Blog Consciência Limitação de Percepção da Consciência e Desenvolvimento do Pensamento - Parte I Bergson Batalha - miércoles, enero 19, 2011 Dedicando-me continuamente à ampliação da minha consciência através de diversas práticas e exercícios, tenho também lido pesquisas e experiências de alguns cientistas sobre o assunto e aparentemente uma grande maioria tem observações que indicam numa mesma direção, sejam elas complementares ou coincidentes. Diversos são os casos que demonstram sermos nós humanos condicionados a perceber única e exclusivamente aquilo que conhecemos. Einstein já havia observado o fenômeno ao afirmar: “Parece que a mente humana tem primeiro de construir formas independentes, antes que possamos encontrá-las nas coisas.” (Cit. em Zajonc, Arthur, Catching the Light, 1993, Oxford University Press, NY, p. 253). Isto significa que se não conhecemos determinada coisa, ou se não abrimos nossa mente para a possibilidade de existência dela, ou ainda se não agimos sem idéia pré-concebida permitindo que algo inteiramente novo e desconhecido se apresente como verdadeiro e existente, podemos estar em frente à uma realidade física incontestável e sequer enxergá-la. Pior ainda, existem casos em que mesmo depois de verificarmos determinada realidade, constatarmos pessoalmente a sua existência e veracidade, somos incapazes de reconhecê-la ao simples olhar. O assunto pode parecer abstrato, mas não é. Vejamos a seguir alguns exemplos concretos, e comprováveis, que demonstrarão claramente a nossa limitação antes de adentrarmos possibilidades de mais difícil constatação. Para mudar hábitos de percepção você precisa primeiro conscientizer-se deles e depois trabalhar para mudá-los, cogitando alternativamente. Em alguns casos é impossível, senão vejamos: observe o desenho ao lado, chamado “Espiral de Fraser” Quando colocado em frente a determinado padrão de fundo os círculos concêntricos parecem uma espiral e não importa o quanto você se convença de que são círculos, pois realmente o são e você pode comprovar acompanhando-os com o dedo ou com a ponta de um lápis. Seu cérebro insistirá em ver uma espiral. A simples mudança do fundo é suficiente para eliminar a ilusão. Contudo, trata-se de uma figura impressa, que podemos mudar o fundo conforme nos convenha. Quantos são os fatos na vida ante os quais só podemos mudar a nós mesmos, mas em hipótese alguma o fundo da imagem!! Algumas imagens permitem uma elucidação mais rápida, que podemos perceber sozinhos, após algum esforço, ou com uma simples indicação, como é o caso abaixo: Na esquerda tem-se sem dúvida uma jovem mulher, mas na direita duas figuras podem ser vistas, uma jovem, ou uma senhora! Uma das duas se revela mais rapidamente e a outra pode ser encontrada em seguida mediante algum esforço. O que você vê primeiro reflete seu hábito mental. Mas neste caso, diferentemente do caso da espiral, você pode trabalhar sua mente e treiná-la para ver as duas realidades existentes. Se você enxergou a jovem, olhe seu queixo como um grande nariz com uma verruga e a gargantilha como uma boca! Agora tem uma senhora idosa. Alternar antre as duas figuras algumas vezes será suficiente para lhe permitir perceber as duas realidades igualmente existentes. A mudança aqui ocorreu única e exclusivamente em sua interpretação, já que as imagens permanecem as mesmas. Há casos em que um breve exercício é suficiente para ampliar sua consciência, modificando um padrão existente, e outros que parecem intransponíveis. Em qualquer das hipóteses, as idéias pré-concebidas são um grave obstáculo para a observação isenta. Algumas pessoas têm grande facilidade em perceber o novo, em pensar sobre a coisa em si, sem filtrar a realidade com a própria experiência, a exemplo de Goethe, ou Einstein. Observemos mais uma figura, antes de pensar em algo menos palpável. A ilusão seguinte foi criada pelo psicólogo Roger Shepard e ficou conhecida como ‘Virar as mesas’. Em que pese parecerem diferentes