Infeções por vírus respiratórios Ameaças emergentes G-0869 Patrocinado por: Teste de avaliação Para a obtenção da acreditação outorgada pela Ordem dos Farmacêuticos a este módulo, é necessário efetuar um teste de avaliação online, que consiste em 20 perguntas de resposta múltipla. Para aceder ao enunciado do teste de avaliação, deverá aceder ao site www.cursorespiratorio.com, onde encontrará a respetiva ligação e poderá responder online, de forma rápida e simples. No site, também poderá encontrar o conteúdo completo do curso em formato pdf. Para poder receber o respetivo certificado de aptidão, terá de responder corretamente a 80% das perguntas do teste de avaliação. A palavra chave para efetuar o seu registo e poder realizar o teste é: fluimucil Infeções por vírus respiratórios Ameaças emergentes Directora do Curso M.a José Alonso Osorio Farmacêutica Comunitária Especialista em Farmácia Galénica e Industrial Vogal de Plantas Medicinais do Colégio Oficial de Farmacêuticos de Barcelona Patrocinado por: Direcção editorial Avda. República Argentina, 165, pral. 1a 08023 Barcelona D.L.: B-25.121-2012 Impressão: Vanguard Gràfic, S.A. Índice Introdução: doenças emergentes e reemergentes ........................... 5 4 Gripe A .................................................................................................................................................... 6 4.1. Antecedentes. Vírus gripais emergentes .................................................... 6 4.2. Gripe A H1N1/estirpe S-OIV ................................................................................. 6 4.1.1. Morbilidade e mortalidade ....................................................................... 7 4.3. Sintomas . ..................................................................................................................................... 7 4.4. Período de incubação e contágio ...................................................................... 7 4.5. Evolução ....................................................................................................................................... 8 4.6. Tratamento . .............................................................................................................................. 8 4.6.1. Oseltamivir ................................................................................................................ 8 4.6.2. Zanamivir .................................................................................................................... 9 4.7. Precauções para evitar a transmissão. Conselhos para a população ................................................................................ 10 4.8. Vacinação ................................................................................................................................. 11 5 Vírus emergentes que têm uma sintomatologia respiratória semelhante à do vírus sincicial respiratório: metapneumovírus humano, bocavírus humano e rinovírus ................................................................................ 13 5.1. Descrição dos vírus MPVh, HBoV e rinovírus. .................................. 13 5.1.1. Metapneumovírus humano (MPVh) ............................................ 13 5.1.2. Bocavírus humano .......................................................................................... 13 5.1.3. Rinovírus ................................................................................................................... 14 5.2. Epidemiologia das infeções respiratórias causadas por MPVh, HBoV e rinovírus ............................................................................... 14 5.3. Sintomas principais das infeções respiratórias causadas por MPVh, HBoV e rinovírus ..................................................... 14 5.4. Período de incubação. Transmissão. Diagnóstico e evolução ............................................................................................. 14 5.5. Tratamento das doenças respiratórias causadas por MPVh, HBoV e rinovírus ..................................................... 14 5.5.1. Terapia complementar ............................................................................... 16 5.6. Precauções para evitar a transmissão. Conselhos para a população ................................................................................ 17 5.7. Vacinação ................................................................................................................................. 17 [···] [···] 6 Tuberculose: uma infeção bacteriana reemergente e co-infectante .................................................................................... 18 6.1. Epidemiologia ...................................................................................................................... 18 6.1.1. Reemergência ...................................................................................................... 18 6.1.2. Infeção e doença tuberculosa ............................................................ 18 6.1.3. Situação atual no mundo ........................................................................ 19 6.1.4. Situação em Portugal (Ministério da Saúde) ......................... 19 6.2. Sintomas de tuberculose pulmonar ............................................................. 19 6.3. Período de incubação e contágio da tuberculose pulmonar (transmissão) ............................................................................................. 19 6.3.1. Transmissão ........................................................................................................... 19 6.3.2. Probabilidades aumentadas de transmissão . ...................... 20 6.4. Diagnóstico e evolução ............................................................................................. 20 6.4.1. Técnica IGRA (QUANTIFERON) .................................................... 20 6.4.2. Diagnóstico específico de TB pulmonar . ............................... 21 6.5. Tratamento . ........................................................................................................................... 21 6.5.1. Medicamentos de primeira linha .................................................... 21 6.5.2. Fluoroquinolonas ............................................................................................ 22 6.5.3. Medicamentos de segunda linha . ................................................... 22 6.5.4. Duração e esquemas de tratamento ........................................... 22 6.5.5. Possíveis efeitos adversos dos principais medicamentos de primeira linha de tratamento da tuberculose pulmonar. ....................................................................... 22 6.6. Precauções para evitar a transmissão ......................................................... 22 6.6.1. Medidas de prevenção ............................................................................... 23 6.7. Vacinação ................................................................................................................................. 23 6.7.1. Novas vacinas. ..................................................................................................... 23 Bibliografia recomendada ............................................................................................... 24 4 Introdução Doenças emergentes e reemergentes Historicamente, as doenças infecto-contagiosas foram uma das mais importantes causas de morbilidade e mortalidade na humanidade. Desde o final do século xix que o desenvolvimento da microbiologia, da imunologia e epidemiologia, a descoberta das vacinas e a implementação de terapias antimicrobianas e antivirais, conseguiram que muitas das doenças transmissíveis tenham sido controladas e em alguns casos erradicadas a nível mundial (varíola) ou praticamente erradicadas em várias zonas do planeta. Apesar de todos estes avanços e dos esforços das autoridades sanitárias dos diferentes países, as doenças infeciosas continuam a ser a primeira causa de morte no mundo e esta situação complicou-se nos últimos anos devido ao aparecimento de novos agentes patogénicos que fazem face aos tratamentos convencionais dando origem a doenças emergentes. Neste tipo de infeções, os vírus têm um papel prevalente. Deste modo, o panorama complica-se devido ao aparecimento de doenças reemergentes, isto é, aquelas doenças de transmissão conhecidas, que representaram problemas para a saúde pública no passado e que supostamente estão controladas ou praticamente extintas, crescem novamente ou reaparecem constituindo assim uma ameaça para a saúde devido à possibilidade de causarem novas epidemias. O impacto na área da saúde e social de muitas destas doenças é notável e depende de numerosos fatores, principalmente: ariações genéticas dos vírus, especialmente os víV rus ARN (os que contêm ácido ribonucleico como material genético ou que necessitam do mesmo para a sua replicação), que constituem a maioria dos vírus atualmente considerados emergentes. Os reservatórios animais (aves, porcos, etc.) ráfego de pessoas e mercadorias que origina, por T vezes, o transporte de agentes patogénicos de umas zonas para outras. lterações nos fatores climáticos e a utilização de A terras e práticas agrícolas que possam implicar desequilíbrios ecológicos. No relatório da OMS de 20071, este organismo já demonstrava a sua preocupação com as doenças infeciosas emergentes e reemergentes, dado que, num mundo globalizado como aquele em que vivemos, estas doenças não encontram fronteiras e espalham-se facilmente por todo o mundo. Nos últimos vinte e cinco anos foram descobertos mais de 30 agentes patogénicos e de entre eles destacam-se vários vírus causadores de doenças emergentes que afetam o sistema respiratório e que têm especial relevância pela sua morbilidade e possível mortalidade, especialmente para diversos grupos de risco como são: pessoas com baixos níveis de imunidade (diversas imunodeficiências, entre elas infeções por VIH), pessoas em tratamentos quimioterapêuticos ou medicação por transplantes de órgãos, pessoas com problemas cardiovasculares, grávidas, crianças e idosos, entre outros. A seguir, são revistas a epidemiologia e as manifestações clínicas das principais doenças respiratórias emergentes causadas por vírus que podem afetar a população europeia, este conhecimento pode ajudar o farmacêutico a quem é feita uma consulta por um determinado sintoma respiratório, a distinguir se esse doente pode padecer de uma doença emergente ou reemergente que requer a sua ida imediata ao médico, e também a dar os conselhos mais adequados quando a doença for diagnosticada. Deste modo, e dado que tem uma relevância cada vez maior, será revista uma doença respiratória reemergente que, embora de origem bacteriana, deve ser conhecida e tida em conta para enviar o doente ao médico perante a menor suspeita devido ao seu elevado risco de contágio. Referimo-nos à Tuberculose, doença infeciosa e contagiosa, causada por micobactérias que, embora afetem principalmente os pulmões, podem propagar-se a outros órgãos e deve ser diagnosticada e tratada o mais rapidamente possível. 