Observatório Político Sul-Americano
Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro IUPERJ/UCAM
Monitor Eleitoral
07/04/2006
Pesquisas de Intenção de Voto das Eleições Presidenciais
País/Data
Candidato (Partido)
%
Peru
09/04/2006
Ollanta Humala (UPP)
Lourdes Flores (UN)
Alan García (APRA)
Brancos/nulos/indecisos
26
22
19
16
Colômbia
28/05/2006
Álvaro Uribe (Partido de la U)
Horacio Serpa (PL)
Carlos Gaviria (PDA)
56
25
9
Brasil
01/10/2006
(a)
Lula (PT)
Alckmin (PSDB)
Garotinho (PMDB)
42
23
12
(b)
Lula (PT)
Alckmin (PSDB)
Garotinho (PMDB)
43
19
14
Equador
15/10/2006(a)
León Roldós (RED)
Álvaro Noboa (PRIAN)
18
11
(b)
Álvaro Noboa (PRIAN)
León Roldós (RED)
26
21
(c)
Álvaro Noboa (PRIAN)
León Roldós (RED)
29
18
Venezuela
03/12/2006
Hugo Chávez (MVR)
Julio Borges (PJ)
Manuel Rosales (NT)
Henrique Salas Romer (PV)
49,1
11,5
6,7
3,5
Fontes: Peru, Apoyo, Opinión y Mercado, 02/04/2006; Colômbia,
Napoleón Franco y Compañía, 21/03/2006; Brasil, (a) Datafolha,
19/03/2006, e (b) IBOPE, 16/03/2006; Equador, (a) CEDATOS,
20/02/2006, (b) Santiago Pérez Investigaciones, 20/02/2006, e (c)
Consultar, 20/02/2006; Venezuela, Consultores 21, 13/03/2006
[datas de divulgação].
Monitor Eleitoral OPSA
PERU: Humala mantém liderança na reta final
A uma semana das eleições legislativas e presidenciais, o candidato nacionalista Ollanta
Humala, da União pelo Peru (UPP) lidera as pesquisas de opinião, após iniciar o mês
empatado tecnicamente com sua principal oponente, Lourdes Flores, da Unidade
Nacional (UN). Segundo a última sondagem da empresa Apoyo, Opinión y Mercado,
realizada entre os dias 29 e 31 de março, Humala contava com 26% das intenções de
voto, seguido por Flores, com 22%, e pelo ex-presidente Alan García, candidato do
Partido Aprista Peruano (APRA), com 19% – os dois últimos empatados tecnicamente.
O número de eleitores indecisos e de votos brancos e nulos somava 16%.
Quando analisadas por zonas e regiões do país, as pesquisas revelaram uma grande
fragmentação geográfica nas preferências eleitorais. Humala apresentou ótimo
desempenho nas áreas rurais do país, onde alcançou 37% dos votos válidos, e, em
especial, na região de Serra Sul, onde 54% dos votos válidos lhe foram dirigidos. Já em
Lima, 36% dos votos válidos iriam para Flores, contra apenas 21% para Humala. As
pesquisas divulgadas pelas empresas Idice del Peru, ao final de março, e pelo Instituto
de Investigações Econômicas e Sociais, da Universidade Nacional de Engenharia
(IDESCO-UNI), em meados do mês, confirmaram a liderança do candidato da UPP, que
apareceu com 28 e 28,8% da preferência popular, respectivamente. As divergências
ocorreram com relação à segunda colocação, que a Idice confere ao candidato do
APRA, com 22%, deixando em terceiro a líder da UN, com 20% das intenções. Já nas
sondagens da IDESCO-UNI, Flores obteve 24,8% dos votos, enquanto que García ficou
com 16,3%.
