DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO • ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ"
Piracicaba, 28 de fevereiro de 2008
MUDAM-SE OS ESTADOS, MAS NÃO A REALIDADE DA PRODUÇÃO LEITEIRA
O levantamento de custo de produção do leite feito por pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos
Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, e técnicos da CNA (Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil) abrange agora 17 regiões. Nove destas foram integradas em novembro e dezembro,
quando os pesquisadores realizaram “Painéis” (reuniões com produtores e técnicos locais para apurar em
detalhes a estrutura de produção) em três praças leiteiras do Rio Grande do Sul, duas de Santa Catarina,
duas do Paraná e outras duas em São Paulo.
Uma das conclusões é que, independentemente da região pesquisada, as propriedades leiteiras costumam
ser pequenas, sendo que, quanto mais ao Sul do País, tendem a ser menores. O tamanho médio da
propriedade leiteira típica dos nove painéis foi de 24 hectares (destinados à produção de leite). Em Ipê
(RS), foi registrada a menor propriedade típica, com apenas 15 hectares, e em Guaratinguetá (SP), a
maior, com de 46 hectares. Somente para comparar com Minas e Goiás, apresentadas na edição anterior,
o tamanho médio das propriedades leiteiras típicas de ambos estados varia entre 50 e 130 ha – foram
pesquisadas quatro regiões em cada estado.
As produções médias diárias de Minas e Goiás, 181 e 188 litros, respectivamente, são superiores à média
do Rio Grande do Sul, de 145 litros, de Santa Catarina, 117 litros e de São Paulo, 136 litros.
Diferentemente, o Paraná não pode ser tratado pela média, já que Castro destoa de qualquer outra região,
com 1.275 litros ao dia, enquanto Cascavel, outra região pesquisada, tem produção mais próxima das
demais áreas, com 230 litros/dia.
Vale destacar que as propriedades da região Sul, principalmente as gaúchas, utilizam-se de pastagens
anuais de inverno para alimentação dos animais, uma vez que as condições climáticas naquela região são
muito favoráveis ao desenvolvimento dessas culturas, com chuvas mais intensas e temperaturas mais
baixas que o restante do País. Normalmente são plantadas áreas com aveia e/ou azevém, que são
gramíneas de clima temperado.
O fato de essas regiões terem sistemas de produção baseado em pastagens de inverno, principalmente no
Rio Grande do Sul, faz com que a curva de produção do estado seja diferenciada da de outras regiões
grandes produtoras de leite, como Minas e Goiás. Para os gaúchos, normalmente, outubro é o mês de
maior produção de leite, enquanto que para a média nacional, o pico ocorre em dezembro.
A exemplo das propriedades de Minas e de Goiás, também nas de SP e nas do Sul, com exceção de
Castro (PR), a receita da atividade leite cobre os Custos Operacionais Efetivos (COE) – que são as
despesas diretas da atividade, como o pagamento de funcionários, gastos com alimento e medicamentos –
e parcialmente as depreciações de máquinas, benfeitorias, animais e pastagens. A receita anual das
propriedades de oito painéis variou de R$ 15.742,00 a R$ 45.748,00 em 2007, excluindo a região de
Castro, já que a média dessas propriedades foi de R$ 307.384 no ano passado.
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O COE das oito regiões – excetua-se Castro novamente – foi de R$ 25.394 no ano. Considerando o preço
médio do leite em cada uma das regiões somado à receita com a venda de animais, constata-se que a
margem bruta (receita total da atividade menos COE) foi de R$ 5.687 em 2007. Esta margem bruta
permite que o produtor pague pelo menos sua mão-de-obra, mas não as depreciações da propriedade. Isso
implica que, no médio prazo, os produtores terão suas máquinas, benfeitorias e equipamentos sucateados,
o que certamente afetará a sua eficiência produtiva.
