Observatório Político Sul-Americano Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro IUPERJ/UCAM Monitor Eleitoral 07/04/2006 Pesquisas de Intenção de Voto das Eleições Presidenciais País/Data Candidato (Partido) % Peru 09/04/2006 Ollanta Humala (UPP) Lourdes Flores (UN) Alan García (APRA) Brancos/nulos/indecisos 26 22 19 16 Colômbia 28/05/2006 Álvaro Uribe (Partido de la U) Horacio Serpa (PL) Carlos Gaviria (PDA) 56 25 9 Brasil 01/10/2006 (a) Lula (PT) Alckmin (PSDB) Garotinho (PMDB) 42 23 12 (b) Lula (PT) Alckmin (PSDB) Garotinho (PMDB) 43 19 14 Equador 15/10/2006(a) León Roldós (RED) Álvaro Noboa (PRIAN) 18 11 (b) Álvaro Noboa (PRIAN) León Roldós (RED) 26 21 (c) Álvaro Noboa (PRIAN) León Roldós (RED) 29 18 Venezuela 03/12/2006 Hugo Chávez (MVR) Julio Borges (PJ) Manuel Rosales (NT) Henrique Salas Romer (PV) 49,1 11,5 6,7 3,5 Fontes: Peru, Apoyo, Opinión y Mercado, 02/04/2006; Colômbia, Napoleón Franco y Compañía, 21/03/2006; Brasil, (a) Datafolha, 19/03/2006, e (b) IBOPE, 16/03/2006; Equador, (a) CEDATOS, 20/02/2006, (b) Santiago Pérez Investigaciones, 20/02/2006, e (c) Consultar, 20/02/2006; Venezuela, Consultores 21, 13/03/2006 [datas de divulgação]. Monitor Eleitoral OPSA PERU: Humala mantém liderança na reta final A uma semana das eleições legislativas e presidenciais, o candidato nacionalista Ollanta Humala, da União pelo Peru (UPP) lidera as pesquisas de opinião, após iniciar o mês empatado tecnicamente com sua principal oponente, Lourdes Flores, da Unidade Nacional (UN). Segundo a última sondagem da empresa Apoyo, Opinión y Mercado, realizada entre os dias 29 e 31 de março, Humala contava com 26% das intenções de voto, seguido por Flores, com 22%, e pelo ex-presidente Alan García, candidato do Partido Aprista Peruano (APRA), com 19% – os dois últimos empatados tecnicamente. O número de eleitores indecisos e de votos brancos e nulos somava 16%. Quando analisadas por zonas e regiões do país, as pesquisas revelaram uma grande fragmentação geográfica nas preferências eleitorais. Humala apresentou ótimo desempenho nas áreas rurais do país, onde alcançou 37% dos votos válidos, e, em especial, na região de Serra Sul, onde 54% dos votos válidos lhe foram dirigidos. Já em Lima, 36% dos votos válidos iriam para Flores, contra apenas 21% para Humala. As pesquisas divulgadas pelas empresas Idice del Peru, ao final de março, e pelo Instituto de Investigações Econômicas e Sociais, da Universidade Nacional de Engenharia (IDESCO-UNI), em meados do mês, confirmaram a liderança do candidato da UPP, que apareceu com 28 e 28,8% da preferência popular, respectivamente. As divergências ocorreram com relação à segunda colocação, que a Idice confere ao candidato do APRA, com 22%, deixando em terceiro a líder da UN, com 20% das intenções. Já nas sondagens da IDESCO-UNI, Flores obteve 24,8% dos votos, enquanto que García ficou com 16,3%. A incerteza no primeiro turno, com mais de 15% de votos indefinidos e empate técnico entre o segundo e o terceiro candidatos, se estende, logicamente, aos possíveis cenários do segundo turno. Tendo crescido seis pontos percentuais nas pesquisas da Apoyo desde fevereiro, o ex-presidente Alan García ainda alimenta a expectativa de repetir o feito das eleições de 2001, quando superou Flores na reta final e conquistou a vaga no segundo turno contra o atual presidente Alejandro Toledo. Em caso de segundo turno entre Humala e García, a última pesquisa da Apoyo apontou para um empate técnico, com o candidato da UPP conquistando 39% dos votos, contra 37% de votos para o do APRA, sendo a soma de votos brancos, nulos e indefinidos de 24%. Em eventual disputa entre Humala e Flores, esta ganharia com 46% contra 38%, havendo ainda 16% de votos 2 Monitor Eleitoral OPSA brancos e nulos e de eleitores indecisos. A candidata da UN também venceria se disputasse a presidência do país com García, obtendo 45% contra 32%, com brancos, nulos e indecisos somando 23%. Com relação às eleições legislativas, a pesquisa da Apoyo mostrou o APRA com o maior percentual de intenção de votos (19%), seguido da UN e da UPP, empatados