A incerteza no primeiro turno, com mais de 15% de votos indefinidos e empate técnico
entre o segundo e o terceiro candidatos, se estende, logicamente, aos possíveis cenários
do segundo turno. Tendo crescido seis pontos percentuais nas pesquisas da Apoyo desde
fevereiro, o ex-presidente Alan García ainda alimenta a expectativa de repetir o feito das
eleições de 2001, quando superou Flores na reta final e conquistou a vaga no segundo
turno contra o atual presidente Alejandro Toledo. Em caso de segundo turno entre
Humala e García, a última pesquisa da Apoyo apontou para um empate técnico, com o
candidato da UPP conquistando 39% dos votos, contra 37% de votos para o do APRA,
sendo a soma de votos brancos, nulos e indefinidos de 24%. Em eventual disputa entre
Humala e Flores, esta ganharia com 46% contra 38%, havendo ainda 16% de votos
2
Monitor Eleitoral OPSA
brancos e nulos e de eleitores indecisos. A candidata da UN também venceria se
disputasse a presidência do país com García, obtendo 45% contra 32%, com brancos,
nulos e indecisos somando 23%.
Com relação às eleições legislativas, a pesquisa da Apoyo mostrou o APRA com o
maior percentual de intenção de votos (19%), seguido da UN e da UPP, empatados com
16%. A Aliança para o Futuro (AF), que reúne políticos fujimoristas, alcançou 15%,
tendo crescido seis pontos percentuais ao longo das sondagens realizadas em março.
Na ausência de debate eleitoral entre os candidatos, o número de acusações recíprocas
cresceu durante o último mês de campanhas. Alan García acusou as empresas de
pesquisa de opinião de estarem omitindo informações para favorecer certos setores
políticos e econômicos, apesar de não ter identificado quais seriam as empresas e quem
seriam os beneficiados. Humala, por sua vez, denunciou que haveria fraude para
prejudicar sua candidatura, ao que a presidente do Departamento Nacional de Processos
Eleitorais (ONPE), Magdalena Chú, respondeu garantindo que haverá transparência no
processo eleitoral. O candidato da UPP vem sendo alvo de denúncias por suposta
violação de direitos humanos quando comandava uma base militar anti-subversiva em
Madre Mía, na selva amazônica. Ao final do mês, documentos divulgados pela
Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR) confirmaram a sua atuação na “Operação
Cuchara”, das Forças Armadas Peruanas, que visava pôr fim ao apoio dado pela
população local ao grupo armado Sendero Luminosos (SL) e resultou na morte de civis.
Por fim, a normalidade do processo eleitoral pode ficar comprometida na região do
Alto Huallaga, onde supostos membros remanescentes do SL ameaçaram o uso da
violência contra os moradores que saírem para votar em 09 de abril.
Intenção de voto para as eleições presidenciais no Peru
35
30
25
20
15
27
28
25
22
18
15
17
17
15
10
5
28
11
8
27
22
25
15
14
11
7
22
16
30
12
10
18
Out.
Flores
Nov.
Dez.
Humala
20
13
16
7
8
5
4
4
13/Jan.
27/Jan.
10/Fev.
Paniagua
Fonte: Apoyo, Opinión y Mercado.
3
26
23
Chávez
27
23
22
17
16
16
4
3
24/Fev.
27
22
19
2
García
24
13
0
Ago.
23
26
10/Mar.
18
6
6
5
5
17/Mar.
24/Mar.
Brancos/Nulos/Indecisos
26
22
19
16
6
5
31/Mar.
Monitor Eleitoral OPSA
Intenção de voto para as eleições legislativas no Peru
19
21 22
APRA
16 17
18
UN
16
UPP
AF
Frente de Centro
7 8
Peru Possível
11 12
9
9
15
17
6
3 4
19
18
20
Outros
0
23
20
5
10
10/Mar.
17/Mar.
15
24/Mar.
20
22
25
31/Mar.
Fonte: Apoyo, Opinión y Mercado.