Já em Castro, o COE de 2007 foi de R$ 238.544, resultando em margem bruta de R$ 68.840, suficiente
para cobrir também o Custo Operacional Total (COT) – soma do COE com a remuneração do produtor
(somente o trabalho contratado é incluído no COE) e com as depreciações.
O resultado da receita total da atividade menos o COT é a margem líquida (ML). Considerando as médias
estaduais, com exceção de Santa Catarina, os demais estados pesquisados nos painéis, inclusive Minas
Gerais e Goiás, não conseguem obter margem líquida positiva.
Assim como nas propriedades de Minas e de Goiás, a reversão desta situação é possível. Em São Paulo, a
produção diária de cada vaca deveria aumentar em média 2,77 litros, passando de 7 para 9,77 litros. No
Rio Grande do Sul, produtores precisariam obter 3,0 litros a mais por animal, passando de 12,4 litros para
15,4 litros e, em Cascavel (PR), a elevação teria de ser de 5,39 litros/vaca/dia, passando de 10 para 15,39
litros.
Propriedades típicas
leiteiras
Área
Produtividade
média
Leite como
média (ha)
(Litros/ha/ano) % Renda
Guaratinguetá-SP
46
1.388
89
Mococa-SP
25
1.430
85
Castro-PR
32
14.542
98
Cascavel-PR
25
3.358
83
São José do Cedro-SC
16
3.764
87
Chapecó-SC
16
1.577
86
Cruz Alta-RS
18
2.502
93
Ipê-RS
15
2.920
84
Palmeira das Missões-RS
22
3.235
98
Capital
Investido
(mil R$)
356
368
1.140
423
195
246
392
253
439
Fonte: Cepea/CNA
INVESTIMENTO EM VACAS LACTANTES É PONTO FORTE DE CASTRO
Produtividade é um indicador que, antes de ser comparado precisa ser explicado, principalmente em
pecuária leiteira. Muitos trabalham com a produtividade da vaca, que considera a produção do animal
numa determinada lactação ou em toda sua vida produtiva. Nas pesquisas do Cepea, porém, será tratada
como a quantidade de leite produzida em um ano por hectare. Dessa forma, mensura-se simultaneamente
a taxa de lotação (vacas/ha) e a produção por vaca (l/vaca).
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A produtividade das propriedades típicas de leite do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e de São
Paulo, excetuando-se a região de Castro (PR), variou de 1.388 a 3.764 litros/ha/ano no final de 2007. A
região de Castro (PR), porém, destaca-se sobremaneira, com média de 14.542 litros/ha/ano, ou 250%
acima da média dos quatro estados.
A explicação para a significativa diferença de resultado é encontrada quando se analisa a composição do
capital investido, principalmente a participação do investimento em vacas em lactação no total.
Em Castro, 13,2% do capital total das propriedades refere-se a vacas em lactação, que efetivamente
geram receita para a propriedade. Por outro lado, nas regiões menos produtivas, de 3,3% a 9,8% apenas
do patrimônio está alocado em vacas em lactação. Considerando os nove painéis realizados nos quatro
estados, a média de investimentos em vacas lactantes é de 8,8%, mas, ao se retirar Castro da amostra, a
média cai para 7,0%.
Ao analisar os dados da quantidade de investimentos em rebanho em relação ao total, há de ser ter
cuidado, pois a relação pode não ser direta. Em algumas regiões, produtores mantêm animais com o
intuito de aumentar o rebanho, sem que isso represente aumento da produção em curto prazo.
Via de regra estes animais retidos não são vacas em lactação, que são os animais que realmente resultam
em receita da atividade. Em termos de rebanho, os dados dos painéis mostraram que a porcentagem de
vacas em lactação em relação ao total de animais, considerado em unidades animais, variou de 42,1% a
59,5%, exceção feita a Castro (PR), onde a proporção foi de 66,5%.
