Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Engenharia Civil
Trabalho de Conclusão de Curso
ANÁLISES E PROCEDIMENTOS CONSTRUTIVOS
DO SISTEMA DE PAREDE DE CONCRETO ESTRUTURAL
E SUAS INTERFERÊNCIAS EXECUTIVAS
Autor: Érico Danillo da Silva Brito
Orientador: MSc. Nielsen José Alves Dias
Brasília – DF
2013
ÉRICO DANILLO DA SILVA BRITO
ANÁLISES E PROCEDIMENTOS CONSTRUTIVOS
DO SISTEMA DE PAREDE DE CONCRETO ESTRUTURAL
E SUAS INTERFERÊNCIAS EXECUTIVAS
Artigo apresentado ao curso de graduação em
Engenharia Civil da Universidade Católica de
Brasília, como requisito parcial para obtenção
do Título de Bacharel.
Orientador: MSc. Nielsen José Alves Dias
Brasília
2013
Artigo de autoria de Érico Danillo da Silva Brito, intitulado “ANÁLISES E
PROCEDIMENTOS CONSTRUTIVOS DO SISTEMA DE PAREDE DE CONCRETO
ESTRUTURAL E SUAS INTERFERÊNCIAS EXECUTIVAS”, apresentado como requisito
parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Civil da Universidade Católica de
Brasília, em 22 de novembro de 2013, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo
assinada:
_____________________________________________
Prof. MSc. Nielsen José Alves Dias
Orientador
Engenharia Civil – UCB
_____________________________________________
Profa. MSc. Luciana Nascimento Lins
Co-orientador
Engenharia Civil – UCB
_____________________________________________
Prof. MSc. Robson Donizeth Gonçalves da Costa
Examinador Interno
Engenharia Civil – UCB
Brasília
2013
Dedico aos meus pais Lair e Rejane por serem
o meu maior exemplo e para sempre terão todo
o meu respeito, ao meu irmão Caio e a Jéssica,
minha irmã, enfim, família que no decorrer de
todo o curso me apoiaram para realizar esta
conquista.
AGRADECIMENTOS
À DEUS, com toda honra, por me guiar e abençoar sempre. Que me dê discernimento
para iniciar esta caminhada.
À equipe Via Solare, principalmente a Aníbal Martins, Gustavo Dayrell, Danillo
Pereira, Thyago Diniz por todo o apoio e recepção que me deram para a estruturação do
trabalho.
À equipe Parque do Riacho, especialmente ao engenheiro Eduardo pelo recebimento e
explicações na obra da JC Gontijo.
Ao professor Nielsen Alves, meu orientador, por todos os conhecimentos e diretrizes
no decorrer do trabalho.
À professora Luciana Lins, minha coorientadora, pelo suporte e orientação.
Aos professores pelo apoio direto e indireto, que contribuíram para o desenvolvimento
deste trabalho.
ANÁLISES E PROCEDIMENTOS CONSTRUTIVOS
DO SISTEMA DE PAREDE DE CONCRETO ESTRUTURAL
E SUAS INTERFERÊNCIAS EXECUTIVAS.
ÉRICO DANILLO DA SILVA BRITO
Resumo
Edificações constituídas com paredes de concreto armado vêm adquirindo um espaço
significativo na construção civil, contudo, cada vez mais existe a procura por sistemas
construtivos que agregam qualidade, com redução de custos e mão-de-obra. Diante disso, este
artigo tem por objetivo determinar parâmetros de conhecimento técnico-construtivo com
relação ao método, evidenciando as interferências e análises específicas. Assim, descreve-se
um seguimento das etapas de serviços, explorando e propondo soluções para as diversas
manifestações executivas e patológicas. Para isso, foram visitadas duas obras, sendo uma da
Via Engenharia e a outra da JC Gontijo, onde se utiliza as paredes de concreto, a fim de
coletar dados do campo e realizar ensaios laboratoriais. Os ensaios de esclerometria e do
comportamento térmico das paredes, evidenciam que não se pode parametrizar os períodos
para desformas apenas pelos resultados dos rompimentos dos corpos de prova, onde se tem
condições térmicas diferentes entre parede de concreto e corpo de prova. Assim, os ganhos
iniciais de resistência se darão de maneira mais acentuada nas paredes, em relação aos corpos
de prova. Através do ensaio de prova de carga, constatou-se que a deformação oriunda dessas
cargas é mínima, o que viabiliza a execução do revestimento cerâmico sem o contrapiso.
Posteriormente, analisou-se os possíveis problemas na estrutura, por meio de fotos
termográficas, assim, evidenciaram-se áreas de interface laje/parede, áreas perimetrais dos
vãos de janela, e pontos atípicos que necessitam de tratamento e análise mais detalhada.
Todos os resultados foram satisfatórios, evidenciando comportamentos importantes a respeito
do sistema construtivo.
Palavras-chave: Paredes de concreto. Sistemas construtivos. Interferências. Executivas.
Patológicas.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 –
Marcação das paredes e chumbação dos espaçadores...................................
Figura 2 –
Estruturação das armaduras e fixação das mangueiras e caixas de
passagem.......................................................................................................
Figura 3 –
14
Colocação das gravatas de travamento (à esquerda), e travamento das
paredes do sistema com pinos e cunhas (à direita).......................................
Figura 5 –
13
Montagem dos painéis (à esquerda) e numeração dos painéis com
orientações por cores (à direita)....................................................................
Figura 4 –
13
15
Colocação dos alinhadores para garantir o prumo (à esquerda), e
instalação dos tensores de suporte nos vãos das portas (à direita)................
15
Figura 6 –
Escoramento da laje para posterior concretagem..........................................
16
Figura 7 –
Armação e posicionamento dos conduítes das instalações elétricas.............
16
Figura 8 –
Concretagem da laje com o auxílio de vibrador (à esquerda), e
regularização da laje (à direita).....................................................................
18
Figura 9 –
Retirada dos painéis modulares.....................................................................
18
Figura 10 –
Escoramento residual que garante a estabilidade da laje durante o ganho
de resistência do concreto.............................................................................
Figura 11 –
Redistribuição dos painéis para o pavimento superior dando continuidade
ao ciclo construtivo.......................................................................................
Figura 12 –
20
Marcas de desformas nos painéis da SH Formas (à esquerda) e
acabamento mais uniforme da SF Formas (à direita)....................................
Figura 13 –
19
22
Acabamento da fachada do empreendimento da JCGontijo (à esquerda)
em relação ao acabamento da fachada da obra da Via Engenharia (à
direita)...........................................................................................................
Figura 14 –
23
Desníveis em locais onde as condições para o sarrafeamento são
desfavoráveis.................................................................................................
23
Figura 15 –
Junta evidenciando descontinuidade na concretagem da parede..................
24
Figura 16 –
Local onde a concretagem se torna inexequível, acarretando em “juntas
frias”..............................................................................................................
24
Figura 17 –
Buraco feito na parede para a identificação dos pontos elétricos.................
25
Figura 18 –
Local onde ocorreu um adensamento inadequado do concreto....................
26
Figura 19 –
Junta fria que necessita de tratamento para a continuação dos ciclos das
concretagens..................................................................................................
26
Figura 20 –
Esquema das armaduras de reforço, segundo NBR 16055...........................
27
Figura 21 –
Trincas de “bigode” nos vértices dos vãos de janela....................................
27
Figura 22 –
Reforços a 45º nos vértices dos vãos de janela.............................................
28
Figura 23 –
Trincas verticais oriundas dos eletrodutos que passam no interior das
paredes...........................................................................................................
28
Figura 24 –
Excessiva porosidade na superfície das paredes...........................................
29
Figura 25 –
“Barriga” causada pela falta das gravatas no travamento dos painéis..........
30
Figura 26 –
Fissura na região das gravatas que foi calafetada com argamassa colante...
30
Figura 27 –
Parede com excesso de desmoldante.............................................................
31
Figura 28 –
Trincas por segregação do concreto..............................................................
31
Figura 29 –
Armaduras da laje expostas...........................................................................
32
Figura 30 –
Relógio micrométrico do extensômetro........................................................
38
Figura 31 –
Detalhe do tratamento no encontro piso/parede............................................
39
Figura 32 –
Foto termográfica do apartamento modelo do Via Solare............................
40
Figura 33 –
Juntas de concretagem evidenciando o comportamento monolítico da
41
estrutura.........................................................................................................
Figura 34 –
Evidencias dos pontos com maior temperatura em relação à parede
estrutural........................................................................................................
Figura 35 –
41
Trinca localizada no canto direito da parede estrutural................................
42
Figura 36 –
Junta localizada na interface laje/parede propícia a infiltrações...................
42
Figura 37 –
Execução do ensaio de resistência à tração...................................................
43
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 –
Dados da primeira aferição das temperaturas nos corpos de prova e
parede............................................................................................................
Gráfico 2 –
34
Dados da segunda aferição das temperaturas nos corpos de prova e
parede............................................................................................................
35
Gráfico 3 –
Aferições de esclerometria nas paredes e no CP...........................................
36
Gráfico 4 –
Aferições do ensaio de compressão às 12 horas...........................................
36
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 –
Traço fornecido pela concreteira...................................................................
Tabela 2 –
Dados das temperaturas aferidas na parede e no CP, referente à primeira
medição.........................................................................................................
Tabela 3 –
17
33
Dados das temperaturas aferidas na parede e no CP, referente à segunda
medição.........................................................................................................
34
Tabela 4 –
Aferição da deformação da laje descarregada...............................................
37
Tabela 5 –
Aferição da deformação da laje carregada....................................................
37
Tabela 6 –
Resultados de resistência à aderência para os tratamentos de base..............
43
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................................... 11
1.2 METODOLOGIA EXECUTIVA PARA A PAREDE DE CONCRETO ...................... 12
1.2.1 Nivelamento da base............................................................................................... 12
1.2.2 Determinação das espessuras e marcação das paredes....................................... 12
1.2.3 Estruturação das armações e instalações ............................................................. 13
1.2.4 Montagem dos painéis em alumínio ..................................................................... 14
1.2.5 Travamento dos painéis ......................................................................................... 14
1.2.6 Montagem dos painéis e escoramento da laje ...................................................... 15
1.2.7 Estruturação e armação da laje ............................................................................ 16
1.2.8 Concretagem ........................................................................................................... 17
1.2.9 Regularização do concreto..................................................................................... 17
1.2.10 Procedimento de desforma das paredes ............................................................. 18
1.2.11 Procedimento de desforma das lajes................................................................... 19
