MANDELA: 20 ANOS DE LIBERDADE
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Ensino Médio
Entenda o que significa esse fato para
nossa história recente
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Morgan Freeman interpreta Mandela em
Invictus, filme dirigido por Clint Eastwood
Há vinte anos, em 11 de fevereiro de 1990, Nelson Mandela foi libertado da prisão para conduzir o processo de
extinção do apartheid - legislação que segregou negros na África do Sul por quatro décadas - e a
democratização do país.
Direto ao ponto: Ficha-resumo
Sede da Copa do Mundo de 2010 e maior potência econômica no continente africano, a África do Sul conseguiu
superar, nestas duas décadas, as barreiras legais e políticas que separavam brancos (apenas 9% da população)
e negros. Mas um "muro" social mantém metade da população negra abaixo da linha da pobreza.
O fim do apartheid foi um evento tão importante na segunda metade do século 20 quanto a queda do Muro de
Berlim e o colapso dos regimes comunistas no Leste Europeu e na antiga União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas (URSS). Esses eventos históricos aconteceram no mesma época.
Num mundo às portas da globalização, o apartheid era considerado uma aberração. O único paralelo na
história, em termos de criação de leis de segregação racial, aconteceu na Alemanha nazista e em alguns
estados sulistas dos Estados Unidos.
A prática da segregação na África do Sul remonta ao período colonial. Os africâners (ou bôeres), descendentes
de holandeses, e os ingleses chegaram no século 17. As primeiras regras que restringiam o direito de ir e vir
dos negros em colônias britânicas datam do século 19.
O regime foi implantado oficialmente em 1948, quando o Partido Nacional venceu as eleições. O partido
conservador da elite branca governou o país até 1994. Entre outras regras, as leis impediam que negros
frequentassem as mesmas escolas, restaurantes ou piscinas que brancos; que morassem em bairros de
brancos; e determinava o registro da raça nos documentos pessoais.
O apartheid também acentuou uma história de lutas e resistência contra a minoria branca, o que resultou em
massacres e na prisão de vários líderes negros; dentre eles, Mandela.
Libertação
Por conta da legislação racista, a África do Sul sofreu sanções políticas e embargos comerciais de países
membros da Organização das Nações Unidas (ONU). O país, por exemplo, foi banido dos Jogos Olímpicos
durante 21 anos, por determinação do Comitê Olímpico Internacional.
A pressão externa e as revoltas domésticas começaram a produzir resultados em 1989, quando o presidente
eleito Frederik Willem de Klerk deu início ao desmonte do sistema segregacionista. Ele legalizou partidos
negros, como o Congresso Nacional Africano (CNA), de Nelson Mandela, e começou a revogar, aos poucos, as
leis do apartheid.
O ato mais simbólico foi a libertação de Mandela, aos 71 anos de idade. Ele estava preso há 27 anos,
condenado à prisão perpétua pelos crimes de traição, sabotagem e conspiração contra o governo. Uma vez fora
da prisão, o movimento dos negros sul-africanos ganhou uma voz de expressão internacional.
Presidência
De Klerk e Mandela eram duas figuras antagônicas que a história se encarregou de unir. De Klerk foi o último
presidente branco do país, um africâner oriundo das classes mais tradicionais. Mandela, primeiro presidente
negro, pertencia a uma linhagem real da etnia dos xhosas; era de esquerda e defendia a luta armada contra o
apartheid. Pelos esforços para derrubar o regime racista, ambos dividiram, em 1993, o prêmio Nobel da Paz.
A queda do apartheid começou com a criação de um fórum multirracial, a Convenção da África do Sul
Democrática (Codesa), e a convocação de um referendo para aprovar uma nova Constituição. A Carta
provisória, aprovada em 1993, revogou completamente as leis racistas.
O segundo passo foi a convocação das primeiras eleições democráticas multirraciais em 1994, que elegeram
Mandela presidente. A vitória de Mandela pôs fim a três séculos e meio de dominação da minoria branca na
África do Sul.
Ao tomar posse, o líder negro adotou um tom de reconciliação e superação das diferenças. Um exemplo disso
foi realização da Copa Mundial de Rúgbi, em 1995. O esporte era uma herança do período colonial e, por isso,
boicotado pelos negros por representar o governo dos brancos (veja filme indicado abaixo).
Nos dois anos seguintes, a Constituição definitiva e o processo de transição foram concluídos. Entre os anos de
1996 e 1998, o arcebispo Desmond Tutu liderou a Comissão de Verdade e Reconciliação para apurar crimes
cometidos durante o apartheid. Foram abertos processos judiciais para pagamentos de indenizações às vítimas
do regime.
Mandela deixou a Presidência em 1999 e passou a se dedicar a campanhas para diminuir os casos de Aids na
África do Sul, emprestando seu prestígio para arrecadar fundos para o combate à doença. O país possui a maior
quantidade de portadores de HIV no mundo: 5,7 milhões de pessoas.
Desigualdade social
Desde a eleição de Mandela, o Congresso Nacional Africano (CNA) mantém maioria na Assembleia Nacional e
elege presidentes. O mais recente é Jacob Zuma, líder do partido e eleito em maio do ano passado. A vitória foi
polêmica, em razão de Zuma ser alvo de denúncias de corrupção.
A estabilidade política garantiu que a África do Sul continuasse sendo o país com maiores taxas de crescimento
no continente africano. Apesar disso, a maior parcela da população negra não conseguiu deixar a pobreza e
sofre com altos índices de desemprego e baixa escolaridade. Estima-se que mais da metade da população de
49 milhões de habitantes vive abaixo da linha da pobreza, com taxa de desemprego em torno de 24%.
Quase duas décadas depois do fim do apartheid, os negros, maioria absoluta na África do Sul, conquistaram o
poder, mas continuam sendo segregados no âmbito econômico.
Direto ao ponto
Há vinte anos, em 11 de fevereiro de 1990, o ex-presidente sulafricano e ativista negro Nelson Mandela foi libertado da prisão, aos
71 anos de idade. Ele estava preso há 27 anos, condenado à prisão
perpétua pelos crimes de traição, sabotagem e conspiração contra o
governo.
Mandela foi libertado por determinação do presidente Frederik Willem
de Klerk, eleito um ano antes. Sob pressão da comunidade
internacional e enfrentando vários conflitos internos, De Klerk iniciou o
processo de extinção do apartheid, regime segregacionista que
vigorava no país desde 1948.
Pelos esforços para derrubar a legislação racista, De Klerk e Mandela
dividiram, em 1993, o prêmio Nobel da Paz.
Quatro anos depois de sair da prisão, Mandela foi eleito presidente
pelo seu partido, o Congresso Nacional Africano (CNA).
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