A maior parte do capital investido nas propriedades está em terras. Na média dos nove painéis (regiões),
48,53% do capital total das propriedades equivale ao valor da terra. A região onde a terra tem menor peso
é Castro, correspondendo a apenas 28,7% do total investido; em situação oposta, está Chapecó (SC), com
72,5%. Todavia, terra é um fator que não apresenta correlação tão forte com a produtividade quanto as
vacas em lactação.
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Gráfico 1: Percentual do patrimônio investido em vacas em lactação
1 4 ,0 %
1 3 ,2 %
1 3 ,0 %
1 2 ,0 %
1 1 ,0 %
1 0 ,0 %
9 ,4 %
9 ,8 %
9 ,0 %
8 ,4 %
8 ,3 %
7 ,8 %
8 ,0 %
7 ,0 %
6 ,0 %
5 ,0 %
4 ,5 %
4 ,1 %
4 ,0 %
3 ,3 %
3 ,0 %
2 ,0 %
1 ,0 %
0 ,0 %
C a s tro - P R
São Jose do
C e d ro -S C
C a s c a v e l-P R
P a lm e ir a d a s
M is s õ e s -R S
Ip ê -R S
C r u z A lta -R S
C h a p e c ó -S C
M o c o c a -S P
Fonte: Cepea/CNA
Gráfico 2: Composição média do capital investido na produção de leite
34,8%
48,5%
16,6%
Terra
Rebanho
Benf. + Máq.
Fonte: Cepea/CNA
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G u a r a tin g u e t
á -S P
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VOLUME CRESCE E PRESSIONA VALOR DO LEITE
O contínuo aumento do volume de leite recebido pelas empresas tem feito o Índice de Captação de Leite
do Cepea (ICAP-L/Cepea) bater sucessivos recordes desde agosto. Em novembro, o patamar chegou a
148,50. Isso significa que o volume captado por empresas dos sete estados monitorados pela Equipe Leite
do Cepea é 48,5% maior que o montante contabilizado em junho de 2004, base de cálculo deste índice.
Entre novembro de 2006 e novembro de 2007, o aumento da captação foi de 17,05% e na comparação do
acumulado de janeiro a novembro de 2007 com o do mesmo período de 2006, o crescimento foi de 8,9%.
De outubro para novembro, na média dos estados pesquisados pelo Cepea, houve um aumento de 4,05%
do volume de leite coletado pelas empresas. Somente o Rio Grande do Sul foi exceção. Naquele estado, o
volume de leite captado pelas empresas diminuiu 3% na comparação com outubro.
Enquanto isso, o preço do leite ao produtor recuou pelo terceiro mês consecutivo na média dos sete
estados pesquisados pelo Cepea, chegando a R$ 0,6803/litro (sem desconto de impostos e frete) para o
pagamento de dezembro referente à produção de novembro. Mesmo com esta última queda, o preço
médio do pagamento de dezembro ficou 32% acima do preço de dezembro de 2006 e 34% superior ao
valor obtido com a média de dezembro dos últimos 10 anos – valores deflacionados pelo IPCA.
O cenário de queda pode ser considerado normal para a época do ano, o que mudou sensivelmente no
último levantamento foi a perspectiva dos agentes do mercado. Em dezembro, 48% acreditam em novos
recuos nos preços para o pagamento de janeiro, 46% apostavam em estabilidade e 6%, em aumento.
Gráfico 3: Evolução do ICAP-L/Cepea (Índice de Captação de Leite do Cepea)
160
150
142,72
148,50
138,32
140
130
Patamar de novembro de 2006
120
128,13
124,44
121,46
111,87
110
129,58
121,01
109,60
104,80
100
90
jun/04
jul/04
ago/04
set/04
out/04
nov/04
dez/04
jan/05
fev/05
mar/05
abr/05
mai/05
jun/05
jul/05
ago/05
set/05
out/05
nov/05
dez/05
jan/06
fev/06
mar/06
abr/06
mai/06
jun/06
jul/06
ago/06
set/06
out/06
nov/06
dez/06
jan/07
fev/07
mar/07
abr/07
mai/07
jun/07
jul/07
ago/07
set/07
out/07
nov/07
80
ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP
IBGE - PTL
Fonte: Cepea
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Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em DEZEMBRO,
referente ao leite entregue em NOVEMBRO de 2007.