1.2.12 Redistribuição dos painéis ................................................................................... 19
2 METODOLOGIA DO TRABALHO ................................................................................. 21
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 22
3.1 ANÁLISES DAS MANIFESTAÇÕES PAROLÓGICAS E EXECUTIVAS ............... 22
3.2 DISCUSSÕES E AFERIÇÕES ACERCA DE ENSAIOS LABORATORIAIS ............ 32
3.2.1 Análises da resistência de desforma com aferições de temperatura e
esclerometria .................................................................................................................... 32
3.2.2 Verificação de fluência das lajes através do ensaio com extensometro ............. 37
3.2.3 Desempenho térmico do sistema estrutural ......................................................... 39
3.2.4 Avaliação do tratamento de base para assentamento dos revestimentos .......... 43
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................................... 44
4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 44
4.2 PROPOSTAS PARA ANÁLISES FUTURAS............................................................... 45
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 48
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O surgimento do Banco Nacional de Habitação (BNH), em 1966, desencadeou no
início da década de 70, o intenso alavanque dos programas habitacionais. Repercutiu-se no
interesse gradativo das fabricantes e construtoras a aderirem cada vez mais tecnologias não
convencionais, o que gerou um grande movimento de importação dos modelos construtivos
emergentes. Dentre eles destaca-se o sistema Outinord de formas metálicas e o sistema de
formas metálicas e de madeira: Geo-sistem e Preford (COHABS, 1977), para a produção de
paredes maciças moldadas no local.
Em decorrência da intensa atividade imobiliária que se caracterizava no período de
2009, o programa habitacional “Minha Casa Minha Vida”, criado pelo governo federal,
ganhou corpo fazendo com que as construtoras buscassem sistemas construtivos capazes de
equiparar produção e economia, sem implicar no desempenho e qualidade das edificações. As
paredes de concreto armado apresentam como vantagem, a potencialização da velocidade de
execução e a otimização do acabamento e mão-de-obra, resultando num produto final
adequado, e mais susceptível em se enquadrar nos cronogramas de prazos pré-estabelecidos.
Neste método, as paredes são moldadas no local, com o uso de formas moduladas e
apresentam vantagens como rapidez de execução, redução de mão-de-obra, custos globais
mais baixos, considerável desempenho, minimiza a geração de resíduos, além de produzir um
modelo construtivo em escala, devido à industrialização do sistema.
Atualmente, tem-se códigos internacionais de práticas de concreto armado, como o
American Concrete Institute Code (ACI-318, 1999) e a Australian Concrete Standard (AS3600, 2001), que destinam capítulos específicos para projetos de parede de concreto armado.
O Brasil possui atualmente a NBR 16055 “Parede de concreto moldada no local para a
construção de edificações – Requisitos e procedimentos”, que entrou em vigor a partir do dia
10 de maio de 2012, onde se apoiam todos os projetos de dimensionamento e execução que
utilizam o sistema de paredes de concreto.
O presente trabalho objetiva aprofundar o conhecimento sobre o comportamento das
paredes estruturais moldadas no local, dos seus procedimentos construtivos, através de um
estudo prático-teórico, abordando detalhes e patologias que podem existir.
12
1.2 METODOLOGIA EXECUTIVA PARA A PAREDE DE CONCRETO
As atividades relacionadas à metodologia executiva para produção das paredes de
concreto são listadas e explicadas a seguir:
a) Nivelamento da base;
b) Determinação das espessuras e marcação das paredes;
c) Estruturação das armações e instalações;
d) Montagem dos painéis em alumínio;
e) Travamento dos painéis;
f) Montagem dos painéis e escoramento da laje;
g) Estruturação e armação da laje;
h) Concretagem;
i) Regularização do concreto;
j) Procedimento de desforma das paredes;
k) Procedimentos de desforma das lajes; e
l) Redistribuição dos painéis;
1.2.1 Nivelamento da base
O nivelamento da base é fundamental, uma vez que a maioria das obras utiliza como
fundação o radier.
1.2.2 Determinação das espessuras e marcação das paredes
As linhas de paredes e os espaçadores são chumbados para assegurar a espessura
correta das mesmas. Geralmente utilizam-se espaçadores com diâmetros de 10 e 12 cm para
paredes dos apartamentos tipo e divisões, e de 15 cm para paredes de hall e elevadores.
13
Figura 1 – Marcação das paredes e chumbação dos espaçadores.
Fonte: Do autor.
1.2.3 Estruturação das armações e instalações
Antes da montagem dos painéis em alumínio, tem-se a estruturação da armação das
paredes com telas soldadas. Logo depois, são fixados todos os pontos elétricos, incluindo
conduítes e caixas de passagens, que serão amarrados à estrutura por meio de arames, e serão
embutidas nas paredes de concreto. Nesta etapa, é indispensável à verificação detalhada dos
pontos das instalações, a fim de minimizar posteriores retrabalhos. Deve-se atentar também
aos espaçadores das caixas de passagem elétricas, que necessariamente precisam estar bem
fixados e alinhados, diminuindo o risco de desalinhamentos no momento da concretagem.
Figura 2 – Estruturação das armaduras e fixação das mangueiras e caixas de passagem.
Fonte: Do autor.
14
1.2.4 Montagem dos painéis em alumínio
Para ambas as formas, sejam externas ou internas, a face que terá contato direto com o
concreto deverá receber tratamento com desmoldante. Nesta etapa é necessário uma perfeita
montagem dos painéis e o travamento das peças, para garantir-se a estanqueidade das formas
e uniformidade das paredes. Para facilitar a montagem, as formas são nomeadas por
dimensões e cores. Inicialmente, são montados os painéis das faces internas da edificação,
conforme indicações do fabricante.
Figura 3 – Montagem dos painéis (à esquerda) e numeração dos painéis com orientações por cores (à direita).
Fonte: Do autor.
1.2.5 Travamento dos painéis
As gravatas de travamento tem função de fazer a ligação entre as faces das formas, e
devem ser colocadas com o andamento da montagem dos painéis. Para facilitar a retirada das
gravatas, elas possuem um revestimento em membrana polimérica. Posteriormente à
colocação das gravatas, inserem-se os pinos para dar uma maior rigidez ao travamento lateral
entre painéis. Finalizando a montagem, tem-se a introdução de cunhas nos pinos, e os
alinhadores de parede juntamente com os tensores de vãos das portas e janelas, que garantem
o prumo da mesma. A fim de diminuir o tempo da instalação dos painéis, as montagens são
feitas seguindo uma mesma ordem.
15
Figura 4 – Colocação das gravatas de travamento (à esquerda), e travamento das paredes do sistema com pinos e
cunhas (à direita).
Fonte: Do autor.
Figura 5 – Colocação dos alinhadores para garantir o prumo (à esquerda), e instalação dos tensores de suporte
nos vãos das portas (à direita).
Fonte: Do autor.
1.2.6 Montagem dos painéis e escoramento da laje
Após o término da montagem das formas das paredes, inicia-se a estruturação das
formas da laje. O princípio de modulação segue o mesmo padrão dos utilizados nas paredes,
entretanto, nesta etapa, acrescenta-se o posicionamento das escoras para sustentação do
assoalho da laje superior, conforme projeto.
16
Figura 6 – Escoramento da laje para posterior concretagem.
Fonte: Do autor.
1.2.7 Estruturação e armação da laje
Nesta etapa, a armação da laje é também executada com telas soldadas e espaçadores
do tipo “cadeirinha”, com a finalidade de garantir o cobrimento da laje depois da
concretagem. As instalações elétricas e hidráulicas seguem o mesmo princípio dos
procedimentos convencionais para lajes maciças, são posicionadas e fixadas com arame
recozido conforme projetos.
Figura 7 – Armação e posicionamento dos conduítes das instalações elétricas.
Fonte: Do autor.
17
1.2.8 Concretagem
Concluído a montagem do sistema, é necessário a conferência de todas as armaduras e
instalações, para que o trabalho de concretagem possa ser iniciado. Na concretagem, não tem
prioridade para paredes ou lajes, sendo o trabalho feito de forma simultânea. É indicado nessa
etapa o uso de concreto autoadensável, ou pelo menos concreto com alta fluidez, em
consequência do espaço relativamente restrito das paredes e à presença das armaduras que
inviabilizam o uso de vibradores. Sendo assim, no estudo de caso, utilizou-se um concreto
convencional com a seguinte dosagem:
Tabela 1 – Traço fornecido pela concreteira.
fc14h>5,0 Mpa [fck 25] B0/B1 200+-30 Eci 25 Gpa cod. 8905
Material
Quantidade (Kg/m3)
Cimento CPV CIPLAN
365
Areia de Quartzo
334
Areia Artificial Calcária
502
Brita 0 Calcária
298
Brita 1 Calcária
554
Aditivo polifuncional
1,64 Lts
Água
220
A/C
0,60
Fonte: Ciplan (2013).
Com o referido traço foi necessário à vibração para o adensamento do concreto, uma
vez que o mesmo não era auto adensável.
1.2.9 Regularização do concreto
O serviço de regularização do concreto é feito com o auxílio de régua metálica e nível
à laser garantindo o nível equivalente da laje como um todo.
18
Figura 8 – Concretagem da laje com o auxílio de vibrador (à esquerda), e regularização da laje (à direita).
Fonte: Do autor.
1.2.10 Procedimento de desforma das paredes
Após a cura do concreto, inicia-se o processo de desforma. O tempo de desforma varia
de acordo com a obra, sendo que na obra Via Solare era de 14 horas, enquanto que na obra do
Parque Riacho era de apenas 12 horas.
Figura 9 – Retirada dos painéis modulares.
Fonte: Do autor.
19
1.2.11 Procedimento de desforma das lajes
Costumeiramente, o projeto estrutural de escoramento antevê a necessidade de
escoramento remanescente ou residual. O objetivo deste procedimento é assegurar a
estabilidade e resistência necessária à laje concretada, com os primeiros dias após a
concretagem.
Figura 10 – Escoramento residual que garante a estabilidade da laje durante o ganho de resistência do concreto.
Fonte: Do autor.
1.2.12 Redistribuição dos painéis
Posteriormente à concretagem do pavimento, as formas de alumínio são transportadas
ao pavimento superior para a continuação da edificação. Nas obras estudadas, o intuito é de
que se fechem ciclos semanais por pavimento, sendo assim, necessário que todas as etapas
construtivas estejam pactuadas de forma sequencial, para que as formas sejam preenchidas
com concreto nas terças e sextas-feiras de cada semana. Tendo em vista a arquitetura
simétrica do empreendimento, as construtoras adquiriram as formas para a metade do
pavimento. Assim, tem-se a necessidade de duas concretagens por semana, a fim de atender a
expectativa anteriormente citada de um pavimento semanal.
20
Figura 11 – Redistribuição dos painéis para o pavimento superior dando continuidade ao ciclo construtivo.
Fonte: Do autor.
21
2 METODOLOGIA DO TRABALHO
Para a verificação das interferências executivas, foram analisadas duas obras que estão
utilizando o sistema construtivo em parede de concreto. Uma delas é o empreendimento da
Via Engenharia, localizado na cidade de Samambaia, chamado Via Solare, que é composto
por 7 torres, sendo cada uma delas com 17 pavimentos. A outra obra analisada é da
construtora JC Gontijo, localizado na cidade Riacho Fundo II, chamado Parque do Riacho que
possui um condomínio fechado com 18 prédios de 4 pavimentos cada, oriundo do programa
Minha Casa Minha Vida.
As visitas às obras foram feitas semanalmente com o intuito de acompanhar os
procedimentos construtivos sob a prescrição da norma ABNT NBR 16055:2012 e coletar
dados, para dar suporte à estruturação do trabalho. Posteriormente, foram realizados ensaios
laboratoriais nos empreendimentos, a fim de garantir parâmetros corretos para análises
críticas em etapas específicas do sistema. Assim, foi possível ter um embasamento suficiente
para compor as orientações e recomendações referentes ao método construtivo.
22
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 ANÁLISES DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS E EXECUTIVAS
Com o andamento parcial da obra, observaram-se algumas não conformidades em
relação ao sistema construtivo, tais oriundas de interferências na execução, assim como outras
de natureza patológica. Sendo listadas a seguir:

É notória a diferença de acabamento das paredes com os dois tipos de formas
utilizadas, no caso da SH Formas utilizada na obra da JC Gontijo (à esquerda) as
marcas de juntas entre painéis é mais aparente do que nas da SF Formas utilizadas na
obra do Via Solare (à direita). Na figura 13 é possível visualizar a diferença de
acabamento em ambas as fachadas, sendo visíveis as marcas de desformas, e
principalmente entre pavimentos, onde os desaprumos se dão de forma mais acentuada
com a utilização do sistema de formas da SH, tal desnível pode ser causa de futuras
fissuras advindas das concentrações de tensão ao longo da parede estrutural.
Figura 12 – Marcas de desformas nos painéis da SH Formas (à esquerda) e acabamento mais uniforme da SF
Formas (à direita).
Fonte: Do autor.
23
Figura 13 – Acabamento da fachada do empreendimento da JCGontijo (à esquerda) em relação ao acabamento
da fachada da obra da Via Engenharia (à direita).
Fonte: Do autor.

Inicialmente, no momento da concretagem da laje, existem locais bastante
desfavoráveis para um sarrafeamento adequado, o que acarreta numa superfície
levemente desnivelada, haja vista que, a régua tem comprimento inviável para transitar
em certos vãos. Para amenizar esta interferência, foi necessário mais severidade nos
critérios de medição e verificação de cotas, tal desnível no piso pode certamente
ocasionar problemas para o assentamento dos revestimentos. Admitindo-se que os
revestimentos cerâmicos se assentarão na chamada “laje nível zero”, não necessitando
então, da camada para regularização de contrapiso.
Figura 14 – Desníveis em locais onde as condições para o sarrafeamento são desfavoráveis.
Fonte: Do autor.
24