PERU: Perfil dos candidatos
Ollanta Humala
O candidato da aliança União pelo Peru
(UPP), de 42 anos, é líder do Partido
Nacionalista Peruano (PNP), legenda criada
em abril de 2005 por ele e sua esposa,
Nadine
Heredia,
ambos
mestres
em
Sociologia e doutorandos em Ciência Política. Coronel reformado do Exército peruano,
Humala ficou conhecido em todo o país em 29 de outubro de 2000 quando organizou
uma rebelião em Tacna contra o governo Fujimori e a cúpula militar que o respaldava,
abrindo caminho nas Forças Armadas para a renúncia desse presidente e a legitimação
do governo de transição de Valentin Paniagua (2000-2001). Por isso, Humala foi
destituído do Exército, sendo reincorporado em 22 de dezembro de 2000 por anistia
concedida pelo Congresso peruano. Em janeiro de 2003, o então coronel foi designado
para o cargo de adido militar na embaixada do Peru em Paris, na França, onde ficou até
julho do mesmo ano, quando foi nomeado para o mesmo cargo em Seul, na Coréia do
Sul. O nome de Humala voltou a aparecer em mobilizações contra o governo em 1º de
janeiro de 2005, quando o seu irmão Antauro, do movimento etnocacerista (baseado nas
idéias do nacionalista da Guerra do Pacífico, André Cáceres, combinadas ao apelo de
representação política dos indígenas peruanos) tenta derrubar o presidente Alejandro
4
Monitor Eleitoral OPSA
Toledo. No entanto, o atual líder nas pesquisas nega participação direta no movimento
que deixou quatro mortos, ainda que tenha aproveitado o ocorrido para reforçar sua
oposição ao governo Toledo, o qual classifica como uma administração neoliberal que
retirou o Peru dos peruanos. Nesse momento, Humala já começava a deixar transparecer
suas intenções políticas, confirmadas com o lançamento de sua candidatura em
setembro de 2005, e mais tarde configuradas em seu projeto de governo que, entre
outros aspectos, propõe a nacionalização da indústria de hidrocarbonetos e uma consulta
popular prévia para a ratificação do Tratado do Livre Comércio (TLC) com os EUA. No
aspecto regional, Humala se mostra bastante a favor da integração sul-americana, tendo
recebido o apoio do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Entretanto, há um
afastamento em relação ao Chile, pois Humala defende a revisão dos limites marítimos
com esse país, bem como a reavaliação de todos os contratos comerciais com empresas
chilenas.
Lourdes Flores
A candidata à Presidência pela aliança de
direita Unidade Nacional (UN) construiu
sua carreira política no principal partido
dessa base política, o Partido Popular
Cristão
(PPC)
e
intitula-se
uma
“conservadora democrata-cristã”. Nessas
eleições, a advogada de 46 anos, solteira e
doutora em Direito pela Universidade Complutense de Madri, está concorrendo pela
segunda vez ao posto mais alto do país, tendo já passado pela disputa presidencial em
2001, junto com outro atual candidato, Alan García (APRA). Ainda em 1987, quando
estreou na política, Flores se opunha ao projeto de estatização bancária proposto pelo
então presidente Alan García. Como deputada no Congresso (1990-2000), Flores
adquiriu notoriedade no PPC apoiada pelo fundador da legenda, Luis Bedoya Reyes, e
construiu uma imagem de política incorruptível. No mesmo período, também ficou
marcada pela oposição moderada ao governo de Alberto Fujimori (1990-2000), com
cuja proposta de economia de livre mercado concordava. Nos meses finais de sua
campanha, Flores tem usado o exemplo da vitória de Michelle Bachelet, a recém eleita
presidente do Chile, para favorecer sua posição de possível primeira mulher presidente
5
Monitor Eleitoral OPSA
no Peru. Contudo, as duas são bem diferentes em seus posicionamentos e com relação
ao tipo de oposição que fizeram a governos autoritários em seus respectivos países.
