Porto Alegre. 03 de junho de 2015. Edição 009 Cooperhaf inaugura projeto de habitação urbana pioneiro no sul do país Empreendimento de mais de R$ 2 milhões ofereceu nova condição de vida para 42 famílias ribeirinhas de Jacutinga Uma oportunidade de mudança radical de vida para 144 pessoas que viviam em situação de extrema pobreza e que a partir de agora têm uma casa própria, com toda a infraestrutura, fruto de muito trabalho coletivo e um investimento de mais R$ 2 milhões de reais. Esse é o retrato do projeto pioneiro em habitação urbana para famílias carentes, desenvolvido pela Cooperativa de Habitação dos Agricultores Familiares da Fetraf (Cooperhaf) que na última segunda-feira (01) inaugurou o loteamento “Bairro Renascer” na cidade gaúcha de Jacutinga. O ato, histórico para a Cooperhaf e para as 42 famílias beneficiárias que viviam em barracos nas margens do Rio Jacutinga, reuniu dirigentes sindicais do sul do Brasil, representantes da Fetraf, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), parlamentares, prefeito, secretários e vereadores municipais além da Superintendente Nacional da Habitação Rural da Caixa Econômica Federal, Noemi Aparecida Lemes. Trabalho da Cooperhaf foi fundamental para o sucesso do empreendimento A entrega simbólica das chaves aconteceu às 9 horas da manhã, no empreendimento habitacional. A superintendente de habitação da caixa destacou a relevância do trabalho executado pela Cooperhaf. “Para nós, a Cooperhaf é referência nacional pelo magnífico trabalho desenvolvido em prol da habitação no sul do Brasil”, enfatizou. O secretário geral da cooperativa, Ari Pertuzatti, falou da importância do projeto para as famílias beneficiadas e da satisfação em entregar mais um empreendimento. “É uma alegria muito grande ver que o nosso trabalho proporciona uma nova condição de vida para as pessoas. A felicidade estampada no rosto dessas famílias é o melhor reconhecimento e motivo de seguir em frente com nossa atuação”, exclamou. As 42 casas cuja construção iniciou em janeiro de 2014 possuem aquecimento solar, coleta de lixo, esgoto, pavimentação frontal, água e luz, além um jardim e uma horta. Fruto da parceria entre Cooperhaf e prefeitura municipal de Jacutinga, através do programa “Minha Casa Minha Vida Entidades” o empreendimento custou cerca de R$ 2,1 milhões numa média de R$ 49 mil por unidade que serão pagas pelos beneficiários, em 10 anos, com prestações que variam de R$ 25 a R$ 80 mensais, conforme a renda das famílias. Projeto social da Cooperhaf vai muito além da habitação A partir desta quarta-feira (03) as famílias iniciarão a mudança para os novos lares. No entanto, o trabalho social realizado pela Cooperhaf e entidades parceiras como a UFFS, acompanha o andamento das obras. Desde 2014 foram desenvolvidas diversas oficinas de qualificação, ministrados cursos em diversas áreas, tais como, artesanato, jardinagem, reciclagem, preparação de mudas de hortaliças, dentre outros. Ainda, foram instaladas no empreendimento duas estufas coletivas, uma de flores e outra de hortaliças, para viabilização de renda aos novos moradores. Este trabalho, com objetivo de proporcionar autonomia e recuperar a autoestima das pessoas segue por mais seis meses. “É muito gratificante desenvolver essas atividades focadas na integralidade das necessidades das pessoas e acompanhar a evolução delas que, se retrata na recuperação da dignidade e autoestima”, salienta a coordenadora da Cooperhaf no Rio Grande do Sul, Adriana Grando. Em audiência pública, Fetraf-RS cobra aplicação do orçamento agropecuário estadual Mais de 100 pessoas, dentre elas parlamentares, representantes de entidades ligadas à agricultura e técnicos da Emater se reuniram na manhã desta segunda-feira (01) para debater alternativas para os cortes do governo Sartori no orçamento agropecuário do estado. A Audiência Pública proposta pelo deputado estadual Altemir Tortelli aconteceu na Assembleia Legislativa gaúcha. O governo estadual decretou redução de 31% nas despesas de custeio previstas para 2015 na Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa) e 22% na Secretaria de Desenvolvimento, Pesca e Cooperativismo (SDR). Além disso, não cumpre com a execução do orçamento, tendo aplicado até o momento apenas 8% da verba prevista para a SDR. O fato impacta negativamente os agricultores familiares, bem como, a Emater, entidade que presta assistência técnica no campo. Durante o evento foi entregue um abaixo-assinado com mais de 90 mil assinaturas dos extensionistas e assistidos da Ascar/Emater-RS exigindo do governo do Estado a manutenção do orçamento original previsto para 2015 para a entidade. O responsável pela pasta de política agrária da Fetraf-RS, Sidimar Lavandoski, defendeu a aplicação imediata dos recursos. “O executivo gaúcho precisa aplicar, com urgência, as verbas previstas para a agricultura familiar pois está comprometendo a produção de alimentos, a Emater, a nossa juventude rural e as agroindústrias familiares do Rio Grande do Sul”, lamentou. O dirigente destacou que a agricultura familiar representa 378 mil famílias e responde por 27% do PIB gaúcho e que estes números estão ameaçados se a atual política de cortes persistir. Dentre os