Presenciou-se em algumas regiões, que a concretagem não se deu de uma forma
contínua, não obedecendo ao ciclo construtivo previsto, sendo executado em dias
distintos, o que ficou aparente as chamadas “juntas frias”, que demonstram a diferença
dos concretos. Tal situação, além de acarretar em problemas de aderência e ligação
entre as partes, faz com que a estrutura deixe de trabalhar de forma monolítica,
passando então, a ter comportamentos diferentes dos quais não são previstos em
projeto.
Figura 15 – Junta evidenciando descontinuidade na concretagem da parede.
Fonte: Do autor.

Nas regiões dos poços de elevadores, onde se encontram uma menor quantidade dos
painéis montados, tem-se um local inexequível para a concretagem, haja vista que não
é possível fazer montagem de uma estrutura de andaimes sólida, com isso, acarreta-se
num trecho de concretagem descontínua, sendo inevitável a aparição de “juntas frias”.
No momento da concretagem do outro trecho simétrico do pavimento, é possível
complementar o local onde, antes, não era possível se concretar.
Figura 16 – Local onde a concretagem se torna inexequível, acarretando em “juntas frias”.
Fonte: Do autor.
25

Após a concretagem, no momento da desforma, notou-se que alguns pontos elétricos
não ficavam no devido alinhamento, devendo estar rente com a interface interna, nos
quais são utilizados espaçadores para que tal posicionamento seja garantido. Sendo
assim, os devidos pontos ficam ocultos dentro das paredes, sendo necessário quebrálas para que os pontos possam ser identificados. A solução proposta para esta
interferência foi uma fixação mais rígida das caixinhas elétricas às telas
eletrossoldadas, para que no instante da concretagem, os elementos não se desloquem.
Figura 17 – Buraco feito na parede para a identificação dos pontos elétricos.
Fonte: Do autor.

Nos locais onde o espaço para a passagem do concreto era restrito, muitas das vezes
não era possível se ter um preenchimento completo das formas, onde armaduras
ficaram expostas e ocorreram-se pequenas descontinuidades na concretagem das
paredes com muretas periféricas, além de nichos em alguns locais. Para isso, foi
necessária a adequação ao traço, que por sua vez se tornou mais fluido, sem perder a
trabalhabilidade, com isso, preenchendo todos os locais que antes não eram alcançados
com o adensamento.
26
Figura 18 – Local onde ocorreu um adensamento inadequado do concreto.
Fonte: Do autor.

Os ciclos de concretagens por pavimentos são semanais, ocorrendo nas terças e sextas
feiras, o que leva ao produto final de um pavimento por semana. Tendo em vista que
as formas são para apenas a metade do pavimento, é necessário a inversão dos painéis
para a execução do pavimento completo, situação que cria uma junta fria, esta deve ser
tratada com lavadora wap, e deve ser escarificada na interface de encontro para que o
concreto da outra metade da laje tenha uma boa aderência em relação à junta, além
disso, todas as instalações e armações constituintes devem ser previstas.
Figura 19 – Junta fria que necessita de tratamento para a continuação dos ciclos das concretagens.
Fonte: Do autor.