Ademais, ao contrário de Bachelet, Flores não se considera uma feminista, pois diz que
a palavra soa “como uma mulher que está contra os homens”, o que em um país
conservador como o Peru significou o aumento da preferência por parte do eleitorado
feminino de todos os níveis socioeconômicos, pluralidade que a candidata buscou
preservar em seu programa de governo. Ao mesmo tempo em que se compromete a
continuar com as reformas de mercado, a candidata apresenta programas sociais para
diminuir o problema da pobreza no país. Tais reformas dependeriam, para Flores, do
crescimento macroeconômico e da manutenção de acordos comerciais com países com
grande potencial de compra para os produtos peruanos, como é o caso dos EUA. Nesse
sentido, a candidata defende a assinatura do TLC com os EUA, privilegiando as
relações comerciais com esse país frente aos projetos de integração sul-americana, ainda
que, com relação ao Chile, proponha que os problemas sejam superados com a
aceleração de um TLC com o país vizinho.
Alan García
O candidato, de 51 anos, com formação em Direito e
Ciência Política, guarda uma particularidade em relação a
seus concorrentes que é a de já ter sido presidente do
Peru, entre 1985 e 1990, pelo partido ao qual sempre
pertenceu, o Partido Aprista Peruano (APRA). Foi por
essa legenda que, com 17 anos, García ingressou na
política, tendo saído exilado do país em 1972, quatro anos
após a instauração da ditadura militar pelo General Juan
Velasco. Nessa época, fez mestrado em Direito, em
Madri, e doutorado em Ciência Política, em Paris. Ao retornar ao país, em 1979, García
foi convidado a tornar-se o secretário-geral do APRA e, por esse partido, elegeu-se o
deputado mais votado nas eleições de 1980, a primeira após a ditadura militar, o que
associou sua imagem à luta política pela democracia e pela independência real do país,
sempre aclamadas em seu discurso eleitoral. Como deputado, García fez oposição ao
presidente Fernando Belaúnde Terry (1980-1985), da Ação Popular (AP), o qual julgava
muito liberal e vinculado aos capitais externos. A oposição a Belaúnde Terry lhe rendeu
o posto de um dos políticos mais populares do país. Assim, García foi eleito presidente
6
Monitor Eleitoral OPSA
em 1985 com propostas de superação das divisões internas, tendo em vista o problema
da violência política (com a atuação do Sendero Luminoso), a revisão dos temas
tradicionais da soberania nacional frente à prevalência de negócios norte-americanos no
Peru e a promoção de reformas sob os princípios da modernização e da eficácia do
Estado. No entanto, a expectativa depositada em García, eleito com 53,1% dos votos
válidos em um pleito prejudicado pela tentativa de boicote por parte do Sendero
Luminoso, transformou-se ao fim de seu mandato em desesperança política, em um
cenário de diminuição de 6% na produção nacional, inflação recorde de 7.500%, e
devastação social deixada pela guerra civil e pelo alto índice de corrupção nas
instituições públicas. Durante o governo Fujimori, por fazer franca oposição ao
presidente, García e sua família sofreram perseguição política e se exilaram em Paris
por oito anos, até 2000. Nesse período tanto o ex-presidente como o seu partido ficaram
marginalizados politicamente não só pelo regime, mas pelo próprio povo. Somente nas
eleições de 2001, García ressurgiu politicamente. Embora tenha perdido para Alejandro
Toledo, obteve 47.5% dos votos no segundo turno, trazendo de volta a força da
oposição na política peruana. Seu programa de governo para as eleições de 2006
defende a consulta popular sobre o TLC com os EUA, a preparação do setor agrícola
para receber esse tipo de acordo e maior autonomia para os departamentos políticos
peruanos. No âmbito regional, García acredita mais na estratégia do fortalecimento
nacional para depois partir para qualquer tipo de aliança regional estratégica, como no
caso do gasoduto sul-americano.
