Arquivos Diretoria Os Arquivos e os tempos ncerrando-se o ano e, também, o mandato como editor dos Arquivos, aproveitamos a oportunidade para refletir sobre o tempo, variável intrínseca a todas as organizações vivas. Verifiquemos a dimensão temporal das interfaces de relação dos Arquivos (ver quadro). Os diferentes tempos podem ser analisados sob vários enfoques. Um deles foi sugerido por um renomado professor universitário que reconheceu o tempo on-line (rápido), o tempo econômico (executivo) e o tempo político (mais dificilmente definível). Seguindo esse tridimensionamento temporal, podemos dizer que há nos Arquivos o tempo on-line, o tempo executivo e o tempo da cultura médico-científica(otermopolíticopodeserardilosoenãorefletir a primazia técnico-científica exigida do editor). Outro enfoque possível é categorizar os tempos de recursos materiais (manutenção da revista pela Sociedade), o tempo dos processos (menos materiais, que envolvem autores, revisores e leitores) e o tempo mais amplo das relações (científicas) no âmbito da revista. Para os Arquivos, o tempo on-line diz respeito à rapidez “internetiana” do fluxo das informações (a revista está disponibilizada na biblioteca eletrônica www.scielo.br), que muito facilita, mas também traz exigências. Um exemplo de exigência é o fato de nossa revista ter de estar no Medline já nos primeiros dias do mês de capa de cada fascículo. A pontualidade é uma obrigação “simples”, com repercussão on-line. Além disso, os Arquivos contam atualmente com um sistema informatizado para a tramitação de cada artigo em processo de revisão pelos pares, com a capacidade de gerar diferentes relatórios: por autor, por artigo, por tema, por instituição etc. Em se acoplando esse arquivo ao Portal da SBC, parte dessa base de dados pode ficar acessível para os autores. O tempo executivo nos Arquivos é um tema em avaliação, e diz respeito também à duração do mandato do editor. Nos moldes atuais, oeditordealtarotatividade,eleitonumachapaeleitoral,destoada E Tempo de convívio dos diferentes segmentos da revista com os Arquivos Segmento Tempo de convívio Participação constante definem o sentido da publicação fazer o periódico existir contribuir para os autores viabilizar economicamente conciliaras demandas operacional manutenção da estrutura Leitores Autores de artigos Revisores Publicidade 8 um ano por artigo (média) seis meses por artigo (média) constante Editor dois anos Assessoria executiva SBC constante constante Jornal SBC orientação da maioria das boas revistas nas quais o editor é escolhido por concurso, e a duração do mandato (avaliado periodicamente) é mais longa, em torno de cinco anos. A organização atual dos Arquivos deixa o editor numa situação curiosa – ao chegar, não está familiarizado com os problemas, e, quando opina organizacionalmente, sente-se pouco legitimado; o mesmo ocorre ao sair, quando aprendeu um pouco, mas perde legitimidade em razão de estar saindo. E quem dá então o tônus para a revista? Essa questão se relaciona com a reputação e a credibilidade dos Arquivos. Devo registrar que houve empenho da diretoria atual em avançar nesse sentido. Além da consulta às normas nacionais e internacionais de editoração médica, foi feita uma visita editorial a revistas de renome para que se fundamentasse uma sugestão organizacional apropriada para o futuro dos Arquivos. A iniciativa para desencadear o processo de seleção de editor (já excluído da próxima chapa para eleição) para 2004 não progrediu. Enquanto isso, tivemos o máximo empenho em procurar situar os nossos sucessores no andamento dos Arquivos, para impedir uma continuidadeprejudicialparaarevista,paraosautoreseparaosleitores. Assim, deixamos o próximo volume da revista (seis fascículos) pronto, relativo aos meses de janeiro a junho de 2002. O tempo da cultura talvez seja o que tende a ser mais negligenciado nos tempos atuais, por ser aparentemente mais “lento” ou de difícil medida. São muito tentadoras as possibilidades de transferência de ações típicas de outras dimensões temporais (tempo online e tempo executivo) e de outros modelos e organizações internacionais de elevada reputação científica para os Arquivos. Ao importarmos os processos operacionais, estamos consumindo (em geral comprando) a cultura, sem nos enriquecermos com o processo que fundamentou e deu origem ao processo operacional. Esse tempo não é imitável, é próprio de cada cultura e depende de sua contínua construção também no âmbito editorial. Já me foi formulada a questão: “Considerando que há tantas revistas boas no mundo, há necessidade da existência dos Arquivos ?”. A resposta afirmativa é cristalina, em medida que o periódico se define como instrumento de contínua edificação e progresso de nossa identidade cultural, revalorizada em tempos de globalização, bem como de nossa cultura médico-cardiológica, na qual vivemos profissionalmente com nossos pacientes. Finalizando, agradecemos a todos que durante esse período colaboraram para a contínua construção da reputação científica e para a credibilidade dos Arquivos: aos autores, que aumentaram o número de artigos submetidos para publicação em relação aos anos anteriores (227 artigos em relação aos 171 de 1999); aos revisores, que dedicaram longas horas de trabalho e contribuíram para enriquecer os artigos submetidos para publicação; e aos leitores, sem os quais a revista perderia o sentido. • Nov / Dez 2001 – Circulação: dezembro Alfredo José Mansur Editor dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia