A Utilização de Recursos Educativos Digitais na Sala de
Aula: Um Componente Fundamental no Ensino?
Catarina da Costa Couto Franco
Outubro, 2013
Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos requisitos
necessários à obtenção do grau de Mestre em Ensino da História e da
Geografia no 3º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário realizado sob a
orientação científica de Professora Doutora Raquel Pereira Henriques e
co-orientação de Professor Doutor Fernando Ribeiro Martins. Supervisão
da prática de ensino da responsabilidade de Professora Maria da Graça
Mendonça Ferreira e Professora Marta Maria Porto Silva Frade Torres,
professoras na Escola Básica da Costa da Caparica.
ii
Agradecimentos
Aos meus pais, namorado, e família pelo apoio, motivação, pela paciência nestes
últimos meses, e pouca disponibilidade em casa.
À Professora Doutora Raquel Henriques pelos conselhos, disponibilidade e orientações
que foram sem dúvida determinantes para o resultado final.
Às professoras Maria da Graça Ferreira e Professora Marta Maria Frade Torres pela
forma afável com que nos receberam na sua escola. Pela dedicação, incentivo e apoio
científico.
Ao Professor Doutor Fernando Martins pela orientação, exigência, pelos conselhos e
pela revisão crítica do texto.
Aos meus amigos, todos de ‘A’ a ‘Z’, que durante o mestrado me apoiaram, alegraram,
ajudaram e pelo grande incentivo, e sobretudo pela sincera amizade.
A todos os colegas que, contribuíram para a elaboração deste estudo, sem os quais
não seria possível realizá-lo.
iii
A Utilização de Recursos Educativos Digitais na Sala de Aula: Um
Componente Fundamental no Ensino?
Catarina da Costa Couto Franco
Resumo
O presente estudo baseia-se numa pesquisa sobre a utilização de Recursos
Educativos Digitais (RED) na escola, com o objectivo de compreender em que medida a
sua integração pode promover novos contextos de aprendizagem.
Na primeira parte, faz-se uma abordagem dos processos e mudanças na
educação, estando em foco as políticas educativas, a formação de professores, o
conhecimento, a construção e implementação de RED nas aulas. Ao longo do trabalho
são abordadas algumas problemáticas educativas actuais e conceitos relativos ao
processo ensino/aprendizagem, com o intuito de tentar responder à questão de
partida deste trabalho, “A Utilização de Recursos Educativos Digitais na Sala de Aula:
Um Componente Fundamental no Ensino?“.
Foi elaborado um inquérito sobre esta temática, ao grupo docente da Escola
Básica da Costa da Caparica onde decorreu a Prática de Ensino Supervisionada, com
intuito de saber quão frequente são utilizados RED nas suas aulas, a opinião sobre as
potencialidades destes recursos e qual o comportamento e receptividade dos alunos
face aos RED. Na segunda parte do trabalho, são apresentados e analisados os dados
referentes aos inquéritos efectuados.
Na terceira e quarta parte do trabalho, descrevem-se as actividades realizadas,
os principais procedimentos e estratégias adoptadas no decorrer da prática de ensino
supervisionada em História e em Geografia.
Palavras-chave:
Recursos Educativos Digitais; Formação; Professor; Ensino; Aprendizagem;
Estratégias;
iv
Abstract
This study is based on a survey on the use of digital educational resources (DER)
in school, with the aim of understanding the extent to which integration can promote
new learning contexts.
The first part contains a discussion about the processes and changes in
education, with a focus on educational policies, teacher training, knowledge,
construction and implementation of DER in class. The paper discusses some current
educational issues and concepts related to the teaching / learning process, in order to
try to answer the initial question of this paper, "The Use of Digital Educational
Resources in the Classroom: A Fundamental Component in Teaching?".
A survey was carried out with the faculty of the Escola Básica da Costa de
Caparica, which hosted the Supervised Teaching Practice, with the intention of
knowing how often DER are used in their classrooms, their opinion about the potential
of this resource and what is the behavior and receptivity of students to DER. In the
second part of the paper, the information collected in the survey is presented and
analyzed.
In the third and fourth part of this paper, one describes the activities carried
out, the main procedures and strategies adopted during the supervised teaching
practice in History and Geography.
Keywords: Digital Educational Resources, Training, Teacher, Teaching, Learning,
Strategies;
v
Índice
Agradecimentos ................................................................................................................ III
Resumo .............................................................................................................................. IV
Abstract ............................................................................................................................. V
Introdução .........................................................................................................................1
Capítulo I - Recurso Educativo Digital ...............................................................................3
1.1. Plano Tecnológico de Educação ..................................................................................4
1.2. Formação de Professores ...........................................................................................7
1.3. Integração dos Recursos Educativos Digitais no Ensino ............................................11
1.4. Recursos Educativos Digitais: Benefícios e Restrições ..............................................15
1.5. Metodologia ...............................................................................................................23
1.6. Análise de Dados ........................................................................................................24
Capítulo II - Recursos Educativos Digitais na prática de ensino supervisionada
em História
2.1. Caracterização do Meio .............................................................................................34
2.2. Caracterização das Turmas .........................................................................................34
2.3. Conteúdos Leccionados .............................................................................................37
2.4. Actividades Desenvolvidas .........................................................................................37
Capítulo III- Recursos Educativos Digitais na Prática de Ensino Supervisionada
em Geografia
3.1. Caracterização das Turmas .........................................................................................45
3.2. Conteúdos Leccionados ............................................................................................46
3.3. Actividades Desenvolvidas .........................................................................................46
Reflexões Finais .................................................................................................................54
Referências Bibliográficas ................................................................................................ 61
Anexos ............................................................................................................................. 66
vi
Introdução
Vivemos na sociedade do conhecimento, onde a informação é facilmente
acedida e partilhada. Num gesto rápido estamos a par de notícias, de acontecimentos
presentes ou passados, acedemos a imagens de satélite ou comunicamos visualmente
com pessoas noutros lugares longínquos. Lidamos sistematicamente com televisão,
telemóveis, computadores, internet, em casa, no trabalho, na escola, no
hipermercado, na rua… Somos confrontados com novas tecnologias e desafiados a
aprender a usá-las para nos adaptarmos à realidade. Se para a maioria dos professores
já com anos de carreira, e que nasceram na era do lápis, tesoura e papel, televisão a
preto e branco, e sem telefone fixo, estas tecnologias são inovações recentes, para os
jovens e alunos nos dias de hoje, são instrumentos corriqueiros. Além do comum
computador ligado à internet, há uma panóplia de instrumentos que permitem rápido
acesso a informação disponível na rede como ipods, tablets, netbooks, smartphones,
entre outros. Os alunos de hoje, já nasceram no mundo da tecnologia, da troca de
informação rápida, das pesquisas céleres e de fácil acesso. Estão familiarizados com
recursos tecnológicos do domínio visual, o que é um desafio ao professor ensinar e
acompanhar usando as melhores estratégias considerando a importância da imagem e
da linguagem no processo ensino/aprendizagem. De acordo com Botelho (2009),
verificamos que os jovens alunos são cada vez mais conhecedores e utilizadores destas
ferramentas, o que leva os professores, por maioria de razão a não se afastarem desta
realidade.
Os recursos digitais tornam-se estruturantes e mediadores do processo de
ensino e aprendizagem, no qual cada professor e alunos são elementos indispensáveis
para a construção do conhecimento, trabalhando em conjunto. De acordo com Varella,
Vermelho, Hesketh & Silva (2002), acredita-se que aliada à aprendizagem colaborativa,
a tecnologia possa potencializar as situações em que professores e alunos pesquisem,
discutam e construam individualmente e colectivamente os seus conhecimentos. As
tecnologias podem proporcionar benefícios educacionais e novas estratégias
pedagógicas. A sua lógica de acção pode ser capaz de utilizar novos moldes para
aprender e comunicar, partilhando valores e sentidos.
1
O tema desenvolvido foi escolhido pela importância dos Recursos Educativos
Digitais (RED) no contexto educativo da actualidade. Este relatório e as reflexões aqui
reunidas são o culminar do trabalho efectuado durante a Prática de Ensino
Supervisionada, integrado na componente não lectiva do mestrado de Ensino da
História e da Geografia no 3ºCiclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário, que
decorreu no ano lectivo de 2012/2013, na Escola Básica da Costa da Caparica. As
reflexões sobre a utilização dos RED em sala de aula, pretendem compreender os seus
benefícios e restrições, e perceber até que ponto são um componente fundamental no
ensino.
No primeiro capítulo, é definido o conceito de RED, abordado o Plano
Tecnológico de Educação de forma a fazer um enquadramento legal e a Formação de
Professores, assim como a sua integração no ensino, os seus benefícios e restrições.
Aqui são referenciados os RED utilizados nas aulas leccionadas durante a Prática de
Ensino Supervisionada, e os benefícios e restrições da sua utilização.
No segundo capítulo apresenta-se a Metodologia e a Análise de Dados com os
resultados do inquérito feito aos professores da Escola Básica da Costa da Caparica.
Este inquérito foi efectuado com o intuito de saber a frequência com que usam os RED
nas aulas; quais utilizam; verificar se existem recursos/instrumentos disponíveis e a
sua opinião sobre os resultados dessa utilização.
No terceiro e quarto capítulos, são apresentadas as metodologias aplicadas
durante a Prática de Ensino Supervisionada, e as reflexões finais sobre a questão de
partida do presente trabalho: “Recursos Educativos Digitais, um componente
fundamental?”
2
I
- Recurso Educativo Digital
Os Recursos Educativos Digitais (RED), são instrumentos em suporte digital
destinados aos contextos de aprendizagem. Podem abranger programas de
apresentações gráficas, webquest, vídeos, jogos, manual digital, programa tutorial,
quadro interactivo, software de localização, visitas virtuais, plataformas de ensino e
aprendizagem com múltiplas funcionalidades existentes na internet como blogs, redes
sociais, entre outros. Podem ser armazenados, em suportes físicos, como cd-rom, dvd
ou pen drive e também em servidores que compõem o chamado cloud sistem. Todos
estes recursos estão interligados a um elemento de utilização, o computador, que é o
elemento mais usado e em relação ao qual existe uma maior interacção por parte dos
alunos e do professor. Estes recursos são especificamente produzidos para utilização
educativa, apresentando especificidades curriculares adequadas às competências que
se pretendem desenvolver e às metas que se pretende atingir. Com um potencial
inovador educativo, permitem explorar as características únicas da tecnologia
promovendo novos processos de aprendizagem, como exemplo: pesquisas sobre um
tema, num repositório ou biblioteca virtual em sala de aula; visualização de realidade
virtual ou 3D; comunicar com pessoas que estão noutro ponto geográfico; simuladores
com os mais variados propósitos, que permitem experiências, interacção e sensações
que através dos meios tradicionais não seriam possíveis. De acordo com Mayer (2009),
os RED podem fomentar e desenvolver a aprendizagem com estratégias que
estimulamos canais cognitivos, (o auditivo e o visual).
Os professores podem usar os RED para explorar novos métodos, recorrendo à
animação, à simulação, à interactividade, à modelação, à combinação de imagens, ao
vídeo, ao som e ao texto. Possibilitam a articulação entre as distintas áreas educativas;
ser construídos, reutilizados e consultados por professores e alunos. Estão disponíveis
nos mais diversos meios, com acesso através de sites de serviços educativos e
institucionais como escolas, bibliotecas, museus ou editoras, facultando a sua
utilização, alteração e partilha entre alunos ou professores, tornando exequíveis novos
3
contextos sociais e culturais de aprendizagem. Além destes meios de acesso, o
professor pode optar por construir de raiz o RED que irá aplicar na aula.
O ponto de partida para a construção de recursos educativos digitais visto da
perspectiva do seu produtor, deverá ser a adequação científica e conformidade aos
conteúdos programáticos, bem como ter em atenção as características dos
destinatários e a idade do público-alvo. As etapas seguintes na estruturação do
recurso, serão conceber como vai partilhar/disponibilizar o recurso, de que forma será
utilizado e em que contexto, primando num grafismo apelativo, clareza na
apresentação da informação. Elaborar um RED pode ser um desafio para o professor,
visto que é um processo que exige formação adequada, proficiência na utilização de
computadores e dos programas em que vão realizar os recursos, disponibilidade de
tempo para investigação e preparação de materiais pedagógicos e, principalmente, a
existência de equipamentos que permitam a sua utilização na aula.
A utilização de Recursos Educativos Digitais (recorrendo aos já existentes ou
construindo um de raiz), permite versatilidade, apresentar informação de uma forma
cativante, quer seja expressa em vídeo, texto, imagem ou som. Possibilita criatividade,
transformando essa informação e produzindo novos documentos multimédia e
hipermédia, constituindo um meio de comunicação, bem como uma ferramenta para o
trabalho colaborativo. Segundo Stemler (1997), a construção de RED, deve atender aos
princípios de: desenvolver e manter o interesse no tema/conteúdo didáctico
recorrendo a textos curtos ou optando por som; cativar a atenção dos alunos por
exemplo com animação e interactividade; ajudar a ordenar a informação importante e
integra-la no seu conhecimento prévio; construir perguntas e resumos ao longo do
recurso e disponibilizar hipóteses de exploração activa, em vez de uma sequência
linear de actividades sempre iguais.
1.1
Plano Tecnológico de Educação
Nas últimas décadas, o governo fez investimentos maciços em tecnologia de
informática e na criação de escolas ligadas à ‘Rede’ (internet). Isso teve como
4
finalidade, aumentar a eficiência do sistema educativo, facultar aos alunos acesso a
ferramentas e a informação que pretendem melhorar a sua aprendizagem nas
diferentes áreas disciplinares e desenvolver as suas capacidades para integrarem no
mundo da tecnologia 1.
Em 2001, a Estratégia de Lisboa e o Programa Educação e Formação 2010,
estabeleceram para a Europa um conjunto de directrizes 2, tendo em vista a completa
integração dos cidadãos europeus na sociedade do conhecimento e informação e, por
conseguinte, melhorar o acesso e facilitar a utilização plena das tecnologias da
informação no campo educativo. Em Portugal foram estruturadas políticas e medidas
com objectivos a médio e a longo prazo 3, de forma a mobilizar a sociedade para este
desafio e melhorar a qualidade dos sistemas de educação e formação.
O Ministério da Educação (ME) protagonizou um estudo de diagnóstico (Anexo
A - fig.1) sobre a modernização tecnológica do sistema de ensino em Portugal,
concluindo haver diversas limitações, e que os problemas identificados exigem uma
resposta célere e eficaz. Como se verifica no Anexo A - fig.1, o estudo diagnóstico
apresenta debilidades aos níveis da tecnologia, de conteúdos e da formação.
Uma análise internacional (Anexo A - fig.2), confirmou o diagnóstico português,
demonstrando que alguns dos obstáculos mais significativos são a falta de acesso por
motivos de carência de equipamentos, a falta de disponibilidade de banda larga, a falta
de formação no uso de tecnologias e a motivação em utilizá-las.
Apesar da Estratégia de Lisboa e o Programa Educação e Formação 2010 terem
sido colocados em prática, de se ter investido em hardware e em software de forma a
equipar as escolas, muitas há que ainda não têm os equipamentos, ou que tendo-os,
têm a sua utilização condicionada. Deparamo-nos com escolas com equipamentos
1 “Os jovens em idade escolar devem beneficiar do acesso à informação disponível nas redes digitais e
dos poderosos instrumentos da sociedade da informação para processamento de texto, imagem e som,
através de aplicações multimédia, jogos e aplicações interactivas, que combinam o entretenimento com
a aprendizagem, o lazer com o desenvolvimento de capacidades mentais, a imaginação com a partilha
de experiências com outros grupos espalhados pelo mundo, o trabalho individual com a interactividade
sem fronteiras e a criatividade com as ferramentas para a sua concretização em realidade virtual”
(Ministério da Educação, 1997, p.11).
2 Conselho da União Europeia. "Os objectivos futuros concretos dos sistemas de educação e
formação"Bruxelas, 14 de Fevereiro de 2001
3 Decreto-Lei nº 6/2001 de 18 de Janeiro. Diário da República nº15- I Série A. Ministério da Educação.
Lisboa.
5
obsoletos, com dificuldades na ligação à internet, mas mais preocupante é a existência
de escolas com problemas de infra-estruturas, sem verba disponível para efectuar
arranjos ou melhorias, com falta de espaço ou instalações adequadas, com deficiências
ao nível de construção e de manutenção.
Com limites de orçamento por parte do governo, para investir em todas as
escolas do país, de forma a resolver todas as dificuldades, é natural que haja
deficiências e carências a vários níveis e, por conseguinte, ao nível das tecnologias e
obstáculos na implementação e utilização de RED.
Assim, com o objectivo de alcançar as metas das directrizes da Estratégia de
Lisboa, foi proposta (e aprovada) a implementação de um Plano Tecnológico que
pretende redefinir o processo de modernização tecnológica da educação.
No Plano Tecnológico da Educação de 2007 (PTE), o Governo reconhece que
“É essencial valorizar e modernizar a escola, criar as condições físicas que favoreçam o
sucesso escolar dos alunos e consolidar o papel das tecnologias da informação e da
comunicação (TIC) enquanto ferramenta básica para aprender e ensinar nesta nova
era….” (Plano Tecnológico da Educação, Resolução do Conselho de Ministros n.º
137/2007, in Diário da República, Iª Série, nº 180, 18.09.2007, P.6563). O PTE
estabeleceu um conjunto de objectivos (Anexo A - fig. 3), em que se ambiciona a
modernização tecnológica e o aumento qualitativo nas escolas. Nesse sentido, é
indispensável garantir a instalação de equipamentos tecnológicos nas escolas, com
equipamentos informáticos suficientes a todos os intervenientes. É essencial que se
desenvolva a formação e certificação de competências TIC dos professores que os
capacite para a integração dos RED no processo ensino/aprendizagem.
O desafio de adopção de uma estratégia nacional e de um plano de acção
é ambicioso. Espera-se que todas as escolas estejam a par e passo, e que os docentes
sejam capazes de desenvolver nos estudantes as suas capacidades e competências
para participar e interagir num mundo global. Desta forma é importante que se adapte
a formação dos professores, no sentido de aprender a utilizar os recursos digitais de
forma a integrar em pleno, as tecnologias na educação.
6
1.2
Formação de Professores
As mudanças pretendidas pela Comissão Europeia demonstram interesse numa
Europa com objectivos comuns, defendendo que o êxito do futuro económico será
uma população com um elevado nível de educação. Foram elaboradas propostas
pedagógicas no PTE, focadas no uso das tecnologias de informação e comunicação,
com o objectivo de implementar a tecnologia, de forma a favorecer a construção do
conhecimento, a investigação, a comunicação e melhorar a aprendizagem.
Apesar da ‘imposição’ tecnológica na educação, referida no capítulo anterior, a
transição não foi espontânea, e as dificuldades no domínio dos programas e ambientes
tecnológicos fizeram-se sentir, bem como alguma resistência na sua utilização, “People
don't change when you tell them they should. They change when they tell themselves
they must”(Friedman, 2005, p. 462).
A integração tecnológica tornou-se uma realidade no contexto educativo, que
nem sempre foi auspiciosa. O governo anuncia as alterações, no entanto a realidade
dos professores e das escolas é muito mais complexa do que aplicar leis. Para alguns
autores como Amante (2007) e Ponte (2000), um dos principais obstáculos à
integração dos RED no processo educativo, além da falta de instrumentos, é a falta de
formação dos professores nas tecnologias e capacidade de utilizá-las. A integração
destas ferramentas exige principalmente adesão por parte das escolas e um
compromisso dos docentes. Foram tomadas diligências para a garantia de formação de
professores, nas novas tecnologias/RED, no entanto a sua real implementação na sala
de aula, é gradual e depende das escolas, do esforço e vontade activa por parte dos
docentes e da sua concepção como uma ferramenta de trabalho.
Ao longo da carreira de docente, é imprescindível a constante actualização de
conhecimentos, de novos processos e metodologias no âmbito educativo, pois “quem
não for capaz de utilizar e compreender minimamente os processos informáticos
correrá o risco de estar desinserido na sociedade do futuro, como um analfabeto o
está na sociedade de hoje” (Ponte, 1997, p.11). O desenvolvimento profissional é
permanente e passa a ser um aspecto indissociável da carreira de professor, sendo
fundamental a frequência de formação específica para o desenvolvimento das suas
competências, em relação às novas tecnologias e recursos digitais no processo de
7
ensino/aprendizagem. Contudo, para isso acontecer, é necessário por parte dos
professores disponibilidade de tempo, e investimento financeiro para realizar a
formação essencial. Senão vejamos, o professor para poder efectuar a formação, tem
de procurar a formação apropriada, abdicar de tempo (pois estas decorrem na maioria
dos casos em regime pós laboral) e de dinheiro pessoal. É certo que o tempo e fundos
dispendidos são um investimento na sua formação, mas tendo em conta que esta
actualização é necessária e pretendida tanto pelo professor como pelo Ministério da
Educação, que exige docentes qualificados e aptos a todas as tecnologias, seria
legítimo que fosse financiada pela entidade empregadora.
Considerando os estudos referenciados no capítulo anterior, conclui-se que há
algumas falhas na formação de professores no que diz respeito às novas tecnologias, o
que se traduz na falta de conhecimento das capacidades de utilização de instrumentos
tecnológicos no contexto educativo. Uma das principais metas estabelecidas pelo PTE
é a preocupação de formar professores capazes de empregar essas ferramentas de
forma eficaz e diversificada. A formação contínua é indispensável e passa pela
aprendizagem de novas estratégias de trabalho pedagógico, pela experimentação,
troca de experiências e partilha de saberes.
Nesta circunstância de formação, o professor aproxima-se dos seus alunos, e tal
como eles, tem de estar sempre a aprender (Ponte, 1997). Posto isto, os profissionais
no activo devem actualizar-se, investigar, efectuar formação na utilização das
tecnologias/RED no processo de aprendizagem, de novos conceitos e métodos. Assim,
concordando com Bright e Prokosch (1995), a contínua formação dos professores é
importante para o desenvolvimento das suas competências em relação às novas
tecnologias e à sua prática pedagógica. É essencial preparar os professores com os
conhecimentos fundamentais e motivá-los não só a realizar a formação como também,
para o seu uso nas aulas.
Podem-se enumerar diversas modalidades possíveis de formação contínua,
creditada: cursos e oficinas, frequência de disciplinas singulares em instituições de
ensino superior, investigação e projectos (necessitam de aprovação prévia do órgão de
gestão e de coordenação pegadógica), módulos de formação online, seminários, entre
outros. Particularmente no âmbito das tecnologias/RED no contexto educativo, a
8
formação deverá ser orientada para projectos de investigação (com procura e
exploração de documentos online, plataformas educativas, software, sites, entre
outros), com momentos presenciais de debate, reflexão crítica, experimentação e
prática em RED, partilha e colaboração com os seus pares, de forma a identificar os
problemas com que se irão defrontar.
Apesar de toda a importância da formação contínua, é necessário salientar que a
formação por si só não faz com que os professores utilizem estas ferramentas nas suas
aulas. Por vezes frequentam formações no âmbito de actualização profissional, porque
é exigido pelo ME 4, mas após a aprendizagem, nem sempre prosseguem com as novas
experiências nas aulas. É importante a partilha de recursos, reflexão e discussão com
os seus colegas, continuidade na participação em actividades de investigação para
estar seguro no uso de instrumentos tecnológicos na aula e auxiliar os alunos no
processo de construção do conhecimento. Se a prática não tiver continuidade no dia-adia do professor, pode surgir a desmotivação, a falta de interesse, a inércia e o
distanciamento de uso das tecnologias.
Considero que existem alturas na carreira do professor em que é possível
sentir-se desmotivado, que não é reconhecido profissionalmente, invadido pela rotina,
intimidado pela avaliação de desempenho e constantes exigências burocráticas. Não
só na profissão de professor isto sucede, noutros ofícios, também advém a rotina,
exigências de horário ou problemas salariais, que necessitam ser ultrapassados. É
preciso que ao longo da sua carreira, mesmo quando se depara com obstáculos, tente
ultrapassa-los, que seja optimista, acredite no seu potencial, tenha sempre em mente
quão importante é a sua função, que se mantenha incentivado, determinado a
continuar a aprender, a construir o seu saber e as suas competências, a evoluir e a
procurar novas experiências e metodologias.
Os futuros professores, que fazem agora a sua formação, devem ser
preparados para a utilização dos RED de forma reflectida e adaptada aos seus alunos.
4 Ministério da Educação, Decreto-Lei n.º 249/92, de 9 de Novembro
9
Uma questão pertinente se coloca: as universidades e os centros de formação estão
preparados para uma formação ajustada e inovadora adaptada ao paradigma da
sociedade de informação? Esta questão será desenvolvida mais adiante no relatório.
A eficácia da formação inicial de professores é bastante importante, pois
constitui o princípio de todo o processo que se irá reflectir na sua actividade como
docente no futuro. De acordo com Ponte e Serrazina
“A formação inicial de professores deve proporcionar o contacto com
aplicações como o processamento de texto, sistemas de gestão de bases de dados,
programas de tratamento de imagem, folhas de cálculo, programas de estatística,
programas de apresentação (como o Powerpoint), correio electrónico, bem como
software educativo orientado para a aprendizagem de disciplinas específicas. E,
claro, hoje em dia, é impensável deixar de considerar a Internet, tanto na vertente
de consulta como na vertente de produção” (1998, p. 178).
Neste sentido, almeja-se que os estabelecimentos de formação de professores
providenciem uma formação adaptada às necessidades e exigências do sistema de
ensino actual. A formação inicial de professores requer uma oferta de condições que
facultem aos futuros professores a aquisição de conhecimentos, o desenvolvimento de
competências, a prática de utilização de instrumentos tecnológicos e prática
pedagógica. Tendo em conta estes factores essenciais a uma formação de qualidade,
importa também reflectir acerca da componente curricular do presente mestrado,
bem como da sua importância no decorrer da prática pedagógica. A estrutura
curricular do mestrado em ensino de História e de Geografia integra as linhas de
orientação educativa, focadas no desenvolvimento de competências pedagógicas. No
entanto o plano de estudos não contempla formação no uso de RED.
No decorrer do mestrado, abordámos pontualmente algumas ferramentas
digitais em actividades concretas, mas não foram aprofundadas as suas
funcionalidades ou processo de construção. Ponderando a importância da integração
dos RED na aula, considero que esta temática deveria ser incrementada no mestrado
em ensino de História e de Geografia. Tal como foi referida a sua importância na
formação contínua de professores, também o é na formação inicial. Por conseguinte, e
tendo em consideração que os futuros professores necessitam de compreender, e usar
os RED com confiança, é fundamental que se desenvolva essa temática principalmente
10
com uma componente prática, no plano curricular. É imprescindível, os futuros
professores (enquanto alunos), familiarizarem-se com ferramentas digitais, essenciais
para a sua área disciplinar. Neste caso, reporto-me às disciplinas de História e de
Geografia que podem beneficiar da utilização de RED na preparação de materiais
pedagógicos e aplicação na aula, que possibilita aplicações de processamento de texto,
imagens e som, ou internet que compreende uma vasta gama de recursos educativos
diversificados.
Na sequência da fase teórica, decorreu uma das mais importantes etapas da
formação inicial de professores, a Prática Pedagógica. É durante esta fase que se
estabelece contacto real com a escola, funcionamento da instituição escolar, bem
como o mais importante, os alunos. Esta desenrola-se em duas partes distintas, a
primeira consiste na observação da prática docente dos seus orientadores, a segunda é
a componente experimental, onde se inicia sob supervisão do orientador. Durante este
processo tomámos consciência das nossas competências profissionais, bem como das
problemáticas e aplicámos os conhecimentos científicos e pedagógicos no
desenvolvimento das actividades em aula. A prática pedagógica permitiu um
acompanhamento e orientação por parte dos formadores, no sentido de auxiliar o
nosso desempenho.
Em suma, o professor enquanto profissional de educação requer, além de
conhecimentos no domínio da sua disciplina, competências e capacidades de análise
crítica, investigação pedagógica, inovação, criatividade e igualmente um conjunto de
diversos domínios com vertente cultural, social e ética, ser “capaz de lidar com a
enorme diversidade de exigências que a sociedade lhe coloca e que requerem
profissionais reflexivos, investigadores, criativos, participantes, intervenientes e
críticos”, Miguéns (1998, p. 183).
1.3
Integração dos Recursos Educativos Digitais no Ensino
No Plano Tecnológico da Educação, o Governo afirmou a necessidade de
“modernizar a escola” e “consolidar o papel das tecnologias de informação e
comunicação (TIC) enquanto ferramenta básica para aprender e ensinar” (Plano
11
Tecnológico da Educação, Resolução do Conselho de Ministros n.º 137/2007, in Diário
da República, Iª Série, nº 180, 18.09.2007. P.6563). Como já foi referido anteriormente,
o PTE tenciona proporcionar aos estabelecimentos de ensino, aos professores e aos
alunos o pleno acesso às tecnologias, de forma diversificada e adequada às suas
necessidades.
Esta mudança no processo de ensino e aprendizagem é uma ‘reviravolta’ ao
ensino dito tradicional e um processo muito complexo, como explica Ponte e Serrazina
(1998), as reacções dos professores são paradoxais,
“alguns olham-nas com desconfiança, procurando adiar o mais possível a
sua utilização. Outros assumem-se como utilizadores no seu dia-a-dia, mas não
sabem muito bem como as usar na sua prática profissional. Outros ainda, procuram
integrá-las no seu processo de ensino usual, sem contudo alterar de modo
significativo as suas práticas. Uma minoria entusiasta desbrava caminho,
explorando constantemente novos produtos e ideias, porém confronta-se com
muitas dificuldades como também perplexidades” (p.10).
Estas
alterações/remodelações
no
sistema
educacional
podem
ser
perturbadoras para os professores, “change, or innovation, takes teachers out of their
comfort zone creating uncertainty and anxiety” (Shattuck, 2007, p.8). Esta mudança é
gradual, a transição de professores com um modus operandi tradicional, demora
algum tempo a alterar e a integrar novas estratégias educativas. A complexidade da
mudança educacional exige uma relação dinâmica recíproca, suporte e uma
capacidade de adaptação, para ser bem sucedida. A utilização de ferramentas
tecnológicas é um desafio, que nem todos estão determinados a correr, seja por falta
de recursos nas escolas, pela ausência de professores com formação ou empenhados
em usar essas ferramentas. Como foi mencionado anteriormente,
”as remodelações curriculares, tal como o têm demonstrado os estudos de
investigação, são desencadeadoras de um desfasamento entre as intenções e a
realidade dos contextos escolares.(…) E, se uma reforma procura a alteração dos
objectivos, dos conteúdos de ensino, dos programas, da metodologia didáctica e da
avaliação sem questionar as práticas curriculares existentes e os processos
12
emergentes de produção de inovações escolares, então tudo não passará de um
intento político sem efeitos no quotidiano escolar” (Pacheco, 2001, p. 255 e 256).
A actual sociedade da informação impõe uma alfabetização tecnológica em
todos os domínios, económico, político e social. Seja nas empresas, nos tribunais, nos
hospitais, nos museus, na administração pública, nas escolas, por vezes sem que estas
estejam preparadas para as receber. A tecnologia não deve dominar o processo
educativo, mas sim complementar e adaptar-se às necessidades do ensino
aprendizagem. De acordo com Amante (2007), integrar as novas tecnologias nos
contextos educativos, por si só, não é suficiente, nem tão pouco melhora a sua
qualidade. É necessário pensar e fazê-lo de forma coerente e de maneira a criar
ambientes educativos mais ricos que promovam a aprendizagem.
Face à complexidade e à diversidade das novas formas de aprender na
sociedade da informação e do conhecimento, devem ser reconsiderados os modelos
pedagógicos tradicionais que estão centrados no professor, que se apresenta como
fonte primordial do conhecimento. Estes modelos pedagógicos não se conciliam com
os novos cenários educativos, em que o professor deixa de ser o transmissor directo
dos conhecimentos, e o aluno deixa de ser o receptor passivo da aprendizagem, (tido
com uma tábua rasa), para ser um indivíduo capaz de desenvolver a sua capacidade de
reflexão. Desta forma, o professor passa a colocar desafios e a orientar o aluno,
fazendo com que este se questione sobre os diversos assuntos, e reflita construindo o
seu conhecimento.
Valente (1993), afirma que o professor passa a ser o criador de ambientes de
aprendizagem e auxiliador do processo pelo qual o aluno adquire conhecimento e
ainda acrescenta que a função do professor é de criar condições para que o aluno
possa aprender e construir o seu próprio conhecimento, tendo em conta a sua
experiência/saber prévio. Nesta perspectiva construtivista, o aluno já tem algum
conhecimento consigo, proveniente do contacto e experiências com o ambiente que o
rodeia, e essa realidade deve ser aproveitada no processo de ensino/aprendizagem.
Segundo Lev Vygotsky (1978), a aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo
adquire informações, habilidades, atitudes, valores, etc., a partir de seu contacto com
a realidade, o meio ambiente e as outras pessoas. Apesar de desenvolvido há mais de
13
50 anos, este pressuposto está actual e concorda com os objectivos educativos dos
dias de hoje, onde o processo de ensino/aprendizagem deve abranger contextos
realistas, para que o aluno estabeleça ligação às suas experiências no dia-a-dia. Como
explica Vygostsky, a construção do saber por parte dos alunos é indissociável do seu
contexto social e cultural onde está inserido. Posto isto, devem ser incrementadas
práticas pedagógicas que valorizem as vivências e o conhecimento prévio dos alunos
considerando a correlação entre a educação, trabalho e heranças sociais e culturais.
“ La relación que se establece entre el niño y el entorno que le rodea, sobre todo
el social, es totalmente peculiar, específica, única e irrepetible para esta edad.
Denominamos esa relación como situación social del desarrollo en dicha edad. La
situación social del desarrollo es el punto de partida para todos los cambios dinámicos
que se producen en el desarrollo durante el período de cada edad. Determina
plenamente y por entero las formas y la trayectoria que permiten al niño adquirir nuevas
propriedades de la personalidad, ya que la realidad social es la verdadera fuente del
desarrollo, la posibilidad de que lo social se transforme en individual” (Vygotsky,1996,
p.264).
Pressupõe-se na aprendizagem do aluno, que este desenvolva capacidades
como discernir, reflectir e questionar, de forma a criar relações entre o conhecimento
e as suas vivências. Para aprender não basta só ouvir, é preciso para reter informações,
que o aluno experimente, veja, toque, aprenda a fazer. Durante este processo o
professor orienta os alunos a desenvolver as suas aptidões e atitudes, estimula a sua
capacidade cognitiva e promove a construção do seu conhecimento.
Desta forma, pretende-se motivar a colaboração dos alunos na aprendizagem e
interagir com o professor e entre eles, desenvolvendo as suas capacidades com o uso
de RED como um complemento aos métodos tradicionais. Não se pretende anular ou
abolir instrumentos tradicionais como o manual ou o quadro em detrimento dos RED.
É necessário um equilíbrio da parte dos professores, na organização de ambientes de
aprendizagem, de forma a evitar a repetição dos erros do ensino tradicional e
abstendo-se de transformar o computador e os recursos em instrumentos de ensinar,
que fornecem instruções, substituindo o docente. O professor não poderá ser anulado,
pois a aprendizagem subentende mais do que memorização ou repetição. É
insubstituível o papel que este desempenha no processo de ensino, na relação afectiva
e emocional estabelecida com os alunos. Os computadores não vão substituir os
14
professores, mas sim permitir metodologias diferentes, como complemento às ditas
tradicionais.
Apesar dos RED poderem ser uma mais-valia na aprendizagem, jamais poderão
transformá-la numa realidade computorizada e limitada a actividades electrónicas.
Conforme Ponte (1997) refere,
“(…)o papel do professor não perde importância, antes ganha novas
dimensões e maior responsabilidade. (…) De facto, não faz sentido opor o
computador e o professor como se fossem antagonistas. Será a combinação dos
dois, ambos no máximo das suas possibilidades, que constituirá a equipa
pedagógica do futuro” (p.57).