com 16%. A Aliança para o Futuro (AF), que reúne políticos fujimoristas, alcançou 15%, tendo crescido seis pontos percentuais ao longo das sondagens realizadas em março. Na ausência de debate eleitoral entre os candidatos, o número de acusações recíprocas cresceu durante o último mês de campanhas. Alan García acusou as empresas de pesquisa de opinião de estarem omitindo informações para favorecer certos setores políticos e econômicos, apesar de não ter identificado quais seriam as empresas e quem seriam os beneficiados. Humala, por sua vez, denunciou que haveria fraude para prejudicar sua candidatura, ao que a presidente do Departamento Nacional de Processos Eleitorais (ONPE), Magdalena Chú, respondeu garantindo que haverá transparência no processo eleitoral. O candidato da UPP vem sendo alvo de denúncias por suposta violação de direitos humanos quando comandava uma base militar anti-subversiva em Madre Mía, na selva amazônica. Ao final do mês, documentos divulgados pela Comissão de Verdade e Reconciliação (CVR) confirmaram a sua atuação na “Operação Cuchara”, das Forças Armadas Peruanas, que visava pôr fim ao apoio dado pela população local ao grupo armado Sendero Luminosos (SL) e resultou na morte de civis. Por fim, a normalidade do processo eleitoral pode ficar comprometida na região do Alto Huallaga, onde supostos membros remanescentes do SL ameaçaram o uso da violência contra os moradores que saírem para votar em 09 de abril. Intenção de voto para as eleições presidenciais no Peru 35 30 25 20 15 27 28 25 22 18 15 17 17 15 10 5 28 11 8 27 22 25 15 14 11 7 22 16 30 12 10 18 Out. Flores Nov. Dez. Humala 20 13 16 7 8 5 4 4 13/Jan. 27/Jan. 10/Fev. Paniagua Fonte: Apoyo, Opinión y Mercado. 3 26 23 Chávez 27 23 22 17 16 16 4 3 24/Fev. 27 22 19 2 García 24 13 0 Ago. 23 26 10/Mar. 18 6 6 5 5 17/Mar. 24/Mar. Brancos/Nulos/Indecisos 26 22 19 16 6 5 31/Mar. Monitor Eleitoral OPSA Intenção de voto para as eleições legislativas no Peru 19 21 22 APRA 16 17 18 UN 16 UPP AF Frente de Centro 7 8 Peru Possível 11 12 9 9 15 17 6 3 4 19 18 20 Outros 0 23 20 5 10 10/Mar. 17/Mar. 15 24/Mar. 20 22 25 31/Mar. Fonte: Apoyo, Opinión y Mercado. PERU: Perfil dos candidatos Ollanta Humala O candidato da aliança União pelo Peru (UPP), de 42 anos, é líder do Partido Nacionalista Peruano (PNP), legenda criada em abril de 2005 por ele e sua esposa, Nadine Heredia, ambos mestres em Sociologia e doutorandos em Ciência Política. Coronel reformado do Exército peruano, Humala ficou conhecido em todo o país em 29 de outubro de 2000 quando organizou uma rebelião em Tacna contra o governo Fujimori e a cúpula militar que o respaldava, abrindo caminho nas Forças Armadas para a renúncia desse presidente e a legitimação do governo de transição de Valentin Paniagua (2000-2001). Por isso, Humala foi destituído do Exército, sendo reincorporado em 22 de dezembro de 2000 por anistia concedida pelo Congresso peruano. Em janeiro de 2003, o então coronel foi designado para o cargo de adido militar na embaixada do Peru em Paris, na França, onde ficou até julho do mesmo ano, quando foi nomeado para o mesmo cargo em Seul, na Coréia do Sul. O nome de Humala voltou a aparecer em mobilizações contra o governo em 1º de janeiro de 2005, quando o seu irmão Antauro, do movimento etnocacerista (baseado nas idéias do nacionalista da Guerra do Pacífico, André Cáceres, combinadas ao apelo de representação política dos indígenas peruanos) tenta derrubar o presidente Alejandro 4 Monitor Eleitoral OPSA Toledo. No entanto, o atual líder nas pesquisas nega participação direta no movimento que deixou quatro mortos, ainda que tenha aproveitado o ocorrido para reforçar sua oposição ao governo Toledo, o qual classifica como uma administração neoliberal que retirou o Peru dos peruanos. Nesse momento, Humala já começava a deixar transparecer suas intenções políticas, confirmadas com o lançamento de sua candidatura em setembro de 2005, e mais tarde configuradas em seu projeto de governo que, entre outros aspectos, propõe a nacionalização da indústria de hidrocarbonetos e uma consulta popular prévia