1. Relatório sobre a Saúde no mundo 2007- Um futuro mais seguro: Proteção da saúde pública mundial no século xxi. 5 4 Gripe A Os fornecedores de cuidados de saúde, entre os quais se encontram os farmacêuticos, têm um papel fundamental no controlo, tratamento e assistência à população durante a gripe sazonal mas ainda mais durante uma possível epidemia ou pandemia por gripes emergentes. Uma das principais pandemias por vírus emergentes dos últimos anos foi a da gripe originada pelo vírus emergente A H1N1/estirpe S-OIV que, em finais de Abril de 2009, levou a OMS a emitir um alerta mundial. Devido a esta pandemia criou-se na população um grande alarme que levou, em determinados momentos, ao colapso nas urgências dos centros hospitalares já que, na presença de qualquer sintoma de gripe comum, a população dirigia-se aos centros hospitalares com medo de ter contraído a chamada gripe A. 4.1.Antecedentes. Vírus gripais emergentes De alguma forma, todas as doenças infeciosas tiveram início nas condições que hoje consideramos como próprias das doenças emergentes. No que diz respeito à gripe, desde o aparecimento em 1918 de uma nova estirpe muito virulenta do vírus da gripe, que produziu a epidemia denominada «gripe espanhola» e que causou mais de 40 milhões de mortos, foram várias as epidemias e pandemias de gripe que se manifestaram em diversas partes do mundo devido à grande mutabilidade dos vírus da gripe. A pandemia de 1918 foi causada por um vírus H1N1 e a sua grande mortalidade deveu-se ao facto de naquela altura não se conhecerem os antibióticos, nem os antivirais. Embora os antibióticos não sejam eficazes contra os vírus, são eficazes contra as bactérias oportunistas que são a causa das principais complicações respiratórias, que mataram uma boa parte das pessoas que naquela época contraíram a infeção viral. Quando em 1957 ocorreu a denominada «gripe asiática», causada pelo vírus H2N2, com muito pouca 6 resistência cruzada com o vírus anterior, a mortalidade mundial ascendeu a menos de 5 milhões de pessoas, devido a uma menor patogenia do que a causada em 1918 e porque já existiam medidas de controlo e terapêuticas. Em 1968, a «gripe de Hong Kong», causada pelo vírus H3N2, teve efeitos ainda menores dado que tinha a mesma variante de neuraminidase (NA) (uma importante glicoproteína de superfície destes vírus) e parte da população tinha alguma imunidade. Em 1997, em Hong Kong, o vírus H5N1 causou uma doença respiratória grave a 18 pessoas, seis das quais faleceram. Este surto coincidiu com uma epidemia de gripe aviária muito patogénica, causada por essa mesma estirpe, na população de aves domésticas de Hong Kong. Este acontecimento criou um alarme entre as autoridades sanitárias, por ser a primeira vez que era detetado que um vírus da gripe aviária podia ser transmitido diretamente para o homem e causar uma doença grave com elevada mortalidade. Em 2003 e 2004 surgiram novamente alarmes ao serem registados 62 mortos de 122 casos humanos (mortalidade à volta dos 51%) em diversos países afetados (Indonésia, Coreia, Cambodja, Tailândia e Vietname). 4.2. Gripe A H1N1/estirpe S-OIV No final de abril de 2009, a OMS emitiu um alerta de pandemia sobre outro vírus emergente causador da gripe que no início foi chamada de «gripe porcina» e «nova gripe». Embora o vírus que provocou em 1918 a chamada «gripe espanhola» fosse também do tipo A H1N1, este vírus verificou-se ser de um novo subtipo: A H1N1/estirpe S-OIV, que não tinha circulado anteriormente na espécie humana. O vírus, contagioso, propagou-se facilmente pelas pessoas, e entre países. No mês de julho do mesmo ano, foram notificados 30.000 casos confirmados em 74 países, o que obrigou a OMS a elevar o grau de alerta do grau inicial 5 para o grau 6. 4 Gripe A 4.2.1. Morbilidade e mortalidade: Nos primeiros meses da pandemia, detetou-se em alguns dos países afetados cerca de 2% de casos graves e alguns destes casos complicaram-se rapidamente com pneumonia grave. Outro motivo de alarme foi o facto de a maioria das infeções graves e mortais terem ocorrido em adultos entre os 30 e os 50 anos, indicador que era significativamente diferente do observado nas epidemias de gripe sazonal, em que a mortalidade afeta maioritariamente os idosos. Além disso, muitos dos casos graves, embora nem todos, ocorreram em pessoas com doenças crónicas, sobretudo respiratórias (especialmente asma), doenças cardiovasculares, diabetes, doenças autoimunitárias e pessoas obesas. No entanto, o balanço final, quando a OMS deu por terminada a pandemia em agosto de 2010, foi o de uma «pandemia moderada» dado que a maioria dos indivíduos que padeceram da doença tiveram uma evolução favorável, sem necessidade de hospitalização e com uma mortalidade baixa. Convém destacar que durante a temporada de gripe de 2010-2011, não originou infeções generalizadas como aconteceu em 2009-2010. 4.3. Sintomas Os sintomas da gripe A são geralmente os mesmos ou parecidos com os causados pela gripe sazonal ( TABELA 4-1 ), a única forma eficaz de se determinar qual é o vírus em questão é através de testes de laboratório. As principais diferenças para a gripe sazonal observadas até à data indicam que se produzem grandes surtos fora da época habitual da gripe e em que o vírus provocou, segundo a OMS, “um surpreendente e não usual indicador de morbilidade grave e mortes entre pessoas jovens”. Além disso, muitas das mortes ocorreram devido a uma pneumonia viral, de tipo particularmente agressivo, indicador que não se observa habitualmente durante a gripe sazonal. No entanto, deve ter-se em conta que: mbora o H1N1/ S-OIV tenha deixado de ser E o vírus dominante, continua presente entre os vírus sazonais. m grande número de pessoas tem agora imuU nidade contra o mencionado vírus como resultado da infeção, da exposição ao vírus ou das campanhas de vacinação, mas este vírus ainda irá circular durante vários anos. 4.4.Período de incubação e contágio Enquanto que na gripe sazonal o período de incubação é de entre 1 e 4 dias, na gripe A pode chegar aos 7 dias. O período de contágio em adultos, para a gripe sazonal é de 24 a 48 horas antes do aparecimento dos sintomas. No caso da gripe A, este vai desde 1 dia antes Tabela 4-1 Sintomas da gripe A Sintomas gerais Sintomas que requerem intervenção médica urgente Febre alta (>38º) que dura mais de três dias e calafrios. (Por vezes, aparecimento súbito de 39º ou mais). Febre alta (>38º) que persiste por mais de três dias apesar do tratamento. Mal-estar generalizado e debilidade Aspeto azulado da pele e/ou lábios Dor de cabeça e dores musculares intensas (costas, braços, pernas) Dor torácica Doenças respiratórias nas vias superiores: congestionamento nasal (pouco frequente), tosse (seca e contínua), dor de garganta (costuma ser leve). Dificuldade em respirar, sensação de falta de ar quer seja em repouso ou em movimento. Perda de apetite Agravamento brusco ou melhoria após 7 dias de doença Perturbações digestivas (em alguns casos): diarreia, náuseas, vómitos. Outros sintomas de alarme: Tonturas ou alterações da consciência. Descida da tensão arterial Expetoração purulenta Nas CRIANÇAS, constituem sinais de ALARME: respiração acelerada, dificuldade em respirar, dificuldade em acordar, não querer brincar. 7 Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes de aparecerem os sintomas até passados 7 dias. Em crianças e imunodeprimidos estes períodos podem estender-se. 4.5. Evolução Salvo complicações, a gripe A deve evoluir de forma favorável em 2 a 4 dias, embora a tosse possa prolongar-se por mais de uma semana, assim como a sensação de cansaço e debilidade. No entanto, tal como referido anteriormente, a gripe A pode dar lugar, em alguns casos, a complicações graves, sobretudo a pneumonia particularmente agressiva e potencialmente mortal, por isso devem ter-se em conta os sintomas que alertam para uma ida urgente ao médico (ver TABELA 4-1 ). Os grupos de pessoas com maior probabilidade de apresentar complicações e que por isso devem ser objeto da máxima vigilância e que devem ir ao médico mesmo antes de aparecerem os sintomas de alarme são os detalhados na TABELA 4-2 . 