COLÔMBIA: Base governista obtém maioria no Congresso e candidatos da
oposição à presidência da República são definidos
O resultado das eleições legislativas realizadas no último dia 12 de março parece
confirmar o favoritismo do atual presidente Álvaro Uribe para as eleições presidenciais
de maio. Com mais de 90% das mesas apuradas, o Partido Social da Unidade Nacional
(Partido de la U), do qual o Uribe é líder, obteve a maior votação no Senado, superando
as tradicionais legendas conservadora e liberal, com 20 cadeiras. O Partido Conservador
elegeu 19 senadores e se torna a segunda maior força no Senado. O Partido Liberal
(PL), de oposição a Uribe, antes a maior legenda na Casa, passou a ocupar o terceiro
lugar, com 17 cadeiras. Em seguida, em quarto lugar, a coalizão de esquerda Pólo
Democrático Alternativo (PDA) conquistou 11 vagas. Assim, do total de 102 assentos,
7
Monitor Eleitoral OPSA
dos quais dois são destinados às representações indígenas, a bancada governista terá 61,
a oposição, 28, e os independentes, 11. Apesar dos expurgos realizados pelo Partido de
la U, Mudança Radical e PL dos candidatos em suas fileiras suspeitos de envolvimento
com o paramilitarismo e com o narcotráfico, as duas agremiações que os receberam –
Convergência Cidadã e Colômbia Viva – garantiram participação no Senado, com sete e
duas cadeiras, respectivamente. Na Câmara Baixa, apesar de o PL ter obtido a maior
votação em números absolutos (18,4%), a base governista conseguiu conquistar a
maioria, elegendo 91 deputados, frente a 45 da oposição e 30 independentes.
No pleito do dia 12 também foram realizadas as consultas internas do PL e do PDA para
a escolha de seus candidatos nas eleições presidenciais de 28 de maio. Confirmando as
expectativas, Horácio Serpa concorrerá à presidência da República pelo PL, ao passo
que no PDA o escolhido foi Carlos Gaviria, contrariando as pesquisas de opinião que
apontavam a vitória de Antonio Navarro. Outro resultado inesperado das eleições foi a
derrota do ex-prefeito de Bogotá Enrique Peñalosa, que não conseguiu se eleger
senador.
Na primeira pesquisa divulgada após a definição dos candidatos à presidência, a
empresa Napoleón Franco y Compañía apontou que Uribe se reelegeria em primeiro
turno com 56% dos votos, seguido por Serpa (PL), com 25%, e Gaviria (PDA), com
9%. Perguntados sobre a hipótese de uma aliança entre Serpa e Gaviria, 55% dos
entrevistados responderam que votariam em Uribe, enquanto o candidato dessa eventual
coalizão receberia 30% dos votos. No dia 22 de março, o presidente Uribe, cuja
candidatura é apoiada pelo Partido de la U, Mudança Radical, Partido Conservador e
Colômbia Democrática, convidou todos os demais partidos políticos a formar uma
"grande coalizão" para a sua reeleição. A proposta foi classificada como um disparate
por parte de seus opositores e o Exército de Libertação Nacional (ELN), em resposta,
solicitou uma coalizão para enfrentar o presidente nas próximas eleições.
BRASIL: PSDB lança Alckmin à presidência da República e Serra ao governo de
São Paulo. PMDB permanece indefinido e STF decide pela verticalização
A definição de candidaturas, alianças e regras marcou o cenário eleitoral no Brasil
durante o mês de março. No dia 14, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB)
anunciou a escolha do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como candidato a
presidente da República nas eleições de outubro, nas quais contará com o apoio do
8
Monitor Eleitoral OPSA
Partido da Frente Liberal (PFL). Com o vencimento do prazo de desincompatibilização
em 31 de março, o prefeito de São Paulo, José Serra, renunciou ao cargo para disputar o
governo estadual pelo PSDB e oito ministros de Estado foram exonerados pelo
presidente Lula para concorrerem nas próximas eleições.