para a ratificação do Tratado do Livre Comércio (TLC) com os EUA. No aspecto regional, Humala se mostra bastante a favor da integração sul-americana, tendo recebido o apoio do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Entretanto, há um afastamento em relação ao Chile, pois Humala defende a revisão dos limites marítimos com esse país, bem como a reavaliação de todos os contratos comerciais com empresas chilenas. Lourdes Flores A candidata à Presidência pela aliança de direita Unidade Nacional (UN) construiu sua carreira política no principal partido dessa base política, o Partido Popular Cristão (PPC) e intitula-se uma “conservadora democrata-cristã”. Nessas eleições, a advogada de 46 anos, solteira e doutora em Direito pela Universidade Complutense de Madri, está concorrendo pela segunda vez ao posto mais alto do país, tendo já passado pela disputa presidencial em 2001, junto com outro atual candidato, Alan García (APRA). Ainda em 1987, quando estreou na política, Flores se opunha ao projeto de estatização bancária proposto pelo então presidente Alan García. Como deputada no Congresso (1990-2000), Flores adquiriu notoriedade no PPC apoiada pelo fundador da legenda, Luis Bedoya Reyes, e construiu uma imagem de política incorruptível. No mesmo período, também ficou marcada pela oposição moderada ao governo de Alberto Fujimori (1990-2000), com cuja proposta de economia de livre mercado concordava. Nos meses finais de sua campanha, Flores tem usado o exemplo da vitória de Michelle Bachelet, a recém eleita presidente do Chile, para favorecer sua posição de possível primeira mulher presidente 5 Monitor Eleitoral OPSA no Peru. Contudo, as duas são bem diferentes em seus posicionamentos e com relação ao tipo de oposição que fizeram a governos autoritários em seus respectivos países. Ademais, ao contrário de Bachelet, Flores não se considera uma feminista, pois diz que a palavra soa “como uma mulher que está contra os homens”, o que em um país conservador como o Peru significou o aumento da preferência por parte do eleitorado feminino de todos os níveis socioeconômicos, pluralidade que a candidata buscou preservar em seu programa de governo. Ao mesmo tempo em que se compromete a continuar com as reformas de mercado, a candidata apresenta programas sociais para diminuir o problema da pobreza no país. Tais reformas dependeriam, para Flores, do crescimento macroeconômico e da manutenção de acordos comerciais com países com grande potencial de compra para os produtos peruanos, como é o caso dos EUA. Nesse sentido, a candidata defende a assinatura do TLC com os EUA, privilegiando as relações comerciais com esse país frente aos projetos de integração sul-americana, ainda que, com relação ao Chile, proponha que os problemas sejam superados com a aceleração de um TLC com o país vizinho. Alan García O candidato, de 51 anos, com formação em Direito e Ciência Política, guarda uma particularidade em relação a seus concorrentes que é a de já ter sido presidente do Peru, entre 1985 e 1990, pelo partido ao qual sempre pertenceu, o Partido Aprista Peruano (APRA). Foi por essa legenda que, com 17 anos, García ingressou na política, tendo saído exilado do país em 1972, quatro anos após a instauração da ditadura militar pelo General Juan Velasco. Nessa época, fez mestrado em Direito, em Madri, e doutorado em Ciência Política, em Paris. Ao retornar ao país, em 1979, García foi convidado a tornar-se o secretário-geral do APRA e, por esse partido, elegeu-se o deputado mais votado nas eleições de 1980, a primeira após a ditadura militar, o que associou sua imagem à luta política pela democracia e pela independência real do país, sempre aclamadas em seu discurso eleitoral. Como deputado, García fez oposição ao presidente Fernando Belaúnde Terry (1980-1985), da Ação Popular (AP), o qual julgava muito liberal e vinculado aos capitais externos. A oposição a Belaúnde Terry lhe rendeu o posto de um dos políticos mais populares do país. Assim, García foi eleito presidente 6 Monitor Eleitoral OPSA em 1985 com propostas de superação das divisões internas, tendo em vista o problema da violência política (com a atuação do Sendero Luminoso), a revisão dos temas tradicionais da soberania nacional frente à prevalência de negócios norte-americanos no Peru e a promoção de reformas sob os princípios da modernização e da eficácia do Estado. No entanto, a expectativa depositada em García, eleito com 53,1% dos votos válidos em um pleito prejudicado pela tentativa de boicote por parte do Sendero Luminoso, transformou-se ao fim de seu mandato em desesperança política, em um cenário de diminuição de 6% na produção nacional, inflação recorde de 7.500%, e devastação social deixada pela guerra civil e pelo alto índice de corrupção nas instituições públicas. Durante o governo Fujimori, por fazer franca oposição ao presidente, García e sua família sofreram perseguição política e se exilaram em Paris por oito anos, até 2000. Nesse período tanto o ex-presidente como o seu partido ficaram marginalizados politicamente não só pelo regime, mas pelo próprio povo. Somente nas eleições de 2001, García ressurgiu politicamente. Embora tenha perdido para Alejandro Toledo, obteve 47.5% dos votos no segundo turno, trazendo de volta a força da oposição na política peruana. Seu programa de governo para as eleições de 2006 defende a consulta popular sobre o TLC com os EUA, a preparação do setor agrícola para receber esse tipo de acordo e maior autonomia para os departamentos políticos peruanos. No âmbito regional, García acredita mais na estratégia do fortalecimento nacional para depois partir para qualquer tipo de aliança regional estratégica, como no caso do gasoduto sul-americano. COLÔMBIA: Base governista obtém maioria no Congresso e candidatos da oposição à presidência da República são definidos O resultado das eleições legislativas realizadas no último dia 12 de março parece confirmar o favoritismo do atual presidente Álvaro Uribe para as eleições presidenciais de maio. Com mais de 90% das mesas apuradas, o Partido Social da Unidade Nacional (Partido de la U), do qual o Uribe é líder, obteve a maior votação no Senado, superando as tradicionais legendas conservadora e liberal, com 20 cadeiras. O Partido Conservador elegeu 19 senadores e se torna a segunda maior força no Senado. O Partido Liberal (PL), de oposição a Uribe, antes a maior legenda na Casa, passou a ocupar o terceiro lugar, com 17 cadeiras. Em seguida, em quarto lugar, a coalizão de esquerda Pólo Democrático Alternativo (PDA) conquistou 11 vagas. Assim, do total de 102 assentos, 7 Monitor Eleitoral OPSA dos quais dois são destinados às representações indígenas, a bancada governista terá 61, a oposição, 28, e os independentes, 11. Apesar dos expurgos realizados pelo Partido de la U, Mudança Radical e PL dos candidatos em suas fileiras suspeitos de envolvimento com o paramilitarismo e com o narcotráfico, as duas agremiações que os receberam – Convergência Cidadã e Colômbia Viva – garantiram participação no Senado, com sete e duas cadeiras, respectivamente. Na Câmara Baixa, apesar de o PL ter obtido a maior votação em números absolutos (18,4%), a base governista conseguiu conquistar a maioria, elegendo 91 deputados, frente a 45 da oposição e 30 independentes. No pleito do dia 12 também foram realizadas as consultas internas do PL e do PDA para a escolha de seus candidatos nas eleições presidenciais de 28 de maio. Confirmando as expectativas, Horácio Serpa concorrerá à presidência da República pelo PL, ao passo que no PDA o escolhido foi Carlos Gaviria, contrariando as pesquisas de opinião que apontavam a vitória de Antonio Navarro. Outro resultado inesperado das eleições foi a derrota do ex-prefeito de Bogotá Enrique Peñalosa, que não conseguiu se eleger senador. Na primeira pesquisa divulgada após a definição dos candidatos à presidência, a empresa Napoleón Franco y Compañía apontou que Uribe se reelegeria em primeiro turno com 56% dos votos, seguido por Serpa (PL), com 25%, e Gaviria (PDA), com 9%. Perguntados sobre a hipótese de uma aliança entre Serpa e Gaviria, 55% dos entrevistados responderam que votariam em Uribe, enquanto o candidato dessa eventual coalizão receberia 30% dos votos. No dia 22 de março, o presidente Uribe, cuja candidatura é apoiada pelo Partido de la U, Mudança Radical, Partido Conservador e Colômbia Democrática, convidou todos os demais partidos políticos a formar uma "grande coalizão" para a sua reeleição. A proposta foi classificada como um disparate por parte de seus opositores e o Exército de Libertação Nacional (ELN), em resposta, solicitou uma coalizão para enfrentar o presidente nas próximas eleições. BRASIL: PSDB lança Alckmin à presidência da República e Serra ao governo de São Paulo. PMDB permanece indefinido e STF decide pela verticalização A definição de candidaturas, alianças e regras marcou o cenário eleitoral no Brasil durante o mês de março. No dia 14, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) anunciou a escolha do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, como candidato a presidente da República nas eleições de outubro, nas quais contará com o apoio do 8 Monitor Eleitoral OPSA Partido da Frente Liberal (PFL). Com o vencimento do prazo de desincompatibilização em 31 de março, o prefeito de São Paulo, José Serra, renunciou ao cargo para disputar o governo estadual pelo PSDB e oito ministros de Estado foram exonerados pelo presidente Lula para concorrerem nas próximas eleições. Após a definição da candidatura de Alckmin, duas pesquisas eleitorais foram divulgadas. A sondagem do IBOPE, que consultou a população entre os dias 08 e 11, ainda antes da definição do candidato do PSDB, revelou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, provável candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à reeleição, teria 43% das intenções de voto. Alckmin viria em segundo lugar, com 19%, e em terceiro lugar, com 14%, estaria Anthony Garotinho, cuja candidatura ainda não foi confirmada pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Neste cenário, e considerados apenas os votos válidos, Lula alcançaria a maioria absoluta e se reelegeria ainda em primeiro turno. Já a pesquisa do Datafolha, a primeira realizada após o anúncio da candidatura de Alckmin, aponta para a oscilação negativa em um ponto de Lula, que mantém a liderança com 42% das intenções de voto, e o crescimento de Alckmin em seis pontos porcentuais, passando para 23%. Garotinho permaneceria em terceiro lugar, com 12%. Neste panorama, haveria segundo turno entre Lula e Alckmin, no qual o primeiro ganharia com 50%, contra 38% do candidato tucano. Apesar da redução da distância que o separa de Lula em primeiro (caiu de 26 para 19 pontos) e segundo turnos (caiu de 18 para 12 pontos), o governador de São Paulo ainda está longe de alcançar a força competitiva que possuía o prefeito José Serra, o outro possível candidato do PSDB. Na pesquisa IBOPE divulgada no dia 16 de março, última consulta em que seu nome foi sondado, Serra estava nove pontos percentuais atrás de Lula (31% contra 40%) e, em segundo turno, empatava tecnicamente com o atual presidente (40% contra 44%). 9 Monitor Eleitoral OPSA Intenção de voto para as eleições presidenciais no Brasil 50 44 40 38 36 33 32 30 20 15 16 17 16 15 12 13 12 12 13 13 17/Dez. 01/Jun. 16/Jun. 21/Jul. 10/Ago. 21/Out. 10 42 30 22 13 43 36 36 14 23 20 17 13 11 12 0 Lula Alckmin 14/Dez. 02/Fev. 21/Fev. Garotinho Fonte: Datafolha Intenção de voto para as eleições presidenciais no Brasil 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 43 38 32 22 17 20 19 14 16 Dez. Lula Jan. Alckmin Mar. Garotinho Brancos/Nulos/Indecisos Fonte: IBOPE o Intenção de voto para o 2 turno das eleiçoes presidenciais no Brasil 60 50 40 30 20 48 49 35 31 41 37 20 22 17 10 0 Dez. Jan. Lula Alckmin Fonte: IBOPE 10 Mar. Brancos/Nulos/Indecisos 17/Mar. Monitor Eleitoral OPSA VENEZUELA: Chávez ameaça reeleição até 2031 e oposição apresenta lista de exigências para participar das eleições presidenciais de dezembro A questão central com relação às eleições presidenciais que serão realizadas em 03 de dezembro diz respeito à participação dos partidos da oposição que, na última eleição legislativa, retiraram seus candidatos alegando falta de garantias para o exercício do voto secreto. No início do mês, o presidente Hugo Chávez declarou que, caso a oposição não apresentasse candidatos, proporia a realização de um referendo para aprovar uma reforma constitucional prevendo a sua reeleição até 2031. No dia 14 de março, o presidente da missão de observadores internacionais da União Européia (UE), José Silva Peneda, em entrevista coletiva, reiterou que foram oferecidas garantias necessárias de transparência na última eleição legislativa e avaliou positivamente a atuação do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), mas salientou a necessidade de restaurar a confiança dos cidadãos no sistema eleitoral. As diversas organizações e partidos políticos que se opõem ao governo de Chávez vêm alegando, desde a sua retirada do pleito de dezembro de 2005, que o CNE não oferece garantias suficientes de transparência no processo eleitoral. Nesse sentido, o grupo Ponto de Encontro, que reúne várias organizações opositoras ao governo – Ação Democrática, Movimento Federal, Aliança Agropecuária, Bandeira Vermelha, Esquerda Democrática, Gente do Petróleo, Democracia 21, Pólo Democrático, entre outros – entregou ao órgão eleitoral um documento com dez exigências para sua participação no próximo pleito. Dentre as condições, destacam-se a eleição de nova diretoria para o CNE; a prevalência da contagem manual dos comprovantes de voto sobre os resultados emitidos pelo sistema eletrônico de votação; e a divulgação do registro eleitoral nacional, com a inclusão do endereço dos eleitores. O presidente do CNE, Jorge Rodríguez, anunciou que não tentará se reeleger, o que foi interpretado como uma vitória por parte da sociedade civil. Na pesquisa de intenção de voto para as eleições presidenciais divulgada em março pelo jornal El Universal e realizada pela empresa Consultores 21, o presidente Hugo Chávez, do Movimento V República (MVR), obteve 49,1% das intenções de voto. Dentre os 12 nomes de possíveis candidatos da oposição contemplados pela pesquisa, Julio Borges, do partido Primeiro Justiça (PJ), concentrou o maior percentual, com 11,5%, seguido do governador de Zulia e fundador do Um Novo Tempo (NT), Manuel Rosales, com 6,7%, 11 Monitor Eleitoral OPSA e Henrique Salas Romer, do Projeto Venezuela (PV), com 3,5%. Consultados com relação a um cenário de disputa entre Chávez e um único candidato adversário (não identificado), 53,8% dos eleitores venezuelanos escolheriam o atual presidente, 37,2%, o seu opositor, e 9% não responderam ou se disseram indecisos. A pesquisa também revelou que 96% das pessoas que confiam na oposição concordam com a realização de eleições primárias para designar um candidato único nas eleições de dezembro. A respeito do nível de confiança na transparência do processo eleitoral, 49% dos entrevistados consideraram que na Venezuela não se respeita o voto dos eleitores, enquanto 48% afirmaram que o voto é respeitado; 50% defenderam a contagem manual de votos e 47% consideraram que o mecanismo automatizado deve ser preservado; 49% atribuíram caráter parcial ao CNE, ao passo que 45% declararam que o órgão é imparcial. EQUADOR: Com aproximação das eleições, partidos definem seus candidatos No Equador, onde as eleições gerais estão marcadas para 15 de outubro, os nomes dos candidatos que concorrerão à presidência e suas eventuais alianças começam a ser definidos. Ao início de março, o ex-presidente equatoriano e candidato à Presidência pelo Partido Sociedade Patriótica (PSP), Lúcio Gutiérrez, teve sua prisão revogada pela Corte Superior de Justiça (CSJ) de Quito. Contudo, Gutiérrez, que estava detido desde outubro de 2005 sob a acusação de atentar contra a segurança do Estado, ainda responde a uma série de outros processos, como peculato, corrupção e malversação de fundos. Além disso, sua candidatura é tida por muitos como ilegal, tendo em vista que a reeleição não é permitida no Equador. Já a Esquerda Democrática (ID) definiu, em 31 de março, a sua chapa para as eleições presidenciais, com Leon Roldós, do movimento de centro-esquerda da Rede Ética e Democracia (RED), como candidato a presidente, e Ramiro González, da ID, para vicepresidente. A aliança entre os partidos resultou em um documento conjunto no qual foram estabelecidos os principais eixos da campanha: autoridade, honestidade, transparência e combate à corrupção. Roldós, que já anunciou que pretende governar por quatro anos, defende o pedido de indenização pelo Plano Colômbia ao país vizinho e a realização de uma auditoria no convênio mantido com os EUA para o uso da base militar de Manta, além de prometer crescimento econômico de 6% ao ano e inflação de 2%. 