Universidade Federal Rural de Pernambuco Unidade Acadêmica de Garanhuns Aluno: Carlos Alberto Souto Godoy Filho Curso: Medicina Veterinária Relatório final apresentado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica/ PIBIC. Orientador: Prof. Dr. Victor Pereira de Oliveira UAG-UFRPE Garanhuns, 25 de junho de 2012. Titulo do projeto: TERRITÓRIO RURAL DO AGRESTE MERIDIONAL, DO SERTÃO DO PAJEÚ E DA MATA SUL EM PERNAMBUCO: acompanhamento e avaliação dos resultados do Programa Desenvolvimento Rural Sustentável de Territórios Rurais. Título do Plano de Trabalho: Questões socioeconômicas sobre a bovinocultura leiteria nas pequenas propriedades do território Rural do Agreste Meridional, em Pernambuco. RESUMO DO RELATÓRIO A bovinocultura de leite brasileira está passando por uma grande expansão, o que resulta na necessidade de melhorias das técnicas de produção, assim como o controle dos custos de produção e a melhoria da eficiência de manejo. No Território do Agreste Meridional, em Pernambuco concentra-se a maior produção leiteira do estado, porém as formas de manejo e a qualidade do rebanho são apontados como pontos frágeis que refletem à baixa produtividade , ainda mais quando essa atividade está relacionada as pequenas propriedades rurais encontradas nos municípios desse Território. Portanto, o trabalho em tela tem como objetivo obter informações sobre esse segmento produtivo, levantando questões socioeconômicas sobre as condições de produção e de vida nas pequenas propriedades rurais. Assim sendo, poderá descortinar o estágio atual da produção leiteira existente nas pequenas propriedades rurais, compará-las com as condições em outros centros produtores, possibilitando a aquisição de conhecimentos sobre essa atividade produtiva, de relevada importância na região, com o propósito de estimular a melhoria das condições de vida dos pequenos produtores da atividade leiteira do Território do Agreste Meridional de Pernambuco. PALAVRAS-CHAVE: administração rural, famílias rurais, Agreste Pernambucano, produção leiteira. 1. INTRODUÇÃO O Território Rural denominado por Agreste Meridional de Pernambuco abrange uma área de 13.153 km2, está localizado em parte da Mesorregião do Agreste Pernambucano e Sertão Pernambucano. Atualmente é composto por 20 municípios: Águas Belas, Buíque, Iati, Ibimirim, Inajá, Itaíba, Pedra, Venturosa, Angelim, Bom Conselho, Caetés, Capoeiras, Garanhuns, Ibirajuba, Manarí, Paranatama, Saloá, São Bento do Una, Terezinha e Tupanatinga. De acordo com informações do IBGE (2010), o contingente populacional do território se apresenta com 587.086 habitantes, dos quais 257.840 residem na área rural, o que corresponde a 42,7% do total. Com IDH médio de 0,60 esse rural é composto por agricultores familiares e patronais, famílias assentadas, comunidades quilombolas, terras indígenas, dentre outros. O Território enquadra-se na categoria de rural, seguindo-se o critério estabelecido por Veiga (2002), pois apresenta uma população média de 29.354 habitantes e uma densidade de 44,77 habitantes por km2, ou seja, uma população média menor do que 50.000 habitantes e uma densidade inferior a 80,0 habitantes por km2. Dentre os seus municípios, Garanhuns destaca-se apresentando uma acentuada população urbana, com uma taxa de 89,1%, já os municípios de Paranatama, Manari e Caetés revelam-se, com taxas de 79,1%, 78,9%, e 71,7% da população rural respectivamente, revelando assim, uma certa heterogeneidade no território. Além disso, vale ressaltar, que o município de Garanhuns centraliza economicamente o Agreste Meridional e se estabelece pela importância como pólo regional. Quanto aos indicadores sociais, observa-se uma grande amplitude relativa ao IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) entre os municípios. Os municípios de Garanhuns, de Venturosa e de São Bento do Una apresentam os maiores IDH-M, com 0,69; 0,63 e 0,62 respectivamente. Já os municípios de Manari e Caetés apresentam os menores IDH-M com 0,47 e 0,52. Tais