Após a definição da candidatura de Alckmin, duas pesquisas eleitorais foram
divulgadas. A sondagem do IBOPE, que consultou a população entre os dias 08 e 11,
ainda antes da definição do candidato do PSDB, revelou que o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, provável candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à reeleição, teria
43% das intenções de voto. Alckmin viria em segundo lugar, com 19%, e em terceiro
lugar, com 14%, estaria Anthony Garotinho, cuja candidatura ainda não foi confirmada
pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Neste cenário, e
considerados apenas os votos válidos, Lula alcançaria a maioria absoluta e se reelegeria
ainda em primeiro turno. Já a pesquisa do Datafolha, a primeira realizada após o
anúncio da candidatura de Alckmin, aponta para a oscilação negativa em um ponto de
Lula, que mantém a liderança com 42% das intenções de voto, e o crescimento de
Alckmin em seis pontos porcentuais, passando para 23%. Garotinho permaneceria em
terceiro lugar, com 12%. Neste panorama, haveria segundo turno entre Lula e Alckmin,
no qual o primeiro ganharia com 50%, contra 38% do candidato tucano. Apesar da
redução da distância que o separa de Lula em primeiro (caiu de 26 para 19 pontos) e
segundo turnos (caiu de 18 para 12 pontos), o governador de São Paulo ainda está longe
de alcançar a força competitiva que possuía o prefeito José Serra, o outro possível
candidato do PSDB. Na pesquisa IBOPE divulgada no dia 16 de março, última consulta
em que seu nome foi sondado, Serra estava nove pontos percentuais atrás de Lula (31%
contra 40%) e, em segundo turno, empatava tecnicamente com o atual presidente (40%
contra 44%).
9
Monitor Eleitoral OPSA
Intenção de voto para as eleições presidenciais no Brasil
50
44
40
38
36
33
32
30
20
15
16
17
16
15
12
13
12
12
13
13
17/Dez.
01/Jun.
16/Jun.
21/Jul.
10/Ago.
21/Out.
10
42
30
22
13
43
36
36
14
23
20
17
13
11
12
0
Lula
Alckmin
14/Dez.
02/Fev.
21/Fev.
Garotinho
Fonte: Datafolha
Intenção de voto para as eleições presidenciais no Brasil
50
45
40
35
30
25
20
15
10
5
0
43
38
32
22
17
20
19
14
16
Dez.
Lula
Jan.
Alckmin
Mar.
Garotinho
Brancos/Nulos/Indecisos
Fonte: IBOPE
o
Intenção de voto para o 2 turno das eleiçoes presidenciais no Brasil
60
50
40
30
20
48
49
35
31
41
37
20
22
17
10
0
Dez.
Jan.
Lula
Alckmin
Fonte: IBOPE
10
Mar.
Brancos/Nulos/Indecisos
17/Mar.
Monitor Eleitoral OPSA
VENEZUELA: Chávez ameaça reeleição até 2031 e oposição apresenta lista de
exigências para participar das eleições presidenciais de dezembro
A questão central com relação às eleições presidenciais que serão realizadas em 03 de
dezembro diz respeito à participação dos partidos da oposição que, na última eleição
legislativa, retiraram seus candidatos alegando falta de garantias para o exercício do
voto secreto. No início do mês, o presidente Hugo Chávez declarou que, caso a
oposição não apresentasse candidatos, proporia a realização de um referendo para
aprovar uma reforma constitucional prevendo a sua reeleição até 2031. No dia 14 de
março, o presidente da missão de observadores internacionais da União Européia (UE),
José Silva Peneda, em entrevista coletiva, reiterou que foram oferecidas garantias
necessárias de transparência na última eleição legislativa e avaliou positivamente a
atuação do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mas salientou a necessidade de restaurar
a confiança dos cidadãos no sistema eleitoral.