Um local muito susceptível a trincas são as regiões de vergas e contravergas, como no
sistema em questão estes elementos são ausentes, tem-se a necessidade de reforços no
perímetro dos vãos para janelas. Sob o suporte da NBR 16055, que prevê apenas os
reforços perimetrais, entretanto, na obra foram observadas acentuadas fissuras
27
diagonais a partir dos vértices inferiores dos vãos de janelas, fissuras aparentes
inclusive na face externa para a fachada. Em consequência disso, nota-se a
necessidade de reforço adicional, estes são armaduras a 45º que não estavam previstos
em projeto, a fim de que essas manifestações patológicas sejam solucionadas. De
acordo com referências normativas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), NBR16055, as armaduras de reforço ao redor das aberturas devem ser
distribuídas em faixas com dimensões de
mínimo, além da abertura, o maior valor entre
comprimento de ancoragem, dado em metros (m).
Figura 20 – Esquema das armaduras de reforço, segundo NBR 16055.
Fonte: ABNT NBR 16055 (2012).
Figura 21 – Trincas de “bigode” nos vértices dos vãos de janela.
Fonte: Do autor.
e devem ter como comprimento
e lb, onde lb é o
28
Figura 22 – Reforços a 45º nos vértices dos vãos de janela.
Fonte: Do autor.

Notaram-se casos atípicos de trincas verticais nos corredores, locais onde há uma
elevada concentração de eletrodutos, que por sua vez, internamente nas paredes,
geram uma diminuição de área útil do concreto, deixando o trecho em questão
susceptível a trincas por retração ou acomodação do concreto, sendo assim, para esta
manifestação foi adotado um tratamento com sela trinca. Segundo Graziano et al.
(2013), este problema é oriundo de que se a parte da retração ocorre no estado plástico
do concreto onde a resistência à tração é próxima de zero, e por consequência, a
adesão entre o concreto e a armadura são também muito baixas, expondo de certa
forma a parede de concreto por não poder contar com a resistência à tração e nem com
a armadura de aço.
Figura 23 – Trincas verticais oriundas dos eletrodutos que passam no interior das paredes.
Fonte: Do autor.
29

Em alguns locais, foi observada uma porosidade excessiva na superfície das paredes,
causadas certamente por algum manejo indevido na etapa de adensamento do
concreto, que neste caso, foi incorporado certa quantidade de bolhas de ar. Por outro
lado, não se pode descartar a verificação do tipo de desmoldante. Manifestações estas,
que devem ser evitadas antecipadamente com o vibrador adequado para o volume de
concreto, e no caso de correção, utilizar argamassa colante para o devido tratamento.
Figura 24 – Excessiva porosidade na superfície das paredes.
Fonte: Do autor.

A falta de compatibilização de projetos são causas relevantes de não conformidades,
neste caso, os projetos elétricos não estavam pactuados com os de modulação dos
painéis, assim, não se previa a passagem das gravatas de travamento das formas
cruzando exatamente no mesmo lugar que as caixinhas elétricas, desta maneira, não
sendo possível a ancoragem com as gravatas neste local. Como os painéis não são
chumbados à laje, no instante da concretagem, o peso do concreto fez com que os
painéis desalinhassem, causando uma espécie de “barriga” na parede estrutural. Para
esta interferência será necessário a escarificação da área para alcançar o prumo
necessário, e o tratamento com graute, além das compatibilizações futuras.
30
Figura 25 – “Barriga” causada pela falta das gravatas no travamento dos painéis.
Fonte: Do autor.

No momento das desformas das paredes, as gravatas são retiradas e restam as
membranas poliméricas, que tem função de lubrificar a retirada destas.
Costumeiramente, esses locais devem ser tratados de modo a garantir uma boa
calafetação, para isso, os resíduos sobressalentes das membranas são cortados, e
devidamente preenchidos. Um fator muito importante, é que nesses pontos os cortes
devem ter profundidade que garanta uma camada mais espessa de argamassa colante
que terá a função do tamponamento. Entretanto, notou-se que em alguns locais, esses
tratamentos não foram eficientes, ocorrendo trincas visíveis através da argamassa. O
que levanta a hipótese de que a camada de argamassa colante não foi suficiente para
conter as deformações decorrentes naquela região. Além disso, esta patologia, poderá
se permear, inclusive para os consecutivos revestimentos de gesso, pintura e
cerâmicas.
Figura 26 – Fissura na região das gravatas que foi calafetada com argamassa colante.
Fonte: Do autor.
31

Com a adequação dos ciclos de concretagem, alguns serviços são executados de forma
mais rápida, neste caso, o excesso de desmoldante é notório, fazendo-se necessário
uma otimização no processo da aplicação do produto. Para o prosseguimento das
etapas, é essencial o lixamento da parede citada, recuperando assim, a capacidade de
aderência aos revestimentos.
Figura 27 – Parede com excesso de desmoldante.
Fonte: Do autor.

No que diz respeito ao devido adensamento do concreto, verificou-se um caso isolado
de trincas com configuração atípica. Pressupõe-se ter como origem a segregação, haja
vista que, os agregados ficaram visíveis e nitidamente dispersos do concreto.
Analisando que o concreto utilizado no estudo de caso é do tipo bombeado, slump
20+-3cm, sendo relativamente menos fluido e trabalhável em relação ao
autoadensável. Outro ponto relevante é a plasticidade do concreto em questão, deve-se
utilizar um material com boa coesão, dessa forma, evitando esses modelos de
fissuração, obtendo uma mistura homogênea.
Figura 28 – Trincas por segregação do concreto.
Fonte: Do autor.
32