Esta espécie de redefinição do papel do professor não pode ser encarada como
competição entre este e o computador. O que surge é uma adaptação de estratégias e
novas metodologias, onde o professor se mantém como orientador no processo de
ensino/aprendizagem.
1.4 Recursos Educativos Digitais: Benefícios e Restrições
Pela natureza do presente relatório seria impossível falar de todos os RED na
íntegra, pelo que apenas se abordará aqueles que foram utilizados ao longo da prática
pedagógica mais relevantes para o tema do relatório.
A utilização de RED na sala de aula pretende auxiliar o trabalho do aluno,
incentivá-lo na realização das actividades propostas, (no caso deste estudo em
particular), ajudar na aquisição de conhecimento histórico e geográfico, assim como
melhorar as suas competências. Por exemplo através do uso da “Internet que é uma
excitante ferramenta para a sala de aula, (…) através de troca de informações, dados,
imagens e programas de computadores, chegando a lugares muito distantes quase que
instantaneamente” (Ferreira, 1998, p. 782). Esta permite rapidez e facilidade de acesso
à informação, possibilita localização instantânea, facilita pesquisa de textos,
participação activa dos seus utilizadores no aumento de interacção com os colegas e o
professor, na troca de materiais, no contacto com outras realidades culturais e na
15
melhoria da comunicação escrita e oral. Vários recursos digitais disponibilizam formas
de processamento de texto, como os blogs, que permitem que o aluno desenvolva a
linguagem escrita melhorando o seu léxico e organize ideias e experimente novas
expressões. No caso desta plataforma, o acesso é veloz, simples e propício à difusão de
informação/conhecimento. Assim, enquanto um facto pode levar um dia inteiro para
chegar ao jornal impresso, os blogs ou sites, podem propiciar a divulgação imediata de
qualquer tipo de informação na internet, como por exemplo em blogs jornalísticos,
(Marinho, 2007). A rapidez, a facilidade de criação e versatilidade, facilitam aos alunos
e ao professor a possibilidade de publicar os seus textos. Assim, desta forma, tornam
público o seu trabalho, podendo partilhar a sua experiência com colegas ou familiares.
O feedback a essa divulgação faz com que haja um incentivo ao diálogo, neste
caso com comentários produzidos na plataforma, que está acessível a qualquer altura
e em qualquer lugar. Esta interactividade fomenta a construção do conhecimento, o
debate, potencializa a aprendizagem colaborativa e, consequentemente, a melhoria
nas competências da leitura e da escrita, na reflexão e pensamento crítico.
Contudo a utilização da internet apesar das suas vantagens, pode suscitar
receio por parte dos encarregados de educação. A permissão para aceder à internet na
escola e em casa, pode ser restrita e carece de permissão dos pais, o que pode
interferir com as tarefas propostas com recurso a sites/blogs. Como desvantagens é
preciso mencionar também os cuidados a ter sobre a implementação de blogs para os
planos de aula, para garantir que os alunos não transmitem qualquer informação
pessoal; o facto de nos blogs, o aluno ficar intimidado ao expor as suas ideias, pode
retraí-lo do seu uso; a possibilidade de dispersão dos alunos devido à quantidade de
informação/sites que têm acesso, necessita de mediação por parte do professor para
evitar a distância dos objectivos da actividade.
Outras importantes plataformas educativas digitais de apoio à aprendizagem
são, por exemplo, o Moodle, o Portal das Escolas 5 e a Escola Virtual6, entre outras
(Anexo B). O Portal das Escolas constitui a maior plataforma digital colaborativa de
educação em Portugal, tendo sido disponibilizada pela Direcção Geral de Educação.
5 https://www.portaldasescolas.pt/portal/server.pt/community/p%C3%A1ginas/243/sobre_o_portal/15211
6 http://www.escolavirtual.pt/?ic=1
16
Destina-se às comunidades educativas da Educação Pré-Escolar e dos ensinos Básico e
Secundário, incluindo professores, alunos, pais, encarregados de educação e a não
docentes. Esta plataforma digital faculta, tal como a Escola Virtual, a partilha de
recursos educativos digitais, facilita a comunicação e ensino à distância, o trabalho
colaborativo e acesso a serviços de apoio à gestão escolar, bem como reforça as
práticas de ensino e de aprendizagem interactivas. Ao aceder a este portal, tem
disponível informação sobre todas as escolas do país; serviços de apoio à gestão
escolar; catálogo de blogs educativos (com possibilidade de publicação de RED ou blog
de sua autoria); acesso ao Diário da República electrónico; notícias e eventos, entre
outras possibilidades. O Portal das Escolas é um site do Ministério da Educação,
análogo à Escola Virtual que pertence à Porto Editora. A Escola Virtual é um projecto
dedicado a alunos, professores e instituições de ensino, utilizado em centenas de
escolas do país, que converte os conteúdos das disciplinas do 1.º ao 12.º ano de
escolaridade em aulas interactivas. Animações, vídeos, simulações e exercícios tornam
a aprendizagem mais envolvente e atractiva, permitindo igualmente testar e avaliar os
conhecimentos.
Entre estas plataformas, há outras que permitem diferentes funcionalidades e
ferramentas, destinadas à aprendizagem de conteúdos, avaliação e dedicadas ao
contexto lúdico e educativo. Entre elas temos os programas do Microsoft Office (mais
comuns), vídeos, jogos, manual digital, visitas virtuais, entre outros. Há similitudes em
nestas plataformas, nomeadamente facilidade de utilização tanto para o professor
como para os alunos; variedade de meios e combinações entre si de texto, gráfico,
vídeo e áudio; diferentes modos de comunicação (um para todos, um a um, e todos
para todos).
O Powerpoint (ppt) é um programa utilizado para criação/edição e exibição de
apresentações gráficas, numa composição de diapositivos que podem utilizar texto,
imagens, sons e vídeos. É um software relevante ao ensino da História e da Geografia
criando novas possibilidades de aprendizagem. Permite apresentações mais dinâmicas
do que simplesmente aula expositiva e escrever no quadro. É normalmente usado para
informar, persuadir ou motivar o público a que se destina, sobre um tema. O
apresentador, normalmente vai intercalando diapositivos com o tema do trabalho com
17
discurso oral, de forma a explanar o assunto aos alunos. Assim, uma apresentação em
formato ppt sobre um determinado tópico, deve evitar conter demasiado texto, sobre
o assunto e conter elementos que cativem o público. Este programa não tem
necessariamente de ser construído e utilizado só por professores, pode sê-lo também
por alunos, promovendo um ambiente educacional, no sentido de ensiná-los a usar
recursos visuais, enquanto trabalham na sua apresentação e habilidades de falar em
público.
Além destes mencionados, existem ainda o Manual Digital, Vídeos e Visitas
Virtuais, que podem oferecer funções interactivas, animações e realidade virtual, tanto
na escola como em casa.
As editoras têm vindo a apostar na criação diversificada de recursos,
disponibilizando conteúdos multimédia de qualidade, tanto para professores e alunos,
com vídeos, animações, jogos, testes interactivos, fáceis de usar, com acesso em cdrom/dvd ou no próprio site da editora. 7 O professor tem ao seu alcance planificações
(anual, médio prazo e de aula), materiais para a preparação de aulas, acesso completo
às páginas do manual para o caso dos alunos não possuírem o livro, powerpoints já
elaborados, vídeos sobre os temas, animações em 3D, trechos de textos de livros
históricos sobre o tema, actividades digitais em grupo ou individuais (sopa de letras ou
crucigramas, etc.), testes interactivos com correcção automática, que geram relatório
de avaliação permitindo o acompanhamento da evolução de desempenho dos alunos.
Com a utilização do Manual Digital os alunos podem aprender conteúdos que são
adaptados às suas habilidades e interesses de forma a criar e construir o seu
conhecimento. Manuais Digitais oferecem para as diferentes disciplinas, diversas
actividades de enriquecimento curricular, promovendo a investigação e o
desenvolvimento das competências cognitivas. Fornecem ao aluno conteúdos digitais
de apoio à aprendizagem, dicionários, funções interactivas, e conteúdos multimédia,
como vídeos, animações e realidade virtual, realização de testes virtuais que
possibilitam o aluno exercitar e testar os seus conhecimentos, tanto na escola como
em casa, sem as limitações de tempo e espaço. Porém o acesso ao Manual Digital, por
7 http://www.didacticaeditora.pt/?q=N/SEARCHBOOKS/412 - Editora adoptada para o manual da
disciplina de Geografia.
18
parte do aluno, é feito através da aquisição do CD-ROM/DVD que constitui um gasto
adicional, tornando-se uma desvantagem, pois nem todos os encarregados de
educação têm capacidade para o adquirir. Isto foi possível observar na Escola Básica
2,3 da Costa da Caparica, onde se realizou a Prática de Ensino Supervisionada, em que
muitos alunos apenas adquiriram o manual (livro) já na segunda metade do período
escolar e outros não o chegaram a adquirir até ao final da prática lectiva de História.
Esta situação levou à utilização do manual digital em conjunto com outros RED, de
forma a colmatar essa falta do livro.
O Vídeo como recurso digital, pode ser editado e alterado, cortado,
reagrupado, legendado ou dobrado noutra língua. Em alguns casos, este recurso está
presente nos RED atrás mencionados, como blogs, sites e apresentações gráficas, onde
serve de veículo da informação, ilustrando experiências e conceitos, como ferramenta
de motivação para os alunos. Possibilita desenvolvimento do trabalho educativo,
impossível de realizar apenas com a escrita, ou a imagem estática.
Os professores devem preparar-se para utilizar vídeo na sala de aula, da
mesma forma que fazem com os outros auxiliares de ensino ou recursos. Os objectivos
de aprendizagem devem ser determinados e planeados de forma a serem
desenvolvidos no decorrer da aula. Este instrumento digital pode também ser utilizado
para construir Visitas Virtuais, em conjunto com texto, som e fotografias panorâmicas
de 360 graus, para uso no contexto pedagógico no processo ensino/aprendizagem. As
visitas virtuais 8 (Anexo B) estão inseridas em sites e são um excelente método de
visualizar locais, que de outra forma estariam interditos (por falta de verba ou pela
distância a que se encontram). Aceder as estas visitas proporciona uma experiência
interactiva multimédia, possibilitando visualizar os diferentes espaços de um local em
realidade virtual e aceder à informação disponível. Estas visitas permitem aos
utilizadores um acesso fácil em diversos equipamentos tecnológicos, e constituem um
contributo à divulgação do património, nacional ou internacional. De facto, a visita
virtual a monumentos constitui não só uma oportunidade especial que permite ao
utilizador navegar nesse ambiente, mas também pode proporcionar experiências
8 http://giza3d.3ds.com/en-experience.html;
http://www.marinha.pt/conteudos_externos/visitas_virtuais/museu_marinha/index.html
19
aliciantes interagindo em autonomia. A visita virtual é a simulação de um espaço, real
ou não, que tem como objectivo criar a sensação de se estar a “viver” um ambiente
virtual como se fosse físico e real. Graças a tecnologias recentes, a evolução tem sido
constante e permite visualizar pormenores que numa visita real, por vezes não
conseguimos ver.
A utilização de RED não é de todo a solução para os problemas no ensino ou
para os resultados escolares que se têm verificado. Se por um lado podem ser
atractivos, proporcionam aumento de rentabilidade, diversificam as metodologias
educativas, possibilitam a comunicação entre alunos geograficamente distantes e
propiciam a interdisciplinaridade. Por outro exigem formação inicial e contínua para a
sua utilização, existem limitações tecnológicas, são susceptíveis de perda de dados
devido a imprevistos técnicos, exigindo capacidade de improvisação por parte do
professor. Requerem também tempo em aula para a sua aplicação, que nem sempre é
praticável. Este género de situações sucedeu durante a prática de ensino
supervisionada. No caso específico, o computador estava sem conexão à internet, e a
alternativa foi a utilização de computador pessoal para realizar as actividades que
estavam planeadas.
Os RED devem ser considerados um complemento no processo de
ensino/aprendizagem, sem que o papel destes venha anular a aprendizagem com base
nos moldes tradicionais, de forma a impor-se como único modelo de aprendizagem. O
que se pretende é um equilíbrio entre as práticas tradicionais e a tecnologia actual,
combinando-as para estimular a aprendizagem. A escolha da sua utilização deve ser
planeada e baseada na qualidade científica/pedagógica e na eficácia, possibilitando a
diversidade, multidisciplinaridade, participação, criatividade e motivação tanto dos
professores como dos alunos. Se não houver estímulo, se ambas as partes se
manifestam desinteressadas e sem incentivo, é normal que advenha a desmotivação, a
procrastinação em realizar actividades, bem como aprender procedimentos de
investigação/exploração. Vygotsky (1991) refere que o pensamento propriamente dito
é concebido pela motivação, isto é, pelos nossos desejos e necessidades, os interesses
e as emoções. O desafio é impedir que a influência negativa abale a motivação dos
alunos e professores, na execução das suas tarefas, valorizando a competência e
20
eficácia de forma a promover o envolvimento das partes e consequente empenho no "
desejo de continuar a aprender" (Dewey, 1971, p.42).
O professor deve utilizar estratégias de ensino ajudando os alunos a atingir os
objectivos cognitivos e adquirir o conhecimento com o desenvolvimento das
experiências e participação no processo de aprendizagem. A forma perspicaz para
desenvolver os domínios cognitivo, psicomotor e afectivo dos alunos passa por
consolidar laços de cooperação, criar empatia, privilegiar valores, valorizar a inclusão e
identidade individual de cada um, promover a reflexão e criatividade.
“Individuals must recognize and clarify learning needs, plan a strategy to
address these needs, locate and access resources, evaluate their veracity and utility,
modify approaches based on an assessment of learning progress, and otherwise
manage their teaching or learnin” (Hill & Hannafin, 2001, p.38).
Alguns autores afirmam, (Baptista, Freire A., e Freire S., 2006) que a
implementação de actividades de investigação, na aula, motiva os alunos contribuindo
para o desenvolvimento do pensamento científico, crítico e criativo; promove o
aperfeiçoamento de competências por parte dos alunos e aumenta o seu
conhecimento científico. Assim sendo, o aluno deve estar exposto a um ambiente
onde pode aprender a utilizar diferentes ferramentas tecnológicas, que lhe permitam
investigar para desenvolver as suas competências e aumentar o seu saber.
Aprendizagem recorrendo a ferramentas digitais e ligação à internet, pode
favorecer o desenvolvimento de competências básicas e de utilização dos RED, tanto a
nível cognitivo como a nível social. É neste âmbito que o aluno tem a possibilidade de
explorar, investigar, estabelecer contacto com outras realidades sócio-culturais,
oportunidade de comunicação e troca de materiais com pessoas em qualquer ponto
do globo em tempo real9, realizar trabalhos em suporte digital e publicá-los,
fomentando a responsabilidade e desenvolvimento das suas competências. Estas
9 “O facto de (...) se poder aceder aos mais variados tipos de informação sediada em computadores em
qualquer parte do mundo, se poder conversar (em tempo real) e corresponder com pessoas espalhadas
pelo mundo, se poder ter o seu espaço próprio de publicação, faz com que se aprenda a ver e a sentir o
mundo de modo diferente porque se gera uma nova forma de conceber o espaço, o tempo, as relações,
a representação das identidades, os conhecimentos, o poder, as fronteiras, a legitimidade, a cidadania, a
pesquisa, enfim, a realidade social, política, económica e cultural” (Silva, 1999, p. 55).
21
actividades realizadas em conjunto com os colegas e ajuda do professor estabelecem
uma relação de parceria entre as partes 10, onde a partilha de experiências e
investigação incrementam a comunicação entre ambos. Segundo Papert (1994) existe
uma aproximação entre alunos e professores quando se utiliza o computador, pois
juntos tentam que o computador execute algo e, assim, vão descobrindo e
solucionando os problemas que surgem. A interacção do professor com os alunos
proporciona um conhecimento de ambos, e uma aproximação onde verificam por
vezes que partilham mesmos interesses. Isto pode contribuir para fortalecer a relação
afectiva professor/aluno e o respeito mútuo, melhorando o processo de
ensino/aprendizagem e influenciando o comportamento do aluno na aula. Assim como
a participação activa dos alunos em tarefas de grupo com utilização de RED que exijam
interacção com os colegas, estimula a cooperação, o respeito pelo colega e desenvolve
a comunicação e competências sociais que favorecem a aprendizagem.
Dos RED mencionados, todos eles podem ser um trunfo para o professor
aquando da sua utilização, ou tornarem-se ferramentas inapropriadas. Todos podem
ser reutilizados, desde que disponíveis na internet, ou partilhados por colegas,
contudo a sua utilização deve ser avaliada e ponderada, tendo em conta o públicoalvo, os conteúdos, o contexto e o que se pretende alcançar.
No processo de pesquisa de RED, a busca pode tornar-se avassaladora para o
sujeito da procura, seja ele aluno ou professor, pois depara-se com uma enorme
quantidade de informação disponível e a difícil tarefa de consulta, selecção e avaliação
de escolha. É exigido ao professor, proficiência com a tecnologia, para saber qual o
melhor recurso a usar como ferramenta, competências e habilidades para discernir
como construir um recurso adequado. Quando se opta por um determinado recurso, é
necessário estar ciente das restrições susceptíveis de acontecer. Como foi atrás
mencionado, todos os RED podem motivar, criar dinâmica nas aulas, proporcionar
aumento de rentabilidade, facilitar a aprendizagem dos alunos e aperfeiçoar a sua
construção do conhecimento, quando são adequados, de qualidade e bem utilizados.
10 “Professor e aluno passam a ser companheiros, ainda que com funções e bases de experiência
diferentes” (Ponte, 1990, p.107).
22
Em suma, e tendo em conta que não há soluções mas caminhos a percorrer,
para tentar alterar o que está errado no processo de ensino/aprendizagem, o mais
sensato é tentar melhorar os pontos fracos, nomeadamente, a formação de
professores e incentivo à investigação e partilha junto dos seus pares, o
aperfeiçoamento dos instrumentos nas escolas. É indispensável a motivação,
adaptação e harmonia na sua utilização nas aulas juntamente com recursos
tradicionais, para criar contextos de aprendizagem produtivos, sempre tendo em
consideração as características e necessidades dos seus alunos. E como em todas as
profissões é sobretudo fundamental amor e dedicação pela profissão que exerce.