4.6. Tratamento No início, o tratamento da gripe A é o mesmo que o tratamento para a gripe sazonal, isto é, tratamento sintomático para aliviar a febre e as dores musculares, (analgésicos/antipiréticos), a tosse (antitussícos, expetorantes e mucolíticos fluidificadores do muco como n-acetilcisteína, quando os sintomas o indicam), o congestionamento nasal, etc. A gripe é causada por um vírus, pelo que os antibióticos não estão indicados. Só são úteis, sempre com prescrição médica, no caso de ocorrerem complicações bacterianas. Os tratamentos antivirais (oseltamivir e zanamivir) não curam a infeção, embora atuem para diminuir a duração da doença em aproximadamente um dia e diminuindo a possibilidade de complicações. Só estão indicados em pessoas com gripe que requerem hospitalização ou nas pessoas que apresentem uma maior probabilidade de sofrer complicações. Estes medicamentos têm efeitos secundários e contra-indicações pelo que devem ser sempre prescritos por médicos que avaliem o benefício/risco da sua utilização. A sua utilização irresponsável pode contribuir para criar resistências ao vírus e assim reduzir a sua eficácia quando necessários. 4.6.1. Oseltamivir O oseltamivir é um pró-fármaco antiviral seletivo contra o vírus influenza. A sua ação baseia-se na inibição das neuraminidases presentes no vírus da gripe. Posologia No tratamento Adolescentes (dos 13 aos 17 anos de idade) e adultos: 75 mg assim que possível após a prescrição médica. Continuar com 75 mg duas vezes por dia (pequeno-almoço e jantar) durante 5 dias. É importante completar o tratamento de 5 dias, inclusive se os sintomas já tiverem diminuído. O médico pode prescrever como alternativa cápsulas de 30 mg e 45 mg. Crianças de 1 a 12 anos de idade: Salvo outra prescrição facultativa, durante 5 dias Peso ≤15 kg, 30 mg, 2 vezes por dia. Peso 15 a 23 kg, 45 mg, 2 vezes por dia. Peso 23 a 40 kg, 60 mg, 2 vezes por dia. As crianças com um peso superior a 40 kg e que possam engolir as cápsulas podem tomar cápsulas de 75 mg duas vezes por dia. Tabela 4-2 População com maior risco de sofrer complicações Doentes cardíacos (não se inclui a hipertensão). Doentes com doenças respiratórias crónicas: displasia broncopulmonar, a fibrose quística e a asma moderada-grave persistente. Doentes com diabetes mellitus tipo I e tipo II com tratamento farmacológico. Doentes com insuficiência renal moderada a grave. Doentes com hepatopatias crónicas avançadas. Hemoglobinopatias e anemias moderadas a graves. Doentes com extirpação do baço . Imunodeprimidos (por fármacos, transplantados e VIH-sida). Doentes com doenças neuromusculares graves. Menores de 18 anos com tratamento crónico com AAS. Obesos mórbidos (IMC ≥40). Doentes oncológicos tratados com quimioterapia. Grávidas. 8 4 Gripe A Na prevenção depois de estar em contacto com um indivíduo infetado Adolescentes (dos 13 aos 17 anos de idade) e adultos: 75 mg uma vez por dia durante 10 dias. O melhor é tomar esta dose de manhã com o pequeno-almoço. Crianças de 1 a 12 anos de idade: Salvo outra prescrição, durante 10 dias, de preferência com o pequeno-almoço Peso ≤15 kg, 30 mg, 1 vezes por dia. Peso 15 a 23 kg, 45 mg, 1 vezes por dia. Peso 23 a 40 kg, 60 mg, 1 vezes por dia. As crianças com peso superior a 40 kg e que possam deglutir as cápsulas podem tomar 75 mg uma vez por dia. Efeitos adversos Os efeitos adversos mais frequentes ( TABELA 4-3 ) ocorrem geralmente após a administração da primeira dose de medicamento, desaparecendo ao longo do período de tratamento. A sua frequência é reduzida se tomar o medicamento com alimentos. No que se refere aos efeitos adversos menos frequentes ( TABELA 4-3 ), não está clara a sua relação com o tratamento uma vez que muitos deles podem ser devidos à própria patologia e também ocorrem em doentes com gripe não tratados com oseltamivir. Tabela 4-3 Efeitos adversos do oseltamivir Mais frequentes Digestivos: náuseas, vómitos, diarreia, dores de estômago. Dores de cabeça. Menos frequentes Digestivos: sensação de enfartamento na parte superior do abdómen, hemorragia no trato gastrointestinal. Respiratórios: bronquite, infeções do trato respiratório superior. 4.6.2. Zanamivir É igualmente um inibidor da neuraminidase utilizado no tratamento da gripe comum e na profilaxia do vírus A e B. Ajuda a reduzir a duração dos sintomas e evita a propagação da doença. Não deve ser utilizado em crianças com menos de 5 anos. O medicamento é apresentado em pó para inalações. Tem de ser inalado (inspirado) para os pulmões porque se for ingerido apresenta uma muito baixa biodisponibilidade. Em doentes com asma ou outras doenças respiratórias tratados com medicamentos em inaladores deve ter-se em conta que: doente deve continuar o seu tratamento habitual, O utilizando esta medicação alguns minutos antes do Zanamivir. doente deve certificar-se de que tem o seu inalaO dor de emergência de ação rápida (por exemplo salbutamol) quando utilizar o Zanamivir. e quando utilizar o Zanamivir sentir uma pressão S na garganta e no peito ou dificuldade em respirar deve interromper a utilização do mesmo, utilizar o inalador de emergência de ação rápida para o ajudar a respirar e consultar o serviço de urgência mais próximo. Posologia No tratamento Adultos e crianças (com 5 anos ou mais): a dose habitual é de 2 inalações (2 alvéolos) duas vezes por dia durante 5 dias. Deve iniciar-se a medicação o mais rápido possível, nos adultos no espaço de 48 horas após o aparecimento dos sintomas; nas crianças (≥5 anos) no espaço de 36 horas após o aparecimento dos sintomas. Neuropsiquátricos: convulsões e delírio (com sintomas como alteração dos níveis de consciência, confusão, comportamento anormal, transtornos delirantes, alucinações, agitação, ansiedade, pesadelos), que em raras ocasiões tiveram como resultados lesões por acidente com um desfecho mortal. Desconhece-se a contribuição do oseltamivir para estes acontecimentos já que também foram comunicados em doentes com gripe que não estavam em tratamento. Na prevenção depois de estar em contacto com um indivíduo infetado Outros: tonturas, cansaço, dificuldade em dormir, reações na pele, alterações da função hepática de leves a graves, transtornos da visão e alterações do ritmo cardíaco. Adultos e crianças (≥5 anos): a dose recomendada é de 2 inalações (2 alvéolos) uma vez por dia durante 28 dias. Adultos e crianças (≥5 anos): a dose habitual é de 2 inalações (2 alvéolos) uma vez por dia durante 10 dias. Se ocorrer um surto epidémico na comunidade: 9 Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes Efeitos adversos Os sintomas a que deve estar atento quanto tomar o Zanamivir estão relatados na TABELA 4-4 . 4.7.Precauções para evitar a transmissão. Conselhos para a população As farmácias para além de serem responsáveis pela distribuição dos medicamentos e por zelar pela sua utilização racional, são a fonte de informação sobre a saúde mais próxima do cidadão, por isso o seu papel é muito importante na educação sanitária e é uma plataforma idónea para a prevenção. Perante uma epidemia de gripe sazonal ou de gripe A, o seu papel é fundamental ao dar à população os conselhos oportunos de prevenção e precauções a ter para evitar a transmissão. Estes conselhos centram-se principalmente em: Lavar as mãos com frequência. apar a boca e o nariz com um lenço de papel T quando espirrar ou tossir e depois deitar o lenço de papel no lixo. impar mais frequentemente as superfícies de móveis, L puxadores das portas, objetos... com os produtos de limpeza habituais e arejar mais vezes a casa abrindo as janelas. vitar tocar no nariz, olhos e boca sem lavar as mãos E depois de ter estado em contacto com superfícies e objetos que possam estar contaminados. Por vezes, os objetos são uma fonte de contaminação. vitar os beijos e o contacto muito próximo, assim E como partilhar copos, talheres e outros objetos que possam ter estado em contacto com saliva ou secreções. e tem sintomas de gripe não vá trabalhar nem vá S para a escola. Permaneça em casa, repouse, vá ao serviço de urgência e mantenha uma distância de pelo menos um metro quando falar com outras pessoas. Para chegar mais amplamente à população com estes conselhos de educação sanitária, podem utilizar-se os materiais que se podem transferir e imprimir e que são colocados à disposição dos diferentes profissionais de saúde, os Ministérios da Saúde de cada país da união europeia. Em Portugal encontram-se na página web de Saúde Pública: http://www.min-saude.pt/portal/conteudos/ enciclopedia+da+saude/saude+publica/gripe/ virus+h1h1.htm#a20 Tabela 4-4 Efeitos adversos do zanamivir Efeitos adversos pouco frequentes. Que afectam 1 em cada 1000 pessoas Reações alérgicas graves Se ocorrerem são motivo de urgência médica Erupção avultada e com ardor (bolhas). Inchaço da cara, boca ou garganta que pode causar dificuldade em respirar. Colapso. Reações graves da pele Requer a interrupção do tratamento e contactar imediatamente o médico Erupção cutânea, com bolhas que parecem pequenos alvos (ponto central escuro rodeado por uma área mais pálida, com um anel escuro à volta do rebordo); erupção generalizada com bolhas e escamação da pele, particularmente à volta da boca, nariz, olhos e genitais (síndrome de Stevens-Johnson); escamação geral da pele em grande parte da superfície corporal (necrólise epidérmica tóxica). Outros efeitos adversos pouco frequentes Que afectam 1 em cada 100 pessoas. Requerem a suspensão da ingestão do medicamento e contactar imediatamente o médico. Sensação de pressão na garganta ou no peito, dificuldade em respirar que pode ocorrer de repente. Os doentes com EPOC ou asma, estão mais propensos a sofrer este sintoma, por isso devem estar sob controlo médico enquanto estiverem a usar o Zanamivir. Inflamação da cara, boca ou garganta. Erupção na pele ou rugosidade (inchaço na pele com ardor). Desmaios e tonturas. Efeitos adversos neuropsiquiátricos Desconhece-se a contribuição do Zanamivir para estes acontecimentos já que também foram comunicados em doentes com gripe que não estavam em tratamento. Alterações repentinas no comportamento (confusões, indiferença), alucinações e convulsões (que podem levar à perda de consciência). Os pais devem prestar especial atenção ao aparecimento destes sintomas nas crianças com gripe. 