Preço Bruto
Inclusos frete e CESSR
(ex-Funrural)
Preços Pagos em DEZEMBRO/2007
referente à produção de
NOVEMBRO/2007
UF
RS
RS
SC
SC
PR
PR
PR
SP
SP
SP
MG
MG
MG
GO
GO
BA
BA
Preço
Líquido
Var%
Bruto
Mesorregião
Noroeste
Metropolitana Porto Alegre
Média Estadual - RS
Oeste Catarinese
Vale do Itajaí
Média Estadual - SC
Centro Oriental Paranaense
Oeste Paranaense
Norte Central Paranaense
Média Estadual - PR
São José do Rio Preto
Macro Metropolitana Paulista
Vale do Paraíba Paulista
Média Estadual - SP
Triângulo Mineiro/Alto Paranaíba
Sul/Sudoeste de Minas
Vale do Rio Doce
Média Estadual - MG
Centro Goiano
Sul Goiano
Média Estadual - GO
Centro Sul Baiano
Sul Baiano
Média Estadual - BA
Máximo
0,7545
0,6315
0,7198
0,6224
0,6300
0,6205
0,7620
0,6205
0,7260
0,6771
0,7799
0,7691
0,7304
0,7469
0,8555
0,7662
0,8368
0,7977
0,7753
0,7258
0,7451
0,6488
0,7500
0,7136
Mínimo
0,4167
0,5430
0,4342
0,5943
0,4600
0,5494
0,5541
0,4744
0,4957
0,5295
0,5585
0,5309
0,6198
0,5813
0,7700
0,4916
0,7353
0,6519
0,6781
0,6175
0,6411
0,4805
0,5279
0,5108
Médio
0,6530
0,5914
0,6291
0,6118
0,5600
0,5876
0,7022
0,5487
0,6679
0,6260
0,6832
0,6797
0,6958
0,6726
0,8175
0,6506
0,7457
0,7215
0,7445
0,6851
0,7082
0,6073
0,6720
0,6488
Médio
0,5658
0,5557
0,5581
0,5745
0,5070
0,5496
0,6374
0,5228
0,6114
0,5817
0,6469
0,6334
0,6634
0,6333
0,7903
0,6194
0,7285
0,6924
0,7220
0,6437
0,6742
0,5883
0,6501
0,6279
DEZ/NOV
2,88%
2,22%
2,46%
15,42%
1,82%
11,36%
-10,86%
-7,15%
2,53%
-5,47%
-4,74%
-0,41%
-0,99%
-2,82%
1,62%
-4,71%
-5,91%
-3,28%
-3,40%
-3,22%
-3,29%
-5,92%
-2,11%
-4,02%
Média NACIONAL
0,7470
0,5879
0,6803
0,6412
-2,05%
Fonte: Cepea
Gráfico 4: Evolução dos preços médios ao produtor
0,82
0,80
0,78
2007
0,76
0,74
0,72
0,70
0,68
2004
2005
0,66
R$/litro
0,64
0,62
Média Histórica 1998 a 2007
0,60
0,58
0,56
2006
0,54
0,52
0,50
0,48
0,46
0,44
0,42
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Fonte: Cepea
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Relação de troca
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
50
L/sc
40
30
20
10
ja
n
fe /0 6
m v /0 6
ar
ab /06
m r/06
ai
ju /06
n/
ju 06
ag l/06
o
se /06
t
o u /0 6
n o t/0 6
v
d e /0 6
z
ja /06
n/
fe 0 7
m v /0 7
ar
ab /07
m r/07
ai
ju /07
n/
ju 07
ag l/07
o
se /07
t
o u /0 7
n o t/0 7
v
d e /0 7
z/
07
0
L/t
RS - Litros de leite necessários para compra de uma saca
de milho ou de uma tonelada de farelo de soja
Milho
Farelo de Soja
Fonte: Cepea
O ano de 2008 inicia com os preços da saca de milho e do farelo de soja em patamares históricos. Para o
milho, devido especialmente à maior demanda interna e externa e à queda da produção de trigo, os preços
chegaram aos maiores níveis da década – em termos nominais (sem descontar a inflação do período).