as duas mesas abaixo têm exatamente as mesmas medidas, o que você pode facilmente comprovar com uma régua, mas não é tão fácil assim convencer seu cérebro a enxergá-las idênticas como realmente são. A História e a Filosofia da Ciência são ricas em exemplos do quão difícil é abandonar velhos paradigmas para assumir Novas Idéias, teorias ainda não familiares e aceitas por todos. Arthur Zajonc (Ph.D e professor de Física e Estudos Interdisciplinares no Amherst College Amherst, Massachusetts, EUA) faz referência à seu livro ‘Catching the Light’, onde retorna sempre às mudanças que ocorrem na mente humana quando buscamos entender o nosso lugar no Universo. Se dermos um passo adiante para analisar um outro caso, Gregg Braden relata aos 68 minutos da primeira parte de uma palestra intitulada “The lost Mode of Preyer” a história de um galeão espanhol que aportou na costa da América do Sul no século XV ou XVI em busca de suprimentos durante o período das grandes expedições marítimas e ao chegar em terra os espanhóis encontraram o xamã de uma tribo indígena. Após de alguma forma estabelecer um meio de comunicação, o xamã perguntou aos espanhóis como havia chegado ali, eis que ele jamais havia visto um homem branco em toda sua vida. Estes prontamente responderam que chegaram à praia naqueles pequenos botes, vindo daquele galeão aportado um pouco mais distante, que partira de outro continente. O xamã olhou para a direção onde os espanhóis apontavam e não viu o galeão, apenas o mar. A enorme embarcação estava ancorada bem a frente, mas era de um padrão tão diferente de tudo conhecido que o xamã olhava para ela e simplesmente não o via!! O navio não fazia sentido algum para o seu padrão de consciência, consequentemente ele não o enxergava! Por tratar-se de um xamã, ele ficou fascinado pela idéia de aquelas pessoas vieram em uma coisa que ele não podia ver. Certamente se fosse uma pessoa comum poderia ter apenas descartado a possibilidade, mas o xamã resolveu trabalhar com ela e em algum tempo ele se ensinou a redefinir seu padrão de observação, redefinir a consciência que analisava o que estava olhando, e passou a enxergar o galeão, uma partícula de matéria à qual ele jamais tinha sido exposto antes. Esta história tem um desdobramento, a palestra inteira tem mais de 3 horas de duração, oportunamente podemos retornar ao assunto e complementá-lo. O que importa aqui é ter em mente o quão limitada nossa percepção pode ser em função do padrão de consciência adotado. Estas observações levam inexoravelmente ao questionamento: ‘quantas coisas existem e estão bem à nossa frente e simplesmente não as vemos por elas não fazerem parte do nosso padrão de consciência?’ ‘O que é necessário para nos permitir enxergar além das limitações que nos foram culturalmente impostas?’ ‘Como nos exercitar para reconhecer as coisas e eventos como eles realmente são, ao invés de como fomos ensinados a vê-los?’ As possibilidades são indubitavelmente enormes, o que remete ao quinto exercício - Ausência de Prevenção - da série dos Seis Exercícios Complementares de Rudolf Steiner. Além da série de exercícios já iniciada no site Consciência Cósmica, vamos em seguida colocar a segunda parte deste texto, abordando O Método Cognitivo de Goethe (GA 1) e Treinamento Pratico do Pensamento (GA 108), onde Rudolf Steiner aborda uma metodologia prática para nos habituarmos a romper com o pensar condicionado e dar início ao Pensamento Prático, verdadeiramente livre do condicionamento. Parece-me importante observar que como absolutamente tudo na vida, o estudo de algumas possibilidades menos públicas de ver o mundo, e a prática de determinados exercícios levarão absolutamente qualquer pessoa a alcançar um progresso em qualquer sentido que se dedique. A profundidade com que a pessoa o fará e o nível de percepção que conseguirá dependerá, sempre, do estágio em que se encontra atualmente e da dedicação que tiver à matéria. Comments (0) | Trackbacks (0) | Permalink