As diversas organizações e partidos políticos que se opõem ao governo de Chávez vêm
alegando, desde a sua retirada do pleito de dezembro de 2005, que o CNE não oferece
garantias suficientes de transparência no processo eleitoral. Nesse sentido, o grupo
Ponto de Encontro, que reúne várias organizações opositoras ao governo – Ação
Democrática, Movimento Federal, Aliança Agropecuária, Bandeira Vermelha, Esquerda
Democrática, Gente do Petróleo, Democracia 21, Pólo Democrático, entre outros –
entregou ao órgão eleitoral um documento com dez exigências para sua participação no
próximo pleito. Dentre as condições, destacam-se a eleição de nova diretoria para o
CNE; a prevalência da contagem manual dos comprovantes de voto sobre os resultados
emitidos pelo sistema eletrônico de votação; e a divulgação do registro eleitoral
nacional, com a inclusão do endereço dos eleitores. O presidente do CNE, Jorge
Rodríguez, anunciou que não tentará se reeleger, o que foi interpretado como uma
vitória por parte da sociedade civil.
Na pesquisa de intenção de voto para as eleições presidenciais divulgada em março pelo
jornal El Universal e realizada pela empresa Consultores 21, o presidente Hugo Chávez,
do Movimento V República (MVR), obteve 49,1% das intenções de voto. Dentre os 12
nomes de possíveis candidatos da oposição contemplados pela pesquisa, Julio Borges,
do partido Primeiro Justiça (PJ), concentrou o maior percentual, com 11,5%, seguido do
governador de Zulia e fundador do Um Novo Tempo (NT), Manuel Rosales, com 6,7%,
11
Monitor Eleitoral OPSA
e Henrique Salas Romer, do Projeto Venezuela (PV), com 3,5%. Consultados com
relação a um cenário de disputa entre Chávez e um único candidato adversário (não
identificado), 53,8% dos eleitores venezuelanos escolheriam o atual presidente, 37,2%,
o seu opositor, e 9% não responderam ou se disseram indecisos. A pesquisa também
revelou que 96% das pessoas que confiam na oposição concordam com a realização de
eleições primárias para designar um candidato único nas eleições de dezembro. A
respeito do nível de confiança na transparência do processo eleitoral, 49% dos
entrevistados consideraram que na Venezuela não se respeita o voto dos eleitores,
enquanto 48% afirmaram que o voto é respeitado; 50% defenderam a contagem manual
de votos e 47% consideraram que o mecanismo automatizado deve ser preservado; 49%
atribuíram caráter parcial ao CNE, ao passo que 45% declararam que o órgão é
imparcial.
EQUADOR: Com aproximação das eleições, partidos definem seus candidatos
No Equador, onde as eleições gerais estão marcadas para 15 de outubro, os nomes dos
candidatos que concorrerão à presidência e suas eventuais alianças começam a ser
definidos. Ao início de março, o ex-presidente equatoriano e candidato à Presidência
pelo Partido Sociedade Patriótica (PSP), Lúcio Gutiérrez, teve sua prisão revogada pela
Corte Superior de Justiça (CSJ) de Quito. Contudo, Gutiérrez, que estava detido desde
outubro de 2005 sob a acusação de atentar contra a segurança do Estado, ainda responde
a uma série de outros processos, como peculato, corrupção e malversação de fundos.
Além disso, sua candidatura é tida por muitos como ilegal, tendo em vista que a
reeleição não é permitida no Equador.
Já a Esquerda Democrática (ID) definiu, em 31 de março, a sua chapa para as eleições
presidenciais, com Leon Roldós, do movimento de centro-esquerda da Rede Ética e
Democracia (RED), como candidato a presidente, e Ramiro González, da ID, para vicepresidente. A aliança entre os partidos resultou em um documento conjunto no qual
foram estabelecidos os principais eixos da campanha: autoridade, honestidade,
transparência e combate à corrupção. Roldós, que já anunciou que pretende governar
por quatro anos, defende o pedido de indenização pelo Plano Colômbia ao país vizinho
e a realização de uma auditoria no convênio mantido com os EUA para o uso da base
militar de Manta, além de prometer crescimento econômico de 6% ao ano e inflação de
2%.