1.5 Metodologia
Neste capítulo, pretende-se explicar a metodologia adoptada, a descrição dos
instrumentos utilizados e os resultados obtidos. Este trabalho pretende saber a
frequência com que os professores usam os RED nas aulas, quais utilizam;
compreender se existem recursos/instrumentos disponíveis e a sua opinião sobre os
resultados dessa utilização. Neste contexto optou-se por uma análise quantitativa,
utilizando para o efeito um questionário 11 aplicado aos professores da Escola Básica da
Costa da Caparica. Esta escolha permite recolher uma amostra dos conhecimentos,
posturas e procedimentos. Segundo Pinto (1986), a formulação de questões não pode
perder de vista as características da população a inquirir, e assim optou-se por
questões claras e concisas, para apurar se os professores revelam atitudes e práticas
de utilização, bem como a sua opinião sobre os RED.
O inquérito estatístico 12 usado para recolha de informação quantitativa neste
estudo, (Anexo C) é de tipo misto, com nove questões de resposta fechada e duas de
forma aberta, sendo que nas respostas abertas o sujeito responde utilizando o seu
próprio vocabulário. O inquérito utilizado é de administração directa, tendo em conta
11 “Conjunto de perguntas sobre determinado tópico que não testa a habilidade do respondente, mas
mede a sua opinião, seus interesses, aspectos de personalidade e informação biográfica. Yarenko,
Harari, Harrison & Lynn, 1986, in Günther Hartmut” (2003, p.1).
12 “… é um instrumento para recolha de dados constituido por um conjunto mais ou menos amplo de
perguntas e questões que se consideram relevantes de acordo com as características e dimensão do que
se deseja observar” (Hoz, 1985, p.58).
23
que é o próprio inquirido que responde às questões. A amostra é constituído por 35
docentes de 2º e 3º ciclo do ensino básico, de todas as áreas disciplinares, na Escola
Básica da Costa da Caparica onde decorreu a Prática Pedagógica de Ensino
Supervisionada, durante o ano lectivo 2012/13. A aplicação do questionário efectuouse de forma anónima, tendo sido entregues (em formato papel) 71 inquéritos para
preenchimento dos professores no final da prática pedagógica. A taxa de retorno foi
de 49%, ou seja, 35 inquéritos. Da amostra faziam parte três professores de História e
Geografia de Portugal, três de Educação Visual e Tecnológica, dois de Educação
Musical, cinco de Português/Inglês, dois de Português/Francês, cinco de Educação
Física, três de Ciências Físico-Químicas, dois de Português, dois de História, três de
Geografia, quatro de Matemática e Ciências Naturais e um de Educação Moral e
Religiosa Católica.
A primeira parte do inquérito é composta por um conjunto de questões sobre
as condições de utilização de ferramentas digitais, em que se pretende conhecer os
recursos em falta e os que são usados na aula. No grupo seguinte as perguntas
tencionam averiguar a opinião dos professores sobre a eficiência e dificuldades na
utilização dos RED na sala de aula. O último grupo contém questões relativas ao
comportamento e receptividade dos alunos a estes recursos.
Com os resultados deste inquérito intenta-se identificar os recursos mais
usados pelos professores, a carência de ferramentas digitais e posteriormente a sua
opinião sobre os RED, na eficiência e dificuldades na utilização.
1.6 Análise dos Dados
A exposição dos dados recolhidos nos inquéritos será apresentada através de gráficos
juntamente com explanação que descreve e interpreta cada questão em particular. O
principal objectivo deste questionário é entender até que ponto os RED são
considerados imprescindíveis no processo de aprendizagem, de que forma estão a ser
utilizados nas aulas e quais as mais-valias do seu uso em disciplinas tão importantes
como a Geografia e a História.
24
No primeiro grupo de questões, na fig.4 (gráfico) podemos constatar que a
maioria dos professores (85,7%), tem alunos nas suas turmas que não possuem o
manual escolar da sua disciplina. Os motivos da ausência do manual, prendem-se com
as características sócio económicas da população escolar da referida escola. É
importante salientar, que este estudo foi realizado no mês de Maio, final do ano
lectivo 2012/13, e que em alguns casos, a falta de manual, se manteve durante todo o
ano lectivo. Isto demonstra que em certas disciplinas por vezes é necessário recorrer a
outros métodos para além do livro tradicional, nomeadamente o manual digital, como
foi o caso da disciplina de História, durante o primeiro semestre da prática pedagógica
de ensino supervisionada. Apenas 11,4% dos inquiridos diz que não têm alunos sem
manual escolar na sua disciplina, e um professor não responde pois na sua disciplina
estes recursos não são utilizáveis. Esta situação ocorreu também nas turmas que
leccionei na área disciplinar de História, o que proporcionou a adaptação de algumas
estratégias planificadas à utilização de RED (indicadas mais adiante neste relatório).
Figura 4 – Alunos sem manual escolar
Ao serem questionados se habitualmente utilizam o computador e a internet
nas suas disciplinas, verifica-se na fig.5 que, a grande maioria (88,6%) dos professores
respondeu afirmativamente, enquanto 8,5% assumiram não o fazer; e um inquirido
não respondeu. Analisando este gráfico, pode-se afirmar que existem os requisitos
mínimos (equipamentos tecnológicos), na escola: computador fixo e vídeo projector
em cada sala de aula, uma sala com computadores, própria para as aulas de TIC e um
centro de recursos disponíveis na biblioteca escolar/centro de recursos (BE CRE).
25
Figura 5 – Utilização de computador/internet
Quando se menciona tecnologias de informação e comunicação, não se deve
esquecer que, actualmente, não contemplam apenas computadores e internet. De
facto, hoje em dia, está disponível um vasto conjunto de recursos, já referidos neste
trabalho, que permitem o acesso à informação e à comunicação entre si, facultando
uma variada panóplia de programas e aplicações possíveis de utilizar na escola e em
casa (quando exequível).
Em algumas das aulas leccionadas, optei por utilizar o computador pessoal, em
virtude de alguns computadores escolares estarem avariados, o acesso à internet
frequentemente estar indisponível e, pelo facto, de ser interdito utilizar pen drive nos
aparelhos informáticos escolares.
Pode dizer-se que o número de alunos que utiliza computadores é
consideravelmente elevado, contudo não se pode ter por certo que todos têm acesso
a esses instrumentos. Na verdade, é errado presumir que todos os alunos conhecem
ou têm experiência na utilização de recursos tecnológicos fora da escola, por exemplo,
o acesso a computador em casa pode ser inexistente. Esta condição pode afectar a
possibilidade dos professores incluírem pesquisas na internet, aquando da atribuição
de tarefas a realizar pelos alunos em casa.
Neste caso, 68,6% dos professores inquiridos atribui regularmente ou de forma
esporádica, tarefas aos alunos que impliquem o uso da internet em casa (fig. 6),
enquanto 28,5% reconhece não o fazer e apenas um professor não respondeu. Apesar
do valor percentual do ‘sim’ ser mais significativo, não deixa de ser importante
valorizar que quase 30% dos professores (maioritariamente professores de Educação
26
Física e de Ciências Naturais), não solicita realização de actividades em casa, com
recurso a computador/internet. Seja por identificar a falta de equipamentos, ou para
não causar constrangimentos, o facto é que não o fazem.
Figura 6 – Consulta de internet em casa
Quando questionados sobre a existência de meios que permitam a utilização de RED
(fig.7), verifica-se que (88,6%) dos professores responde afirmativamente, contra 5,7%
que responde negativamente. Os restantes 5,7%, não responderam ou a questão não
se aplicava à situação específica da sua disciplina. Assim confirma-se os valores atrás
verificados (88,6%) na utilização de computador e internet na aula, com a existência de
material tecnológico necessário à sua aplicação.
Figura 7 – Material tecnológico na escola
Na figura 8, as respostas dos inquiridos acerca dos recursos educativos que
costumam utilizar nas suas aulas, divide-se. O powerpoint e os vídeos são os recursos
mais utilizados, com 80% e 68,6%, respectivamente; segue-se o manual digital com
45,7% e os sites/blog’s com 42,8%; os menos utilizados são as plataformas de ensino e
27
aprendizagem com 20%, o quadro interactivo com 11,4% e o Moodle apenas com
5,7%. Estas respostas, evidenciam que os recursos mais adoptados são os mais simples
de utilizar. Pressupõe-se que a escolha recaia sob os recursos onde se sentem mais
confiantes. O ppt é simples de construir e facilmente encontrado na internet assim
como o vídeo. A sua utilização frequente melhora a prática e aumenta a experiência
nos RED, que permite ao professor fazer o seu trabalho de forma mais eficaz. Desta
forma, é essencial que na formação o professor seja motivado na utilização de RED,
que tome consciência da sua relevância e que experimente estratégias ligadas ao
currículo específico da sua área científica e pedagógica.
Figura 8 – RED utilizados nas aulas
Comprova-se pelas respostas obtidas sobre a questão dos recursos em falta,
(fig. 9) que o computador com acesso à internet é um dos principais equipamentos em
falta (74,3%), sendo considerado a tecnologia primordial e que é necessário na
aplicação de estratégias de aprendizagem.
De seguida, os professores definem como necessidades mais prementes a
existência de um projector de vídeo na sala de aula (37,1%), a aplicação do quadro
interactivo (25,8%) e o recurso a dicionários e enciclopédias (25,8%), a utilização de
jornais e revistas (20%) e, por fim, o Moodle com apenas 8,6%. De referir ainda que
11,4% dos professores inquiridos mencionou outras sugestões de recursos educativos
em falta na escola, nomeadamente um espaço para actividades, livros, instrumentos
musicais e jogos.
Tendo em conta os resultados das figuras cinco e sete, (Utiliza
computador/internet na sala; Existem meios que permitam aprendizagem através de
28
RED na escola), 88,6% dos inquiridos responde afirmativamente. Se confirmam que
existem equipamentos que permitem utilização de RED e que os utilizam, é um pouco
contraditório indicarem como uma das lacunas a falta do computador com ligação à
internet, seguido do projector de vídeo. Esta resposta pode dever-se ao facto da Escola
Básica da Costa da Caparica apresentar dificuldades na ligação à internet, resultando
na impossibilidade de acesso à rede, assim como o facto de alguns computadores da
escola não funcionarem, sujeitando os professores a utilizarem o seu computador
pessoal. Outra das razões é a existência de apenas uma sala equipada com
computadores suficientes para realizar actividades com os alunos (dois alunos por
equipamento), o que se torna um obstáculo na requisição da sala com esses recursos.
Figura 9 – Recursos pedagógicos que fazem falta aos alunos
No seguimento da análise dos inquéritos, os RED foram considerados pela
totalidade dos inquiridos, como instrumentos que permitem diversificar as actividades
na sala de aula, como se pode confirmar na figura 10. Seguido de 91,4% e 83% dos
inquiridos que verificam maior facilidade na aprendizagem dos alunos e aumento do
interesse destes nas aulas em que o professor aplica estes recursos.
A utilização dos RED é vista como um estímulo ao seu trabalho por 80%
professores inquiridos e 74,2% afirmam que a utilização de recursos educativos digitais
favorece a participação dos alunos no decorrer das aulas. Estes valores evidenciam a
consciência dos docentes na importância da utilização de RED como um estímulo às
suas metodologias, e reconhecimento no empenho dos alunos, participação e
colaboração nas actividades propostas.
29
Na alínea sobre o estímulo do espírito crítico dos alunos, os resultados são um
pouco diferentes: 65,7% dos inquiridos respondem afirmativamente, considerando
que a utilização de RED estimula o espírito crítico no sentido de promover raciocínio
com lógica, mas 31,4% dos inquiridos têm dúvidas neste assunto. Quanto à melhoria
do desenvolvimento intelectual dos alunos as respostas dividem-se, 54,3% concorda,
compreendendo potencialidades educativas no desenvolvimento intelectual dos
alunos, no entanto 45,7% não concorda ou discorda. Este resultado reporta-nos para
outra questão que seria muito importante investigar, “a razão de uma percentagem
significativa dos professores não ter opinião formada sobre a utilização dos RED
favorecer o desenvolvimento intelectual dos alunos, bem como estimular o espírito
crítico”, no entanto essa possibilidade está além do âmbito deste trabalho.
Por último, apenas 45,7% dos professores vêem nos RED um instrumento de
trabalho indispensável à aprendizagem, contra 22,9% que discordam e 31,4% que não
concorda nem discorda. Apesar da considerável percentagem de respostas dos
professores, que encaram a utilização de RED, necessária à aprendizagem, é relevante
que mais de metade dos inquiridos discorda ou não tem opinião, o que leva a
depreender, que estes professores elegem outras metodologias como fundamentais
para o processo de ensino/aprendizagem.
Figura 10 - Efeitos na utilização dos RED nas aulas.
Na pergunta sobre as dificuldades que sentem na utilização de RED, 62,8% dos
professores respondeu que não sente nenhum inconveniente em utilizá-los. No
entanto 25,8% acusaram algumas contrariedades nomeadamente: “falta de
30
operacionalização”; “espaço circunscrito nas salas de aula”; “falta de computadores
que os alunos possam utilizar individualmente”; “reduzido número de aulas por
semana, e pouco tempo para os utilizar RED nas aulas”. No caso dos professores de
educação física afirmam que não dispõem de equipamento tecnológico no pavilhão
onde decorrem as suas aulas e que “é bastante difícil arranjar salas para este tipo de
aulas”. Referiram ainda, dificuldade no acesso à internet, “a internet não liga” e
inconveniência na aplicação de RED nas suas aulas, “nas turmas maiores, que revelam
dificuldades de concentração e pouco interesse pelas actividades escolares na sua
globalidade”.
Figura 11 - Dificuldades na associação dos RED às aulas
Quando questionados acerca da motivação dos alunos aquando da utilização
dos RED nas aulas, a maioria dos professores inquiridos (80%), diz que os alunos se
mostram interessados; 25,8% refere, que sente os alunos motivados. Assim, é
importante observar que os professores reconhecem que os alunos sentem-se mais
interessados e motivados no decorrer dessas aulas. Isto pode revelar em parte, que os
professores verificando este desempenho, sintam mais determinação em usar RED.
Figura 12 – Motivação dos alunos
31
Aprofundando ainda mais um pouco esta questão, analisou-se o impacto da
utilização dos RED ao nível dos conhecimentos dos alunos: 74,3% dos professores,
considera que esta utilização não tem qualquer influência nos resultados dos testes de
avaliação, e que os resultados se mantiveram inalterados, enquanto 11,4% afirmam ter
reconhecido melhorias nos resultados dos testes derivadas da aplicação dos RED no
processo de aprendizagem.
Avaliou-se igualmente o impacto dos RED ao nível da realização de perguntas
pertinentes pelos alunos, sendo que os resultados do inquérito apontam para uma
melhoria com 35%, enquanto 59,5% não reconhece quaisquer alterações. Dos
professores que falam de melhorias ao nível da participação dos alunos (57,1%), uns
dão especial relevância a uma melhoria da interacção professor/aluno com 48%,
enquanto 44%, consideram que essa relação se mantém inalterada. Também na
avaliação do comportamento durante a utilização de RED nas aulas, as opiniões
dividem-se, e 43% dos professores dizem que essas atitudes tiveram melhorias e 49%
afirmam que não verificaram alterações no comportamento dos alunos. Enquanto
3,7% dos inquiridos pensam que os alunos pioram o seu comportamento e a
interacção com o professor e os colegas.
Figura 13 – Comportamento dos alunos
Em suma, apesar dos inquiridos considerarem que os RED proporcionam um
maior interesse e atenção da parte dos alunos, não consideram que haja melhoria nos
resultados das avaliações sumativas. Num ponto, os professores são unânimes: a
utilização dos recursos educativos digitais contribui decisivamente para a
diversificação das actividades na sala de aula. De forma a tornar as aulas mais
32
dinâmicas e diversificadas, os professores podem construir os seus materiais didácticos
ou pesquisar na internet para reutilizar um recurso. Existem cada vez mais recursos
digitais de aprendizagem disponíveis gratuitamente na internet para que os
professores os utilizem de forma personalizada nas suas aulas. Visto que alguns destes
recursos têm um potencial dinâmico e atractivo, cabe aos professores fazerem uso dos
mesmos para fins pedagógico-didácticos e aproveitá-los adequadamente como uma
oportunidade para proporcionar diferentes formas de aprendizagem.
As opiniões são ambíguas quando afirmam que há melhorias no interesse pela
aula, bem como na interacção com o professor e colegas. Se por um lado há docentes
que consideram que há melhorias, outros apontam que não há qualquer mudança.
Estas diferenças de opiniões, podem relacionar-se com o facto de os RED não serem
pedagogicamente adequados ou bem utilizados, pela falta de reciprocidade e diálogo
entre os participantes, ou da falha na formação dos professores que os aplicam na
aula, entre outras dificuldades possíveis. Contudo, convém referir que a integração das
tecnologias em contextos educativos nem sempre constitui, de «per si», um problema.
Efectivamente, o problema existe, sim, mas por vezes “quando as propostas
pedagógicas
não
são
inovadoras
e,
por
conseguinte,
não
transformam
verdadeiramente os processos de ensino e de aprendizagem”, (Ramos, Teodoro e
Ferreira, 2011, p.12). É fundamental estimular o interesse dos alunos e favorecer a
construção do conhecimento inovando as estratégias pedagógicas.
Com base nos questionários, depreende-se que os professores reconhecem nos
RED uma ferramenta importante no processo ensino/aprendizagem, compreendendo
que possibilita o fomento do espírito crítico e do pensamento reflexivo, e que os
utilizam nas suas aulas mas, no entanto, os fracos resultados dos testes e avaliações,
levam à questão: Será que os RED são um componente fundamental na aula?
33
II
- Recursos Educativos Digitais na prática de ensino supervisionada em História
2.1 - Localização da escola e Caracterização do Meio
A Prática de Ensino Supervisionada do Mestrado em Ensino da História e da
Geografia no 3ºciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário decorreu na Escola Básica
da Costa da Caparica, pertencente ao Agrupamento Vertical de Escolas da Costa da
Caparica, durante o ano lectivo 2012/2013. Situa-se no concelho de Almada, pertence
à freguesia que lhe dá o nome, Costa da Caparica. A escola é caracterizada por uma
grande diversidade cultural, na sequência de este ser um concelho com elevado
número de imigrantes. Predominam os alunos oriundos do Brasil e Países Africanos de
Língua Oficial Portuguesa. O número de alunos com dificuldades económicas é
elevado, consequentemente o insucesso e o abandono escolar são elevados.