10 4 Gripe A Exemplos de material gráfico de educação sanitária que pode ser entregue à população para a prevenção: GRIPE A (H1N1) Dois gestos de protecção! 1 2 Cubra a boca quando tossir ou espirrar Quando espirrar ou tossir, deve cobrir a boca e o nariz, usando sempre um lenço de papel. Nunca as mãos! Os lenços de papel devem ser imediatamente colocados no lixo. Lave as mãos Lave as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir. Lave frequentemente as mãos com água e sabão/sabonete líquido ou utilize uma solução de base alcoólica. SAÚDE 24 808 24 24 24 SOBRE A GRIPE A (H1N1) A nova estirpe de vírus da gripe transmite-se pelo ar, de pessoa para pessoa, através de gotículas de saliva de um indivíduo doente, sobretudo através da tosse e dos espirros, mas também por contacto das mãos com objectos e/ou superfícies contaminados. Trata-se de uma gripe humana e os sintomas desta doença são os mesmos da gripe comum: febre, tosse, dor muscular, dificuldade respiratória e, nalguns casos, vómitos e diarreia. O Ministério da Saúde accionou o Plano de Contingência para este tipo de situações e encontra-se permanentemente a acompanhar a evolução da situação, divulgando informação útil aos cidadãos sempre que necessário. O número que o liga à saúde. CUIDADOS A TER Evitar o contacto próximo com pessoas que apresentem sintomas de gripe: febre, tosse, dores de garganta, dores no corpo ou musculares, dores de cabeça, arrepios e fadiga; Cobrir a boca e nariz quando espirrar ou tossir, usando um lenço de papel. Nunca as mãos; Utilizar lenços de papel uma única vez, colocando-os no lixo. Lavar as mãos ajuda a reduzir a probabilidade de transmissão da infecção. O QUE FAZER Se manifestar sintomas de gripe deve permanecer em casa, ligar para a LINHA SAÚDE 24 808 24 24 24 e seguir as instruções que lhe forem dadas. As pessoas que venham de áreas afectadas ou que tenham tido contacto próximo com alguém com gripe, se apresentarem sintomas, deverão ligar para a LINHA SAÚDE 24 808 24 24 24 Evitar tocar nos olhos, nariz e boca sem ter lavado as mãos, porque o contacto com superfícies e/ou objectos contaminados é uma forma de transmissão frequente; Limpar superfícies sujeitas a contacto manual muito frequente (como, por exemplo, as maçanetas das portas, corrimãos, telefones, computadores) com um produto de limpeza comum; O cumprimento destas indicações é igualmente adequado no que respeita a crianças. Direcção-Geral da Saúde www.dgs.pt Mais informação em www.dgs.pt e www.portaldasaude.pt Ministério da Saúde Se tiver dúvidas, telefone para a LINHA SAÚDE 24 808 24 24 24 4.8. Vacinação Para que a vacinação contra a gripe seja eficaz, é preciso utilizar sempre a vacina correspondente à época que estiver a decorrer, já que a composição pode ser diferente todos os anos em função da variabilidade dos vírus causadores. Deve repetir-se anualmente com a vacina adequada a cada época (no hemisfério norte geralmente é no quarto trimestre). Para a época 2011-2012, a vacina trivalente antigripal recomendada pela OMS para o hemisfério norte contém as seguintes estirpes: Estirpe análoga para A/California/7/2009 (H1N1). Estirpe análoga para A/Perth/16/2009 (H3N2)*. Estirpe análoga para B/Brisbane/60/2008. As autoridades portuguesas de saúde recomendam a vacinação contra a gripe para os grupos listados na TABELA 4-5 . 11 Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes Tabela 4-5 Pessoas para as quais está recomendada a vacinação contra a gripe Grupo alvo C Grupo alvo B Grupo alvo A Critérios de inclusão nos grupos-alvo para vacinação por ordem de prioridades1 (Grupo A, B ou C), tendo em atenção o desempenho de funções essenciais, o risco para complicações pós-infecção e a disponibilidade de vacinas. Pessoas a vacinar, 1.ª fase Profissionais de saúde: - que, pelo seu número, pela especialização e especificidade das suas funções, sejam dificilmente substituíveis; - que prestem cuidados a doentes de alto risco (por ex. em unidades de transplantes); - do INEM e ambulâncias do Sistema Integrado de Urgência Médica (profissionais envolvidos na prestação directa de cuidados); - do Instituto Português do Sangue (profissionais envolvidos na colheita de sangue); - da Linha Saúde 24 (enfermeiros agentes de linha); Grávidas nos 2.º e 3.º trimestres (> 12ª semana de gestação), com patologia associada; Titulares de órgãos de soberania e profissionais que desempenhem funções essenciais (1.ª linha)2,3. Pessoas a vacinar, 2.ª fase Pessoas <65 anos Qualquer idade Outros grupos Asma moderada a grave, Obesidade mórbida actual: Grávidas6 sem patologia sob terapêutica crónica - Crianças <10 anos: IMC≥25; ≥10 anos e ≤18 anos: associada, dos 2.º e 3.º pelo menos 3 meses, nos IMC≥35; Adultos: IMC≥40. trimestres (>12ª semana). Doença respiratória crónica desde a infância Coabitantes de crianças últimos 12 meses, com (ex: fibrose quística, displasia broncopulmonar). com idade <6 meses corticóides inalados Doença neuromuscular com compromisso da função portadoras de doença em doses médias/altas4 ou sistémicos5 e/ou respiratória (ex: distrofia neuromuscular). grave. Imunodepressão: transplantação, terapêuticas biológicas internamento por asma ou neoplasias hematológicas. em 2009. Excepcionalmente, outras pessoas portadoras de doença crónica grave, por analogia com as situações contempladas nos pontos anteriores. Prioridade Todas as crianças (com ou sem patologia) com idades ≥ 6 meses e < 24 meses. Outras pessoas a vacinar Pessoas <65 anos Qualquer idade Outros grupos Diabetes mellitus em tratamento com insulina. Imunodepressão: Profissionais de saúde, Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) e outras primária, não incluídos no grupo A, doenças respiratórias crónicas com insuficiência respiratória secundária (VIH), em contacto directo com crónica (ex: fibrose pulmonar, sequelas de tuberculose, doentes não doentes. Profissionais que pneumoconioses). integrados no Doença cardiovascular: cardiopatia congénita, isquémica, desempenham funções Grupo A. hipertensiva, insuficiência cardíaca congestiva; excluindo essenciais (2.ª linha) 12. hipertensão arterial isolada. Doença hepática: atrésia biliar, cirrose, hepatite crónica com alteração da função hepática e/ou terapêutica anti-viral. Doença renal: insuficiência renal crónica, principalmente em doentes em diálise. Doença hematológica: hemoglobinopatias major. Asma (doentes não integrados no Grupo A). Terapêutica mantida com salicilatos em pessoas com idade ≤18 anos (ex: doença reumática auto-imune, doença de Kawasaki). Excepcionalmente, outras pessoas portadoras de doença crónica grave, por analogia com as situações contempladas nos pontos anteriores. Doença crónica, à semelhança do Crianças ≥2 anos e ≤12 recomendado para a vacinação sazonal anos (ou ≤5 anos). Obesidade (IMC≥29). Dadores de sangue7. Excepcionalmente, outras pessoas portadoras de doença crónica grave, por analogia Estudantes de medicina e enfermagem (anos clínicos). com as situações contempladas nos pontos anteriores. Profissionais com funções essenciais (3.ª linha) 12. Proposta efectuada com base na opinião de peritos da DGS, da Comissão Técnica de Vacinação, de Sociedades Científicas e de outros peritos, nomeadamente de obstetrícia; 2Profissionais que desempenham actividades essenciais ao normal funcionamento da sociedade e que, pela especificidade das suas funções, sejam imprescindíveis e insubstituíveis; 3A declaração para os profissionais que desempenham funções essenciais é emitida pela DGS ou ARS ou DRS dos Açores e da Madeira; 4Considera-se corticoterapia inalada em doses médias/ altas: Adultos: dose superior a 500μg/dia de beclometasona, 400μg/dia de budesonida ou 250μg/dia de fluticasona ou equivalentes para as formas de apresentação com HFA. Crianças: dose superior a 200μg/dia de beclometasona, budesonida ou fluticasona; 5Considera-se corticoterapia sistémica em doses altas: Peso <10 Kg: ≥2 mg/Kg/dia de prednisona ou equivalente, diário ou em dias alternados, durante 14 ou mais dias. Peso ≥10 Kg: ≥20 mg/dia de prednisona ou equivalente, diário ou em dias alternados, durante 14 ou mais dias; 6Em cada mês, cerca de 9 000 grávidas passam do 1.º para o 2.º trimestre de gravidez e deverão ser vacinadas. 7Duas dádivas nos últimos 12 meses - Declaração emitida pelo Serviço de Sangue onde habitualmente faz a dádiva. 1 12 5 Vírus emergentes que têm uma sintomatologia respiratória semelhante à do vírus sincicial respiratório: metapneumovírus humano, bocavírus humano e rinovírus Nos últimos anos foram descobertos novos vírus respiratórios que têm em comum o facto de afetar as vias superiores e inferiores e que podem levar a um quadro de sintomas semelhantes aos das bronquiolites causadas por VSR, ocasionando na maior parte dos casos uma proporção semelhante de quadros graves e complicações. Os principais responsáveis são os vírus: Metapneumovírus humano (MPHv). Bocavírus humano (HBoV). Rinovírus. A diferenciação do agente causador deve realizarse no laboratório através de técnicas especializadas, sendo que por vezes, pode ser necessário um tratamento específico, se a gravidade dos sintomas não obrigar à hospitalização, estas infeções são tratadas de forma não específica, como as bronquiolites causadas por vírus sincicial respiratório (VSR), isto é, com medidas de suporte (como pode ver no ponto 2.5.Tratamento). No entanto, é conveniente conhecer estes vírus, a sua epidemiologia, sintomatologia, períodos de incubação e contágio, formas de diagnóstico e tratamento, para que o farmacêutico e a sua equipa possam reconhecer os sintomas de alarme que, na consulta de despiste, decidem o envio urgente para o médico, dando uma informação razoável e convincente ao consultante. Por outro lado, o conhecimento das normas de prevenção e dos conselhos de higiene e de alimentação complementares ao tratamento, reforçará a assistência farmacêutica, nas suas facetas de prevenção e manipulação da doença. Para facilitar a comparação das semelhanças e diferenças entre a epidemiologia, sintomatologia, diagnóstico e evolução, a informação é apresentada em forma de tabelas comparativas. 