12
Monitor Eleitoral OPSA
Apesar de dezesseis partidos já terem apresentado seus pré-candidatos (veja tabela
abaixo), ainda permanece indefinido o posicionamento do Movimento de Unidade
Plurinacional Pachakutik - Novo País (MUPP-NP). O partido, com grande força política
no Equador, aguarda a realização de um congresso extraordinário em abril para definir a
sua participação no próximo pleito. As divergências se dão entre aqueles que preferem
não lançar candidatos, os que defendem uma candidatura própria do partido e aqueles
que aceitam a formação de aliança eleitoral para chegar à presidência. Nesse caso, o
candidato mais provável seria o ex-ministro da Economia do governo Gutiérrez, Rafael
Correa, do movimento Aliança País.
Nos meses de janeiro e fevereiro, com as candidaturas ainda pouco definidas, quatro
diferentes institutos divulgaram pesquisas em que a liderança na preferência dos
eleitores se alterna entre León Roldós, então candidato da RED, sem a aliança com a ID,
e o empresário Álvaro Noboa, do Partido Renovador Institucional Ação Nacional
(PRIAN). Nas pesquisas realizadas pelo Centro de Estudios y Datos (CEDATOS),
afiliado ao Gallup Internacional, Roldós liderava em janeiro com 26% das intenções de
voto e caiu para 18% em fevereiro. Álvaro Noboa passou de 14% em janeiro para 11%
em fevereiro, enquanto o percentual de votos brancos, nulos e de eleitores indecisos
passou de 16% para 39%. As pesquisas do CEDATOS apontam a possível candidata do
Partido Social Cristão (PSC), Cynthia Viteri, em terceiro lugar, com 10% dos votos em
fevereiro. Gutiérrez aparece em quarto lugar, com 6% das intenções de voto em
fevereiro. A profunda divisão política entre a capital Quito e a cidade costeira de
Guaiaquil, outro fator a ser considerado no cenário eleitoral equatoriano, ficou
evidenciada na pesquisa realizada pelo instituto Informe Confidencial ao início de
fevereiro. O magnata Noboa obteve 28% dos votos em Guaiaquil e apenas 6% em
Quito, enquanto o seu possível adversário, León Roldós, possuía um eleitorado mais
estável, alcançando 23% em Guaiaquil e 20% na capital. A disparidade regional
também é sentida no caso de Cynthia Viteri, que obteve 17% dos votos em Guaiaquil e
somente 6% em Quito.
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Monitor Eleitoral OPSA
EQUADOR
Partido
Esquerda Democrática (ID) e Rede Ética e
Democracia (RED)
Partido Sociedade Patriótica (PSP)
Concentração de Forças Populares (CFP)
Partido Social Cristão (PSC)
Partido Renovador Institucional Ação Nacional
(PRIAN)
Partido Roldosista Equatoriano (PRE)
Movimento Popular Democrático (MPD)
Partido Socialista Frente Ampla (PSFA)
Movimento Pátria Altiva e Soberana (PAIS)
Movimento Restauração Evangélica
Movimento Gente Comum
Aliança Terceira República
Movimento Eclético
Movimento Liberdade Cidadã
Movimento Justiça Social para Você
Pré-candidato
Leon Roldós
Lúcio Gutiérrez
Jaime Damerval
Cynthia Viteri
Álvaro Noboa
Humbero Guillem
Luis Villacis
Enrique Ayala Mora
Rafael Correa
Franklin Yunda
Eduardo Delgado
Marcelo Larrea
Carlos Sagnay
Carlos Solórzano
Carlos Tambo
JORNAIS
Brasil
Peru
Folha de S. Paulo
El Comercio
O Globo
La Republica
Colômbia
Venezuela
El Pais
El Universal
El Tiempo
Panorama
Equador
El Comercio
El Universo
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Monitor Eleitoral OPSA
INSTITUTOS DE PESQUISAS ELEITORAIS E BANCOS DE DADOS
Apoyo, Opinión y Mercado
www.apoyo.com
Datafolha Instituto de Pesquisas
http://www1.folha.uol.com.br/folha/datafolha/
IBOPE
www.ibope.com.br
Latin News
www.latinnews.com
Centro de Estudios y
(CEDATOS)
http://www.cedatos.com.ec
Datos
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