O Núcleo de Estágio da Escola Básica da Costa da Caparica era constituído pelos
Professores Estagiários Catarina Franco, Luís Almeida e Sónia Garcia.
No primeiro semestre a prática de ensino supervisionada decorreu na área
disciplinar de História, sob supervisão da professora Marta Torres, no nível de 7º ano
nas turmas H e I. As aulas assistidas e leccionadas decorreram em ambas as turmas, à
2ª feira, no horário de 8:15h/9:45h a turma 7ºH e 9:55h/11:25h a turma 7ºI.
No segundo semestre, a prática de ensino supervisionada foi realizada na
disciplina de Geografia, sob orientação da professora Graça Ferreira. As aulas assistidas
iniciaram em Fevereiro e incidiram no nível 7º ano na turma B e no nível 8º ano na
turma A. As aulas leccionadas decorreram na turma 7ºB, no horário das 9:55h/11:25h
à segunda-feira e às 12:20h/13:10h à quarta-feira.
2.2. Caracterização das Turmas
A turma do 7ºH era constituída por 21 alunos, 12 raparigas e 9 rapazes. Esta
turma incluía uma aluna com Necessidades Educativas Especiais (NEE), que era
34
abrangida pelo Artigo 16º 13 com as alíneas: a) Apoio pedagógico personalizado; d)
Adequações no processo de avaliação; e) Currículo específico individual; e Adequação
do processo de ensino e aprendizagem, pelo Artigo 17º 14 Apoio Pedagógico
Personalizado.
A turma era composta por alunos na sua maioria com mais de 13 anos, 10 já
tinham retenções no 7º e nos anos anteriores. Cinco alunos tinham plano de
acompanhamento pedagógico, que tinham sido delineados no ano anterior por
motivos de retenção e no sentido de resolver problemas de aprendizagem dos alunos.
Este fraco aproveitamento revelava falta de hábitos de estudo, desinteresse pela vida
escolar, acusando pouca participação dos encarregados de educação na vida escolar
dos seus educandos e, por consequência, falta de interesse na sala de aula e falta de
motivação pelas actividades lectivas. Ao nível das atitudes e comportamentos os
alunos da turma H do 7º ano demonstravam falta de concentração, falta de hábitos de
saber estar. Participavam um pouco desordenadamente com as suas intervenções e
mantinham conversas com os seus pares, prejudicando o seu processo de
aprendizagem.
A turma era constituída por alunos de diversas nacionalidades, na sua maioria
de origem brasileira e de Cabo Verde, o que por vezes dificultava a compreensão oral e
escrita de alguns dos alunos. Alguns elementos da turma tinham dificuldades
económicas, o que impossibilitou a compra do manual da disciplina até ao fim do 1º
Período.
A segunda turma leccionada foi 7ºI, compreendia 10 alunos, 2 raparigas e 8
rapazes. Inscritos na turma estavam 21 alunos, no entanto apenas 10 compareciam.
Um dos alunos com características NEE, é abrangido pelos artigos: Artigo 17.º, Artigo
20.º 15 e Artigo 21.º 16.
13 Artigo 16.º - “A adequação do processo de ensino e de aprendizagem integra medidas educativas
que visam promover a aprendizagem e a participação dos alunos com necessidades educativas especiais
de carácter permanente”, Decreto-Lei n.º 3/2008 de 7 de Janeiro, Diário da República, 1.ª série - N.º 4
14 Artigo 17.º - “Estímulo e reforço das competências e aptidões envolvidas na aprendizagem;
pedagógia diferenciada na sala de aula; elaboração de materiais específicos; reforço positivo.
Desenvolvimento de competências específicas pelo docente de educação especial”, Decreto-Lei n.º
3/2008 de 7 de Janeiro, Diário da República, 1.ª série - N.º 4
15 Artigo 20.º – “Alteração dos instrumentos de avaliação; realização de testes/fichas diferenciados,
adequados ao seu nível de competências; reduzir o número de questões ou simplificar a terminologia;
35
Os alunos eram, na sua maioria, de nacionalidade portuguesa, à excepção de
uma aluna de nacionalidade brasileira. O seu aproveitamento escolar era fraco, e
alguns deles já repetiam o 7º ano pela 3ª vez. O comportamento era inadequado por
parte de alguns alunos que dificultavam o bom funcionamento da sala de aula.
Na ausência dos membros que comprometiam o bom funcionamento na sala
de aula, estas decorriam de forma adequada, propiciando um bom ambiente para o
desenvolvimento do processo de ensino/ aprendizagem. Apenas de salientar que
algumas vezes os alunos se recusavam a executar as tarefas solicitadas pelo professor,
na sequência da falta de hábitos de estudo, desconhecimento dos conteúdos
programáticos, falta de auto estima ao nível da expressão da língua portuguesa, quer
oral como escrita.
Ao nível do comportamento, a turma era bastante agitada, conversadora e
pouco disponível para realizar as tarefas propostas em sala de aula. De referir as
intervenções desajustadas e impróprias por parte de alguns dos membros da turma e,
de certa forma, ofensiva para com os professores. Este facto levou a que alguns alunos
tivessem inúmeras participações, por parte dos professores e auxiliares, devido ao seu
comportamento perturbador e por vezes agressivo.
À semelhança da turma H, grande parte dos alunos do 7ºI revelavam graves
dificuldades económicas e não possuíam o manual adoptado na disciplina. Ainda a
realçar a existência de alunos com grandes carências afectivas, na medida em que
estavam inseridos em famílias desestruturadas e com pais com um papel pouco activo
no acompanhamento escolar dos seus educandos, que não se reviam na cultura de
escola, manifestando por vezes, poucas expectativas em relação à mesma.
maior peso da avaliação formativa.” Decreto-Lei n.º 3/2008 de 7 de Janeiro, Diário da República, 1.ª
série - N.º 4
16 Artigo 21º – “A avaliação deverá ser feito numa perspectiva de controlo da evolução das
aprendizagens e das aquisições funcionais que forem adquiridas, tentando promover uma orientação
clara quanto ao desenvolvimento do currículo e do percurso escolar dos alunos.” Decreto-Lei n.º 3/2008
de 7 de Janeiro, Diário da República, 1.ª série - N.º 4
36
2.3. Conteúdos Leccionados
Foram utilizados 20 blocos de 90 minutos em cada semestre de prática de
ensino supervisionada: 10 blocos de observações de prática docente; 10 blocos de
Prática de Ensino em cada uma das áreas disciplinares.
O manual adoptado pela disciplina foi o de Barreira, A., Moreira, M., (2012)
Páginas da Historia, Lisboa, Edições Asa. Os conteúdos leccionados são referentes ao
tema A2 – As Primeiras Civilizações, com subtemas: - As Civilizações dos Grandes Rios:
o Antigo Egipto – A Grande Civilização do Nilo; - Novos contributos civilizacionais no
Mediterrâneo Oriental.
2.4. Actividades Desenvolvidas
Neste capítulo descrevem-se e reflectem-se sobre algumas das estratégias
desenvolvidas para as aulas leccionadas na Pratica Pedagógica de História. Apenas
serão apresentadas algumas das actividades mais significativas para o tema do
relatório. Tendo em conta o assunto Recursos Educativos Digitais, optei por
desenvolver estratégias relacionadas com o tema. Pretendia promover o sucesso no
processo de ensino/aprendizagem com auxílio dos RED, em cooperação e sob
orientação da Professora Marta Torres. Durante as aulas leccionadas, utilizei diversas
metodologias de trabalho e tentei adequá-las à realidade escolar e à realidade de cada
turma, que exigia estratégias diferentes. As aulas foram planificadas seguindo os
programas de ambas as disciplinas, tendo em consideração as metas/objectivos
curriculares, seguindo as directrizes das orientadoras.
Segundo Febvre (1953), a História faz-se com documentos escritos, sem dúvida,
quando estes existem. Mas pode fazer-se sem documentos escritos, quando não
existem. A importância do uso do som e da imagem é fulcral na aprendizagem.
Facilitam e amplificam a comunicação, dispondo de diversas potencialidades ligadas.
Foi nesse âmbito da utilização dos RED, que me propus a planear as aulas, na prática
pedagógica de História.
37
Os recursos tecnológicos existentes na Escola Básica da Costa da Caparica são
um pouco reduzidos, e não satisfazem em pleno as necessidades da comunidade
escolar 17, o que tornou a prática pedagógica em certas situações mais limitada.
Como grande parte dos alunos não possuía o manual escolar, optei por
organizar os conteúdos, investigar e seleccionar imagens, sons e elaborar textos de
forma a construir uma apresentação gráfica em powerpoint (ppt), (exemplo de alguns
dos diapositivos - Anexo D). Utilizei diversas imagens do próprio manual, para os
alunos fazerem ligação visual entre o ppt e o livro, no caso de o possuírem. Segui
alguns parâmetro básicos para tornar este recurso cativante, utilizando pouco texto,
seleccionando imagens atractivas e, sempre que possível, som e vídeos adequados aos
alunos a que se destinavam, tendo em conta a sua origem sociocultural.
A utilização de ppt foi mantida ao longo das aulas, em ambas as turmas, sendo
alternado com outros instrumentos didácticos como por exemplo manual digital,
mostra de objectos relacionados com o tema, vídeos, fichas de exercícios, jogos e
outras actividades lúdico-pedagógicas. Pretendia, pelo uso deste recurso digital,
mostrar conteúdos de forma dinâmica e interessante no sentido de cativar e estimular
os alunos na temática abordada e a desenvolver o conhecimento histórico. Para evitar
que os diapositivos se tornassem monótonos, o texto foi composto com palavraschave relacionadas com os conteúdos, e desenvolvidas de forma mais completa pelo
meu discurso. Os materiais iconográficos foram seleccionados tendo em conta o
programa curricular e os seus objectivos, de modo a permitir a identificação e
caracterização das principais fases e etapas da evolução do Homem, referentes às
primeiras civilizações. Assim, os diapositivos apresentam imagens pertinentes para
este tema: mapas, cronologias, imagens de reconstruções de cidades já desaparecidas,
de objectos, de esculturas, de templos e deuses, pinturas e baixo-relevo.
A opção de construir a minha própria apresentação gráfica deve-se, não à falta
de recursos válidos existentes na internet, mas ao facto de considerar indispensável
construir e aplicar as nossas próprias estratégias. É essencial o professor construir os
17 “A escola dispõe de recursos previstos pelo PTE, contudo insuficiências de carácter logístico têm
obstado à sua rentabilização (…) e limitações na utilização das tecnologias de informação e comunicação
nos processos de aprendizagem e de ensino”, Ministério da Educação, Inspecção Geral da Educação,
Avaliação Externa das Escolas 2009/2010.
38
seus próprios materiais, sendo primordial identificar as características dos seus alunos,
as necessidades e desenvolver recursos que permitam colmatar essas necessidades.
Desta forma permite ao professor ganhar experiência nos RED e sentir-se confiante no
domínio pleno do recurso/equipamento digital.
No caso de o professor realizar uma exposição gráfica que não seja de sua
autoria, pode incorrer na falta de capacidade de explanar o seu conteúdo
correctamente. É fundamental o professor saber interpretar e utilizar os materiais que
está a utilizar. Se assim não for, deve evitar utilizá-lo, pois isso terá consequências para
os alunos, que criam ideias erradas ou fragmentadas sobre os conteúdos, limitando a
sua compreensão. Um erro comum é simplesmente ler o texto contido nos
diapositivos para os alunos, palavra por palavra, de forma monocórdica, o que pode
propiciar falta de atenção dos alunos, e pouco torna a experiência de aprendizagem
interessante e cativante, que é o pretendido. A apresentação gráfica, pode incorrer de
se tornar ineficaz e fragmentada, se estiver inadequada aos conteúdos programáticos
e não for coesa. Um factor inconveniente da aplicação deste RED, passa pela exigência
de utilização de computador e projector na sala de aula, que nem sempre estão
disponíveis ou a funcionar de acordo com o que é necessário.
Durante a primeira aula, um dos subtemas abordados, relacionava-se com as
actividades económicas na Civilização Egípcia. O diapositivo (anexo D-2), que
apresenta alguns exemplos, mostra os objectos/produtos que as caracterizam, no
sentido dos alunos identificarem a actividade económica, bem como a percepção da
especialização de funções. Depois das respostas dadas (oralmente), o nome da
actividade seria posto a descoberto confirmando o resultado.
Os diapositivos do ppt foram visualizados com alguma fluidez, mas sempre
conforme o ritmo dos alunos, avançando ou recuando na apresentação de
diapositivos, consoante a necessidade. Ao longo da exibição, estabeleceu-se uma
interacção professor/aluno, efectuando questões sobre os conteúdos, às quais
solicitava a resposta por parte dos alunos. Bem como em caso de dúvida, foram
surgindo perguntas, respondendo-lhes prontamente. Em cada diapositivo visualizado,
estabelecia-se uma interlocução sobre o tema, de forma a promover o enriquecimento
da comunicação através da análise de documentos iconográficos e estimular a
39
oralidade, incentivando os alunos à participação activa na aula. Ao longo da
visualização pretendia que tirassem algumas anotações aplicando o vocabulário
específico, que reflectissem sobre a informação, e que se estabelecesse uma
comunicação através das intervenções dos alunos, sobre os vários temas abordados ao
longo da aula. Esta estratégia foi proveitosa para o processo de aprendizagem, pois os
alunos corresponderam bem aos recursos apresentados e não tiveram qualquer
dificuldade em compreender os conteúdos programáticos. No decorrer da aula,
tiveram
outros
momentos
de
enriquecimento
de
comunicação
escrita,
desenvolvimento de capacidades na realização de exercício escrito e recolha de
apontamentos relevantes à sua aprendizagem.
No final da primeira aula foi realizado um jogo simples (Anexo D-3 e D-4), com
auxílio do ppt que consistia na observação de imagens sobre algumas actividades
económicas realizadas pelos egípcios. No diapositivo seguinte, estavam apenas os
nomes das actividades, e várias imagens ‘soltas’, que tinham de ser colocadas no
compartimento correcto. Idealizada para ser realizada a pares, em que cada par teria
de ir ao computador colocar uma imagem no lugar correcto. Contudo, devido ao
avançado da hora, foi efectuada em conjunto com a turma e as imagens colocadas por
mim no local certo. A carga horária atribuída à disciplina de História para o 7º ano é de
apenas 90 minutos, o que se tornou um problema, pois não me permitiu realizar todas
as actividades planeadas. O objectivo deste exercício pretendia estimular a memória
visual, incentivar os alunos a participar na actividade, fomentar o aperfeiçoamento da
linguagem e da concentração, bem como aquisição de conhecimentos.
Nesta situação a apresentação gráfica mostrou-se vantajosa, pois permitiu
enriquecer a aula com uma dinâmica de imagens, mapas e cronologias, no âmbito de
localização no tempo e no espaço das primeiras civilizações. O recurso a documentos
cartográficos, proporcionou a análise e aplicação do seu conhecimento geográfico na
localização de territórios e outros elementos relevantes para o tema das primeiras
civilizações. Há que salientar um facto importante nesta aula, todas as condições
foram favoráveis a esta apresentação. Os materiais estavam disponíveis e a funcionar
em pleno. A utilização de uma apresentação gráfica construída por mim foi uma opção
que se revelou bastante enriquecedora. A pesquisa de documentos, imagens e sons,
40
permitiu aprofundar os conhecimentos sobre a temática e desenvolver este e outros
RED que serão uma mais-valia no meu futuro profissional.
Na eventualidade de estar numa escola sem acesso a internet e projector, seria
possível abordar este tema com recurso ao manual, outros livros com ilustrações,
complementando com mapas, ou documentários em vídeo, entre outros.
Na segunda aula, continuei com a apresentação gráfica em ppt. Ao longo desta
aula foram realizadas algumas actividades como o exercício com base no diapositivo
sobre a hierarquia e a forte estratificação da sociedade egípcia (Anexo D-5 e D-6), onde
pretendia que os alunos identificassem o papel do faraó e descrevessem
sucintamente, as funções dos diferentes grupos sociais, assim como inferir sobre as
profundas desigualdades sociais. Com este exercício tencionava que os alunos
interpretassem e aplicassem conceitos essenciais à compreensão histórica do tema
abordado.
De forma a identificar a centralização do poder, no diapositivo (Anexo D-7), que
foca os símbolos de poder do faraó, foi importante fazer a ligação aos dias de hoje, e à
relação próxima com a sociedade e religião actual que também atribui significado a
símbolos semelhantes. Alguns exemplos pertinentes são símbolos como o Ceptro (uma
espécie de báculo derivado do cajado do pastor), simbolizando o poder e controlo que
o pastor (Faraó) exercia sobre o rebanho (povo), mantendo a ordem e a lei. A cobra
Naja ou Uadjit serpente sagrada que simbolizava a monarquia egípcia, juntamente
com Deusa abutre, Nekhbet, que protegiam o faraó. A barba era um símbolo de
autoridade e da sacralidade e divindade do Faraó. O Livro dos Mortos contem textos
que protegiam o defunto na sua viagem para a vida eterna. As negações que o defunto
devia dizer aos deuses durante o percurso, “Eu não maltratei as pessoas, Eu não
roubei, Eu não disse mentiras”, assemelham-se às afirmações hebraicas contidas nos
Dez Mandamentos, ainda hoje contidas na doutrina cristã. É também equivalente à
última confissão feita pelo cristão ao padre, antes de falecer, a Extrema-unção, em que
se confessam os pecados feitos ao longo da vida.
Todos estes símbolos, acessórios e/ou doutrinas, (entre outros que não estão
mencionados), expressam o poder, conferem força e protecção a quem as utiliza.
Alguns deles foram herdados e adaptados por religiões que perduram hoje em dia.