Na realização da desforma do assoalho de uma laje atípica, identificou-se que as telas
ficaram aparentes, em consequência do alto tráfego no momento da concretagem, os
espaçadores do tipo “cadeirinha” utilizados para garantir o cobrimento necessário do
elemento estrutural foram danificados, assim as armaduras ficaram aparentes.
Considerando-se que a próxima etapa construtiva seria o revestimento em “massona”
da Leinertex, para aplicação de pintura, é essencial o devido tratamento desta não
conformidade. Para a solução desse problema, estuda-se a viabilidade da utilização do
produto Emcephob NanoPerm, que é uma proteção com pintura a base de resina de
poliuretano, com função de reconstituir o cobrimento do concreto quando este fica
falho. Caso seja comprovada a inviabilidade para a utilização do produto citado, temse a necessidade da execução de um tratamento com graute para a garantia do
cobrimento necessário.
Figura 29 – Armaduras da laje expostas.
Fonte: Do autor.
3.2 DISCUSSÕES E AFERIÇÕES ACERCA DE ENSAIOS LABORATORIAIS
3.2.1 Análises da resistência de desforma com aferições de temperatura e esclerometria
Com o objetivo de parametrizar o controle de qualidade do concreto para a realização
da desforma, comparou-se o comportamento do concreto distintamente em dois ambientes:
primeiro no corpo de prova, e posteriormente no ambiente da própria parede moldada no
33
local. Através de um relatório fornecido pelo professor Nielsen, referente à obra Parque do
Riacho, da construtora JC Gontijo, é possível analisar a influência da temperatura nos dois
ambientes em questão, seguem dados:
Tabela 2 – Dados das temperaturas aferidas na parede e no CP, referente à medição.
1ª MEDIÇÃO 07/08/13
HORÁRIO
MEDIÇÃO
TEMPO
(h)
TEMPERATURA
PAREDE (oC)
TEMPERATURA
CORPO DE PROVA
(oC)
TEMPERATURA
AMBIENTE (oC)
21:01
0
20,7
17,5
15,0
22:01
1
18,6
16,6
14,2
23:01
2
30,5
16,2
14,2
00:01
3
29,2
16,0
14,2
01:01
4
30,1
16,6
13,4
02:01
5
32,4
15,6
13,8
03:01
6
35,9
16,0
14,2
04:01
7
40,1
15,8
13,5
05:01
8
40,4
15,6
13,2
06:01
9
39,7
15,2
14,2
07:01
10
38,4
15,5
16,8
08:01
11
36,8
19,0
18,7
09:01
12
36,0
25,7
24,5
10:01
13
34,5
31,0
27,8
11:01
14
33,9
31,8
27,8
12:01
15
33,7
35,7
29,0
13:01
16
33,7
38,4
29,0
14:01
17
33,8
39,4
29,0
15:01
18
33,6
38,2
29,3
16:01
19
32,6
36,6
27,3
Fonte: Dias (2013).
34
Tabela 3 – Dados das temperaturas aferidas na parede e no CP, referente à medição.
2ª MEDIÇÃO 06/09/13
TEMPERATURA
PAREDE (oC)
TEMPERATURA
CORPO DE PROVA
(oC)
TEMPERATURA
AMBIENTE (oC)
0
25,0
28,8
18,1
23:35
1
48,2
29,0
19,2
00:35
2
55,4
29,0
18,2
01:35
3
61,2
29,9
17,5
02:35
4
63,2
30,4
17,6
03:35
5
68,5
30,5
18,2
04:35
6
70,2
31,5
17,6
05:35
7
74,3
36,3
17,5
06:35
8
60,5
36,3
18,5
07:35
9
50,5
38,8
17,5
08:35
10
43,8
40,2
19,6
09:35
11
42,5
41,2
19,0
HORÁRIO
MEDIÇÃO
TEMPO
(h)
22:35
Fonte: Dias (2013).
Com os dados em questão, traçaram-se gráficos para a melhor visualização das
aferições de temperaturas no decorrer do tempo, são eles:
Gráfico 1 – Dados da primeira aferição das temperaturas nos corpos de prova e parede.
Fonte: Do autor.
35
Gráfico 2 – Dados da segunda aferição das temperaturas nos corpos de prova e parede.
Fonte: Do autor.
Pode-se verificar que as temperaturas aferidas são muito discrepantes tanto nas
paredes quanto nos corpos de prova, além de que, a temperatura externa influencia
diretamente nas reações de hidratação dos corpos de prova, o que acarreta num menor ganho
de resistência nestes, em relação às paredes de concreto. No ensaio em questão, se tem dois
ambientes distintos, nos corpos de prova existe uma quantidade muito menor de concreto do
que nas paredes (DIAS, 2013). Sendo assim, as reações exotérmicas entre o concreto e o
ambiente se dão de forma muito mais ativa nas paredes, se tornando um ponto crucial para o
ganho de resistência do concreto.
Além disso, através do ensaio de esclerometria, evidencia-se o que o ganho inicial de
resistência é, de fato, mais acentuado das paredes de concreto. De acordo com os gráficos 3 e
4 é possível verificar os resultados por meio de aferições de índice esclerométrico das paredes
e nos corpos de prova, assim como em testemunhos extraídos das paredes e comparados com
os corpos de prova correspondentes:
36
Gráfico 3 – Aferições de esclerometria nas paredes e no CP.
Fonte: Do autor.
Gráfico 4 – Aferições do ensaio de compressão às 12 horas.
Fonte: Do autor.
Verifica-se que o menor valor de resistência da medição esclerométrica, no caso é de 7
Mpa, é maior entre todas as medições feitas nos corpos de prova, o que comprova a teoria
anteriormente citada de que as altas temperaturas iniciais vão ser preponderantes para maiores
resistências nas paredes no local.
37
3.2.2 Verificação de fluência das lajes através do ensaio com extensômetro
Extensômetro é um transdutor capaz de medir deformações de corpos (WIKIPÉDIA,
2013). Visando tornar exequível a laje nível zero, em substituição do contrapiso, é necessário
analisar o comportamento das deformações da laje, as quais se dão por fluência do concreto,
advindas dos carregamentos ou tensões permanentes.
Foi instalado um extensômetro para a aferição dessas possíveis deformações, o local
utilizado foi uma laje de maior vão livre encontrada no corredor, inicialmente fez-se a
verificação de uma laje descarregada, onde a área foi isolada de ações de vento e outros tipos
de interferências que poderiam comprometer a precisão das aferições. Posteriormente, os
dados foram coletados com a laje carregada de duas maneiras, uma com cargas concentradas
de 300 Kg e a outra com 300kg/m². Com os resultados é possível fazer-se uma análise com
mais propriedade da viabilidade da realização do assentamento dos revestimentos em laje
nível zero. A seguir, seguem dados coletados:
Tabela 4 – Aferição da deformação da laje descarregada.
AFERIÇÃO COM EXTENSÔMETRO - SEM CARREGAMENTO
AFERIÇÃO
DATA
DIA
HORÁRIO
DEFORMAÇÃO (mm)
-
26/set
quinta-feira
08:00
0,00
1ª
01/out
terça-feira
16:00
0,27
2ª
02/out
quarta-feira
07:30
0,25
3ª
02/out
quarta-feira
13:00
0,30
4ª
03/out
quinta-feira
08:00
0,29
Fonte: Via Empreendimentos (2013).
Tabela 5 – Aferição da deformação da laje carregada.
AFERIÇÃO COM EXTENSÔMETRO - COM CARREGAMENTO (300 Kg)
AFERIÇÃO
DATA
DIA
HORÁRIO
DEFORMAÇÃO
(mm)
APLICAÇÃO
CARGA
1ª
04/out
sexta-feira
16:00
0,21
cargas concentradas
2ª
04/out
sexta-feira
17:00
0,01
300Kg/m2
3ª
08/out
terça-feira
16:00
0,09
300Kg/m2
Fonte: Via Empreendimentos (2013).
38
Figura 30 – Relógio micrométrico do extensômetro.
Fonte: Do autor.
Através dos dados coletados pode-se afirmar que possivelmente ocorreram erros de
aferição nas verificações da laje descarregada, haja vista que, o estado inicial de deformação
de 0,00 mm saltou para 0,27 mm, tal gradiente é justificável apenas por ações de deformação
oriundas da temperatura, já que a laje não estava carregada, entretanto, o essencial nessa etapa
é o comportamento dos gradientes de deformação no decorrer das quatro aferições, que foram
baixos. Para o caso da laje carregada, os resultados foram satisfatórios onde verificou-se que,
tanto com carregamento concentrado quanto distribuído em 1m², as deformações são
mínimas, girando em torno de 0,01 à 0,09 mm, o que viabiliza a execução da laje nível zero.