5.1.Descrição dos vírus MPVh, HBoV e rinovírus. Breve explicação sobre o seu descobrimento Trata-se de vírus que, embora possam estar a circular há vários anos, foram descobertos em datas relativamente recentes ou cuja percepção de relevância clínica foi detetada nos últimos tempos, tudo graças ao desenvolvimento e evolução das técnicas de laboratório. 5.1 .1 . Metapneumovírus humano (MPVh) O metapneumovírus humano (MPVh) é um novo vírus respiratório descoberto em 2001 por Van den Hoogen, na Holanda. O género Metapneumovírus pertence à família Paramyxoviridae e à sub-família Pneumovirinae, a que também pertence o VSR (Vírus Sincicial Respiratório). O MPVh é um vírus ARN, de cadeia simples e polaridade negativa que afeta exclusivamente os humanos, e de onde surge a sua denominação como metapneumovírus humano. Análises serológicas revelaram que aos 5 anos, virtualmente todas as crianças foram infetadas por este vírus e que esteve a circular aproximadamente por mais de 43 anos em algumas populações sem que tivesse sido descoberto antes devido às particularidades próprias do vírus, dificuldades na sua replicação em linhas celulares e o fracasso dos métodos clássicos de deteção. 5.1 .2. Bocavírus humano O bocavírus humano (HBoV) é um vírus da família Parvoviridae descrito pela primeira vez em 2005 por um grupo de investigadores suecos liderado por Tobías Allander. Até essa data acreditava-se que o único membro da família dos Parvoviridae capaz de afetar a 13 Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes espécie humana era o parvovírus humano B19, identificado em 1980 e agente causador de eritema infeccioso em crianças e hidrópsia fetal em infeções intrauterinas. O bocavírus humano foi isolado pela primeira vez em 2005, em amostras de aspiração nasofaríngea provenientes de lactantes e crianças suecas com manifestações clínicas de doença do trato respiratório. 5.1 .3. Rinovírus Os rinovírus humanos constituem um género incluído na família dos Picornaviridae, que se considera a causa mais comum de infeções virais em humanos. A sua identificação em culturas celulares ocorreu nos anos cinquenta, pelo que em si os rinovírus não podem ser considerados vírus emergentes. No entanto, o que mudou foi a percepção de relevância clínica que se tinha do vírus. Até à data numerosos estudos relacionaram os rinovírus com as contipações comuns das crianças maiores e dos adultos, mas desde que nos anos noventa se introduziu a técnica de PCR (reacção em cadeia pela polimerase), a possibilidade de caracterização sistemática de todos os serótipos de rinovírus permitiu constatar que podem infetar também as vias aéreas inferiores de pessoas saudáveis, sem patologia subjacente como asma ou fibrose quística. 5.2.Epidemiologia das infeções respiratórias causadas por MPVh, HBoV e rinovírus Trata-se em geral de vírus com expansão universal e picos sazonais que afetam principalmente as vias respiratórias inferiores, embora também possam provocar infeções das vias respiratórias superiores. Afetam principalmente os lactantes e crianças, adultos com doenças respiratórias, idosos e pessoas imunodeprimidas. Por vezes, apresentam-se em co-infeção com outros vírus e podem reinfetar ( TABELA 5-1 ). 5.3.Sintomas principais das infeções respiratórias causadas por MPVh, HBoV e rinovírus Num estudo realizado em crianças em 2003, observou-se que a bronquiolite (sintomas respiratórios leves que evoluem aos dois ou três dias com sibilos e/ou tosse sibilante e forçada) foi a manifestação primária de infeção por MPVh em 62 % dos doentes. 14 A infeção por HBoV foi descrita em crianças com menos de cinco anos (mais frequentemente em crianças de dois anos) com doença aguda do trato respiratório superior e inferior, apresentando características clínicas semelhantes às das bronquiolites causadas por VSR e MPVh e ocasionando uma proporção semelhante de quadros graves. No que se refere às infeções por rinovírus, quando se manifestam como infeções catarrais que afetam as vias respiratórias superiores, os sintomas são os de uma constipação comum: espirros, rinite, tosse, por vezes febrícula ou febre baixa, irritação da garganta, otite. As manifestações clínicas associadas à doença das vias inferiores, causadas por este vírus, são semelhantes às do VSR (vírus sincicial respiratório) ( TABELA 5-2 ). 5.4.Período de incubação. Transmissão. Diagnóstico e evolução O período de incubação pode ir desde alguns dias (rinovírus) até cerca de uma semana (MPVh e rinovírus), embora no caso do HBoV se desconheça qual é o período de incubação. A via de transmissão mais comum é através das secreções respiratórias, através das gotículas de Flügge que são expulsas ao falar, tossir, espirrar, etc., por isso as normas de higiene (Ver ponto 2.5.) são de especial importância para evitar a transmissão. Após a realização de um diagnóstico clínico de bronquite, bronquiolite, pneumonia e exacerbações de asma em doentes com problemas respiratórios, a presença de qualquer um destes vírus só pode ser confirmada em laboratório através de técnicas específicas realizadas em amostras respiratórias, já que as manifestações clínicas de infeção, tanto se o agente causador for só um deles como se forem co-infetantes, são semelhantes às de outros vírus respiratórios. As complicações mais frequentes são otite média e dificuldades respiratórias (no caso de MPHv) e pneumonias ou exacerbações asmáticas (em qualquer caso) ( TABELA 5-3 ). 5.5.Tratamento das doenças respiratórias causadas por MPVh, HBoV e rinovírus O tratamento das doenças respiratórias causadas por estes vírus –como para outras infeções respiratórias 5 Vírus emergentes que têm uma sintomatologia respiratória semelhante à do vírus sincicial respiratório: metapneumovírus humano, bocavírus humano e rinovírus Tabela 5-1 Tabela comparativa da epidemiologia de MPVh, HBoV e rinovírus Âmbito geográfico População que afeta Sazonabilidade Metapneumovírus humanos (MPVh) Bocavírus humano (HBoV) Rinovírus Universal. Universal. Universal. Crianças e adultos (em que outros vírus respiratórios foram negativos). Nos adultos, a taxa de infeção encontra-se entre 2% a 7%. Predomínio inverno e primavera. Predomínio em lactantes. Crianças e adultos. Predomínio inverno e primavera. Em clima temperado circula ao longo de todo o ano. Dois picos de máxima incidência: primavera e final do verão/ início do outono. Crianças, adultos com asma, imunodeprimidos (nestes últimos pode-se produzir virémia). As crianças com infeção por rinovírus foram mais frequentemente rapazes, diagnosticaram-se por vezes sibilos recorrentes/crise asmática e precisam com menor frequência de oxigenoterapia (8). Por vezes apresenta-se em co-infeção, embora as mesmas não pareçam ter influência no grau de gravidade dos quadros. Exacerbações de asma, bronquiolites e pneumonias. Grupos de risco Menores de 5 anos, (especialmente aos 2 anos), idosos e imunodeprimidos (formas graves). Lactantes e crianças. Possibilidade de reinfeção ou co-infeção Um estudo de 2007 (9) encontrou o MPVh em 70% de crianças com bronquiolite devida a VSR. Após uma primeira infeção: associa-se significativamente ao desenvolvimento de sibilos recorrentes no 3º e 5º ano de vida, (semelhante ao observado por VSR). Doenças das vias superiores (constipações). Co-infeção muito frequentes (75%), só se detectou em 5% como único agente viral. Causa de sibilos e bronquiolites recorrentes. Doenças respiratórias a que se associa Doenças do trato respiratório inferior: bronquiolites e sibilos. Particularidades Constipações e laringites agudas. Infeções respiratórias das vias inferiores (em crianças, infeções graves ≈17,1%): Bronquiolites, sibilos recorrentes (crianças com menos de 24 meses). Crises asmáticas (crianças com mais de 2 anos). Pneumonia. Produz resposta imune que protege em idades superiores. Constipações das vias aéreas superiores de longa duração. Possíveis complicações: Rinossinusites bacterianas. Otite média (>40%). Infeções das vias aéreas inferiores (2º vírus mais frequente em infeções graves, depois do VSR): Bronquiolites. Pneumonias. Exacerbações asmáticas em lactantes, crianças e adultos. Possível associação entre bronquiolites por rinovírus e desenvolvimento de episódios obstrutivos das vias aéreas (8). Existe grande diversidade genética dos diferentes serótipos. Além disso, vários serópitos podem circular em simultâneo na mesma área geográfica durante uma estação epidémica. A quantidade de vírus necessária para adquirir a infeção é muito pequena, e a excreção viral pode persistir até 3 semanas. 