41
Ainda nesta aula, optei por abordar o tópico relacionado com o tema, a
Mumificação 18 com um vídeo seleccionado no site youtube. Sendo uma actividade
complexa e com inúmeros detalhes, a escolha do vídeo pretendeu ilustrar o processo
de mumificação, e facilitar a compreensão dos alunos sobre a importância da
preservação do corpo para a Vida Eterna. A selecção do vídeo foi feita de acordo com a
idade dos alunos, rigor científico e tempo de duração, pois é mais vantajosa a
utilização de pequenos documentários ou filmes, de forma a não tornar a sua
visualização muito morosa e maçuda. Este recurso digital propiciou a representação
dos fenómenos numa associação de imagens e sons, de forma a envolver os
estudantes na intrincada cerimónia que permitia a vida eterna, assim como pode
melhorar a compreensão dos conteúdos programáticos. Os vídeos observados têm a
descrição falada em português com sotaque brasileiro, uma escolha propositada tendo
em conta o número de alunos com essa nacionalidade. Uma das dificuldades de
aquisição de conhecimento, por parte de certos alunos da turma do 7ºH, devia-se ao
facto de alguns deles não dominarem a Língua Portuguesa. O obstáculo da língua, que
apesar de ser a mesma é, no entanto, tão diferente.
No decorrer da aula, foram formuladas perguntas sobre o processo de
mumificação, e alguma indignação surgiu por acharem uma prática estranha e algo
repugnante. Para complementar o vídeo, mostrei também imagens das várias etapas
da mumificação, e fotos de humanos (Anexo D-10) e de animais mumificados, que se
encontram no Museu Arqueológico do Cairo. Esta metodologia foi escolhida pela
facilidade de apresentação e devido ao tempo limitado. Uma das estratégias
alternativas para diversificar o processo de ensino/aprendizagem, podia passar por
efectuar o processo de embalsamamento in loco, que com certeza tornaria a aula mais
interessante e criativa. Apesar de ter considerado realizar esta actividade, tornar-se-ia
demorada e impraticável por limitação de tempo de aula.
Ao inicio de cada aula, recapitulávamos os principais pontos abordados na aula
anterior, solicitando aos alunos que enumerassem aspectos importantes da última
aula, no sentido de consolidação de conhecimentos e estabelecendo uma ligação aos
conteúdos a abordar na presente aula.
18 http://www.youtube.com/watch?v=kYa-wOaPb50 e http://www.youtube.com/watch?v=xHO4TsYMV0M
42
Assim, na lição seguinte, iniciámos com o tema das Grandes Construções e o
RED escolhido para abordar a evolução dos Túmulos Egípcios, foi a visualização de dois
vídeos sobre os Túmulos Egípcios (Anexo E-1 e E-2). Ambos os materiais digitais foram
dobrados em língua portuguesa, para facilitar a sua compreensão. Os vídeos retratam
a evolução dos Túmulos Egípcios ao longo das dinastias, de uma forma sucinta.
Pretendia que os alunos apreendessem o desenvolvimento e capacidades de
engenharia e arquitectura, focando as alterações ao nível da forma, dimensão e
características artísticas que foram sucedendo nestas grandes estruturas do antigo
Egipto, construídas para a eternidade. Mais uma vez a utilização do vídeo foi a eleita,
pois além do encadeamento de imagens e sons é também como outros RED, flexível e
que permite ao seu utilizador parar, iniciar e retroceder quando necessário.
Nesta sequência tinha planeado realizar uma visita virtual ao Planalto de Gizé 19
mas, como já foi referido neste trabalho, a existência de apenas uma sala com
computadores suficientes para os alunos (dois por computador), impossibilitava a sua
solicitação, bem como inexistência de computadores portáteis para requisitar, o que
invalidou esta actividade. A sala apetrechada com computadores existia, mas como
acontece em muitas escolas, está atribuída à disciplina de informática, tornando o seu
acesso difícil.
Outra das actividades que não chegou a ser realizada foi a visualização do vídeo
sobre a descoberta do Túmulo de Tutankhamon por Howard Carter20. O motivo foi,
mais uma vez, o tempo disponível que inviabilizou a realização desta actividade, de
forma a conseguir leccionar todos os conteúdos programáticos estabelecidos na
planificação anual. A alternativa a esta actividade, foi a observação de material
fotográfico, da descoberta e do espólio magnífico que Howard Carter descobriu (Anexo
D-11; D-12 e D-13), no intuito dos alunos reconhecerem a magnitude e magnificência
da riqueza e de objectos que acompanhavam o Faraó na vida após a morte.
Posteriormente em diálogo com os alunos, em simultâneo com imagens (anexo D-14 e
D-15), foi feito novo encadeamento de processos e progressos no domínio das ciências
e religião com o mundo contemporâneo. Esta actividade teve como principal objectivo,
19 http://giza3d.3ds.com/#discover
20 http://youtu.be/cliGqplMuT0?t=3m48s
43
referir a importância e sensibilizar os alunos para os principais contributos da
civilização egípcia, nos domínios do conhecimento, no âmbito da astronomia, da
matemática e nos progressos da medicina.
Por último, apresentei duas animações 21 integradas no manual digital, sobre o
Povo Hebreu e a Civilização Fenícia. Foi minha intenção executar as actividades
associadas às animações, mas o tempo de duração da aula não o permitiu. Foram
referenciados os principais legados, nomeadamente a religião monoteísta e a escrita
alfabética que originou os alfabetos grego, árabe, latino e hebraico, (Anexo D-17 e D18). Foi estabelecida ligação entre a religião hebraica e a egípcia, reportando às
semelhanças existentes com religiões no mundo actual, que já foi referenciado
anteriormente no texto. Para concluir, foi realizado um esquema de síntese em
parceria com os alunos, com os principais pontos abordados nas aulas, e distribuída
uma ficha informativa sobre os Hebreus e os Fenícios.
A disciplina de História é considerada por muitos alunos como monótona e com
aulas aborrecidas, o que faz com que se crie antipatia pela disciplina. Para corrigir essa
postura, há que criar expectativa, aguçar a curiosidade, estimular os alunos com
ferramentas inovadoras e experiências enriquecedoras.
Assim, durante a prática de ensino pedagógica de História, procurei criar
ambientes dinâmicos, diversificar as aulas com materiais inovadores e aplicação de
estratégias diferenciadas e promotoras do desenvolvimento da curiosidade intelectual,
no intuito de permitir o sucesso na aprendizagem e construção do conhecimento
histórico. Como já foi mencionado neste trabalho, a importância de RED adaptados aos
alunos, podem possibilitar uma melhor aprendizagem. A construção do conhecimento,
(neste caso específico, conhecimento histórico, bem como nas outras áreas
disciplinares), necessita que os alunos participem em aulas com acesso a instrumentos
digitais didáctico-pedagógicos, no sentido de desenvolver as competências cognitivas,
estimular o gosto de aprender, compreender, reflectir e argumentar.
Ao longo das aulas, a sensação de nervosismo de minha parte foi atenuando e
fui adquirindo alguma confiança, fazendo com que me sentisse mais à vontade na
utilização dos RED e na interacção com os alunos, que se mostravam bastante
21 http://www.youtube.com/watch?v=bNpg_KBO0hM e http://www.youtube.com/watch?v=a0v-ooWNgKA
44
receptivos e interessados nas actividades desenvolvidas. Um dos factores a ter em
consideração, deverá ser a planificação considerando o tempo lectivo disponível em
cada aula. Ter em atenção a organização das actividades e materiais de forma a
cumprir a planificação da aula.
“A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando estes existem. Mas pode
fazer-se sem documentos escritos, quando não existem. Com tudo o que a habilidade do
historiador lhe permite utilizar para fabricar o seu mel, na falta das flores habituais. Logo, com
palavras. Signos. Paisagens e telhas. (...) Numa palavra, com tudo o que, pertencendo ao
homem, depende do homem, serve o homem, exprime o homem, demonstra a presença, a
actividade, os gostos e as maneiras de ser do homem.”
FEBVRE, (1953), citado por LE GOFF, (1984, p. 98)
III
Capítulo III- Recursos Educativos Digitais na Prática de Ensino Supervisionada
em Geografia
3.1. Caracterização da Turma
A turma do 7ºB era constituída por 23 alunos, 9 raparigas e 14 rapazes, entre os
12 e os 15 anos, em que 2 alunos já tinham retenções no 7º e em anos anteriores.
Cinco alunos tinham mais de uma disciplina com nível inferior a três, devido à falta de
hábitos de estudo, falta de interesse na realização das actividades propostas, bem
como por toda a vida escolar no geral, reflectindo-se no seu fraco aproveitamento. De
salientar que essa situação derivava de falta de acompanhamento em casa e carências
afectivas, na medida em que os pais tinham um papel pouco activo no
acompanhamento escolar dos seus educandos.
Ao nível das atitudes/comportamento, os alunos da turma B do 7º ano,
demonstravam falta de concentração, falta de hábitos de estudo, o comportamento
45
era conversador, embora dentro dos limites normais que caracterizam jovens destas
idades e sem perturbações de maior. Eram bastante participativos, se bem que um
pouco desordenados, mas entusiasmados com alguns assuntos abordados nas aulas.
Grande maioria dos elementos da turma não tinha capacidades económicas para
adquirir o manual da disciplina. Estes foram obtidos através da editora que
disponibilizou à escola alguns livros para este efeito.
3.2. Conteúdos Leccionados
O manual adoptado pela disciplina de Geografia foi o de Amado, E., Baptista, J.
A., Baptista, J. C., Geo Diversidades, Lisboa, Didáctica Editora. Os conteúdos
leccionados foram referentes ao Tema 2 – Meio Natural com subtema – Clima e
Formações Vegetais. Os tópicos abordados foram noções básicas sobre o clima, seus
elementos e factores, instrumentos e técnicas meteorológicas; variação da
temperatura ao longo do dia e do ano; movimentos de rotação e translação da Terra;
variação da temperatura a nível mundial; tipos de chuvas e contrastes de precipitação
em Portugal e no Mundo; variação da pressão atmosférica e circulação geral da
atmosfera; perturbações frontais; factores de clima; zonas climáticas da Terra e
distribuição dos climas na Terra.
A carga horária semanal desta disciplina era de 90 minutos à segunda-feira e 45
minutos à quarta-feira.
3.3. Actividades Desenvolvidas
Neste capítulo são apresentadas algumas das estratégias desenvolvidas para as
aulas leccionadas na Prática Pedagógica de Geografia. Apenas serão expostas algumas
das actividades mais relevantes para o tema do relatório. Tendo em conta o tema
Recursos Educativos Digitais, optei por desenvolver estratégias relacionadas com o
assunto, no intuito de promover o êxito no processo de ensino/aprendizagem com
auxílio dos RED, em cooperação e sob orientação da Professora Maria Graça Ferreira.
46
A prática pedagógica de Geografia iniciou-se com uma aula de 90 minutos, no
capítulo 2.1 Movimento de Rotação e o Movimento de Translação da Terra, seguidos
da Variação da Temperatura ao longo do dia e ao longo do ano. Em virtude do manual
adoptado ser um pouco limitado nas imagens e conceitos, elaborei powerpoint (Anexo
F-1 e F-3) com mais imagens e informação pertinente à aprendizagem deste tema. Este
RED foi um complemento à aula expositiva, onde intercalei a utilização do manual,
com texto escrito no quadro, com discurso esclarecedor sobre as temáticas abordadas,
com vídeos, sites, exercícios, entre outros, com objectivo de cativar os alunos a
desenvolver o conhecimento geográfico e a apreender conceitos básicos geográficos,
necessários à compreensão dos fenómenos.
Na construção do ppt segui algumas regras básicas para tornar este recurso
aprazível, utilizando pouco texto, imagens e, quando possível, som e vídeos, de acordo
com o ano de escolaridade e as características dos alunos.
Como diria Confúcio, “uma imagem vale mais que mil palavras”, no entanto
parece-me que, ambas se completam e não se excluem. O ideal é o sujeito entender a
mensagem pretendida. Por essa razão, na selecção do recurso a utilizar na aula, é
importante o professor ter atenção aos sistemas de representação sensorial que
intervêm no processo de aprendizagem. Com certeza numa turma heterogénea
existem alunos com capacidades de percepção diferentes, como visual, auditivo ou
cinestésico. Os alunos ‘visuais’ que retêm melhor a informação escrita e os recursos
visuais; os alunos ‘auditivos’, que retêm melhor o que ouvem e dão mais atenção ao
discurso do professor e os cinestésicos, apreciam as actividades práticas e o facto de
poder tocar, mexer e usar objectos. Compete assim ao professor, diversificar os RED e
a metodologia, ser criativo e planear as aulas para desenvolver a aprendizagem
consoante as característica dos alunos. Tendo isto em conta, a escolha incidiu no
vídeo22, que incorporava estas duas formas de aprendizagem que, neste caso
específico, ilustrava os movimentos da Terra e as consequências na duração dos dias e
das noites. O objectivo seria a compreensão dos movimentos da Terra e a influência na
variação diurna e anual da temperatura.
22 http://www.youtube.com/watch?v=qc1rzryczdw
47
Na sequência do tema, abordámos o movimento aparente do Sol resultante do
movimento de rotação da Terra, com apoio de simulador no blog Geografias 23. Este
blog disponibiliza diversos RED, úteis na área disciplinar de Geografia, que podem
funcionar como ferramenta de trabalho para o professor e podem também ser
consultados pelos alunos. Com este simulador é possível visualizar o movimento
aparente do Sol na esfera celeste, (permitindo aceleração ou abrandamento dos
movimentos), quer ao longo do dia e ao longo do ano e em qualquer ponto geográfico
(Anexo F-2). Neste blog é possível também usufruir de outros simuladores onde se
pode observar a obliquidade dos raios solares ao longo do ano, e as diferenças das
estações do ano provocadas pelo movimento de translação da Terra e à inclinação do
seu eixo. Preferi seleccionar esta apresentação dinâmica, em vez de escolher um
método estático, que dificultaria a compreensão do fenómeno. O intuito desta
utilização foi motivar os alunos analisando fenómenos geográficos e relacioná-los com
o seu dia-a-dia. Estabelecendo um diálogo com os alunos, relacionámos os fenómenos
observados no simulador com o movimento aparente do Sol que verificamos no nosso
quotidiano. Os objectivos da actividade foram alcançados plenamente, esta foi
produtiva na medida em que os alunos adquiriram conhecimentos e desenvolveram as
suas capacidades de observação.
O uso de simuladores pode aumentar o interesse dos alunos na medida em que
oferecem a possibilidade de observar fenómenos ou executar acções de variados
domínios ou áreas disciplinares, testar hipóteses diversas e analisar os resultados.
Temos o exemplo deste simulador utilizado para estes fenómenos, mas seria possível
utilizar simuladores noutros moldes como o movimento das placas tectónicas,
terramotos, a erupção de um vulcão, da dinâmica populacional e movimentos
migratórios, entre outros 24. Este RED possibilita também estratégias colaborativas
entre os alunos, em pares ou em grupo. Uma hipótese seria a realização de trabalho
de grupo, com uso de computador com acesso a este simulador, em que, a cada grupo
(de 3 ou 4 alunos), seria atribuído um local em continentes diferentes e em ambos os
hemisférios. Deveriam proceder à pesquisa e à descrição do movimento aparente do
23 http://geoap.blogspot.pt/2010/10/o-movimento-aparente-do-sol-ao-longo-do.html
24 http://education.nationalgeographic.com/education/mapping/interactive-
map/?ls=800800007&f=6b1&t=1&b=0&bbox=156.77490%2C-55.43269%2C130.05615%2C75.20659
48
sol ao longo do dia e do ano, bem como da sua obliquidade, de forma a serem
comparados e compreendidas as diferenças.
A utilização deste RED não exclui outras estratégias de ensino e, apesar de
poder desenvolver o processo de aprendizagem com um contacto mais aproximado do
real, funciona como um complemento ao ensino na sala de aula. O inconveniente da
sua aplicação, é o facto de alguns simuladores exigirem computadores com poder
gráfico elevado que nem sempre está disponível nas escolas.
A disponibilidade de tempo durante a aula revelou-se reduzida, tornando
impraticável uma exploração mais aprofundada do blog Geografias e do site GeoRed
para elucidar os alunos sobre as potencialidades dos mesmos.
Este tipo de recurso voltaria a ser usado na aula dedicada aos tipos de
precipitação 25, como complemento ao manual e ppt (Anexo F-4). O simulador
apresenta os diferentes tipos de chuvas (Anexo F-5), onde permite seleccionar e
visualizar a sua formação e diferenças. Esta estratégia é uma forma útil de
representação para a explicação de fenómenos dinâmicos. Foi empregue enquanto
explicava cada uma delas e os seus processos, para auxiliar o entendimento da
exposição teórica. No caso do tema das linhas isóbaras, cartas sinópticas e superfície
frontal, foram seleccionadas algumas imagens (Anexo F-6 e F-7) e cartas
meteorológicas, para visualização e caracterização do estado de tempo. Ao explorar
estas imagens, os alunos devem identificar as isóbaras, os centros de alta e de baixa
pressão e as superfícies frontais.
No decorrer das aulas, foram realizadas algumas fichas e exercícios sobre os
temas abordados no sentido de consolidar conhecimentos, utilização de vocabulário
geográfico, criar hábitos de trabalho, orais e escritos. Algumas destas actividades
foram delegadas para serem efectuadas em casa, de forma a desenvolver hábitos de
estudo, assim como capacidade de compreender e interpretar os conteúdos
trabalhados na aula.
Tendo em conta o tema e na sequência de utilização de RED, pretendia realizar
a exploração do site Instituto Português do Mar e da Atmosfera com os alunos, com
objectivo de promover a realização de pesquisas, organização, análise e tratamento de
25 http://www.phschool.com/atschool/phsciexp/active_art/weather_fronts/
49
informação específicas de Geografia. Esta actividade seria efectuada com dois alunos
por computador, com auxílio de Guião de Exploração do Site (Anexo F-8 e F-9). Deveria
ser recolhida informação sobre o estado do tempo, observação de gráficos de
temperatura e precipitação, consulta de imagens de satélite e radar para observar
fenómenos climáticos, e construção de gráfico termopluviométrico. Contudo, pelos
mesmos motivos já referidos na prática de História, a realização desta actividade ficou
invalidada. Em alternativa, (com apoio do computador e projector da sala), para
abordar o tema da pressão atmosférica, linhas isóbaras e deslocações das massas de
ar, foi consultado o site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera 26, The Weather
Channel 27 e NOAA National Weather Service 28 para melhor compreensão dos
fenómenos, recorrendo a imagens de satélite e radar (em movimento). Esta
metodologia pretende que os alunos visualizem imagens de satélite para uma melhor
percepção da realidade.