Em decorrência desses dados, executou-se o assentamento dos revestimentos sobre a
laje, para isso, utilizou-se um traço sugerido pelo professor Nielsen Alves de 20Kg de
argamassa ACI para 1Kg de baucryl 10.000, esse aditivo se consiste em um polímero acrílico
e flexível, o que dá uma maior capacidade de deformação à argamassa utilizada nos
revestimentos. Segundo Junginger e Medeiros (2003), tem-se a necessidade de uma junta de
dessolidarização nos encontros a 90º nos locais parede/piso, mesmo que os materiais
constituintes nessas regiões sejam cimentícios (no caso, concreto), sobre os quais pode ser
aplicada uma mesma argamassa de assentamento, o fato de estarem em diferentes planos,
acarretam deformações diferenciais, danificando a aresta do encontro. Nesses encontros
piso/parede há uma formação de uma junta em todo o perímetro e uma considerável
deformação entre os dois elementos (advinda da deformação da laje, por exemplo) que incide
diretamente no desempenho do rejunte, que não possui propriedades mecânicas como rigidez
39
e capacidade de absorção de deformações, assim, apresentando fissuras que comprometerão a
estanqueidade e a aderência do revestimento. Sob o suporte da NBR 13755 (ABNT, 1996, p.
5), “é recomendado à execução de juntas de dessolidarização nos cantos verticais, nas
mudanças de direção do plano do revestimento, no encontro da área revestida com pisos e
forros, colunas, vigas ou com outros tipos de revestimentos, bem como onde houver mudança
de materiais que compõem a estrutura suporte de concreto para alvenaria”.
Figura 31 – Detalhe do tratamento no encontro piso/parede.
Fonte: Juringer e Medeiros (2003).
3.2.3 Desempenho térmico do sistema estrutural
Sob a égide do comportamento termo acústico do sistema, verifica-se que as paredes
de concreto, por apresentarem espessuras reduzidas, são objetos para acarretar um
considerável desconforto termo acústico, que significa um gradiente baixo de temperatura
interno-externo, com mudanças abruptas durante o decorrer do dia, além disso, a incidência
dos ruídos externos se daria de forma mais acentuada. Essa questão foi abordada pelo Eng.
Alexandre Pandolfo (2007) em matéria publicada na edição nº 118 da revista Técnhe, para
essa situação, analisa-se a viabilidade de utilização de placas em drywall nas paredes
periféricas de fachada, essa solução visa criar um colchão de ar entre a parede e a placa,
consequentemente amenizando a incidência de calor e ruídos.
40
Com o intuito de aprofundar o estudo acerca do comportamento das paredes de
concreto submetidas a ações térmicas, foram retiradas fotos utilizando o aparelho de
termografia, que se consiste numa técnica para registrar as temperaturas em diversos pontos
da estrutura, através da detecção de radiação infravermelha por ela emitida. Assim, têm-se
parâmetros contundentes para o diagnóstico necessário do comportamento das paredes.
Seguem fotos termográficas:
Figura 32 – Foto termográfica do apartamento modelo do Via Solare.
Fonte: Dias (2013).
Na obra do Via Solare, observa-se que em alguns locais da estrutura existem pontos
com uma variação de temperatura muito abrupta, esse tipo de gradiente normalmente é
indicação de alguma trinca, neste caso, elas trocam rapidamente calor com o ambiente
favorecendo a diminuição de temperatura (figura 32). Analisa-se por outro lado tal variação
oriunda de eletrodutos que estejam localizados nesses pontos verticais, eles fazem com que se
tenha uma diminuição de concreto na seção transversal da parede, acarretando a aferição de
baixa temperatura, de todo modo, essa questão pode ser apenas um ponto de junção entre
painéis, onde se cria um “dente”, que terá temperatura muito inferior a da parede. Observa-se
também na figura 33, que nas juntas de concretagem entre pavimentos a temperatura se dá
mais alta do que o maciço da parede, o que evidencia a ausência de trincas que possam
comprometer o desempenho monolítico previsto na estrutura.
41
Figura 33 – Juntas de concretagem evidenciando o comportamento monolítico da estrutura.
Fonte: Dias (2013).
Já na obra da JC Gontijo, notaram-se outros pontos bastante relevantes sob o foco
termográfico, são as regiões de perímetro dos vãos de janelas, esses locais possuem
temperaturas maiores em relação ao maciço da parede de concreto, devendo ter um tratamento
diferenciado, os materiais trabalharam diferentemente entre si, dessa maneira, possuem maior
probabilidade de trincas, daí, tem-se a necessidade do reforço estrutural nas linhas perimetrais
dos vãos, incluindo os de 45º já citados. Certifica-se também, vários pontos alinhados nos
buracos tamponados após a retirada dos facões de travamento, esses pontos de altas
temperaturas tendem a trabalhar mais na estrutura, assim, devendo ser preenchidos com
material que tenha capacidade suportar tal deformação, ambas as análises podem ser vistas na
figura 34 a seguir:
Figura 34 – Evidencias dos pontos com maior temperatura em relação à parede estrutural.
Fonte: Dias (2013).
42
Algumas fissuras não são possíveis serem detectadas a olho nu, a técnica da
termográfica indica também, um local onde se tem uma trinca imperceptível, observando a
figura 35 é possível detectá-la e posteriormente fazer o diagnóstico e o tratamento correto de
tal manifestação patológica:
Figura 35 – Trinca localizada no canto direito da parede estrutural.
Fonte: Dias (2013).
A seguir, através da figura 36 ainda foi possível identificar em algumas juntas frias,
mais precisamente na interface laje/parede estrutural, uma região frágil passiva de
infiltrações:
Figura 36 – Junta localizada na interface laje/parede propícia a infiltrações.
Fonte: Dias (2013).
43
3.2.4 Avaliação do tratamento de base para assentamento dos revestimentos
Fez-se necessário uma análise para verificar qual será o tipo de tratamento de base
utilizado antes da aplicação dos revestimentos internos, para isso, foram simulados 3
situações, são elas: base sem qualquer tratamento, base lavada e base lavada e lixada. Através
de relatório dos ensaios executados na obra Via Solare, fornecidos pelo professor Nielsen,
obtiveram-se os seguintes resultados:
Tabela 6 – Resultados de resistência à aderência para os tratamentos de base.
Tipo de Preparo
Média da aderência (MPa)
base sem qualquer tratamento
0,24
base lavada
0,32
base lixada e lavada
0,38
Fonte: Dias (2013).
Figura 37 – Execução do ensaio de resistência à tração.
Fonte: Do autor.
De acordo com a NBR 13.528, os tratamentos de base lavada e base lixada e lavada
são aceitos, haja vista que o mínimo prescrito é de 0,30 MPa para paredes internas que
receberão revestimentos cerâmicos. Sendo assim, adotou-se para utilização na obra a parede
simplesmente lixada, por questões de logística e produção.
44
4 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização do referido trabalho de conclusão de curso se ateve às análises técnicoconstrutivas do sistema, a fim de que seja possível indicar soluções para as interferências
construtivas e manifestações patológicas. Com o suporte das análises e discussões
apresentadas anteriormente, é possível apontar algumas considerações e conclusões acerca das
paredes de concreto, são elas listadas a seguir:

Em decorrência da ascensão do referido método construtivo, viu-se a necessidade de
expansão dos procedimentos executivos, assim, através do acompanhamento das obras
visitadas foi possível montar uma metodologia construtiva para as diversas etapas do
sistema, citando suas respectivas interferências.

O artigo procura apontar que o sistema das paredes de concreto pode ser um método
bastante viável no âmbito da produção com qualidade buscando redução de mão deobra e etapas de serviços. No caso do método convencional, têm-se as etapas
construtivas de alvenaria e reboco como essenciais, que significam relevantes índices
de produção na obra, sendo assim, nas paredes não se têm esses serviços,
consequentemente a produção é muito mais efetiva.

A qualidade do sistema estrutural das paredes é decorrente do fornecedor, haja vista
que, foram citados dois fabricantes e suas características finais de acabamento foram
bastante distintas. Inclusive na obra do Via Solare, onde inicialmente utilizou-se o
sistema da SH, posteriormente optou-se pelo sistema da SF, evidenciando que a
qualidade das formas metálicas da SF é notoriamente superior.

Não é possível parametrizar os tempos para desforma apenas pelos ensaios de
rompimentos dos corpos de prova, visto que nas análises laboratoriais feitas, os
comportamentos tanto nos ambientes das paredes quanto dos corpos de prova são
muito divergentes, sendo assim, é necessário incluir uma análise comportamental mais
detalhada das temperaturas contidas nos dois modelos.
45

Ainda se tratando da citação acima descrita, a esclerometria comprovou que as
maiores resistências se deram nas paredes encontradas no local, em relação aos corpos
de prova correspondentes.

Através do ensaio do extensômetro, constatou-se uma deformação mínima da laje,
atendendo aos padrões estabelecidos pela norma NBR6118 referente às estruturas de
concreto, contudo, isso não significa a viabilização do método tradicional de
assentamento dos revestimentos, ao contrário, tem-se um traço diferenciado incluindo
baucryl, que se consiste num polímero que dará as características necessárias para
suportar futuras deformações decorrentes da fluência da laje.

Com o intuito de aperfeiçoar a técnica citada no item anterior, faz-se necessário a
utilização de selante nas juntas perimetrais dos ambientes que receberão os
revestimentos, amenizando a concentração de tensões nos encontros a 90º na interface
laje/parede.

Através das fotos termográficas, é possível apurar-se as regiões que necessitam de
reforço estrutural, como por exemplo: regiões externas das interfaces laje/parede, os
perímetros e vértices dos vãos das janelas, são estas, áreas passivas de uma
deformação excessiva em relação ao maciço da estrutura, sendo adequado o uso de
técnicas auxiliares para assegurar sua integridade.

Foram evidenciadas trincas nos tamponamentos das gravatas com argamassa colantes
nas duas obras visitadas, assim, pressupõe-se que os tratamentos utilizados, ACII para
tamponamentos externos e ACI para internos na obra da JCGontijo, e ACII tanto para
tamponamentos externos quanto internos na obra da Via Engenharia, devem ser
aprimorados.
4.2 PROPOSTAS PARA ANÁLISES FUTURAS
A seguir, se apresentam algumas propostas para futuros trabalhos, mediante as
limitações e necessidades encontradas, no intuito de aprofundar os conhecimentos
relacionados com este artigo apresentado:
46

Para uma análise mais complexa do comportamento de ganho da resistência do
concreto nos ambientes mencionados neste trabalho, há a necessidade da execução de
ensaios que analisem o ganho em função do tempo, preferencialmente por hora. Com
isto, tem-se um parâmetro mais contundente na análise deste quesito para a realização
das desformas.

Realização de ensaios no âmbito do comportamento acústico das paredes e lajes, estes
serviriam como evidências diretas se as estruturas atenderiam à nova revisão da norma
NBR 15575 com relação a edificações habitacionais e seus desempenhos.

Há a necessidade de um aprofundamento do estudo de deformações das lajes, em
função de anos, por exemplo, tal fator pode ser preponderante para o desplacamento
futuro dos revestimentos.

Elaborar ensaios que analisem o comportamento das argamassas utilizadas para o
tamponamento dos buracos das gravatas, e posteriormente parametrizem e definam
qual o melhor tipo para cada aplicação externo/interno, indicando também, caso
necessário, a utilização de aditivos poliméricos.
47
ANÁLISES E PROCEDIMENTOS CONSTRUTIVOS
DO SISTEMA DE PAREDE DE CONCRETO ESTRUTURAL
E SUAS INTERFERÊNCIAS EXECUTIVAS.
ÉRICO DANILLO DA SILVA BRITO
Abstract
Buildings constituted by reinforced concrete walls have acquired significant space in civil
construction, however, there is an increasingly demand for building systems that aggregate
quality, with cost-cutting and labour. Given this, the article aims to determine parameters of
technical-constructive knowledge about the method, showing the interference and specific
analyzes. Therefore, describes a procedure of services steps, exploring and proposing
solutions for many executive and pathological manifestations. For this, two buildings were
visited, one by Via Engenharia and another by JC Gontijo, that use the concrete walls, to
collect field data and laboratory test. The sclerometry test and thermal behavior of walls
shows that can’t be parameterize the periods for stripping only with the result of specimen
rupture, that have different thermal conditions between concrete walls and specimen.
Consequently, early returns of resistance happen on better form in the walls than specimen.
Through load testing, it was found that the deformations caused by this loads is minimal,
which enables the execution of the ceramic tile without counter-flooring. Later, the thermic
behavior of the structure was analyzed, using thermo graphic photos, therefore, showing the
areas in surface slap/wall, perimeter areas of window openings, and specific points that need a
treatment and more detailed structural analysis. All the results were satisfactory, showing
important behaviors about the building system.
Keywords: Concrete Walls. Building Systems. Interference. Executive. Pathological.
48
REFERÊNCIAS
ALVES, O. A.; PEIXOTO, S. J. E. Estudo comparativo de custo entre alvenaria
estrutural e paredes de concreto armado moldadas no local com formas de alumínio.
2011. 84f. Trabalho de Diplomação (Graduação em Engenharia Civil). Centro de Ciências
Exatas e Tecnologia. Universidade da Amazônia. Belém, 2011.
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE – ACI. ACI-318: Building Code Requirements for
Reinforced concret. Detroit, 1999.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Informativo ‘Parede de
Concreto em Foco’, ed. 12, mai. 2012. Disponível em:
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Érico Danillo da Silva Brito - Universidade Católica de Brasília