15 Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes Tabela 5-2 Tabela comparativa dos principais sintomas das infeções respiratórias por MPVh, HBoV e rinovírus Sintomas MPVh (Adaptado de Abara, 2006) (1) HBoV Rinovírus Sintomas respiratórios de infeção aguda das vias respiratórias superiores Febre Sim (em 52% dos casos). Sim. Geralmente, febre ligeira ou febre baixa. Tosse Em 90% dos casos (irritativa, seca ou produtiva). Irritativa, seca ou produtiva. Irritativa, seca ou produtiva. Sintomas nasais Rinorreia e congestionamento nasal (88%). Rinite. Espirros, rinite. Sintomas a nível da garganta. Eritema da faringe (33%). Dor de garganta (50%). Faringite, laringite. Irritação da garganta, faringite. Conjuntivite Otite Possível. Tímpano anormal (51%). Como complicação. Como complicação. Sintomas respiratórios das vias inferiores Tosse por afetação das vias inferiores Produtiva. Tosse coqueluchóide, espasmódica e emetizante, parecida com a tosse convulsa. Produtiva. Sibilos, roncos Sibilos (51%). Roncos ou estridor (20%). Similar à bronquiolite por VSR ou MPHv. Episódios recorrentes de sibilos. Afetação brônquica Produção de muco. Obstrução mucosa. Obstrução mucosa. Taquipneia, ruído nasal (sintomas de pneumonia). Dificuldade respiratória, frequência cardíaca acelerada, alargamento das fossas nasais. Dificuldade respiratória Sintomas de complicações respiratórias Outros De pneumonia. De exacerbação asmática. Irritabilidade (43%), Anorexia (33%), Diarreia (17%) e Vómitos (10%). por vírus - traduz-se em medidas de suporte: hidratação adequada, tratamento da febre, tratamento das secreções e da obstrução brônquica (a n-acetilcisteína pode ser utilizada como fluidificante do muco quando os sintomas assim o justificarem) e fornecimento de oxigénio quando necessário. Os medicamentos antivirais, como a ribavirina, não demonstraram a sua utilidade neste tipo de doenças. Por se tratarem de doenças virais, o tratamento antibiótico é desnecessário e só será utilizado nos casos de sobreinfeção bacteriana. 2.5.1. Terapia complementar Ingestão de líquidos para ajudar a fluidificar o muco e evitar desidratações 16 Irritabilidade. Dificuldade em dormir e comer. Sinais de esgotamento. umidificar o ar, ajuda a diminuir a aderência do H muco. Repouso. Ir ao médico Qualquer consulta na farmácia devido a sintomas respiratórios (em crianças ou adultos) que, para além de sintomas de constipação, incluam: tosse coqueluchóide (espasmódica e emetizante, parecida com a tosse convulsa); tosse e sibilos (semelhante à bronquiolite por VSR); sinais de obstrução brônquica; sinais de pneumonia (taquipneia, dificuldade respiratória, som nasal), dificuldade respiratória ou exacerbação asmática, deve consultar o médico para obter o seu diagnóstico, tratamento e acompanhamento. 5 Vírus emergentes que têm uma sintomatologia respiratória semelhante à do vírus sincicial respiratório: metapneumovírus humano, bocavírus humano e rinovírus Tabela 5-3 Incubação, transmissão, diagnóstico e evolução das doenças respiratórias causadas por MPVh, HBoV e rinovírus Período de incubação Transmissão MPVh HBoV Rinovírus 5 a 6 dias. Desconhece-se. Em geral de 2 a 4 dias (intervalo de 2 a 8 dias). missão de gotículas E de Flügge (de secreção respiratória), expulsas ao falar, tossir, espirrar, etc. Transmissão nosocomial (hospitais e centros de saúde). Provavelmente: Gotículas de Flügge. Contacto direto com secreções contaminadas. Como circula pela corrente sanguínea: Transfusões de sangue. Transplantes de órgãos. Transmissão oro-fecal (detetou-se nas fezes de pessoas infetadas). missão de gotículas de E Flügge. Transmissão nosocomial. As secreções respiratórias contêm elevadas quantidades de vírus durante 3 a 8 dias. A excreção viral pode persistir até 3 semanas. Diagnóstico Através da deteção do vírus em amostras respiratórias obtidas por aspiração nasofaríngea e/ou serologia. Através de técnicas de PCR (reação de polimerização em cadeia) convencional e em tempo real de ANF (aspiração nasofaríngea) e LBA (lavagem broncoalveolar) (14). No laboratório: técnicas de PCR múltiplo em amostras respiratórias. Existe a dificuldade de por vezes se encontrar como coinfetante. Evolução. A evolução costuma ser boa e a duração média é de 8 dias. Em alguns casos evolui desfavoravelmente para pneumonia. Sintomas de constipação comum que evoluem para bronquiolite ou bronquite. Alguns casos começam com sintomas de constipação comum que podem evoluir para bronquiolite ou bronquite. Complicações mais frequentes Otite média e dificuldades respiratórias por obstrução. Descompensação de doentes asmáticos. Pneumonia. Por vezes associou-se a quadros febris com exantema (8). Podem chegar a causar pneumonia e exacerbações em doentes asmáticos. 5.6.Precauções para evitar a transmissão das doenças respiratórias causadas por MPVh, HBoV e rinovírus. Conselhos para a população Não foram estabelecidas precauções específicas, mas são consideradas válidas as mesmas medidas que são utilizadas para evitar as bronquiolites produzidas por vírus sincicial respiratório (VSR): impar mais frequentemente as superfícies de móL veis, puxadores das portas, objetos, com os produtos de limpeza habituais e arejar mais vezes a casa abrindo as janelas. vitar o contacto direto com as crianças de memE bros da família ou com outras pessoas que tenham uma infeção das vias respiratórias superiores. Se não for possível evitá-lo, utilizar máscaras e lavar as mãos antes de tocar na criança. avagem frequente das mãos para evitar a dissemiL nação dos vírus. 4.7. Vacinação apar a boca e o nariz com um lenço de papel quanT do espirrar ou tossir e depois deitar o lenço de papel no lixo. Até à data não existe nenhuma vacina contra as infeções por MPVh, HBoV ou rinovírus. 17 6 Tuberculose: uma infeção bacteriana reemergente e co-infectante A tuberculose é considerada uma das primeiras doenças humanas de que se tem conhecimento, e remonta a 15.000 e 20.000 anos. Trata-se de uma doença infeciosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também chamado bacilo de Koch, em honra do seu descobridor. Geralmente afeta os pulmões, embora 19% dos casos de tuberculose sejam exclusivamente extrapulmonares (urinária, peritoneal, pericardíaca, ganglionar e óssea). 6.1. Epidemiologia Foi e é uma das doenças com maior prevalência no mundo. Até que em 1952 se desenvolveu a isoniazida (hidrazida do ácido isonicotínico), o primeiro dos antibióticos específicos, esta doença era temida pela sua elevada morbilidade e mortalidade. A isoniazida converteu a tuberculose numa doença curável na maior parte dos casos, e o aparecimento da rifampicina na década de sessenta reduziu notavelmente o tempo de tratamento, o que se traduziu numa sensível redução do número de casos novos, e levou a crer que esta doença estava em franco retrocesso no mundo industrializado, embora continuasse a ser importante em muitos países sub-desenvolvidos. 6.1 .1 Reemergência Quando em 1981 se constatou o aparecimento da síndrome de inumodeficiência adquirida causado pela infeção do vírus VIH, caracterizado por debilitar o sistema imunitário dos indivíduos infetados, que logo atingiu a categoria de pandemia, ressurgiram com intensidade, e como complicação do mesmo, outras doenças infeciosas que se pensavam estar em retrocesso como a tuberculose. A este facto convém juntar a intensificação das migrações massivas dos países menos desenvolvidos para os países mais desenvolvidos, e as condições mantidas ou agravadas de pobreza em muitos países, principalmente na Ásia e África. Com 18 as migrações viajavam também diversas doenças infeciosas, incluindo a tuberculose, reemergindo assim em países onde se pensava estar controlada. Esta situação teve como consequência que em 1993 a Organização Mundial de Saúde declarasse a tuberculose como “urgência mundial”. Para o século xxi, a Organização Mundial de Saúde definiu como objetivo a erradicação da tuberculose, algo que é possível tendo em conta que existe um tratamento de razoável eficácia e uma vacina barata capaz de cortar a cadeia de transmissão. No entanto, não vai ser uma tarefa fácil, devido sobretudo a dois fatores: por um lado, o aumento de casos desde a década de noventa fez com que voltasse a ser considerada uma pandemia mundial, e por outro, o aparecimento de 2 estirpes muito resistentes aos fármacos utilizados até ao momento: a tuberculose MDR (Multi-Drug-Resistance) e a tuberculose XDR (Extreme Drug Resistance), que foi detetada pela primeira vez em 2006. 6.1 .2. Infeção e doença tuberculosa No entanto, para compreender a epidemiologia e relevância desta doença, deve-se diferenciar entre infeção e doença tuberculosa (Aguado JM, 2003). Infeção tuberculosa. A infeção tuberculosa produzse quando o indivíduo entra em contacto com o Mycobacterium tuberculosis, o que desencadeia no organismo uma resposta imune e que na maioria dos casos consegue deter a multiplicação dos bacilos e controlar a infeção. No entanto, o sistema imunitário pode não destruí-los totalmente e alguns podem permanecer em latência intracelularmente, sem que sejam apresentados sintomas ou manifestações clínicas da doença. Cerca de 10% dos infetados correm o risco de desenvolver a doença em algum momento da sua vida, sobretudo quando se apresentam doenças crónicas debilitantes (como diabetes, silicose, 6 Tuberculose: uma infeção bacteriana reemergente e co-infectante etc.), alcoolismo, infeção por VIH, cancro, tratamento com imunossupressores, ou outras situações que debilitem o sistema imunitário: infância, puberdade, envelhecimento, desnutrição, etc. Doença tuberculosa. Em cerca de 5% dos doentes que são infetados com o Mycobacterium tuberculosis, o seu sistema imunitário será insuficiente para impedir o desenvolvimento da doença e irá produzir a doença tuberculosa primária, aparecendo sintomas e manifestações clínicas sugestivas de doença ativa, que se encontrarão na exploração física do doente. Noutros 5% dos infetados, produz-se a doença por reativação endógena, após meses ou anos, dando lugar à tuberculose pós-primária. Como indicado anteriormente, as localizações mais frequentes são a pulmonar e a pleural, mas também a ganglionar, miliar, meníngea, osteoarticular, gastrointestinal, genitourinária e outras. 