No intuito de consolidação de conhecimentos e de melhor percepção da
realidade, foi organizada uma visita de estudo à Base Aérea de Sintra. Os alunos
tiveram oportunidade de visualizar e conhecer o funcionamento dos principais
instrumentos de medição, análise meteorológica e técnicas de recolha. Pretendia-se
também que compreendesse a importância das previsões meteorológicas em diversas
actividades e o tratamento de fotografias aéreas para fins cartográficos. Foi efectuada
a visita ao simulador de voo, onde os pilotos executam parte das suas aulas práticas.
A adesão dos alunos e a participação nas actividades foi bastante activa e
interessada. O seu desempenho foi avaliado pela observação directa, focada no
empenho, interesse manifestados durante a visita e a interacção com os restantes
colegas. Esta visita de estudo tinha como objectivos, promover o sucesso escolar dos
alunos sustentado na aquisição e consolidação de conhecimentos e competências de
Geografia, interligando a teoria e a prática, isto é, os conteúdos abordados nas aulas e
a realidade. A saída de campo, propiciou também a sociabilidade e comunicabilidade
entre os alunos e professores. O comportamento dos alunos durante a visita foi de
forma ordeira e com respeito pelas normas, num clima de agradável convívio entre
26 http://www.ipma.pt/pt/otempo/obs.satelite/index.jsp
27 http://www.weather.com/weather/map/interactive/?animation=true
28 www.weather.gov
50
alunos/alunos, alunos/professores e alunos/militares. Os propósitos desta actividade
foram alcançados e o aproveitamento foi considerado satisfatório.
Durante
a
aula
seguinte,
a
actividade
de
construção
do
gráfico
termopluviométrico foi executada noutros moldes (ao que estava planeado), com
ajuda do guião de construção, que foi projectado e também entregue em formato
papel, a cada um dos alunos (Anexo F-10 a F13). Esta metodologia prende-se com a
importância dos alunos aprenderem a construir histogramas, relacionar os registos dos
estados do tempo de diferentes épocas do ano. A apreciação da execução deste
exercício foi satisfatória, e a avaliação dos alunos foi feita ao longo da aula, com
observação dos trabalhos e do comportamento, tendo em conta a cooperação nas
actividades e as normas de funcionamento da sala de aula.
Uma das principais dificuldades na realização desta actividade foi conseguir dar
apoio a todos os alunos que tinham dificuldades na construção do gráfico, e o tempo
que se tornou reduzido para a execução da tarefa proposta.
Para apresentar os Climas e Formações Vegetais, elaborei um ppt específico
sucinto, com as principais características de cada zona climática (Anexo F-15 a F-18), e
um quadro síntese a ser preenchido pelos alunos (Anexo F-19). Para a sua construção
recorri às imagens no manual digital. Pretendia que ao longo da visualização dos
diapositivos, os alunos preenchessem o quadro com informações que caracterizam os
climas. Nos diapositivos do ppt a informação correcta para preencher o quadro estava
inicialmente oculta. Partimos assim de uma análise e interpretação do gráfico
termopluviométrico que caracteriza essa zona climática em conjunto com os alunos e a
sua distribuição zonal. O objectivo desta tarefa era a reflexão dos alunos no intuito de
alcançarem as respostas correctas, por eles próprios, completando os espaços do
exercício. Tencionava com esta estratégia de grupo, a utilização correcta de
vocabulário geográfico, entender os diversos fenómenos geográficos, promover a
participação oral dos alunos, estabelecer um constante diálogo e dar feed-back às suas
intervenções.
As características climáticas eram então desvendadas, permitindo a
comparação com as suas respostas e possível correcção. A maioria dos alunos fez
algumas intervenções ao longo do exercício, outros mais introvertidos ou por falta de
51
conhecimento dos conteúdos, não tinham iniciativa em participar. A actividade
revelou-se bastante proveitosa para o processo de ensino aprendizagem, na medida
em que os alunos participaram com entusiasmo, desenvolveram o vocabulário
geográfico através da observação e interpretação de mapas e gráficos. O seu
desempenho respeitou as normas e critérios de actuação, de convivência e de
trabalho, executando o que lhes era solicitado.
O manual digital tinha à disposição jogos (Anexo F-20 e F-21), entre outras
actividades sobre o tema abordado, que poderiam ter sido realizados na aula, no
entanto o tempo reduzido e a falta de computadores para utilização dos alunos
impossibilitou a realização desses recursos lúdico-pedagógicos. Alguns dos exercícios
digitais, foram adaptados para papel, para poderem ser efectuados pelos alunos.
A última actividade realizada em aula, foi o trabalho de grupo sobre os Climas
de Portugal. Os alunos formaram grupos de três ou quatro membros, e foi-lhes
atribuída uma estação meteorológica. A cada grupo entreguei informação sobre a sua
estação, e material para realizarem o gráfico termopluviométrico. Com a ajuda de
alguns dos alunos, reproduzimos o mapa de Portugal Continental e Ilhas em papel de
cenário. Recorremos a pesquisa na internet onde seleccionámos as estações
meteorológicas mais ilustrativas das diferenças climáticas do território português. A
construção do cartaz com os diferentes climas de Portugal, tinha como objectivo o
alcance dos alunos da meta que inclui o procedimento de tratamento estatístico,
gráfico e cartográfico, interpretação dos resultados e formulação de conclusões sobre
os climas, assim como a utilização de vocabulário geográfico e produção de materiais
de síntese dos conhecimentos adquiridos. Pretendia também avaliar as suas
capacidades, participação e concretização das actividades, atitudes e valores,
comportamento e respeito pelas normas de trabalho. Este trabalho em que toda a
turma se empenhou seria exposto na mostra de trabalhos no final de ano lectivo.
Cada grupo executava o gráfico termopluviométrico da estação atribuída, bem
como o relatório com as características climáticas da estação atribuída, para ser anexo
ao mapa. A realização desta acção mais dinâmica revelou-se bastante proveitosa para
o processo de ensino aprendizagem, na medida em que os alunos se dedicaram com
bastante interesse e energia, executando o que lhes era pedido e chegando a
52
voluntariarem-se para ajudar noutras tarefas. A actividade ambicionava levar os alunos
a colaborar e partilhar trabalhos com os colegas, fomentar a entreajuda, avaliar o seu
empenho na realização integral da tarefa, o seu sentido de responsabilidade, de
respeito pelo seu trabalho e pelo dos outros. É essencial no decorrer da sua
aprendizagem, promover a entreajuda dos alunos, permitindo que estes actuem como
parceiros entre si, com o professor, numa perspectiva colaborativa. De acordo com
Varella et al (2002), acredita-se que aliada à aprendizagem colaborativa, a tecnologia
pode potencializar as situações em que professores e alunos pesquisem, discutam e
construam individualmente ou colectivamente os seus conhecimentos.
A escolha dos RED utilizados, foi feita com base na idade, ano curricular e nos
conteúdos programáticos. A apreciação das actividades mostrou-se proveitosa e
satisfatória. Os materiais usados, poderão ser reutilizados nos mesmos contextos, visto
que foram planeados para 7º ano. Na possibilidade de leccionar por exemplo o
subtema Radiação Solar, de 10º ano a opção poderia recair em RED adequados ao
público-alvo e com um grau de complexidade superior em comparação aos que
apliquei durante as aulas leccionadas. Durante a Prática Pedagógica de Geografia,
procurei sempre, dentro do possível, aproximar o conteúdo abordado com a realidade
do clima característico de Portugal Continental, observada no dia-a-dia. Tentei criar
situações diversificadas, ser pouco interventiva nas actividades que requeriam reflexão
e aplicação de conceitos, mas sempre presente para ajudar quando solicitada.
Aquando da execução de tarefas de pares ou de grupo, estive atenta aos menos
activos, procurando estimular e incentivar à realização dos trabalhos.
Julgo que a utilização de RED na área disciplinar de Geografia é fundamental,
pois permite motivar, explorar metodologias diversificadas, e evitar que se efectue um
ensino sistemático obrigatório e aborrecido. No entanto essa abordagem é dificultada
no sentido limitado do período de duração das aulas, e o facto de os conteúdos serem
demasiado extensos para a carga horária durante o ano lectivo. Isto confirma-se nas
várias áreas disciplinares em que por vezes, se torna insustentável o cumprimento dos
programas.
"A utilidade do ensino da Geografia é indiscutível: ela está na base tanto da compreensão do
mundo dos nossos dias como do nosso próprio país, da diversidade de regiões, das causas do
seu atraso e dos remédios com que se pode acudir a ele." Ribeiro, 2012 (p.147)
53
Considerações Finais
Terminada a prática de ensino supervisionada e fazendo uma análise global,
considero que esta experiência foi inestimável e bastante enriquecedora, a nível
profissional e também pessoal. Foi um período essencial para aprender, executar
estratégias e perceber os desafios da sala de aula. Ao longo desta etapa, houve um
processo de aprendizagem, investigação e reflexão. O progresso da prática
supervisionada foi gradual e sempre com o apoio dos orientadores que se revelou ser
fulcral.
Os principais objectivos foram promover a aprendizagem seguindo os princípios
pedagógicos e didácticos fundamentais, desenvolver a construção do conhecimento
dos alunos, recorrendo a instrumentos digitais no âmbito do desenvolvimento da
investigação do tema deste trabalho. As estratégias desenvolvidas durante esta etapa,
foram adequadas aos conteúdos e atendendo sempre às características dos alunos de
cada turma. Houve momentos de êxito que se mostraram eficazes e com resultados
positivos, outros houve de preocupação e desânimo. Se por um lado me sentia
motivada pelo entusiasmo dos alunos sobre os conteúdos programáticos abordados
nas aulas e a sua receptividade aos recursos digitais, por outro, o incumprimento da
planificação por má gestão de tempo de aula e falta de computadores, faziam com que
sentisse alguma inquietação. Efectuei ajustamentos às planificações, de acordo com as
necessidades e os ritmos de aprendizagem dos alunos. No entanto, o desenrolar das
aulas foi mais lento nos conteúdos de História na turma do 7ºH, o que fez com que não
cumprisse as planificações na sua totalidade. Será necessário ter atenção à questão do
tempo, na execução das planificações de aula. Durante a prática de Geografia senti
alguma dificuldade no domínio dos conteúdos, que tentei colmatar na sequência das
aulas leccionadas.
Ao longo da Prática de Ensino foi importante a discussão de estratégias com os
colegas, assim como a partilha de recursos e desenvolvimento de actividades em
conjunto, como foi o caso das Visitas de Estudo “Megalistismo Alentejano” na
disciplina de História, e Base Aérea de Sintra na disciplina de Geografia.
54
A construção de RED e outros materiais para as aulas (como fichas formativas e
sumativas) e a sua realização nas aulas, permitiu ter a verdadeira noção da sua
aplicabilidade e possíveis dificuldades. Desde uma falha de ordem técnica como a
ausência de internet, a avaria informática ou um atraso na execução das actividades,
pode inviabilizar a execução da planificação. Os sucessos e as dificuldades que senti ao
longo deste período, permitiram-me ganhar confiança nas minhas capacidades, e
continuar a progredir na minha formação.
Foi primordial estimular a comunicação dos alunos, bem como a sua
participação nas actividades propostas, de modo a desenvolver a construção do seu
conhecimento. A utilização dos RED nas aulas foi planeada tendo em conta a realidade
dos alunos e a escolar que inviabilizou algumas acções que tinham sido delineadas
atempadamente, obrigando-me à reformulação e adequação de estratégias e
metodologias a aplicar, dependendo do contexto na sala de aula. Apesar dos
obstáculos à utilização de RED nas aulas, quase todas as actividades planeadas foram
realizadas. As que se verificaram impraticáveis, propiciaram a capacidade de
adaptação e de improvisação, em situações que foi necessário optar por outro molde
de realização da actividade, ou até optar mesmo por outra estratégia. Nesta
circunstância, o professor não pode ficar desanimado e cruzar os braços. Deve
conseguir adaptar-se, proceder às alterações nos seus recursos, ou recorrer a outros
que sejam praticáveis na escola em que se encontra.
Ao longo do ano lectivo presenciei situações de conflito e tensão entre alunos e
professor, e entre os próprios alunos, que tentei solucionar promovendo o diálogo e a
reflexão. Com a experiência e aulas presenciais das orientadoras, pude compreender
que o professor deve ter uma atenção e cuidado na forma como lida com os alunos,
adequando as suas atitudes às características de cada turma, bem como de cada
aluno. Seja a forma de falar ou agir, as emoções que transmitem e a linguagem
corporal podem fazer com que se evite certos conflitos e situações desagradáveis. Nas
aulas de ambas as orientadoras foi elementar essa observação, onde pude verificar o
esforço e a capacidade de gestão de conflitos, entre aluno/professor e também entre
os alunos.
55
É importante aplicar práticas pedagógicas inovadoras, construir e explorar
novos RED, desenvolver o conhecimento nos alunos, o seu espírito crítico, estabelecer
uma relação salutar com os alunos, melhorar as suas atitudes e incentivá-los à
investigação, como indica Botelho (2009), “aprender com as tecnologias (…) pode ter
os seus benefícios, tanto para alunos como para professores: a possibilidade de ambos
aprenderem e ensinarem, respectivamente, com recurso à tecnologia (…) pode
melhorar e motivar a aprendizagem, bem como toda a prática educativa” (p. 104).
A realização do presente relatório possibilitou aprofundar os conhecimentos
sobre o tema e desenvolver alguns RED, que serão uma mais-valia no meu futuro
profissional. A investigação e pesquisa propiciaram um maior conhecimento sobre a
temática e as adversidades na integração de RED na educação, levando à reflexão
sobre possíveis melhorias. Tendo em conta a questão de partida deste trabalho e
reflectindo sobre os seus resultados, pude constatar que a maioria dos autores
mencionados é a favor da integração dos Recursos Educativos Digitais no processo
ensino/aprendizagem. Nos resultados dos inquéritos e reflexões efectuadas, concluo
que a generalidade dos autores considera os RED como uma ferramenta fundamental
no processo ensino/aprendizagem. Partilho da mesma opinião, mas julgo que a
integração dos RED no ensino, apenas percorreu metade do seu longo caminho, ainda
há muito que aprender e explorar as suas potencialidades. Considero que para ter uma
melhor concepção sobre este tema, o estudo deveria ser alargado a outras escolas.
Para poder obter uma amostra superior, sugeria também em simultâneo com o
inquérito, a realização de entrevista a cada professor, com o propósito de poder inferir
de modo mais satisfatório a realidade da utilização dos RED na sala de aula.
Nos dias de hoje, a maioria das escolas já possui um parque escolar e recursos
tecnológicos que permitem a utilização dos RED nas aulas potenciando a
aprendizagem. Disciplinas como a Geografia e a História podem beneficiar destes
recursos, com vista a tornarem as aulas mais dinâmicas e atractivas, e a motivar os
alunos para participarem mais nas aulas, contribuindo para desenvolver as aptidões
dos alunos e, também, dos professores.
Verifica-se também que alguns problemas persistem, e para estes métodos
pedagógicos serem um sucesso educativo efectivo, é necessária formação inicial e
56
contínua, que acompanhe a evolução destes recursos tecnológicos, bem como um
grande empenho por parte dos professores. Não obstante, as escolas carecem de
técnicos informáticos aptos a instalar e configurar os equipamentos, a verificar os
aparelhos e a prestar apoio em caso de avarias ou mau funcionamento. Sem as
condições necessárias, surgem situações de incapacidade dos equipamentos. Sem
garantia da funcionalidade dos equipamentos na sua plenitude, os professores podem
preferir não planificar aulas com recurso a RED, uma vez que interpretam isso como
um obstáculo ao cumprimento dos programas (já de si extensos), e uma possível perda
de tempo. É essencial que haja manutenção dos instrumentos tecnológicos, visto que é
um problema persistente, haver equipamentos com problemas técnicos, que
impossibilitam condições favoráveis à realização das actividades utilizando RED. Seria
necessário técnico que desse assistência a utilizadores e efectuasse manutenção nos
equipamentos, (seja por falta de ligação à internet, avarias, falta de cabos ou software)
e da logística dos mesmos. Esta situação verificou-se na Escola Básica da Costa da
Caparica, que apesar de ter os equipamentos na escola, alguns deles estão avariados
ou sem ligação à internet.
O projecto do PTE está a ser incrementado nas escolas, mas de uma forma
gradual. Assim como também um dos principais pilares deste projecto, a Formação de
Professores na utilização das tecnologias. Sucede que temos nas escolas professores
com métodos, ideias, formas de planear e leccionar diferentes, uns que preferem as
estratégias tradicionais, como ler o manual na íntegra e escrever no quadro, e outros
há, que são adeptos das tecnologias e que todas as suas estratégias dependem de
computador e da internet. É fundamental a sincronia no sistema educativo. Os
métodos no processo de ensino/aprendizagem, podem e devem ser diversificados.
Não se pode eleger um recurso como o melhor em detrimento dos outros. O recurso
que for adequado numa situação, não o será noutra, por exemplo, um recurso
indicado a crianças de 1º ciclo, não será o melhor para alunos do 3º ciclo; ou um
simulador que é útil na área de Geografia, pode não ser o mais adequado na aula de
História. É essencial a selecção e criação do recurso, tendo em conta a adequação
científica, a área disciplinar e as características do público-alvo, de forma a torná-lo um
método eficaz de aprendizagem. Concordando com Ravenscroft & Boyle (2010), um
57
recurso eficaz é aquele que se adapta à finalidade de auxiliar a aprendizagem efectiva
por parte dos alunos, tendo em atenção o nível de escolaridade, a organização e
clareza na apresentação da informação, e com certezas de resultados obtidos. Sem
isso, eles não poderão ser considerados recursos de aprendizagem enriquecida pela
tecnologia.