informações revelam também a ocorrência de uma acentuada disparidade na qualidade de vida entre os municípios do Território. As áreas rurais do Território são reconhecidas economicamente pela presença da pecuária leiteira. No entanto, as pequenas propriedades rurais, de cunho familiar, que exploram principalmente as culturas do feijão e da mandioca, apresentam grande relevância socioeconômica para a região, revelando nesse conjunto as principais atividades de exploração das áreas rurais. Historicamente, esse arranjo formou-se ao longo dos anos, pois o Agreste constituiu-se como o local de produção de alimentos para o abastecimento interno da região Nordeste, em face da cultura expansionista e exportadora da cana-de-açúcar. A velha estrutura coronelista, ainda reflete sobre a atual estrutura agrária e sobre as relações sociais de dependência e subordinação que insiste em permanecer em diversos municípios desse Território. Dessa forma perpetua-se a ação política de comando sobre a população e cargos, de uma forma geral, atuando em diversos segmentos e instituições públicas. 2. OBJETIVOS: 2.1. Geral: analisar o estágio da produção da bovinocultura leiteira do Território, considerando as condições sociais e econômicas encontrada nas pequenas propriedades rurais. 2.2. Específicos: a) Verificar as práticas utilizadas no manejo da bovinocultura leiteira; b) Conhecer as condições de trabalho, de recursos e de assistência técnica relativa aos pequenos produtores rurais; c) Relacionar os índices de produção e produtividade com as questões socioeconômicas; d) Comparar os resultados apresentados no território com outros de significação regional e nacional. 3. MATERIAL E MÉTODOS O objeto de amostragem, constando de pequenas propriedades de cunho familiar de alguns municípios, que fazem parte do Território do Agreste Meridional, foi escolhido a partir da estratégia traçada para a aplicação do questionário denominado ICV (Índice de Condição de Vida), que prospecta informações socioeconômicas e aspectos produtivos dos entrevistados. Vale salientar que o Território do Agreste Meridional sobressai-se como a maior bacia leiteira do estado de Pernambuco, porém, revela baixa produtividade e problemas relacionados à sanidade animal e a qualidade do leite, ainda mais quando essa atividade está atrelada ao pequeno produtor. 3. 1 O ICV no Território Rural do Agreste Meridional de Pernambuco Primeiramente, ressaltamos que o questionário foi aplicado visando obter o máximo possível da percepção das famílias sobre as mudanças nas condições de vida no Território. A análise dos resultados da pesquisa de campo, conforme a Tabela 01 apontaram para um ICV de 0,507, indicando um nível médio de percepção de melhora na qualidade de vida dos entrevistados, uma vez que os valores obtidos em cada uma das três instâncias de desenvolvimento também se enquadraram no nível médio. A metodologia desenvolvida pela SDT/MDA (Secretaria de Desenvolvimento Territorial vinculada ao Ministério de Desenvolvimento Agrário) estabelece como padrão a seguinte classificação de Desenvolvimento: 0,00 – 0,20 = Baixo; 0,60 – 0,80 = Médio Alto 0,20 – 0,40 = Médio Baixo; 0,80 – 1,00 = Alto 0,40 – 0,60 = Médio Tabela 01 – Instâncias de Desenvolvimento e ICV. Instâncias de Desenvolvimento 1ª. Fatores de Desenvolvimento 0,518 2ª. Características de Desenvolvimento 0,467 3ª. Efeitos de Desenvolvimento 0,541 Índice de Condições de Vida (ICV) 0,507 Fonte: SGE/CAI - SDT/MDA - 2011 Quanto à instância Fatores de Desenvolvimento, observamos que os valores dos indicadores apresentados pela Tabela 02, revelam que na percepção dos entrevistados as melhores avaliações foram para as Condições de Moradia (0,682) e Escolaridade (0,613), que se destacaram das demais por se enquadrarem na classificação Médio Alto. Por outro lado, as piores avaliações foram para o acesso a Assistência Técnica (0,341) e o Acesso ao Crédito (0,359), classificadas como Médio Baixo. Tabela 02 – Instância dos Fatores do Desenvolvimento. