry. In this paper I introduce his work
paying special attention to his focus on the black Cuban mother and wider mother/
son relationships. The context is pre-revolutionary Cuba and the mother is
constructed as an afro-centric life force in an otherwise unrelentingly hapless
world.
Keywords: Cuba, Blacks, Motherhood
***
Ella era poeta, dicharachera, me enseñó a vivir en el barrio
de la vida. Era mi inspiración, y está presente en cada libro
mío. Era mi todo. El que no quiera y aprecie a su madre, no
es capaz de querer a nadie. Era mi madre, pero a la vez mi
amiga. Su espíritu aún me baña”.
Eloy Machado1
Eloy Machado Pérez (b. 1940), or “El Ambia” as he is
affectionately known in Havana is a unique voice within
contemporary AfroCuban culture. A construction worker before
the 1959 Revolution he embraced and was embraced by the new
system with its attendant ideology of egalitarianism. Machado’s
thematic concerns, his aesthetics, his vision of Cuba and of the
world set him apart from the priorities of the mainly white literary
establishment in Cuba. But neither does his work fit comfortably
within the corpus of poetry produced by black Cuban writers in his
or successive generations. Black or Mulatto poets such as Nancy
86
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration...
Morejón, Excilia Saldaña, Georgina Herrera, Jesús Cos Causse or
Marino Wilson Jay who, like Machado, gain access to the world of
publishing shortly after the Revolution very often deal with similar
concerns about race and class as we find in the poems of Machado.
But the gritty urban realism which constitutes the theme of most of
his texts is seldom found in the work of his counterparts. More
importantly the distinct orality of his poetry contrasts with the often
more involved literary style of his contemporaries and invites
comparison with the performance poetry produced in the Anglophone
Caribbean by writers such as Jamaica’s Mutabaruka or Jean Binta
Breeze.
Eloy Machado is perhaps best described as an urban griot
whose poetry, punctuated by idiolect and neologisms which are at
times difficult to decode, bears witness to the histories of a black
Cuban underclass. In an informative interview with William Luis,
which raises several important issues concerning the politics involved
in the contemporary cultural arena in Cuba, the black Cuban short
story writer and film-maker Elio Ruiz testifies to the popularity of
Machado's work among the black Cuban population: “Eloy Machado
es el único poeta Cubano vivo, cuyos libros se agotan
inmediatamente. El único que el pueblo negro de los barrios quiere
escuchar porque lo representa en sus cantos” (LUIS, 1994, p. 37-45).
In this respect his poems do for black Cubans today what Guillén’s
Motivos de son did for them in the 1930s.
Machado's poetry, which recreates, sometimes in very
harrowing terms, the vicissitudes of life for the black urban poor of
pre-revolutionary Cuba, thus speaks directly to the dispossessed
blacks of present day Cuba. It is within this context that the poet
pervasively invokes the image of his mother and reconstructs her
relationship with him. Machado has spoken of his love for his mother,
Jacinta Pérez, and his aunt Felicia as a sustaining force and has
suggested that this love constitutes the content and meaning of his
poetry.2 Apart from acting as a stabilizing force which imposes order
on his own chaotic history, Machado's poetry attempts, retroactively,
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87
Conrad James
to rescue his mother Jacinta Pérez from the socio-economic
deprivation which characterized her life.3 I discuss primarily, poems
from two collections, Camán Lloró (1984) and Jacinta ceiba
frondosa (1991) but I also examine “Poema de un sueño”, from
Por mi pura (2003).
White Cuban Creole culture and what Machado sees as its
attendant Eurocentrism are rejected through his construction of the
mother as both socialist and AfroCuban. One major aspect of Cuban
creole culture which is rejected by Machado through the use of the
mother image is Roman Catholicism as the poetry establishes an
oppositional relationship between the mother and this form of religious
authority. The God of this system of belief is conspicuous because
of his absence and the rejection of his ostensible benignity and a
concomitant identification with the mother is a persistent motif in
the poetry. This disposition radically disavows the Roman Catholic
ethos in which the idolization of maternity does not imply a rejection
of the paternal deity who remains the ultimate source to which
reverence is directed.
The short four line poem “Papá Dios” from Jacinta ceiba
frondosa is particularly effective in its disavowal of God-the-Father:
“Papá Dios”
Te acuerdas de Papá Dios
Jacinta
cuando no nos dejaba comer
un grano. (Jacinta ...p. 10).
God’s insensitivity to the exigencies of the impoverished and
dispossessed, his abdication of duty to the proverbial family are the
focus of the text. The intimacy invoked through the title “Papá Dios”
is therefore ironically undermined and “Papá” communicates
absence, distance, and apathy. The transgressive effect of the poem
is reinforced technically through the employment of the voice of the
child whose innocence compounds the message of divine neglect.
Simultaneously the conversational tone of the poem sets up the mother
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration...
as interlocutor. Maternal dialogue replaces paternal silence.
While the Cuban Revolution has tended to take care not to
seem the enemy of religion, the class interests represented by the
catholic church, at least in the early stages, invariably served as a
source of conflict with the socialist cause. In Cuba, according to
Fidel Castro, the church was for a long time served by a clergy of
foreign origin. It was the church of the rich and had no priests who
supported industrial workers or served alongside labourers.4 A similar
attitude seems to be espoused by Machado as he rejects Roman
Catholic iconography and its associated culture. This is achieved
primarily through emphasis on the horrific deprivation of those who
are marginalized. Thus in “Razón y tiempo” (Camán Lloró, p. 90-92)
the de-centering of a Eurocentric religious ethos is predicated on
God's abandonment of the poor. As in “Papá Dios” the subject of
communication between mother and son focuses their poverty:
“Mamá, la barriga / me hace ruu ru ruu” (p. 92) . Rhythmic
enumeration of items of food and drink exacerbates the destitution
of both child and mother:
Siento que se está fajando
café con pan
café con pan
café con pan
y pan sin vino
y sin aguardiente,
de arroz y refresco
y palillo en diente. (p. 92).
God is uncaring and oblivious of the plight of an insignificant
mother and her inconsequential world: “Jacinta huevo, / Jacinta orden.
/ Dios no le hizo caso / en un mundo sin eco” (p. 90). The insensibility
of God is counteracted imagistically by the depiction of the bond
which is forged between mother and son both in the experience of
adversity and in the survival of it:
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Conrad James
y pasamos la arache, y nació la mañana,
y seguimos como si fuéramos
un par de borrachos
hasta que sonaron
ambas campanas
que indicaban los féferes (p. 91).5
Social progress, that is, revolution, redresses the effects of divine
neglect. Jacinta symbolizes this progress and thus both mother and
revolution are celebrated simultaneously. Not only is Jacinta
“Revolución con lápiz y libreta” (p. 92) she becomes the reason and
time, “razón y tiempo” (p.92), which replace pain with understanding6.
This picture of Jacinta as revolution, time, and reason complements
her other characteristics of strength and shrewdness, “Jacinta piedra
/ Jacinta lince” (p. 90), which serve to construct her as a counterpoint
to God; as reason and time she represents both immortality and
infinite wisdom. Here, casting the mother as reason disrupts the
binary, reason/body dialectics which often designates woman as
exclusively body.
The religious iconoclasm of the poem is further developed
through the construction of an image of maternal holiness that
precludes the presence of God:
Jacinta nació con pudor
y jamás fue abatida
como el viento con hambre.
Su consorte: la tijera moral,
palabra santa, sin Dios
en labio pobre. (p. 91).
But the description of Jacinta as “calle” and “vida” (p. 90) is
also significant. The journey motif in these depictions simultaneously
recognizes the harsh realities of the life of mother and son and
highlights Jacinta as a source of hope. More importantly, in the context
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration...
of this analysis the mother usurps the position which Jesus establishes
for himself in the bible as “the way, the truth and the life”.7 The
ubiquitous aunt Felicia, a kind of “othermother” to the poet/persona,
is equally exalted in “Razón y tiempo”. 8 God's absence and
insensibility are also countered by the strength and urgency of her
presence: “Felicia cuadro, / brazo, / empuje” (p. 90).
By depicting an inseparable bond between mother, son, and
aunt these texts reverse traditional religious authority and establish
an alternative theology. The union parodies the concept of a Holy
Trinity establishing union in a secular universe and constructing the
indispensable influence as maternal rather than paternal: “Tres vidas
/ una misma vida / bailando un tango / en tres menor” (p. 90).
Simultaneously fraternity is located within popular as opposed to
official religious culture.
The social dispossession which is evoked in “Papá Dios”
and “Razón y tiempo” is communicated more starkly through much
more candid images in “Qué horror”, of book Camán Lloró (p. 46-49).
Corro, corro, corro
y el aire me molesta, entra por los huecos
de mi camisa deshecha por el tiempo sin
cambio
¿cómo voy a cambiarla si vivo en Luz 4,
en la posada de la peseta? (p. 46).
Here the vision that is projected is strikingly deterministic. The image
of flight with which the poem begins suggests the human will to
escape squalid conditions but this will is thwarted by the
oppressiveness of social circumstance. The harsh circumstances
of the subject's childhood are enumerated throughout the text.
Mother, aunt, and son are nomadic subjects whose periods of rest
are punctuated with discomfort: “las chinches nos esperaban / como
si fuéramos los embajadores de la / sangre” (p. 48). The poem
emphasizes the connection between this destitution and the capitalist
system in which the subject lives his childhood. The trio are “humildes
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Conrad James
hijos de la desgracia / capitalista” (p. 47) and capitalism is a cruel
system with poisonous effects: “hundía sus garras envueltas en cicuta
/ de panetela borracha” (p. 47). The circularity of the poem's structure
is used to confirm the unrelentingly pessimism of vision and the fate
of the dispossessed casualties of pre-revolutionary Cuba. Thus
having begun in entrapment the text closes with the image of life as
“la tumba de los muertos vivos” (p. 49).
The rejection of the male God of Christian thought is also far
more irreverent in “Qué horror” than in the previous poems.
Le rogamos al dios ciego por nosotros,
por la máquina que pasaba por nuestro lado
a toda velocidad, como si no existieran transeúntes
Le rogamos por vestidos, por zapatos
y por el jamón que veíamos colgado
cuando pasábamos por La Mía,
pero nuestros brazos,
como si fueran de seres enanos,
no alcanzaban esas cosas (p. 47-48).
God is blind and deaf because he does not respond to the
exigencies of those who pray to him. Sardonic strategies sustain
the poem and emphasize simultaneously the disapprobation of God
and the dilemma of the poor. Just as the warmth of the term “papá”
is undermined in “Papá Dios”, here capitalist apellative strategies
are shown to be contradictory for the poor. Far from communicating
the possibility of possession the shop named “La Mía” underscores
the group's anonymity and alienation from society's resources.
Similarly, the ironic reference to “seres enanos” confirms society's
adroitness in dwarfing the hopes of the marginalized and underlines
the inaction of “Dios” within this scheme of things.
But the icon of maternity within Roman Catholicism, Mary,
is also toppled in “Qué horror” as the subject considers the misery
of poverty. Her sanctity is undermined, her uniqueness diminished
as she is presented in terms that emphasize abject physicality rather
than transcendent spirituality:
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration...
Dormimos como si nada estuviera pasando
en nuestro maltratado cuerpo.
Dormimos como si no fuéramos a despertar,
como si la tal María o Caridad,
ganadora del famoso maratón
no se hubiera cagado en el baño (p. 48).
Jacinta and Felicia are the only sources of hope in this vast
terrain of hopelessness. It is mother and othermother who provide
the daily bread: “Ayer, qué alegría sentimos todos, / comimos una
rica comida hecha por San / Jacinta / y forrajeada por Felicia la
caminanta” (p. 46). Even though this “rica comida” is nothing more
than the dregs of coffee and stale bread, “borra de café.../ y pan de
San Laó de dos semanas” (p. 46), the eating of it is constitutes a
celebration of the courage and arduous labour of Jacinta and Felicia.
In the consciousness of the poet/persona Jacinta thus becomes an
alternative deity, the source to which all faith is directed: “Seguimos
con la fe en el bolsillo / y en el ajustador de mi madre” (p. 48). More
importantly, along with Felicia, through dance she comes to signify
a mode of transcending social difficulty and perpetuating life force.
Through popular culture Jacinta and
Felicia create beauty out of a barren landscape while it
struggles against the tragic impoverishment of life:
Felicia guarachaba como si la vida que
llevara
fuera de pomarrosa
la Jacintada, empero, iba como si buscara
una solución
a la lucha de la madrugada. (p. 46-47)9.
But here, as in “Razón y tiempo” and the poem “Brindo”
from Jacinta Ceiba frondosa, dance is also constructed as a mothercentred culture through which the son is influenced and empowered.
This exemplifies a larger tendency in the poetry of Machado to
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Conrad James
present Jacinta and Felicia as representatives of African-centred
forms of culture which mitigate the effects of poverty. In “Cuarenta
años” (Camán Lloró, p. 93-94), for example, the speaker recounts the
story of his life to a young male interlocutor (presumably a son). It
is a narrative that is initially punctuated with tropes of suffering:
“cuarenta años en la universidad del hambre, / en la envara...”(p.
93). But it becomes essentially one of inspiration and it is mother
and aunt who initiate hope through the marímbula: “Quién se lo iba
a imaginar, Jacinta y Felicia / cuarenta años transportando verdades
/ del aire al corazón y del corazón a la marímbula” (p. 93).10
Consequently the narrative points the listener not to the forty years
of oppression but to the future possibility of “el sueño de los cien
años” (p. 94).
In “Qué horror” AfroCuban dance also becomes an
enactment of the struggle of life. But while it is pivotal in developing
a consciousness of social reality in the son / subject it also serves as
a context within which the mother can demonstrate to the son a
mode of deferring the effects of life's vicissitudes:
Ella movió la cabeza sin dejar de bailar
al compás de los seductores tambores.
Sudaba como si estuviera trabajando en
un horno de cal.
Pero hubo una mirada lánguida
hacia el combatiente menor que bailaba.
Sus movimientos eran observados
por los demás congueros y el niño reía
sin pensar en lo que pasaría luego (p. 47).
Machado's damning commentary on pre-revolutionary Cuban
society also takes place in contexts that have nothing to do with
religious iconoclasm. As usual it is his mother, Jacinta, who is used
to epitomize the struggle that life entails. The one paragraph poem,
“Alguna vez”, which uses a prosaic structure to convey the drudgery
and desperation of the life of the dispossessed, is a case in point:
94
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration...
“Alguna vez”
Alguna vez Jacinta buceó para encontrar lo soñado allí en el
estiércol de la vida, o vice versa, para que la vida la encontrara
a ella como un fenómeno natural en el hecho, o es que también
entró en un pajar buscando la aguja de la fortuna como un
requetesueño advenedizo, o es que esa es la pesadilla que
sabemos todos? (Jacinta ceiba frondosa p. 8).
The poem begins in an affirmative mode and then converts
immediately into an interrogative mode which is sustained to the
end. This structure conveys the uncertainty which characterizes
the existence of the socially disenfranchised. In this context it is
only the action of the mother which is definitive: “Alguna vez Jacinta
buceó” (my emphasis). But the idea of the uncertainty engendered
by poverty is reinforced through the disjunctive formulation of the
text so that even this definitive act by Jacinta becomes subject to
multiple interpretations. Ultimately, however, the mother becomes
an index of a marginalized black community whose desire to escape
poverty becomes a dream that is constantly deferred, “lo soñado”
eventually becomes “requetesueño advenedizo”.
Jacinta, the mother, tends to be cast by Machado in terms
which conform to the values and ideological demands of postrevolutionary culture so that the simultaneous celebration of “madre”
and “patria” which is seen in “Razón y tiempo” is used to repudiate
capitalist ideology and to express commitment to a socialist ethos.
In “Jacinta la sufrida” (Camán Lloró, p. 50-51), for example, the
introduction of the mother is used as the occasion to recall the racial
and class oppression of the colonial past. The text celebrates the
moral and spiritual disposition of Jacinta but the self-conscious and
repetitive proclamation of the end of colonialism confirms the
propagandistic intention of the text as it celebrates the perceived
egalitarianism of the revolution:
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95
Conrad James
Soy un hijo de una ex esclava
del colonialismo pretérito
muerto, en baja,
derrotado por un comando conjunto
de obreros y marginales
de intelectuales y campesinos (p. 50).
The Marxist-oriented rejection of western religion in
Machado's poetry is balanced by a reverential attitude toward an
African-centred religious culture. Santería serves as a positive
counterpoint to the debilitating character of Eurocentric culture.
“Poema de un sueño” (2003, p. 78) exemplifies this attitude. “Poema
de un sueño” recollects a dream, narrated to the persona, in which
an individual (perhaps a male relative) has an extended conversation
with Yemayá the orisha of maternity.
“Poema de un sueño”
Qué inmensa es Yemayá
Dios mío,
dijo con los brazos abiertos
hacia el cielo Idelfonso Machado
con todo el corazón.
Lágrimas de amor
y de fe corrieron
por sus mejillas de azabache,
la santísima virgen de Regla
me dijo
que tengo que hacer ebbó de flores11.
Qué lindo sueño tuve.
Yo le hablaba con ella
frente al mar
y las olas se levantaban
como si bailaran unidas
96
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration...
al son de mi voz,
arcoiris de mar
bañaban mi ser.
Yo le hablaba, le hablaba
y la veía en la punta
de la ola del morro
diciéndome con gracia
pídeme, pídeme,
mientras vuelos de mar
acrobaciaban en su corona.
No imaginé que fuera a tener
un sueño tan bello
con Yemayá.
As in the mother/son relationship dialogue features as an
important characteristic of the relationship between goddess and
worshipper. The constant talking between the persona and Yemayá
is therefore one of the most memorable aspects of the dream. This
portrayal contrasts starkly with the absence, silence, muteness, and
blindness with which the Father/God figure is associated in the poetry
of Machado. Not only is the dialogue accompanied by “Lágrimas
de amor”, but the entire experience takes place within a therapeutic
maternal environment that further counterpoints the terseness and
hostility of the world of “Papá Dios”.
The sense of oneness with nature which the speaker feels in
“Poema de un sueño” becomes a source of empowerment to him.
Yemayá is mother nature and the forces over which she has control
allow him to transcend, albeit temporarily, the difficult social realities
of his life. This image of maternal power is complemented in the
portrayal of the orisha’s grandeur and expansivity: “Qué inmensa
es Yemayá / Dios mío”. In this respect Jacinta becomes a figure of
Yemayá. As “madre de incalculable / alcance” (1991, p. 51.) she is
similarly expansive. In addition, Jacinta is ubiquitous in so far as she
affects every aspect of the poet's / persona's life. She is imaged
variously as priestess, in “En el bémbele changolla” Jacinta ceiba
jul./dez. 2005
97
Conrad James
frondosa (p. 31-32), teacher in “Brindo” (1991, p. 40), and mentor in
“Cuarenta años” and “Ahí viene Jacinta Pérez”.
The collection Jacinta Ceiba frondosa ends with poem
“Brindo”.
“Brindo”
Brindo por mi mamá
porque la estrella
no despegue
la idea nunca jamás.
Brindo por mi mamá
que me enseñó
a bailar la rumba,
a reír, a fajarme,
a boxear,
a soñar y a esperar
acuatizar el canto
de la forma más jovial
brindo por el abasiago
como la risa más bonita
de mi mamá.
Brindo como antes,
como después del aguacero
por mi mamá
como su canto
en el tango
cuando bailaba conmigo
cuando en el tango del danzón
Felicia también,
bailaba conmigo
Brindo por mi mamá (p. 40).
Both traditional and non-traditional images are deployed in
“Brindo” to convey the central concern with the mother's influence
98
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration...
on the development of the son/subject. She is associated as usual in
his poetry with spiritual uplift and she teaches the son the value of
patience, “a esperar / acuatizar el canto”. The proverbial strength
of the mother's smile is also a characteristic that is celebrated: “brindo
por el abasiago / como la risa más bonita / de mi mama”. Here the
association of the mother's smile with symbols of male Africancentred religious power serves to emphasize the power the subject
draws from her.12 But he also learns lessons from her which are
more usually transmitted in male/male relationships (“fajarme” and
“boxear”). The subject therefore learns his masculinity from his
mother and not “men chosen as masculine models” (CHODOROW,
1978, p. 176). Not only does this reinforce the absence of the father
but it also mythifies the mother whose execution of multiple roles in
the upbringing of the son make her larger than life13.
Machado's construction of the mother from a perspective of
socialist orthodoxy might very well raise several problems for some
feminist approaches to motherhood. One way of reading these poems
might be to suggest that the alignment of Jacinta with the nation and
the inscription of her as the embodiment of virtue and benevolence
undermine her subjectivity as a woman. Certain strands of black
feminist criticism might find Machado's idealization of black
motherhood particularly problematic. The invariable appearance in
his work of the mother as an inordinately strong, self-sacrificing,
and miracle-working figure corresponds with the attitude of unbridled
sanctification of black motherhood which is often denounced in the
work of black feminist critics14. In this regard the representation of
Jacinta and Yemayá as mentors who inspire and empower the poet/
worshipper/son could be read as an Afro-Caribbean version of the
traditional European pattern of male dependence on a goddess or
maternal figure as muse. This notion of a maternal source of
inspiration, what Erich Neumann refers to as the “inspiring anima”
(NEWMANN, 1972, p. 295), has been the focus of much critique in
feminist literary theory and practice15.
I prefer to read the poems as texts that enrich the dynamics
of Cuban literary culture by retrieving stories of the anonymous, the
jul./dez. 2005
99
Conrad James
obfuscated and the disavowed and inscribing them once and for all
into the society’s history. Defying anonymity, Jacinta is both
inspiration and agent. More importantly as “poeta” and
“dicharachera” she also has the power of the word. Thus in the
poetic universe of Eloy Machado language, dialogue and political
solidarity are not semanticized in terms that exclude women. Instead
they are imaged as emanating from a mother-centred/woman centred
culture.
Notas
1 Interview with the author. Havana, 2000.
2 Interview with the author. Havana, 2000.
3 Born in abject poverty, Machado's early life was extremely difficult and this led
him to commit several petty crimes for which he was jailed on a number of
occasions, both as a child and as an adult. Interview with the author op.cit. See
also Efigenio Ameijeiras Delgado's “Prólogo” to Camán lloró and the introduction
to Machado's Poesía VI (1989).
4 See Granma N.7, November 20, 1977, p. 6.
5 “Arache” is a Yoruba term which is used to refer to ominous experiences. “Féferes”
is a “cubanismo” which means food.
6 The image of the mother with “lápiz y libreta” is probably a reference to the
massive literacy campaigns which were initiated, both in rural Cuba and in the
urban slums, soon after the revolution came to power. To a large extent, this
project involved young people teaching the older generation to read. See
PAULSTON, Rolland G. “Education”. MESA-LAGO, Carmelo (Ed.).
Revolutionary Change in Cuba. 1970, p. 375-97.
7 “I am the way the truth and the life, no man cometh unto the father but by me”.
St. John 3. 16.
8 According to Stanlie James othermothers are those who assist blood mothers in
caring for their children. They might be blood relatives but are also very often
friends or “supportive fictive kin”. This arrangement was prevalent in slave
society where children, often separated from their biological mothers, were
brought up by “othermothers”. See JAMES, Stanlie. “Mothering. A Possible
Black Feminist Link to Social Transformation?”. JAMES, Stanlie, and BUSIA,
Abena P. A. (Eds). Theorizing Black Feminisms.1993, p. 44-54.
100
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
“Brindo por mi mamá”: Eloy Machado Pérez and the Celebration...
9 The “pomarrosa” is a beautiful plant that grows wild in Cuba.
10 The “marímbula” is a base instrument which consists of metal keys mounted on
a wooden box. It derives from a set of African hand-held instruments known as
“mbira”. See MANUEL, Peter. Caribbean Currents: Caribbean Music from
Reggae to Rumba. 1995, p. 36.
11 An “ebbó” is a ceremony within “santería” (also referred to as “regla de ocha”)
which allows initiates to exorcize themselves of evil spirits. Ebbós can be
performed by non-initiates of the religion as well. See BOLÍVAR ARÓSTEGUI,
Natalia. Los orichas en Cuba. 1990, p. 175.
12 “Abasiago” is a term used within the “abakuá” society, an all-male African
religious society in Cuba, to refer to the supreme god of the mythology on
which the society is founded.
13 Symbolized by Edith Clarke's 1957 anthropological text My Mother who
Fathered Me this is a stereotype which prevails in the discourse on black
mothering in the Caribbean.
14 The debates concerning motherhood in black feminist scholarship are far too
extensive to be reproduced here. However, Patricia Hill-Collins comments below
are emblematic of the intellectual will to de-mythify black motherhood. “Despite
the fact that these portrayals by black men might be well intentioned, an
Afrocentric feminist analysis is needed to debunk this image” (HILL-COLLINS,
1990, p. 117).
15 According to Mary DeShazer, for example, “Although the poet is typically
portrayed as being possessed by the muse it is he who possesses her”
(DESHAZER 1986, p. 2). Irrespective of the psychological motives for the
male poet's invocation of the female as muse, DeShazer claims that it is “an act
of appropriation and control” as his poetic production necessitates the
consumption of “her creative energy into himself”(p. 2).
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BOLÍVAR ARÓSTEGUI, Natalia. Los orishas en Cuba. La Habana: UNEAC,
1990.
CHODOROW, Nancy. The Reproduction of Mothering: Psychoanalysis and the
Sociology of Gender. Berkeley: University of California Press, 1978.
CLARKE, Edith. My Mother who Fathered Me. London: Allen and Unwin, 1957.
DESHAZER, Mary. Inspiring Women: Reimagining the Muse. New York:
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jul./dez. 2005
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JAMES, Stanlie. “Mothering— A Possible Black Feminist Link to Social
Transformation?”. JAMES, Stanlie; BUSIA, Abena P.A. (Eds.). Theorizing Black
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LUIS, William. “Entrevista a Elio Ruíz”. Afro-hispanic Review. Spring, 1994, p.
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MACHADO, Eloy. Camán lloró. La Habana: UNEAC, 1984.
MACHADO, Eloy. Jacinta ceiba frondosa. La Habana: Letras Cubanas, 1991.
MACHADO, Eloy. Por mi pura. La Habana: Letras cubanas, 2003.
MANUEL, Peter. Caribbean Currents: From Rumba to Reggae. Philadelphia:
Temple University Press, 1995.
NEUMANN, Erich. The Great Mother: An Analysis of the Archetype. Princeton:
Princeton University Press, 1972.
PAULSTON, Rolland. “Education”. MESA-LAGO, Carmelo (Ed.). Revolutionary
Change in Cuba. Pittsburgh: University of Pittsburgh Press, 1971, p. 375-397.
102
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce
Pullés
María Zielina
California State University-Monterey Bay
Resumo
A presencia de Dulce Pullés em diversos festivais de poesia hispano-americana
como o ocorrido em Cartagena, Colômbia, em dezembro de 2003, mostra o impacto
e a popularidade desta escritora cubana. O propósito deste trabalho é analisar dois
de seus poemas, “Com licença” e “Diálogo”, em cujas tramas se entretecem a
riqueza fornecida pelos patakines Yorubas aos sincretismos religiososs da ilha com
o desejo de meditar sobre os mecanismos da criação. Estes poemas reúnem
características próprias do movimento de poesia afro-cubana das décadas de quarenta
como a inclusão na trama de elementos de identidade cultural e étnica e jogar com
as possibilidades de desalojar, deslocar as proposições “clássicas” do que é poesia,
assentado-os nos espelhos raciais e culturais que oferecem as crenças sincréticas
tão populares na ilha de Cuba.
Palavras-chaves: Dulce Pullés, Diálogo de Amor, Identidade
Resumen
La presencia de Dulce Pullés en los diversos festivales de poesía hispanoamericana,
como el que se llevó a cabo en Cartagena, Colombia en diciembre del 2003 hablan
del impacto y popularidad de esta escritora cubana. El propósito de este trabajo es
analizar dos de sus poemas de la corriente afrocubana, “Con licencia” y “Diálogo”
* Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em setembro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p.103-118, 2005
103
Maria Zielina
en cuyas tramas se entretejen la riqueza que prestan los patakines yorubas a los
sincretismos religiosos de Cuba con el deseo de meditar sobre los mecanismos de
la creación. Estos poemas reúnen características propias del movimiento de poesías
afrocubanas, de la década de los cuarenta, como son las de incluir en la trama
elementos de identidad cultural y étnica, y jugar con la posibilidad de desalojar,
dislocar las proposiciones “clásicas” de lo que es poesía, asentándolos en los
espejos raciales y culturales que ofrecen las creencias sincréticas tan populares en
la isla.
Palabra claves: Dulce Pullés, Diálogo de amor, Identidad
Absctract
The purpose of this article is to analyze two of the poems of Dulce Pulles, a Cuban
woman writer who is practically unknown outside Latin America. However, her
presence in many poetry festivals such as in the VII Festival de Poesia, in Cartagena,
Colombia, reveals that her work has found many followers and admirers. Some of
the characteristics that we can notice in Pulles’ poetry are intimacy and a wish to
detach herself from some of the violence and despair that lately offers Latin
American literature. Both elements are present in these two poems, “Con licencia”
and “Diálogo,” written in the 1990’s, in which the rich and diverse output of
Cuban identity, wonders of the Yoruba’s patakies, meditation on folk arts and
writer desire are revealed.
Keywords: Dulce Pullés, Diálogo de amor, Identity
***
Dinamismo y color en las imágenes, religiosidad simbólica en
el atributo a las deidades africanas, orgullo ilimitado en su
ascendencia étnica, musicalidad en la introducción de los rezos,
sencillez en los giros poéticos, éstos son sin duda algunos de los
rasgos que mejor describen la obra de Dulce Pullés Méndez. Ella,
es una nueva voz en la poesía cubana que se mueve con soltura
tanto dentro de la tradición lírica como la erótica o afrocubana.
Nació en Santiago de Cuba y se confiesa gran admiradora de Cesar
Vallejo; vive apartada del bullicio de los que se dan a conocer a
través de viajes y conferencias en el extranjero. Sus poemas nacen
104
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés
en su vieja casa en la ciudad de La Habana, de donde sale para
pasear por las empinadas calles de Santiago de Cuba o desembarcar
en Guanabacoa o Matanzas y recordar el pasado sentada en los
sillones de mimbres que amueblan las casas de muchos famosos
santeros y babalaos de Guanabacoa y Matanzas. A veces, como
irritada Penélope escudriña las aguas atormentadas que golpean el
sufrido pero indestructible Malecón habanero y medita con sonrisa
de madonna africana sobre la abierta contradicción de escribir a
solas y con todos, muda y elocuente, el diálogo amoroso que entre
“machete y miel” se produce en la isla antillana1.
Durante la lectura de este diálogo étnico-amoroso que se
presenta o se reunen en lo versos de Pullés podemos distinguir cuatro
corrientes temáticas entretejidas, vinculadas con discursos de tipo
cultural y estéticos, las que ofrecen imágenes de tramas diversos.
Esta imágenes son a veces de carácter personal o instigadoras de
lo que se concibe como identidad social, cultural, étnica, y otras de
carácter fragmentado, divulgador de ideas o textualizadoras de lo
que se concibe como práctica letrada en cuanto a cómo crear un
arte poético. Estas corrientes son la amorosa, temporal, afrocubana2
y la de homenaje. Dentro de la corriente afrocubana se percibe una
especie de subdivisión interior que incluye poemas de identidad
propiamente dicho, como resultan ser “Ache tambor”, “Motivos de
ser”, “Diálogo”, “Nostalgia africana”, “Zarabanda y “Pasos y
toques”. Entre los de la línea amorosa tenemos “Plegaria”, “Sostén,”
“Extasis”, y “Germinal”; dentro de la temporal podríamos citar
“Batahola del tiempo,” y “Fuera del tiempo” y entre los de
dedicatoria, “Como música en el tiempo,” “Madrigal para un
caminante,” y “El Príncipe enano”. Estos dos últimos poemas están
dedicados a José María Heredia y José Martí, poetas a los que
Pullés admira desde pequeña.
En este trabajo me limito a presentar mayormente dos poemas
de la corriente afrocubana, “Con licencia” y “Diálogo,” los cuales
reunen características propias del movimiento de poesías
afrocubanas, como son las de incluir en la trama elementos de
identidad cultural y étnica, y jugar con la posibilidad de desalojar,
jul./dez. 2005
105
Maria Zielina
dislocar las proposiciones “clásicas” de lo que es poesía, asentándolos
en los espejos raciales y culturales que ofrecen las creencias
sincréticas tan populares en la Isla. “Con licencia”, el lenguaje
cifrado, perfilador de espacios mágicos, locales, habla de semejanzas,
sistematizaciones, entre el arte de forjar una escultura y el arte de
escribir un texto, los cuales a su vez son transnacionales.
En la región circuncaribe el término “con licencia” es una
frase socio-cultural, que logró formar paralelismos de connotaciones
diversas durante el sistema de clase esclavista. Si una de esas
connotaciones hablaba de paralización la otra hablaba de avance; si
una era involuntaria la otra no lo era; si una hablaba de actos
indignantes la otra enfatizaba el decoro; si una buscaba la sombra
la otra la luz; si una acusaba lo reprimido, la otra lo liberado. La
razón fundamental para el paralelismod entre estas connotaciones,
está enraizada en la historia del Caribe, un mundo de dislocaciones,
sincretismos, símbolo de configuraciones en cuanto a las relaciones
que existieron entre esclavistas y esclavos, catálogo de coexistencia
étnicas y culturales.
Históricamente y atendiendo al sistema de la plantación
esclavista, que se desarrolló en Cuba mayormente en el siglo XIX,
la frase “con licencia” indicaba por parte del esclavo sumisión y
respeto hacia sus amos; indispensable para obtener permiso para
llevar a cabo un acto determinado o para entrar o salir de un lugar,
y no pocas veces, su último resorte para contrarestar la ira del
dueño o la ama celosa cuando estos se hallaban de mal humor,
irritados por deudas que se les echaban encima o embriagados, tras
una noche o varios días de festejos. Por lo tanto, “con licencia” fue
una frase impuesta, la cual anticipaba una segunda parte, la de “sí
mi amo” y producía un efecto negativo en aquel que la pronunciaba,
ya fuera éste un esclavo doméstico o rural, pues lo hacía sentirse
inferior, infantilado, incapacitado. El propósito que albergaban los
amos, autoridades y otros al demandar el uso de la misma era el de
recordarle al otro, al esclavo, que era un sujeto privado de derechos,
al servicio del otro, subalterno y quizas hasta “malo”. Pero como
106
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés
oferta libre e impuesta por el amo y las circunstancias, la frase
también cobró , además de las anteriores otras connotaciones; ella
era utilizada por los esclavos como máscara eficaz mediante la cual
lograba escapar del escudriñamiento a que estaba sometido
diariamente. Careta capaz de ocultar el gesto de rebeldía que se
revelaba en los ojos del esclavo que aspiraba huir de la hacienda,
velo que ocultaba la mano dispuesta a aferrar el machete vengador;
antifaz que disimulaba las palabras masculladas por entre los los
labios apretados de una boca que deseaba escupír el resabio.
“Con licencia” es pues, dentro del sistema de la plantación,
una frase dolorosa que nos habla de la relación forzosa y trágica
que existió entre esclavos y amos. Pero por ser una frase sociocultural, adaptada, martirizada, mojigangada, la misma posee también
otro tipo de connotación, la místico- religiosa, pues está entretejida
con las creencias yorubas presentes en la Isla. En este caso, con
licencia, indica que la persona que la profiere, en este caso un
creyente de la Regla de Ochá (Osha), Santería, está pidiendo
protección; está en busca de un aliado sobrenatural y poderoso,
fuera de este mundo, capaz de perdonarlo o ayudarlo. Es parte de
un saludo y los creyentes de la santeria la usan para dar muestra de
reverencia y acatamiento los mandatos de los orishas. A esta
connotación esóterica de la frase es a la que se refiere Pullés en su
siguiente poema, titulado, “Con licencia”.
Con Licencia
Pieza: Eggún
Salvando bejucos y guisasos,
con la acción del golpe,
allá lejos, sobre unos lomazos redondos,
te saqué del monte.
Fue noche silenciosa que se llenó
de sábanas
de miradas de estrellas, de sudorosos cuerpos
de llantos y besos.
En tanto ...
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Maria Zielina
te esculpí de imágenes a talle de difuntas
con pelos y huesos
que no se inmustian como los malinches
que no son de virulentos animales del otro mundo,
porque eres Ikú benévolo
que guardas el secreto
de los tallos vivos.
Octubre 1993
En este poema lo primero que llama nuestra atención es el
título, en parte ontológico, reflexionador de un pasado y observador
de una forma de ser, y luego el pleno reconocimiento por parte de la
escritora de que el poema sería dedicado a una pieza específica
llamada “Eggún”, la cual estaba en el proceso de ser tallada por un
escultor, amigo de la escritora. Pero, una vez leído el título, nos
cabe preguntar ¿A quién, de qué y por qué pide licencia el hablante?
Las respuestas a estas preguntas nos los da el hablante en los
primeros versos, en donde leemos “saltando bejucos y guisasos”, y
“te saqué del monte”. El hablante está pidiendo permiso al monte,
reino de Osaín (San Silvestre), lugar donde crece todo tipo de plantas
sagradas, y por lo tanto su entrada al mismo obedece a un criterio
mágico, responde a un designio. Mediante este saludo-permiso se
acepta lo sobrenatural, lo inexplicable, el carácter mágico y la esencia
animista del monte.Pero este saludo no deja de expresar un cierto
temor; un temor enraizado en la fe y en los sentidos; pues al aceptar
el hablante que el monte es el recinto propio de orishas, divinidades,
espíritus ancentrales, buenos y malos es aceptar que el “saltarlos”,
evadir, ignorar a cualquiera de ellos es “jugar con fuego”. El hablante
ha decidido entrar en un territorio a una hora vedada, pues es de
noche, como veremos más adelante, y esto le puede acarrear
consecuencias desastrosas, males inesperados, castigos de algún
tipo. El hablante se está arriesgando pues su conducta puede
despertar el enojo de alguna de las deidades del monte, quienes
continuamente emprenden nuevos pactos, celosos de las alianzas
entre dioses y hombres, tal y como sucede en el olimpo griego.
108
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés
Dentro de la Santería o Regla Ocha, el monte está considerado
como un recinto mágico, un lugar sagrado, el cual debe ser respetado
y a la vez temido. Este lugar está lleno de orishas, deidades, los
cuales a veces residen en arbustos, bejucos, árboles, piedras, ojos
de agua, lagunas, copas de árboles, etc. Los orishas generalmente
están representados bajo la forma de palos, piedras y caracoles y
por esa razón los crentes afirman que cada guisaso o bejuco, por
ser “brujero”, es propiedad de algún orisha. Precisamente sobre
este dinamismo religioso entre monte, como recinto sagrado y el
creyente, nos escribió Lydia Cabrera en su libro El monte, en donde
leemos.
Árboles y yerbas, en el campo de la magia o en el de la medicina
popular, inseparable de la magia, responden a cualquier
demanda. […]Para el pueblo cubano, comenta Cabrera, “las
plantas curan porque ellas mismas son brujas”, […] Toda
calamidad tiene su antídoto o preventivo en algún palo o
yerbajo... Un “palo”—musi o nikunia nfinda—, un espirítu
nos ataca, y con otro nos defiende el brujo. [Estos palos] causan
un bien o un mal según la intención de quien los corta y utiliza
(CABRERA, 1993, p. 21).
Si atendemos a estas observaciones que hiciera la etnóloga
cubana, el título del poema cobra entonces, junto a su significado
semántico de permiso o sumisión voluntaria, cualidades de conjuro
mágico, que al hablante le sirve tanto de saludo como de escudo y
del cual se vale para protegerse. Al mismo tiempo este saludo,
colocado como puerta del poema, tiene el objetivo de remitirnos a
la cosmogonía yoruba. Primero, a la figura de Osaín, considerado
como el dueño de las yerbas y la vegetación y segundo, a la de
Elegguá, orisha poderosísimo por tener el atributo de ser dueño de
todos los caminos3. A su vez, el nombre de la pieza, “Eggún” nos
remite al orisha de ese mismo nombre, el cual representa no sólo el
“espíritu de los muertos,” los antepasados africanos muertos del
creyente en otros tiempos y lugares, sino también el espirítu de los
jul./dez. 2005
109
Maria Zielina
difuntos que fueron iniciados por el mismo padrino, o guía espiritual
del creyente. Por ser representante del espíritu de los antepasados
Eggún es uno de los orishas más venerado y respetado, del panteón
yoruba y durante las ceremonias a él se le dedican los primeros
ritos.
Por lo tanto, esta invocación-permiso revela cierto temor por
parte del poeta lo que puede ser explicado de la forma siguiente.
Primero, éste ha decidido buscar un sólo orisha, Eggún, haciendo
caso omiso de los demás, actitud que puede ser tomada como signo
de orgullo, liviandad o ignorancia, y segundo, su acción de sacarlo
de su vivienda natural, el monte, (“te saqué del monte”) revela
egoísmo e intromisión, por lo menos. Ambas acciones pudieran ser
indefendibles a los ojos de los orishas. Si continuamos elaborando
sobre estos primeros versos y atendiendo a la cosmogonía de la
Regla Ochá, este temor que revela el poeta no es infudado pues se
basa en los sentidos, en el miedo a lo desconocido, lo sobrenatural.
Aunque Eggún es un orisha que representa la conexión afectuosa y
positiva que los creyentes mantuvieron con familiares ya difuntos, a
los que se les ve como guardianes afecuosos aún despues de
muertos, este orisha es temido por su conexión con cementerios y
muertos. Esto se debe a la influencia que dejaron en la imaginación
del creyente los cuentos, anécdotas, y toda clase de supersticiones
que con respecto a campos santos, cadáveres, espantos, etc.trajeron
consigo y diseminaron los sacerdotes católicos y esclavos africanos.
Por ese motivo, muchos seguidores de estas creencias están
convencidos de que los eggunes de personas muertas y malvadas
pueden ser manipulados para causar el mal, y de que no todo los
babalawos, tienen la capacidad o el poder de desarmar, neutralizar,
exorcizar, la influencia maléfica de los mismos. Por esa razón se
recomienda no pedir la protección de aquellos familiares que hayan
tenido una vida turbulenta o disoluta, aspecto que se trae más adelante
en el poema.
El tono mágico o irreal que acompaña la acción física del
golpe y la reacción de los testigos nos los traen al poema los versos
de la segunda estrofa: “Fue noche silenciosa que se llenó / de sábanas
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés
/ de miradas de estrellas, / de sudorosos cuerpos / de llantos y besos.
Esta descripción de la entrada del hablante al monte, ewe para los
adeptos, indica que éste está consciente de la presencia de Echu
Alágbana, una de las manifestaciones, caminos, de Eleguá, el cual
es el jefe de los Eggúngún, a quienes dirige con un látigo y representa
el infortunio. El papel de Alágbawánna, nombre con que también se
conoce a dicho orisha, es el de castigar a los irresponsables y a los
burlones que se adentran en el monte, pues le gusta esperar a sus
víctimas apostado en parajes oscuros e inhóspitos y sorprender a
los mismos. La prueba de que la invocación—saludo del título, “con
licencia”, ha sido efectiva en cuanto al desarmamiento de dicho
orisha y de que el hablante ha ganado la benevolencia de los otros,
nos vienen señalados por la alusión a la noche, la cual no ha sido
alterada.Es decir, a pesar de que el hablante había incurrido en
vaias faltas, como la de entrar al monte en horas de la noche, y
momento ideal para que Echú Alágbana lleve a cabo sus hazañas,
ésta permanece amiga. Ella se había llenado de “estrellas”, “besos”,
“llantos”, “sábanas”, y “sudorosos cuerpos”, elementos que
corresponden a la cotidianidad nocturna de los orishas, los que
normalmente se entregan y se conducen de esta manera cuando no
están enfrascados en discordias, o rivalizando con otros.
Al leer estos versos se hace patente el deseo de Pullés de
reproducir la concomitante manifestación que existe entre las
“raíces” de donde nace el Ikú final, la escultura de madera y el Ikú
de palabras, lenguaje. Ambas nacen de la memoria, de las creencias
y leyendas, del mito y por eso el esquema generador del nacimiento
del orisha está presentado de acuerdo a la memoria ascentral pero
impregnado del devenir germinal del mito, la leyenda religiosa. De
acuerdo a ese esquema y respetando las hitorias o patakíes acerca
de este orisha, Ikú, la muerte, se crea de un tallo; es decir se hace
conforme a la conocida tradición africana de que el espíritu de un
muerto es personificado en un palo, pero su maduración espiritual
como objeto físico es una escultura y un poema.
La última estrofa de la poesía nos habla de la escultura en sí,
e ilustra la intensidad de los sentimientos del hablante frente al Ikú
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Maria Zielina
creado. Es una imagen que le satisface pues en ella se fundan la
imaginación y el anhelo personal, y como el resto del poema, dicha
imagen, figura, habla de la organización, sistematización que se lleva
a cabo dentro de todo proceso creativo. En el verso “/ te esculpí
de imágenes a talle de difuntas/,” la escultura obedece a la
imaginación tanto del hablante como del artista, y en ésta se concretan
las imágenes concebidas a través del tiempo; están hechas de sueños,
experiencias. El verso, por lo tanto, habla de continuidad y reverencia.
Los siguientes versos, “ / con pelos y huesos / que no se inmustian
como los malinches / que no son de virulentos animales del otro
mundo,/ porque eres Ikú benévolo/ que guardas el secreto / de los
tallos vivos/,” completan la formulación de continuidad que se
expresaban en la primera, pero añade otro elemento muy importante,
y que pone al descubierto la aspiración de todo artista: el deseo de
que su obra sea eterna, de que su Ikú no se “inmustie como los
malinches”. Y leemos: “En tanto... / te esculpí de imágenes a talle
de difuntas / con pelos y huesos / que no se inmustian como los
malinches / que no son de virulentos animales del otro mundo,/ porque
eres Ikú benévolo/ que guardas el secreto / de los tallos vivos”.
Otra vez, el hablante nos hace retornar al sistema religioso, y
en particular al embó/ ebó, término yoruba que significa sacrificio, y
que se refiere comunmente al proceso de inmolar animales
domésticos, u ofrecer comidas especiales en honor de los orishas.
En la práctica, el embó es uno de los procedimientos al que acude el
sacerdote con el objetivo de apoderarse de la esencia anímica de
una persona o de aliarse con espíritus malignos para obtener algo, y
por lo tanto sirve para hacer el mal o el bien. Por estar relacionado,
en la mayoría de los casos, exclusivamente con los cultos de tipo
lucumí y con el oráculo su carácter es mas bien egoísta, personalista,
pues se busca satisfacer algún tip de deseo. La eficacia del embó
depende de la fé que ponga en dicho embó tanto el sacerdote como
el creyente.
El embó al que se refiere el hablante responde a una búsqueda
definida; él anhela que este sacrificio satisfaga a Ikú, y por eso
enfatiza que los ingredientes, “pelos” y “huesos”, no proceden de
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés
“virulentos animales del otro mundo”. Esto coincide con el
planteamiento original del título y el de las estrofas, que es la de
honrar a un orisha determinado. Al específicarse que el embó no
tiene elementos indignos, pues los ingredientes proceden de animales
limpios, sanos y no malévolos, el hablante le hace saber al Ikú que
sus intenciones son buenas. Se enfatiza que éste ha hecho todo lo
posible por evitar que en esta ofrenda tomaran parte o influyesen
los eggunes, espíritus malos, los que podrían estar “amarrados” a
esos animales. Los dos últimos versos, “/ porque eres Ikú benévolo/
que guardas el secreto / de los tallos vivos/”, toman carácter de
plegaria, la que comunmente está a cargo de sacerdotes y dichas
con qon el fin de que el embó surta efecto.
Este sacrificio—ofrenda juega metafóricamente en el poema,
pues Ikú está creado de un palo de monte, al que se le ofrecen
ofrendas por representar el espíritu familar, y de ahí su deseo de
alimentarlo, pero las descripciones del embó es también alimento
para el ikú literario que se nos rinde en el poema. Este último, el ikú
literario es a su vez es metafóricamente una ofrenda al Ikúescultura. El proceso fantasmórico, irreal y mágico que se persigue
al hablar del Ikú, deidad que dispone de la vida, del destino de los
que están entre la vida y la muerte, y el temor a las acechanzas de
Echú Alágbana, se logra en el poema a través de vocablos como
monte, bejucos, guisasos, estrellas, besos y silenciosa vis a vis llantos,
malos, pelos, huesos, difunta y virulentos.
Podríamos decir, al final de la lectura de este y otro poemas
pullesianos que éste es un poema que se inventa a sí mismo, y a
través de él, la poeta cubana pone al alcance del lector el mecanismo
de la creación. Mediante este mecanismo la poeta ha logrado
presentar la figura tallada y crear el poema, hablar de la práctica de
la creación literaria. Por ser un texto creado para festejar la figura
visual, tallada por las manos del escultor, tenemos que el lenguaje y
las variantes religiosas con que nos topamos desde la inaguración
del poema, están utilizadas para rescatar de la marginalidad y de la
exclusión tanto al artista de figuras afro-religiosas como la pugna
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Maria Zielina
entre lo bueno y lo malo que envuelven las creencias sincreticas
caribeñas, como la Regla de Ochá. Por ese motivo, el título, “Con
licencia” y el epígrafe, “A una pieza Eggún”, refuerzan el deseo de
acertar tanto en el elogio admirativo hacia el artista como en la
empresa de dar a conocer las raíces de la figura. De ahí que cada
palabra conlleva un contexto metafórico de cualidades ritualísticas,
haciéndose del lenguaje un performance ritual y de autosacrificio,
“en honor a la pieza”. El lenguaje es la sangre-metafórica que
alimenta el poema, y una vez que están asentada las premisas,
título y epígrafe, surge la necesidad de darle a la creación, el referente
cultural religioso. Este referente se halla en el relato mítico-religioso
de “cómo se crean los dioses”, pero como todo nacimiento especial,
único, se tienen que seguir determinadas reglas, tales como la de
obtener el permiso de otros dioses, ofrecer un sacrificio a Ikú, la
muerte, y saber seleccionar el momento de la germinación, en este
caso, la noche. La culminación de esta ceremonia es el objetoescultura-poema y la proclamación de la transformación cultural,
de una figura malévola a una benévola. Esta transformación se
inscribe en la realidad del hombre común, el que mediante la fe es
capaz de dar un significado propio, personal, único a una figura,
leyenda, diferente a las que éstas hubieran tenido originalmente.
Diálogo
Mira mi negro
te saco lasca
te meto raspa
te lijo el cuero
te amanso el pelo
te miro negro
y eres mi abuelo.
Sácame lasca
méteme raspa
líjame el cuero
amansa el pelo
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés
yo soy el abuelo
de tu bisabuelo.
Agárrate negra,
siéntate ya
yo soy Francisco
pancho o Tomás
Tu bisabuelo
lo tengo atrás!
Sácame lasca
méteme raspa
líjame el cuero
amansa el pelo
yo soy el abuelo
de tu bisabuelo.
El poema que hemos citado arriba, y vamos a analizar a
continuación se titula “Diálogo”, el cual está compuesto de cuatro
estrofas con versos en su mayoría pentasílabos. Como poema de la
vertiente afrocubana, “Diálogo” continúa tanto la tradición oral
africana como la lírica española, y ha sido estructurado en base a
los principios del paralelismo y la repetición. En la trama y en las
imágenes que se traen para su composicón evidenciamos el placer
que le origina al hablante el reconocer la fuerza de los lazos culturales
y étnicos que lo atan a tres generaciones, tatarabuelo, bisabuelo, y
abuelo. Leemos, “/ Mira mi negro / te saco lasca / te meto raspa / te
lijo el cuero / te amanso el pelo / te miro negro / y eres mi abuelo /
Sácame lasca / méteme raspa / líjame el cuero / amansa el pelo / yo
soy el abuelo / de tu bisabuelo/ ”. No hay contrastes, ni desilusiones
en cuanto a las expectativas del hablante, quien ve a sus familiares
como figuras intercambiables, llenas de amor, símbolos de
posicionamientos históricos y socio-culturales
La presentación de la trama nos recuerda los poemas de
Nicolás Guillén, pues hallamos esa búsqueda de afinidad física,
resistencia y ritmo que caracterizó los poemas sones guillenianos.
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Maria Zielina
Como en Guillén, cada una de las estrofas termina en una especie
de verso-estribillo que sirve para redondear los elementos sensoriales
que se nos presentan. Los vínculos de los que nos habla el hablante
con los familiares generan correspondencias de realidades,
desembocan en el espacio de ideas o anécdotas que unen el pasado
y el presente. Leemos, “/ te miro negro / y eres mi abuelo / ...yo
soy el abuelo / de tu bisabuelo / ... / Tu bisabuelo lo tengo atrás!...
/yo soy el abuelo / de tu bisabuelo /”. En estos mismos versos
observamos también una especia de autoeducación en la que no
puede leerse ningún tipo de ambiguedades en cuanto a la identidad
del hablante, cada uno de los abuelos se materializa en el otro.
Las experiencias que tiene el hablante de vivir en una sociedad
racista, en donde los individuos son clasificados acorde con el color
de la piel y la textura de los cabellos se revelan en los versos, “te
amanso el pelo,” y “te lijo el cuero.” Sin embargo, esta experiencia
negativa de la que se nos habla en los anteriores versos se ven
borrados por el gesto de reconquista de su identidad, en su
inconformismo frente al intento de separación entre el bisabuelo
que vino de Africa, y el abuelo criollo, nacido en América. La sombra
del racismo no le seducen, y se ve retratado en cada una de las
generaciones: “/te miro negro / y eres mi abuelo/ ... / yo soy
Francisco / Pancho o Tomás / Tu bisabuelo lo tengo atrás!/”.
El uso de la forma imperativa en “Tu bisabuelo lo tengo atrás,”
“agárrate negra”, “sácame raspa” y otras semejantes, le sirve al
poeta para controlar el tono y el espíritu del poema. No hay ni renuncia
ni reprensión. Todo el poema expresa un referente concreto, el
tatarbuelo, repetido en el bisabuelo y éste en el abuelo, y así
sucesivamente, y esto hace que el poema se diferencie un tanto de
otros poemas afrocubanos, tales como “El apellido” o “La canción
del bongó”, de Nicolás Guillén, por ejemplo, en los que la
enumeración de nombres africanos vis a vis españoles, y la noción
de que “siempre falta algún abuelo” confieren a dichos poemas un
elemento de discontinuidad y de perdida. En el poema de Pullés no
observamos dichos elementos, no hay resabios por el nombre
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Frente a la poesía cubana de hoy: dos textos de Dulce Pullés
impuesto, sino concientización de una identidad negra y de una
identidad ganada y preservada de generación en generación; no
hay asomo de rupturas. Para cada una de las “lascas” y “raspas”
que se efectuén a través del tiempo, siempré habrá otra lasca, un
“atrás” un bisabuelo, un tatarabuelo, un abuelo para el hablante del
poema.
Como en otros poemas afrocubanos, “Dialogo” también revela
una estrecha relación con la música popular como lo ejemplifican
las frases “sácame lasca,” méteme raspa” o “líjame el cuero”. Estas
frases han formado parte del vocabulario festivo popular cubano y
son empleandos pormuchos músicos y cantantes de música popular
cubana cuando tocan o remedan instrumentos músicales tales como
el güiro, tumbadoras, guitarras, con el propósito de que los mismos
respondan a la intencionalidad de estribillo o canción. En esta
poesía como en otras la construcción de la identidad del hablante
es el trama que se enfatiza en el poema, y la cercanía con el otro,
los familiares que se conocieron o no se presenta por la interconexion
entre etnicidad y cultura y todo el poema respira una atm’osfera de
intimidad y orgullo, uno de los leitmotif entramados en toda la poesía
de Dulce Pullés.
Notas
1 Todas las alusiones a la obra de Pullés proceden de copia de sus poesías originales,
enviadas por la escritora y de las que dispongo. La escritora tomo parte en el VII
Festival Internacional de la Poesía que se celebró en Cartagena, Colombia en
2003. Toma parte con regularidad en el Festival del Caribe, que se efectúa en
Santiago de Cuba, Cuba. En los Estados Unidos la obra de Pullés es totalmente
desconocida.
2 Utilizo la terminología “afrocubana” con fines esencialmete metódicos para
compararlos con aquellos poemas que bajo tal terminología aparecieron cuando
se publicaron los primeros poemas-sones de Nicolás Guillén y otros escritores
cubanos.
3 Osaín, llamado también Ossain, está sincretizado con San Antonio de Abad y
San Silvestre. Elegguá o Elegua se sincretiza con el Niño de Atocha, San Antonio
de Padua y el Ánima Sola. Tiene un perfil ambiguo que se presta a la magia, tiene
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Maria Zielina
infinidad de caminos, patakíes, representaciones, dentro de la Regla Ochá.
Bibliografía
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Muito além das fronteiras do século XIX: política
internacional em Martí e Sarmiento no limiar do
século XXI
Dinair Andrade
Faculdade UPIS/Universidade de Brasília
Resumo
O cubano José Martí (1853-1895) e o argentino Domingo Sarmiento (1811-1888)
refletiram e atuaram, também, no âmbito da política interamericana e procuraram
explicitar, cada um a seu modo, distintas conexões, finalidades, causalidades e
outros temas de política internacional, enfatizando, principalmente, aspectos das
relações entre os Estados Unidos e a América Latina.
Estes intelectuais, ao tentarem dar inteligibilidade à posição ocupada por suas
respectivas pátrias de nascimento no contexto da política internacional do
Continente, produziram reflexões presentes em conceitos de enorme influência no
limiar do século XXI, como globalização, regionalização, integração, liberdade,
democracia, justiça, dentre outros.
Palavras-chaves: Martí, Sarmiento, Relaciones Internacionales
Resumen
El cubano José Martí (1853-1895) y el argentino Domingo Sarmiento (18111888), además de escritores, trabajaron en el ámbito de la política interamericana y
buscaron explicitar, cada uno a su modo, distintas conexiones, finalidades,
* Artigo recebido em agosto e aprovado para publicação em outubro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 119-142, 2005
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Dinair Andrade
causalidades y otros temas de política internacional, enfatizando, principalmente,
aspectos de las relaciones entre Estados Unidos y Latinoamérica.
Estos intelectuales, al intentar aclarar la posición ocupada por sus respectivos
países de origen en el contexto de la política internacional del Continente, produjeron
reflexiones presentes en conceptos de gran influencia en los umbrales del siglo
XXI, como la globalización, regionalización, integración, liberdad, democracia,
justicia, entre otros.
Palabras claves: Martí, Sarmiento, Relaciones Internacionales
Abstract
José Martí, Cuban (1853-1895), and Domingo Sarmiento, Argentine (1811-1888),
were authors who both wrote and acted in the field of interAmerican politics.They
tried to make clear, each one in his own manner, the distinct connections, aims and
causes of international politics, among other subjects, with especial focus on the
relations between the United States and Latin America.
In their efforts to understand the true status of their motherlands in the
continental politics, these two thinkers offered reflections which underlie concepts
such as globalization, regionalization, integration, freedom, democracy, justice,
among others of great import at the turn of the XXI century.
Keywords: Martí, Sarmiento, International Relations
***
José Julián Martí y Pérez (Cuba, 1853-1895) e Domingo Faustino
Sarmiento (Argentina, 1811; Paraguai, 1888) dedicaram parte de sua
atuação e de sua produção intelectual à política internacional na
América, dando inteligibilidade às distintas conexões entre os diversos
Estados americanos e, mais enfaticamente, entre os Estados Unidos
e a Hispano-América. Neste particular, as relações internacionais
do século XX revelaram, claramente, conteúdos temáticos do pensar
martiano e sarmientino, motivando-nos a apresentar esta
comunicação no II Simpósio Internacional do Caribe no Brasil, na
cidade de Goiás (GO), de 10 a 12 de julho de 2002.
Martí e Sarmiento perceberam, com nitidez, duas entidades
distintas, compartilhando a geografia do Novo Mundo: os Estados
120
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional...
Unidos e a Hispano-América, ou seja, uma América Anglo-Saxônica
e uma América Espanhola. Essas duas entidades se diferenciavam
pela diversidade das culturas pré-colombianas, pela distinta formação
histórica das respectivas metrópoles colonizadoras, pelos diversos
processos de colonização, dentre outros elementos de diferenciação.
Martí descobriu, principalmente durante sua estada nos Estados
Unidos, que a Hispano-América deveria construir as suas próprias
alternativas políticas, econômicas e sociais; Sarmiento encontrou,
nos Estados Unidos e na Europa, modelos políticos, econômicos e
sociais para as antigas colônias espanholas do Novo Mundo. Martí
contestou, duramente, a posição de Sarmiento francamente favorável
à norte-americanização da América Espanhola. Sarmiento idealizava
a sociedade industrializada, que representava para ele a “nação
culta”. Nessa perspectiva, entende-se que o Ocidentalismo, contrário
ao enaltecimento da terra como ela era, consistia, precisamente,
em atrair a modernização para a Hispano-América.
O publicista cubano fazia julgamento severo, não
compartilhado pelo intelectual argentino, dos Estados considerados
avançados e rejeitava a idéia de que a civilização possuía o direito
natural de dominar regiões e povos por ela intitulados bárbaros.
Martí não aceita a posição de Sarmiento de tomar como
civilização aquilo que é imposto a ferro e fogo, incluindo importação
de instituições e hábitos próprios de outras realidades. Desde a
juventude, quando foi condenado a trabalhos forçados em Cuba,
por haver participado da Conspiração de 1868 em defesa da
independência da sua Pátria (MARTÍ, 1, 1963, p. 45-76), Martí
manifestou-se a favor de pontos fundamentais, cuja vigência não
se pode contestar. A pesquisadora Jean Franco reafirma: “Siempre
iba a permanecer fiel a esta idea de que la vida humana es sagrada,
de que el hombre tiene derecho a la libertad y de que por la libertad
vale la pena sacrificar la propia vida” (FRANCO, 1993, p. 118).
Sarmiento, à sua maneira, defendeu o direito à liberdade e à dignidade
do homem. Aludiu à criação futura de um tribunal para julgar os
povos, numa clara antevisão da criação de organismos internacionais
como a Organização das Nações Unidas, ou talvez um dos seus
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Dinair Andrade
seis órgãos principais, o Tribunal Internacional de Justiça, sediado
em Haia, ou ainda, a Organização dos Estados Americanos. “No
está léjos el dia en que haya un alto tribunal formado por el congreso
de las naciones civilizadas del mundo, adonde puedan hacer valer i
respetar sus derechos los pueblos débiles. Pero miéntras no llega
este caso, nuestro primer cuidado debe ser alejar, por el perfecto
conocimiento del derecho internacional positivo, cuanta ocasion haya
de colisiones con las potencias grandes” (SARMIENTO, II, 1909, p.
226)1.
As rupturas surgidas no século XX, provocando desordens e
novas ordens no cenário internacional, fizeram evidentes algumas
permanências que perpassam o sistema em geral e o interamericano
em particular. Estas permanências, na verdade, representam o
substrato cultural que subsidia, num movimento subterrâneo de longa
duração, as relações internacionais e caucionam o sistema que
condiciona as diversas formações sociais no Ocidente. Esta acepção
decorre da análise em que se tem presente um conjunto de estruturas
que interagem segundo uma lógica organicamente dialética; as
composições e recomposições do conjunto substanciam as
permanências para vivificar a sua dinâmica e, sobretudo, fazer
perdurar a correlação das forças sociais numa conjuntura histórica.
Neste momento, assinalamos e discutimos as permanências, tanto
martianas quanto sarmientinas, que, pela oportunidade e justeza das
observações e análises, foram inclusas no espólio da cultura ocidental
e hoje sobrevivem nas entranhas da globalização, regionalização,
integração, liberdade, justiça, democracia, etc. O ideário de Martí
está sendo incluído numa corrente de pensamento que denominamos
genericamente de Autonomista e o de Sarmiento na de Ocidentalista.
A corrente Autonomista, geralmente, manifesta-se nos
programas políticos de matiz socialista ou socializante, e, ainda que
paradoxal, em programas políticos de tendência fascista, nas suas
mais distintas modalidades. (Aqui interessa-nos tão-somente a
teorização de Martí que se inscreve numa reflexão Autonomista
genérica e não questões históricas particulares como aquela espécie
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional...
de autonomismo paraguaio, diríamos, à época de Solano López). A
corrente Ocidentalista tem-se apresentado em alguns programas
políticos de caráter conservador. Cumpre, entretanto, assinalar que,
na prática política, encontram-se, em realidades históricas singulares,
num mesmo grupo de poder, tendências Autonomistas e
Ocidentalistas, que se manifestam conforme as circunstâncias e as
contingências. Um líder latino-americano dos nossos dias, de
tendência Ocidentalista, comprometido com a globalização da
economia, poderá, por exemplo, reivindicar o fim do preconceito
racial no seu país e até argumentar que o preconceito ali manifestado
difere daquele compartilhado por outros povos, como os norteamericanos, por exemplo.
Movimentos étnico-sociais de minorias, lutas políticas à base
de guerrilhas e movimentos artísticos e literários claramente inseridos
no Autonomismo não obstruíram, no entanto, o Ocidentalismo que
se fez presente no ordenamento e impulso do tecnicismo, da
proficiência na produção e no alcance premeditado de resultados.
A constante preocupação tanto do Autonomismo quanto do
Ocidentalismo, segundo os seus conceitos e instruções particulares,
é a valorização e o desenvolvimento da realidade social. Estas
correntes podem caminhar, às vezes, em direção adversa aos
segmentos sociais que, no exercício do poder, conduzem e manipulam
a sociedade. Os conceitos do Autonomismo e do Ocidentalismo
latino-americanos não se cristalizaram e se sepultaram no mostruário
dos oitocentos, pois a sua sobrevivência deve-se à não completa
superação das contradições sociais, políticas, econômicas etc. que
lhes deram pertinência e razão de ser. Ou seja, o processo histórico
que os engendrou não concluiu o ciclo de suas realizações. O
movimento modernista na América Latina, nas primeiras décadas
do século XX, a despeito de haver sido proposto na Europa, foi uma
explícita manifestação de Autonomismo, afiançando a imersão em
uma outra autonomia, o Nacionalismo (AMORES, 1995, p. 55-77),
corrente que, nas realidades das composições econômicas, foi
adquirindo outros conteúdos com específicas orientações políticas,
chegando a resguardar os mercados nacionais das investidas dos
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Dinair Andrade
produtores estrangeiros. Face às obstruções que ocorreram no
ordenamento sócio-político, o século XX latino-americano assistiu,
em diversas regiões e momentos, às ações de caráter autonomista,
perpetradas por grupos guerrilheiros como o Sendero Luminoso
(Movimento revolucionário peruano), Tupamaros (Movimento
Nacional de Libertação do Uruguai).
Ainda na América Latina, manifestações de autonomia podem
ser encontradas nos movimentos étnico-sociais de minorias,
evidenciando um aumento considerável dos grupos organizados em
defesa do desenvolvimento da consciência negra, indígena, “gay”,
dentre outros. Quando se editam medidas governamentais de caráter
impopular ou como tal interpretadas—privatizações e reformas
estruturais, por exemplo2—, o sentimento nacionalista, contido e
encoberto por algumas lideranças nacionais latino-americanas, vem
sempre à tona, através de movimentos populares, ora mais ora menos
expressivos. Na verdade, estes movimentos quase sempre retratam
uma busca de identidade que oscila entre elementos originários
desestruturados e elementos alienígenas inadaptados. Observa-se,
igualmente, em quase todas as sociedades latino-americanas,
experiências autonomistas nas artes, no cinema e no “folklore”,
que, contendo em si elementos de identidades nacionais, revelam,
às vezes, uma clara opção pela reivindicação da cultura hispânica3.
Entrementes, o Ocidentalismo tem-se apresentado com
insistência igual à do Autonomismo. O início do século XX fez-se
acompanhar, na América Latina, das inovações científicas e
tecnológicas vividas na Europa. Aquelas inovações abarcaram
distintos aspectos da vida do homem. No entanto, enquanto na
Europa era crescente o número de pessoas que se beneficiavam
com as mudanças, na América Latina, pelo contrário, um reduzido
contingente humano desfrutava daquelas contribuições da cultura
ocidental. É notória, por exemplo, a restrição do uso dos meios de
transportes ferroviários, telégrafos, iluminação a gás etc. no circuito
latino-americano. Deve-se ressalvar que as aspirações das
conquistas tecnológicas latino-americanas reservaram-se às
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional...
indústrias norte-americanas e européias não-ibéricas, com um
conseqüente desdém pela herança hispânica, sem se dar conta de
que, ao lado desta, estava aquela “que os homens que fizeram a
Independência quiseram” (POMER, 1983, p. 14).
O processo de apropriação e exploração foi análogo em todas
as partes da América Latina. Na prática, as novas fontes de
matérias-primas e os amplos mercados consumidores justificaram
a atuação de países europeus e dos Estados Unidos no continente,
pois, à época, esta era a lógica dos investimentos dos países centrais,
ou seja, assegurar a remuneração ampliada do capital por meio da
privatização dos mercados periféricos. Os Estados Nacionais da
Hispano-América, neste contexto, passaram a produzir os artigos
de interesse dos Estados centrais e de suas indústrias em expansão:
guano (Peru), trigo (Argentina e Chile), produtos pecuários (Uruguai,
Argentina), salitre e cobre (Chile), estanho (Bolívia), petróleo
(Venezuela, Peru, México), milho e batata (Equador) (LÓPEZ, 1986,
p. 83-88). Nesse processo, na primeira metade do século XIX, os
Estados Unidos conseguiram incorporar ao seu território quase dois
terços do espaço geográfico do México e os franceses, na segunda
metade, se fixaram no território mexicano com a efêmera monarquia
de Maximiliano de Habsburgo4.
Os Estados centrais valeram-se, não raras vezes, de diversos
expedientes, inclusive bélicos, para derrubar, em muitas regiões, as
resistências de certos setores de alguns Estados hispano-americanos
às manifestações de dominação disfarçadas de Ocidentalismo.
Chama-se a atenção para o fenômeno do intervencionismo norteamericano na América Latina especialmente após 1880—revestido
por um caráter de missão civilizadora, de dever de levar o progresso
e a ordem aos povos “inferiores”—e a dramaticidade dos
movimentos de resistência em Estados como Cuba, Colômbia,
Panamá, Nicarágua, Haiti, México, etc. (LÓPEZ, 1986, p. 103-116). A
escalada ocidentalista que, no final do século XX, comemorou o
quinto centenário, iniciou-se com os grandes descobrimentos
marítimos e geográficos. Adam Smith comentou, a propósito, que
“A descoberta da América e a de uma passagem para as Índias
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Dinair Andrade
Orientais pelo cabo da Boa Esperança são os dois maiores e mais
importantes eventos registrados na história da humanidade” (SMITH,
II, 1985, p. 100). Este processo da conquista européia do mundo, que
ainda se encontra em plena vigência, está agora sob o controle das
antigas colônias inglesas da América do Norte. No quadro geral da
conquista européia do globo, encontra-se, também, a monarquia
japonesa, que foi incorporada ao núcleo das sociedades
industrializadas. A inserção do Novo Mundo no universo sócioeconômico ocidental modificou profundamente as relações
econômicas entre os diversos Estados da Europa. Na teoria, tanto
o Novo quanto o Velho Mundo deveriam beneficiar-se com o intenso
intercâmbio que entre eles ocorreu. Na prática, o resultado foi bem
distinto. “Na época específica em que se realizaram tais descobertas,
aconteceu que a superioridade de forças estava a tal ponto ao lado
dos europeus, que estes puderam cometer impunemente toda a sorte
de injustiças naquelas regiões longínquas” (SMITH, II, 1985, p. 101).
O exemplo do Haiti é significativo. Situado no Caribe, foi
uma das mais opulentas possessões européias. Em 1789, quando a
França estava no alvor da hegemonia burguesa, o Haiti detinha três
quartos da produção mundial de açúcar e era o maior produtor
mundial de café e algodão. Com os seus 450.000 escravos
proporcionou à França um quantum insofismável de riqueza na
consolidação do domínio burguês. Hoje, em contrapartida, o Haiti
encontra-se em estado de miséria e pobreza profundas, sendo o
desespero a face singular da região (AZEVEDO; HERBOLD, 1986, p.
71-78)5. Nesta escalada, uma conquista permanente e renovada do
Novo Mundo pela Europa, o Ocidentalismo contemporaneamente
inscreve-se com os seus produtos e serviços nos mais sofisticados
mecanismos da engenharia econômica (tecnologia das
comunicações, avanços da informática etc.) e, para assegurar a
tragédia que em substância traz consigo, abastece arsenais bélicos
e se utiliza dos governantes latino-americanos, quase sempre alheios
aos interesses, às necessidades e à dignidade das sociedades que
representam. O enfrentamento Norte-Sul tornou-se mais acirrado
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Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional...
na medida em que o século XX foi-se findando. A submissão do Sul
intensificou-se nos últimos anos, sobretudo, na América Latina e na
África, que constituem as duas regiões mais diretamente vitimadas
pelo processo de expansão européia. As estatísticas mostram que,
dos anos sessenta para cá, duplicou-se a distância entre ricos e
pobres, em decorrência da prática de uma política neoliberal imposta
às colônias tradicionais pelos países industrializados, que, a despeito
da intensa apologia ao mercado livre são mais protecionistas hoje
que há uma década. Embora fazendo crítica ao anacrônico
Mercantilismo, os neoliberais valem-se do “ghost” do Estado
intervencionista, a mão invisível que orienta as relações econômicas.
Naturalmente, as medidas protecionistas praticadas pelos países
industrializados condicionam a veiculação das mercadorias dos países
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento e, sobretudo, criam e
ampliam “lócus” econômicos que, sem procederem de fato
concorrências pontuais, remuneram os investimentos com taxas
inalcançáveis nos seus países de origem. Esta realidade não deixa
de ter ingredientes da reforma econômica proposta por Sarmiento,
quando presidente da Argentina, para quem a economia deveria
estar fora do controle governamental. E, neste caso, o sistema
econômico, ajustado às leis naturais, teria completa liberdade para
se desenvolver (SARMIENTO, VI, 1909, p. 364-368; X, 1896, p. 303-323;
XIII, 1896, p. 81-107; XVII, 1898, p. 200-209).
Tem-se estudado e documentado, exaustivamente, a
desarticulação econômica dos países pobres em decorrência,
principalmente, da atuação econômica agressiva dos países ricos.
A despeito do sofrimento dos países do Terceiro Mundo em virtude
da crescente miséria, há, todavia, nesses países, setores que se
beneficiam com este “status quo”. Estes setores reduzidos e
privilegiados endossam as políticas neoliberais que os enriquecem
embora devastem os seus países. Mesmo nos próprios Estados
industrializados, a sociedade tem se mostrado insatisfeita. Na França,
a vitória das esquerdas nas eleições parlamentares de 1997
documenta a desaprovação pela sociedade da política econômica
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adotada até então6. A Europa, na sua contínua edificação, desenvolve
um processo de extensibilidade econômica que é um fenômeno
inseparável da luta que se verifica entre os Estados que a constituem
e entre os segmentos particulares no interior de cada Estado. Os
múltiplos segmentos sociais que compõem os Estados europeus,
em diversos momentos, foram, e continuam sendo, derrotados e
saqueados pelos seus respectivos Estados. Nesta luta, os resultados
são desiguais em virtude das possibilidades e limitações de cada
sociedade. Algumas, em decorrência de uma luta constante, podem,
inclusive, conservar e ampliar direitos básicos. A globalização aporta
novos mecanismos para expropriar os grandes setores do próprio
país ao redirecionar a inversão e a produção para regiões onde a
repressão é maior e os salários menores.
A idéia de progresso que, tanto na perspectiva martiana
quanto na sarmientina, representa um aspecto destacado da
contemporaneidade dos seus autores, compõe a base dos seus
respectivos projetos de reconstrução da Hispano-América. “En
cuanto tal configura una identidad futura, un ‘llegar a ser’”(ÍÑIGO
MADRIGAL, II, 1992, p. 65). Todavia, a globalização atual da economia
se apresenta como um processo de difusão de um modelo que
certamente nem Martí nem Sarmiento desejariam para os hispanoamericanos: de um lado, a concentração de enormes privilégios para
pouquíssimos; de outro, a extensão da miséria para os demais
(BROWN, 1993). Os grandes conglomerados internacionais estão
deslocando para regiões atrasadas as suas indústrias, visando redução
de custos por meio de isenções fiscais, incentivos dos governos
locais, baixos salários etc. Neste quadro, vislumbra-se, num futuro
muito breve, a ampliação de parques industriais no México, na
Argentina e em outros países da Hispano-América.
Nos países ricos e pobres, a década dos sessenta caracterizouse por um crescimento numérico da participação popular e das
reivindicações dos mais distintos setores da sociedade. Ainda que
não possamos creditar a organização da sociedade e a exposição
de suas idéias e interesses como expressão acabada de uma
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional...
ordenação política democrática, foi um fenômeno que representou
conquistas alcançadas e registradas nas agendas governamentais.
No entanto, nos anos setenta, os segmentos sociais dominantes
entenderam que ocorrera uma crise na democracia e elevaram as
suas vozes conclamando que a ordem dependia do retorno dos
estratos recém-mobilizados à sua condição anterior. Ou seja, as
conquistas porventura alcançadas7 precisavam ser acondicionadas
nos limites do “establishment” para que recuperassem a credibilidade
dos agentes investidores internacionais. Esta redisposição da
engenharia política facilitou a criação e a ampliação da produção
em áreas mais convenientes e mais adequadas aos interesses dos
grandes conglomerados. O capital, nos últimos anos, tem tido maior
mobilidade e menos restrições legais, ficando mais distante dos
controles de parlamentos, bancos centrais e de outras instituições
que, de alguma maneira, refletem interesses da opinião pública8.
No que concerne ao controle da opinião pública, deve-se
recordar que à grande maioria das pessoas oculta-se a informação
por meio da manipulação dos dados e fontes e a ignorância que
permeia a sociedade secunda os ocultamentos. O desconhecimento
aumenta no que diz respeito aos temas decisivos para a vida em
sociedade. Não se está, pois, muito distante do sentido orwellano
de democracia: para que os governantes tenham menos problemas,
o público deverá estar sempre disperso, desatento e imiscuído na
ignorância. Esta afirmação tem antecedentes e há muito que se
tenta inviabilizá-la ou corroborá-la enquanto instrução governativa
(ORWELL, 1976).
A transparência das administrações governamentais constitui
um capítulo da História Política. E, neste sentido, os intelectuais,
desde as revoluções democráticas do século XVII na Inglaterra,
têm emitido os seus pontos de vista sobre o que se chamou de
multidão rebelada. Estes pontos de vista oscilam desde o extremo
libertário até o extremo autoritário. No primeiro caso, encontra-se
John Locke, sustentando que o cidadão deveria ser informado dos
assuntos públicos. Todavia, não poderia discuti-los, muito menos
participar da administração do Estado. De forma mais amena, a
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questão é colocada, na atualidade, pelo intelectual progressista norteamericano Walter Lippmann. Para ele, uma reduzida elite de homens
responsáveis deve deter o poder decisório. Apenas nestas condições,
assegura Lippmann, uma democracia poderia funcionar bem. O
público em geral não pode ultrapassar a sua condição de mero
espectador do processo político9. Ou deve apenas comparecer, em
algumas sociedades com caráter obrigatório, aos pleitos eleitorais
para legitimar, com o voto, o processo de escolha política. Martí
também acreditava que a sociedade deveria ser esclarecida a
respeito dos problemas que lhe diziam respeito. A propósito da
Conferência Monetária das Repúblicas da América, reunida nos
Estados Unidos em 189110, mencionou que a sociedade norteamericana deveria estar ciente do que estava por detrás daquele
debate monetário. E sentenciou: “En la política, lo real es lo que no
se ve” (MARTÍ, 6, 1963, p. 158).
No segundo caso, não se reserva ao público sequer o direito
de ser informado. Estamos diante do que se convencionou
denominar de extremo autoritário. Aqui, não se admite nem que o
cidadão seja informado do que fazem os seus dirigentes políticos.
Mantém-se o bloqueio da difusão das informações sobre o governo,
inclusive de conteúdos referentes às décadas anteriores. Nas
presentes estruturas de poder, entrevemos os dirigentes
aproximarem-se do extremo autoritário, se tivermos por paradigma
a participação dos cidadãos na vida política do seu Estado. A despeito
da veiculação de um discurso em nome da transparência, os
governos, continuamente, insistem no impedimento da participação
e conhecimento do público dos seus atos e decisões. Têm sido muito
pouco esclarecidas as ações de personalidades políticas ou setores
do poder de diversos Estados, envolvidos em escândalos fartamente
divulgados por grandes periódicos latino-americanos. Para dar
eficácia a esta tendência, a função policial dos governos do Terceiro
Mundo amplia-se consideravelmente, controlando os trabalhadores
e outros segmentos da sociedade para permanecerem invulneráveis
às demandas sociais, enquanto as empresas estrangeiras obtêm a
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional...
satisfação dos seus interesses. “Para que el club de los hombres
ricos pueda gobernar el mundo con eficacia en función de los
intereses de sus miembros, hay que mantener a la chusma en el
lugar que le corresponde: en el Sur, hombrienta y reprimida; en el
propio país, aislada y distraída” (CHOMSKY, 1994, p. 25-26). Sarmiento,
embora em temporalidade histórica distinta, igualmente idealizava
e defendia o princípio iluminista segundo o qual o governo deveria
garantir a todos os homens uma livre e igual oportunidade econômica.
No entanto, reiterava a necessidade concreta da manutenção da
ordem, sem a qual, a liberdade seria impossível e as leis naturais da
economia, ineficazes11.
A globalização, tornando “anacrônico o Estado-nação e
quimérica a soberania” (CERVO; DÖPCKE, 1994, p. 437), gerou uma
situação em que as sociedades interagem como se constituíssem
um mesmo organismo, fenômeno antevisto por Sarmiento: “Con la
civilizacion se va haciendo el mundo tan uniforme, que ya nada
sorprende al viajero en las costumbres de los pueblos”.
(SARMIENTO, I, 1909, p. 12). Nos últimos quarenta anos, muitas
mudanças ocorreram em todo o Norte, especialmente nos Estados
Unidos. Na verdade, se o Quinto Centenário dos Grandes
Descobrimentos Geográficos tivesse ocorrido em 1962, a sua
comemoração teria tido, certamente, em virtude da conjuntura
daquele período, uma conotação de libertação do Novo Mundo.
Entretanto, em 1992, em decorrência daquelas transformações, muito
mais culturais e morais que institucionais, isto foi completamente
impossível. A propósito destas reflexões, Chomsky chama a atenção
para o conteúdo de um documento da administração republicana do
Presidente George Bush (1989-1992), vazado quando do início do
ataque, por terra, ao Iraque (1991). O texto insistia que, em se
tratando de conflito com inimigos mais fracos, ou seja, do Terceiro
Mundo, os Estados Unidos deveriam atuar de forma rápida e
terminante (CHOMSKY, 1994, p. 38). Pode-se fazer, neste caso, uma
alusão a Sarmiento, que via em Solano López a barbárie e na Guerra
da Tríplice Aliança contra o Paraguai um movimento que se
prolongava indevidamente. O embate deveria ter fim imediato,
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pensava. Em virtude disto, o presidente argentino, num gesto de
menosprezo à oficialidade das forças armadas do seu país e dos
demais que integravam o pacto militar platino, tentou contratar, nos
Estados Unidos, um general que fosse capaz de colocar um fim no
conflito12.
A denominada crise da democracia, de fato, preocupou muito
as elites ocidentais nos anos sessenta. A crise foi muito explícita.
“El fermento de esa década llegó a círculos mucho más amplios en
los años siguintes, aportando una nueva sensibilidad frente a la
opresión racista y sexista, una preocupación por el medio ambiente,
respeto por otras culturas y por los derechos humanos” (CHOMSKY,
1994, p. 39). Em virtude destas preocupações, verificam-se as ações
dos diversos movimentos internacionais de solidariedade com o
Terceiro Mundo, que atuaram nos anos oitenta, com manifestações
sem precedentes, pela vida e destino de grandes contingentes
humanos. Estes movimentos assustam e desagradam aos grandes
empresários, sendo considerados perigosos e contrários à ordem
estabelecida. Tais movimentos de solidariedade muitas vezes
representam uma esperança singular para um expressivo contingente
da população mundial.13 A propósito da solidariedade, referindo-se
a Martí, Vilma Espín escreveu: “En la medida que avanzamos hacia
el porvenir se agranda la fuerza inspiradora de su espíritu
revolucionario, de sus sentimientos de solidaridad hacia los demás
pueblos...”14. No que se refere ao indivíduo, o intelectual cubano
afirmou, num discurso que se tornou conhecido pela expressão “Con
todos y para el bien de todos”, pronunciado no Liceo Cubano de
Tampa (Florida, USA), em 26 de novembro de 1891: “Yo quiero
que la ley primera de la república sea el culto de los cubanos a la
dignidad plena del hombre” (MARTÍ, 4, 1963, p. 270).
As sociedades avançadas e industrializadas do Ocidente
advogam e difundem uma interpretação da História Contemporânea
centrada em dois pontos fundamentais. O primeiro explicita a
convergência da História Contemporânea a um ideal de democracia
liberal e de mercados livres, que materializam definitivamente a
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Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional...
liberdade humana. O segundo indica que as sociedades acabaram
de emergir de uma luta cósmica onde os ideais da democracia liberal
e dos mercados livres foram vitoriosos. Estas interpretações, todavia,
não são referendadas pela realidade. Aliás, poder-se-ia dizer que
estas interpretações se propõem a contrariar ou a redirecionar o
que a formação social apresenta de fato concreto. O ponto de vista
mais sustentável parte de outro nível de argumentação. Nas
sociedades avançadas do Ocidente tem ocorrido um declínio da
democracia e dos mercados livres na medida em que o poder se
concentra, cada vez mais, nas mãos dos setores privilegiados. No
curso da História humana, a prática da liberdade e da democracia
tem sido sempre considerada como uma ameaça e uma oposição à
ordem estabelecida. A seu turno, os mercados têm representado o
instrumento controlador das sociedades e dos Estados. Na prática,
são os mercados que preservam as suas riquezas e os seus
privilégios15.
No âmbito da História Política, o termo democracia é utilizado
sob diversos pontos de vista e significados. Aqui, o termo é
empregado em duas concepções bem distintas. Numa delas,
democracia é a possibilidade de generalização da participação
significativa da população na administração da coisa pública. As
elites empresariais consideram a democracia, nesta acepção, como
uma forte ameaça à preservação da ordem. Assinale-se que a
democracia, neste sentido, passa por um processo de desgaste na
atualidade. Na outra concepção, em direção oposta, o vocábulo
democracia tem a conotação de controle ideológico ou controle
doutrinário. A sociedade é considerada democrática quando nela
imperam os processos empresariais. As questões são avaliadas e
decididas por uma cúpula. A participação das massas é um elemento
estranho e inoportuno. Estas oposições estavam presentes no âmbito
das primeiras revoluções democráticas ocorridas na Inglaterra
durante o século XVII. Um princípio básico tomou corpo no seio
daquelas revoluções e pode ser decodificado através da idéia da
manutenção da massa submetida e reprimida.
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Na teoria e na prática políticas da atualidade, este princípio
está presente. Ele sobreviveu ao tempo e às diversas experiências
políticas. À idéia de massa está associado o sentido de ignorância e
estupidez. Está associado, ainda, o sentido da barbárie sarmientina
(SARMIENTO, VII, 1896). O poder e a influência nas mãos da massa
é o indicativo de desastre para quem controla o poder e o privilégio.
Esta concepção foi levada aos Estados Unidos pelos “Pilgrim
Fathers”. Estes, imbuídos desta concepção de democracia,
defendiam o ponto de vista de que o país deveria ser governado e
administrado pelos seus proprietários e em benefício deles, posto
serem homens dotados de virtude e bom senso (MORISON;
COMMAGER, I, 1950; ASSIMOV, 1994). Numa fase inicial, na colônia,
os “Pilgrim Fathers” representaram uma aristocracia da propriedade
comercial e rural. Posteriormente, nos séculos XIX e, principalmente,
no século XX, aquela antiga aristocracia transformou-se na elite
empresarial de uma nova e pujante sociedade industrial. Na verdade,
permanece, com algum refinamento e com pouca variação, aquela
concepção de democracia fundada na atuação do pequeno número
de homens virtuosos. Para aprofundar esta análise política, retomase Walter Lippmann, com suas duas classes de cidadãos numa
democracia de sociedade industrial. De um lado, os “homens
responsáveis”, que constituíam um grupo pequeno, cujo dever era
administrar e dirigir a sociedade. Do outro, o “rebanho desorientado”,
que representava o público em geral, sempre violento e perigoso.
Deste, os “homens responsáveis” deveriam se proteger. Segundo
Lippmann, as duas classes de cidadãos existentes numa democracia
possuía, cada qual, função específica. Os “homens responsáveis”
dirigiriam as instituições numa democracia e não num Estado
totalitário. Já o “rebanho desorientado” representava os
espectadores sem participação nas ações. No máximo, apoiava,
através de eleições periódicas, os membros do grupo dirigente. Nada
mais.
Numa sociedade livre, torna-se muito difícil para o Estado
utilizar a força para obter o controle social, pois a conquista da
liberdade esteve, no decorrer do tempo, vinculada a uma constante
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e árdua luta popular. O controle social, na maioria dos casos, se
concretiza através da manipulação da opinião pública. Os Estados
Unidos, por exemplo, utilizam muito do poder de persuasão da
propaganda. A elite empresarial, que é um grupo muito bem
estruturado, conhece a eficácia e a oportunidade desse expediente16.
A Guerra Fria que se seguiu à Segunda Guerra Mundial atomizou o
Ocidente. Os desvalidos daqueles recontros frustraram-se com as
guerras setoriais na Ásia e, particularmente, com o denodo das
infiltrações ideológicas compulsivas nas mais difusas organizações
sociais. Ao término da década dos sessenta, os levantes universitários
denunciaram a barbárie das repressões que se faziam nas
Academias, como se se quisesse provar que a produção intelectual
era nociva. As reivindicações eram muito diversificadas. Todavia,
interessa-nos, no momento, as ligadas às atividades políticas. Grupos,
os mais distintos, até então passivos começaram a se organizar e a
efetuar as suas reivindicações no âmbito da política e da
administração pública. Nos Estados Unidos formou-se, no quadro
da trilateral—inclusos a Europa e o Japão—um setor liberal
humanitário que preparou um interessante estudo sob a forma de
livro com o título The Crisis of Democracy. Naquele trabalho,
contestou-se o levantamento da chusma nos anos sessenta. O que
foi a crise para o setor liberal humanitário norte-americano do início
dos anos setenta? Uma grave ameaça à democracia (CROZIER,
1975). A crise foi, na verdade, o fato de que uma multidão normalmente
marginalizada (jovens, mulheres, minorias etc.) se organizou e
passou a exigir os seus direitos.
Os controles internos e externos da sociedade atuam sempre
com muita coerência estabelecendo que “los ricos del mundo
gobiernan el mundo; el área de servicio, el llamado Sur, obedece, y
la mayoría de la población nacional obedece también: es decir, los
trabajadores, tanto a escala internacional como nacional, según la
visión de los oficialmente comprometidos con la democracia”
(CHOMSKY, 1994, p. 55).17 Nos Estados militares e autoritários, que
não se preocupam com a chusma, a manutenção da ordem é
garantida mediante o uso da força quando os limites estabelecidos
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começam a ser ultrapassados. Em El Salvador, por exemplo, quando
algum sacerdote ou camponês contraria as normas estabelecidas, a
atuação de esquadrões da morte pode se manifestar (PÉREZ
BRIGNOLI, 1990, p. 133-180). Na Argentina, o presidente Sarmiento,
em 1874, quando da inauguração da Ferrovia do Leste, em
Concórdia, na província de Entre Ríos, revelou, num discurso, a sua
confissão de fé autoritária, mencionando que o seu governo estava
sendo de força, de repressão, e, segundo a teoria americana, um
excelente governo, posto que mantinha a paz e a tranqüilidade a fim
de que as forças impulsivas da ação individual de elite atuassem
livremente e sem nenhum tropeço (GÁLVEZ, 1962, p.1003). Nos
Estados onde há maiores garantias individuais, a manutenção da
ordem é feita por procedimentos mais sutis. Dentre estes
procedimentos, pode-se arrolar o controle do pensamento, que gera
modificação de opinião.
Nos últimos vinte anos, verifica-se uma escalada monumental
da livre circulação do capital, com fluxos mundiais não controlados
pelos Estados de origem. Este mundanismo de capitais ocorre com
muita rapidez e é facilitado em toda a parte do globo onde penetra.
O fenômeno, por um lado, alimenta a globalização da economia;
pelo outro, é uma decorrência de tal globalização. Este processo
pode desindustrializar as sociedades industriais da atualidade, porque
os investimentos se deslocam para os locais de maior interesse do
investidor, ou seja, Estados com alto poder de repressão e salários
baixos, com encargos sociais menores. Tudo que uma corporação
industrial quer. Assim, instaura-se uma espécie de governo
supranacional. Uma entidade governamental paradoxalmente
espontânea, mas intencionada e estruturada, que atua de fato e que
a tudo dirige. E a imprensa financeira internacional considera esta
entidade supranacional como uma “Nova Era Imperial”.18
As discussões em torno do capitalismo liberal são sempre
recorrentes.19 No âmbito mais específico do mercado livre, a História
Econômica tem explicitado as duras lições vivenciadas pelos países
pobres. Aquela disciplina menciona sempre a violação radical, às
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vezes até com o emprego da força, dos princípios do capitalismo
liberal pelos Estados ricos e poderosos. O sistema mais geral tem
funcionado num conjunto de contradições. Enquanto os Estados do
Terceiro Mundo praticam, geralmente, as regras e os princípios do
capitalismo liberal, os Estados industrialmente avançados utilizam,
drasticamente, as barreiras alfandegárias protecionistas. No
Ocidente, a crise soviética foi chamada de desastre. Porém, só o
foi em relação com o que se compara. Faz-se, com muita
habitualidade, um confronto ingênuo entre a Europa Ocidental, livre
e adiantada, com a Oriental, sem liberdade e atrasada. Nada mais
ambíguo. A Europa Oriental e a Europa Ocidental sempre possuíram
as suas especificidades e diferenças. Naturalmente, tornaram-se
ainda mais distintas durante a primeira metade do século XX. A
propósito, recorda-se que o método comparativo, a despeito da sua
importância para a compreensão e explicação dos fenômenos
sociais, apresenta riscos que o investigador deve evitar quando da
sua utilização.20 Há a possibilidade de se efetuarem comparações,
por exemplo, com países similares na primeira metade do século
XX. Apesar de diferentes, as comparações poderão ser, quiçá, menos
equivocadas: Brasil e Rússia, Guatemala e Bulgária, dentre outras.
Confrontos tão distintos oferecerão um quadro bastante divergente
daquele obtido com o cotejo entre a Europa Ocidental e a Europa
Oriental.
Este panorama das tendências atuais focaliza, conforme
comentado, a estruturação de um governo mundial dirigido pelos
ricos e destinado à concretização dos seus interesses. As funções
dos Estados Nacionais circunscrevem a mobilização de recursos
em torno dos bancos e das indústrias e o controle da população
(BAUER, 1979, p. 38-47). Ocorre, outrossim, o crescimento das
empresas transnacionais, que controlarão a economia internacional.
A “Nova Era Imperial” assiste à formação de suas próprias
instituições de governo que, na verdade, traduzem estas novas
realidades econômicas. Estas tendências poderão representar a
desestabilização da democracia na sua substância, a destruição da
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possibilidade de participação da chusma no processo decisório, o
impedimento de a população inteirar-se do que ocorre e, finalmente,
o isolamento ou a atomização da sociedade.21
O intelectual cubano, espírito internacionalista, sonhou com
uma outra globalização, traduzida na união fraterna dos povos: “A
diferencia de Sarmiento y de muchos de sus contemporáneos, Martí
no sentía pesimismo por el futuro de las sociedades multirraciales y
apreciaba la cultura no europea como demuestra, verbigracia, su
descripción de Tenochtitlán en la cual pone de relieve la belleza
plástica de esta ciudad y de la civilización precolombina”22 (FRANCO,
1993, p. 122-123). Martí e Sarmiento, a despeito dos aspectos
particulares que os distinguiram, estiveram em sintonia com as
tendências nacionalistas e regionalistas da época, que, apesar dos
inegáveis traços românticos, procuraram obter um retrato fiel da
Hispano-América, diverso daquele traçado pelos que os precederam.
Devemos ressaltar que a escolha da via ocidentalista ou autonomista
pelos autores que examinamos não decorreu naturalmente de uma
revelação. Não foi, tão pouco, uma opção que se apresentou a cada
um deles em um momento de perplexidade ou êxtase. Na verdade,
cremos, após o exame da obra completa destes autores, que a
escolha das respectivas vias decorreu de contínuas vigílias de
reflexão. A argumentação que desenvolveram em seus escritos
endossa a nossa convicção. Na verdade, Martí e Sarmiento
impuseram-se a tarefa de porta-vozes de uma reivindicação histórica
—a emancipação, inserção e a participação da Hispano-América
nos benefícios oferecidos pela comunidade internacional daquela
época. Tanto um quanto outro trouxeram à luz a proposta segundo
o ordenamento de suas consciências e de suas possibilidades.
Enquanto Martí efetuou a defesa incondicional e intransigente de
princípios como respeito recíproco às diferenças, busca da
convivência mútua, preservação da identidade peculiar de cada povo,
liberdade política e espiritual dos homens, unidade da “Nuestra
América”, não intervenção nos assuntos internos dos Estados,
solução pacífica dos conflitos entre nações, incremento das relações
econômicas e culturais entre os povos “nuestro-americanos”,
138
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional...
Sarmiento, a seu turno, em decorrência de seu projeto de construção
de uma Hispano-América à imagem e semelhança do mundo dito
civilizado, distanciou-se, inexoravelmente, destes princípios.
Notas
1 Ao citar Domingo Sarmiento manteve-se a grafia dos textos produzidos durante
a vigência da reforma ortográfica do espanhol que ele propôs.
2 A política econômica empreendida pela administração do presidente Carlos Saúl
Menem, na Argentina e as orientações econômicas sinalizadas pela administração
do presidente Carlos Salinas de Gortari, no México, são testemunhos do que
afirmamos.
3 Estes elementos culturais foram objetos da análise de Martí no seu ensaio “Nuestra
América”, publicado no t. 6, p. 15-23 de suas Obras completas. Na realidade
este intelectual examinou duas culturas: “la del hombre natural y la del ‘libro
importado’, insistiendo en que la minoría intelectual debía guiarse por la primera
más que por la segunda”. FRANCO, J. Historia de la literatura
hispanoamericana, p. 29. Recorda-se que a miscigenação étnica, o isolamento
das zonas rurais, as diferentes formas da vida social, a concentração das minorias
ilustradas em aglomerações urbanas dispersas etc, garantiram a sobrevivência
de mundos separados por um grande abismo.
4 Sobre esta matéria é recomendada a leitura de MEINING, D. W. The Shaping of
America. v. 2, Continental America, 1800-1867, New Haven, Yale University
Press, 1993.
5 Uma avaliação mais aprofundada pode ser encontrada no trabalho de GRONDIN,
intitulado Haiti: cultura, poder e desenvolvimento.
6 Ver a reportagem intitulada “França guina à esquerda”. Revista Veja, N. 23, São
Paulo, 11 de junho de 1997, p. 30-33.
7 Os movimentos ocorridos em 1968 procederam, na Europa, alterações de ordem
política, sobretudo, nas administrações das universidades e, na América Latina,
ensejaram guerrilhas rurais ou urbanas em alguns países.
8 Sobre a mobilidade do capital financeiro ver DEZALAY, Y. “The Big Bang and
the Law”. FEATHERSTONE, M. (Ed.). Global culture.
9 Destacam-se duas obras de LIPPMANN sobre o tema: Essays in the Public
Philosophy e Public Opinion.
jul./dez. 2005
139
Dinair Andrade
10 Considerada como um prolongamento da Conferência Internacional Americana
(outubro de 1889 – abril de 1890), cujo resultado mais evidente, foi a criação da
União Internacional das Repúblicas Americanas, a referida Conferência
Monetária tinha como objetivo a criação de um sistema monetário
interamericano, segundo as conveniências dos Estados Unidos, onde,
revitalizando-se o bimetalismo, se utilizaria de uma ou várias moedas
internacionais que tivessem curso legal em todos os Estados da América.
11 Ver BUNKLEY. A vida de Sarmiento. p. 386-396. FRANCO, J. Historia de la
literatura hispanoamericana. p. 77, afirma que, segundo Sarmiento, são valores
da civilização: “el imperio de la ley, la organización social y el comércio”.
12 De acordo com GÁLVEZ, M. Biografias completas. V. II: Vida de Sarmiento, p.
934, o jornal “New York Times [itálico no original] se entera y se indigna”.
13 APPADURAL, A. “Disjunction and Difference in the Global Cultural Economy”.
Theory, Culture & Society. New York, N. 7, 1990, p. 2-3.
14 Ver Anuario del Centro de Estudios Martianos, N. 9, 1986, p. 317.
15 REICH. The Word of Nations. PRZEWORSKI. Estado e economia no
capitalismo. Ver, especialmente, a parte III: “O governo do capital”.
16 Ver FEATHERSTONE, M. “Localismo, Globalismo e Identidade Cultural”.
Sociedade e Estado. XI, N. 1, jan.-jun., 1996.
17 CHOMSKY. Op. cit., p. 55. Ver também PRZEWORSKI, M. Op. cit.,
especialmente a parte II: “O governo do Estado”.
18 Ver HOBSBAWM, E. J. A era dos extremos, especialmente, o capítulo “O
Terceiro Mundo”, parte II.
19 Para uma avaliação do quadro econômico do capitalismo liberal dos tempos de
Sarmiento, ver o artigo de Jonathan C. Brown, intitulado “Juan Bautista Alberdi
y la doctrina del capitalismo liberal en la Argentina”, publicado em Ciclos, año
III, v. III, N. 4, 1er semestre de 1993, p. 61-74.
20 Para maiores esclarecimentos examinar entre outros, CARDOSO; HÉCTOR
PÉREZ. Os métodos da história. p. 409-419. KULA. Problemas y métodos de
la historia económica. p. 571-614.
21 Utilizaram-se, nesta comunicação, informações de natureza factual e bibliográfica
da Política y cultura a finales del siglo XX, de Noam CHOMSKY.
22 A menção a Tenochtitlán e a civilização pré-colombiana encontra-se em MARTÍ,
op. cit., t. 18, p. 383.
140
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Muito além das fronteiras do século XIX: política internacional...
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142
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
PARTE II
El poder de la representación: la identidad cultural
en la narrativa del Caribe (Siglos XX y XXI)
Nara Araújo
Universidad Autónoma Metropolitana-México
Resumo
Neste ensaio pretende-se fazer uma aproximação à identidade cultura no Caribe,
conceito de difícil definição devido à unidade diversa das culturas que conformam
o espaço caribenho. Para esse propósito serão estudados textos narrativos de
língua hispânica no contexto de outras narrativas caribenhas para comprovar como
o fenômeno da identidade encontra um lugar na representação literária.
Palavras-chaves: Identidade, História, Narrativa Caribenha
Resumen
En este ensayo se pretende una aproximación a la identidad cultural en el Caribe,
concepto de difícil definición, debido a la unidad diversa de las culturas que
conforman el espacio Caribe. Para ese propósito se estudian textos narrativos de
habla hispana, en el contexto de otras narrativas caribeñas, para comprobar cómo
el fenómeno de la identidad encuentra un lugar en la representación literaria.
Palabras claves: Identidad, Historia, Narrativa Caribeña
* Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em setembro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 145-168, 2005
145
Nara Araújo
Abstract
Caribbean cultural identity is a difficult concept to define, due to the diverse unity
of the cultures grown in the Caribbean world. This paper tries to explore such a
definition through different narrative texts, mainly in Spanish, but also those in
other languages spoken in the area, to reach the conclusion that identity finds a
way of expressing itself in literary representation.
keywords: Identity, History, Caribbean Narrative
***
El son, la prietura y la errancia se postulan como la bandera
del Caribe entero. Una arropadora, histórica, facultada
bandera de tres franjas. ¡Entrañable la una, unitaria la otra
y la tercera amarga!
Luis Rafael Sánchez
De un constante choque de culturas, en ese trópico nació la
cultura caribeña, hija de gallegos, mayas, catalanes, taínos,
andaluces, bretones, celtas, germanos, galos, íberos,
yorubas, congos, ararás y yolofes, y hasta con envidiable
discreción, chinos e indios orientales.
Nancy Morejón
En la primera mitad del siglo XX, la identidad cultural ya era
un gran tema de la literatura del Caribe, y de alguna manera el
exilio, el viaje, el mito, las raíces étnicas y la historia, entre los temas
más significativos, estaban (y aún están) relacionados con él. El
auto-reconocimiento del espacio Caribe comienza a principios del
pasado siglo con Jean Price-Mars y Fernando Ortiz, Jacques
Roumain y Claude Mckay, Nicolas Guillén y Aimé Césaire, un
proceso sostenido por Alejo Carpentier y Lydia Cabrera, Jacques
Stephan Alexis y Wilson Harris, George Lamming, Edouard Glissant
y Kamau Brathwaite, Maryse Condé y Rosario Ferré, entre otros
muchos autores contemporáneos. En este contexto, la reflexión en
torno al papel del negro—la obra de Frantz Fanon, la negritud—,
146
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa...
respondió al peso determinante de la presencia africana en esta
“frontera imperial”.
El reconocimiento de la diversidad cultural—y marcadamente
lingüística—, ha coexistido con la aspiración a encontrar la mismidad,
una suerte de “en-sí”, en ese “mosaico cultural de sociedades que a
través de casi cinco siglos han venido precisando su identidad
histórica”(TOLENTINO, 1979, p. 38). Alejo Carpentier destacó la
diversidad geográfica extraordinaria de los “pueblos que habitan el
mar Caribe”, señalando al mismo tiempo sus elementos comunes;
la presencia de la música, el papel desempeñado por este espacio
como escenario del encuentro entre las razas blanca, india y negra.
El coloniaje, la esclavitud; el intercambio de hombres e ideas durante
las luchas independentistas del XIX¸ ejemplos de lo que Carpentier
llama un “humanismo caribe”(CARPENTIER, 1981, p. 205).
La identidad cultural caribeña es resultante de la identidad
de su historia, lo que no niega la especificidad cultural que distingue
a unos países de otros (BANGOU, 1981, p. 235). La historia de esta
región sociocultural se ha colocado bajo el paradigma de la unidadplural en el cual la economía de plantación ha desempeñado un
factor de homogeneidad, en esta primera esfera colonial de Occidente
fuera de Europa, mientras que la diversidad lingüística y las
especificidades de sus procesos culturales han sido el resultado de
las características respectivas de los distintos sistemas metropolitanos
de conquista, colonización y dominio (colonias de asentamiento o
de enclave), idénticos en esencia pero distintos en sus métodos.
El proceso de independencia política ocurre con un tempo
distinto al de los países continentales no caribeños y a la vez, entre
los países caribeños. Hay otras disimilitudes: la fundación temprana
de universidades en los países de habla hispana y el marcado
“ausentismo” de los colonizadores en los de habla inglesa, así como
la aparición tardía de la conciencia nacional en los territorios de
habla inglesa y su acceso masivo en los años 60 a la independencia;
el sistema neocolonial en los “departamentos de ultramar”, en las
“excolonias” holandesas, y en el “estado libre asociado”, y la
existencia de un gobierno socialista en la mayor de las Antillas.
jul./dez. 2005
147
Nara Araújo
Entre los países de idéntica habla abundan las disparidades: el grado
de desarrollo económico entre Haití, Guadalupe y Martinica (LÓPEZ
MORALES, 2002, p. 215) o del “hispanismo” entre Cuba, Puerto Rico
y República Dominicana, por ejemplo (MARIÑEZ, 1989, p. 31).
La aspiración a una concepción unitaria del Caribe es un
fenómeno del siglo XX, como lo es la existencia del Caribe como
valor literario (PORTUONDO, 1975, p. 82). En las primeras décadas
del pasado siglo se logran las primeras reuniones para discutir
problemas comunes de los países de la región y a lo largo de la
centuria, poetas, narradores y ensayistas proponen diversos modelos
interpretativos: real-maravilloso (Carpentier), negritud (Césaire),
mestizaje (Guillén), y más recientemente, antillanidad (Glissant),
creolización (Brathwaite), creolidad (Chamoiseau). Esfuerzos que
encontraban sus antecedentes en las definiciones de una identidad
nacional, como la de Jorge Mañach (el choteo) para Cuba, o la de
Antonio Pedreira (el insularismo) en Puerto Rico, por ejemplo.
De los años 50 data la preocupación por encontrar un
concepto unificador desde el saber académico (RODRÍGUEZ, 1983,
p. 15), y en los 70 y 80, este saber alcanza mayor visibilidad en los
intentos de eliminar la distancia entre el Caribe de habla hispana
(estudiado sobre todo como parte de la literatura hispanoamericana
y luego latinoamericana) y los otros Caribes, así como entre el Caribe
insular y el continental. En los años 90, la discusión sobre la identidad
cultural del Caribe participa del clima posmoderno en el cual se
desestabiliza el viejo (¿viejo?) anhelo de totalidad propio a la
modernidad. En la era apologética del fragmento, del fracaso de los
meta-relatos, de la crisis del concepto de estado-nación, y de las
migraciones acuciantes—nada nuevas para el espacio Caribe—,
así como del consecuente debilitamiento de los bordes y fronteras
discursivos, algunas interpretaciones de este espacio revelan la
impronta del posestructuralismo, los estudios culturales y los estudios
poscoloniales.
El espacio Caribe es epítome de lo poscolonial, por su
condición de periferia de la periferia, por su resistencia a los ejes
del poder, por la originaria subversión del sujeto colonial, en el interior
148
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa...
del discurso eurocéntrico (Caliban feliz de poseer el lenguaje de
Próspero, para maldecirlo; Antoinette dándole fuego al castillo de
Rochester), por presentar sitios de enunciación de discursos
diferenciados, que encuentran en la cultura, una zona ideal de
resistencia. El espacio Caribe es materia idónea para los estudios
culturales por ser voz híbrida en la cual lo escrito y lo oral, lo culto y
lo popular, se entremezclan entre reticencias y arrojo. Desde el
posestructuralismo se la ha podido concebir como una identidad
rizomática, una identidad-relación (GLISSANT, 1992, p. 211), en que
nada se puede reducir a lo Único, pero tampoco a lo múltiple o
como isla que se repite en tropismos, en series, como metaarchipélago que no tiene ni fronteras ni centro, en un movimiento
perpetuo, de differance, el del caos, el performance y el ritmo
(BENÍTEZ-ROJO, 1996, p. 1-22). Paradigmas, el de la identidad-relación
y el de la identidad-diferida nada ajenas al paradigma clásico y aún
vigente de la transculturación orticiana, como esos toma y daca
permanentes, como ese ajiaco en que las viandas se confunden, se
traslapan, se entrechocan, en un magma en el que son y han dejado
de ser, fenómeno que a partir del caso de Cuba, Fernando Ortiz
extendió a zonas de similares intercambios. El discurso antropológico
de Ortiz puede moverse con ductilidad hacia la literatura, a partir
del estudio de la economía social y la técnica en Cuba. Ortiz no fue
nada ajeno a la joven vanguardia estético-política de su tiempo, con
la cual estableció relaciones de influencia mutua. La poesía de
Nicolás Guillén, por ejemplo, lo reafirma en el valor de los orígenes
africanos como parte inseparable de la nueva conciencia cubana y
de su fuerza creadora. Fernando Ortiz dio cuenta no de un factor, ni
de un momento, sino de un proceso secular, de necesaria y constante
presencia, extensible a las otras islas del Caribe, y no sólo. Hoy, el
concepto de transculturación puede entenderse de manera más
amplia, no tanto como síntesis, sino como “heterogeneidad
yuxtapuesta” (YÚDICE, 2003, p. 6).
Hoy, a la altura del nuevo siglo, más allá de la manera en que
se concibe la identidad cultural del Caribe, arraigada o en movimiento,
vertical u horizontal, de raíz o de rizoma, aún es tópico de actualidad.
jul./dez. 2005
149
Nara Araújo
Luego de un intento de conceptuar el término, la propuesta de este
trabajo sería ver cómo el discurso literario ha articulado variables
de la identidad, a través del tiempo; variables que se mueven de la
afirmación a la subversión, de lo colectivo a lo individual, siempre
en tensión con el canon occidental, en una discusión constante con
la “historia oficial”, apelando a los mitos fundadores y a nuevos
códigos semióticos y simbólicos. Aun cuando se enfocará sobre
todo textos del Caribe de habla hispana, se hará a la luz de ejemplos
de los otros Caribes, pues es difícil asumir la producción de uno de
sus espacios lingüísticos sin una mirada comparativa del Caribe
como espacio sociocultural diferenciado y al mismo tiempo, como
peculiar zona de América Latina. El Caribe como una zona periférica
por antonomasia (MIGNOLO, 1994, p. 23-25).
Como es propio a las regiones emergentes y periféricas, la
indagación en torno al ser y la identidad ha sido un fenómeno
recurrente, un imperativo vital. En el mundo desarrollado este
problema no tiene igual alcance. Los franceses no persiguen la
definición de su identidad, los ingleses no buscan su reflejo en la
literatura, los europeos no se cuestionan, persistentemente, qué es
Europa, sino que han aceptado una macro-unión a partir de una
moneda y no de una cultura común. Esa preocupación existió en
tiempos del romanticismo en los que se tendió a precisar los
conceptos de nación y literatura nacional, se hurgó en el pasado y
en los valores del folk. Hoy, este problema puede aparecer en
regiones de marcada fisonomía cultural que se integran en una nación
(España por ejemplo), pero defienden su especificidad sobre la base
de un perfil y lengua propios (Cataluña, País Vasco), frente a una
cultura y una lengua en algún momento impuestas.
Tomado aisladamente, el concepto de identidad es para las
matemáticas la igualdad que se verifica siempre, cualquiera que
sea el valor de sus variables. En la lógica, la identidad es una ley
según la cual cada expresión debe emplearse en un mismo sentido
para lograr la identificación de los objetivos dados. En ambos
discursos se opera con una identidad abstracta de acuerdo con los
requisitos propios a cada una de estas disciplinas. La metafísica, al
150
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa...
extender a la realidad esa abstracción (que puede funcionar como
tal dentro del proceso de cognición), define las cosas como
inmutables y constantes. En una concepción dialéctica, la identidad
deja de ser abstracta, encierra la diferencia y es por lo tanto relativa.
Su definición expresa la igualdad de un objeto o de un fenómeno
consigo mismo, o de varios entre sí, y supone la existencia de
contradicciones internas cambiables de acuerdo con el desarrollo
objetivo de condiciones dadas. Lo idéntico sería entonces lo temporal
y transitorio y su cambio, lo absoluto. Pretender que los objetos son
absoluta y permanentemente idénticos a sí mismos, o entre sí, es
ignorar que la realidad es mutable. La estabilidad relativa de los
fenómenos del mundo objetivo determina la de los elementos
constitutivos de un razonamiento dado. La identidad cultural podría
definirse entonces como el conjunto de signos histórico-culturales
que determinan la especificidad de una región y con ellos, la
posibilidad de su reconocimiento en una relación de igualdaddiversidad, permanencia-cambio. Sólo con la comprensión del nexo
entre lo igual y lo diferente, presente en la filosofía y de alguna
manera en las matemáticas, puede resolverse la precisión y el
contenido de este concepto. Lo subjetivo es el acto de toma de
conciencia de la necesidad de una autodefinición. Lo objetivo, la
existencia misma del conjunto de signos que constituyen, expresan
y reflejan la identidad cultural como imagen proyectada del ser.
El problema de la identidad cultural y su búsqueda es propio
de una fase determinada del desarrollo de un país o región. Se
agudiza en el preludio y decurso de una guerra de liberación, de un
proceso independentista o de la transformación de una sociedad.
También en las condiciones de un país ya independiente, de
conciencia anticolonialista, o en aquel en el cual la emancipación es
precaria. El ser colectivo sólo puede ser—variablemente—igual a
sí mismo, en su acontecer socio-cultural. Es el ser humano en su
cultura. La identidad cultural entonces es un todo (lo general) que
incluye la parte (lo individual). Y en la relación entre lo uno—el
proceso general histórico-social de transculturación—, y lo diverso
—las particularidades nacionales que a su vez incluyen lo uno y lo
jul./dez. 2005
151
Nara Araújo
diverso—, debe comprenderse la noción de identidad cultural. No
se trataría entonces de una búsqueda esencialista de reminiscencias
modernas y románticas, asociada a la “construcción de espacios
sólidos y coherentes, capaces de enhebrar vastas redes sociales de
pertenencia o legitimidad”, incluso si ésta fuera una respuesta
plausible a un impulso de autoafirmación (CORNEJO, 1994, p. 13). La
identidad se asociaría entonces no con lo diferente, sino con lo
característico. Si la nación es una comunidad imaginada (ANDERSON,
1983), también la identidad. La identidad se articula en el plano
discursivo, en el lenguaje pues “Las identidades culturales son los
puntos de identificación, los inestables puntos de identificación o
sutura, los cuales se constituyen dentro de los discursos de la historia
y la cultura. No una esencia, sino una posición” (HALL, 1990, p. 225226).
En nuestro espacio Caribe el diseño de una identidad ha sido
problemático. Inasible o sólo un proyecto ideológico, el anhelo de
un modelo, por un lado, o por el otro, el reclamo de una unidad que
por encima de diversidades indiscutibles, sea el sostén de un
sentimiento de pertenencia, inteligencia y entendimiento mutuo, como
una reacción defensiva, un esfuerzo de des-alienación. La aparición
tardía de la autoconciencia en el siglo XX—anunciada por Martí—
y de la consecuente atención investigativa a la región, como zona
de especificidades; la herencia africana, con su raigal conflicto de
identidad en la oposición binaria amo/esclavo-blanco/negro; el
proyecto ideológico balkanizador de la potencia imperial, en el cual
el área desempeña un papel estratégico explican, amén de las
consecuencias de la historia colonial-neocolonial, que la identidad
cultural esté en el centro de la literatura caribeña.
Ella puede articularse tanto en la existencia del conjunto de
obras que la constituyen, como en el contenido mismo—asunto,
fábula, tema y personajes—, de los textos de ficción. En el corpus
narrativo de la novelística caribeña se observan constantes-variables
de la identidad cultural. Éstas son: el espacio, la historia, el conflicto
étnico, el mito, la lucha política, la evolución individual de uno o
152
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa...
varios personajes, la infancia, el viaje, las formas de creación
colectiva, el habla popular. Estas constantes-variables pueden
coincidir en un mismo texto en un diferente orden de jerarquías.
El tratamiento del espacio se ha dado en la recreación
admirativa del entorno físico natural como en La lézarde de E.
Glissant, en la importancia de la ciudad, El siglo de las luces de
Carpentier, o del barrio, Miguel Street de Naipaul. La historia, como
búsqueda de raíces en New Day de V. S. Reid, o medio de
interpretación del presente, La situación de L. Otero. El problema
étnico aparece como posibilidad integradora de una nación, Biografía
de un cimarrón de Barnet, o en sus múltiples variables conflictivas
de integración-oposición Voices under the window de J. Hearne o
Sapotille et le serin d’argile de Michèle Lacrosil. El mito funciona
como arsenal de valores en El palacio del pavo real de W. Harris
o como historia ejemplar, El reino de este mundo de Carpentier.
La evolución y crecimiento personal de un personaje que trata de
hallar su lugar con Sólo cenizas hallarás de P. Vergés. El mundo
de la infancia se recrea en El castillo de mi piel de G. Lamming o
en La rue Cases-nègres de J. Zobel. El viaje puede ser con retorno,
The Mimic Men de Naipaul, o como emigración, Harlem todos los
días de E. Díaz Valcárcel y La vida real de M. Barnet. La creación
popular es asunto de The Dragon Can’t Dance de E. Lovelace,
Bolero de L. Otero, o La Guaracha del Macho Camacho de L.
R. Sánchez. La riqueza del habla popular es esencial en Brother
Man de R. Mais o Dezafi de Frankétienne. Algunas de estas
variantes aparecen en la novela “continental” latinoamericana, pero
con distinta frecuencia, intensidad y registro.
En el Caribe, por ejemplo, la recreación del mundo de la
infancia se efectúa con un marcado sentido, tanto de aprendizaje o
iniciación como de apropiación y autodefinición de la identidad
individual. La incorporación del habla popular no se limita al empleo
de expresiones de la lengua coloquial, fenómeno presente en la
novela latinoamericana del siglo XX, sino que supone el
establecimiento de una lengua literaria capaz de fusionar
artísticamente la norma con la lengua oral, decisiva en algunos países.
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Sin hablar del fenómeno de los créoles y sus avances en instituirse
como una norma otra.
El saber teórico sobre el Caribe y la praxis artística del Caribe
han ido parejos. Si de la concepción inicial de una región caribeña
constituida por las islas, se pasó a aquella en la cual el espacio
Caribe incluye las zonas continentales que participan de los rasgos
socio-históricos que lo definen, se ha llegado a un concepto que
supone que el Caribe se extiende desde Nueva York hasta Recife,
que el Caribe está en la matriz del país natal pero también, en su
diáspora. Incluso, que una literatura “nacional” puede constituirse
más allá del territorio de la nación, y expresarse en una lengua
diferente a la del país natal (el caso de Achy Obejas para Cuba o el
de Julia Álvarez para la República Dominicana).
Si en novelas de Alejo Carpentier o de Jacques Roumain la
acción incluía episodios que conectaba las islas, más recientemente,
en las de Maryse Condé, las historias incorporan escenas africanas
(La saga de Ségou) y pueden extenderse al escenario
estadounidense. En Moi Tituba Sorcière, Noire de Salem (1986),
Condé narra la diáspora africana como diáspora del Caribe y al
conectar a una esclava de Barbados con las jóvenes “hechiceras”
de Salem, completa la “Historia oficial”, con el desarrollo de la
presencia comprobada de esta esclava en aquellos sucesos del Norte
supersticioso y puritano, pero dotándola de poderes sobrenaturales
e impulso libertario. La irrupción de Condé en los años 80 como una
potente voz renovadora es muestra de un fenómeno significativo en
la reformulación del cuestionamiento de la identidad caribeña, el de
la mirada desestabilizadora, femenina, que desde adentro pone en
crisis al paradigma, construido por los patriarcados locales, de una
identidad nacional. Si la nación podía haberse constituido como anhelo
de las clases dominantes, como ocurre en la anécdota que narra
Maldito amor (1986) de la puertorriqueña Rosario Ferré, es la voz
femenina, subversiva, la que desenmascara el engaño de una nación
construida sobre la base de la falacia moral y la discriminación de
raza y de género.
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa...
En los años 60, Jean Rhys, desde la posición criolla, había
cuestionado al imperio británico, completando en su novela Wide
Sargasso Sea (1966), la historia de la loca del desván de Jane
Eyre (Charlotte Brontë). Rhys hace que ese personaje, referido en
la novela del XIX, se convierta en la Antoinette protagónica de la
suya, y además, que en acto de venganza, esta criolla queme el
castillo de su esposo británico, símbolo del imperio colonial. Es
sintomático que en un sueño premonitorio—verdadera prolepsis del
final del relato—, Antoinette ha dado fuego al castillo y antes de
lanzarse al vacío, ve en el borde del estanque a Tia, su amiga negra
y pobre de la niñez, que la incita a saltar. Cuando salta, nombrando
a Tia, Antoinette despierta, pero ya sabe qué hacer. El final de la
novela es ambiguo. Si por una parte, ver a Tía al final de su vida y
saltar en el sueño hacia ella significa que la criolla la asocia con un
pasado—con la amiga negra—al que quisiera volver; por otro, el
que Tia la incite a saltar y por lo tanto a morir, implicaría que esa
clase y esa raza aniquilan a los blancos y los sustituirán. Ambas
interpretaciones apuntarían a uno de los temas posibles de esta novela
que coloca al conflicto étnico en el centro de su planteo ideo-estético:
la identidad perdida de una clase en decadencia y su
encabalgamiento entre el vínculo con las raíces—los negros—y su
pertenencia a la raza del poderío imperial—los blancos.
En los años 80, es una protagonista mulata, Gloria, la que en
la novela de Rosario Ferré, da fuego a la plantación. El central
“Justicia” es locus privilegiado de una familia pudiente que la historia
oficial (en la propia novela, la del narrador de la “novela nacional”)
presenta como prístina e inmaculada; construcción engañosa que
las voces femeninas (Laura, Titina y Gloria, las tres de ascendencia
africana) ponen en cuestión. Al quemar el central azucarero, al
borrarlo por el fuego, se hace tabla rasa de los fundamentos de la
nación y el discurso nacional puertorriqueño (el discurso criollo del
XIX) se desestabiliza por la raza y el género. El ser femenino se
confunde con el ser político en Puerto Rico, el cuerpo femenino es
el cuerpo político de la isla. Gloria—esposa, amante y madre—
(para algunos, puta y loca), es quien quema los “fundamentos” de
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Nara Araújo
la nación (ORTEGA, 1991, p. 205-214). La novela entabla una discusión
entre lo colonial de lo español y lo estadounidense, pero también
con los símbolos artificiosos de lo criollo. La identidad nacional está
marcada por el conflicto racial y por la opresión de un género por
otro. La alternancia en la novela de la “novela nacional” que
construye falsos mitos (y que “escribe” Don Hermenegildo) y el
discurso “oral” de los personajes, vuelve problemático el lugar
diferencial de la enunciación del discurso nacional y pone en relieve
su desestabilización por la raza y el género.
En la Cuba de los 90, los relatos de jóvenes narradoras
desestabilizan al meta-relato hegemónico y moderno de la identidad,
la retórica “dura” de un discurso sobre la nación como proyecto
unificado. El micro-relato local perturba las maniobras ideológicas
mediante las cuales se dan identidades esenciales a comunidades
imaginadas y construyen un paradigma sobre “lo cubano”. Ya Lydia
Cabrera, había desestabilizado ese paradigma cuando en los años
30, siendo mujer blanca y burguesa, se sumerge en la cultura afrocubana, y en sus Cuentos negros de Cuba (1940), transcribe de
manera poética los mitos y el mundo mágico de los negros en Cuba,
llamando la atención sobre la necesidad de hacer entrar a la cultura
afrocubana en el concepto identitario de lo cubano. En esos 22
relatos, se incorporan términos provenientes de la lengua lucumí
(una de las lenguas habladas por cubanos de ascendencia africana),
proverbios y canciones, y se narran historias de seres humanos y
animales, con humor, ingenio y sabiduría.
Más de medio siglo después, en las novelas de Ena Lucía
Portela (El pájaro: pincel y tinta china, 1996, La sombra del
caminante, 2001, y Cien botellas en una pared, 2003), por ejemplo,
una mirada irreverente somete al escarnio y la parodia los paradigmas
de la nacionalidad estereotipada y critica las formas aún vigentes
de discriminación, racial y sexual, a pesar del profundo cambio social
a partir del 59 en Cuba. Todo es cuestionado: el “tropical sunshine”
del idilio para turistas—en realidad, agobio de la zona tórrida—, la
idea de que la cubanidad es amor y los cubanos, lo máximo—cuando
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa...
pueden ser deleznables y abyectos—, el desideratum teóricoguevariano del “hombre nuevo”—negado en la práctica por los
nuevos hombres—; así como los centros de enseñanza, la televisión
informativa, los cuerpos armados, ciertos escritores nacionales,
cualquier forma de dogmatismo (aunque sea de bandera progresista
como el feminismo), la burocracia estatal, o los nuevos gerentes de
la etapa de la legalización de la tenencia del dólar y el turismo en
Cuba, posterior a la caída del Muro de Berlín y a la pérdida de los
socios comerciales del desaparecido campo socialista: “la isla
endiablada es su propio confín.”
La marginalidad de los personajes de Portela se definen por
su ignorancia de los centros de poder y saber, pues viven ignorantes
de aquellos discursos taxativos, normativos, como en una cápsula
en la que sólo importan sus relaciones interpersonales:
heterosexuales, homosexuales o bisexuales. Como dice uno de sus
personajes—un escritor a quien le reprochaban escribir sobre las
ideas y sobre la escritura, ignorando la riqueza de la “realidad
cubana”—, para él, su amor por otro hombre era toda la realidad;
de la misma manera, para los restantes personajes de Portela, la
realidad es el otro y todos viven ignorantes de la política. La acción
de sus tres novelas se sitúa de manera explícita a mediados o finales
de los 90 y las referencias se corresponden con una Habana de
turistas y apagones, jineteras (prostitutas con extranjeros) y gays,
alquiler de casas en dólares y balseros en fuga, escasez de agua y
bienes de consumo, y recurrencia al alcohol, la droga y el sexo. Sus
personajes son jóvenes marginales, a veces universitarios y cultos,
cuya marginalidad no se define en el sentido delincuencial, pero hay
una ausencia de retratos épicos, sociológicos y generacionales y un
apoliticismo explícito. Un clima de violencia (crímenes, sadismo),
de escatología y teratología, de voyeurismo y masoquismo, caldea
las escenas de una Habana profunda y nocturna, underground. La
búsqueda de los protagonistas es de identidad, pero no se trata,
como en las novelas contemporáneas de la diáspora cubana, de
encontrar una memoria perdida, de recomponer una vivencia anterior,
de recuperar lo que en algún momento se perdió al dejar la isla
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natal, recomponiendo los fragmentos de la escena original, donde
se define el ser y cuyo sitio vital es la familia, como en la narrativa
de la escritora cubano-americana Achy Obejas. Los personajes de
Portela se colocan en los márgenes de una nación, concebida como
retórica de la patria, como consigna, como chovinismo, como
exaltación del heroísmo con léxico moralizante.
La narrativa cubana de los 90, tanto la de las escritoras,
como las de los escritores nacidos después de los años 70, participa
del clima posmoderno iniciado con el postboom. Iconoclastas, han
sido nombrados novísimos y posnovísimos por sus transgresiones
del relato, por una escritura que en una dinámica posmoderna busca
“en la superficie y en el incesante despliegue de los signos la
inmensidad de la cultura” (MATEO, 1995, p. 128), por sus nuevos
códigos y el desafío a las expectativas de recepción. Si los
narradores cubanos de los 60 (Desnoes, Otero, Soler Puig),
expresaban una voluntad de encontrar y articular alguna de las formas
de la identidad, mediante el realismo social, los de los 90, se alejan
de los referentes explícitos y participan de una mirada escéptica,
irónica o paródica, y tratan asuntos como el rock, la droga, el
homoerotismo, asuntos incómodos en el discurso institucional cubano,
al tiempo, que como otros textos posmodernos, violentan la frontera
entre lo culto y lo popular. Igualmente, como la narrativa del postboom,
se caracterizan por la autorreferencialidad, la intertextualidad, la
fragmentación y la tematización de los dilemas de la escritura.
Las dos novelas de Jorge Ángel Pérez, Cándido habanero
(2001) y Fumando espero (2003), apelan a los juegos intertextuales
de las citas. Estas se imbrican en el tejido narrativo y le otorgan una
densidad semántica particular, aquella en la que las citas, al entrar
en una nueva realidad semiótica, cambian su sentido, se
refuncionalizan. El humor y el sarcasmo carnavalizan a la alta cultura
al tiempo que se sirven de ella para resemantizarla. La vecindad
(rabelaisiana) de la filosofía y/o la religión con la escatología, con
las zonas últimas del aparato digestivo, producen un efecto
degradante y humorístico. En la primera novela, Cándido, el
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa...
protagonista (narrador en primera persona), está desprovisto de los
instrumentos para reconocer a los referentes culturales y esta
ignorancia cándida desacraliza la “alta” cultura. En la segunda, el
protagonista (también un narrador en primera), es el escritor cubano
Virgilio Piñera, y el punto de vista asumido es el del auto-escarnio,
desde la realidad degradada de un cuerpo y rostro faltos de atractivo
y los padecimientos fisiológicos, estomacales.
La importancia del cuerpo en ambas novelas, la fuerte carga
erótica (heterosexual y homosexual en la primera y homo en la
segunda), constituyen una exaltación de destinos individuales que
se definen por su sexualidad. La apología de las vidas privadas, del
hombre público (Virgilio Piñera) convertido en hombre privado, la
tematización del cuerpo, a partir de una visión anatómica, médica,
(que remite a Rabelais y va más allá de él), participa de esa zona de
la narrativa de la posmodernidad que cancela los discursos épicos,
sociologizantes, buscadores de proyectos identitarios nacionales o
totalizadores, y que se detiene más bien en las historias particulares,
privadas, de lo local y lo cotidiano: el petit récit sustituye al grand
récit. El curso rocambolesco de las anécdotas en estas novelas, la
hipérbole y el grotesco, la parodia y el sarcasmo, son visiones lúdicas
en que la Historia es telón de fondo y prevalece la historia con la
intensa narratividad de episodios desopilantes, excepcionales, en
que las consignas son “domar lo horrible” y “convertir lo trágico en
cómico”, como le recomienda el jefe de la galera en la cárcel al
Cándido habanero de los años 90.
Como en las novelas de Ena Lucía Portela, los sujetos en las
novelas de Jorge Ángel Pérez tienen identidades escindidas,
polimorfas y sus historias se resuelven en la búsqueda de una
sexualidad definitoria pero sin fronteras. Incluso en algunas de las
prácticas homosexuales de sus personajes, gay o lésbicas, se
atraviesan los roles de lo masculino y lo femenino, o estos roles se
confunden, se alternan, se traslapan, yendo más allá de las
esencialidades definitorias. El cuerpo es un lugar de enunciación y
su singularidad se construye a partir de la presencia, al interior de
ese lugar, de todo aquello que es exterior, de las interrelaciones de
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ese lugar con otros lugares. El sujeto ex/céntrico es el resultado de
más de un proceso y ocupa más de un lugar simultáneamente en un
incesante movimiento a través de las fronteras de su identidad. Esa
traslación a nivel del sujeto es metonimia de la traslación en los
discursos definitorios de identidades nacionales o regionales, que se
construyen en ese movimiento rizomático.
La narrativa de la posmodernidad y el posboom le había
dado entrada al micro-relato local para discutir con visiones
totalizadoras de la identidad. La escritura de la periferia modificó el
centro en un avance siempre trangresor de modelos y epistemes.
Los escritores anteriores, como Carpentier—aún en la modernidad
en el momento de sus primeras grandes obras, pero en términos de
Lyotard, conteniendo lo posmoderno—entrarán en el cambio de
sensibilidad y cánones estéticos como ocurre en El arpa y la
sombra (1979) del escritor cubano, en la cual se perturba, aún más,
la relación ente la ficción y la historia. Como una anticipación de
este diálogo entre historia y ficción el cubano Lino Novás Calvo, en
su novela Pedro Blanco, el negrero(1933), contaba, al decir del
propio Carpentier, una “…extraordinaria historia de aventuras
verídicas…(CARPENTIER, 1987, p. 187). Al narrar las aventuras de
un negrero andaluz y remitir a los hechos documentales, tanto en
notas al pie dentro de la novela, como después de su final, en una
prolija bibliografía y cronología de la historia de la trata de esclavos,
Novás Calvo sustentaba en ellas la fabulación narrativa, en un
procedimiento de desfamiliarización y de particular diálogo, tanto
con la Historia como con la ficción, que la novelística ulterior y la
metaficción historiográfica desarrollaría como algunos de sus
artificios.
Si a finales de los 70, Carpentier desacraliza en El arpa…,
la figura de Cristóbal Colón, en la Noche oscura del Niño Avilés
(1984), del puertorriqueño Edgardo Rodríguez Juliá, mediante el
discurso de la crónica imaginada y sobre la base de antiguas crónicas,
se (re)construye Nueva Venecia, la licenciosa y discutida colonia
del siglo XVIII cerca de San Juan, y esa realidad narrativa se
incorpora de manera problemática al discurso histórico de Puerto
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El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa...
Rico, cuando la poesía asiste a Clío. Ya también en los 80, la narrativa
del también puertorriqueño Luis Rafael Sánchez contribuía a ese
contexto posmoderno que cuestionaba las visiones codificadas de
una Historia oficial, con su capacidad de apresamiento de sustratos
socioculturales y la movilización de valores establecidos, mediante
la carnavalización y la parodia, la sátira y el humor, la hipérbole y el
grotesco. Por su ficcionalización alegórica de la condición colonial,
el topos de la conducta colonizada y mimética y su defensa de lo
local, su narrativa es poscolonial.
La irrupción de personajes marginales—drogadictos,
lumpens, exiliados, prostitutas, negros, homosexuales, travestis—,
la exaltación de la cultura popular—la guaracha y el bolero—, y su
transformación de asunto en trasunto; la inseminación de la lengua
culta por el lenguaje popular; la irrupción de lo escatológico, del
cuerpo como territorio, y la pulsión liberadora del erotismo, son
algunas de sus estrategias. Movilización que conlleva la ampliación
de la novela como género, su transformación estructural, su hibridez
y mestizaje, a tono con la identidad del polimorfo espacio Caribe.
En su segunda novela, La importancia de llamarse Daniel Santos
(1989), la hibridez y mestizaje se combinan estructuralmente para
(re)construir el mito de un famoso cantante de boleros puertorriqueño,
Daniel Santos. Con ella, Sánchez se inscribe en la vertiente de la
narrativa del Caribe (Wilson Harris, Jacques Stéphan Alexis o
Lezama Lima), que incorpora al mito como material narrativo.
Alejo Carpentier, por ejemplo, en El reino de este mundo
(1948), recrea el mito de Mackandal en una trama que evidencia
más lo real maravilloso, que los sucesos de la revolución haitiana,
su referente histórico. Los poderes licantrópicos del esclavo manco,
su función incitadora a la rebelión de los esclavos negros contra sus
amos blancos, son elementos fundamentales de la fábula. La mirada
de Ti-Noël, que está amarrado a los orígenes del “más allá”, rompe
la lógica del relato histórico, se atiene a lo real maravilloso. Cuando
el ajusticiamiento de Mackandal, el esclavo, al igual que sus
hermanos de condición y raza, ve cómo Mackandal se salva,
transformándose. Sin embargo, el narrador ve a un hombre que
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muere. La historia se subordina a lo real maravilloso, pero hay una
doble perspectiva: la del protagonista y la del narrador.
Si en El reino…el mito (afirmativo) sirve para romper la
lógica de la historia (¿moderna?) dando voz a la perspectiva de las
clases desposeídas, en La importancia… el uso (¿posmoderno?)
del mito presenta aristas divergentes (afirmativas y negativas), pues
Daniel Santos (un personaje histórico mucho más cercano y visible
que Mackandal), sirve para afirmar un paradigma positivo de la
cultura, que se expresa en él y él encarna, aunque algunos de sus
atributos—bohemio, machista y tal vez delincuencial—, pueden
inducir a una resistencia a aceptarlo. Este cantante de boleros se
“mitifica” mediante una operación que se apoya en la hipérbole y
coloca al personaje más allá de la eventual sanción social, pues “es
menos y más que un individuo: es un tropo del trópico”. La dimensión
mítica se logra por la magnitud del personaje como músico, pero
sobre todo por la multiplicidad de espacios y voces, de distintas
hablas, que alimentan su construcción. Construcción que se
estructura como un recorrido por la América Latina, como la acción
recopiladora de testimonios por parte de un narrador-recolectorautor.
Novela autorreferencial que se explica por sí misma, en La
importancia… dos paratextos desfamiliarizan cualquier expectativa
de lectura orientada hacia el biografismo, el verismo o el factualismo.
Si en la “Presentación” (“El método del discurso”), se aclara que
esa novela es híbrida y fronteriza y que sólo debe leerse como una
fabulación, en la “Despedida”, al hacer explícitas las fuentes, se
desautomatiza la intertextualidad erudita, dejando sólo, a quien lee,
el cuerpo de la fabulación, el mito Daniel Santos. La postura
innovadora de la novela se inaugura en el título que juega con la
obra de Oscar Wilde y anticipa el diálogo implícito con el dramaturgo
inglés (en la Tercera Parte), sobre la relación entre naturaleza y
arte—que en Sánchez es sobre la vida y la literatura—, y quién
copia a quién. Esta postura se hace programática en la
“Presentación”, pues al auto-colocarse en la periferia y la
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El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa...
marginalidad de la preceptiva, la auto-proclamación del mestizaje
se cumple en la novela.
Los dos paratextos (“Presentación” y “Despedida”) enmarcan
tres fragmentos de diferente naturaleza literaria. La Primera Parte
es la elaboración testimonial del mito, la polifonía de voces, y
predomina la narración fragmentada y multi-espacial del mito Daniel
Santos. La Segunda, es de carácter argumentativo, como un ensayo
definidor y defensor de la cultura popular y explicativo del machismo
y su reprobación. En la Tercera, confluyen el melodrama posible y
la intervención “no narrativa” del autor en un momento en que el
texto se vuelve auto-referencial. El mito Daniel Santos es motivo
que acompaña las historias de boleros posibles; entre ellas la de
Marisela, cuarentona y envuelta en carnes, cuyo bolero posible sería
el amor imposible de un dueño de casa de discos, construido al
compás de un bolero de Daniel Santos. Junto a esa literatura, inferior
a la vida, por su necesaria concisión y limitación, junto a esa vida
limitada por la literatura, la voz del narrador-autor-Luis Rafael
Sánchez-Wico Sánchez-Sánchez, discurre sobre el kitsch y el camp,
lo crudo y lo cocido, Sontag y Levi-Strauss. Junto a la fabulación
bolerística, la reflexión intelectual: nueva vecindad (Bajtín/Rabelais)
que ensancha la novela.
Ya en La guaracha del Macho Camacho (1976) se
construye otra vecindad: la historia se cuenta con el acompañamiento
de la guaracha que niega irónicamente con su estribillo (“la vida es
una cosa fenomenal lo mismo pa’l de alante que pa’l de atrás”) la
dramática realidad que se narra. Los personajes—el político, el “hijo
de papá”, la prostituta, la señora educada en Suiza y la mujer de
pueblo—, animan esta historia detenida en el tiempo de un
embotellamiento (“tapón” en Puerto Rico), metáfora del
estancamiento de sus vidas, sus conciencias y el transcurrir en la
isla de cemento. Este atascamiento de las conciencias y su
circunstancia, que tiene en el tapón su metáfora mejor, es contrastado
por la cadencia de la guaracha, por la negación musical de ese
status estático, por la alternancia de la acción principal con emisiones
radiales del pegajoso ritmo en 21 secciones narrativas de las cuales
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19 son locuciones radiofónicas. La guaracha niega irónicamente el
estatismo, el despliegue escriturario produce un movimiento
contrastante con lo inmóvil de la situación.
La aliteración, los neologismos y la hipérbole, el
encadenamiento vertiginoso de los enunciados y el énfasis por
repetición, las sinonimias y las derivaciones de palabras, la
intertextualidad con toda la gama posible de la cultura de élite y la
cultura de masas (el ballet, la literatura y el cine, los cómics, los
cuentos infantiles y las telenovelas, los gangsters, las zarzuelas y
los cuplés, la Barbie y Walter Mercado), movilizan múltiples lenguajes:
la publicidad, los medios masivos de comunicación, los folletines y
novelas rosa, las telenovelas, las modas…El habla cotidiana del
puertorriqueño de la calle, la españolización del inglés, la dificultad
en la comunicación de seres de mancas mentes y escasas ideas
que apelan a la elipsis y al recurrente “o sea…”, junto al texto de la
guaracha, sirven para esta visión esperpéntica en la cual el sarcasmo,
el humor y la ironía cuestionan la imagen idílica de la isla tropical.
Estos juegos del lenguaje se inscriben en una definición identitaria
por afirmación y por negación. Recoger la voz de la calle, instaurarla
en un sustrato literario, “culto”, es legitimarla, al tiempo que se le
usa como instrumento desacralizador de identidades cosificadas,
sin espíritu.
La fuerza arrolladora del lenguaje adquiere particular fuerza
en un contexto cultural que se defiende contra la ingerencia del
inglés. Las fuertes imágenes auditivas y visuales, los juegos de
palabra y el habla marginal, las vecindades escatológicas, la
exploración de los fluidos y emanaciones del cuerpo; en fin, esa
masa ingente de vocablos, seleccionados y combinados de acuerdo
con un juego que esconde un orden, sirven como contraste y como
instancia liberadora de ese magma caótico que emerge de la novela.
Es sintomático, en la situación de una cultura que se enfrenta a los
retos del dominio del inglés, la manera en que los narradores
puertorriqueños han intentado, a través del lenguaje, encontrar nuevos
registros identitarios. En Figuraciones en el mes de marzo (1972)
de Emilio Díaz Valcárcel, la estructura fragmentaria de diálogos,
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El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa...
del habla “puertorriqueña”, los textos de antiguos cronistas, las cartas
y los recortes de periódicos, las carteleras de cines y teatros, el uso
del lenguaje del radio, de la prensa y de la publicidad, así como la
experimentación lingüística, la inclusión de poemas, del horóscopo
y el directorio telefónico, las rupturas sintácticas y la ausencia de
signos de puntuación, sirven para dar cuenta, con sarcasmo, del
status colonial isleño.
En otra novela del mismo autor, Harlem todos los días
(1978), semejantes artificios como la ironía, los arcaísmos, los
neologismos, la creación de palabras por yuxtaposición, los juegos
de palabras, en frases cortadas y elípticas, de ritmo acelerado,
estructuran una trama cuyo espacio de acción es el exilio niuyorkino,
para expresar una crisis de identidad en la asimilación a otra
sociedad. Crisis ambas, las de la isla y las del exilio, que se expresan
en lo ideo-estético mediante estructuras caóticas. Pero no sólo en
Puerto Rico el lenguaje es zona de exploración identitaria. En Sólo
cenizas hallarás (1980) del dominicano Pedro Vergés, el uso del
habla coloquial—expresiones del ambiente, palabras obscenas,
referencias eróticas—, sirve como proyección, en un nivel lingüístico,
de la situación emocional de los personajes. De ahí el tono cursi,
propio a los boleros, que matiza la fábula, narrada por medio de
fragmentos de historias individuales que no siguen un desarrollo
lineal para articular una trama con saltos atrás que, aún así, se refiere
a una cronología: desde la muerte del dictador Trujillo, en 1961,
hasta finales del año siguiente.
El cuestionamiento extenso e intenso de la identidad cultural
caribeña es un rasgo específico y unitario de la región. La causa se
encuentra en los factores inherentes a su desarrollo histórico-social.
La pluralidad de esta demanda aglutinante reside en las maneras y
perspectivas de su elaboración en el discurso literario que ha recogido
los diferentes puntos de vista sobre esta problemática y su desarrollo.
La reiteración de ciertas constantes en las literaturas de las distintas
áreas permite afirmar que, en el análisis de la problemática de la
identidad cultural de la región, se debe distinguir lo objetivo, no sólo
en los signos culturales, sino también en las partes componentes de
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uno de esos signos, la literatura, que se estructura prácticamente,
sobre similares cuerdas temáticas. Como concluye Francoise Perus,
la conciencia de la heterogeneidad cultural del Caribe, junto con la
unidad geográfica e histórica que caracterizan el ámbito caribeño,
así como el reconocimiento del diálogo (lo escrito/lo oral, lo
metropolitano/lo vernacular), se integran a la constitución del corpus
de la literatura caribeña (PERUS, 1999, p. 46).
La identidad cultural es tangible pero no es estática.
Realidades en procesos permanentes y contradictorios de
manifestación, superación y evolución, pérdidas o ganancias, se
inscriben en diversos discursos en el continuum de la cultura. La
identidad se expresa en nexos de permanencia-cambio y unidaddiversidad, y necesita del auto-reconocimiento. Entre los signos que
constituyen y diseñan la identidad cultural, la literatura es espacio
idóneo por su registro y conocimiento. Su pluralidad—condición sine
qua non de la creatividad—es signo de riqueza y no de debilidad.
En la toma de conciencia—lo subjetivo—y en las obras mismas—
lo objetivo—participan los escritores. La interrogación identitaria
asume variados perfiles de acuerdo con las circunstancias de época
y el grado de desarrollo de los procesos literarios en los cuales las
obras se inscriben. Por su condición periférica y emergente, las
literaturas del Caribe tienen como común denominador el intento de
designar un espacio—individual, nacional o regional—, y para ello
construyen variadas estéticas y poéticas: realistas o experimentales,
historias de atmósferas o de caracteres, predominio de las tramas o
de los juegos lingüísticos, a veces todo mezclado.
La relación con la Historia—para desestabilizarla, validarla
o completarla—, y con los arcanos míticos y lo simbólico, la gravedad
del tono o la parodia, forman parte del arsenal de procedimientos
que los escritores del Caribe han utilizado en su conformación de
un espacio literario más allá de su propio confín, que se integra a
procesos amplios de discursividad y que al mismo tiempo conserva
sus especificidades. Estas literaturas marchan a tono con los cambios
de mentalidad y de espíritu de época, así como participan de las
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El poder de la representación: la identidad cultural en la narrativa...
problemáticas inherentes a la recepción de los textos: creación y
edición, distribución, promoción y lectura, de acuerdo con los vigentes
horizontes de expectativa. Por una parte, quién habla, qué se dice,
cómo se dice; por la otra, quién lee, qué se lee, y cómo se lee, en el
contexto del diálogo, en tensión, de lo local y lo global.
La palabra es un lugar simbólico. Ella designa el espacio
creado por la distancia que separa a los representados de sus
representaciones. La representación siempre es una convención,
pero una convención que construye una totalidad inasible—la
identidad, y además posee una función operativa, la de ejercer cierto
poder. La narrativa del Caribe ha ejercido ese poder: el poder de los
discursos y el poder de la representación.
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the
Congo: Euzhan Palcy’s Rue Cases-Nègres and Raoul
Peck’s Lumumba
Lieve Spaas
Kingston University
Resumo
Este artigo compara dois filmes caribenhos, Rue Cases-Nègres (1992) de Euzhan
Palcy, situado em Martinica em 1930, e Lumumba (2000) de Raoul Peck, cuja ação
se passa na República Democrática do Congo em 1961, momento em que ocorre a
transição da colonia belga para o estado independente. Os dois filmes revelam
práticas trabalhistas equivalentes a práticas escravistas apesar do fato de que a
escravidão já estava abolida em ambos os países nos momentos trabalhados pelos
filmes. Este estudo também confronta a África idealizada pelos escravos com a
África autêntica onde a exploração é algo constante e a luta pela verdadeira
independência é algo constante.
Palavras-chaves: Diáspora, Escravidão, África Pós-colonial
Resumen
Este artículo compara dos filmes caribeños, Rue Cases-Nègres (1992) de Euzhan
Palcy, ubicado en Martinica en 1930, y Lumumba (2000) de Raoul Peck, cuya
acción se sitúa en la República Democrática del Congo en el momento de la transición
de una colonia belga a un estado independiente en 1961. Los dos filmes revelan
praticas laborales que equivalen a prácticas esclavistas a pesar de que la esclavitud
* Artigo recebido em agosto e aprovado para publicação em outubro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 169-183, 2005
169
Lieve Spaas
ya se había abolido. Este estudio también confronta la idealizada Africa, que los
antiguos esclavos idealizaron, con la auténtica Africa donde la explotación está
muy extendida y la lucha por una verdadera independencia es constante.
Palabras claves: Diáspora, Esclavitud, África Pos-colonial
Abstract
The article compares two Caribbean films, Euzhan Palcy’s Rue Cases-Nègres
(1992), set in the 1930’s in Martinique, and Raoul Peck’s Lumumba (2000),
located in the now Democratic Republic of the Congo at the moment of transition
from a Belgian colony to an independent state in 1961. Both films reveal labour
practices that are tantamount to slave labour in spite of the fact that slavery had
been abolished. The study also confronts the idealised Africa, which the former
slaves imagined, with the real Africa where exploitation is rife and the struggle for
genuine independence ongoing.
Keywords: Diaspora, Slavery, Postcolonial Africa
***
With the exception of Cuba, film-making in the Caribbean by
Caribbean people is mainly a phenomenon of the 1980s and beyond.
The very few films that emerged in that period did so without any
infrastructure of production or distribution. As in many other third
world countries, the Lumière brothers exposed the Caribbean to
cinema at a very early period following the invention of film. In
Haiti the exposure came in 1899, only four years after the new
medium had been invented. Like the other Francophone Caribbean
countries, Guadeloupe and Martinique, Haiti rapidly became a
consumer/receiver of film products from the Western world. Besides
being a consumer of Western films, the Caribbean was also used
(or misused) as a resource for Western films where the
representation of the beauty of the tropical islands was at odds with
the people’s daily lives. It was only in the late 1970s and the early
1980s that a shift occurred. Political events in the islands, such as
the movements advocating independence from France in Guadeloupe
170
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo...
and Martinique and the Duvalier reign of terror in Haiti, were
instrumental in creating a climate of political awareness. These
political, economic and cultural currents of the ‘70s and ‘80s slowly
found expression in films where they became the main subject
matter.
Whatever contemporary events dominate the Caribbean
narratives, the memory of the Afro-Caribbean diaspora continues
to emerge as the “oneness” that underlies the identity of the different
countries. Not only does Caribbean cinema evoke the memory of
slavery it also denounces how slavery after its abolition has
insidiously persisted. Two celebrated Caribbean films that are
particularly revealing in this respect are Euzhan Palcy’s 1983 Rue
Cases-Nègres (Sugar Cane Alley) based on Joseph Zobel’s novel
Black Shack Alley (1953) and Raoul Peck’s Lumumba (2000),
inspired by the murder of Patrice Lumumba, the only democraticallyelected Prime Minister of the Congo. The films are located at
opposite ends of the black diaspora: Rue Cases-Nègres shows how
the freeing of the slaves in Martinique did little to change the living
conditions of the people, while Lumumba reveals how in the Congo
Free State the colony, set up under the pretence of abolishing the
Arab slave trade, instated labour conditions that amounted to slavery.
Both films earned considerable international fame, continue to be
shown frequently and have become landmarks in the cinema of the
Afro-Caribbean diaspora.
Rue Cases-Nègres is set in poverty-stricken Martinique in
the 1930s, Lumumba in the Belgian Congo shortly before the country
gained independence on 30 June 1960. Both films open with pictures
of colonial memory. Palcy’s film opens showing postcards of Fortde-France and various local views, which French colonials were in
the habit of sending overseas. They are picturesque, sepia
photographs revealing nothing of the poverty in which José, a twelveyear-old boy and main protagonist of the film, is growing up. Peck’s
film, made seventeen years after Palcy’s, uses a more
cinematographic language by editing the opening sequence so as to
create a to-and-fro movement from still black and white photographs
jul./dez. 2005
171
Lieve Spaas
to the action of white colonials enjoying themselves at a party and
back again to the photographs. These photographs, unlike those in
Palcy’s film, reveal appalling colonial practices. One photograph
shows well-dressed Belgian colonials relaxing around a table in the
open air. On the table lie a few skulls; nobody looks at them, they
seem to be everyday objects similar to a tea or coffee pot. In front
of the table lies a young black boy who faces the camera in a position
a domestic animal might adopt, or alternatively, as the contrived
posture might suggest, like an ornament. From this glimpse of a
tableau of colonial daily life in the Congo, the camera cuts to the
party where expensively dressed guests hold glasses of champagne.
Other photographs show two women chained together; a man tied
up and lying on the ground while being beaten with the chicotte, the
infamous whip made of hippopotamus skin. Another is a postcard
showing the hanging of a black man in the presence of expressionless
white colonials. Underneath the picture a caption reads: “Exécution
d’un nègre à Boma”, and again the camera cuts from the black and
white postcard to shots of the colourful and lavish party. Following
this carefully-edited opening a statement appears on the screen:
“Ceci est une histoire vraie” (This is a true story). Peck’s assertive
and skilfully edited opening offers a powerful indictment of the
treatment by the colonials of the indigenous people in contrast to
the luxurious lifestyle the colonials not only adopted but also tauntingly
displayed. Peck’s statement that this is a real story emphasises the
fact that the murder of Lumumba has all the ingredients of an
American thriller—a possible signal of an American involvement in
the murder.
Rue Cases-Nègres depicts the daily lives of the people in
Rue Cases-Nègres, a microcosm of Caribbean colonial society with
its old and young, its children, its white colonisers and its many
kinds of black Caribbean people. The simple story is a powerful
allegory of Martinique’s history, represented by José’s journey to
adulthood. José lives with his grandmother, Amantine in Rue CasesNègres, next door to an old man, Monsieur Médouze. Both Amantine
172
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo...
and Médouze work in the sugar cane plantation for a meagre wage,
which barely allows them to survive, and in the case of Amantine,
to care for her grandson.
Through Médouze’s retelling of the past, José’s identity will
be grounded in an imagined, yet real place of origin: Africa.
Médouze’s story starts with “Once upon a time…” and then tells
about his father, who was brought from Africa as a slave. Médouze
now passes down the story to José, whose grandfather was also a
slave from Africa. The story refers to the loss of a homeland and
an identity that can never be recaptured. His father wept and wept
and never understood what happened when the white people came.
People were caught by lasso, then forced to march for days before
being loaded on to the ships, then unloaded in Martinique to work in
the sugar cane fields for white people, who stood over them with
guns. Médouze is not very precise about the country; he speaks
simply of “Africa”. The first layers of identity—family, village and
country—have been lost; the descendants of slaves had all become
“Africans”. Africa, the lost land also has the aura of a promised
land for José: “If you go to Africa, I’ll come with you”, he promises
Médouze, who is too realistic for such a dream. While he is talking,
Médouze is sculpting a small African figure in wood, which will
become the token of the cultural heritage from Africa and which is
now passed on to José. Médouze then tells the story of the blacks’
revolt against the white people: one day all black people came down
to Saint-Pierre, they burned the houses of the whites and that is
how slavery ended. “The whites trembled with fear” he explains.
The liberated slaves were now “free” to go all over Martinique but
then realised that they were nevertheless forced to come back to
the same place because the whites had all the land and paid very
little.
These words spoken by an emaciated black man, grandson
of an African slave, still forced to work in the sugar cane fields for
minimum wages, is a powerful indictment of neo-colonialism, where
“free” people remain economically dependent. Equally telling is the
representation of the grandmother who, like Médouze, is old and
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173
Lieve Spaas
tired and should not be working in the sugar cane fields. The ultimate
irony is revealed when the children are looking for sugar in José’s
house and search every possible place where Amantine might have
hidden it until they realise there is none: those who work in the
sugar cane fields cannot afford to buy sugar.
Where Médouze’s anger explodes when recalling his father’s
history, Amantine’s erupts when she pictures the future and refuses
to let her grandchild work in the sugar cane fields but vows that she
will not condemn children to misery like all these “gutless black
people”. Médouze represents the African heritage; Amantine
embraces French values and transmits these to José. Education
becomes the means of giving him the freedom that was denied to
her and so she carries on with her excessively demanding work, not
even contemplating how she is going to find the obligatory contribution
to José’s tuition fees. For Amantine, the road to freedom is through
identification with French values.
Monsieur Médouze and Amantine endow José with human,
spiritual and political values that form the foundation of his identity.
This, Stuart Hall suggests, consists of “the names we give the
different ways we are positioned by, and position ourselves within,
the narratives of the past” (HALL, 1992, p. 224). Médouze provides
this narrative, while Amantine is instrumental in instilling Frenchness
in José. These two elements come together in a new cultural identity
that integrates the African past and the French future. However,
José will also develop a different sense of self through contact with
his own peers and other members of society. There is the group of
children, the little girl, bright like José, who is not allowed to continue
school but has to start earning money. There is Leopold, the nearly
white, second-generation mulatto boy, who is not allowed to talk to
the “black” children but who is not white enough for his father, a
French aristocrat, to recognise him officially: only “white” people
can inherit a name liked de Thorail.
The unwritten contract between Médouze and Amantine
suggests both a balance and a dichotomy in identity formation: while
Médouze conveys a black consciousness and an anti-colonial
174
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo...
discourse of négritude, Amantine anticipates the hybridity of
Caribbean identity. As Hall puts it: “Across a whole range of cultural
forms there is a ‘syncretic’ dynamic which critically appropriates
elements of the master-codes of the dominant culture and “creolises”
them”(HALL, 1992, p. 235). When José obtains a full scholarship
to study in Fort-de-France and prepares to leave Rue Cases-Nègres,
Amantine dies. Médouze is already dead. For José, they will both
return to Africa while he will go to Fort-de-France, taking Rue CasesNègres with him. In its merging of the past with the present, through
Médouze, and the future, through Amantine, the film reveals that
cultural identity is not solely a matter of “being”—it is also of
“becoming”. “It belongs to the future as much as to the past” (HALL,
1992, p. 223).
No other film captures so powerfully the past losses and
historical rupture of the Caribbean peoples or restores what has
been called an “imaginary fullness”. For the viewer from Martinique
Rue Cases-Nègres represents a major event: “By bringing to the
screen this novel which is at the same time a novel about roots and
about education, the film-maker tackles what is maybe the most
intimate part of the Antillean consciousness”(MÉNIL, 1992, p. 168).
The film was hailed as the start of a new Caribbean cinema of the
diaspora. But this was not to be. The promise the film generated
has remained unfulfilled. Palcy herself went to Hollywood to make
films.
Palcy’s Rue Cases-Nègres placed Martinique on the map of
world cinema. Raoul Peck was to do likewise for Haitian cinema
with his Lumumba (2000). While Palcy captured the daily lives of
the slaves taken from Africa and brought to the Caribbean, Peck
sets his film at the other end of the diaspora and, instead of evoking
the unspecified “Africa” of Médouze, locates the film in a specific
country in Africa, the now Democratic Republic of the Congo, a
former colony with a particularly tragic history starting with the
Berlin Conference in 1884-85. At this diplomatic conference the
European powers decided to whom the different African countries
should be allocated for colonisation. The King of the Belgians,
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175
Lieve Spaas
Leopold II, without being present at the conference, succeeded in
gaining recognition of himself as sovereign of the “Congo Free
State”, the so-called “heart of darkness” in central Africa, often
perceived by Europeans at the time as an “empty” space. The name
given to the country, “Congo Free State”, was most misleading since,
in effect, the country became the King’s private property. In reality,
the King had already embarked much earlier on his colonising of
the country when, as early as 1879, he had sent explorer Henry
Morton Stanley to persuade local chiefs to sign away their land to
the King.
Ruthless forced labour to collect rubber, needed for the
recently invented rubber tyres, was instated almost immediately.
Punishment for failing to collect the required amount of rubber was
carried out in barbaric ways such as the cutting off of hands. It was
not until 1890 when George Washington Williams, an American Civil
War veteran and Baptist missionary, went to the Congo Free State
that reports of the appalling treatment of the Congolese people came
to light. Williams’s evidence was corroborated by Protestant
missionaries and also by Edmund Dene Morel, an employee with a
shipping company in Liverpool. Morel observed that ships laden
with rubber and ivory arrived in Antwerp from the Congo while
ships sailing to the Congo carried soldiers and large quantities of
firearms and ammunition. Finally, Roger Casement, British Consul
to the Congo Free State, produced extensive and detailed reports
on what were “crimes against humanity”. The treatment of the
indigenous population was tantamount to slavery.
If Palcy’s film emphasises the fact that the lives of the freed
slaves is no better than that during officially recognised slavery,
Peck’s film reveals that the “Africa”, so idealised by Médouze, is
here a country where slavery prevails in all but name. Peck’s choice
of the Congo is linked to his family background. In 1961, when
Peck was eight years old, his parents, wanting to escape from the
Duvalier regime, like many Haitians migrated to the Congo, a country
with which they felt an affinity: they were also keen to contribute to
176
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo...
the building of an independent Congo. The Congo had gained
independence on 30 June 1960 but soon thereafter Patrice Lumumba
was brutally murdered after only four months in office as Prime
Minister. Lumumba came to symbolise an ideal and a ray of hope
for Africa and her dispersed people whom the slave trade had so
cruelly transported. For Haitians Lumumba could not but remind
them of their own great freedom fighter, Toussaint L’Ouverture.
Lumumba had committed no crime: this was a political murder. The
deed remained shrouded in mystery and the burning questions as to
who were the real assassins, and who were the ones who ordered
the execution of Lumumba, remained unanswered. It was known
that Belgians and Congolese were involved in the actual killing of
Lumumba but rumours soon began to circulate about the involvement
of the Belgian government, the United States and the United Nations
who, so it was claimed, ordered the killing. Not only was Lumumba
savagely murdered, his dead body was torn to pieces and disposed
of. Not a trace was left. The murderers had hoped that getting rid
of Lumumba’s body would also erase his memory; but that was not
to be. Lumumba embodied too important a vision of the Congo; he
was not just a person but also an ideal that personified independence,
freedom and equality. Far from being forgotten, Lumumba became
a mythical figure, a true African hero.
The Peck family arrived in the Congo shortly after Lumumba
was murdered. Raoul was too young to understand the importance
and the horror of this death but in the family Lumumba was referred
to frequently. Peck’s mother worked in the office of the Mayor and
Peck remembers many stories she told. In 1991, thirty years after
Lumumba’s death, Peck, now an adult and aspiring film-maker, who
had already gained an international reputation with his film Haitian
Corner (1988) where he explores the life of a Haitian refugee in
New York, made a documentary about the murdered hero, Lumumba,
La Mort d’un prophète, in which he expresses in a personal way,
using family memories, the empathy he feels towards him. It is a
powerful and seriously researched document that was acclaimed
internationally but was hardly to be found in Belgium. Yet, it had
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177
Lieve Spaas
greatly impressed sociologist and author, Ludo de Witte who decided
to research the case further. This led to the publication of his
impressive study, published in Dutch in 1999, De Moord op
Lumumba (The Assassination of Lumumba) and in English in 2001.
It was a bold book that shocked those Belgians who preferred not
to hear anything more about Lumumba. The book’s main conclusion
was that the Belgian Government was primarily responsible for the
murder of the Congolese Prime Minister, but without the steps taken
by Washington and the United Nations during the preceding months
the assassination could never have been carried out. De Witte’s
book aroused the interest of the press and the reaction was such
that it put pressure on Belgium to set up a parliamentary commission
to examine the conclusions De Witte had reached.
Through the book Peck now also gained new insights into
the case of Lumumba and, still keen to draw world attention to the
murdered Congolese hero, he returned to the subject with scriptwriter,
Pascal Bonitzer, and in 2000 brought out the feature film Lumumba.
Peck wanted to make a popular film that would reach large
audiences and draw attention to what happened to Lumumba. The
film was shown in France in October 2000, and was on the
programme of the Ouagadougou Film Festival in 2001. In Belgium,
the film was shown only after the parliamentary commission had
been set up.
Unlike the book, the film does not proffer an investigation
into the circumstances of the murder: it gives instead a dignified
portrait of Lumumba, picturing him, with both his qualities and faults,
not only as a well-meaning person, a loving spouse and a kind father
but also a man engaged in a relentless struggle against a Western
Goliath composed of Belgium and other Western powers. However,
the political situation in the Congo itself was precarious and Lumumba
had also to contend with internal hostile forces-fellow Congolese
who turned against him such as Tshombe, Kasa-Vubu and Mobutu,
all concerned with their own political advancement but also, so it
appears, influenced by Western forces.
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo...
The film portrays Lumumba as a colonial creation and more
specifically a product of Belgian colonialism. Here is not a man
with a particular job or skill but a man with a vision who focuses
exclusively on getting rid of colonial domination. It shows the ascent
of Lumumba, his arrival in Leopoldville from Stanleyville, his
oratorical talent already displayed in the job he takes just for the
sake of being in Leopoldville—promoting Polar beer. It places him
in the political and social context of the Congo and records the
events that led up to his murder. The film gives an insight into the
reluctance of the Belgian authorities to transfer power to the
Congolese and shows the all too rapid transition from colony to
independent republic when only a handful of Congolese held a
university degree. It is a powerful indictment of the colonial situation
in general but also an accusing statement of Belgian colonialism
specifically in which Belgium had projected its own identity problems
with the Walloon/Flemish divide.
While the pre-credit sequence, using cinematographic
language and careful editing, conveys the Congo’s colonial past and
present in a semi-documentary way, the film proper adopts a very
distinct fiction style reminiscent of film noir, and reminds one of an
American thriller movie. The headlights of three big American cars
of the late Fifties approach through the savannah. In the back of
the cars are three corpses, the bodies of Lumumba and his two
allies who were with him by chance and were executed with him.
These bodies must be disposed of because nothing is to remain of
Lumumba. The film shifts between past and present: the white
colonials struggling with the bodies alternate with shots of Lumumba
alive, in the back of a car, having been beaten and abused. The
voice-over is Lumumba speaking: “Even dead I frighten them …”,
his words punctuate the gruesome deeds of the white people who,
themselves repulsed by the stench of the decomposing bodies, hack
and cut the bodies to pieces, then dissolve them in barrels of sulphuric
acid. Lumumba is heard in voice-over, “Tu ne raconteras pas tout
aux enfants” (“You are not to tell the children everything”). These
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179
Lieve Spaas
two juxtaposed openings offer the essence of the film: the first
preceding the credits recalls the colonial situation in the Congo, the
second the elimination of the Congo’s most promising hero.
The unfolding of Lumumba’s fate is virtually sealed at the
ceremony of independence when Lumumba gives his famous
address to the nation in reply to King Baudouin’s eulogistic speech.
Peck gives a truthful account of the ceremony. First the King spoke
and stated that independence was the result of “the undertaking
conceived by the genius of King Leopold II” and, continuing in a
paternalistic mood, he urged the Congolese not to compromise the
future with hasty reforms and not to replace “the structures that
Belgium hands over to you until you are sure you can do better.
Don’t be afraid to come to us. We will remain by your side, give
you advice, train with you the technical experts and administrators
you will need”.
After the King, it was Kasa-Vubu, the country’s first president
who spoke. His speech was formal and conformed to the style
expected at such an occasion. Then came Lumumba. His address
was one of the most powerful anti-colonial speeches ever made.
He did not address the King, instead, he opened his fiery speech:
“Congolese Men and Women, fighters for independence, who are
today victorious”.
In the frankest terms he described the colonial system that
Baudouin had just glorified:
We have known sarcasm and insults, endured blows morning,
noon and night because we were “niggers”. Who will forget
that a Black was addressed in the familiar “tu”, not as friend,
but because the polite “vous” was reserved for Whites only?
We have seen our lands despoiled under the terms of what was
supposedly the law of the land but which only recognised the
right of the strongest. We have seen that this law was quite
different for a White than for a Black: accommodating for the
former, cruel and inhuman for the latter. We have seen the terrible
suffering of those banished to remote regions because of their
political opinions or religious beliefs; exiled within their own
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo...
country, their fate was truly worse than death itself…. And
finally, who can forget the volleys of gunfire in which so many
of our brothers perished, the cells where the authorities threw
those who would not submit to a rule where justice meant
oppression and exploitation? Belgium, finally understanding
the march of history, has not tried to oppose our independence.
By this one act, Ludo De Witte writes, Lumumba reinforced the
Congolese people’s sense of dignity” (DE WITTE, 2001, p. 3).
The speech had been interrupted several times by sustained
applause.
The images of daily life under colonial occupation, shown in
the opening sequence of the film, corroborate Lumumba’s list of
abuses suffered by the Congolese. Indeed, the film shows how in
both the public sphere in the city and in the intimate sphere of the
home, the attitude shown is one of contempt for the Congolese and
of belief in the superiority of the whites and the inferiority of the
Africans. The verbal and physical abuse of prisoners is shown in an
almost unbearable way in the treatment Lumumba himself was
subjected to in prison before being, suddenly, released to be present
at the round-table discussions in Brussels. There is total reluctance
on the part of the Belgians portrayed in the film to even entertain
the idea—or ideal—of an end to the colony and an independent
Congo. One particular scene displays this most explicitly when
General Janssens, commander-in-chief of the Congolese army,
makes it clear that there is not going to be independence in the
army. The old kind of discipline will prevail. He confirms this by
writing in large letters on the blackboard: Independence = Preindependence. In the domestic domain, the attitudes are no better.
Recalling with irony a so-called “civilising” moment, the film shows
a Belgian woman in close-up, an expression of utmost contempt on
her face, rebuking the young Congolese servant because she has,
yet again, forgotten to place the fork to the left of the plate.
The film intertwines in a skilful way scenes that show not
only the Belgians’ disbelief that independence is really happening
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Lieve Spaas
but also their complete disdain for the Congolese: “This is not a
people, these are members of tribes. They hang together thanks to
the Belgian administration” is the comment of one colonial. Yet,
while expressing contempt for the entire situation, they also show
awareness of their failure to train and prepare the Congolese for
independence. Disbelief and denial prevail as revealed in the
reflections made among the Belgians. When the large picture of
Leopold II is taken off the wall in the Governor’s palace, a Belgian
addresses the King: “Ils vont vous le cochonner votre Congo”
(“They’ll butcher your Congo”), recalling for the viewer the butchery
that actually took place in the colony.
The butchery that is revealed is that of the murder of
Lumumba and his two companions which opened the film and now
closes it, repeating the same close-ups of Lumumba in the back of
the car, accompanied by the voice-over which now continues the
monologue from the beginning:
Don’t tell everything to the children. Just tell them that I came
fifty years too early. I want my children to be told that the future
of the Congo is beautiful. Throughout the struggle for the
independence of my country, I have never doubted for a single
instant that the sacred cause to which my comrades and I have
dedicated our entire lives would triumph in the end. But what
we wanted for our country—its right to an honourable life, to
perfect dignity, to independence with no restrictions—was
never wanted by Belgian colonialism and its Western allies ….
History will one day have its say; it will not be the history
taught in the United Nations, Washington, Paris or Brussels,
however, but the history taught in the countries that have rid
themselves of colonialism and its puppets. Africa will write its
own history full of glory and dignity.
The monologue, taken from the letter Lumumba actually wrote
to his wife from prison, is, as De Witte writes, “a political testament
that shows his unshakeable faith in the anti-colonial revolution’s
final victory”.
182
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Remembrance of Slavery in the Caribbean and in the Congo...
It is spoken by Lumumba in the back of the car near the
place of execution. From the car Lumumba sees his companions
being executed, his words uttered between the sounds of the
shooting. Finally he is taken to the tree. As he walks towards it the
camera cuts to a close-up of the tree as seen by Lumumba on that
final brief walk. It is scarred by bullets. He stands dignified against
the tree, and as the order to prepare for execution is shouted, the
camera suddenly cuts to Mobutu on his throne wearing an
immaculate white suit and his well-known leopard-skin hat, the shot
lasting the time between the order to shoot and the actual killing.
The camera cuts back to Lumumba being shot then again back to
Mobutu saying “Merci” which clearly closes the speech he has just
finished. Another sudden cut to the crowd, black and white people
together, applauding Mobutu. Most likely this concerns the declaration
by Mobutu of Lumumba as national hero. The camera cuts back to
the place of execution and the film closes showing the barrels of
sulphuric acid, seen at the beginning of the film, in which the bodies
are dissolved so as to erase all evidence of the murder.
In burning Lumumba, it is not only a person that is killed but
an ideal and the promise of the end of colonialism. Médouze’s
nostalgic evocation of the past in Africa is, as it were, annihilated.
The two films illustrate the displacement of state in the diaspora,
that of rupture and discontinuity for the people dragged away in the
triangular Atlantic slave trade and that of people becoming “other”
in their own country, subjected to the most extreme exploitation that
amounts to slavery but that does not speak its name.
Bibliography
DE WHITE, Ludo. The Assassination of Lumumba. London-New York: Verso,
2001.
HALL, Stuart. “Cultural Identity and Cinematic Representation”. CHAM, Mbye
(Ed.). Ex-Iles. Essays on Caribbean Cinema. Trenton, N.J.: Africa World Press,
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MENIL, A. “Rue Cases-Nègres or the Antilles from the Inside”. CHAM, Mbye.
jul./dez. 2005
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Lieve Spaas
(Ed.). Ex-Iles. Essays on Caribbean Cinema. Trenton, N.J.: Africa World Press,
1992, p. 155-75.
Filmography
Lumumba. Director Raoul Peck, 2000.
Rue Cases-Nègres. Director Euzhan Palcy, 1992.
184
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de
Mamá Blanca
Stephen M. Hart
University College London
Resumo
Este ensaio analisa a maneira como o corpo feminino está representado em Las
memórias de Mamá Blanca de la escritora venezuelana Teresa de la Parra. Avalio
esta representação a partir de vários pontos de vista, principalmente a partir da
perspectiva do romance como alegoria da construção da nação venezuelana e da
grande nação latino-americana nas primeiras décadas do século XX, baseando-me
no estudo de Doris Sommer, Foundational Fictions: The National Romances of
Latin America (1991). Um exame do texto mostra que ele contém muitos espaços
de tensão e ambiguidade; estes são momentos em que o sentido parece desaparecer.
A imagem de “trucamento” é interpretada, neste ensaio, como uma metáfora da
maneira como o corpo feminino estava sendo representado e construído na sociedade
venezuelana daquele momento.
Palavras-chaves: Teresa de la Parra, Escritura feminina, Las memorias de Mamá
Blanca
Resumen
Este ensayo analiza la manera en que el cuerpo femenino se representa en Las
memorias de Mamá Blanca de la escritora venezolana Teresa de la Parra. Considero
esta representación desde varios puntos de vista, principalmente desde la perspectiva
de la novela como alegoría de la construcción de la nación venezolana y también de
* Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em outubro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 185-194, 2005
185
Stephen M. Hart
la gran nación latinoamericana en las primeras décadas del siglo XX, basándome en
el estudio de Doris Sommer, Foundational Fictions: The National Romances of
Latin America (1991). Un examen del texto muestra que contiene muchos espacios
de tensión y ambigüedad; son los espacios donde el sentido parece desaparecer. La
imagen de “truncamiento” se interpreta en este ensayo como una metáfora de la
manera en que el cuerpo femenino se representa y se construye en la sociedad
venozolana de aquel entonces.
Palabras claves: Tereza de la Parra, Escritura femenina, Las memorias de Mamá
Blanca
Abstract
This essay looks at the manner in the female body is portrayed in Las memorias
de Mamá Blanca by the Venezuelan novelist Teresa de la Parra. I look at this idea
from a variety of vantage points, but mainly from the perspective in which the
novel is seen as an allegory of nation-building in Venezuela and by extension Latin
America in the early decades of the twentieth century, taking my lead from Doris
Sommer, Foundational Fictions: The National Romances of Latin America (1991).
Close inspection reveals that this literary text contains a number of gaps or spaces
of ambiguity and tension; there are junctures in the text where not everything
seems to add up. Truncation of the text at certain key junctures is read in this essay
as a metaphor of the ways in which the female body is portrayed in contemporary
Venezuelan society.
Keywords: Teresa de la Parra, Women´s Writing, Las memorias de Mamá Blanca
***
In this essay I want to address the notion of the symbolic
nature of the female body as presented in Las memorias de Mamá
Blanca (1926) by the Venezuelan novelist Teresa de la Parra. I
want to look at this idea from a variety of possible points of view,
but mainly from the perspective in which the novel is seen as an
allegory of nation-building in Venezuela and by extension Latin
America in the early decades of the twentieth century1. It is
important to look at the “Advertencia” closely, since on inspection it
contains gaps or spaces of ambiguity and tension, junctures in the
text which not everything seemed to add up, which may explain
186
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de Mamá Blanca
why it was often rejected by male critics (GAMBARINI, 1990). We
notice, for example, that the text which we are now reading should
not, in fact, have been published since Mamá Blanca asked the
young girl—in effect, the editor and an alter ego of Teresa de la
Parra—not to publish it. But she did. And not only that, she decided
to edit it brutally, in the process cutting out all the beauty and
spontaneity of the original; all the “butterflies” as she calls them.
And the editor does not pass up the opportunity to mock her
readership, those people who are used to “stuffy” books, and would
in any case she says with delicious irony, be dreadfully bored with a
text that was spontaneous. In this we see that she is a spirit kindred
to Sor Juana; she is in her “Advertencia” in effect hollowing out
from within the male abode of literature, finding a room of one’s
own, a woman’s space 2. Furthermore there is an ambiguous
reference in the hermetic text, “el esplendor del texto hermético”,
and in particular to the act of opening up a sacrosanct space: “hasta
abrir siete puertas con siete llaves de oro”. Again like sor Juana, the
narrator makes some pointed comments about the way that Eve
always seems to bear the blame for the ills of the world. Her text in
a sense can be seen, as we shall see, as a re-writing of the male
script of creation and, also, of nation creation.
The prologue alludes to how the text is a truncated version.
She simply took, she says, the first 100 pages of Mamá Blanca’s
account. This could be seen as a cop-out, a recourse to the deus ex
machina used in classical theatre (I’m bored and I want to end this
story now), but it can also be read alternatively as a metaphor of
the ways in which women’s lives are (were) truncated. As soon as
they leave the paradise of the sugar cane plantation called Piedra
Azul, everything goes wrong – they have to deal with money, with
real people, their authority is questioned, etc. The arrival in Caracas
is like a re-writing of the Fall. It is a fall from grace. The story stops
just as it seems about to begin, and this is a very direct way of
showing how this happens in women’s lives.3
So far, so good: we have looked at the story as a projection
of the lives of some young women in Venezuela at the turn of the
jul./dez. 2005
187
Stephen M. Hart
century, and seen it as a feminist tale of the women’s fall from
grace. There is, however, another way of looking at this story, and
this is in terms of the nation-building allegory. There are a number
of pointers in the text which suggest that this level exists, or rather
is hinted at. I’ll begin with a quote from the end of chapter 1: “Bajo
la presión de la mano de Evelyn en mi brazo, mi cuerpo caminaba
sin hacer resistencia. Pero mi alma independiente, mi alma intangible,
a quien Evelyn no podria agarrar por un brazo ¡resistía!” (PARRA,
1982, p. 335).4 Here we have a sense of the narrator’s body, and
immediately we are introduced to a split between that body and her
soul. Whereas her body is unable to resist, her soul is. This
immediately introduces the idea that the body can have a symbolic
meaning, similar in some ways to the soul that we hear about in
Sab, but it can also have another interpretation5.
There are some indications in the text that Juan Manuel may
be seen as a projection of Simón Bolívar. Don Manuel is quite a
distant figure, almost god-like in his removal from the events of
everyday life, and yet, a very strong image is created of his being
similar to Simón Bolívar at the end of the first chapter “Blanca
Nieves y Compañía”: “no venía a ser más sensible a nuestras almas
que la de aquel Bolívar militar...” (PARRA, 1982, p. 328). In case we
were to think of this reference to the historical backdrop being a
one-off, we have a rather unusual reference to Mamá as Napoleon:
“yo aseguro que Mamá y Napoleón se parecieron mucho” (PARRA,
1982, p. 329). There is also a reference to Mamá Blanca attempting
to place each of her daughters in different places, just like Napoleon
did, which means that we need to interpret the daughters in a political
sense as well. The text is important to point out that their conquest
is a different kind of conquest, and yet—the text implies—it is just
as important. We might be reminded here of Pedro José Figueroa’s
picture of Simón Bolívar, Liberator and Father of the Nation of
1819; the nation is a young woman, and Bolívar is the father of that
nation6. So perhaps the six daughters can be seen in terms of the
new independent nation. And here is the problem—there are six of
them. This might be a veiled reference to the splitting up of the
188
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de Mamá Blanca
Spanish viceroyalties during the Independence movement. We have
a hypothesis; let’s see if we can test it alongside other pieces of
evidence in the text.
There are other characters who might be taken as allegorical
figures representing historical events or important key players of
the times. The primo Juancho seems to be a clear symbol of the
ineffectual Liberal party during the nineteenth century, ranting and
raving about the faults of his conservative enemies, but always being
broke and getting nothing done. It is a devastating and unfortunately
true depiction of the Liberal Party in Venezuela during the 19th
century, and elsewhere in Latin America. Evelyn, the English maid,
is an image of the kindly but essentially ineffectual role of the British
during the nineteenth century. Vicente Cochocho is the jack of all
trades “criollo”, brilliant at so many tasks, farmer, teacher, odd-job
man, sugarmaster, irrigation master, doctor, apothecary, funeral
director; though again, essentially ineffectual: jack of all trades,
master of none. The “criollo” in nineteenth century Spanish America
was not part of a professionalised elite, and soon found itself out of
sorts during the Industrial Revolution when Britain and other nations
began to pull ahead. Vicente Cochocho, “criollo” jack of all trades,
master of none. He refuses to get married, instead carrying on a
scandalous relationship with two women on the estate, Aquilina and
Eleuteria, which is described as “free love” (PARRRA, 1982, p. 371).
The narrator says it was “platónico sin duda” (PARRA, 1982, p. 37),
but we know this to be a lie. The important point here is that he will
not produce a future heir. The implication is that Latin America via
the criollos will not produce an heir. This idea is suggested as well
by the way in which Blanca Nieves interprets the love story of
Paul et Virginie: “Mamá, que llueva muchísimo, que crezca el río,
que se ahogue la niñita y que se muera después todo el mundo”
(PARRA, 1982, p. 338).7 Blanca Nieves does not want there to be a
Prince Charming. She wants the girl to die before he turns up.
If we use this allegorizing reading (the novel is a roman à clé
about the nation-building process), what happens when we take
this reading and apply it to the conclusion of the novel, always the
jul./dez. 2005
189
Stephen M. Hart
most significant in terms of the creation of the work of art’s ideology.
We have already suggested that Las memorias de Mamá Blanca
can be interpreted as an allegory of the way that the female world
disintegrates when it comes into contact with the male world of the
city (in this case Caracas). And what is worse, is that once they
have lived in the city, they can no longer return. Can this idea be
applied to the reading of the novel as an historical allegory? I think
it can. For what these same components could now be seen to
contain is a veiled reference to the failure of patronymic politics,
the failed project of nationhood in Venezuela, the failure of men
such as Bolívar to produce a nation which is able to go forward,
men’s failure to produce a future.
I am not suggesting somehow that this novel can only be
interpreted in one way: ie either as a straightforward account of
Teresa de la Parra’s memories of how happy she was as a child in
a sugar plantation in Venezuela; or as an allegory of the fall of
mankind from grace; or as an allegory of women’s expulsion from
their feminine Eden; or as an allegory of the failure of patronymic
politics in the nineteenth century; or of the failure of the nationbuilding project in nineteenth-century Latin America. In fact the
novel can “mean” all of these different things, and perhaps some
are stronger readings that others. Remember that Teresa de la Parra,
or rather the editor in the “Advertencia”, refers to the way in which
there are seven keys: could this mean there are seven different
interpretations? Could it also be a lesbian text, though veiled, as
Sylvia Molloy suggests in her important reading of the novel?8 What
I would like to propose is that Las memorias de Mamá Blanca is a
palimpsestic text; that is, it is a text of various levels. Thus, whenever
you feel that you are simply reading a text as a naturalist story, you
suddenly see a new level emerge such that it becomes a set of
sliding mirrors, or Russian dolls.
In conclusion I wish to refer to three significant points within
the text. The first concerns the point in which the children are being
chastised for being naughty, and then they burst into tears: Violeta
190
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de Mamá Blanca
is punished for teasing Blanca Nieves, and is told to sit on a chair
for an hour, but then the scene seems somehow to change into an
auto-da-fe:
El auto de fe seguía su curso cruel. En su inclemencia Mamá era
el gran inquisidor; Evelyn era el verdugo; yo, el el infame delator,
y Violeta, la desalmada Violeta, el pobre hereje que se achicharaba
antes las miradas infamantes del público, cómplice también y
también verdugo (PARRA, 1982, p. 344).
The metaphor gradually begins to take over the story, such
that we almost begin to forget the real story (a little girl is being
punished) and “see” the metaphor: the heretic is burning in the flames.
The metaphor continues into the next segment of text, and this leads
to Blanca Nieves beginning to cry as well. The important point to
underline here is the ease with which the characters are allowed to
be transformed into figures of a far-away historical drama. But this
is not unique. The novel does this a lot; it is a slippery text, one level
slides into another in a rather dizzying array of self-refracting levels.
Even the most innocent of details may not be so innocent.
Thus when much is made of the fact that, of all the daughters,
Blanca Nieves is the only one with straight hair—the other all have
curly hair: “pero ¿de donde sacarías tú el pelo tan liso, Blanca
Nieves, mi hija querida?” (PARRA, 1982, p. 333). Here we can raise
the possibility that the image of femininity—on a stereotypical level
that of hair—is also an image of non-issue, of curling back into
itself, of refusing to accept the city, an idea which is echoed on the
level of the text which is itself truncated, non-linear, curling back
into itself, and indeed, holding its true secret within. For after all,
what is the word that Violeta says in the chapter that describes the
end of the sugar cane plantation “Se acabó trapiche”, and in effect
spells the end of their prelapsarian existence:
Al comprobar el hecho, Evelyn dijo con autoridad:
— Violeta, dame cuchillo.
jul./dez. 2005
191
Stephen M. Hart
Violeta contestó:
— No.
La autoridad de Evelyn pasó de las palabras a los hechos.
Agarrando a Violeta por la muñeca, con la mano que le quedaba
libre le quitó el cuchillo en un segundo. Violeta, sorprendia y
desarmada, la miró con insolencia y en defensa propia y voz
muy clara:
!.....!
!Zas! Un calificativo inesperado, rotundo, soberbio, muy bien
acordado en cuanto a género y nmero; una sola palabra nada
más (PARRA, 1982, p. 377).
As we subsequently find out, however, this spells the end of
the “trapiche”. Yet we will never know what the word is. The
suspension points are paradigmatic of this novel, a work in which
much is left unsaid, much hinted at, but never made explicit. Teresa
de la Parra’s fiction is, like that of Machado de Assis, as important
for what it misses out as for what it ostensibly says….9
Notas
1 In this I will be drawing on the research of SOMMER, 1991, MEYER, 1983, and
MASIELLO, 1985.
2 For further discussion of sor Juana’s re-writing of the male canon, see HART,
1999, p. 48-51.
3 A similar argument has been made of Ifigenia as a truncated bildungsroman; see
AIZENBERG, 1985.
4 All references are to PARRA, 1982.
5 For further discussion of the symbolic role played by Sab’s soul in Gómez de
Avellaneda’s novel, see DAVIES, 2001, p. 28: “Although Sab’s body is freed,
his body remains enslaved.”
6 See HART, 2005, p. 347. The oil painting is reproduced at p. 344.
7 For further discussion of the role played by Paul et Virginie in Parra’s text, see
KING & HART, 2005, p. 60-61.
8 See MOLLOY, 1995, and 1999.
192
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Some Notes on Teresa de la Parra’s Las memorias de Mamá Blanca
9 I have pursued a similar argument with regard to Machado de Assis’s novels, in
particular in my forthcoming essay, “Four Stomachs and a Brain: An Interpretation of Esaú e Jacó”. ROCHA, João Cézar de (Ed.). Companion to Machado
de Assis.
Bibliography
AIZENBERG, Edna, “El Bildungsroman fracasado en Latino América: el caso de
Ifigenia”. Revista Iberoamericana, 51, 1985.
DAVIES, Catherine, “Introduction”. Sab. Manchester: Manchester University
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Margarite (Eds.). New York: Brooklyn College Press, 1983.
MOLLOY, Sylvia. “Disappearing Acts: Reading Lesbian in Teresa de la Parra”.
¿Entiendes? Queer Readings, Hispanic Writings. BERGMANN, Emilie; SMITH,
Paul Julian (Eds). Durham: Duke University Press, 1995.
MOLLOY, Sylvia. “Of Quotes and Queers: Citation Scenes in Latin American
Literatur”. Romance Languages Annual. V. 11, 1999, p. xv-xxi.
PARRA, Teresa de la. Obra: narrativa, ensayos, cartas, selección. Estudio crítico
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SOMMER, Doris. Foundational Fictions: The National Romances of Latin America.
Berkeley: University of California Press, 1991.
jul./dez. 2005
193
Género e identidad transcultural. Perspectivas
anglosajonas sobre el Caribe y América Latina en el
siglo XIX
Carmen Ramos Escandón
CIESAS.México, D.F (Centro de Investigaciones y Estudios
Superiores en Antropología Social)
Resumo
Este artigo analisa o processo de criação discursiva sobre a natureza caribenha e
latino-americana através do livro para adolescentes Three Vassar Girls in South
America publicado em Boston em 1885. O espaço imaginado da realidade americana
esta construído pela autora Lisie W. Champney a partir do olhar assombrado das
jovens viajantes. Assim, a voz da mulher é o narrador que se assoma à alteridade do
espaço geográfico cujo exotismo fascina as jovens leitoras.
Palavras-chaves: Viagens, Mulheres, Século XIX
Resumen
Este articulo analiza el proceso de creación discursiva sobre la naturaleza caribeña
y latinoamericana a través de un libro de viajes para adolescentes publicado en
Boston en 1885: Threee Vassar Girls in South America. El especio imaginado de la
realidad americana esta construido por la autora Lisie W. Champney, en la mirada
asombrada de las jóvenes viajeras. Así, la voz de la mujer es el narrador que se
asoma a la otredad del espacio geográfico cuyo exotismo fascina a las jóvenes
lectoras.
* Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em novembro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 195-207, 2005
195
Carmen Ramos Escandón
Palabras claves: Viajes, Mujeres, Siglo XIX
Abstract
This article explores the narrative discourse through which the Caribbean and
Latin American nature is build in a travel book for teenagers. The book Three
Vassar Girls in South America, published by Lisie W. Champney in Boston in
1885 builds an imaginary reality through the surprised gaze of three young women.
Thus, the voice of women is here the narrator who glances at the otherness of the
American geographical space, this exotic regard fascinated the young readers at the
time.
Keywords: Travel, Women, Nineteenth Century
***
La vieja tradición de la literatura viajera que en el caso
hispanoamericano se inaugura con la conquista misma, se vio
fortalecida en el siglo XIX con la inclusión de una nueva voz, la de
las mujeres viajeras. En efecto desde las muy conocidas cartas de
la marquesa Calderón de la Barca, (Frances Erskine Inglis) esposa
del primer embajador español en México y publicadas en 18431, los
escritos de Maria Graham2 sobre Brasil y Chile, hasta las memorias
de Ethel Tweedy la incansable viajera y crítica social que viajó a
México a fines del siglo XIX.3 Ambas son de los mejores ejemplos
de cómo la voz femenina ganó un lugar importante en la literatura
de viaje de la época. No era para menos, hacia el fin de siglo las
mujeres excepcionales empiezan a interesarse por otros países, a
ampliar sus horizontes intelectuales, a enfatizar su instrucción. Para
aquellas mujeres de la clase alta, el manejo de idiomas y posibilidades
de viaje, les permite, asomarse a otros mundos, a espacios diversos
que superan el estrecho mundo de la domesticidad y la crianza de
los hijos. Más aun, son este tipo de nuevas mujeres quienes
constituyen las principales lectoras de este tipo de literatura. Son
mujeres excepcionales para su momento histórico, dado que el
discurso prevalente sobre la conducta femenina presupone una liga
196
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Género e identidad transcultural. Perspectivas...
fundamental entre las características femeninas y el papel social de
la mujer, entregada a la domesticidad.4
En especial, es entre las mujeres de habla inglesa, largamente
familiarizadas con el hábito de la lectura y la escritura de cartas a
amigos y familiares, en donde la literatura de viaje tiene su más alta
expresión. Las autoras, como las lectoras son mayoritariamente
mujeres. Un ejemplo de este tipo de literatura es el analizado aquí.
Se trata de un libro que bien podría inscribirse en lo que Tamara
Hunt y Micheline Lessard5 llaman “la mirada colonial”, es decir,
aquella perspectiva en donde priva la falta de información, el acento
en el exotismo, el uso de la narrativa como espacio de fascinación
de y de construcción del “otro”, La peculiaridad consiste en que se
trata de literatura para adolescentes o jóvenes. Este tipo de
perspectiva se inscribe en lo que Edward Said ha señalado a propósito
de la perspectiva sobre “el otro”.6 La novedad radica aquí en que
“el otro” tradicional, es decir la mujer, resulta aquí la constructora
de la fascinación exótica, pues se trata de un libro publicado por
una autora, prolífica escritora de literatura viajera donde los
personajes son jóvenes mujeres. También fue una articulista popular
que escribió en algunas de las revistas más importantes de la época
como Harper’s New Montly Magazine, Scriber`s Magazine, The
Galaxy, The century entre otras7. En efecto el presente trabajo
rescata un pequeño libro publicado por Lizzie W. Champney en
Boston, en 1885, Three Vassar Girls in South America.8
El libro, con amplias ilustraciones sobre los lugares visitados,
ejecutadas por el marido de la autora James Wells Champney, pintor
nacido en Boston en 1843. Se trata de un ameno relato en donde
tres mujeres jóvenes hacen el viaje en compañía de los padres de
Delight Holmes, una de las viajeras. Su padre, un profesor de
botánica va en busca de especímenes raros y su esposa le acompaña.
En él barco conocen a un joven médico, el Dr. Stillman, a un fotógrafo
y a un brasileño que vuelve a su país. Al relato de las peripecias de
viaje se suma una trama policíaca, pues al embarcarse los viajeros
reciben la noticia de que sospecha que un famoso estafador irá a
bordo del mismo barco, dando lugar a que las viajeras sospechen de
jul./dez. 2005
197
Carmen Ramos Escandón
cada uno de los personajes a bordo. Será una de las jóvenes viajeras
la primera en descubrir la falsa identidad del personaje.
Las tres mujeres jóvenes son estudiantes del prestigioso colegio
Newyorkino de Vasaar College, hasta hoy uno de los mejores, más
prestigiosos y caros colegios para mujeres en el este de los Estados
Unidos, que solo recientemente admitió la presencia masculina entre
sus aulas9.
El libro está dirigido a un público lector adolescente, o joven,
mayoritariamente femenino que puede fácilmente identificarse con
las viajeras, cuyas personalidades y temperamentos varían
enormemente. Todas tienen en común un deseo de aventura y
exploración, pero mientras una está invitada como acompañante de
las otras dos, los dos restantes: Victoria Delavan y Delight Holmes
son mujeres de familias pudientes que pueden fácilmente solventara
el gasto del viaje. El padre de una de ellas, el Prof. D necesita ir a
América Latina para completar sus colecciones botánicas y
animales. Maud la invitada, se interesa por la pintura y pasa una
buena parte del viaje haciendo ilustraciones de los tipos físicos de la
región, o de los lugares visitados.
El ritmo de la narrativa viajera es tradicional, se inicia con la
invitación al viaje y continúa a lo largo de un recorrido que incluye
Las Islas Vírgenes, Brasil, en especial la zona de las amazonas y
cruzando la cordillera culmina en Cuzco y Quito.
El interés de esta curiosidad bibliográfíca, radica, a mi manera
de ver, en la posibilidad que nos brinda de conocer como se veía a
una región tan vasta y tan variada como la América del sur, desde
la perspectiva de tres jóvenes norteamericanas a fines del siglo
XIX. Se trata pues de explorar como la autora construye la mirada
femenina de las jóvenes, protagonistas de esta pequeña saga y dirigida
a lectoras muy semejantes a las viajeras mismas. La autora prolífica
escritora de este tipo de literatura, fue una alumna de Vassar
College. El relato se apoya en la supuesta inocencia y naivite de los
personajes, femeninos, que sin embargo, son el eje de la construcción
de un imaginario sobre el territorio exótico que significa la América
del sur para el público joven de su país.
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Género e identidad transcultural. Perspectivas...
Si Mary Louise Pratt ha establecido que el libro de viaje significa
la creación de una zona de contacto entre los dos mundos presentes,
el del viajero explorador o narrador y el del espacio explorado en la
narración,10 este pequeño libro, puede colaborar a descubrir, con la
mirada que aprovecha la perspectiva de mas de un siglo, el universo
cultural que sobre el Caribe y América Latina se ofrece a las jóvenes
norteamericanas de la época y colaborar a descifrar las múltiples
capas de procesos de interpenetración cultural y formación de
identidades. Se trata de asomarse a la versión que sobre el Caribe
y Latinoamérica podrían tener las lectoras que buscaban en la
literatura de viaje, un espacio de alteridad a su realidad especifica.
Sin embargo, el libro esta construido de tal manera que pretende
una supuesta veracidad sobre el relato apoyándose en la cita de
autores de la época.
Además de las viajeras, hay otros viajeros a bordo, cada uno
con una característica o interés personal. El Prof. Holmes un
botánico que viaja con el propósito de investigar las plantas de la
región. El Dr. Stillman pretende añadir los conocimientos locales
sobre medicina y herbolaria, a la ciencia. El botanista y el médico
representan el contacto entre el conocimiento occidental, reputado
como científico y lo que en ese momento se llaman simplemente
“remedios nativos” cuya eficacia se prueba en el tratamiento del
viejo profesor que cae víctima de una misteriosa enfermedad. Al
respecto debemos recordar que en efecto, los recursos y
conocimientos sobre el empleó de los recursos naturales
latinoamericanos, tiene una larga tradición en el comercio europeo.
Baste recordar el palo de Brasil, la cochinilla y desde luego el guano
peruano. En este caso se mencionan específicamente la Jacaranda,
el palo de rosa, el palo santo o palisander la Moracoatidra o madera
de cebra, el pao d’arco, la tuya, cedros y laureles (p. 35), así
zarzaparrilla y el “peruvian bark” es decir la quina.11 Las maderas
se mencionan de modo particular y se supone que serán exportadas
a los Estados Unidos. El interés por los recursos naturales de la
región, no debe sorprender, estamos en plena expansión del
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199
Carmen Ramos Escandón
capitalismo imperialista, que se sustenta en la integración de las
regiones de económicas de autosuficiencia a la esfera del intercambio
monetario mundial. Se trata pues de reforzar la perspectiva que
considera a Latinoamérica como un continente proveedor de
materias primas, de recursos y aun de conocimientos herbolarios
que supuestamente ayudaran a la transformación de la región. El
interés por las costumbres y productos regionales en este caso se
describe a través de los ojos inocentes de las viajeras, que sucumben
a las delicias de las frutas y comidas locales: mango, plátanos,
queso flameado, guayabas, pinas naranjas, (p. 38-39) a la vez que
sueñan con la explotación de productos locales que aumenten el
comercio con su país. En cambio el interés por los acontecimientos
locales, por la historia de la región, por las costumbres locales es
prácticamente nulo. Salvo la conquista y la leyenda negra que culpa
a España, hay una mínima atención a la cultura de la región. Es la
fascinación con la realidad geográfica, lo que prevalece.
La Geografía real, la realidad imaginada
La travesía comienza de algún puerto norteamericano pero
la primera parada son las Islas Vírgenes.12 La descripción de la
ciudad y la montaña, no aparece, simplemente se refieren a ella
como la New Jerusalem y su belleza resulta tan supernatural que
obliga a derramar lágrimas (p. 30). En la descripción del paisaje
prevalece pues una perspectiva embelesada, de romanticismo que
idealiza la naturaleza de la región como un espacio de idealidad, una
especie de paraíso terrenal, una zona de perfección fuera de la
historia, en donde nada ocurre. De hecho el argumento de la narrativa,
no toma en cuenta el lugar en lo absoluto. El interés por los sitios
que van visitando se justifica por la belleza natural descrita con
admiración y hasta arrobo. La narrativa se apoya en los peligros
locales para añadir emoción al viaje. Los acontecimientos locales,
no interesan, los lugares son bien dignos de mención por sus tipos
físicos, por el colorido de las plantas, por el exotismo de una
naturaleza virgen.
200
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Género e identidad transcultural. Perspectivas...
La descripción de las áreas que recorren los viajeros está
apoyada con la imagen de los grabados que ilustran el libro.13 Esta
es, a mi juicio, una de las partes más valiosas de libro, la diferencia
entre la descripción verbal de las regiones y la forma en que se
ilustra la región misma. Los grabados son particularmente
dramáticos en la representación de lugares naturales que significan
una posible amenaza. Es el sentido virginal de la naturaleza el que
se enfatiza como un espacio ignoto, como un territorio no tocado
aún por la cultura occidental. La selva amazónica, con sus peligrosos
animales y las inhóspitas regiones de la cordillera andina, se resaltan
como los sitios amenazantes cuyo riesgo yace precisamente en su
falta de incorporación a la mirada europea. El sentido de aventura,
de riesgo inminente con que se representa la geografía en esta
perspectiva, no puede menos que darle un cierto sentido épico a la
narración, un acento en la aventura del descubrimiento, en la mirada
doblemente virginal de las protagonistas. Virginal desde su condición
de mujeres célibes y desde su condición de norteamericanas para
quien la otredad de los lugares visitados aumenta su atractivo.
Se trata del uso de una doble alteridad, la de la mujer en
cuanto que mujer y la de la otredad discursiva de que son limitadas
las ocasiones en las que las mujeres tienen el acceso a la palabra y
a la narración. El libro está escrito por una mujer, desde la perspectiva
que describe a tres intrépidas viajeras y más aun propone una
alternativa de mujer intrépida, valiente, que conscientemente rechaza
el matrimonio como único espacio de realización posible. Los
personajes están más cerca de la “Gibbson girl” que de “El ángel
del hogar”.14
Aquí, es en los personajes femeninos, en donde la autora
radica las virtudes de la observación, la perspicacia y aun de la
temeridad física. Son estas tres mujeres el héroe de la narración y
su heroicidad esta dada por la originalidad de sus acciones y
pensamientos, por la pertenencia al selecto grupo de mujeres de
Vassar College, quienes afirman su individualidad lejos de la trillada
esfera del matrimonio, para fincarla en la audacia de sus conductas.
jul./dez. 2005
201
Carmen Ramos Escandón
Por ejemplo en uno de los pasajes más emocionantes de libro, una
de las protagonistas se aventura sola en la noche, al paraje desierto
de donde brota una fuente de agua. En el trayecto es sorprendida
por un leopardo, es en este momento que es salvada por el joven
doctor que acompaña al grupo de viajeros. A pesar de su
agradecimiento, el narrador establece que la joven en ningún
momento pierde la calma.
Naturaleza y veracidad
La otra forma de justificar la credibilidad de la narración es a
través de la enunciación y descripción de los productos naturales
de la región o de las variedades botánicas de las plantas
mencionadas. En este sentido esta mencionada la Jacaranda, la
Moraicoatida, la Palisades, que es, supuestamente el Palo santo,
una madera morada, que será introducida en los Estados Unidos.
Esta es una característica del libro que no puede pasarse por
alto, pues es la parte que más cercanamente toca la realidad de lo
que era la Latinoamérica de la época y la relación entre los Estados
Unidos y Latinoamérica. En esta perspectiva el Caribe y
Latinoamérica parece como el sitio proveedor de materiales,
productos, exóticos, nuevos, y que eventualmente significaran un
comercio importante con los Estados Unidos o Europa, los
compradores naturales. En ese sentido son varios los productos
que aparecen me mencionados tales como el caucho, el chocolate,
un cierto fríjol misterioso que sirve para las dolencias de ojos, el
curare, cuya celeridad para matar no conoce antídoto. En el mismo
sentido se menciona el así, una palma de la que se hace una especie
de helado, que se dice, es sumamente refrescante (p. 39).
Un espacio especial de fascinación son las frutas tropicales,
los montones de pinas, mangos, plátanos y naranjas resultan tan
exóticos cuan apetecibles. La escripción de los platos, sabores y
olores locales añade interés la narración y sirve para difundir el
conocimiento sobre los productos.
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Género e identidad transcultural. Perspectivas...
La idea del viaje está usada como espacio de transformación
interna y externa. Las jóvenes viajeras aprenden a conocer sus
capacidades e intereses y en el descubrimiento de su propia forma
de ser se sostiene el interés de la narración que presenta situaciones
límite, a las que ellas deben responder. Los peligros de la naturaleza,
el abandono de los sirvientes que les sirven de guía, la doble
personalidad del brasileño dueño de la finca en que se albergan
inicialmente y que resulta ser el estafador mencionado al inicio, son
espacios y situaciones que permiten un cierto desarrollo de los
personajes que se da paralelo a la exploración y conocimiento de
las diferentes regiones. Hay sin embargo, una cierta falta de realidad
y contraste entre lo que era la experiencia viajera de principio de
siglo y la de este momento (1885). En ningún momento las viajeras
se ven en peligro por el viaje mismo, lo que lo limita son la falta de
recursos, la falta de mano de obra nativa que sirva de guía, pero no
la prevalecía de la fuerza de la naturaleza sobre las posibilidades de
los viajeros. Ello no obstante, la fuerza de la naturaleza virgen parece
sobre todo en los grabados que ilustran el libro en lo que se refiere
a la zona andina. Las cordilleras, las cataratas los ríos, es decir la
naturaleza misma, se presenta como una amenaza, a veces
infranqueable. Hay pues una dicotomía entre la narrativa y la
ilustración que aparece mucho más temible que lo que la acción
misma describe.
La naturaleza es el gran espacio a conquistar, el espejo de la
otredad desde la forma de vida occidental que representan las
viajeras. El sentido épico del libro pasa por la conquista de la
naturaleza, así sea únicamente en la capacidad de observación y
recorrido del área. La amenaza de la naturaleza resulta aquí un
sitio de riesgo, de espacio a dominar, cuya fascinación y exotismo
es el acicate del viaje mismo. Hay además un triple juego con la
represtación de la naturaleza. Los grabados la muestran abrupta,
inconquistable, pero la narración nos habla de la facilidad con que
se representa por partida doble. El fotógrafo que viaja con el grupo,
la toma en su cámara instantánea y Maud, una de las viajeras y
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203
Carmen Ramos Escandón
personaje central del libro, toma sus apuntes de las bellezas naturales
y los tipos físicos de la zona, en una especie de interpretación
personal de la región.
Es la capacidad de observación de la joven que le desarrolla
su facilidad para pintar lo que le permite descubrir la doble
personalidad de uno de los viajeros, El Sr. Silva quien es en realidad
un estafador huyendo de la policía. Así, la observación de la
naturaleza desarrolla en Maud, capacidades insospechadas de
autoafirmación e intereses mas allá de lo doméstico, pues al fin del
viaje decide estudiar medicina. El libro supone una doble conquista,
la de las viajeras para superar los peligros que les plantean la
naturaleza y la de su propio autoconocimiento, que las lleva a la
aumentada confianza en sus propias capacidades.
Se trata pues de un libro que pretende ser formativo para sus
jóvenes lectoras, en su momento, seguramente aspiró a ser un
testimonio o, por lo menos, una visión que al describir una realidad
muy diferente de la de Vassar College y la clase acomodada que
allí se educa, abría las puertas a una perspectiva más amplia, más
cosmopolita para las jóvenes. Resulta así un instrumento didáctico
para las jóvenes y un espacio de autoafirmación para la autora, una
de las pocas voces femeninas sumamente exitosa en la construcción
de un espacio de expresión propia. Sus numerosos artículos y libros
así lo confirman.
En su conjunto, como objeto material el libro anuncia, desde
su portada, el exotismo de su contenido, con las tres jóvenes alrededor
de una hamaca. Así, puede decirse que este pequeño relato
constituye un doble testimonio. Por una parte, se trata de una estética
de la naturaleza tradicionalmente vista desde la feminidad. La
naturaleza es el especio de la otredad exótica a la que muy pocas
mujeres tenían acceso en su momento. Otro testimonio acaso aun
más importante, es el de dar voz a un imaginario femenino en donde
prevalecen la autoafirmación, la aventura y la osadía, frente a las
conductas, tan insistentemente prescritas de la sumisión y la
domesticidad.
204
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Género e identidad transcultural. Perspectivas...
Notas
1 La edición original no consigna el nombre de la autora, solamente las iniciales de
su nombre de casada. Mme. C de la B. Life in México, During a Residence of
Two Years in that Country. Boston: Charles C. LITTLE and James BROWN,1943.
La edición londinense dice Madame C. De la B. Life in México During a Residence
of Two Years in that Country. London: Chapman and Hall, 1843. With a Preface
by William H. Prescott. En español la edición mas completa es la de Felipe
Teixidor. Tampoco allí se consigna el nombre de soltera de la autora. Madame
Calderón de la Barca. La vida en México durante una residencia de dos anos en
ese país. México: Editorial Porrua, 1959. Traducción, prólogo y notas de Felipe
Teixidor.
2 GRAHAM CALCOTT, Maria. Journal of a Residence in Chile During the Year
1822. Londres: Longman et al. /John Murria, 1824. Para una lectura interpretativa
de la significación de sus escritos en comparación con Flora Tristan ver PRATT,
Mary Louise. Ojos imperiales. Argentina: Universidad de Quilmes, 1997, p.275288.
3 Ethel Tweedie (Mrs. Alec Tweedie) escribió varios libros sobre viajes, con un
toque de crítica social. Sobre México escribió: Mexico as I saw It. New York:
Mc. Millan, 1901. The Maker of Modern Mexico: Porfirio Diaz. New York L.
Lane, 1906, Mexico: From Diaz to the Kaiser. New York: G Doran, 1918.
También publicó America as I saw It or America Revisited. New York: Mac
Millan, 1913.
4 Vease GORDON, Felicia. The Integral Feminist: Madeleine Pelletier 1874-1939.
Mineapolis: University of Minessota Press, 1990, p.20.
5 HUNT, Tamara y LESSARD, Micheline R. Women and the Colonial Gaze. New
York: Washington Square Press/New York University Press, s/d.
6 Said, Edward. Culture and Imperialism. London: Chatto and Windus, 1993.
7 La mayoría de sus trabajos están conservados en la biblioteca de la Universidad
de Cornell, en Ithaca, New York.
8 CHAMPNEY, Lizzie W. Three Vassar Girls in South America. A Holiday Trip
for Three College Girls Through the Southern Continent up the Amazon, Down
the Madeira, Across the Andes, and up the Pacific Coast to Panama. Boston:
Estes and Lauriat Publishers, 1885. El libro pertenece a la serie Three Vassar
Girls, una serie para adolescentes que registra 11 titulos: Three Vassar Girls
Abroad. Boston, 1883; Three Vassar Girls in England, (1884); Three Vassar
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205
Carmen Ramos Escandón
Girls in South America (1885); Three Vassar Girls in Italy (1886); Three Vassar
Girls on the Rhine (1887); Three Vassar Girls at Home (1887); Three Vassar
Girls in France (1888); Three Vassar Girls in Russia and Turkey (1889); Three
Vassar Girls in Switzerland (1890); Three Vassar Girls in the Tyrol (1891);
Three Vassar Girls in the Holy Land (1892). Además escribió la serie Witch
Winne entre 1889 y 1898. Como la serie de las chicas de Vassar, los personajes
viajan y visitan España, Venecia, Holanda, etc. Su otra incluyo también biografías
de mujeres coloniales norteamericanas: Dames and Daughters of Colonial Days.
New York, 1900. Además de numerosos artículos en revistas y publicaciones
periódicas. Vease <http:// readseries.com/auth-bc/champbio.html>.
9 Yo adquirí el libro, prácticamente de desecho en Vassar College, en Pouquispee,
New York, en una barata de libros de su biblioteca, al celebrarse alli la Berkshire
Conference on Women.
10 PRATT, Marie Louise. Ojos imperiales: Literatura de viajes y transculturación.
Argentina: Universidad Nacional de Quilmes, 1997.
11 Vox New Collage Spanish and English Diccionary. Lincolnwood Illinois: National
Textbook Company, 1992
12 Las Islas Vírgenes, descubiertas en 1500 pasaron a manos de la Danish West
India Company. Los Estados Unidos tuvieron un interés estratégico en la región
desde la guerra Civil Norteamericana y finalmente las compraron a Dinamarca al
inicio de la primera guerra mundial.
13 Los grados fueron ejecutados por “Champ”, pseudónimo que se refiere al
nombre del marido de la autora, pintor y grabador de la época, el ilustrador
oficial de los libros de su mujer.
14 Se trata de dos de los estereotipos femeninos más importantes del fin del siglo
XIX. El ángel del hogar es la mujer hogareña, ocupada solo de su espacio
domestico, entregada a la crianza de los hijos y la complacencia del marido. La
“Gibson Girl” es la nueva mujer de la época, el dial femenino hacia 1900. Vease:
“The Gibson Girl, Eyewitness to history”. <httpwww eyewitnestohistory.com>
que desempeña un trabajo remunerado fuera del hogar y no ve el matrimonio
como única meta de su vida
Bibliografía
CHAMPNEY, Lizzie. Three Vassar Girls in South America. A Holiday Trip of
Three College Girls. Boston: Estes and Lauriat Publishers, 1885
HUNT, Tamara; LESSARD, Micheline. Women and the Colonial Gaze. New
York: Washington Square Press/New York University Press, 2002.
206
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Género e identidad transcultural. Perspectivas...
MILES, Sara. Discourses of Difference. London: Routledge, 1993.
ORTEGA Y MEDINA, Juan. México en la conciencia anglosajona. México:
Antigua Librería de Robledo, 1955. ( Mexico y lo Mexicano, N° .22).
PRATT, Mary Louise. Ojos Imperiales. Literatura de viajes y transculturación.
Argentina: Universidad de Quilmas,1997.
SAID, Edward. Culture and Imperialism. London: Chatto and Windus, 1993.
jul./dez. 2005
207
Las narraciones de Julia Álvarez: hibridez y contexto
multicultural
Maricruz Castro Ricalde
Tecnológico de Monterrey
Resumo
O objetivo deste trabalho é refletir sobre as configurações que se tecem na obra da
escritora de origem dominicana, Julia Álvarez, no que diz respeito à identidade
nacional e seus problemas dentro da reflexão contemporânea sobre a
multiculturalidade. Neste artigo desejamos ressaltar os traços que convertem seus
relatos em escrituras hibridas ao permitir neles a convivência de elementos
heterogêneos e, aparentemente, incompatíveis entre si. Propomos-nos demonstrar
que este recurso e de natureza metonímica. A autora lança mão dos procedimentos
de narração fazendo alusão à possibilidade de colocar comunidade multiculturais,
onde não existe o imperativo da mescla e da fusão. Propõe-se assim, sistemas
culturais em continua interação e, deste modo, sujeitos à prováveis transformações
baseadas nas experiências compartilhadas por seus membros.
Palavras-chaves: Multiculturalismo, Escrituras Híbridas, Literatura Anglo-caribenha
Resumen
El objetivo de este trabajo es reflexionar sobre las configuraciones que se tejen en la
obra de la escritora de origen dominicano, Julia Álvarez, acerca de la identidad
nacional y sus enclaves en el pensamiento contemporáneo de la multiculturalidad.
En este artículo deseamos resaltar los rasgos que convierten sus relatos en escrituras
* Artigo recebido em julho e aprovado para publicação em setembro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 209-235, 2005
209
Maricruz Castro Ricalde
híbridas, al permitir la convivencia en ellos de elementos heterogéneos y,
aparentemente, incompatibles entre sí. Nos proponemos demostrar que este recurso
es de naturaleza metonímica. Es decir, la autora echa mano de los procedimientos
de la narración en alusión a la posibilidad de plantear comunidades multiculturales,
en donde no existe el imperativo de la mezcla o la fusión. En su lugar, se proponen
sistemas culturales en continua interacción y, por lo tanto, sujetos a probables
transformaciones, basadas en las experiencias compartidas por sus miembros.
Palabras claves: Multiculturalismo, Escrituras Híbridas, Literatura Anglo-caribeña
Abstract
The purpose of this paper is to think about the configurations of Julia Álvarez’
literary work, a Dominican-American writer, linked to national identity and its
relations with the contemporary thought of multiculturalism. We want to remark
the hybridism of her writing because she puts together contradictory elements,
incompatible among them, apparently, and in despite of that, they could live
together. We would like to show that hybridism, as a literary strategy, is presented
in order to associate the narration resources with the image of multicultural
communities, in the same way that a metonymic figure. Inside those communities,
it’s no necessary to melt or disappear any of its different constitutive elements.
Instead, her stories propose cultural systems that interact continuously and,
therefore, they could probably change, due to the shared experiences of its members.
Keywords: Multiculturalism, Hybrid Writings, Anglo-Caribbean Literature
***
Introducción
El objetivo de este trabajo es reflexionar sobre las
configuraciones que se tejen en la obra de la escritora de origen
dominicano, Julia Álvarez, acerca de la identidad nacional y sus
enclaves en el pensamiento contemporáneo de la multiculturalidad.
Sus narraciones redefinen los componentes tradicionales del
concepto de nación, los cuales aluden a ciertos elementos
compartidos entre sus miembros como “[...] una historia y una
ascendencia común, una lengua y cultura y una socialización
210
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Las narraciones de Julia Álvarez...
compartida a través de instituciones [...]” (LÓPEZ, 2002, p. 72). Sobre
todo porque las ficciones de Álvarez exhiben una gran movilidad
geográfica, gracias al ejercicio de la memoria de sus personajes, lo
cual permite que un sujeto que vive en un país y habla la lengua
oficial de éste, sea capaz de configurar sus experiencias en él, a
partir de un sistema de interpretación “ajeno” a él. Los individuos
de sus ficciones están inmersos en procesos continuos de hibridación
y expuestos a desplazamientos transnacionales (entre Estados
Unidos y República Dominicana) que les impelen a cuestionarse
sobre sus arraigos territoriales y, por extensión, cognitivos y afectivos.
Sus libros entrañan siempre una mirada sobre la nación como una
categoría multidimensional que sólo es fructífera, si se le considera
como una noción siempre en proceso y en constante cambio,
condicionada a las prácticas y a los discursos de los sujetos que la
sostienen.
Aun cuando mencionaremos algunos ejemplos de casi todas
la obra de Álvarez y, sobre todo, de la escrita para los lectores más
jóvenes, nos interesa centrarnos en dos títulos, debido a ciertas
características “anómalas” presentes en ellos. Ambos, curiosamente,
fueron publicados el mismo año, 2001 (en inglés, en su versión
primera; idioma en el que también han sido escrito los demás textos
de esta autora). Se trata de Cuando la tía Lola vino de visita
para quedarse (de la colección para jóvenes lectores) y El cuento
del cafecito (dirigido a un público de más edad). Los rasgos que
separan a estos libros de los anteriores y los posteriores de la
escritora se vinculan tanto con el género literario elegido, como con
la inclusión en estas narraciones de formas del discurso que las
alejan del canon del cuento largo o la novela. En este artículo
deseamos resaltar los rasgos que convierten sus relatos en escrituras
híbridas, al permitir la convivencia en ellos de elementos heterogéneos
y, aparentemente, incompatibles entre sí. Nos proponemos
demostrar que este recurso es de naturaleza metonímica. Es decir,
la autora echa mano de los procedimientos de la narración en alusión
a la posibilidad de plantear comunidades multiculturales, en donde
no existe el imperativo de la mezcla o la fusión. En su lugar, se
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211
Maricruz Castro Ricalde
proponen sistemas culturales en continua interacción y, por lo tanto,
sujetos a probables transformaciones, basadas en las experiencias
compartidas por sus miembros.
La hibridación: recurso temático y formal
How the Garcia Girls lost their Accent (1991) situó el nombre
de Julia Álvarez, entre el cada vez más numeroso grupo de escritoras
que escribe o publica sus primeras versiones en inglés, a partir de
una mirada sobre sus lugares de origen en Latinoamérica: Sandra
Cisneros, Esmeralda Santiago, Rosario Ferré o Cristina García, por
mencionar algunas. Todas ellas trazan, en algún momento de su
obra narrativa, sagas familiares, cuyo subtexto es tanto la historia
personal como la de sus países de origen (México, Puerto Rico o
Cuba). La relación entre la memoria subjetiva y la memoria colectiva
bastaría para poder analizarlas desde el enfoque de su hibridez
discursiva.
Néstor García Canclini identifica tres procesos clave para
explicar la hibridación: “la quiebra y mezcla de las colecciones que
organizaban los sistemas culturales, la desterritorialización de los
procesos simbólicos y la expansión de los géneros impuros” (1989,
p. 264). Los primeros de ellos aparecen en la literatura de Julia
Álvarez, dada su inserción en la multitud de escritores
latinoamericanos que escriben sobre su país, viviendo lejos de él,
fuera por largas temporadas, fuera casi toda su vida; rasgo de los
autores de nuestras latitudes, desde mucho tiempo atrás: Domingo
Faustino Sarmiento, José Martí, Alfonso Reyes, Oswaldo de
Andrade, Julio Cortázar, Mario Vargas Llosa, Cristina Peri-Rossi,
por mencionar algunos. Los productos artísticos emanados de la
memoria dibujan lugares híbridos, “rediseñados por patrones
cognoscitivos y estéticos adquiribles” (GARCÍA CANCLINI, 1989, p.
306) en los más diversos sitios del mundo.
En el caso de Álvarez, el tópico de la hibridez cultural se
despliega de manera insistente, al situar a sus personajes (algunos
de ellos, posibles alter-egos de la autora) en un espacio propicio
212
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Las narraciones de Julia Álvarez...
para interrogarse sobre ellos mismos y su sentido de pertenencia a
una nación determinada, mediante estrategias literarias relacionadas
con el desdibujamiento de los géneros literarios. Por ejemplo,
Yolanda, la protagonista de su primera novela, reaparece en ¡Yo!
(1997), en un juego de naturaleza intertextual e intergenérica. En el
primer caso, al recurrir de nuevo a la familia García para construir
su narración; en el segundo, al conferir una apariencia de realidad
personal (el texto como una crónica de vida) a un escrito de
naturaleza ficcional. De ello es tan consciente la autora, que en
¡Yo!, los subtítulos de los capítulos de la primera parte son géneros
o subgéneros literarios o del discurso (“Testimonio”, “Poesía”,
“Informe”, “Romance” y “Epístola”) y en las dos últimas partes de
la novela son elementos de estructura o de estilo literarios
(“Perspectiva”, “Desenlace”, “Ambientación”, “Caracterización”,
etc.). El matiz lúdico de este texto arranca desde la selección del
título, cuya ambigüedad descansa entre el diminutivo del nombre
del personaje principal (Yo), perteneciente al orden de lo fictivo, y
el pronombre de la primera persona, que nos acercaría a las distintas
variaciones de las escrituras del yo. Al receptor, sin embargo, se le
brinda la clave de su lectura, al titular el prólogo como “Las
hermanas. Ficción”.
El género ensayo ha sido también objeto de experimentación,
en relación con la hibridez literaria. Un año después de haber
publicado ¡Yo!, dio a conocer un nuevo título: Something to Declare.
Éste surgió de la inquietud de sus lectores por encontrar respuestas
directas a preguntas sobre tópicos diversos que aparecen en los
escritos de Álvarez: la experiencia de la inmigración, del cambio de
la lengua de origen (el español) al de la nueva patria (el inglés), la
combinación de la vida como escritora, profesora y miembro de
una familia: “[...] straight answers. Which is where essays start”
(1999, p. xiv). Pero, en realidad, esto ni siquiera es el punto de partida
de sus ensayos, sino más bien un motivo para volver a mezclar las
formas discursivas (exposición, argumentación, narración, diálogo,
descripción, entre otras)1, las temporalidades (los recuerdos de la
infancia primera y la juventud con el presente de la escritura) y los
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213
Maricruz Castro Ricalde
temas recurrentes en sus novelas previas: los vínculos entre la
historia y la Historia, las preguntas sobre la identidad (entendiéndola
como Jean-Luc Nancy: “the self that identifies itself” (FUSS, 1995, p.
2), la pertenencia a una nación, el significado de ser mujer y ser
escritora.
Como en ¡Yo!, la elección del título del libro no es una cuestión
dejada al azar. Something to Declare es una forma de responder a
la pregunta incluida en los formatos aduanales de muchos países y
explícita en la de los formularios de entrada a los Estados Unidos.
Se refiere, por lo tanto, a la experiencia del viajero, nativo o visitante,
quien debe rendir cuentas al Estado sobre el posible ingreso de
bienes que deben ser monitoreados: dinero, alimentos, animales,
plantas, entre otros. La respuesta usual, apresurada, es “nothing to
declare”. En el nombre de su libro, Álvarez incluye, dentro del
espectro de aquello que no forma parte de la nomenclatura revisada
por la autoridad, la experiencia de la migración, de la
transculturalidad, la hibridación proveniente de llevar entre su equipaje
un pasado y una memoria para aterrizar en una tierra nueva, promesa
de un futuro diferente a lo conocido. El “something” le contesta al
“nothing” como una manera de plantarse frente a un orden articulado
por un listado de materialidades que deja fuera la esfera de la
subjetividad que, a la larga, se traduce en un complejo conglomerado
de prácticas y valores sociales.
En el 2000, la autora se dirigió a un nuevo público, a través
de la escritura: publicó en Knopf Book for Young Readers, textos
para edades de un rango variado (desde niños de educación
elemental hasta de educación media superior). En estos libros, los
protagonistas son infantes o adolescentes que, por alguna
circunstancia, deben adaptarse a un ambiente distinto al que conocen.
Si en un inicio, todos ellos sienten algún tipo de exclusión, finalmente
pueden realizar pactos y negociaciones que les permiten comprender
su nuevo contexto y entenderse mejor a sí mismos. Todos los títulos
de Álvarez en esta colección han tenido un cálido recibimiento tanto
por parte de la crítica especializada como el reconocimiento de
instituciones públicas y académicas2.
214
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Las narraciones de Julia Álvarez...
Estas narraciones se acercan gracias a ciertos rasgos, entre
los cuales deseamos destacar otro matiz propio de la hibridez
discursiva: lo que Perry Anderson llama “la intersección de diferentes
temporalidades históricas” o Néstor García Canclini,
“heterogeneidad multicultural” (GARCÍA CANCLINI, 1989, p. 70). Esta
perspectiva se basa en la idea de la coexistencia de una gran
diversidad de tradiciones junto con las expresiones culturales más
vanguardistas. Lo tradicional y lo antiguo no fue sustituido del todo,
principalmente en lo que a las sociedades latinoamericanas se refiere,
al mismo tiempo que el proceso modernizador promovía otro tipo de
prácticas, usos y costumbres. El resultado ha sido la pervivencia,
en un mismo espacio, de tiempos que se superponen y cuyo producto
más evidente es la constitución de realidades muchas veces
conflictivas y contradictorias. La obra de Álvarez recoge esta
característica y sobresale el hecho de no omitirla en los libros creados
para los más jóvenes.
Por ejemplo, el primero de ellos fue The Secret Footprints
(2000). En él, la decisión de Julia Álvarez de dirigirse a un público
muy diferente al de sus exitosas novelas previas (En el tiempo de
las mariposas, En el nombre de Salomé y ¡Yo!) marcó un cambio
sustancial en sus estrategias narrativas, pues suspende los
experimentos que había llevado a cabo, en relación con el empleo
de analepsis, prolepsis y el uso de tiempos fragmentarios; la inclinación
por trazar genealogías e, incluso, graficarlas; el uso de una gran
variedad de géneros (cartas, diarios, poemas, crónicas periodísticas),
en un mismo texto. Determinación asumida, muy posiblemente, para
no confundir con este tipo de recursos a quienes tal vez se están
iniciando en la literatura. Sin embargo, siguió aprovechando las
imbricaciones de dos o más tramas basadas en el desarrollo de los
personajes, la inclusión de hechos históricos de la República
Dominicana como subtextos, cierto matiz reflexivo sobre el uso de
la lengua materna y la lengua de uso (en este caso, el inglés y el
español). Todo ello como una manera de entreverar las tradiciones
culturales del Caribe y las de los anglosajones nacidos en Estados
Unidos.
jul./dez. 2005
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Maricruz Castro Ricalde
The Secret Footprints habla de las ciguapas, una comunidad
de bellas mujeres que viven bajo el agua y salen por las noches, en
busca de comida. La amistad de una de ellas, Guapita, con un
muchacho de la isla es el núcleo de la historia. Nuevamente, Álvarez
explora las relaciones entre dos culturas, dos pueblos distintos entre
sí y que, sin embargo, pueden converger por la voluntad, por la
curiosidad intensa que el “otro” despierta. El resultado es la
convicción de lo fructífero de los acercamientos personales, pues
cuando prevalecen los prejuicios colectivos, la experiencia del
encuentro se vive de una manera muy diferente. Por otra parte, la
autora recoge una leyenda, una narración que circula en forma oral
como parte de los misterios de la isla, y la incorpora a la experiencia
del presente de un niño como cualquier otro. Funde, así, las
estratificaciones de lo temporal, de la misma manera que rompe las
fronteras entre lo culto y lo popular, la ficción y la idea de realidad.
Las utopías transformadoras presentes en los relatos de esta
colección, pero también en El cuento del cafecito, son la respuesta
de Álvarez sobre cómo acercar la experiencia dominicana con la
estadounidense: de qué manera situar en el mismo horizonte de su
escritura a dos sociedades tan diferentes entre sí, y simultáneamente
complejas y multidimensionales en sí mismas.
Un año después, Julia publicó Before We Were Free y, a
pesar de pertenecer a la misma colección, enfocada a lectores
jóvenes, aborda problemas muy similares a los de su obra previa
dirigida a los adultos. Las dictaduras en Latinoamérica, el terror
que invade a las familias, cuando uno de sus miembros “desaparece”
o ante la posibilidad de que el “Jefe” pose los ojos en alguna de las
jovencitas del lugar son una constante en sus novelas. La historia
de las hermanas Mirabal (eje de En el tiempo de las mariposas)
circula dentro del mundo de Anita, protagonista de Before We Were
Free. Esta adolescente de doce años vive con intensidad el despertar
de su cuerpo y sus afectos, de manera paralela a la incertidumbre e
inseguridad de lo que ocurre en el exterior. El tema de la identidad
reaparece, en la doble vertiente de los cambios de la pubertad y los
216
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Las narraciones de Julia Álvarez...
de una nación envuelta en violentos acontecimientos. De manera
semejante a como trabajó sus novelas de corte histórico (En el
tiempo de las mariposas y En nombre de Salomé), la autora
introduce lo cotidiano y lo femenino en un intento por rescribir la
Historia de la República Dominicana. La mirada sobre las vidas
individuales, selladas por el devenir de la vida nacional, se posa
también en las alegrías juveniles del primer enamoramiento, de las
amistades entre mujeres, de la complicidad familiar. La tragedia del
entorno social es equilibrado por la amplitud narrativa que se le
concede a los espacios creados por la solidaridad comunitaria.
El texto más reciente en esta línea es Finding Miracles
(2004). En él, el tema de la identidad es reelaborado, desde una
óptica inversa: ¿cómo reconciliarse con el origen, si la identidad se
ha constituido, en apariencia, a través de la negación de aquél?
Como en varios de sus libros, el ingrediente autobiográfico deja su
huella. Al igual que en Cuando la tía Lola [...], ¡Yo!, En nombre
de Salomé, Vermont se despliega como el enclave, blanco y frío,
que contrasta con el lugar colorido y cálido que yace en el recuerdo
sobre el Caribe. Milagros debe realizar un viaje, tanto interior como
objetivo, para tratar de entender si su pasado y su país de nacimiento
sustentan sus raíces como sujeto. La recuperación de la historia
personal y la historia colectiva se presentan con una fuerza singular
en este texto, atando la veta del resto de su obra: en algún sitio
entre el yo y los otros, entre el lugar de los ancestros y el sitio en el
que se vive, se teje el concepto de nación.
Su obra, por lo tanto, se localiza en los diversos cruces de
caminos que implica la multiculturalidad, puesto que las fronteras
sólo están marcadas en los desplazamientos reales. Simbolizados a
través de la metáfora del viaje, en prácticamente todas sus
narraciones, los personajes se trasladan del trópico hacia los Estados
Unidos y viceversa. Sin embargo, esas fronteras geográficas se
desmoronan en la constitución del sujeto, quien funde en la memoria
lo que supuestamente pertenece a un sitio o a otro. La pérdida de
referentes culturales fijos trae consigo la ganancia de nuevos
paradigmas, cuya seña de identidad es la hibridez, que favorece la
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Maricruz Castro Ricalde
copresencia de tiempos y espacios, memoria colectiva y subjetividad.
El escritor trasnacional, el inmigrante que llega con una historia a
cuestas, desjerarquiza las nociones de su lugar de origen, debido a
esos procesos de desestructuración y resignificación que suscita el
extrañamiento.
Cuando la tía Lola vino de visita para quedarse y El
cuento del cafecito son ejemplos de la impureza genérica, propia
de los procesos de hibridación cultural, en los términos de García
Canclini. Su organización formal favorece un reconocimiento sobre
variados tópicos del mundo actual: la inmigración, la transculturación,
la existencia de comunidades multiculturales así como los problemas
aparejados con la globalización como las injusticias y la asimetría
económicas, los estereotipos raciales y nacionales. En ambos casos,
sin embargo, hay un desenlace que respira optimismo y sustenta la
posibilidad de transformaciones sociales basadas en el compromiso
comunitario. De manera mucho más marcada que en otros textos,
en aquéllos, Álvarez cuestiona la manera como se construye el objeto
literario, desde el enfoque de los géneros canónicos, al inscribir de
modo asaz evidente, la diferencia entre el discurso narrativo, el
ensayístico y el informativo, englobándolos a todos, no obstante,
dentro de la misma historia.
Así, Cuando la tía Lola vino de visita para quedarse
culmina con un ensayo en donde explicita su interés por explorar la
lengua como uno de los ingredientes de la identidad y, tal vez, el
espacio en donde ésta se configura. En él, habla de las variantes
idiomáticas que existen tanto en el inglés como en el español y el
plan de igualdad en el que deben convivir todas ellas. Desde la
perspectiva de este trabajo, la exhortación a aprender a hablar el
español, aunque sea “un poquito” es especialmente relevante. A
través de ella, está planteando la necesidad de la multidireccionalidad
en las relaciones entre los sujetos y sus naciones. Admite en él, en
forma implícita, cierto cariz didáctico, al referirse a las palabras que
tal vez el lector “ha aprendido en este libro” (2001, p. 122). La idea de
escribir para redimir, para “salvar” a los lectores, parece ser uno de
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Las narraciones de Julia Álvarez...
sus empeños. Mediante la literatura y el asombro que puede
despertar, dice Álvarez, es posible transformar las miradas de odio
y desconfianza hacia el otro (el que no habla igual, el que pertenece
a otra cultura) (1999, p. 141).
La libertad de la narradora al tachar, dentro del título, de
visita le permite echar mano de una estrategia tipográfica para
propiciar la aparición de las dos opciones del personaje. Una alude
a la movilidad y la otra, a la permanencia de la tía Lola, en el nuevo
hogar de Miguel y Juanita en Vermont. Al ser el pequeño Miguel, el
protagonista, podríamos inferir que es él o su mirada, la que favorece
que Lola se quede o se vaya de la casa. El nombre del libro, por lo
tanto, enuncia la problemática central del texto, englobada en la
respuesta de la interrogante: ¿qué significa la permanencia de la tía
en la casa de estos niños dominicanos que viven en el norte de
Estados Unidos? Junto con ella, llega el español a una comunidad
en donde casi no hay latinos y a la par de esta lengua extraña, un
cúmulo de situaciones y prácticas diferentes, cuando Miguel lo único
que quiere es no llamar la atención y no sentirse distinto a los demás
niños de su entorno. Lola es la viva encarnación de la otredad.
Iniciar la novela con el problema de la lengua (“—¿Por qué no
podemos decir simplemente ‘Aunt’ Lola?” (ÁLVAREZ, 2001, p. 9) y
finalizar con un breve ensayo en donde se habla de la diversidad del
español y las variantes idiomáticas que existen, dependiendo del
lugar en donde se hable, convierte a este texto, en su conjunto, en
una invitación a comprender que lo distinto, enriquece, multiplica, y,
simultáneamente, ayuda a comprender la finitud y las limitaciones
del sujeto (Álvarez termina dicho ensayo, admitiendo que algunas
veces olvida “cómo se dice alguna cosa en español” (2001, p. 122),
dado el número de años que ha hablado el inglés).
El cuento del cafecito, de alguna manera, se acerca al de
Cuando la tía Lola [...], en cuanto a la estructura y la intención,
aun cuando el destinatario es ya un público adulto. Ambos textos
son narraciones, aunque aquél es muy corto. Si en éste hay signos
de la hibridez que tanto le interesa a Julia Álvarez, El cuento del
cafecito, la consuma. Por un lado, presenta la historia de Joe, un
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Maricruz Castro Ricalde
profesor de Nebraska que marcha a la República Dominicana de
vacaciones. Ahí descubre, debido al azar, lo que significa producir
café orgánico. El encuentro con la familia de Miguel (nótese la
repetición del nombre del protagonista de Cuando la tía Lola [...])
y los campesinos de la zona lo sensibilizan acerca de los graves
problemas que viven los pequeños cafetaleros. Joe decide emprender
una aventura comunitaria, a fin de que la tradición del buen café no
se extinga. De manera indirecta, años después, esta determinación
le permitirá conocer a una mujer a quien amar.
La hibridez de esta narración se manifiesta de múltiples
formas. Por ejemplo, el texto se divide en cuatro partes, de la cuales
el episodio sobre Joe es la más extensa y la que fundamenta a las
dos siguientes. La segunda, el “Epílogo” es escrito por Bill Eichner,
actual esposo de Julia Álvarez. Si el texto de apertura se plantea
como una ficción (aun cuando se detectan evidentes rasgos
autobiográficos, como en el resto de la obra de Álvarez), aquél es
una reflexión que habla desde el “yo” para documentar la experiencia
del cafetal cooperativo “Café Alta Gracia”. La mezcla de realidad
y ficción, explorada tanto en sus novelas históricas como en las que
narra las peripecias familiares, se torna más compleja, en este corto
texto que, además, es contado de manera muy directa y lineal. La
aparición, sin embargo, de un texto firmado por el cónyuge de
Álvarez, justo después del final de la historia de Joe, interpela al
lector acerca de las fronteras entre los géneros literarios y otro tipo
de géneros del discurso; cuestiona su existencia y las convierte en
líneas casi imperceptibles. El concepto de frontera se vuelve muy
flexible, movedizo, prácticamente transparente y dotado de un alto
grado de ambigüedad, tal y como se plantea en las otras partes que
integran El cuento del cafecito.
El siguiente apartado es aún menor en extensión: un par de
páginas, cuya autoría no se aclara. Se llama “Un café mejor:
Desarrollo de justicia económica” y propone la necesidad de impulsar
el “fair trade”. El tono es expositivo y culmina en forma
argumentativa. Es decir, intenta separarse del tono de la ficción de
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Las narraciones de Julia Álvarez...
la historia de Joe, pero, al mismo tiempo, establece lazos de contacto
entre este personaje imaginario y los nombres de personas que Bill
Eichner había mencionado como reales, en el segundo escrito. Por
último, se agregan cinco páginas que tienen como objetivo proveer
“Información sobre recursos y ventas”, título de este documento de
naturaleza comercial que brinda un listado de sociedades “fair trade”,
aporta sus direcciones, sintetizan sus objetivos y sus funciones así
como los productos que comercializan.
La mezcla de tan variadas formas del discurso, en una obra
de tan reducida extensión, puede leerse como una metáfora de las
realidades heterogéneas aludidas en El cuento del cafecito. Si bien
los títulos entre una y otra parte fungen como líneas divisorias (como
fronteras simbólicas) que avisan los cambios de los géneros
discursivos, en realidad, la obra literaria que se ofrece es una sola,
caracterizada por la hibridación de los géneros. El sentido del texto,
entonces, no emana de cada uno de los apartados, sino de su conjunto.
De su interacción depende el vínculo que el lector establece entre
la ficción y su relación estrecha con la realidad contemporánea.
Temas como el comercio justo, la autosustentabilidad y la ecología
parecerían más afines a un manual académico, a una investigación
o a un reporte científico. Son, no obstante, los tópicos centrales de
este libro de Álvarez, quien a través de la “desorganización” de las
estructuras literarias canónicas, le imprime vida a su texto, lo deshace
como concepto (la noción de la obra literaria como un sistema
cerrado y autosuficiente) y lo compromete a interactuar con el
afuera, con el mundo, con la sociedad.
Intercambios culturales recíprocos
En la obra de Julia Álvarez interesa especialmente el
planteamiento sobre los cambios culturales recíprocos que producen
las migraciones. En sus narraciones resalta cómo “el hecho social
de la multiculturalidad ha retado el entendimiento tradicional de la
identidad nacional en ciertos términos culturales y raciales” (LÓPEZ,
2002, p. 72). Los enfoques de sus narraciones se debaten entre la
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Maricruz Castro Ricalde
homogeneización que implican los procesos de integración nacional
y el respeto a la heterogeneidad, bordeando el peligroso abismo de
la fragmentación social. El sentido de pertenencia es
desterritorializado y abandona su cariz unívoco, pues los personajes
que emigran, independientemente de su localización geográfica o
de la duración de su desplazamiento, pueden seguir experimentando
su afiliación a una o varias comunidades.
Tanto las novelas marcadas por una mayor intrusión de orden
autobiográfico como las que toman como sujetos protagónicos a
personajes históricos (En el tiempo de las mariposas y En nombre
de Salomé, serían los casos), erigen el viaje como un leitmotiv. Las
culturas de los dos países, uno del Caribe, el otro de Norteamérica,
son caracterizadas de manera completamente distinta y, en un primer
momento, parecerían pares antitéticos que situarían a las
protagonistas en una encrucijada. No obstante, de manera un tanto
más débil en sus primeras publicaciones y con mayores certezas
después, Álvarez permite que en su escritura se manifiesten tanto
las rupturas como las yuxtaposiciones que sobrevienen del encuentro
de las múltiples identidades que constituyen cada una de las naciones
en cuestión. Esto es posible porque ha ido configurando el concepto
de identidad no como un objeto estable, sólido y homogéneo, sino
como una noción fluida e inestable. Gracias a ello, su orientación
en torno del multiculturalismo apela al derecho a la diferencia
cultural.
Una de las estrategias literarias a las que ha recurrido es la
del distanciamiento: configura a sus personajes como extraños en
el espacio en el que habitan o al cual arriban. El abismo del lenguaje
aparece de manera repetida: la tía Lola llega de visita a Estados
Unidos, sin saber una palabra de inglés; Joe sólo sabe del español,
lo que ha estudiado en la secundaria. En otras obras también aparece
este rasgo: la periodista (alter ego dela autora) que articula esa
lengua torpemente, ante la sobreviviente de las hermanas Mirabal
(“Dedé se ve obligada a sonreír ante algunas incoherencias
importadas en el español de la mujer” (2001b, p. 14); en ¡Yo!, sin
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Las narraciones de Julia Álvarez...
importar los años que ha vivido en Estados Unidos, el padre de la
protagonista aún no habla bien el inglés (“— ¿Dónde está mi Yo?
— gritó en mal inglés que lo hizo aparecer aún más patético” (1999b,
p. 97). Las vicisitudes de las hermanas García, cuyo acento es objeto
de burlas, tiene el eco de las experiencias vividas por la autora, en
sus primeros años como inmigrante: “ ‘No speak eengleesh,’ they
taunted my accent. ‘I’m Chiquita Banana and I’m here to say…’
They glared at me as if I were some repulsive creature with six
fingers on my hands” (1999, p. 140).
La ausencia de una lengua común es un obstáculo, en
apariencia, insalvable para la comunicación entre los miembros de
dos culturas, pero pierde peso (aun cuando nunca desaparece del
todo, como un resabio que recuerda la diferencia, la otredad), ante
lo voluntad de los sujetos. Si el espíritu abierto, extrovertido, de los
habitantes caribeños resalta en los ambientes más bien inhóspitos
del noreste de Estados Unidos (a la tía Lola le basta una tarde para
hacer “una docena de amigos” (2001, p. 45), el deseo de Joe de
practicar “gratis” el español con los campesinos dominicanos se
desplazará a un nuevo respeto hacia la palabra:
Trabaja todo el día al lado de Miguel y sus hijos. Por la noche,
mientras lee, levanta la cabeza y ve que la familia lo está mirando:
¿Qué dice el papel? Miguel quiere saber.
Son cuentos, explica Joe. Cuentos que me ayudan a comprender
lo que significa vivir en esta tierra.
Miguel mira el libro en las manos de Joe con un respeto nuevo.
Joe ha notado el mismo afecto en la cara de Miguel mientras
inspecciona las pequeñas plantas de su vivero (2004, p. 36).
La adquisición de un nuevo lenguaje (una lengua distinta a la
nativa o el aprendizaje de la lectura y la escritura del propio idioma)
confiere inteligibilidad al entorno y, principalmente, le permite al
usuario interpretarse a sí mismo, en un contexto distinto. A Joe no le
basta la vida cotidiana para comprender el ámbito que ha elegido,
en el centro de la isla, lejos de Nebraska. Acude a la palabra ajena
jul./dez. 2005
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Maricruz Castro Ricalde
y, en especial, a la literatura. El sentido general que asoma en esta
concepción invoca a la perspectiva de la construcción de la identidad,
basada en la lectura que el sujeto realiza de sí, a partir de sus palabras
y sus acciones. Así, la identidad se plantea como una construcción
imaginaria (GARCÍA CANCLINI, 1995, p. 95). Luego, entonces, importa
la voz propia y la escucha atenta, en el mar de voces que nos rodean.
La singularidad del yo interesa no por su unicidad o su aislamiento
potencial, sino por ser una vía para saber quién se es. El riesgo de la
inmovilidad se evade porque en este enfoque prevalece la autoinvención, dado que toda interpretación está modelada por la
subjetividad. Se entiende, pues, que en la cita anterior también
aparezca la relación entre la lengua (la lectura, la escritura, el diálogo)
y la vida, vínculo que asoma repetidas veces en esta obra y otras de
la autora: “Es sorprendente lo bien que crece el café cuando le
cantan las aves o cuando a través de una ventana abierta le llega la
voz humana que lee las palabras en el papel que todavía guarda el
recuerdo de haber sido árbol” (2004, p. 46).
La comida es uno de los aspectos que influyen en la cohesión
nacional, desde una visión más fundamentalista de las identidades.
Compartir ciertas costumbres, prácticas y tradiciones aseguraría
una diferenciación nítida de otros conjuntos sociales y sobre esa
distinción descansarían las esencias de la cultura nacional (GARCÍA
CANCLINI, 1995, p. 93-93). En Cuando la tía Lola [...], Álvarez le
concede un amplio espacio de la trama a los ritos y los hábitos
culinarios como los escenarios a través de los cuales pueden
construirse formas alternativas de convivencia. La reticencia de
Miguel de aceptar a su tía, ante la posibilidad de que sus amigos
descubran que “tiene una pariente chiflada”, se va debilitando gracias
a su comida. Hasta él “está cansado de tanta pizza y tantos perritos
calientes con patatas fritas” (2001, p. 11). En un inicio, la tía Lola le
cocina a Miguelito y a Juanita “comida dominicana de la buena” y
no los espaghettis que acostumbran comer los hermanos y sus amigos
en Estados Unidos. A través de un recurso metonímico, de
contigüidad, lo que sale de la cocina de Lola es saludable (permitirá
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Las narraciones de Julia Álvarez...
que “le crezcan los músculos de los brazos” a su sobrino), lo convertirá
en un hombre fuerte. Es decir, la gastronomía es un modo para que
el chico se vaya acercando a sus raíces dominicanas y vaya
venciendo el temor de ser diferente al resto de sus compañeros.
En esta novela, además, se confiere a las dotes culinarias de su
personaje un halo “mágico” que, alentado por su madre, Miguelito
asocia con la “santería”. La convicción del niño de que la comida
de la tía le traerá buena suerte, va transformándolo y favorece su
adaptación a un nuevo entorno. Al igual que la comida, las pociones
de hierbabuena, guayuyo y yemas de huevo (útiles para curar las
heridas y los cortes) son revestidos de poderes “sobrenaturales”,
cuando, en realidad, son hierbas maceradas que la medicina
tradicional caribeña conoce desde mucho tiempo atrás.
La narradora se preocupa tanto por mencionar el nombre de
los platillos como de explicar en qué consisten y cuáles son sus
ingredientes. Por ejemplo, los quipes: “Tienen trigo, carne picada y
una pizca de pimienta” (2001, p. 47); las empanaditas de queso
“están hechas con queso y harina y [...] se fríen en aceite de
cacahuate” (2002, p. 48); las rueditas de dulce de leche se preparan
con “Leche, azúcar y coco rallado” (2001, p. 49). El matiz didáctico
que habíamos advertido, en relación con el español, expresado en la
última parte de este libro, aparece diseminado en esta historia. La
introducción de vocablos, formas de preparación y guisos para un
lector no dominicano podría tener como resultado originar nuevas
tradiciones y/o suscitar acercamientos de orden intercultural. Sobre
todo, si tenemos en cuenta que el texto se dirige a jóvenes lectores,
a quienes se les estaría induciendo tanto a aceptar nuevos giros
gastronómicos como a comprender la gran riqueza que el contacto
con otras culturas trae consigo.
Hacia el final de la narración, el lector va dejando atrás los
extremos del estereotipo que la mente infantil de Miguel había
formulado en un inicio. La llegada de Santa Claus sintetiza la idea
del espacio transnacional y los cambios producidos por el contacto
y la circulación de las culturas:
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Maricruz Castro Ricalde
Es diferente del Santa Claus americano: mucho más delgado, de
piel morena, de ojos vivos y oscuros. Pero también tiene barba
blanca y un traje rojo encendido con un cinturón grueso y
botas relucientes.
—¡Santicló, Santicló!—los primos pequeños dan voces y
corren a decir que quieren.
[...]
—¡Feliz Navidad!—dice Miguel—. “Merry Christmas!” (2001,
p. 117-119).
La hibridación del personaje es patente, al igual que los
cambios fonéticos que se operan en el nombre de este icono
navideño. Eso es un indicio de la apropiación cultural que permite
su reproducción, florecimiento y evolución, tal y como sucede con
los bienes culturales vivo.3 La coexistencia de aspectos (complexión,
color de la piel y los ojos frente a la barba, color del traje, cinturón y
botas) construye una identidad, sustentada en el reconocimiento de
los pequeños primos de Miguel y de él mismo. Santicló es tan valioso
simbólicamente para estos niños como Santa Claus lo sería para
otros infantes, pertenecientes a una comunidad diferente. Ninguno
es más verdadero o mejor que el otro, tal y como lo condensa Miguel,
al enunciar “Feliz Navidad” y “Merry Christmas” en los dos idiomas
que lo instituyen como sujeto.
La identidad de los personajes de los dos textos analizados
se teje a través de la representación que los sujetos forjan de sí
mismos. Para ello, la presencia del otro es relevante. “La mirada
ajena nos determina, nos otorga una personalidad (en el sentido
etimológico de ‘máscara’) y nos envía una imagen de nosotros. El
individuo se ve entonces a sí mismo como los otros lo miran”
(VILLORO, 1999, p. 65). Este enfoque se repite de manera insistente
en la obra de Álvarez y, principalmente, en sus textos para jóvenes,
aun cuando el sentido de la “distancia” señalada por la mirada ajena
también sea uno de los ejes de las novelas con especial énfasis en
la autobiografía. Incluso, en sus novelas más “históricas”, ese
sentimiento persiste. Hemos mencionado ya el caso de la escritora
226
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Las narraciones de Julia Álvarez...
que desea entrevistar a Dedé, en En el tiempo de las mariposas, y
cómo su inseguridad acerca del manejo del lenguaje la vuelve tímida
e insegura. El titubeo es similar en Camila Henríquez Ureña, una de
las protagonistas de En nombre de Salomé, quien a pesar de vivir
durante varios años en Estados Unidos, opta por regresar al Caribe,
a Cuba, en donde los “otros” le son más cercanos.
En Cuando la tía Lola [...], la asimilación de Miguel es
paulatina y es determinada por la aceptación de su diferencia, por
parte de sus compañeros de escuela. El gusto de Mort por la comida
de Lola; la fiesta de cumpleaños de la mami, en la casa morada con
ribetes color salmón, a donde llegan todos los habitantes de las
cercanías; la exuberancia de la tía. Todo aquello que Miguelito intenta
esconder al principio, se convierte en parte de su identidad: la
conciencia de su singularidad ha enriquecido su visión de la vida y
eso le permite entenderse como un estadounidense, sin que por ello
deje de ser dominicano.
Para Miguel, los estereotipos podrían facilitar algunos
aspectos de su vida. Por ejemplo, por ser dominicano, por haber
nacido donde Sammy Sosa, él podría entrar sin ningún problema al
equipo de béisbol. En su lugar, Álvarez prioriza la cultura del esfuerzo,
a fin de que los éxitos y las satisfacciones provengan de las propias
acciones del sujeto, independientemente de su origen, su extracción
social o su género. La autora ilustra cómo las diferencias parten de
una motivación original y, al ser conocida, tornarse en “razonables”
para los demás. Por ejemplo, la tía Lola explica porqué en el Caribe
existe un “sentido distinto del tiempo”: “Vivimos de acuerdo con el
sol y el mar”, por eso sus habitantes no se rigen por el reloj (2001, p.
115) y con su lógica elimina la sobresimplificación del estereotipo
sobre el dominicano perezoso o impuntual.
En El cuento del cafecito aparecen algunos problemas
compartidos con el texto anterior. Sin embargo, el compromiso
personal de las voces narrativas con un enfoque social es mucho
más explícito. La reunión de la diversidad de textos que lo componen
y sustenta cada uno de sus apartados se encamina a informar al
lector acerca de las connotaciones de un comercio justo y la
jul./dez. 2005
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Maricruz Castro Ricalde
necesidad de actuar en torno de los problemas mundiales
contemporáneos. Lo interesante es la decisión, estructural y
estilísticamente hablando, para que el mensaje llegue con una mayor
eficacia hacia el lector. Álvarez opta por lo que mejor conoce: los
recursos literarios. El cuento, como género, es la primera elección
para seducir al lector y esto es posible gracias a la historia de Joe.
El testimonio de Bill Eichner, el “Epílogo”, es otro tipo de texto,
aunque cimentado también en las estrategias narrativas. Sólo en los
dos últimos desaparece ese voluntad de “contar”, de comunicar
una historia (ficticia y/o real), para ofrecer reflexiones basadas en
datos concretos sobre la realidad de las cooperativas cafetaleras.
La autora, por tanto, invierte el orden de los géneros discursivos, en
cuanto a la “credibilidad” de los mismos. A través de la verosimilitud
de la ficción, ella se asegura que los receptores sigan la lógica de un
relato, afincado en la posibilidad de la convivencia intercultural y de
un cambio en las relaciones sociales. Los números (“medio millón
de familias de cultivadores de café alrededor del mundo”), las
definiciones (“Fair trade es comercio eficiente y lucrativo organizado
con base en un compromiso que busque la igualdad, la dignidad, el
respeto y la ayuda mutuos” (2004, p. 77), las direcciones:
En Estados Unidos
Café Alta Gracia
758 Sheep Farm Road, Weybridge, VT 05773
Internet: www.cafealtagracia.com
Y como ésta, se añaden otras catorce direcciones de
sociedades fair trade en Estados Unidos, Canadá y República
Dominicana. Todo lo anterior es un apoyo que complementa el
objetivo del texto literario.
También deseamos subrayar que el propósito de El cuento
del cafecito no se reduce a una historia basada en una óptica sobre
las relaciones interpersonales e interculturales, sino apunta hacia
las repercusiones económicas, políticas y sociales de un orden
228
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Las narraciones de Julia Álvarez...
mundial sustentado en la asimetría. Los significados y las
implicaciones de las realidades culturales contemporáneas se
manifiestan de múltiples maneras en este texto y abrazan los efectos
de las prácticas globales que alcanzan cualquier rincón del planeta,
no sólo a los países del tercer mundo. De aquí que la vida placentera
de Joe, en la granja de su padre, se vea abruptamente interrumpida,
cuando debe venderse gran parte de los terrenos para pagar las
deudas: “La agricultura se convirtió en un negocio administrado por
oficinistas que nunca habían puesto la mano en la tierra” (2001, p.
12).
Álvarez describe, de este modo, la disyuntiva del presente,
en el cual se sitúan como polos una tendencia hacia prácticas y
tendencias globales, por un lado, y el cada vez mayor individualismo
y necesidad de afirmación del sujeto. James Lull ha denominado a
este panorama el “push and pull of global culture” (en prensa, 1).
“Push” se refiere a las influencias culturales que el individuo integra
a su vida, algunas veces de manera inconsciente, pues forman parte
de un repertorio más o menos estable de hábitos y valores. La cultura
en la que el sujeto está inmerso influye en su actuar cotidiano y le
confiere un sentido de pertenencia a una comunidad que lo arropa.
En el caso de los personajes de Álvarez, la economía global
desestabiliza cierto estado armónico de los contextos sociales. Joe
es “expulsado” de su tierra de origen, al orillarlo a trabajar en un
sitio no previsto: la escuela. Su horizonte de vida era totalmente
diferente (“Joe creció en una finca de Nebraska soñando que algún
día sería agricultor, como su padre” (2001, p. 11). Su decisión de
quedarse a vivir en República Dominicana no sólo se basa en un
compromiso social, asumido voluntariamente. Es, de alguna forma,
la continuación del sueño truncado por condiciones de tipo global,
ajenas a sus deseos y sus expectativas.
La descripción de la competencia injusta entre las compañías
transnacionales y los pequeños propietarios de los cafetales, se
orienta a aportar pruebas al lector sobre cómo en aquéllas prevalece
el interés por el lucro y no por el bien común: sea el de los
agricultores, sea el del consumidor (se habla de los pesticidas con
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229
Maricruz Castro Ricalde
que son rociadas las plantas; “veneno” le indican a Joe). El
dominicano le explica al estadounidense: “Con el método moderno
usted puede sembrar más café; usted no tiene que esperar a que
crezcan los árboles y puede tener resultados más rápidos; más dinero
en el bolsillo” (2001, p. 32). Es visible cómo las repercusiones de
estos vuelcos culturales (el cultivo tradicional vs. las técnicas
modernas) impactan en un grado diferente a quienes cultivan la
tierra en Estados Unidos o en República Dominicana. En el primer
caso, Joe encuentra trabajo como profesor y puede ahorrar lo
suficiente para comprar una parcela al lado de Miguel. Posee los
conocimientos necesarios, la visión y el liderazgo para transformar
su entorno, impulsando una cooperativa. En el segundo, Miguel
carece de todas esas herramientas para continuar luchando por sus
convicciones. Su destino es vender sus tierras, como muchos otros
de sus compañeros, y trabajar como empleado en lo que antes era
su propiedad. La carencia de un comercio justo, se infiere del texto
de Álvarez, afecta los destinos colectivos tanto como los individuales.
No obstante, siempre los más afectados son lo que menos tienen.
Esa parte de la cultura que permanece como un sedimento entre
las comunidades y sus miembros (el “push”, según Lull) favorece,
en el texto analizado, que las prácticas agrícolas persistan y que
siga cultivándose el café “a la antigua”, a pesar de las tendencias
globales que impulsan resultados económicos acelerados y efectivos.
El “pull” alude a “the role of the self as an active agent of cultural
construction” (en prensa, 2). Y es esta parte volitiva del sujeto la
que lo erige como un ser con poder de decisión sobre sí mismo y los
compromisos que asume.
Los enfoques posmodernos han hecho hincapié sobre los
riesgos de una creciente individualidad y falta de interés hacia los
demás. De ahí la necesidad de equilibrar el “push” que apunta hacia
la tradición y la colectividad y el “pull” que se dirige hacia la
innovación, la creatividad, y la satisfacción personal en exclusiva.
La situación se torna más compleja con el alcance de la globalización
y la rapidez con la que provoca cambios en la cultura. El pacto que
establecen Miguel y Joe (“No van a alquilar sus parcelas a la
230
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Las narraciones de Julia Álvarez...
compañía ni cortarán sus árboles. Van a cultivar a la antigua. Van a
producir un café mejor” (2001, p. 44) entraña los dos procesos
culturales descritos por Lull. Los personajes determinan continuar
con una tradición, tanto por el “push” (ese “input” que los impulsa a
ser leales a un tipo de producción agrícola) como por el “pull” (el
ejercicio de su libertad para elegir, al margen de si las prácticas
escogidas son una tendencia de la colectividad o no). Los dos primero
y luego el resto de los campesinos que se les unen enfrentan así al
gran “pull” contemporáneo que se asocia con los valores del
capitalismo, lo cual inviste al cuento de una perspectiva utópica,
tendente a transformar un orden mundial que no por extendido es
más justo. El acuerdo entre una persona del Caribe y otra de América
del Norte ilustra la manera como las alianzas interculturales pueden
ser reales, fructíferas y deseables.
Por una ética de la cultura
En las narraciones de Julia Álvarez se ha identificado una
tendencia por definir al sujeto, en el contexto de una comunidad
multicultural. Este mero hecho posiciona su obra en el contexto
de la ética de la cultura, al señalar, en forma consistente, los
comportamientos, los valores y las actitudes de los individuos
singularizados por la hibridez: aquéllos que han nacido en una nación,
pero viven en una diferente; cuya lengua materna es una, aunque
en su formación educativa, su vida social y su desarrollo profesional
hayan adoptado otra. La vocación de la República Dominicana,
afirma, está implícita en la condición de su suelo: es una isla caribeña
y como todas éstas, son esponjas que absorben a quienes llegan y a
quienes se van: “whether indios in canoas from the Amazon, or
conquistadores from Spain, or African princess brought in chains in
the holds of ships to be slaves or refugees from China or central
Europe or other islands” (1999, p. 175).
La reiteración sobre la nación como espacio se sustenta en
la vinculación con las identidades de sus sujetos. Como la República
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231
Maricruz Castro Ricalde
Dominicana, los individuos son islas, permeables, esponjas; lugar de
tránsito en donde lo que llega no se va del todo y lo que se ha ido ha
dejado algo de sí. Por lo tanto, el sujeto es un ser inacabado de
manera forzosa, debido a la interacción que ha guardado, en su
relación con otros individuos. Mientras más se exponga a los
contactos múltiples, más se enriquece, dentro de paradoja de la
incompletitud: otros viven en él, de la misma manera que el sujeto
construye a los otros. Su perspectiva acerca de los entornos de la
multiculturalidad aparece tanto en sus novelas como en sus cuentos
y sus ensayos.
En su reflexión sobre si puede ser considerada una escritora
de Vermont, la autora enuncia: “although I am from a tropical island,
I am also a Vermont writer” (1999, p. 195), a pesar de no haber
nacido en ese estado de la Unión Americana, no haber crecido ahí,
ni siquiera haber enterrado a algún ser querido en esa tierra. Y de la
misma manera, enfatiza en otro artículo: “I am not a Dominican
writer” (1999, p. 172), pues no escribe en español, no vive en la isla,
tampoco trabaja en ella o ejerce ahí sus derechos como ciudadana.
Pero también asegura que no es una “norteamericana”. Álvarez y
sus textos son, entonces, ejemplos del sujeto y los productos híbridos
que evidencian la desterritorialización contemporánea. Al describirse
como una escritora dominicano-americana, la autora configura “a
country that’s not on the map” (1999, p. 173). Su perspectiva de sujeto
nacional no responde a ninguna frontera delimitada en su geografía
por un Estado, ni tampoco favorece la integración de los estereotipos
asociados a regiones específicas del mundo. La contradicción de
ser y no ser, de manera simultánea, encarna a la perfección el
concepto de hibridez, en donde el “ser” no descarta el “no ser”,
sino lo implica. Más aún, éste es definido por aquél y viceversa.
Resalta en la obra de Julia Álvarez la redefinición de los
conceptos de nación e identidad, pues a través de la lectura de sus
narraciones, el lector comprende que no están formulados como
puntos de partida o de llegada. Es decir, la identidad personal y la
nacional no se presentan como un sintagma de naturaleza lineal, a
través del cual el sujeto adquiere características y competencias
232
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Las narraciones de Julia Álvarez...
que lo convierten en tal persona o en un miembro de una nación
específica. Si la cultura antecede al individuo; si éste lee el mundo,
de acuerdo con una estructura de sentido que le preexiste, ello no
quiere decir que, mediante su acción individual, no pueda contribuir
a que su comunidad desplace, interrogue, transforme u omita prácticas
o creencias. Por lo tanto, mas bien visualiza la nación y la identidad
como paradigmas, cuyos ejes asociativos le permiten al sujeto una
gran movilidad, dentro de un amplio espectro. Dichos ejes presentan
intersecciones múltiples con otros sistemas culturales que los acercan
entre sí, aun cuando los conjuntos formados conserven ciertas
particularidades que permiten su diferenciación.
La hibridez y el multiculturalismo desplegados en la narrativa
de Julia Álvarez lleva consigo otro tipo de problemáticas que permite
que su literatura pueda ser considerada también como una lectura
del mundo contemporáneo: la posibilidad de que los miembros que
pueblan los espacios multiculturales sean relegados a los márgenes;
que al no ser reconocidos por un centro nuclear, homogéneo y
normado, acaben por carecer de un rostro definido ante sí mismos
y los demás. A semejanza de las denominaciones que engloban como
pertenecientes al “tercer mundo” a países tan dispares como
México, Pakistán o República Dominicana, borrando sus diferencias
con ese apelativo; como minorías “asiático-americanas” (al igual
que cualquier otra minoría) en Estados Unidos a quienes tengan un
origen chino, japonés o coreano, sin distinguirlas siquiera entre sí.
Recordemos que a Miguelito le preguntan si es de la India, por el
puro hecho de tener la piel oscura y el cabello negro. La diferencia,
entonces, se aminora, mediante la homogeneización que brinda el
estereotipo. De la misma manera, los textos de Julia Álvarez se
encuentran en una posición difícil de clasificar: “the Americans
considering me a writer of ethnic interest, a Latina writer”(1999, p.
174), en tanto que en República Dominicana, “she’s not Dominican
enough”. La eliminación de las diferencias, con el objetivo de fusionar
los horizontes culturales de una nación, mediante el estereotipo, la
creación de jerarquías o clasificaciones apenas si abogaría por la
tolerancia y nunca por el encuentro y la interacción. De ahí la
jul./dez. 2005
233
Maricruz Castro Ricalde
relevancia de El cuento del cafecito, en el cual esta autora apuesta
por lo que en otras situaciones o momentos hubiera sido considerado
una utopía social. León Olive describiría la cooperativa impulsada
por Joe y Miguel como “las interacciones fructíferas y la realización
de proyectos comunes entre miembros de diferentes culturas, todo
lo cual es necesario para la participación la construcción de naciones
multiculturales o de una sociedad global multicultural”(1999, p.8687).
Por último, la ética cultural visualizada en la obra de Julia
Álvarez descansa en el relato de historias enclavadas en tiempos y
lugares concretos que apuntan hacia problemáticas específicas, con
lo cual asume los numerosos tipos de sociedades interculturales
que pueden constituirse. Evita, por lo tanto, que sus narraciones
sean leídas como fórmulas generales para resolver los problemas
de los ámbitos multiculturales y los sujetos que los integran, aun
cuando los temáticas abordadas aparezcan de manera reiterada en
este tipo de sociedades. Su escritura se convierte en una
interrogante, en una pregunta abierta y una invitación dirigida a la
sociedad, en torno del papel que la voluntad del sujeto puede significar
en la construcción tanto de las identidades personales como de las
nacionales.
Notas
1La movilidad de las fronteras entre los géneros literarios es también uno de los
rasgos de su poesía. La misma Álvarez admite que en su libro Homecoming,
“[...] the sonnets were not sonnets in the traditional sense...” (1999, p. xiv).
2 Algunos de éstos son: Before We Were Free ganó en 2002, el Americas Award for
Children’s and Young Adult Literature y fue seleccionado por el Miami Herald
como uno de los mejores libros del año. En el 2004, el Pura Belpré, concedido
por la Asociación de Bibliotecas Americanas y su traducción al español
seleccionado como uno de los mejores libros del año por Críticas. Cuando la tía
Lola [...] obtuvo dos premios en 2001. A El cuento del cafecito se le reconoció
con el Nebraska Book Award 2002. La Biblioteca Pública de New York consideró
Finding Miracles como uno de los diez mejores libros de su tipo de 2005, al
igual que el Bank Street.
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Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Las narraciones de Julia Álvarez...
3 Es decir, los cambios culturales pueden registrarse en múltiples niveles y no son
característicos de un desplazamiento geográfico tan solo. Así, la imagen del
Santa Claus puede ser más o menos estándar en una sociedad dada, pero sus
prácticas pueden variar enormemente (cuándo reparte los regalos o cómo lo
hace, por ejemplo), dentro de una misma comunidad.
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jul./dez. 2005
235
Derribando la plantación: espacios de la imaginación
literaria en la narrativa yucateca-caribeña
Margaret Shrimpton Masson
Universidad Autónoma de Yucatán
Resumo
Este artigo explora a imagen da Plantation em textos narrativos do Caribe continental,
especificamente em textos de escritores yucatecos contemporâneos. Minha análise
explora os romances recentes de Joaquín Bestard (1935- ) e revela como estes
textos de fin-de-siècle tecem um mundo de fragmentos, representando uma imagem
múltipla da identidade regional. Os textos oferecem o que cheguei a nomear de
“alternativas simultâneas”, versões distintas das historias e relatos que existem em
determinado momento. Aponto dois aspectos particulares da narrativa de Bestard:
em primeiro lugar, a construção de um espaço narrativo alternativo; em segundo
lugar, o uso da fragmentação como estratégia narrativa e também como conceito
que alimenta sua proposta de identidade narrativa regional. Ambas as estratégias
nos permitem explorar os limites que determinam y marcam o discurso literário
nacional y como ele está articulado com as necessidades e demandas regionais.
Palavras-chaves: Plantations, Fragmentação Narrativa, Literatura Yucateca
Resumen
Este artículo explora la imagen de la plantación en textos narrativos del Caribe
Continental, específicamente en escritores yucatecos contemporáneos. Mi análisis
explora las novelas recientes del escritor Joaquín Bestard (1935- ) y revela cómo
* Artigo recebido em agosto e aprovado para publicação em outubro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 237-260, 2005
237
Margaret Shrimpton Masson
estos textos de fin-de-siglo tejen un mundo de fragmentos, representando una
imagen múltiple de la identidad regional. Los textos ofrecen lo que he llegado a
nombrar “alternativas simultáneas”, versiones distintas de las historias y relatos
que existen en un tiempo. Señalo dos aspectos particulares de la narrativa de
Bestard: en primer lugar, la construcción de un espacio narrativo alternativo; en
segundo lugar, el empleo de la fragmentación, como estrategia narrativa y también
como el concepto que alimenta su propuesta para una identidad cultural regional.
Ambas estrategias nos permiten explorar los límites que determinan y marcan el
discurso literario nacional y cómo a su vez éste articula con las necesidades y
demandas de las regiones.
Palabras claves: Platación, Fragmentación Narrativa, Literatura Yucateca
Abstract
This paper explores the image of the plantation in narrative texts from the continental
Caribbean area, specifically in contemporary Yucatecan writers. My analysis looks
at the recent novels of the writer Joaquin Bestard (1935- ) and explores how these
turn of the century texts weave a world of fragments, drawing on a multi-image
representation of our regional identity. These writings offer what I have come to
term “simultaneous alternatives”, different versions of the stories and histories
that coexist in time. I will concentrate on two specific aspects of Bestard’s narrative:
firstly, the construction of an alternative narrative space; secondly, the use of
fragmentation as both narrative strategy and as the concept behind his proposal
for regional cultural identity. Both strategies allow us to explore the limits that
determine and outline the national literary discourse and how it in turn articulates
with the needs and demands of the regions.
Keywords: Plantacions, Narrative Fragmentation, Yucatecan Literature
***
To take the straight path was not the best way of getting
to places, and if the traces twisted and turned through the
woods, you had to twist and turn with them… You had to
take the traces, scramble their order with the irrationality
of a runaway.
Patrick Chamoiseau, Antan d’ enfance 1
238
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria...
La plantación: del espacio a la metáfora
Este artículo explora la imagen de la plantación en la narrativa
del área continental del Caribe, específicamente en autores
contemporáneos de Yucatán. Mi análisis aborda las más recientes
novelas del escritor yucateco Joaquín Bestard (1935- ) para demostrar
cómo los textos caribeños de fin de siglo tejen un mundo de
fragmentos para dibujar las múltiples caras de nuestra identidad.
La tendencia transgresora de la narrativa yucateca es marcada en
los textos de las últimas décadas del siglo XX, y en ellos hallamos
un discurso literario que ofrece una reconceptualización de la
identidad caribeña, superando los límites del espacio físico de la
plantación para construirse a partir de los espacios de la palabra y
sus metáforas. Espacio de represión y violencia que genera
resistencia, libertad, huida y exilio, las metáforas de la plantación
revelan aspectos profundos de la poética caribeña de fin de siglo.
Si uno experimenta con la lectura y análisis de diversos textos
escogidos al azar—por ejemplo, The autobiography of my Mother,
de Jamaica Kincaid, The polished hoe, de Austin Clarke,
Jonestown, de Wilson Harris, Como un mensajero tuyo de Mayra
Montero, The Ventriloquist’s tale, de Pauline Melville, o Ínsulas,
de Renato Rodríguez, todos escritos en las últimas década—se
descubre la construcción de un poderoso mundo íntimo e híbrido en
el espacio narrativo. Leer los textos bajo una óptica comparatística
revela una serie de paralelismos entre ellos, que surgen a partir de
las lecturas cruzadas y traslapadas de las obras. Una lectura
comparada de los textos arriba mencionados (y muchos otros)
encamina a la consideración de las articulaciones entre el Caribe
insular y continental, así como traspasando las diversas divisiones
lingüísticas del área. Tanto en lo metodológico como lo temático,
entre los textos y los propios escritores, la plantación se transforma:
el espacio cerrado se abre y los límites se desbordan; el escritor,
convertido en cimarrón, se alza la voz y cuestiona la identidad—
nacional, regional, híbrida, globalizada—y entra a un mundo liminal,
jul./dez. 2005
239
Margaret Shrimpton Masson
ese tercer espacio (BHABHA), el vació, (HARRIS) o el espacio de
la relación (GLISSANT)2.
En los textos yucatecos analizados aquí son dos aspectos en
particular que permiten profundizar en la transformación metafórica
del espacio de la plantación en la literatura caribeña: en primer lugar,
la reconceptualización del espacio represivo en otro creativo
(señalado ciertamente tanto por Rex Nettleford y Kamau
Brathwaite, como Antonio Benítez-Rojo y Edouard Glissant) por
medio de estrategias narrativas que desafían los límites cronotópicos
del texto para lograr la construcción de un espacio narrativo
alternativo. En segundo lugar, el uso de la fragmentación como
estrategia narrativa que articula con la hibridez. Ambas estrategias
conducen a una re-valoración de los discursos identitarios en la
literatura, planteando nuevas relaciones y articulaciones con el
discurso nacional y regional caribeño.
La contribución teórica de Edouard Glissant es indiscutible
para esta discusión. En la sección “Espacio cerrado, palabra abierta”
de su libro Poética de la relación (Poetics of Relation. Ann Arbor:
University of Michigan Press, 2000), Glissant retoma la plantación,
no como espacio histórico, (el sistema socio-económico), sino como
uno metafórico:
So, finally, historical marronage intensified over time to exert a
creative marronage, whose numerous forms of expression began
to form the basis for continuity. Which made it no longer possible
to consider these literatures as exotic appendages of a French,
Spanish or English literary corpus; rather, they entered suddenly,
with the force of a tradition that they built themselves, into the
relation of cultures (GLISSANT, 2000, p. 71). 3
En su estudio señala tres etapas en el proceso literario
caribeño que emana de la plantación, que van desde la escritura
como sobrevivencia hasta llegar finalmente a la “pasión de la
memoria” (GLISSANT, 2000, p. 68). Continua,
240
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria...
The Plantation is one of the bellies of the world, not the only
one, one among so many others, but it has the advantage of
being able to be studied with the utmost precision. Thus, the
boundary, its structural weakness, becomes our advantage. And
in the end, its seclusion has been conquered. The place was
closed, but the word derived from it remains open (GLISSANT,
2000, p. 75).4
Más importante aun para la conceptualización caribeña que
presenta Glissant es “la palabra abierta” que se construye como un
lenguaje que transcendiera todos los límites, también consecuencia
de la Plantación, y de la necesidad de lograr una comunicación por
encima del “universo de silencio de la Plantación” (GLISSANT, 2000,
p. 68). Este lenguaje es un creole, o en otros términos, un “lenguaje
de uso”, que se contrasta con la lengua de voz:
There are communities of use-language that cross the barriers
of voice-language. I feel closer to the writers of the English-orSpanish- speaking Caribbean (or, of course, Creole-speaking)
than to most writers of French. This is what makes us Antillean.
Our voice languages are different, our use-language (beginning
with our relation to the voice-languages) is the same. (GLISSANT,
2000, p. 214-215). 5
Para el guyanés Wilson Harris el poder de la palabra no es
solamente el abrir espacios, sino también “to witness all events in
the now of the imagination” [“testimoniar todos los hechos en el
ahora de la imaginación”](Citado por GHOSE, sn). Esta maravillosa
frase significa profundos cambios para la escritura en el Caribe:
una ruptura no solamente de la línea tiempo/espacio, sino también
es implícito el borrar la unicidad espacial y temporal, abogando por
un mundo paradójicamente unido en la fragmentación. Harris ofrece
una visión fragmentada del mundo a la vez que usa ese mismo
desmembramiento para caracterizar la realidad. Es como si en estos
jul./dez. 2005
241
Margaret Shrimpton Masson
textos encontráramos la vía estética para explicar el Caribe como
uno y diverso, donde la fragmentación no implica la exclusión de las
partes sino el desdoblamiento de ellas en una conceptualización que
exige muchas verdades simultáneas, borrando las fronteras entre
géneros, espacios, tiempos e historias. Los textos que analizo tejen
un mundo de fragmentos para dibujar las múltiples caras de nuestra
identidad y ofrecen lo que he llegado a nombrar “alternativas
simultáneas”, versiones distintas de historias y relatos que coexisten
en un tiempo.
Yucatán: espacio caribenho
Mis andanzas por la literatura caribeña, van zigzagueando
desde las tierras del Caribe Continental hacia las islas, invirtiendo,
así mismo, una perspectiva que dibujaba siempre un centro en aquella
isla que se repite en el archipiélago. Mi centro está en las orillas, en
las áreas Continentales que nos llevan de Yucatán hacia las Guyanas,
pasando por lo caribeño centroamericano, panameño, colombiano y
venezolano. Para Wilson Harris, este es el “puente rítmico” de
Quetzalcóatl, Kukulcán, Huracán y Yurakón. 6 Estas áreas
continentales son liminales, desvelando tensiones inherentes a su
condición de ser casi-islas tendidas entre el mar-azul-verde Caribe
y las densas selvas del interior del Continente americano; entre una
identidad caribeña y otra nacional y latinoamericana. Tanto el
caribeño de las zonas fronterizas, como el isleño se encuentra frente
una situación que le obliga a diferenciar, más no excluir, las culturas
que le rodean: no es obligado a escoger entre África, Asia, América
y Europa, sino a combinar esta herencia de una manera creativa y
alternativa.
En las zonas continentales del Caribe se experimenta la triple
articulación de identidades que marca su discurso como propio y en
el cual se expresa una identidad de nación, otra de región y otra
más como isla-nación. En estas zonas la marginalización aumenta
y llega a representar el epítome del abandono, la confusión y el
242
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria...
olvido. Sin ser islas sufren un “complejo de isla”, aisladas como
regiones marginadas dentro de su país nacional. Su aislamiento se
acentúa al no poder expresar una nacionalidad, conformándose con
su identidad regional, cada vez más distinta a las tendencias
nacionales. Como en las islas, en las regiones continentales la
situación postcolonial hace resaltar las dificultades entre la sociedad
dominada y la dominante, y reproduce de nuevo una serie de
dualismos comunes para el Caribe insular: centro-periferia,
metrópoli-isla, nación-región. En el caso específico de Yucatán, desde
el siglo XVI en adelante, la región se erigía como ejemplo
paradigmático de la tensión nación-región por su marcada condición
sociocultural indígena (maya), su marginación política y económica
durante la colonia (y después) y el tipo de español colonizador,
configurándose como un espacio distinto. Mientras tanto, los vínculos
históricos, culturales, políticos y económicos entre Yucatán y el área
Caribe (y en particular con Cuba) son también evidentes desde el
siglo XVI.7 La representación de la península como isla en mapas
de cartógrafos del siglo XVI,8 también impulsa la configuración de
esta región-isla, en la orilla del Caribe. Desde ambos lados de una
imaginaria frontera parecía confirmarse el viejo adagio yucateco,
“Yucatán, el país que no se parece a otro.”
La marginación política, social y económica de Yucatán como
región dentro de la nación mexicana es marcada hasta mediados
del siglo XIX. Es solamente con el “boom” henequenero que trajo
las riquezas del “oro verde” a las plantaciones/haciendas yucatecas
a partir de 1870 que Yucatán se catapultó repentinamente al espacio
de poder, pero irónicamente esto también permitió mantener el
aislamiento de la península. La oligarquía política en Yucatán
anhelaba su independencia política, argumentando la diferencia
cultural de la región en base a la herencia maya-prehispánica. No
lograron concretar el sueño independiente, pero sí dieron a luz al
discurso fundacional que ha marcada la identidad yucateca desde
entonces. El discurso político y literario de los escritores
decimonónicos determinaba la separación tajante entre el mundo
indígena (reconociendo solamente la herencia de la cultura maya,
jul./dez. 2005
243
Margaret Shrimpton Masson
no el indígena en sí) y el mundo criollo. Sobre la fundación de la
cultura maya, los intelectuales yucatecos del siglo XX re-inventarían
una identidad cultural con un nuevo indígena, vestido de mestizo
que articulaba con la imagen nacional de un México mestizo
posrevolucionario. 9 Esta nueva imagen discursiva seguía
manteniendo a Yucatán como un espacio aparte, caracterizado por
el indígena y los folklorizados espacios rurales.
La primera mitad del siglo XX se dedicó a la construcción de
esta identidad cultural fundada en el nuevo indígena “mestizo”,
consolidándose en la obra de los escritores indigenistas—Luis
Rosado Vega, Antonio Médiz Bolio y Ermilo Abreu Gómez, quienes
articulaban con el discurso indigenista nacional. En la obra de estos
tres, aunque de forma distinta en Abreu Gómez, se configura a
Yucatán tal como la Nación la quería ver en estos tiempos
posrevolucionarios: de cara indígena, con una milenaria cultura
indígena al respaldo, y escritores mayistas encabezando el movimiento
intelectual. Sin embargo, la obra indigenista de Mediz Bolio o de
Rosado Vega representa solo una cara de la identidad regional.
Estos autores retratan, sin cuestionamientos, su interpretación del
Yucatán de los pueblos mayas del interior del estado: en sus obras
se encuentran las costumbres, las tradiciones y la oralidad del maya,
pero no se halla el indígena mismo, quien carece de voz, en estos
textos traducidos del maya al español. Traducidos, no solamente en
términos lingüísticos sino también aculturados.
La excepción en este grupo es Ermilo Abreu Gómez, que a
lo largo de su amplia obra literaria mantiene activo un discurso crítico
con respecto al discurso nacional indigenista. Su obra Canek, escrita
en 1940 representa un parte-aguas en el panorama literario regional.
Esta pequeña novela no re-escribe leyendas e historias de la tradición
maya colonial, sino retoma la historia del rebelde maya Jacinto Canek,
quién encabezó un levantamiento indígena en el oriente de la
península de Yucatán en 1767. Esta rebelión, una más de las muchas
que han caracterizado la resistencia indígena a la colonización
europea desde el siglo XVI, tiene numerosas versiones escritas, en
244
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria...
mano de los historiadores yucatecos del Siglo XIX, así como estudios
de especialistas en el Siglo XX. Además, la historia de Canek, desde
hace mucho tiempo ha sido fuente de inspiración en el pueblo, donde
florecen las versiones orales de su proeza. Abreu Gómez re-escribe
las historias oficiales en su novela, narrando la historia desde la
perspectiva de Canek, por primera vez dando la voz a un personaje
indígena en la narrativa mexicana y construyendo el personaje central
a partir de los cuentos heroicos que escuchaba cuando siendo niño
vivía en los pueblos. Abreu Gómez subvierte el canon literario
nacional ofreciendo una narración que cuestiona la historia oficial,
humaniza el protagonista indígena y desafía la hegemonía de una
autoridad que se basa exclusivamente en el poder de la palabra
escrita.10 La obra cuestiona los límites de las obras literarias del
momento, elevando Canek a la categoría de héroe (el súbtítulo de la
obra es: “Historia y leyenda de un héroe maya”), y claramente
combinando las fuentes—cultos y populares—de su historia. En
esta obra encontramos la primera abertura hacia la consideración
de una identidad alterna—no hay un rechazo a la nación, pero sí la
necesidad de articular y reconsiderar sus límites. Consciente de su
tarea, Abreu Gómez rompe con el marco histórico-temporal de la
narración, recurriendo a numerosos paralelos entre el texto y la
vida contemporánea del Yucatán del siglo XX.11
En 1940, Abreu Gómez ofrece la posibilidad de dar voz a los
discursos regionales, y abre paso a la construcción de un discurso
híbrido en la literatura. La producción literaria actual en Yucatán
avanza a partir de esta incipiente articulación de la región con su
metrópoli (México) y con el Caribe, y se enfrenta al problema de
cómo plasmar en el texto la naturaleza híbrida de su identidad. La
respuesta se halla en las diversas formas narrativas que surgen en
los textos, desafiando a cada paso las definiciones canónicas de
“novela”, “cuento” y “relato”, para crear textos alternativos que se
orientan a partir de los modelos no-occidentales de la literatura
popular mestiza y la tradición oral maya. Saber cómo articular las
diferencias culturales en la construcción de una identidad es el reto
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245
Margaret Shrimpton Masson
que enfrenta el escritor yucateco hoy, y es un desafío que Kamau
Brathwaite ha señalado repetidamente para los escritores
caribeños.12
La narrativa contemporánea: Joaquín Bestard Vásquez
(1935- )
La obra narrativa de Joaquín Bestard incluye 15 novelas y
unos cinco libros de cuentos, escritos durante los últimos cuarenta
años. Sin embargo, su tiempo de mayor productividad ha sido sin
duda los años desde 1980 en adelante, fecha que marca su regreso
a Yucatán después de pasar veinte años viviendo en la Capital de la
Republica Mexicana. En ese momento, cuando anunció su regreso
a la provincia, sus compañeros escritores en la metrópoli del Distrito
Federal pronosticaron (erróneamente) su muerte literaria. Al
contrario, el feliz reencuentro con su tierra se ha traducido en una
rica narrativa, que alcanza ahora su madurez con la publicación de
Ciento y un años, Koyoc, recién editada por la Universidad
Autónoma de Yucatán (2004) y Un Tigre con ojos de jade, reeditado en su versión original, en Por Esto!, Octubre 2004.13 Novelas
como De la misma herida (1985), Ocasos de un mar de cobre
(1992), El cuello del jaguar (2000), Balada de la Mérida Antigua
(2000) y El coleccionista de otoños (2003), son algunos de los títulos
más relevantes de su obra. Su narrativa se caracteriza por un
constante deseo de cambiar y renovarse, pero hallamos tópicos
recurrentes de suma importancia para esta discusión. La base de
su obra es el cuestionamiento de una identidad determinada, lo que
le conduce a una discusión en las novelas y en los cuentos en términos
de la representación de la identidad cultural como una serie de
identidades traslapadas. Siempre confrontacional y en busca de
nuevos espacios, sus estrategias narrativas le conducen al encuentro
con la intertextualidad, y lo interdisciplinario. Las constantes traslapes
narrativas se explican también a partir de la representación plástica,
donde las artes visuales constituyen una parte relevante de su arte
narrativa.
246
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria...
En la mayor parte de su obra, las historias se desarrollan en
un pueblo mítico de nombre Beyhaulé, que en lengua maya significa,
“quizás, tal vez, puede ser”. Beyhaulé, como su nombre sugiere, es
y no es un pueblo ficticio. No está en el mapa, pero sí se encuentra
en la experiencia de vida de muchos yucatecos. En ninguna novela
se repite su ubicación geográfica, pues como un pueblo nómada lo
encontramos en el interior, en la costa y en las afueras de la ciudad
capital. Como el pueblo transculturado (o como el cimarrón) que
representa, Beyhaulé se transforma constantemente, y así mismo
el espacio simbolizado de la región adquiera también múltiples caras.
En la primera de las novelas que analizo aquí, Ciento y un
años Koyoc (2003), exploro la construcción de un espacio narrativo
“cimarrón”, un espacio marginal y movedizo, que se vuelve el núcleo,
o corazón de la historia narrado. En el segundo texto, Balada de la
Mérida antigua (2000) abordo el empleo de la fragmentación como
estrategia narrativa para representar la articulación de múltiples
identidades en la región. Ambas novelas profundizan en la
transformación del texto: del espacio cerrado al dominio de la palabra
abierta—del dominio de la plantación a la libertad del cimarrón.
Ciento y un años Koyoc
Escribir y recordar se convierten en tópicos importantes en
la amplia obra narrativa de Joaquín Bestard, donde la memoria,
vinculada con la tradición oral y la historia colectiva de la región
ocupa un poderoso lugar dentro de su narrativa escrita, que emplea
siempre un español yucateco como lengua narrativa. La narrativa
de la oralidad que encontramos en las historias de Maximito Koyoc
—narrador/protagonista de esta novela—nos lleva al mundo
narrativo de Bestard en donde crea y re-crea su propio universo
oral, inventando pueblos míticos y tradiciones populares que se
funden con las creencias extraídas de la realidad social yucateca,
pero a su vez son transformadas en una ficción literaria compleja,
que une los planos de lo imaginario y lo real. El acto de narrar está
a cargo de la figura de don Maximito, frágil anciano de 101 años
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Margaret Shrimpton Masson
que asume la responsabilidad formal de ser cronista del mítico pueblo
de Beyhualé, un especie de Macondo yucateco. Dentro de nuestro
mundo de las alternativas simultaneas, es significativo pensar en
que el acto de recordar, no es una simple repetición de los hechos
pasados recuperados para el presente. Maximito explica la tarea
del cronista y hace hincapié en que los recuerdos no llegan
simplemente porque se los piden:
Conciencia, así la llaman […] Los momentos y las acciones de
familiares o mías están distantes de causarme remordimientos.
Muchos trozos perdidos, descuartizados o enterrados en lo
que dicen memoria. Tal vez a veces me cueste un poco de trabajo
rescatarlos completos o hacer la reposición de la faltante
(BESTARD, 2004, p. 29).
Maximito Koyoc, cuentero par excellence también reserva
el derecho de no contar, o por lo menos de narrar las historias cuándo
y cómo le parezca:
… se los contaré cuando me renazcan los recuerdos, porque las
cosas tampoco salen así de ora quiero hablar de esto y aí viene
enteritito como culebra del huevo.
Pero a mi edá, tengo que ir agarrando los hilos sueltos y
jalar con cuidado, con tal que no se rompan, y luego a ver qué
pesqué, deseando por amor de Dios sea lo que busco a gatas
(BESTARD, 2004, p. 17).
Maximito no es el estereotipo de cronista—el que afirma
desde el libro de Historia su autoridad para decir la verdad, apuntar
hechos y establecer fechas. Koyoc es un cronista distinto, paradigma
de un orden alterno, que busca explicarse por todas las partes y
fragmentos de las historias y sus protagonistas. Nuestro cronista
escoge vivir las experiencias de Beyhualé y del mundo, sentado en
lo alto de un banco de patas largas, donde convive con las arañas
del techo. En ese espacio—afuera del espacio comunal de la casa
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Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria...
—Maximito conversa con sus arañas, los “otros” que le comprenden.
Maximito se construye entonces como narrador de cuentos, creador
de historias, inventor de realidades e ilusiones, un cronista alternativo,
un cimarrón que usa la palabra para reescribir el mundo: “Yo les
prometo un Maximito distinto pa cada cuento, recuerdo o ilusión,
durante ciento y un momentos”(BESTARD, 2004, p. 42). Estos
momentos, -los recuerdos y fragmentos—se arman en un complejo
rompe-cabezas a lo largo del texto.
La figura de Maximito—cimarrón, cuentero-juglar, creador
irónico—, se concreta en la imagen de Maximito el narrador, casi
convertido en araña—“A veces me siento igual a las arañas del
techo, tengo dos brazos dichosos y libertinos, dos piernas muy flacas
y cuatro patas largas del banco: total ocho. Igual que ellas”
(BESTARD, 2004, p. 214). La conceptualización de Maximito como
cimarrón remite a la vez a la consideración de la palabra y el poder.
Quienes han relegado al bis-abuelo Maximito a un espacio aislado
de la casa—simbolizada en su alta banca de ocho patas—es su
propia familia, su propia gente. El anciano, en vez de quedar en
silencio y aceptar su dominación, rebela contra su propia marginación
y se vuelve el generador de historias, la voz que a fin de cuentas
mantiene viva las historias—las pequeñas y las grandes. Así, el
esclavo o el marginado logra su libertad, por medio del poder de su
voz, y obliga a cuestionar—¿quién decide sobre las historias grandes
y pequeñas? ¿Quién controla quiénes somos? ¿Quién determina
nuestra identidad? ¿Quién pone orden a nuestras historias y nuestros
recuerdos? Los 101 capítulos del libro relatan 101 años de la historia
de Beyhualé, sin orden cronológico. Los 101 fragmentos responden
a episodios de la historia mundial, nacional y regional, así como
eventos culturales, y registran el impacto o la recepción de tales
eventos en Beyhualé. Es decir, el enfoque del narrador es a partir
de su propia lectura de, por ejemplo, la noticia del primer Zepellin, y
no en los datos Históricos del asunto. La novela registra de una u
otra forma los grandes historias, pero remitiéndolos al protagonismo
de los pequeños e íntimos actores de las mismas.
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Margaret Shrimpton Masson
La rebeldía de Don Maximito alcanza uno de sus mejores
momentos cuando narra la historia de “Peregrina”, balada canónica
de los trovadores y pieza principal de los Tríos yucatecos. La canción
fue escrita por Luis Rosado Vega en 1923, importante escritor de la
primera mitad del siglo XX, lo que contribuye, junto con la
composición musical de Ricardo Palmerín al enorme éxito que tuvo.
La canción fue solicitado al poeta por el entonces gobernador del
estado, Felipe Carillo Puerto, y dedicado a la periodista
estadounidense, Alma Reed, quien fue la inspiración detrás de los
famosos “ojos claros y divinos” de la canción. Típicamente
transgresora, la versión de Máximito sobre la popularidad e impacto
de la canción le lleva por otros rumbos, partiendo del problemático
color de los ojos. Explica Maximito el furor que causó la letra, pues
las beyhualenses se lanzaron a la búsqueda de sus ojos verdes:
Acudieron a médicos, boticarios, h-menes, curanderos,
hechiceras, charlatanes y farsantes, y nada. Siguieron con los
ojos negros a pesar de utilizar doscientas o más clases de gotitas.
Se acabaron los goteros en Beyhaulé y se tuvo que pedir una
remesa especial a Mérida. (BESTARD, 2003, p. 199).
Según Maximito, la “rebelión femenina […] puso en
cuarentena a los maridos” (BESTARD, 2003, p. 199) y los impulsó a
tomar medidas. Investigaron la raíz del problema analizando a detalle
la letra, “Señores, veámoslo con el cuidado requerido, el verso dice:
de ojos claros y divinos, analicemos bien: ¿azules? ¿verdes?
¿verdemar? ¿celestes? […] y si nos vamos por lo divino, éste no es
un color, sino tal vez luz, brillo [….] ¡Carajo! ¿De qué color tenía
los ojos peregrina?” (BESTARD, 2003, p. 199).
El episodio se resuelve al término de una exhaustiva
investigación de archivo que desempolva una serie de canciones de
poetas yucatecos que cantan exclusivamente de los ojos negros y
bellos de las mujeres yucatecas. A pesar del humor latente en el
relato, el argumento es más serio, y cuestiona las bases que han
servido para determinar y representar nuestra identidad cultural.
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Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria...
La intención no es la de quitar a Peregrina su merecida lugar en la
serenata yucateca, sino la de interrogarnos sobre la frecuente
folklorización e iconización de unos pocos aspectos de la cultura
regional, a prejuicio de una perspectiva más amplia, híbrida o
colectiva.
El acto doloroso y traumático de recordar, no conlleva a la
reconciliación ni tampoco a la solución de los problemas, sino más
bien conduce a un enfrentamiento de pasado y presente. En palabras
de Homi Bhabha, remembrar “no es nunca un acto silencioso de
introspección o retrospección. Es un doloroso remembrar, una
construcción, pedazo por pedazo, del pasado desmembrado, para
explicarnos la trauma del presente” (BHABHA, 1994, p. 63). Maximito
entonces, es un artista de la historia, narrando los fragmentos—los
hilos sueltos—para llegar a una historia más completa y más
compleja. Muchas veces, el lector que sigue las fechas, que busca
la cronología, que trata de dibujar el árbol genealógico de los BechKoyoc-Solis, (las familias fundadoras de la historia narrada) llegará
a cuestionar la autoridad histórica de Maximito, y responderá con
“no puede ser, no pudo haber nacido entonces, se han mezclado los
años…”. Nos falla la lógica. Sin embargo, Edouard Glissant explica
otra manera de entender el tiempo de la memoria histórica para los
pueblos caribeños que ayuda a explicar la perspectiva de Maximito:
Memory in our works is not a calendar memory; our experience
of time does not keep company with the rhythms of month and
year alone: it is aggravated by the void, the final sentence of
the Plantation; our generations are caught up within an extended
family in which our root stocks have diffused and everyone
had two names, an official one and an essential one-the nickname
given by his community (GLISSANT, 2000, p. 72)14.
Maxmito no necesita imponer un orden a sus recuerdos,
porque el orden espontáneo dictado por sus recuerdos es suficiente.
El cuadro que se arma tiene repeticiones, digresiones, analepsis y
traslapes: como la realidad que representa.
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Margaret Shrimpton Masson
Balada de la merida antigua
Balada de la Mérida Antigua construye su discurso, como
la identidad regional, en una serie de capas traslapadas e
interrelacionadas. Introduce la fragmentación y la intertextualidad
como estrategias narrativas con efectos profundos para el significado
del texto. La fragmentación es una estratégica formal de la
construcción de la obra, a la vez que una importante aporte
discursivo. La portada del libro sugestivamente aborda la
problemática de las múltiples caras de la región, en una
representación de retratos, todos divididos por la mitad, pero a la
vez sobrepuestos uno sobre otro, para conformar una imagen
fragmentada, sin una visión homogénea o completa. En términos
discursivos, la fragmentación opera por medio de la yuxtaposición y
en ciertos momentos intercambio, de las voces de los tres personajes
principales: Doña Sara, dama meridana de la clase media alta;
Escolástico, su hijo solterón; y X-Pet, la criada maya, nacida en el
pueblo de Beyhualé. Por su parte, no solamente se hace uso de la
intertextualidad a nivel ficcional (con frecuentes referencias a otras
novelas de Bestard, empleando “las cajas chinas y los vasos
comunicantes”) sino también en un nivel más formal, introduciendo
textos coloniales españoles como La relación de las cosas de
Yucatán, del obispo Landa, textos indígenas como Los cantares de
Dzitbalché, (con notas de Barrera Vásquez), y también combinado
ambos con los escritos periodísticos de Escolástico.
El texto introduce los tres personajes principales, de acuerdo
a los estereotipos convencionales de blanco, maya y mestizo: Doña
Sara, identificada por su rechazo a la cultura y el pueblo maya, pero
aceptando su “utilidad”; x-Pet, la criada maya, quien fue llevado de
su pueblo a la casa urbana de Doña Sara en el centro histórico de la
ciudad; y Escolástico, el hijo, mestizo biológicamente, quien debería
representar también el mestizaje cultural, educado por su madre y
por la nodriza maya. Su padre, que suponemos indígena, nunca
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Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria...
aparece en la obra. No obstante, el discurso desconstruye esta
simple armonía matemática por los constantes traslapes entre los
personajes, cuyas identidades deslizan entre uno y otro. X-Pet, la
criada maya es el personaje que más relevancia tiene en este
contexto, ya que ella, a pesar de los esfuerzos de doña Sara para
obviarla y excluirla totalmente, ocupa todas las esferas de la novela.
X-Pet es una presencia perenne y silenciosa que absorbe todo el
ambiente que le rodea en la casa de Doña Sara hasta lograr ser
como ella: “Tu volviste a x-Pet así […] a tu imagen y semejanza
[…] dificulta distinguir entre señora y sirviente” (BESTARD, 2000, p.
197). Poco a poco, los espacios de Doña Sara son usurpados por XPet, que convierte paulatinamente—iniciando con los jardines—, el
espacio urbano en una recreación de su pueblo:
X-Pet trajo la Ceiba de su pueblo. […] La matita la acomodó en
una canasta de chilibes y mimbre, tejidos muy apretados para
que no saliera la tierra. Doña Sara le preguntó la causa de su
apuro y los tantos cuidados para con la planta.
Me la dio un h-men (curandero) explicó. La trasplantamos del
patio de su casa. Así, x-Pet trasladó el fragmento de su Beyhualé
para adornar el solar meridano. […] X-Pet eligió el fondo del
patio para sembrar su Ceiba. Esta creció y sus ramas
sobrepasaron y se extendieron por arriba de los muros de
división de los solares colindantes. Pero ningún vecino reclamó
nunca la caída de hojas o basura en sus terrenos, también
ocupados con frutales. (BESTARD, 2000, p. 215)
X-Pet llega silenciosamente a apoderarse también de los
espacios interiores de la casa: “Me tiene vigilado con x-Pet. A la
vieja no la veo, pero sé que anda cerca. No la oigo, pero está atenta.
No la siento, pero me contempla y mamá la escucha” (BESTARD,
2000, p. 159). En muchas ocasiones, las acciones de Escolástico o de
Doña Sara son repetidas con precisión por x-Pet, yuxtaponiendo
voces y acciones. Si en anteriores novelas, la voz indígena ha llegado
a usurpar la voz blanca, invirtiendo los códigos del discurso, en esta
novela el proceso no es lineal, ya que las voces más bien se desdoblan
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Margaret Shrimpton Masson
asumiendo diversas identidades en un proceso circular, que va y
viene en el espacio y en el tiempo.
Escolástico—la voz narrativa—se mueve en distintos planos
en la novela—narrando su pasado, sus recuerdos, sus sueños y su
presente donde también intercala sus propios escritos periodísticos.
Las verdades de estas historias se fragmentan entre las distintas
autoridades narrativas señaladas arriba: la española, la indígena y la
mestiza, y además entre historias “reales”, y historias “ficcionales”.
Así, al final de la novela Escolástico aclara para su madre que
existen tres verdades: “Tres, mamá. La tuya, la de x-Pet y la mía”
(2000, p. 252). Es importante señalar como dinámica interna de la
articulaciones de identidades en Yucatán, que el cuarto personaje,
Eurinidice, esposa soñada e idealizada de Escolástico, es una figura
que no solamente desestabiliza la geometría de la estructura triangular
formado por los tres personajes centrales, sino ella es
sistemáticamente excluida de esa articulación. Eurinidice se
configura como el foráneo, el invasor que transgreda las fronteras
de la región yucateca y cuya presencia amenaza la identidad regional.
Contra el invasor de afuera, la trinidad yucateca se une y se defiende.
La novela rechaza la solución mestiza como una tercera vía:
x-Pet, culturalmente mestiza por la manera en que adopta los estilos
de vida y incluso el habla de doña Sara, también se mantiene
arraigada a sus raíces, al pueblo Beyhualé que es parte intrínseca
de ella, y el espacio que queda configurado dentro del patio de la
casa de Doña Sara. Por otra parte, Escolástico, quien debería
configura el sueño mestizo, nutrido por la cultura maya y la cultura
no-indígena de su madre, no logra reconciliarse con sus orígenes.
Escolástico se esfuerza por defender el pueblo indígena del racismo
expresado por su madre; sin embargo, esa defensa lo hace solamente
en sus escritos periodísticos, y notablemente exclusivamente a partir
de las referencias históricas coloniales. Su relación con el pueblo
maya es escolástica y académica. Su mixtura es a la vez conflictiva
y creativa y en constante movimiento entre los factores
componentes, pero que en él al contrario de x-Pet, no logran existir
simultáneamente. Escolástico es siempre obligado a escoger:
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Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria...
Se lavó y se talló con sosquil, aunque por momentos olvida el
detalle sus movimientos por rutinarios, mientras su rostro vuelve
a capturar la bipolaridad escondida tan efectivamente. Esa triste
sonrisa capaz de impregnar a su boca un gesto distinto.
De pronto, queda indeciso sobre de qué lado hacerse la vereda:
del español o el maya.
Se siente burlado. Pero su carácter termina imponiéndose. Está
bien, un día me la haré a la derecha y el siguiente a la izquierda.
(BESTARD, 2000, p. 31).
En esta obra, Bestard desafía el estereotipo del mestizo
“aculturado” como única imagen representativa de la identidad
regional: imagen de “mestizaje maldito” como lo llama en De la
misma herida (1985). Su confrontación con el discurso fundacional
yucateco le lleva a proponer un mestizaje imaginada desde la
fragmentación y la destrucción de la armonía, forjado a partir de la
violencia—aquí representado en x-Pet. El mestizaje en Yucatán—
esa combinación común de europeo e indígena, chino y libanés—
produce, entonces, una hibridez cultural, caracterizado en sus obras
por la fragmentación constante de linajes, historias y narraciones.
Al final, este desmembramiento crea un nuevo orden alterno y
coherente que también debe discutir la marginación de un discurso
regional propio frente a los cánones nacionales.
Lecturas desdobladas y alternativas simultáneas
Desde los paralelos evidentes entre las casi-islas continentales
de Yucatán y Guyana, hasta las relaciones más sutiles en la
perspectiva narrativa de los autores, que los lleva casi sin excepción
a un rechazo del realismo y también del realismo mágico, aceptamos
que simplemente existen otras dimensiones de la realidad de la
imaginación caribeña, que lejos de ser fantasía o magia responden
a una experiencia colectiva. En diversos textos contemporáneos
descubrimos un mundo colectivo proyectado a partir de la intimidad
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Margaret Shrimpton Masson
de la experiencia individual. Así, por ejemplo, Jamaica Kincaid nos
presenta con una protagonista que relata la autobiografía de su madre,
que es el recuento de su vida de ella (la hija, no la madre), a la vez
que es también la historia de los hijos que nunca tuvo; Mayra Montero
teje una historia de amor ubicada en la isla de Cuba, entre una
Mulata china y el gran cantante italiano Caruso, que se mueve entre
los planos de la música operística, las historias de los libretos, los
diarios de la mulata-china, la historia que escribe su hija y una
investigación periodística que combina voces orales y documentación,
en un enorme orquesta transculturada de lo europeo, africano, chino
y caribeño. Joaquín Bestard, nos ofrece 101 años de historia—
Yucatán, México y el mundo, todo por el ojo del mítico pueblo de
Beyhualé, el pueblo que todos conocemos pero no encontramos en
mapa alguno.15
Estos espacios de fragmentación resisten clasificación—son
uno y diverso—, uno de los grandes aportes y también de las grandes
dificultades para la poética caribeña. Uno de los aciertos de la crítica
reciente es afirmar, como Silvio Torres-Saillant (1997), que no es
necesario definir el Caribe y de ende su poética, para lograr
distinguirla del canon occidental, o cualquier otro canon, sino aceptar
y entender su existencia. Es en esencia esa liminalidad, la cualidad
intrínseca del Caribe. En los fragmentos del mundo literario
yucateco-caribeño hallamos la “cross-culturality” de Harris, “la
métissage” de Glissant, y la hibridez de Joaquín Bestard: un espacio
de creolité caribeño en constante transformación. En estas obras el
narrador ha pactado con el cimarrón y en su discurso rebelde, rompe
los límites de su plantación—el discurso dominante. En Yucatán,
sacudir las bases de la identidad regional a partir del discurso literario
logra—en el caso de Bestard—una modificación o desconstrucción
de los iconos y los estereotipos regionales. Las fronteras de la región
se vuelven flexibles, la articulación con la nación no la única posible,
y los puentes regionales se consolidan.
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Notas
1“Tomar el camino más recto no siempre era la mejor manera de llegar; y si los
caminos se zigzagueaban por los bosques, también teníamos que
zigzaguear….Había que seguir los trazos, revolverlos y desordenarlos con la
irracionalidad de un cimarrón”. CHAMOISEAU, Patrick. Antan d’enfance.
Paris: Hatier, p. 109, 1990. (En ésta y las siguientes citas, la traducción del
inglés al español es mía.)
2 Ver. BHABHA, Homi. “To that end we should remember that it is the ‘inter’—
the cutting edge of translation and negotiation, the in-between, the space of the
entre that derrida has opened up in writing itself—that carries the burde of the
meaning of culture […] It is in this space that we will find those words with
which we can speak of Ourselves and Others. And by exploring this hybridity,
this “Third Space”, we may elude the politics of polarity and emerge as the
others of our selves”. “The Commitment to Theory”. New Formations. Vol 5,
1988.
3 “Entonces, finalmente, se intensificó el cimarronaje histórico en el tiempo, para
alcanzar un cimarronaje creativo, cuyas formas numerosas de expresión formaron
la base para una continuidad. Ya no era posible concebir de estas literaturas
como apéndices exóticos de un corpus literario francés, español o inglés; más
bien, irrumpieron de repente, con la fuerza de una tradición que ellos mismos
construyeron, en la relación de las culturas” (GLISSANT, 2000, p. 71).
4 “La Plantación es uno de los vientres del mundo, no el único, uno entre muchos
otros, pero tiene la ventaja de poder ser estudiada con la máxima precisión. Así,
el límite, su debilidad estructura, se vuelve nuestra ventaja. Y al final, su
aislamiento ha sido conquistado. El espacio fue cerrado, pero la palabra que
nació adentro, permanece abierta” (GLISSANT, 2000, p. 75).
5 “Hay comunidades de “lenguaje de uso” que transcienden las fronteras de la
lengua de voz. Me siento mas cercano a los escritores del Caribe anglófono o
hispanófono (y por supuesto el Caribe de habla creole), que a la mayoría de los
escritores en francés. Eso es lo que nos hace antillano. Nuestras lenguas son
diferentes, nuestro lenguaje de uso (empezando con la relación con la lengua) es
el mismo.” (GLISSANT, 2000, p. 214-215)
6 Ver HARRIS, Wilson. “New Preface to Palace of the Peacock”. BUNDY, Andrew
(Ed.). The Unfinished Genesis of the Imagination. London: Routledge, 1999, p.
53-57.
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Margaret Shrimpton Masson
7 Incluso, tan acostumbrada era la relación con el Caribe, y tanto mas fácil moverse
hacía Cuba que hacía la capital de la Republica, que encontramos en la novelas
de la primera mitad del siglo XX, referencias detalladas de los viajes por mar, a
La Habana, Nueva Orleáns y Nueva York. El viaje a México, en contraste, no
era directo. Había que ir por mar a Veracruz y después por tren a México. Es
hasta 1950 que el ferrocarril une Mérida y México D.F, y 1970 cuando se
inaugura la carretera.
8 Ver ANTOCHIW, Michel, 1994, p. 98, citado en SHRIMPTON, M., 2005.
9 La construcción del imaginario nacional sobre las bases de un indígena inventado,
blanqueado como mestizo es evidente en la obra indigenista de Antonio Mediz
Bolio (1884-1957). El indígena (o su herencia cultural) que sirvió de fundación
para el XIX, se transforma en un “misterioso” mestizo, en esta cita tomada de
La tierra del faisán y el venado, 1922: “He pretendido […] hacer una estilización
del espíritu maya, del concepto que tienen todavía los indios […] he pensado el
libro en maya y lo he escrito en castellano. He hecho como un poeta indio que
viviera en la actualidad y sintiera, a su manera peculiar, todas esas cosas suyas.
[…] Una poesía especialísima, autóctona, misteriosa y de fuentes remotísimas,
hay de todo esto”.
10 Ver SHRIMPTON, Margaret. Tejiendo historias en el Caribe. Narrativa
contemporánea yucateca. México: Editorial Arte y Literatura/Universidad
Autónoma de Yucatán, 2005 (en prensa). (Capítulos 3 y 5).
11 Señala Abreu Gómez en el prólogo de la obra, “Así se escribió Canek”: “Por vía
de juego en la historia de Canek va algo de mi vida y también de la vida de otros
sujetos” (ABREU GÓMEZ, E., 1977, p. 17). Los juegos de tiempos han
continuado hasta las turbulentas décadas a finales del siglo XX: el comandante
Marcos, del EZLN ha utilizado diversos fragmentos de Canek como epígrafes
para sus discursos.
12 BRATHWAITE, Edward, K. Roots. La Habana: Casa de las Américas, 1986, p.
124-126.
13 Esta novela se publicó en la ciudad de México en 1996, por la editorial Costa
Amic. Debido al empleo de muchos vocablos regionales, Costa Amic exigió la
supresión de todos los mayismos, y la consecuente modificación de la obra.
Durante 4 semanas en Octubre de 2004, la novela fue re-editado y publicado en
entregas en el Unicornio, suplemento dominical de Por Esto!, (Mérida),
respetando el manuscrito original del autor y restaurando los mayismos.
14 GLISSANT, Edouard. Poetics of Relation. “La memoria en nuestra obras…. No
es una memoria de calendario; nuestra experiencia del tiempo no se marca
258
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Derribando la plantación: espacios de la imaginación literaria...
solamente con los ritmos de los meses y los años: es agravado por el vació, el
último castigo de la Plantación; nuestras generaciones están envueltas dentro de
la gran familia extendida del devenir de nuestras raíces, y todos tienen dos
nombres, uno oficial y otro esencial—el apodo dado por la comunidad”. (2000,
p. 72)
15 Refiero a las siguientes obras: KINCAID, J. The Autobiography of my Mother;
MONTERO, Mayra. Como un mensajero tuyo; BESTARD, Joaquín. Ciento y
un años Koyoc.
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260
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
An Approach to the Study of Culture as People in the
African World
Kwasi Konadu
Winston-Salem State University
Resumo
Nos último anos, “a diáspora” e os “estudos sobre a diáspora”, além de perceberem
as comunidades como imaginadas ou inventadas tem gozado de popularidade ao
mesmo tempo que são objeto de crítcas. Ainda que haja uma grande proliferação de
programas acadêmicos e de investigações sobre a diáspora africana, a exploração da
cultura daqueles que são (supostamente) os objetos de tais esforços sofrem
interpretações inexatas da cultura. Portanto, a narrativa e a identidade dos africanos
são percebidas como versões plagiadas que são apresentadas através de expressões
como hibridismo, criollismo e sincretismo. Os temas tratados neste artigo tratam
das interpretações da cultura como um conceito polisémico ou como eixo de definição
e interpretação de um habitat temporal. Reavalia-se principalmente fontes
secundárias e materiais de arquivo junto com pesquisas realizadas nas regiões
caribenhas, bem como no oeste da África, pretendendo-se oferecer uma exploração
conjunta sobre a cultura como individuos no mundo africano (e não como
“diáspora”) no contexto de estratégias socio-políticas y culturais dominantes
utilizadas tanto pelos africanos como por aqueles que controlam a ordem social
dentro da qual se encontram os africanos.
Palavras-chaves: Mundo africano, Teoria da cultura, Diáspora
* Artigo recebido em agosto e aprovado para publicação em novembro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 261-283, 2005
261
Kwasi Konadu
Resumen
En los últimos, “la diáspora” y “los estudios sobre diáspora”, además de centrarse
en las comunidades como imaginadas o inventadas han gozado de popularidad y a
la vez han sido objecto de crítica. Aún que hay una gran proliferación de programas
académicos y de investigación sobre la diáspora africana, la exploración de la
cultura de aquellos que son (supuestamente) los objectos de tales esfuerços sufrem
interpretaciones inexactas de la cultura . Por tanto, las narrativas y la identidad de
los africanos son a menudo versiones de plagios presentadas a través de expresiones
de hibridismo, criollismo y sincretismo. Los temas tratados en este artículo tratan
de la interpretación de la cultura como um concepto polisémico o eje definidor de
la definicion e interpretación de un habitat temporal. Reevaluando principalmente
fuentes secundarias y materiales de archivo junto con investigaciones realizadas en
las regiones caribeñas y del oeste de África, este estudio pretende ofrecer una
exploración conjunta sobre la cultura como individuos en el mundo africano (y no
como “diáspora”) en el contexto de estrategias socio-políticas y culturales
dominantes utilizadas tanto por los africanos como por aquellos que controlan el
orden social dentro del que se encuentran los africanos.
Palabras claves: Mundo africano, Teoría de la cultura, Diáspora
Abstract
In recent years, “diaspora” and “diaspora studies,” as well as thinking about
communities or identities as imagined or invented, have become popular even
fashionable as these imprecise notions have received their share of widespread use
and some criticism. While there have been a proliferation of research and academic
programs in African “diaspora” studies, the approach to the culture of those who
are (supposedly) the subject of such endeavors suffer from inappropriate
interpretations of culture. Therefore, the narrative and personhood of Africans are
often plagiarized versions presented through the conceptual idioms of hybridity,
creole-ness, and syncretism. The issues addressed in this essay are concerned
about the interpretation of culture as a multilayered concept or axis around which
temporal life is organized and interpreted. By reassessing mostly secondary and
some archival materials in conjunction with research in the Caribbean and West
Africa regions, I argue for an composite approach to culture as people in the
African world (rather than “diaspora”) in the context of dominant socio-political
and cultural strategies employed concurrently by Africans and those who manage
the social order within which Africans find themselves.
Keywords: African world, Culture theory, Diaspora
262
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
An Approach to the Study of Culture as People..
***
We are not a people of yesterday… We are not a stagnant
people, hating motion… Our fears are not of motion. We
are not a people of dead, stagnant waters. Reasons and
promptings of our own have urged much movement on us
— expected, peaceful, repeated motion… Then the time
and our need for continuation called for motion. The flow
of our warmest blood answered the call. We spread
connected over an open land.
Ayi Kwei Armah, Two Thousand Seasons
Introduction
In recent years, “diaspora” and “diaspora studies,” as well
as thinking about communities or identities as imagined or invented,
have become popular even fashionable as these imprecise notions
have received their share of widespread use and some criticism.
African “diaspora” studies programs, departments, and scholarship
have grown exponentially within the last fifteen years, a growth
which witnessed the establishment of academic journals and
discussion groups that regard the cumulative nature of these efforts
as constituting a “field” distinct from Caribbean or African(a) studies.
International initiatives such as the UNESCO Transatlantic Slave
Trade Education Project, which is under the broader Breaking the
Silence project, are engaged in related and overlapping work as
those found at York University in Canada and analogous efforts by
Pennsylvania State, Yale, and Tulane University in the United States.
While there have been a proliferation of research and academic
programs in African “diaspora” studies, the approach to the culture
of those who are (supposedly) the subject of such endeavors suffer
from inappropriate interpretations of culture and, therefore, the
narrative and personhood of Africans are often plagiarized versions
presented through the conceptual idioms of hybridity, creole-ness,
and syncretism.
jul./dez. 2005
263
Kwasi Konadu
I say interpretations of culture since what and how we
interpret, as ways in the process of making sense, correspond to
our very modes of creating and ascribing meaning, which, ultimately,
are anchored in our world-sense (i.e., our way of making sense of
our reality). Thus, the issue addressed herein is not so much the
meaning(s) of culture as an exercise in semantics, but rather the
interpretation of culture as a multilayered concept or axis around
which temporal life is organized and interpreted given that we are
nothing but our culture in physiological, ideational, and spiritual terms.
By reassessing mostly secondary and some archival materials in
conjunction with research in the Caribbean and West Africa regions,
this essay argues for an composite approach to culture as people in
the African world (rather than “diaspora”) in the context of dominant
socio-political and cultural strategies employed concurrently by
Africans and those who manage the social order within which
Africans find themselves. This essay begins by distilling two central
strategies from the literature on the African “diaspora,” outlines the
research perspective employed in the context of those strategies
and their historical meaning(s), and then uses Brazil as a case study
for the approach to culture as people argued in this paper. Finally,
some conclusive remarks are offered.
The imperative of a multilayered perspective on culture in
the African world correspond not only to the questions of who and
where are Africans and how and why did they come to be in the
historical and geographical places we find them, but also the praxis
of teaching and demonstrating an understanding of the concept of
an African world encompassing Africa, the Americas, the Caribbean,
Europe, Asia, Australia and other geo-political contexts in which
communities that show evidence of historical and cultural linkages
with Africa exist.1 In the Brazilian context, the recent legislation
which made compulsory the teaching of African and AfricanBrazilian history in schools can be directly implicated on the exigent
matter of African historical and cultural knowledge, representation,
and propagation (see OLIVA, 2003). Embedded in the theoretical issues
of and scholarly dialogues on African “diaspora” studies, preliminary
264
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
An Approach to the Study of Culture as People..
research revealed two sets of emergent themes from the works of
E. Kofi Agorsah, Sidney Mintz, Richard Price, John Thornton, Abdias
do Nascimento, Jose Arroyo, Q. Duncan, J. Huapaya, A. Bedoya,
B. Cayasso, Carlos Moore, Nigel Bolland, Robert Farris Thompson,
Franklin Knight, Philip Curtin, Michael Gomez, Linda Heywood,
Maureen Warner-Lewis, Joseph E. Harris, Jesús García, Tomás
Chirimini, Ivan Van Sertima, Edward Alpers, Marco Cuevas, Gerdès
Fleurant, Gordon Lewis, Cheikh Anta Diop, G. Andrews, F. W.
Knight, I. Hrbek, and others. Those dual and simultaneous themes
are “de-Africanization” strategies and goals, and strategies and goals
of sovereignty and consolidation (i.e., re-Africanization). These
themes, however, have not been delineated by any of the foregoing
writers nor have they been fully explored as part of the larger
narrative of the movement of Africans through cultural space and
historical time.
De-Africanization strategies and goals include the use of
census and demographic data to project an image of African decline
or disappearance, the consistent front-line deployment of African
soldiers in colonial and contemporary wars from the Indian to Atlantic
Ocean, the encroachment on African land from South Carolina to
South America, and the socio-political use of “creole-ness” and
hybridity (as a corollary to syncretism) to facilitate ongoing deAfricanizing, de-humanizing processes. Brazil, for instance, offers
an opportunity to expose or de-mystify syncretism in the context of
a racist socio-political order projected as a racial democracy which
links itself to the idea of syncretism as proof of the non-existence of
racism. On creole-ness, where many have essentially argued the
social context encourages or discourages the retention of African
culture and population density facilitates African survivals, the
supposition that social orders which are increasingly and densely
African over time would give rise to a “creole culture” and not the
continuity of an African one is a dubious conjecture. The confusion
and impreciseness of the term “creole,” a term used in specific
historical instances to refer equally to humans, animals, or vegetables,
is also confounded by the existence of simultaneous sovereignty
jul./dez. 2005
265
Kwasi Konadu
and consolidation strategies or goals reflective of the strong
tendencies among enslaved and first-generation Africans in the
Americas to socialize and meet with their “country men”
(SCHIEBINGER, 2004, p. 15; THORNTON, 1992, p. 163); the submerging
of distinction and the establishment of Africans “nations” to maintain
identity, culture, and organize politically; the African construction of
a specifically African idea of “independence” as part and parcel of
active “maroon” efforts which signaled a sustained politics and a
concept of anti-colonial liberation (GARCÍA, 200, p.284-287);
sovereignty efforts marked by quilombos, palenques, and other
“maroon” communities to contemporary “Black power” or liberation
movements; and the Africans’ use of their language and practice of
their culture in homes, quarters, and social groups (HARRIS, 2001, p.
108). De-Africanization and sovereignty and consolidation strategies
are central themes which allow for a more appropriate way to talk
about the African’s confrontation with European attempts to
construct a European world outside of Europe. In other words,
European expansion and conquest of the Americas correspond to
the African “diaspora” (west of the African continent) and the
challenges of being African outside of Africa-most clearly expressed
in the ongoing contestation between re-Africanization and deAfricanization strategies and goals.
In the Americas, the African history of so-called Latin
America is usually reduced to drums, “witchcraft,” and folklore
and the fear that this region would become another Haiti remains a
general and unresolved problem in “Latin American” and Caribbean
historiography (GARCÍA, 2001, p. 284-286). Yet, even Haiti’s revolution
has been reduced to a footnote or product of French “revolutionary”
thinking, evident in notions such as C. L. R. James’ “Black Jacobins.”
The reduction of African agency and culture development are
conceptual as well as pragmatic issues that warrant a re-assessment
in light of recent scholarship and ambivalent patterns of thinking in
areas where there exist an historical and cultural African presence
(e.g., THORNTON, 1992; 1998). In the Caribbean, many of these
societies have been historically colored by hostility toward and
266
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
An Approach to the Study of Culture as People..
ignorance of Africa and its cultures, and “at the academic and
popular levels of the Caribbean there remains resistance to the
suggestion or assertion of African-Caribbean linkages” (WARNERLEWIS, 2003, p. xxiii; EASTMAN & WARNER-LEWIS, 2000, p. 403). It is
not surprising then to find the same treatment of Africans in North
America and the Caribbean in that the scholarship on those regions
are often rooted in postures of a plantation genesis for the culture
of so-called “African America(s)” and assumptions of no prior
socialization. Consequently, personhood and identity prior to
enslavement in the Americas is lost to notions of deficiency and
pathology. The reification of the idea of “imported slaves”, rather
than Africans who were subjected to processes of becoming
“enslaved,” has been fundamental to standard scholarship absent
of an interrogation of its assumptions and the evidence in support
thereof.
The above geographical focus on the Americas, which for
some does (not) include the Caribbean, serves the purpose of further
contextualizing the use of Brazil as a case study in explicating the
approach to culture in this essay, rather than to obscure or undermine
the reality of African movement (inhibited and on their own terms)
across place and time, as well as those locales which have a cultural
and historical link to Africa with enslavement not a primary facilitating
agent. Brazil, however, as a site of dense African population, offer
several possibilities by which to examine African culture as people
in the context of a paradoxical social order that had the longest
duration of chattel slavery on the America side of the Atlantic Ocean
and, perhaps, the greatest level of cultural and historical continuity
by virtue of the continued renewal of Africans stretching from
upper-West Africa to Madagascar and parts of the East African
coast to the Brazilian landscape. In explicating the context and
content of the simultaneous and overlapping processes involved in
the patterns of African culture development and consolidation in its
confrontation with patterns of de-Africaniziation, the African
experience in Brazil suggest the veracity of the concepts of culturalhistorical continuity, convergence, de-Africanization, and re-
jul./dez. 2005
267
Kwasi Konadu
Africanization, which all have implications for the study of culture
as people in an expanding, yet consolidating and interlinked African
world.
Research Perspective
Using Mintz and Price (1992) as paradigmatic of a large body
of literature, since many have either embraced their assumptions
and/or their conclusions, we find several, yet crucial limitations in
the study of African culture. Mintz and Price employed a narrow
conception of culture restricted to “institutions” regulating private
and personal spheres of cultural expression, and, in their academic
focus, neglected the knowledge of those enslaved and supported
the misconception that solidarity was systematically and successfully
undermined by the plantocracy through the separation of those who
spoke the same language. Due to the preference of European
“traders” for specific ports and sources and that Caribbean planters,
for instance, sought particular “ethnicities,” Africans of the same
speech communities persisted on plantations and neighboring
plantations functioning much like a constellation of villages (WARNERLEWIS, 2003, p. xxvii). These historical realities not only affirm bonds
between so-called “ship mates”, but, more significantly, brings into
focus the work of Mintz and Price as characterized by “a reductive
urge to codify... carried out to such an extreme of rigidity that the
unruliness of reality is too often forced into neat, mentally manipulable
categories, as if such constructs can account for all emotional,
physical and psychic data” (WARNER-LEWIS, 2003, p. xxviii). Using
the “culture zone” concept advanced by Warner-Lewis (2003), a
composite approach to African culture in the Americas, Africa, Asia,
Europe, and other parts of the world transcends some of the real
and artificial limitations of the “specific island” or “country” approach
since the concepts of particularity and commonality are not mutually
exclusive (WARNER-LEWIS, 2003, p. 29 xxix). In identifying a specific
culture zone, one has to identify the specificity of the culture, isolate
patterns which appear to characterize the area, whether by
268
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
An Approach to the Study of Culture as People..
exclusivity or by intensity of usage through word cognition, cultural
parallels within the region, establishment of links in ways of making
sense of the world and cultural praxis, and the reoccurrence of
symbols and artifacts throughout the area. Certainly, following
Warner-Lewis (2003, p. xxix), “the cultural elements that survive
do not, and cannot, reconstitute themselves in the same molecular
fashion as they held prior to dislocation and succeeding cultural
contacts,” but there exists the possibility of reconstruction based
upon those elements or the principles underpinning those elements.
The aforementioned processes, which themselves imply a
transcendence of disciplinary boundaries and use of multiple skills,
argue that research on culture in the African world must be nothing
but multilayered in conception, approach, analysis, interpretation,
and presentation.
My operational definition for culture is that culture is a
composite of the spiritual, ideational, and material-physical
dimensions of reality and a process that provides a procedural
framework for living and ways to engage, interpret or make sense
of reality. In this regard, culture and history affect each other in
symbiotic ways; history as occurrences or developments over a
period of time in a specific locale—with or without interactions with
other locales—engenders culture and culture, in turn, shapes the
development of that history. Since the notion of culture implies a
rationale, it also has features of material, ideational, and spiritual
value, values which themselves reflect indigenous African
conceptualizations of the human being as a composite of
physiological, ideational, and spiritual constituents. Whereas the
spiritual and perhaps ideational dimensions of culture are deep
structured, “it is the material aspect of culture that is subject to the
most relentless change” due to its concreteness and vulnerability
(ABRAHAM, 1962, p. 29) . Every culture has an ideology or
fundamental framework used to interpret and response to the
historical, socio-political, cosmic, and temporal environment.
“Material culture” can, therefore, be considered the physical,
technological or tangible aspects of life used, made, and shared,
jul./dez. 2005
269
Kwasi Konadu
and include all of the physical manifestations of a culture. “Ideational
culture” refers to ideas, symbols, values, principles, ways of feeling,
thinking and acting, as well as a stock of knowledge and ways of
making sense of the reality constructed by a group. An ideational
culture embraces the temporal or physical-material dimension of
the world, but goes on to accept the notion that a non-physical,
immaterial reality is real and apprehensible. “Spiritual culture”
constitutes larger cosmological or non-temporal elements and, in a
sense, can be considered the “parent” dimension in relation to the
temporal, but as part of the continuum of the material, ideational,
and spiritual. In other words, if this continuum was a tree, the material
would be the physical tree, the ideational would be the roots, and
the spiritual would be what nourishes the roots as well as the
“unseen” (underground) activities of sustainability. Thus, by way of
example, Candomblé in Brazil or Santeria in Cuba can be viewed
as European in terms of material culture (objects, dress) but African
in relation to ideational and spiritual culture since these African
spiritual-temporal expressions in the Americas are anchored in an
African cultural core rather than a European one.2 Figures 1
illustrates the foregoing perspectives on culture.
270
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
An Approach to the Study of Culture as People..
Figure 1, “the dimensions of culture: a working model,”
attempts to graphically situate the above discussion, while
underscoring the idea of culture as both concept and lived experience
in its comprehensible depth and scope. The “cultural core” is the
seed and matrix of a culture. This notion is often obscured by the
idea of hybridity, which falsely presupposes that culture is selfcontained and that certain cultures are and some are not “hybrid”.
Notice that the three layers of culture visually correspond to (African)
conceptions of the human being in terms of an outer physical layer,
an ideational layer or mind enclosed by that external matter, and a
deeper (spiritual) part of one’s being beyond the frontier of both.
All three layers, however, are linked to a core origin and life force,
and one can gauge or approximate the deep of culture as a personal
or collective experience beyond the surface and the scope of culture
as inherently expansible as the physical skin, the capacity of the
mind and spirit, and the nature of the cosmos.
Wherever identifiable African culture exists, it is not enough
to assume what the layers of that extant culture means for those
who live it. In order to identify “African-ness” in the lives of those
who experience it—in its comprehensible dimensions of course—
only a composite perspective of culture can probe the spiritual (not
necessarily religious), ideational or conceptual, and material-physical
contours of historical and cultural African communities. It is only
through the deep combing of these dimensions will African (world)
culture and, therefore, African people globally will be excavated
and projected in their humanity in places where they reside due
voluntarily or involuntarily factors, or a combination of the two. The
research perspective advanced here is for the generation of
approaches and interpretations grounded in the cultural reality under
study, but this approach is not a procedure fro dissecting culture by
way of the three layers or dimensions and then putting the result
back together like a jigsaw puzzle. Rather, the idea is to allow one
to concurrently apprehend the parts as distinct “components” and
as parts of which form an inextricable whole. As one digs and
uncovers a term, a ritual, a symbol, a practice expressive of any of
jul./dez. 2005
271
Kwasi Konadu
the three layers of culture or a combination thereof, she or he will
find it possible to approach and appreciate the depth, scope and
interconnectedness of African cultural reality in those places with
an African cultural and historical presence. Are there limits of this
research approach? All approximations as well as sources have
limitations, but as a process rather than strictly method the approach
advanced here is a tool which, through case studies or global surveys,
can contribute to the advancement of the study of culture as people
in the African world. What follows then is a brief case study which
seeks to re-interpret the African cultural experience in Brazil through
a narrative informed by our approach and research perspective.
Case Study: The African Experience in Brazil
In Brazil, the deep textured patterns of African history and
culture are often reduced to exoticism and reified as folklore. For
instance, Africans in Brazil were not even granted a chapter in the
comprehensive Manual Bibliográfico de Estudos Brasileiros (The
Bibliography of Brazilian Studies) published in 1949; however, they
were incorporated into the folklore section. The Brazilian tradition
of “folklorizing” African culture must be viewed within the context
of de-Africanization strategies on the part of the aligned forces of
the national government, tourist industry, corporate businesses, and
the Catholic Church, in contestation with African strategies of
sovereignty and consolidation in the form of movements to create
or maintain their own psychic and cultural space, identity, and history
under hostile conditions. The prevailing backdrop to the contention
is the propagated myth of racial democracy or harmony and the
corresponding notion that the historical development and national
culture of Brazil is defined by miscegenation and a general social
plasticity.
In the accepted narrative of Brazil, the country came into
existence with the arrival of Pedro Álvares Cabral in 1500. This
troubled narrative is guilty of both omission and commission in that
it ignores and marginalizes the indigenous and later African presence
272
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
An Approach to the Study of Culture as People..
in the country which became known as Brazil. Brazil has the
reputation of importing the largest number, and for the longest
duration, of enslaved Africans of any colony in the Americas
between the early sixteenth century and the latter part of the
nineteenth century. Overall, Brazil received approximately forty
percent of the total number of Africans brought to the Americas,
however large that final number may be, during the life of the
enslavement enterprise. The enslavement enterprise and process
requires some clarification for more often than not historians and
other writers have a tendency to conflate chattel slavery in the
Americas and servitude or forms of “slavery” on the African
continent. The issue is not that some Africans actively engaged and
profited from the enslavement enterprise. The issue is talking about
“slavery” as a shared human phenomenon which differs only in
terms of degrees when those Africans who participated never
conceived of a de-humanizing, de-culturalizing process and social
order as conjured up and executed in the Americas. In other words,
it is not a question of degrees of difference in relatively the same
(slavery) system, but one where we are dealing with two different
types of systems in thinking and implementation.
The European enslavement enterprise was contemporaneous
with the latter stages of the Arab enslavement enterprise, which
began as early as the seventh century CE (Common era), and later
surpassed the former beginning with the Portuguese. The
Portuguese imported and enslaved Africans who came primarily
from western Africa (e.g., Guinea, Ghana, Benin/Dahomey, Niger,
and Nigeria), west-central Africa (e.g., Kôngo-Angola region), southwestern Africa and the east African coast (e.g., Mozambique). The
principal cultural groups represented by Africans in Brazil include
the Yoruba-Nagô (Nigeria, Benin), Manding (Mali, Guinea), Hausa
(Northern Nigeria, Niger), Fon-Gegê (Dahomey/Benin, Togo), FanteAsante (Ghana), and Bantu-Kôngo (Kôngo-Angola, Mozambique).
The Malês were generally any African Muslim in Bahia, and in Rio
de Janeiro they were known as Alufá. Nagô is the Brazilian
expression for the Yoruba, while Gegê applies to the Fon or Ewejul./dez. 2005
273
Kwasi Konadu
Fon of former Dahomey (contemporary Benin). The Asante or Fante,
both of whom are culturally and linguistically Akan, were called
“mina” (as in the “El mina” castle on the coast of Ghana), though
many who fell under this category were not Asante and, in some
instances, nor were they Fante. Rather, many who were referred
to as “mina” were non-Akan or Africans to the east, west, and
north of the forest-based Asanteman (Asante nation), which not
only controlled much of what is contemporary Ghana during its peak
but also play a role (along with others) in the export of Africans to
the Americas.
The preference of the Portuguese to acquire new enslaved
Africans as opposed to growing this population locally is telling for
the male to female ratio was typically 2:1, adults were more sought
after than children, and the average life span of an enslaved person
was approximately 15 years upon arrival in Brazil. Sugar fazendas
or plantations defined enslaved life during the sixteenth and
seventeenth centuries, and in the latter century there was a focus
on importing Africans from the Kôngo-Angola region. The
exploitation of gold and diamond deposits in the states of Minas
Gerais and Goiás during the eighteenth century coincided with a
calculated preference for Africans from the “costa da mina” region
(contemporary Ghana, Togo, Benin, and Nigeria) and, thus, the
northeast of Brazil became dominated by Africans born of this region.
It should be noted that historians or writers sometimes confuse ports
of embarkation with ports and areas of origin, and the invented or
real place-names in Africa with those of sovereigns in terms of
determining who came from where. The nineteenth century
witnessed the development of the coffee industry, which became
Brazil’s most profitable export. Certainly, as these industries
flourished, the increased demand for enslaved African labor remained
high and the Africans’ indigenous knowledge of mining, metallurgy,
cattle rearing, and agriculture suited a plantocracy which
concentrated, chronologically, on the production of sugar, diamond
and gold, and coffee.
274
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
An Approach to the Study of Culture as People..
The return of Africans in Brazil to West Africa-Nigeria, Togo,
Benin (former Dahomey), and Ghana—from the first half of the
eighteenth century to the twentieth century is a phenomenon which,
in large measure, is a response to many of the issues which
characterized nineteenth century Brazil. The nineteenth century is
perhaps the most significant in terms of the extent of events and
their implications for the history of Africans in Brazil. During this
century, the focal points of enslaved labor were the coffee plantations
of Rio de Janeiro and São Paulo. The expanding area of São Paulo
experienced numerous revolts and rebellions in the nineteenth
century; however, the greatest number of revolts by enslaved
Africans occurred on the plantations of northeast Brazil, particularly,
in Salvador, Bahia, which had more than twenty between 1798 and
1841. The years 1830-1880 were characterized by numerous military
conflicts in South America, including the war of the Triple Alliance
in 1865-1870 wherein Argentina, Brazil, and Uruguay fought against
Paraguay. In all these military conflicts large numbers of African
troops were deployed. A small number of “free” Africans in Brazil
participated in the abolitionist movement, since this movement was
largely a (white) elite one where government officials created antislave trade regulations and imposed related taxes to encourage
planters to use European immigrant workers. Europeans were greatly
encouraged to immigrate to Brazil to live and work on coffee
plantations in the late nineteenth century. This critical period saw
the abolition of slavery in 1888 through the Lei Áurea (Golden Law),
the mass immigration of whites, the socio-political pressure on
Africans to marry white (so as to “improve” the race), the denial of
voting through literary requirements in the 1891 constitution, and
the destruction (by fire) of most historical documents and archives
related to the enslavement enterprise ordered by Rui Barbosa on
May 13, 1891.
At the height of European imperialism in Africa and other
parts of the non-Western world, in addition to the emergence of
anthropological theories linked to colonialism, Brazilian elites sought
jul./dez. 2005
275
Kwasi Konadu
to address the complexion of the country by instituting
branqueamento or its national program of “whitening” which
anticipated the gradual disappearance of African in Brazil.
Presumably faced with a “racial” threat to their social order, the
whites in Brazil united on the idea of transforming Brazil into another
Europe. For them, the creation of the “mulatto/a”—highly offensive
terms that signify the offspring of a mule (African female) and a
horse (white male)—in the words of Sylvio Romero, was a “condition
of victory for the white man”. This “victory” necessitated the
disappearance of the African population occasioned by institutionally
encouraging massive European immigration, destruction of
enslavement documents, manipulation of demographic data,
restrictions on non-European immigrants, and miscegenation. It is
certainly then not surprising to find that Gilberto Freyre’s Casa
Grande e Senzala (“The Masters and the Slaves or Enslaved
Quarters”), as Freyre is arguably the leading apologist for slavery,
is one of the most widely translated works into English. Freyre’s
ideas find currency in the proposition that Brazil is balanced and
homogeneous; hence, a harmonious racial democracy. A
consequence of the racial ideology of non-racism is its very selfdenial, a posture advanced by Gilberto Freyre and Pierre Verger.
Perhaps, the more profound consequence of this “non-racism”
ideology is that the “black” movement in Brazil expends a great
deal of energy attempting to prove to its people that their condition
is a function of race since many believe racism does not exist.
The severely circumscribed nature of life and living made is
so that “free blacks” and “mulattos” were subject to laws that
seldom distinguished between them and those enslaved. The
abolishment of the enslavement enterprise ushered in no real benefits
to Africans in Brazil (VIANNA, 1999, p. 184). Former enslaved
Africans were confined to low-paying jobs, poor housing facilities,
unemployment, limited educational opportunities, and, as a group,
lacked political and economic power all behind a façade of racial
equality. A good number of Africans found themselves earning their
living as housemaids, civil workers, and prostitutes. During the early
276
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
An Approach to the Study of Culture as People..
twentieth century, several African-Brazilian publications and
organizations were established to propagate cultural and social
consciousness, as well as fight against racism and impoverishment.
The level of African-Brazilian activism in the 1970s was informed
by the Civil Rights and Black Power movements in the United States,
as well as the political independence movements in Africa and the
Caribbean. The level of sustained activism during the twentieth
century has been aimed at prevailing socio-economic conditions and
cultural exploitation, and the statistics alone tell their own story.
Eighty percent of all prison inmates, seventy percent of the population
who live below the poverty level, the majority of the residents in the
nation’s poorest housing facilities, and most of the homeless
population in Brazil’s urban centers are Afro-Brasileiros or Africans
in Brazil. Current discourse on policies of “affirmative action” as a
form of governmental concessions may not have any real affect on
the day-to-day, cultural life and death struggle of Africans in Brazil
unless their movement fully de-links itself from the mythologies (i.e.,
popular narrative of “Afro-Brazilians”) which envelop their lives
and forge a socio-economic and psychic space built upon cultural
agency.
The cultural reality of Africans in Brazil is inescapable and,
perhaps, Abdias Nascimento’s contention, which argues Brazil is
culturally and demographically an African nation, is instructive of
another, yet plausible way of conceptualizing this nation (at least
during the past four centuries to the present). The material culture
of Africans in Brazil constitutes a corpus of physical and
technological innovations or contributions to innovations in the areas
of mining, metallurgy, cattle rearing and farming, agriculture, foods
and cuisine, crafts and art through varied media, ritual implements
and artwork, carnival or carnaval, architecture on both sides of the
Atlantic Ocean (e.g., Benin), music and instrumentation (e.g.,
samba), capoeira, indigenous medicine, and other material-physical
advancements. The ideational culture of Africans in Brazil denote
those ideas, symbols, values, principles, ways of feeling, thinking
and acting, as well as a knowledge base and ways of making sense
jul./dez. 2005
277
Kwasi Konadu
of the world created, marshaled, and nurtured by this group in their
challenge to be culturally African outside of Africa in an increasingly
Europeanizing social order. This ideational culture is evident in
iconographies used in socio-political and spiritual contexts, linguistic
impressions upon the lexicon and pronunciation of Portuguese as
well as extant Yoruba and Kikongo vocabularies that are extensive,
bodies of varied and distinct African knowledges derived from West,
West-Central, South and East African sources in term of cosmology,
fundamental ethos or character, social and political organizing
principles, and healing and holistic health. Spiritual culture in the
context of Africans in Brazil correspond to the non-temporal
character of Candomblé, the Xangô (Shango) tradition in
Pernambuco, and Macumba, which was Candomblé transformed
in Rio de Janeiro in the 1900s. Macumba developed into Umbanda
in the southern parts of Brazil. But there is more to this spiritual
culture than what appears to be the apparent since spirituality is an
expression of culture and culture, in this sense, is not simply what
one does (spiritually) but the core philosophy which underpin
expressions of a spiritual nature.
A very prominent idea in any discussion of Candomblé, or
African culture in Brazil, is the notion “syncretism.” What is often
missing in these discussions, however, is the African experience of
historical harassment, restrictions and police persecution, baptisms
by force, and the proselytizing efforts of the Catholic Church backed
by the armed support of the state. In this socio-political context,
what we have is not “syncretism” between Catholicism and African
spiritual systems but rather a strategy employed by Africans to
confound and circumvent oppression. Much like in Haiti and Cuba,
both of which have large African populations, a deep synthesis of
the main forms and principles of Yoruba, Ewe-Fon, and Bantu-Kôngo
traditions occurred and this composite system was (later) partly
informed by the saints of Catholicism. In fact, such a convergence
occurred in the late 17th century West Africa between the Yoruba
and Ewe-Fon traditions and again on Haitian, Cuban, and Brazilian
soil in the decades and centuries that followed. Moreover, the large
278
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
An Approach to the Study of Culture as People..
Kôngo-Angola cultural presence makes the argument that
Candomblé is of Yoruba origins a difficult one to substantiate, since
there are three branches of Candomblé, each of which are linked
to specific African cultural “nations.” The Nagô and Gegê or Jeje
branch is based, respectively, on Yoruba and Ewe-Fon spiritual
systems, while the Kôngo-Angola branch (i.e., Candomblé de
Angola) is based on Bantu-Kôngo sources. The third branch of
Caboclo requires some clarification. Caboclos are analogous to the
Orixás (Orishas) of the Yoruba and many, particularly in Salvador,
Bahia, view these “divinities” as indigenous to Brazil.3 At the start
of the nineteenth century, Candomblé were suppressed and
terreiros (temples) were often raided; this persecution continued
until the 1970s wherein many Candomblé adherents began to
practice their spirituality in the open. From suppression to exploitation,
Candomblé has since been used for tourism through the
performance of “folk shows” in terreiros and within the triad of
Candomblé spiritual expression there are heated debates on whether
or not to discard the Catholic imagery which “masks” Candomblé.
Conclusion
The African confrontation with European attempts to construct
a European world outside of Europe or the European expansion
and conquest of the Americas correspond to African communities
which reside in this part of the world, and these communities express
the very real and historically situated challenges of being African
outside of Africa in the form of an ongoing contestation between
African cultural core and a foreign one. In probing some of the
more notable sources relevant to the study of culture as people in
the African word, it is clear to me several prior, simultaneous, and
overlapping processes were involved in the patterns of African
cultural autonomy and consolidation as these efforts confronted
patterns of “de-Africaniziation” rather than nebulous processes called
“creolization” and “syncretization.” An examination and re-appraisal
of those processes through the African experience in Brazil case
jul./dez. 2005
279
Kwasi Konadu
study reveal the incompatibility of the use of (the Atlantic or Indian)
“oceans” as thresholds that transformed Africans into “other beings”
or objects, Black Atlantic, creole-ness, hybridity, mulatto-ness,
syncretism. Instead, what is more appropriate are conceptual tools
such as the notions of cultural-historical continuity, convergence
and consolidation, de-Africanization, and culture as multi-layered
concept grounded in the material, ideational, and spiritual data related
to African peoples and their movement.
Movement has characterized much of African history or the
African experience in the temporal, and noteworthy here are the
parallel geographic movements of continental plates away from the
African continent (e.g., Australia, India, Madagascar, and Antarctica
drifted away from Africa earlier than South America which broke
away from western and southern Africa) and the out-migration of
peoples from Africa, which, cumulatively imply the crossing of
cultural-geological threshold or movement (almost naturally) away
from the African continent. The challenge in an expanding, yet
consolidating and interlinked African world, for many, is the difficulty
in comprehending “adequately the true nature of the African cultural
heritage in the Caribbean [and elsewhere] without first appreciating
its dynamism and its life-sustaining elements which have particularly
helped it to survive far beyond the geographical boundaries of the
African continent” (AGORSAH, 1999, p. 63). To that end, the research
perspective and approach on culture as people—by way of three
fundamental dimensions—in the African world is offered.
Notas
1 MWALIMU, J. Shujaa. Personal Communication, 2005, shared some of the
ideas presented here on the topic of studying the African world. Dr. Shujaa is
Director of the African World Studies Institute at Fort Valley State University,
Fort Valley, Georgia.
2 Some would argue that African(a) studies scholars, such as myself, who write
about African culture are “essentialist” (whatever that means) as if, in their own
disciplinarily backyards such as history or anthropology, the work of Europeans
who propagate Europe in aesthetics or the like are not essentialists. In other
280
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
An Approach to the Study of Culture as People..
words, “if one can speak of European dress, food and culture, despite ethnic
divergences, why then can one not speak of similar African applications”
(WARNER-LEWIS, 2003, p. xxix).
3 Some regard the caboclo as indigenous Brazilian “spirits,” and others view them
as ancestors indigenous to Brazil.
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jul./dez. 2005
283
Resenha
Eugênio Rezende de Carvalho
Universidade Federal de Goiás
PASTOR, Brígida. El discurso de Gertrudis Gómez de
Avellaneda: Identidad femenina y otredad. (Cuadernos de
América sin nombre, Centro de Estudios Iberoamericanos Mario
Benedetti, 6). Alicante: Universidad de Alicante, 2002, 158 p.
***
A emergência das mulheres à condição de objeto e sujeito da
história é um fato relativamente novo entre aqueles que se dedicam
ao estudo e compreensão do passado humano. O recente e
progressivo interesse pelo estudo das mulheres, nessa dupla acepção,
enfrenta, entretanto, um grave desafio, representado pela escassez
de fontes e vestígios acerca do passado feminino, produzidos pelas
próprias mulheres, na medida em que as representações que dispomos
sobre elas têm sido histórica e majoritariamente oriundas de fontes
e discursos masculinos. Diante de tal quadro de escassez de fontes
e de uma crescente preocupação interdisciplinar capaz de dar conta
das diversas e complexas dimensões desse objeto, destacam-se,
como uma das poucas e privilegiadas formas de expressão desse
* Resenha recebida em julho e aprovada para publicação em setembro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 285-291, 2005
285
Eugênio Rezende de Carvalho
universo feminino, as obras literárias escritas por mulheres e que,
em maior ou menor medida, abordam direta ou indiretamente a
própria condição feminina. Tais obras literárias ganham ainda maior
relevo quando geradas em contextos históricos de sociedades
patriarcais nos quais as idéias do que hoje poderíamos chamar de
feminismo não contavam ainda com quaisquer outras possibilidades
alternativas de expressão. Esse é o caso, por exemplo, do contexto
da produção literária de uma das mais importantes escritoras do
meio cubano-espanhol do século XIX, a cubana Gertrudis Gómez
de Avellaneda (1814-1873).
A propósito, um rico e instigante conjunto de ensaios sobre o
discurso feminista de Gómez de Avellaneda, que partem da análise
dos principais escritos pessoais—memórias, autobiografia e
epistolário—e de algumas obras ficção literária da escritora cubana,
encontram-se no livro El discurso de Gertrudis Gómez de
Avellaneda: identidad femenina y otredad (Alicante, Espanha:
Universidad de Alicante, 2002, 158p.), da investigadora espanhola
Dra. Brígida Pastor, professora de letras hispânicas da Universidade
de Glasgow, Escócia.
O primeiro ensaio desse livro, intitulado “La expresión
feminista en la Cuba del siglo XIX: La mujer escritora”, divide-se
em duas partes. Na primeira, a professora Pastor procura demonstrar
como algumas características da sociedade cubana do século XIX
exerciam uma forte repressão nas mulheres em geral e, em particular,
como tal repressão repercutia no desenvolvimento das idéias liberais
e feministas de um tipo especial de mulher que se forjou naquele
momento: a mulher escritora e intelectual. Para a autora, algumas
peculiaridades caracterizaram o feminismo hispano-americano:
significou uma ameaça à tradição, uma negação dos valores da
família e das convenções sociais. Exatamente por tal característica,
esse feminismo se deparou com a forte resistência de uma arraigada
cultura patriarcal, o que contribuiu para postergar o processo de
emancipação da mulher, especialmente em Cuba. Por outro lado,
em que pese a educação e a igreja católica terem fortalecido a
cultura da submissão, mesmo nessas condições adversas algumas
286
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Resenha
mulheres de status privilegiado, aspirando seu reconhecimento
intelectual, se rebelaram contra essa sociedade discriminadora e
patriarcal por meio da escrita. Contudo, conforme demonstra a
autora, os escritos e a rebeldia dessas mulheres se viram limitados
por sua própria condição cultural, refletindo o conflito entre a sua
vocação literária e o seu papel de esposas e mães. Além do mais,
essas mulheres se defrontaram com as barreiras impostas por um
mundo literário de domínio exclusivamente masculino no qual a
feminilidade e a intelectualidade eram tidas como inconciliáveis.
Na segunda parte desse primeiro ensaio, Brígida Pastor
destaca ainda como a escritora cubana iniciou de forma pioneira o
debate feminista tanto em Cuba como na Espanha. A partir da análise
da autobiografia, das memórias e do epistolário de Avellaneda,
Pastor demonstra como as suas idéias feministas emergiam de forma
recorrente nas abordagens de temas como o do casamento, da
educação e da marginalização da mulher, ressaltando como a escritora
cubana combatia veementemente todas as convenções e imposições
sociais no âmbito de cada uma dessas esferas. A autora destaca
como Avellaneda já denunciava, em meados do século XIX, a prática
do casamento forçado e a própria instituição do casamento, a
desigualdade entre a educação de homens e mulheres e, ainda, a
discriminação sofrida pela mulher dentro do mundo literário e da
sociedade em geral. Tais preocupações feministas, ao serem
expressas publicamente por Avellaneda, lhe renderam perseguições
e discriminações por parte das autoridades e do meio social cubano,
sendo que algumas de suas obras literárias foram proibidas sob a
alegação de que portavam idéias subversivas ao sistema escravista,
bem como idéias que atentavam contra a moral e os costumes da
época. Gómez de Avellaneda converteu-se, assim, segundo Pastor,
numa vítima dos próprios códigos sociais discriminatórios que
atacava, numa exceção entre as demais mulheres escritoras de sua
época, por ter radicalizado e levado mais adiante que aquelas a
bandeira feminista, com a crítica contundente dos valores
discriminatórios e excludentes da sociedade patriarcal cubana.
jul./dez. 2005
287
Eugênio Rezende de Carvalho
Sob o título “Autobiografia y discurso estratégico: la escritura
ginocrítica”, o segundo ensaio do livro se propõe a demonstrar que
várias das estratégias narrativas empregadas na elaboração das
cartas autobiográficas de Gómez de Avellaneda encontram-se
limitadas pelos recursos teóricos que estavam ao alcance da mulher
cubana daquela época para expressar sua identidade em uma cultura
patriarcal. O termo “ginocrítica” designaria, no caso específico, algo
como a abertura dos textos escritos por mulheres para as distintas
formas femininas de analisá-los. O grande desafio e objetivo de
Avellaneda, segundo Brígida Pastor, seria inventar, pela escrita, uma
identidade genuinamente feminina, alternativa à identidade cultural
do sistema patriarcal. Ou, mais precisamente, seria transformar a
mulher, de objeto, desprovida de linguagem própria, em sujeito, com
linguagem e direito próprios. Mas, para tanto, era necessário
enfrentar, quase sempre de forma contraditória, os rígidos parâmetros
que a sociedade impunha à mulher. Avellaneda enfrentará esse
desafio por meio de sua própria pessoa, no âmbito privado—o único
então que lhe era permitido—, em sua Autobiografia y cartas.
Tais textos expressam, ao mesmo tempo, segundo Pastor, os conflitos
da própria escritora com as normas da sociedade e como a força
dessas mesmas normas praticamente impede Avellaneda de reagir
e libertar-se totalmente delas por sua própria conta. Em outras
palavras, expõem o dilema da escritora cubana que, embora inserida
numa sociedade que considerava a mulher objeto, assumiu
abertamente o desafio de revelar-se em sua linguagem como sujeito
autônomo e essencialmente feminino. Em seu afã de apresentar-se
como uma mulher diferente, a escritora acaba por se mostrar como
um ser dividido, em constante tensão e contradição com as
convenções sociais que a perseguiam e limitavam. Tal fenômeno
foi denominado por algumas teóricas feministas de “ansiedade de
autoria”, como um sintoma do medo que as escritoras do século
XIX experimentaram ao se atreverem a adentrarem no âmbito do
mundo masculino.
O primeiro romance de Gómez de Avellaneda, intitulado Sab,
de 1841, que narra o caso de um amor impossível de um mulato
288
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Resenha
escravo (Sab) por uma mulher branca, é o foco central do terceiro
ensaio do livro, “Discurso de marginación híbrida: género y esclavitud
en Sab”. Nele a doutora Pastor pretende demonstrar, distanciandose de algumas outras interpretações críticas dessa obra, que o
propósito principal de Avellaneda não foi o de narrar uma história
de amor mais ou menos conflitiva e nem o de apresentar uma
denúncia premeditada contra a escravidão, mas sim o de afirmar
sua ideologia feminista, estabelecendo o paralelismo entre a situação
de escravidão da raça negra e o estado de marginalização da mulher
branca no seio da sociedade burguesa. Ou seja, com este romance
a escritora cubana procurou, de acordo com a autora, estabelecer
uma analogia entre a posição dos escravos e a da mulher,
constituindo-se um discurso de marginalização híbrida que vincula
a posição e a condição social da mulher com a representação do
“outro”, nesse caso o escravo. Uma construção híbrida em razão
de que esse escravo negro, embora do sexo masculino, é apresentado
como um personagem sexualmente ambíguo, uma mescla de
masculino e feminino, na medida em que se identifica com a condição
social da mulher e questiona, ainda que de forma indireta, os valores
patriarcais. Mas também porque esse escravo, na verdade, não é
totalmente branco, nem completamente negro, sendo mais uma
mescla de branco e negro e de africano e europeu. Por tudo isso,
trata-se, segundo Pastor, de um personagem que desafia o discurso
masculino dominante. Ainda que Avellaneda não tenha sido obcecada
pelo ideal abolicionista, o personagem do escravo teria sido mais
um meio ou um instrumento do qual a autora se serviu para
proclamar os direitos da mulher e seu desejo de igualdade social.
Dividido entre duas realidades sociais, o escravo Sab não pertencia
a nenhuma: se encontrava, como as mulheres, à margem da
sociedade, em uma posição de subordinação, carente de poder e de
voz própria.
Por fim, no quarto e último ensaio do livro, intitulado “Discurso
identitario femenino em Dos Mujeres”, Brígida Pastor analisa outro
romance de Avellaneda, Dos Mujeres (1842). Para a autora, este
jul./dez. 2005
289
Eugênio Rezende de Carvalho
romance, mais do que uma simples crítica à instituição do casamento,
representa um dos primeiros discursos feministas em língua
castelhana que ataca as convenções sociais que discriminam e
oprimem a mulher. A obra narra a história de duas mulheres (Luisa
e Catalina) que representam os estereótipos bipolares comuns na
sociedade patriarcal cubana: de um lado a mulher “anjo”, tradicional,
submissa, carente de toda identidade própria, perfil que caracteriza
a maioria das mulheres nesse contexto; e, de outro, a mulher
intelectual, culta e liberada, rebelde, pouco convencional, tida pela
sociedade como um “monstro”. Para a autora, com esse romance,
Avellaneda, identificando-se claramente com a personagem
intelectual e transgressora, oferece duas imagens diferentes da
mulher do século XIX em sua constante batalha pela expressão de
sua própria identidade feminina. Em que pese as diferenças óbvias
entre esses dois estereótipos de mulheres, ao longo da narrativa
Avellaneda faz com que ambas as personagens terminem por buscar,
contraditoriamente, suas respectivas identidades genuinamente
femininas.
Com esses quatro ensaios de crítica literária, a professora
Brígida Pastor—com a autoridade de uma das mais respeitadas
especialistas na obra de Gertrudis Gómez de Avellaneda—nos brinda
com um conjunto de reveladoras imagens da realidade feminina do
contexto sócio-cultural hispano-americano do século XIX. Analisando
e confrontando, de forma minuciosa e crítica, os escritos públicos e
privados daquela que foi sem dúvida uma das mais importantes
escritoras do mundo hispano-americano do século XIX, Pastor
revela, com uma invejável sensibilidade e requinte de detalhes, os
traços fundamentais que caracterizaram e marcaram o discurso
feminista de Avellaneda. Assim, este livro constitui mais um bom
exemplo de como a literatura, sobretudo quando esta constitui uma
das raras alternativas e possibilidades de expressão das mulheres
sobre suas próprias condições de vida, pode se constituir numa
riquíssima via ou caminho para se compreender esse intrincado,
complexo e contraditório universo feminino. Tendo como veículo e
290
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Resenha
instrumento a obra literária de Avellaneda, o que Brígida Pastor
capta e nos revela é, no fundo, a experiência reprimida e encoberta
vivida pelas mulheres cubanas em meados do século XIX e,
sobretudo, as entranhas e contradições de um mundo social
discriminador e excludente, no qual praticamente todas as suas
representações eram limitadas e moldadas por uma arraigada cultura
patriarcal e discriminadora.
jul./dez. 2005
291
Resenha
Brígida M. Pastor
University of Glasgow
FLORES, Juan. From Bomba to Hip-Hop. Puerto Rican Culture
and Latino Identity. NewYork: Columbia University Press, 2000,
265 p.
During the first part of the 1990s, a considerable number of
publications on the “Hispanic” or “Latino” experience emerged,
but Juan Flores’ book, From Bomba to hip-hop is one of the few
scholarly studies to reveal the complexities of Latino identity. In
addition, it is a homage that constitutes one of the few pioneer pieces
of research on Puerto Rican culture and artistic expression. The
title of this book, From Bomba to Hip-Hop, is one that catches the
reader’s attention and is more than a phonetic and musical
juxtaposition of words. I will try to define this phrase, adopting the
author’s definition: “A celebration of the continuity of Puerto Rican
Culture” (p. I). Juan Flores’ study lucidly traces the evolving
distinctiveness of Puerto Rican culture in both New York and Puerto
Rico and the title attempts to combine these locations. Thus, “bomba”
refers to the folkloric origins of Puerto Rican popular dance and
music, which is the ancestor of the “hip-hop” music that emerged in
* Resenha recebida em junho e aprovada para publicação em setembro de 2005
Revista Brasileira do Caribe, Goiânia, vol. VI, nº 11, p. 289-292, 2005
293
Brígida M. Pastor
1970s and 1980s in the marginalised areas of New York, becoming
a prominent feature of Puerto Rican youth culture in New York.
The book is structured in ten rather brief chapters, with a short
introduction and a concluding Postscript. The introduction, though
brief and anecdotal, is based on Flores’ observations of an event
entitled “From Bomba to Hip-Hop” at his Hunter College alma mater.
It addresses many of the issues that the subsequent chapters of the
book will deal with and invites us to read more. Although the book
does not have a clear connecting thread, each of the chapters is
written clearly and leads in to the next, allowing the reader to enjoy
a progressive understanding of the main theme of the book.
At the very beginning of the book the reader is introduced to
the notion of “popular culture” in a clear manner, Flores defining
the concept “popular” as that belonging to the majority of people
(i.e. poor and low middle classes, the common people). Flores
distinguishes the different meanings that “popular” has acquired
over time, convincingly showing how the term has evolved from its
earlier definition as the survival of traditions or folklores, to its current
definition of “mass culture”.
The most interesting aspect of this scholarly researched book
is the account it gives of how Puerto Rican identity has developed
in New York, providing an exhaustive description of its national roots,
cultural space, musical and literary expressions. Flores continues to
argue consistently the shaping of Puerto Rican identity is not defined
by geographical, linguistic or behaviour models, but by a close kinship
with its origins, the people and the culture that define the genuine
self, rather than being defined by its condition in the Diaspora. An
important characteristic of this study is the emphasis placed on the
Puerto Rican’s experience of being “in between” two cultures,
leading in Flores’ opinion to “the possibility of an intricate politics of
freedom and resistance” (p. 55). Like Díaz Quiñones in La memoria
rota, which analyses the construction and breaking of Puerto Rican
nation, Flores emphasises the continuity of the Puerto Rican cultural
development in the Diaspora. He gives the eloquent example of the
emergence of Spanglish in Puerto Rican culture, as a symbiosis
294
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Resenha
between language and place, between identity and memory. The
main idea proposed here is that the apparently fragmented image of
Puerto Rican culture is actually connected by a constant process of
re-construction, where unity and diversity maintain a robust Puerto
Rican identity that is bond by its historical memory.
The book reveals how the cohabitation of diverse ethnic
minorities in the Diaspora leads to the emergence of hip-hop, via
the interaction between Puerto Ricans and Black youngsters within
the shared context of New York, creating a common space for a
fusion of African American and Latino musical expression. However
the author describes how “this fusion” has obscured Puerto Rican
cultural and musical heritage. He supports this hypothesis by referring
to the neglect of Puerto Rico’s native Spanish language and to how
Latin styles have been subsumed by the American label. Flores
expands this issue by highlighting how bands and singers of Cuban,
Panamanian, and Ecuadorian origins in the USA have gained fame
and popularity as Spanish-language reggae-rap in the Caribbean
and Latin America. Whereas New York Puerto Ricans with their
hip-hop backgrounds have become dispersed and have lost their
Puerto Rican identity. Flores stresses how the prevailing racial
hierarchy with which Puerto Ricans find themselves confronted in
the American Diaspora can explain the invisibility of this Hispanic
community.
The book includes a number of case studies to illustrate its
main points, as well as a valuable selection of contemporary Puerto
Rican and other Latino rap songs. These lyrics illustrate the
innovation and heritage of minorities such as Puerto Ricans, despite
their apparent invisibility in New York. In his analysis of the
complexities of Latino life, Flores shows that although Latino Studies
is a growing area in further education institution in the USA, this
has involved a complex and arduous process of development. In
other words, the struggle of Latino people to adapt to in the colonial
context of North America has been paralleled by the academic
struggle encountered in establishing Latino Studies as an independent
discipline. In an admirably challenging manner, Flores proposes that
jul./dez. 2005
295
Brígida M. Pastor
Latino Studies should be integrated urgently into academia as a
social movement and in the name of human rights. He adds that this
also will address the need to awaken awareness of historical memory
among Puerto Ricans and other Latino immigrants.
This book undoubtedly represents a comprehensive study of
contemporary Puerto Rican culture and is a valuable contribution to
the field. Although several studies have already been carried out,
these are restricted to mainstream issues in Latino culture. Flores’
book emphasises the complex particularities of Puerto Rican cultural
experience and is an insightful exploration of the complexity and
contradictions of contemporary Puerto Rican and Latino culture,
informed by a contemporary cultural theory. From Bomba to hiphop is a well-researched and valuable work that uncovers many
enigmas of “Latinos” in New York and invites us to re-evaluate the
issue of Puerto Rican culture and identity in the United States. It
undoubtedly provides the groundwork for important studies on ethnic
minorities yet to come.
296
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
Os autores
Luis Martínez-Fernández é Doutor em História da América
Latina pela Duke University, U.S., e atualmente trabalha na
University of Central Florida, onde dirige o Programa de Estudos
Latinoamericanos e Caribenhos. Foi editor da Enciclopedia of
Cuba. Além de inúmeros artigos publicados em várias revistas
acadêmicas especializadas, em sua produção destacam-se os livros:
Protestantism and Political Conflict in the Nineteenth-Century
Hispanic Caribbean; Fighting Slavery in the Caribbean; Torn
between Empires.
Alfredo Martínez-Expósito é doutor em literatura hispânica pela
Universidad de Oviedo, Espanha, e professor de estudos hispânicos
na University of Queensland, Austrália, onde leciona estudos culturais
e cinema español e latino-americano. Tem publicado extensivamente
sobre a temática homosexual em cinema e literatura hipânicos,
destacando-se os livros: Los escribas furiosos:configuraciones
homoeróticas en la narrativa española contemporánea; Gay
and Lesbian Writing in the Hispanic World; Escrituras torcidas:
ensayos de crítica Queer.
Glenda Mejía é Mestre em Letras pela University of Queensland,
Austrália, com uma dissertação no campo da sócio-lingüística,
intitulada Language and Identity: The Second Generation of
Hispanic Adolescents in Brisbane. Acaba de concluir sua tese de
doutoramento na mesma universidade, na área de Cinema e Estudos
Culturais, intitulada The Representation of Women in
Revolutionary Cuban Cinema. Atualmente, leciona língua
espanhola nas universidades australianas de Queensland e Griffith.
Daniel Noemí Voionmaa realizou seu doutorado na Yale University,
U. S. Recentemente publicou o livro intitulado Leer la pobreza en
América Latina: Literatura y velocidad. É especialista em
jul./dez. 2005
297
literatura e cultura hispano-americana, sendo que seus estudos
privilegiam os casos de Chile, Argentina e Equador. Atualmente é
professor visitante na University of Michigan – Ann Arbor, U.S., na
área de cultura e literatura latino-americanas.
Conrad M. James é Doutor em Estudos Hispânicos pela
University of Cambridge, U.K. Atualmente é professor de literatura
e cultura hispano-americanas e caribenhas na University of
Birmingham, U.K. Suas investigações e publicações se concentram
na temática de raça e gênero na literatura cubana. É co-editor da
Revista The Cultures of the Hispanic Caribbean.
María Zielina é doutora pela University of Santa Bárbara, U.S., e
professora e pesquisadora da California State University – Monterey
Bay, U.S., especialista nas temáticas de Literatura Hispânica,
Identidades e Culturas Afro-Mestiças, Literatura Infantil Hispânica
e ainda em Literatura Feminina Latino-americana, áreas sobre as
quais possui inúmeros trabalhos publicados. Tem participado
ultimamente de vários projetos de pesquisa na Nova Zelândia,
Polônia, Espanha, Guatemala, México, Venezuela, Nicarágua, Porto
Rico e Rússia.
Dinair Andrade é Mestre e Doutor em História pela Universidade
de Brasília, Brasil, na área de História das Relações Internacionais.
É Pesquisador Associado da Universidade de Brasília, onde atua
como orientador no Programa de Pós-Graduação em História, bem
como professor no Departamento de Estudos Sociais da UPIS,
também em Brasília. Ultimamente tem publicado inúmeros trabalhos
sobre a temática das relações internacionais, em particular no
contexto da América Latina e Caribe.
Nara Araújo é Doutora em Ciências Filológicas pela Universidade
de Moscou e Professora da Universidad Autónoma Metropolitana
na cidade do México. Dentre as suas obras mais importantes temos
298
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
as compilações Viajeras al Caribe e Textos de teorías y crítica
literarias (del formalismo a los estudios poscoloniales), o estudo
crítico-literário intitulado Visión romántica del otro, além de vários
ensaios traduzidos ao inglês, francês, italiano, russo e português.
Lieve Spaas é Doutora em Estudos Francófonos pela Oxford
University, U.K. Atualmente é professora e pesquisadora em Letras
e Cultura na Kingston University – Londres, U.K. Seu campo de
pesquisa é interdisciplinar, abrangendo antropologia social, estudos
sobre representações culturais e sobre cinema e literatura. Entre
suas publicações temos: Echoes of Narcissus (ed.); The
Francophone film: A struggle for identity; Le Cinéma nous
parle: Stratégies narratives du film; Paternity and Fatherhood:
Myths and Realities (ed.) Robinson Crusoe: Myths and
Metamorphoses (co-ed.). É ainda editora da série Polygons:
Cultural Diversities and Intersections.
Stephen M. Hart é Doutor em Estudos Hispânicos pela Cambridge
University, U.K. Foi professor do Westfield College, University of
London, U.K., na University of Kentucky, U.S., e, atualmente, é
professor em Estudos Hispânicos da University College London.
Recebeu em 2004 os seguintes títulos: Doctor Honoris Causa, da
Universidad Nacional Mayor de San Marcos-Lima, Perú; e Orden
al Mérito, do Governo do Perú. Entre suas mais recentes publicações,
destacam-se: Companion to Spanish American Literature; César
Vallejo: autógrafos olvidados; Companion to Latin American
Film; Companion to Magical Realism.
Carmen Ramos Escandón é Mestre em História Latinoamericana eemLiteratura Latino-americana pela University of Texas
– Austin, U.S., e Doutora pela State University of New York-Stony
Brook, U.S. Reconhecida internacionalmente por sua produção no
campo de História e Gênero, entre suas numerosas publicações
destacam-se seus mais recentes livros: Presencia y Transparencia;
jul./dez. 2005
299
Género e Historia; El Género en Perspectiva e Industrializacion,
género y trabajo femenino en el sector textil mexicano (no prelo).
Maricruz Castro Ricalde é Doutora em Letras Modernas e em
Ciências da Comunicação na Universidad del País Vasco, Espanha.
Atualmente é professora na Cátedra de Humanidades na Escuela
de Negocios y Humanidades, Tecnológico de Monterrey – Toluca/
México, e professora e investigadora do ITESM-Toluca. Entre suas
publicações, destaca-se o livro Ficción, narración y polifonía. El
universo narrativo de Sergio Pitol. É ainda co-editora de
Escrituras en contraste. Femenino/masculino en la literatura
mexicana del siglo XX e editora de Puerta al tiempo: Literaturas
de Latinoamericana del siglo XX (no prelo).
Margaret Shrimpton Masson é Doutora em Ciências Filológicas
pela Universidad de La Habana, Cuba. Atualmente trabalha como
professora e investigadora na área de Literatura latino-americana
na Faculdade de Ciências Antropológicas da Universidad Autónoma
de Yucatán –México. Além do livro Tejiendo historias en el Caribe.
Narrativa yucateca contemporánea, é autora de vários artigos
sobre narrativa yucateca e caribenha, publicados em diversas
revistas especializadas.
Kwasi Konadu é Mestre em Estudos Africanos e Afro-americanos
pela Cornell University e Doutor em Estudos Africanos pela Howard
University, U.S. Atualmente é professor de história africana e
caribenha em Winston-Salem State University. Suas pesquisas se
concentram nos estudos sobre cultura e sociedade, linguagem e
medicina, na África e no mundo africano. É autor do livro The East
Organization and the Principles and Practice of Black
Nationalist Development.
Eugênio Rezende de Carvalho é Doutor em História Social das
Idéias pela Universidade de Brasília e atualmente professor e
investigador da Universidade Federal de Goiás, Brasil. É especialista
300
Revista Brasileira do Caribe, vol. VI, nº 11
em estudos sobre História Intelectual e das Idéias e sobre
Identidades Culturais nos contextos latino-americano e caribenho
dos séculos XIX e XX. Além de numerosos artigos em revistas
especializadas, publicou os livros Nossa América: a utopia de um
novo mundo e América para a Humanidade: o americanismo
universalista de José Martí.
Brígida M. Pastor é Doutora em Estudos Hispânicos pela
University of Bristol, U.K., e atualmente professora e pesquisadora
da University of Glasgow, U.K. É especialista em literatura, cinema
e cultura hispano-americanos, e ainda em estudos de gênero. Entre
suas publicações nessas áreas, destacam-se os livros: El discurso
de Gertrudis Gómez de Avellaneda: identidad femenina y
otredad; Fashioning Cuban Feminism and Beyond; Miradas
de Género en el cine cubano y español (no prelo); bem como
inúmeros trabalhos em revistas acadêmicas especializadas e em
obras coletivas.
jul./dez. 2005
301
A REVISTA BRASILEIRA DO CARIBE é uma publicação semestral de caráter
internacional e científico do Centro de Estudos do Caribe no Brasil (CECAB) que
tem como objetivo fundamental estimular e divulgar os estudos culturais, históricos,
literários e interdisciplinares sobre o Caribe no Brasil
Normas Editoriais para Publicação de Artigos
1. IDIOMAS: A Revista Brasileira do Caribe publica colaborações em
português, espanhol, francês ou inglês;
2. TIPOS DE TRABALHOS PUBLICADOS: Artigos, inéditos, que tratem
de estudos históricos relacionados com o Caribe; Resenhas Críticas, sobre obra
bibliográfica publicada nos últimos dois anos, cujo conteúdo se relacione com a
história do Caribe; Entrevistas com personalidades de grande expressão na
historiografia caribenha; e Instrumentos de Trabalho, que reproduzam documentos
históricos importantes relacionados com o Caribe, ou que informem
comentadamente sobre arquivos, bibliotecas, repertórios, inventários etc. que
possam interessar aos pesquisadores caribenhos;
3. FORMA DE APRESENTAÇÃO: os trabalhos deverão ser encaminhados
no formato Microsoft Word for Windows, versão 98 ou 2000, espaçamento entre
linhas simples, margens de 2,5 cm, fonte Times New Roman em corpo nº 11,
parágrafo justificado, via e-mail ou via correio convencional, sendo neste caso uma
cópia em disquete e outra impressa. Deverão ser acompanhados de um breve
currículo do autor, incluindo endereço, telefone/fax e, sobretudo e-mail para contato.
Os artigos deverão ainda ser acompanhados de dois resumos, sendo um no idioma
original e outro em inglês (abstract) ou espanhol, bem como de três palavras-chave,
também no idioma original e em inglês e espanhol, que deverão ser colocadas logo
abaixo dos resumos. No caso do idioma original ser o inglês, o segundo idioma do
resumo e das palavras-chave deverá ser o português e o espanhol.
4. EXTENSÃO DOS TEXTOS: a extensão dos artigos deverá ter entre 15
e 20 páginas, e a das resenhas entre 3 e 7 páginas, todas no formato acima especificado.
Já os dois resumos dos artigos deverão conter em torno de 10 (dez) linhas;
5. NORMATIZAÇÃO: todos os textos deverão obedecer ao padrão
normativo da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas - para apresentação
de trabalhos científicos, sobretudo no que se refere às citações, referências e notas;
6. CITAÇÕES: No corpo do texto, com menos de cinco linhas, devem vir
transcritas entre aspas duplas, com o mesmo tipo e tamanho da letra do texto,
acompanhadas da indicação entre parêntesis do sobrenome do(s) autor(es), data da
publicação e página(s) citada(s), sendo que diferentes títulos de um mesmo autor
no mesmo ano, deverão ser diferenciados com uma letra após a data, a partir da
letra a. Exemplo: (CASTILLO, 1940, p. 18-19). Com mais de cinco linhas devem
ser transcritas em parágrafo distinto, sem deslocamento da primeira linha, em
corpo 10 normal, com recuo à esquerda e sem aspas; Uma citação dentro de outra
é indicado por aspas simples. Estas citações abreviadas enviam à bibliografia no
final do artigo, a mesma deve vir com citação de autor, ano e página como a anterior;
7. NOTAS DE RODAPÉ: breves, sucintas e claras, podem ser de
esclarecimento ou explicativas, usadas para a apresentação de comentários,
explanações ou traduções que não caberiam no texto. Devem vir em corpo 8, em
ordem crescente de numeração;
8. BIBLIOGRAFIA: deve vir ao final do trabalho e contemplar as obras
efetivamente citadas e referenciadas ao longo do texto e nas notas de rodapé, bem
como apresentar indicações completas, conforme os modelos abaixo:
Livro: SOBRENOME, Letra inicial do nome do Autor. Título do livro:
sub-título. Local: Editora, ano de publicação. Exemplo: LARRAÍN IBÁÑEZ, J.
Modernidad razón e identidad en América Latina. Santiago, Chile: Editorial Andrés
Bello, 1996.
ARTIGO OU CAPÍTULO DE COLETÂNEA: SOBRENOME, Letra
incial do nome do Autor. Título do artigo ou capítulo. : SOBRENOME, Letra
inicial do nome do organizador. (org.) Título da Coletânea. Local: Editora, ano,
página inicial-página final do artigo ou capítulo. Exemplo: AINSA, F. Reflejos y
antinomias de la problematica de la identidad en el discurso narrativo latinoamericano.
UBIETA GOMEZ, E. (org.) Identidad cultural latinoamericana. Enfoques
filosóficos literarios. La Habana: Editorial Academia, 1994, p. 53-72.
ARTIGO DE REVISTAS OU PERIÓDICOS: SOBRENOME, Letra inicial
do nome do Autor. Título do artigo. Título do periódico, Local de publicação,
número do volume, número do fascículo, página inicial-final do artigo, data. Exemplo:
GIRVAN, N. Reinterpretar el Caribe. Revista Mexicana del Caribe. V. 4, N. 7, p. 634, jul./dec. 1999.
9. CRITÉRIOS DE REVISÃO: os artigos enviados à Revista Brasileira do
Caribe serão remetidos a pelo menos dois pareceristas escolhidos entre os membros
dos Conselhos Editorial e Consultivo que poderão recomendar ou não a publicação,
ou ainda recomendá-la com modificações. O Conselho Editorial se reserva o direito
de sugerir ao autor modificações de forma com o objetivo de adequar o texto às
dimensões da revista e a seu padrão editorial e gráfico. Os demais tipos de textos,
que não os artigos, serão apreciados pelo Conselho Editorial, a quem cabe a decisão
referente à oportunidade da publicação das contribuições recebidas;
10. ENDEREÇO PARA ENVIO DAS CONTRIBUIÇÕES:
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