encaminhamentos da audiência está a criação de um comitê de acompanhamento da execução do orçamento agropecuário do estado, a cobrança pela retomada do plano safra estadual, proposição de medidas para o combate da sonegação fiscal e exigência da manutenção do atual quadro de funcionários da Emater. Fetraf-RS inaugura base em Barros Cassal Na última sexta-feira (29) o município de Barros Cassal se juntou oficialmente à base de associações filiadas à Fetraf-RS. Um evento na sede que passará a atender os agricultores familiares, na área urbana, marcou a inauguração da mais recente entidade ligada à federação. Estiveram presentes no ato os novos dirigentes e funcionários locais, autoridades, agricultores e membros da direção da Fetraf-RS. “A filiação à Fetraf-RS se consolida hoje, no entanto, é um debate que vinha acontecendo já há um bom tempo entre as lideranças agrícolas do município, que desejavam ser representadas por uma entidade forte e com um novo projeto de desenvolvimento para o campo”, salientou o coordenador sindical de Barros Cassal, Odélio Granier. A coordenadora da Fetraf-RS, Cleonice Back, prestigiou o evento e destacou a importância de mais um município se somar à Fetraf-RS. “Ficamos orgulhosos por esta decisão de Barros Cassal e agradecemos pelo reconhecimento do nosso trabalho. A associação à federação evidencia que estamos no caminho certo, com nossa atuação forte e comprometida com os anseios dos agricultores familiares”, frisou. 95% dos produtores de leite no estado são agricultores familiares e quase a metade dos que comercializam, produzem até 100 litros/dia O Instituto Gaúcho do Leite (IGL) apresentou nesta sexta-feira (29), na Expoleite, em Esteio, o resultado do Relatório Socioeconômico da Cadeia Produtiva do Leite no Rio Grande do Sul, o qual teve como uma das entidades parceiras, a Fetraf-RS. O estudo apontou que o número de produtores que de alguma forma trabalham com leite no estado do Rio Grande do Sul é de 198.817 sendo que a produção leiteira está presente em 94% dos municípios gaúchos. A área média de terra dos agricultores que comercializam para indústrias, cooperativas, queijarias ou que processam a produção em agroindústria própria é de 20 hectares. De acordo com os dados levantados na Radiografia da cadeia leiteira, é possível afirmar que 95% dos produtores são agricultores familiares. A pesquisa indicou que 101.361 produtores (51,0%) produzem o leite apenas para consumo familiar e 84.312 (42,4) deles vendem leite cru para indústrias, cooperativas ou queijarias. Ainda, há 224 produtores que processam a bebida em agroindústria própria. Do total daqueles que comercializam ou processam, 38.280 produzem até 100 litros de leite ao dia, o que corresponde a 45,3% da cadeia leiteira. “Essa realidade é uma prova de que são necessárias ações urgentes, por parte dos governos, para a inclusão dos pequenos produtores na cadeia do leite pois eles representam quase metade dela e, se nada for feito, teremos quase 40 mil famílias excluídas e vulneráveis ao êxodo rural”, destaca a coordenadora da Fetraf-RS, Cleonice Back. O volume de leite produzido no estado é de 4,6 bilhões de litros por ano, o que equivale a uma média de 12,62 milhões litros/dia. Já, a capacidade de processamento da bebida no estado, considerando as 254 indústrias de diferentes portes apontadas na pesquisa, é de 18,5 milhões de litros ao dia. Isso significa que o Rio Grande do Sul tem um potencial de processamento maior que a demanda existente. O tamanho do rebanho leiteiro gaúcho é de 1.427.730 vacas e uma média de 14 matrizes por propriedade sendo que predominam as raças holandesa (60%) e Jersey (16%). O censo indicou que 77% dos produtores realizam inseminação artificial no rebanho e 80% utilizam silagem para o trato animal. O resfriamento do leite é realidade em 72% das propriedades. As regiões com maior número de produtores no estado são: Santa Rosa, com 14,9% seguida de Ijuí, com 13,3% e Passo Fundo, 12,2%. Falta de Mão de Obra e Sucessão Rural são obstáculos para a produção leiteira Ao mesmo tempo que o estudo evidencia um crescimento na produção de leite no estado, mostra sérias dificuldades que permeiam e até ameaçam a cadeia leiteira gaúcha. O principal vilão do setor é a falta de mão-de-obra que representa (46%) dos apontamentos, seguida pela ausência de sucessão familiar nas propriedades (42%). O acesso ao crédito, o preço de leite, o desinteresse das indústrias na compra e o tamanho da área de terra também foram destacados como obstáculos para a produção leiteira. Para o secretário geral da Fetraf-RS, Adilso Baroni, os dados reforçam a posição defendida pela federação acerca da urgência de ser criada uma política nacional e estadual para a produção leiteira, além de readequar as formas de remuneração do produto. “Não é aceitável que se pague pela quantidade de produção e não se olhe para a qualidade. É preciso remunerar o produtor pela qualidade do leite. Esta lógica atual, que visualiza o volume produzido, prejudica e excluí o agricultor familiar”, lamentou. O dirigente frisou também, que é preciso rever o sistema de pagamento aos transportadores, remunerando-os por quilômetro rodado e não por quantidade de litros transportados.