6.1 .3. Situação atual no mundo Atualmente, segundo os dados reunidos pela OMS e pelos CDC (Centros para o Controlo e Prevenção de Doenças da U.E.), a tuberculose encontra-se em todas as regiões do mundo, embora a sua presença seja especialmente grave na Ásia e em África, onde a elevada incidência de sida e a resistência à farmacoterapia da estirpe XDR agrava a situação. Em 2007, na África do Sul, sequenciou-se pela primeira vez o genoma da estirpe XDR, o que constitui um primeiro passo para encontrar novos tratamentos específicos e eficazes. Segundo o relatório mundial da OMS sobre a vigilância e resposta em matéria de tuberculose multi-resistente e ultra-resistente (WHO, 2010), calcula-se que em 2008 havia no mundo 440.000 pessoas com tuberculose MDR, das quais um terço faleceu. Em termos quantitativos, a Ásia é a mais afetada pela epidemia. Estima-se que, à escala mundial, quase 50% dos casos de tuberculose MDR se registem na China e na Índia. Em África situam-se 69.000 dos casos produzidos, cuja grande maioria não chegaram a ser diagnosticados. 6.1 .4. Situação em Portugal (Ministério da Saúde) Em relação à União Europeia, Portugal é um dos países com maior incidência de casos notificados e maior expressão dos aspetos que lhe dão o carácter de infeção emergente. No entanto, está a assistir-se a uma forte redução no nível da tuberculose endémica, diretamente relacionado com os índices de melhoria da eficácia na luta contra a tuberculose, com uma notável redução na prevalência de resistência aos antibióticos específicos. A taxa de incidência de tuberculose em Portugal (segundo os dados do Ministério da Saúde) em 2010 foi de 22,9 casos por cada cem mil habitantes, o que pressupõe uma diminuição de 8,5% em relação a 2009 e confirma a taxa de redução constante de 6,3% por ano dos últimos 10 anos. Estes valores aproximam-se dos valores dos países considerados de “baixa incidência”, que correspondem aos países em que a incidência de tuberculose é inferior a 20 casos por cem mil habitantes. A situação menos favorável ocorre nas grandes áreas urbanas de Lisboa, Porto e Setúbal, que concentram a maior parte dos casos e onde o ritmo da diminuição é mais lento. Nestas áreas, está a dar-se especial ênfase na determinação dos fatores de risco que podem ter um impacto negativo no êxito dos tratamentos e no aumento das resistências. A proporção de casos multi-resistentes em 2010 foi de 1,6% do total dos casos e, de entre estes, a proporção de casos ultra-resistentes foi de 10%. 6.2.Sintomas de tuberculose pulmonar Na fase primária da infeção, geralmente não são apresentados sintomas. Quando a doença se apresenta, os sintomas principais são: tosse (por vezes com expetoração de muco); expectoração com sangue, transpiração excessiva (especialmente noturna); febre; perda involuntária de peso, falta de apetite (anorexia, apatia) e fadiga. Outros sintomas são a dificuldade respiratória, dor torácica e sibilos ( TABELA 6-1 ). 6.3.Período de incubação e contágio da tuberculose pulmonar (transmissão) O período de incubação é muito variável e pode desenvolver-se de poucos meses a anos depois da exposição. 6.3.1. Transmissão A tuberculose pulmonar transmite-se pelo ar quando o doente fala, canta, espirra, tosse ou cospe. Quando 19 Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes Tabela 6-1 Sintomas de tuberculose pulmonar Sintomas principais Tosse crónica (algumas vezes com expetoração de muco). Expetoração com sangue (hemoptise). Transpiração excessiva, sobretudo noturna (empapa os lençóis). Falta de apetite, anorexia, apatia, fadiga. Febre. Perda de peso involuntária, lenta e progressiva. Outros sintomas Dificuldade respiratória. s doentes com tuberculose noutras localizaO ções (não pulmonar ou faríngea) não transmitem os bacilos através do aparelho respiratório. s doentes em tratamento, com estirpes não O resistentes, oferecem poucas probabilidades de contágio, já que uma vez iniciado o tratamento, o risco diminui de dia para dia. Quinze dias depois de ter iniciado o tratamento é pouco provável que o doente elimine os bacilos. A cadeia de transmissão pode quebrar-se isolando o doente com tuberculose ativa e iniciando imediatamente a terapêutica antituberculosa. Dor torácica. Sibilos. um doente com tuberculose fala ou respira, expele pequenas gotas (gotículas de Flügge) que contêm o bacilo de Koch e podem transmiti-lo a pessoas saudáveis que respirem o ar do ambiente e que podem ficar infetadas. Um espirro de um doente com tuberculose projeta no ar cerca de dois milhões de bacilos. Através da tosse, projetam-se para a atmosfera cerca de 3.500 partículas. Também pode transmitir-se por via digestiva, especialmente ao ingerir leite não higienizado proveniente de vacas tuberculosas infetadas com Mycobacterium bovis. 6.3.2. Probabilidades aumentadas de transmissão A probabilidade de transmissão aumenta com o número de partículas contaminadas expelidas pelo doente, a má ventilação da área de exposição, a duração da exposição e a virulência da estirpe do M. tuberculosis. As pessoas com contactos frequentes, prolongados ou intensos têm um risco cerca de 25 % maior de serem infetados. A probabilidade de contágio aumenta nos grupos de risco: crianças, idosos, pessoas com malnutrição, trabalhadores de áreas da saúde em regiões de alto risco e, como doença oportunista, em infetados de VIH, doentes com sida em que atuam como co-infeção oportunista, e doentes com o sistema imunitário diminuído por qualquer causa ou doença crónica. Um doente com tuberculose ativa sem tratamento pode infetar entre 10 a 15 pessoas por ano. 20 6.4. Diagnóstico e evolução O diagnóstico de infeção tuberculosa baseia-se no resultado da prova da tubercolina (PT ou Mantoux), que atesta um estado de hipersensibilidade do organismo face às proteínas do bacilo da tuberculose. Esta hipersensibilidade adquire-se depois de uma infeção produzida por M. tuberculosis. A PT deve-se realizar à população que apresente uma maior probabilidade de infeção ou aos indivíduos em que se suspeite de doença tuberculosa (American Thoracic Society, 2000)1. O teste tuberculínico não é necessário em pessoas com um teste positivo prévio bem documentado ( TABELA 6-2 ). No entanto, existem situações, independentes dos possíveis erros de leitura ou deficiência da técnica aplicada, em que com a prova da tuberculina podem ocorrer falsos negativos ( TABELA 6-3 ). 6.4 .1 . Técnica IGRA (QUANTIFERON) É por isso que, atualmente se desenvolveram outras técnicas para diagnosticar a infeção tuberculosa, entre as quais se destaca o QUANTIFERON. A técnica baseia-se num método de quantificação da resposta imune e consiste em detetar a libertação de interferão gama segregado por leucócitos sensibilizados na presença de antígenos específicos do Mycobacterium tuberculosis (denominam-se técnicas IGRA) (Pai M, 2008). Esta técnica utiliza-se como primeira escolha quando existir uma vacinação prévia com BCG, se existir suspeita de infeção por micobactérias atípicas, ou nos 2. American Thoracic Society. Targeted Tuberculin Testing and Treatment of Latent Tuberculosis Infection. Am J Respir Crit Care Med. 2000 Apr; 161 (4 Pt 2): S221-47 6 Tuberculose: uma infeção bacteriana reemergente e co-infectante Tabela 6-2 Pessoas a quem se deve realizar a prova da tuberculina (PT) para detetar infeção tuberculosa Pessoas com suspeita de doença tuberculosa. Pessoas que convivem ou têm contacto direto e/ou prolongado com doentes com tuberculose pulmonar. Pessoas que em radiologia têm imagens sugestivas de tuberculose pulmonar antiga, não tratada ou tratada com índices considerados insuficientemente eficazes. Doentes com infeção VIH e doentes com sida. Tabela 6-3 Situações em que a prova da tuberculina pode apresentar falsos negativos por fatores dependentes do hospedeiro VIH, varicela, parotidite. Infeções bacterianas: Brucella, febre tifóide, formas graves de tuberculose, tuberculose disseminada e tuberculose pleural. Vacinas com vírus vivos. Pessoas incluídas nos grupos de risco de que a infeção se transforme em doença: diabetes mellitus, silicose, insuficiência renal crónica, alcoolismo, desnutrição, gastrectomia, neoplasias da cabeça, pescoço ou hematológicas, tratamento imunossupressor prolongado (transplantados, corticoterapia prolongada e antiTNF). Situações de imunossupressão como desnutrição grave, IRC. Pessoas em risco social de contrair ou transmitir a doença: trabalhadores ou residentes em instituições de saúde, prisões, lares de idosos, escolas, clínicas de desintoxicação de toxicodependentes. Idades extremas da vida: idosos e menores de seis meses. Tratamentos imunossupressores: corticoterapia prolongada, quimioterapia. Doença de órgãos linfóides. Leucemia, linfoma, sarcoidose. Adaptado de Guias clínicos Fisterra. Tuberculose. http://www.fisterra.com/guias2/tuberculosis.asp#Contenido Pessoas provenientes de regiões com elevada incidência de tuberculose. Grávidas com sintomas sugestivos de tuberculose; infeção VIH; outras doenças que aumentam o risco de tuberculose; contacto com pessoas com tuberculose pulmonar ou laríngea; imigrantes de regiões com alta incidência de tuberculose. Adaptado dos Guias clínicos Fisterra. Tuberculose. http://www.fisterra.com/guias2/tuberculosis.asp#Contenido doentes imunodeprimidos com PT negativa para excluir falsos negativos. As vantagens da técnica IGRA estão principalmente no facto de se obterem resultados em 24 horas; não aumentam os resultados em testes posteriores, o que pode ocorrer com a prova da tuberculina; a vacinação prévia com BCG e as infeções por micobatérias atípicas não afetam os resultados; e a sua sensibilidade é maior na doença tuberculosa para doentes imunodeprimidos ou malnutridos e em caso de contactos recentes com doentes transmissores (bacilíferos). 