Considero que é indispensável para uma melhor integração dos RED no ensino,
além de equipamentos, promover uma área disciplinar no uso e criação de RED no
plano de estudos da Formação inicial de Professores. Já na formação contínua julgo
que a falha passa não pela sua frequência, mas pela falta de motivação (dos
professores e dos alunos), hábitos colaborativos e uma mudança de atitude na sua
utilização, corroborando a perspectiva de Masterman e Wild (2011, p.3), “a positive
disposition towards the reuse and sharing of learning resources, together with an
essentially collaborative outlook, are essential prerequisites for teachers”.
A desconfiança na utilização de RED provém do pouco uso que lhe conferem,
bem como da pouca experiência partilhada e colaboração entre professores. Talvez a
criação dum espaço interactivo para professores trocarem ideias, colaborar com
colegas e partilhar recursos, pudesse auxiliar a compreender o potencial dos recursos e
a ganhar experiência na sua utilização. Nas áreas específicas de Geografia e da
História, pode ser criado um blog com recursos digitais das disciplinas, ou alojados em
sistema cloud para acesso livre aos professores. Estas plataformas são facilmente
construídas com os recursos disponibilizados pelos próprios fornecedores deste tipo
de serviço. Seguindo as indicações nos modelos já existentes, com apenas alguns
passos se cria um blog (exemplos: Blogspot e Webnode). 29
Assim qualquer professor (da escola ou não), ou alunos, pode aceder a RED,
seleccionados da internet ou construídos pelos professores e/ou alunos e partilhados
entre eles. Outra proposta possível para as disciplinas de Geografia e de História, é a
criação de exercícios digitais, por exemplo sobre ‘os factores que influenciam o clima’
ou ‘o culto dos mortos no antigo Egipto’, através do software Hot Potatoes. Este
programa educacional possibilita a construção de exercícios interactivos online, de
forma simples e acessível, que ficam disponíveis a todos na plataforma.
29 www.blogger.com e http://www.webnode.pt/
58
Outra actividade possível de realizar, seria um exercício de localização. Como os
conteúdos leccionados não contemplavam esta temática, poderá ser uma actividade a
realizar noutra oportunidade.
O Geocaching é semelhante a uma caça ao tesouro, recorrendo à localização
por GPS (Global Positioning System). É principalmente realizado ao ar-livre, (salvo
algumas excepções) no mundo inteiro. A ideia base do jogo é dirigir-se até umas
coordenadas específicas e encontrar a geocache (recipiente) escondida nesse local.
Tendo em conta que muitos alunos têm telemóvel smartphone, que possui sistema de
navegação por satélite, seria possível a sua realização. A descrição de cada cache e as
suas coordenadas geográficas estão publicadas numa página na internet,
www.geocaching.com, que é acessível a toda a gente que se inscreva no site. Tanto a
inscrição no site, como a aplicação que permite aceder ao Geocaching no telemóvel
são gratuitas.
A execução desta actividade pode ser feita em qualquer sítio desde que
permitido pelos encarregados de educação e pelo conselho executivo escolar. No caso
de ser efectuada dentro dos limites da escola, pode ser adaptada e feita noutros
moldes semelhantes. Uma sugestão seria uma multi-cache, que necessita de visita a
alguns pontos intermédios para determinar as coordenadas da cache final. Esta
actividade pode ser construída no âmbito multidisciplinar, tendo em conta a
localização, possíveis pistas ou questões para obter nova coordenada, bem como o
sentido inerente característico do Geocaching que privilegia a preservação da natureza
e a criação de uma consciência ambientalista.
A possibilidade de aceder a informação e construir um recurso digital é simples
e está ao alcance de todos. Cada indivíduo tem a possibilidade de aceder à informação,
de estudar, de trabalhar ou de conviver quando e onde lhe aprouver. Com a variedade
de RED que estão disponíveis e a diversidade de aplicações, os professores podem
tornar as suas aulas mais eficazes com novas estratégias e experiências de
aprendizagem.
Numa sociedade de constantes mudanças e progressos tecnológicos, os
professores são uma peça vital no processo de ensino/aprendizagem e no auxílio e
59
orientação da construção do conhecimento dos seus alunos, para que estejam aptos a
integrar o mundo cada vez mais global e competitivo.
Contudo compreende-se alguns inconvenientes à utilização de tecnologias/RED
nas aulas, que tornam o caminho a percorrer mais lento. Sem enumerar
exaustivamente todos os obstáculos, mas começando na falta de equipamentos,
passando pela falta de tempo para a construção e aplicação dos RED nas aulas, e
terminando na falta de confiança ou conhecimento dos docentes nessa temática, a
integração de RED na escola de certa forma vai acontecendo gradualmente.
Depreende-se que os RED são um componente fundamental na sala de aula,
influenciam positivamente a aprendizagem, podem potenciar metodologias novas,
mas sempre em uníssono com outras ferramentas pedagógicas no intuito de promover
o processo de ensino/aprendizagem.
Para o sucesso do trabalho do professor e do aluno não há uma solução, nem
receita para a melhor forma de ensinar ou aprender, é um processo contínuo de
aperfeiçoamento de ambas as partes.
Com o esforço e perseverança de todos, tudo é possível.
60
“Fui professor tradicional e rotineiro. [...] Mergulhado trinta anos, quase dissolvido, no
obscurantismo didáctico-pedagógico de linhas duras do ensino verbalista, de
adultização precoce, não foi fácil fazer a rotação de mudança. [...] se não sou 'um bom
elemento de transformação da escola, sinto que sou pelo menos um elemento de
transição' da corrente de educação renovada. As pernas tremem, a memória hesita e a
criatividade fala por detrás de uma cortina, agarrada a bengalas. [...]
Mas posso dizer que me libertei, relativamente, da obediência e respeito daquilo que se
chama ensinar, deixando para trás a pedagogia dura e o material sofisticado de
padrão universal. [...] No entanto, na área educacional e em grande parte da Europa,
ainda se arroteiam os campos da pedagogia com arados de madeira de tracção
animal.” Fernando Lobo, p.238-249.
61
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http://www.youtube.com/watch?v=xHO4TsYMV0M
http://giza3d.3ds.com/#discover
http://youtu.be/cliGqplMuT0?t=3m48s
http://www.youtube.com/watch?v=bNpg_KBO0hM
http://www.youtube.com/watch?v=a0v-ooWNgKA
http://www.griffith.ox.ac.uk/tutankhamundiscovery.html
http://www.didacticaeditora.pt/?q=N/SEARCHBOOKS/412 - Editora adoptada para o
manual da disciplina de Geografia.
http://www.youtube.com/watch?v=qc1rzryczdw
http://geoap.blogspot.pt/2010/10/o-movimento-aparente-do-sol-ao-longo-do.html
http://www.prof2000.pt/users/elisabethm/geo7/clima/termopluvio.htm
http://education.nationalgeographic.com/education/mapping/interactivemap/?ls=a00007&f=103&t=1&lg=2&b=4&bbox=163.75924%2C66.01802%2C137.04049%2C68.46380
http://www.kidsgeo.com/geography-for-kids/0019-the-revolution-of-the-earth.php
http://primarygamesarena.com/Earthquakes251
http://kids.discovery.com/games/build-play/volcano-explorer
http://www.prof2000.pt/users/elisabethm/geo7/clima/termopluvio.htm
http://www.geocaching.com/
66
Anexos
67
Anexo A
Figura 1
Plano Tecnológico da Educação, Resolução do Conselho de Ministros n.º 137/2007, in Diário da
República, Iª Série, nº 180, 18.09.2007, P.6565
Figura 2
Principais barreiras à modernização tecnológica do ensino
Análise internacional
Plano Tecnológico da Educação, Resolução do Conselho de Ministros n.º 137/2007, in Diário da
República, Iª Série, nº 180, 18.09.2007, P.6565
68
(Fonte: Empirica Country Brief 2006)
Figura 3
Objectivos europeus e nacionais para a modernização da educação
Plano Tecnológico da Educação, Resolução do Conselho de Ministros n.º 137/2007, in Diário da
República, Iª Série, nº 180, 18.09.2007, P.6564
69
Anexo B
Blogs e sites pertinentes para realizar actividades de pesquisa:
Nome
Link
Tipologia
Área
Aventar
Jornal de Notícias
Jornal Público
NY Times
El Mundo
Le Nouvel Observateur
http://aventar.eu/
http://www.jn.pt/paginainicial/
http://www.publico.pt/
http://www.nytimes.com/
http://www.elmundo.es/
http://tempsreel.nouvelobs.com/
Ler para Ser Maior
http://bibmaior.blogspot.pt/
Biblioteca escolar
Geografias
http://geoap.blogspot.pt/
História de Portugal
http://historia-portugal.blogspot.pt/
Recursos de
Geografia
Recursos de
História
Portal das Escolas
Escola Virtual
eTwinning
https://www.portaldasescolas.pt/
http://www.escolavirtual.pt/?r=1
http://www.etwinning.net/pt/pub/index.ht
m
http://ribatejo.com/hp/
http://www.besthistorysites.net/
http://www.ipma.pt/pt/index.html
História de Portugal
Best History Sites
Instituto Português do
Mar e da Terra
Geo Red
Europeana
Instituto Camões
Biblioteca Nacional
Gruta de Lascaux
Louvre
Giza 3D
Acropolis Virtual Tour
The Secret Anne Frank
Roman Open-Air
Museum
Museu da Água
Google Earth
Museu do Instituto
Geográfico Português
Museu de Marinha
Grutas de Mira de Aire
Leya
Didáctica Editora
Blog
Site
Blog
Sites
Notícias
Generalista
Língua
Pt
Ing
Es
Fr
Pt
Sites Educativos
Generalistas
Pt
História
Ing
Geografia
Pt
http://geored.dge.mec.pt/
http://www.europeana.eu/portal/
http://cvc.institutocamoes.pt/conhecer/biblioteca-digitalcamoes.html
http://www.bnportugal.pt/
http://www.lascaux.culture.fr/#/fr/00.xml
http://www.louvre.fr/en
http://giza3d.3ds.com/en-experience.html
http://acropolisvirtualtour.gr/acropolisTour.html
http://www.annefrank.org/en/Subsites/Ho
me/
http://www.villa-rustica.de/indexe.html
Sites
Bibliotecas e
Repositórios
70
Pt
Fr
Ing
Sites
Visitas Virtuais
http://www.servicoaguaslivres.com/
http://www.google.com/earth/
http://www.igeo.pt/MuseuVirtual/
http://museu.marinha.pt/pt/Paginas/defaul
t.aspx
http://www.grutasmiradaire.com/?link=35
http://leyaeducacao.com/
http://www.didacticaeditora.pt/index.php
Ing
Pt
Sites
Editoras
Pt
Anexo C
Inquérito efectuado aos professores durante a práctica pedagógica de ensino
supervisionada
Agrupamento de Escolas da Costa da Caparica
Escola Básica da Costa da Caparica
Inquérito aos Professores para relatório de estágio de Catarina Franco
Disciplina: ______________________
Ano(s) que leciona: ___________________
Este inquérito deseja obter a sua opinião, como professor, quanto à mudança de métodos e diferentes
estratégias educativas utilizadas em sala de aula, particularmente os Recursos Educativos Digitais(RED). Por
recurso educativo digital entende-se a ferramenta educativa que pode ser utilizada no processo de
aprendizagem/ensino e que utiliza produtos, serviços ou processos TIC para promover a aprendizagem.
O inquérito é confidencial e visa unicamente o tratamento de dados.
Sim
Não
1- Nas suas turmas existem alunos sem o manual escolar?
2 – Usa o computador e a Internet na sua disciplina?
3- São atribuídas tarefas aos alunos em que usem a Internet em casa?
4 – Na escola existem meios que permitam a aprendizagem através das RED?
5– Assinale os recursos educativos que utiliza nas aulas:
vídeos
manual digital
quadro interactivo
powerpoint
plataformas de ensino e aprendizagem
moodle
sites/blogs
outros ______________________
6- Relativamente à sua disciplina, assinale quais lhe parecem ser os recursos didáticos pedagógicos que mais falta
faz aos alunos?
dicionários/ enciclopédias
computadores c/ ligação à internet
projetor/ video
moodle
jornais/revistas
quadro interativo
outros __________________________
Discordo
7 – Utilização dos Red na sala de aula. (X)
É um estímulo ao trabalho dos professores
Melhora/facilita a aprendizagem do aluno
Aumenta o interesse dos alunos pela educação
É um instrumento de trabalho indispensável à aprendizagem
Estimula o espírito criativo dos alunos
Melhora o desenvolvimento inteletual dos alunos
Diversifica as atividades em sala de aula
Favorecem a participação dos alunos no processo de
ensino/aprendizagem
71
Não concordo,
nem discordo
Concordo
8- Sente dificuldades em associar os RED às suas aulas? Quais?
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
9- Como avalia a motivação dos alunos quando utiliza recursos educativos digitas nas aulas?
motivados
interessados
apáticos
com dificuldades
outro _______________
10 – Verifica alguma mudança nos alunos com a utilização de conteúdos de multimédia/recursos
educativos digitais em sala de aula? (X)
Piora
Mantém
Melhora
No comportamento
Na participação
Emissão de opinião sobre o tema
Realização de perguntas pertinentes
Resultados nos testes de avaliação sumativa
Interação entre professores e alunos
Se eventualmente pretender dar o seu parecer sobre os RED no contexto de sala de aula e a
sua utilização no contexto das diversas aprendizagens duma forma mais pormenorizada, é
com elevado apreço que recebo a sua opinião.
Obrigado pela colaboração
72
Anexo D
Powerpoit de acompanhamento das aulas (alguns slides como exemplo)
D-1
Estratificação Social
Diferenciação de tarefas
Divisão do trabalho
em vários ofícios
cestaria
olaria
tecelagem
metalurgia
agricultura
D-2
Agricultura
Actividades
Económicas
Tecelagem
Caça
Pesca
Ourivesaria
Metalurgia
73
D-3
Exercício: coloca as imagens na atividade correta
Caça e Pesca
Ourivesaria
Agricultura
e pecuária
Cerâmica
Jogo sobre as actividades Egípcias.
D-4
D-5
D-6
74
D-7
D-8
DEUSES EGÍPCIOS
Bastet – deusa da
fertilidade e protetora
das grávidas
Hórus
Filho de Osíris e Ísis.
Deus da sorte e da
ressurreição
Hathor
Deusa da música,
da alegria e do
amor
Tot
Deus da
sabedoria e da
escrita
D-9
75
D-10
D-11
D-12
76
D-13
D-14
Medicina
Os medicamentos eram muito
variados; havia aqueles de origem
vegetal, os de origem animal e os
minerais.
A Medicina foi desenvolvida pelos Egípcios,
através dos conhecimentos de anatomia que
provinham do embalsamamento dos corpos.
D-15
77
Uma das mais importantes fontes de conhecimento
sobre a medicina praticada no Antigo Egipto chegou-nos
através dos “papiros médicos”, conjunto de textos que
relatavam procedimentos médicos.
Prótese de dedo criado a partir de madeira e couro
D-16
D-17
D-18
78
Anexo E
Anexo E-1 – Vídeo sobre Túmulos Egípcios (parte I)
http://www.youtube.com/watch?v=MPlqONc6pFs
Anexo E-2 – Vídeo sobre os Túmulos Egípcios (parte II)
http://www.youtube.com/watch?v=IoqXxGLlH4U
79
Anexo F – Powerpoint de acompanhamento da prática de Geografia, alguns
exemplos
O Movimento de Rotação é o movimento giratório que a Terra
executa no seu próprio eixo, (no sentido contrário ao dos
ponteiros do relógio-de W para E). Tem um ciclo contínuo de 24h.
http://www.youtube.com/watch?v=qc1rzryczdw
Movimento de Translação da Terra é o movimento
elíptico que esta realiza à volta do Sol. Tem a duração de
365 dias.
F-1
F-2
Do meio-dia solar ao pôr
do sol
• Diminuição da inclinação dos
raios solares;
• Diminuição da espessura da
atmosfera a atravessar
• Diminuição da área de
incidência
Do nascer do sol ao meio
dia solar
Aumento da temperatura
Diminuição da
temperatura
• Aumento da inclinação dos
raios solares;
• Aumento da espessura da
atmosfera a atravessar;
• Aumento da área de
incidência
• Diminuição da temperatura
devido à ausência de
radiação solar e ao facto de a
Terra ir libertando a energia
acumulada (irradiação
terrestre);
Após o Pôr do Sol
Diminuição da
temperatura
F-3
80
F-4
F-5
F-6
81
F-7
F-8
F-9
82
Guião de Construção do Gráfico Termopluviométrico
Para construir o gráfico termopluviométrico necessitas do seguinte material:
-Papel milimétrico;
-Lápis/lapiseira;
-Borracha;
- Régua;
- Marcador vermelho, azul e amarelo;
-informação sobre a cidade atribuída.
Para construir o gráfico termopluviométrico necessitas de
informação sobre a temperatura e sobre a precipitação.
Meses
J
F
M
A
M
J
J
A
S
O
N
D
T. (ºC)
9,3
9,8
11,7
15,5
20,2
24,6
27
26,6
23,3
18,3
14,4
11,1
P. (mm)
45
48
43
28
17
10
4
5
12
48
51
67
Estação Meteorológica de Atenas – Grécia
N37° 58' E23° 43'
F-10
Guião de Construção do Gráfico Termopluviométrico
Guião de Construção do Gráfico Termopluviométrico
http://www.prof2000.pt/users/elisabethm/geo7/clima/termopluvio.htm
83
F-11
F-12
F-13
Resultado do Gráfico Termopluviométrico
F-14
Clima Equatorial
- Variação da Temperatura ao longo do ano: elevada todo o ano.
- Variação da Precipitação ao longo do ano: elevada todo o ano.
- Amplitude térmica anual: muito reduzida.
- Meses secos: nenhum.
F-15
84
F-16
F-17
Maquis
Garrigue
Córsega - França
Floresta mediterrânea
Serra da Arrábida
Maquis – formação vegetal densa, constituída por arbustos e árvores de pequeno
porte.
Garrique – formação vegetal menos densa do que o maquis, deixando partes do
solo a descoberto, constituída por carrascos e plantas aromáticas.
F-18
85
F-19
F-20
F-21
86
Download

A Utilização de Recursos Educativos Digitais na Sala de Aula