12 Monitor Eleitoral OPSA Apesar de dezesseis partidos já terem apresentado seus pré-candidatos (veja tabela abaixo), ainda permanece indefinido o posicionamento do Movimento de Unidade Plurinacional Pachakutik - Novo País (MUPP-NP). O partido, com grande força política no Equador, aguarda a realização de um congresso extraordinário em abril para definir a sua participação no próximo pleito. As divergências se dão entre aqueles que preferem não lançar candidatos, os que defendem uma candidatura própria do partido e aqueles que aceitam a formação de aliança eleitoral para chegar à presidência. Nesse caso, o candidato mais provável seria o ex-ministro da Economia do governo Gutiérrez, Rafael Correa, do movimento Aliança País. Nos meses de janeiro e fevereiro, com as candidaturas ainda pouco definidas, quatro diferentes institutos divulgaram pesquisas em que a liderança na preferência dos eleitores se alterna entre León Roldós, então candidato da RED, sem a aliança com a ID, e o empresário Álvaro Noboa, do Partido Renovador Institucional Ação Nacional (PRIAN). Nas pesquisas realizadas pelo Centro de Estudios y Datos (CEDATOS), afiliado ao Gallup Internacional, Roldós liderava em janeiro com 26% das intenções de voto e caiu para 18% em fevereiro. Álvaro Noboa passou de 14% em janeiro para 11% em fevereiro, enquanto o percentual de votos brancos, nulos e de eleitores indecisos passou de 16% para 39%. As pesquisas do CEDATOS apontam a possível candidata do Partido Social Cristão (PSC), Cynthia Viteri, em terceiro lugar, com 10% dos votos em fevereiro. Gutiérrez aparece em quarto lugar, com 6% das intenções de voto em fevereiro. A profunda divisão política entre a capital Quito e a cidade costeira de Guaiaquil, outro fator a ser considerado no cenário eleitoral equatoriano, ficou evidenciada na pesquisa realizada pelo instituto Informe Confidencial ao início de fevereiro. O magnata Noboa obteve 28% dos votos em Guaiaquil e apenas 6% em Quito, enquanto o seu possível adversário, León Roldós, possuía um eleitorado mais estável, alcançando 23% em Guaiaquil e 20% na capital. A disparidade regional também é sentida no caso de Cynthia Viteri, que obteve 17% dos votos em Guaiaquil e somente 6% em Quito. 13 Monitor Eleitoral OPSA EQUADOR Partido Esquerda Democrática (ID) e Rede Ética e Democracia (RED) Partido Sociedade Patriótica (PSP) Concentração de Forças Populares (CFP) Partido Social Cristão (PSC) Partido Renovador Institucional Ação Nacional (PRIAN) Partido Roldosista Equatoriano (PRE) Movimento Popular Democrático (MPD) Partido Socialista Frente Ampla (PSFA) Movimento Pátria Altiva e Soberana (PAIS) Movimento Restauração Evangélica Movimento Gente Comum Aliança Terceira República Movimento Eclético Movimento Liberdade Cidadã Movimento Justiça Social para Você Pré-candidato Leon Roldós Lúcio Gutiérrez Jaime Damerval Cynthia Viteri Álvaro Noboa Humbero Guillem Luis Villacis Enrique Ayala Mora Rafael Correa Franklin Yunda Eduardo Delgado Marcelo Larrea Carlos Sagnay Carlos Solórzano Carlos Tambo JORNAIS Brasil Peru Folha de S. Paulo El Comercio O Globo La Republica Colômbia Venezuela El Pais El Universal El Tiempo Panorama Equador El Comercio El Universo 14 Monitor Eleitoral OPSA INSTITUTOS DE PESQUISAS ELEITORAIS E BANCOS DE DADOS Apoyo, Opinión y Mercado www.apoyo.com Datafolha Instituto de Pesquisas http://www1.folha.uol.com.br/folha/datafolha/ IBOPE www.ibope.com.br Latin News www.latinnews.com Centro de Estudios y (CEDATOS) http://www.cedatos.com.ec Datos 15