5 .4 .2. Diagnóstico específico de tuberculose pulmonar Para um diagnóstico correto de tuberculose pulmonar, é absolutamente necessário realizar culturas de amostras obtidas do doente que mostrem o crescimento de colónias de Mycobacterium tuberculosis. Se não for possível obter a confirmação bacteriológica e existir uma forte suspeita diagnóstica, a decisão de iniciar o tratamento irá basear-se no conjunto de dados clínicos, radiológicos e de laboratório. A avaliação de um doente com suspeita de tuberculose pulmonar inclui sempre uma história clínica completa, exploração física detalhada, prova da tuberculina (Mantoux), radiografia ao tórax e estudo microbiológico adequado. 6.5. Tratamento 6.5.1. Medicamentos de primeira linha Os medicamentos utilizados no tratamento de primeira linha e, por isso, de eleição para o tratamento de casos novos são: isoniazida, rifampicina, pirazinamida e estreptomicina com ação bactericida e etambutol com ação bacteriostática ( TABELA 6-4 ). Geralmente, combinam-se três medicamentos de primeira linha: rifampicina, isoniazida e pirazinamida. A decisão para a escolha de um esquema de tratamento inicial de três ou quatro fármacos é a resistência. A associação de um quarto fármaco a um tratamento inicial triplo só está indicada no caso de suspeita de resistência a algum dos fármacos habituais ou quando a taxa de resistência na população for superior a 4%. A escolha do regime terapêutico inicial tem de se basear, por isso, no conhecimento da resistência local à isoniazida e à identificação de grupos com: risco de resistência à isoniazida ou resistência múltipla à isoniazida e rifampicina. 21 Infeções por vírus respiratórios. Ameaças emergentes Tabela 6-4 D oses e esquemas de tratamento de alguns dos principais medicamentos antituberculosos Medicamento Isoniazida Rifampicina Piracinamida Estreptomicina Etambutol Dose diária 5 mg/ kg (máx. 300 mg) 10 mg/ kg (máx. 600 mg) 30-35 mg/kg <50 kg: 1,5 g 51-74 kg: 2 g >75 kg: 2,5 g 0,75 - 1 g 15 mg/kg 2 vezes por semana 15 mg/ kg (máx. 900 mg) 10 mg/ kg (máx. 600 mg) 2,5-3,5 g <50 kg: 2,5 g 51-74 kg: 3 g >75 kg: 3,5 g 0,75 - 1 g 50 mg/kg 3 vezes por semana 15 mg/ kg (máx. 900 mg) 10 mg/ kg (máx. 600 mg) 2-3 g <50 kg: 2 g 51-74 kg: 2,5 g >75 kg: 3 g 0,75 - 1 g 30 mg/kg Adaptado de Guias clínicos Fisterra. Tuberculose. http://www.fisterra.com/guias2/tuberculosis.asp#Contenido 6.5.2. Fluoroquinolonas As fluoroquinolonas demonstraram em diferentes estudos a sua eficácia no tratamento da tuberculose, mas só são usadas em pessoas com intolerância ou resistência aos medicamentos considerados de primeira linha. 6.5.3. Medicamentos de segunda linha Em segunda linha encontram-se a protionamida e a canamicina, mas considera-se que têm menos atividade e mais efeitos secundários. 6.5.4. Duração e esquemas de tratamento de tratamento Atualmente, considera-se de primeira escolha o tratamento de 6 meses: Fase inicial: duração de dois meses com uma combinação de 3 ou 4 fármacos segundo a circunstância: rifampicina, isoniazida e pirazinamida, com ou sem etambutol. ase de continuação: passados esses dois meses manF têm-se rifampicina e a isoniazida até ao sexto mês. Prolonga-se para sete meses se existir tuberculose pulmonar cavitada, cultura de expetoração positiva depois dos dois meses da fase inicial e quando não se puder utilizar a pirazinamida. Neste caso, na fase inicial (durante dois meses) administra-se rifampicina, isoniazida e etambutol ou estreptomicina, e consolida-se continuando com rifampicina e isoniazida até ao nono mês. Em alguns casos, alguns prescritores optam por tratamentos intermitentes de acordo com diferentes esquemas. Requerem uma meticulosa supervisão para assegurar o cumprimento, caso contrário não poderá assegurar-se a cura sem risco de recidiva: ratamento intermitente de 9 meses: Primeiro mês, T rifampicina, isoniazida, etambutol ou estreptomicina diário. Os outros 8 meses, rifampicina e isoniazida 2 vezes por semana. 22 ratamento intermitente de 6 meses: existem váT rios esquemas de tratamento, uns com fase inicial de administração diária e outros intermitentes desde o início, exemplo: 2 meses com isoniazida, rifampicina, pirazinamida e 4 meses com isoniazida 3 vezes por semana e rifampicina 3 vezes por semana. ratamentos alternativos, utilizados quando não T for possível utilizar simultaneamente isoniazida e rifampicina durante o tempo previsto. Estes esquemas de tratamento têm que ser avaliados pelo médico especialista. 6.5.5. Possíveis efeitos adversos dos principais medicamentos de primeira linha de tratamento da tuberculose pulmonar. Os efeitos adversos podem ser diversos, embora o mais comum e temido seja a hepatotoxicidade. I soniazida: hepatite, neuropatia periférica, reação de hipersensibilidade, febre, vertigens, convulsões, psicose, ataxia, neurite ótica, agranulocitose, ginecomastia. ifampicina: hepatite, reação de hipersensibilidaR de, intolerância digestiva, febre, trombopenia, interação medicamentosa, nefrite intersticial, síndrome gripal. Pirazinamida: hepatite, hiperuricemia, fotosensibilidade, vómitos, artralgias, hipersensibilidade cutânea. tambutol: neurite retrobulbar, artralgias, hiperuriceE mia, neuropatia periférica, reação de hipersensibilidade, trombopenia. Estreptomicina: toxicidade auditiva, vestibular e renal. 6.6.Precauções para evitar a transmissão Previne-se principalmente identificando oportunamente os doentes e assegurando a sua cura para não contagiar outras pessoas. 6 Tuberculose: uma infeção bacteriana reemergente e co-infectante 5.6.1. Medidas de prevenção entilação adequada dos locais. A vida média dos V bacilos expulsos para o ar é de seis horas. Numa habitação, a ventilação com duas substituições de ar ambiental por hora elimina 90% das partículas transportadas pelo ar, e depois de seis substituições só fica 1% dos núcleos das gotículas (recomendações SEPAR). tratamento correto dos doentes é uma das meO lhores medidas de controlo. Em três semanas, a maior parte dos doentes que tomam o tratamento adequado deixam de ser contagiosos, embora até ao segundo mês possa persistir um risco baixo de contágio. pessoa infetada deve proteger-se sempre que esA pirrar ou tossir com lenços descartáveis, para evitar que as gotículas respiratórias se evaporem para se converterem em núcleos de gotículas. s doentes devem usar máscaras cirúrgicas que taO pem a boca e o nariz, quando saírem dos seus quartos, quer seja no hospital ou em casa, e quando frequentarem espaços comuns. Isto evita a disseminação de bacilos ao falar, tossir, espirrar ou respirar. edidas de higiene e lavagem das mãos depois de M tossir. impeza dos espaços e superfícies com panos húL midos. Garantir a adesão ao tratamento. ontrolo dos contactos que o doente tenha tido C durante o período de tempo em que teve sintomas respiratórios incluindo a tosse (British Thoracic Society, 2000). Se este dado for desconhecido, devem valorizar-se os contactos durante os três meses que precederam a primeira cultura positiva, incluindo aqueles com quem vive e os contactos muito próximos (relações, visitas frequentes, contactos estreitos no local de trabalho, etc.). Vacinação. 6.7. Vacinação A BCG é uma vacina não patogénica, que se prepara a partir de bacilos vivos atenuados de Mycobacterium bovis. O seu papel na prevenção da tuberculose nos países desenvolvidos é motivo de discussão. A sua eficácia varia, segundo diversos estudos, entre 0 e 83%, embora se tenha demonstrado que reduz a incidência de tuberculose nos lactantes das zonas com alta prevalência de mortalidade por complicações graves da infeção primária. Recomenda-se a sua utilização sistemática em: aíses em desenvolvimento com altas taxas de inP feção e grande incidência de infeção precoce em crianças (taxas de infeção tuberculosa superiores a 1% no primeiro ano de vida). rianças não infetadas previamente, em zonas ou C grupos sociais com risco anual de adquirir a infeção superior a 1%. rianças de grupos de risco em países desenvolviC dos, quando outras estratégias de prevenção forem inadequadas ou impossíveis. Nos países desenvolvidos, encontra-se indicada em: rabalhadores da área da saúde ou social em contacT to frequente com doentes tuberculosos. m crianças não previamente infetadas em situação E de: -C ontacto estreito e inevitável com doentes contagiosos não tratados, mal tratados ou infetados por bacilos tuberculosos resistentes aos antibióticos usados habitualmente. -P opulações com taxas de infeção superiores a 1% anual. -G rupos com alta taxa de infeção tuberculosa e difícil acesso aos serviços de saúde. Está contra-indicada em: Imunodeficiência congénita ou adquirida, incluindo a infeção por VIH. Infeção ou doença tuberculosa prévia. Doenças gerais da pele, incluindo o eczema. Gravidez. 5.7.1. Novas vacinas Atualmente estão a investigar-se no mundo sete novas vacinas contra a tuberculose que assegurem uma maior eficácia. A que se encontra no estádio mais avançado é a que se está a desenvolver no Hospital Germans Trias i Pujol de Badalona (Barcelona, Espanha), que concluiu com êxito a fase II e será rapidamente iniciada a fase III, decisiva dado que é testada em pessoas infetadas e que será administrada nesta fase na África do Sul, onde a prevalência de estirpes resistentes é elevada. 23 Bibliografia recomendada bara S. Metapneumovirus humano: Un nuevo agente en A IRA. Neumol Pediatr. 2006; 1(1): 11-3. Aguado JM, Rufí G, García Rodríguez JF, Solera J, Moreno S. Protocolos Clínicos S.E.I.M.C. VII. Tuberculosis [Internet]. 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