Na região de Passo Fundo, a exemplo do ocorrido em outras, a saca de milho apresentou seguidos
aumentos a partir de jun/07. Naquela praça, o preço passou de R$ 17,57/sc 60kg, em jun/07, para R$
27,87/sc em dez/07, conforme levantamentos do Cepea. Nesse mesmo período, o preço médio do leite
pago ao produtor gaúcho foi de R$ 0,60 para R$ 0,63/litro – reajuste de 5%, inferior, portanto aos 58,6%
do milho.
Com isso, ao invés do equivalente a 29 litros para comprar uma saca de milho em junho, o produtor
passou a despender 44 litros. Em 2007, a melhor relação de troca para o produtor de leite gaúcho ocorreu
em agosto, quando uma saca de milho equivalia a apenas 26 litros.
O mercado de soja também atingiu recorde nominal em nov/07. O preço da tonelada do farelo, em Passo
Fundo, a partir de agosto começou a subir expressivamente, saindo de R$ 456,00/t para R$ 609,00/t. em
dezembro, segundo o Cepea. Nesse período a relação de troca de leite por farelo piorou 58,5%. Os 611
litros que em agosto equivaliam a uma tonelada do insumo subiram para 968 em dezembro. No
encerramento do ano, o produtor de leite teve sua pior relação de troca desde março de 2007.
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50
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
L/sc
40
30
20
10
ja
n
fe /0 6
m v/06
ar
ab /06
m r/06
ai
ju /06
n/
ju 06
ag l/06
o
se /06
t
ou /06
n o t/0 6
v
d e /0 6
z
ja /06
n/
fe 0 7
m v/07
ar
ab /07
m r/07
ai
ju /07
n/
ju 07
ag l/07
o
se /07
t
ou /07
n o t/0 7
v
d e /0 7
z/
07
0
L/t
PR - Litros de leite necessários para compra de uma saca
de milho ou uma de tonelada de farelo de soja
Milho
Farelo de Soja
Fonte: Cepea
No estado do Paraná (região oeste), os preços do farelo de soja subiram 67% entre julho e dezembro de
2007, saindo de R$ 411,18/tonelada para R$ 686,30/t. Para o milho, a valorização foi ainda mais
expressiva, de 86%, passando de R$ 15,37/saca de 60 kg para R$ 28,56/sc. No mesmo período (jul-dez),
o preço do leite pago ao produtor teve recuo de 8,5% na média do estado, de acordo com levantamentos
do Cepea.
Enquanto em julho/07, o produtor de leite precisou de 22 litros para adquirir uma saca de 60 kg de milho
no oeste do PR, em dezembro, a quantidade necessária mais que dobrou, indo para 46 litros, uma piora de
109%.
Frente ao farelo de soja, a redução no poder de compra do produtor de leite foi de 82%. Em jul/07, eram
necessários 601 litros de leite para a compra de uma tonelada do insumo no oeste do PR, ao passo que em
dez/07, a mesma troca rendeu 1.096 litros. Neste período, o melhor momento ao produtor de leite
paranaense ocorreu em agosto, quando com apenas 572 litros era possível adquirir uma tonelada de farelo
de soja.
Outras informações sobre o mercado de leite: www.cepea.esalq.usp.br/leite e através do Laboratório de
Informação do Cepea, com o pesquisador Gustavo Beduschi ou com o professor Sergio De Zen: 19-34298837 / 8836 e [email protected]
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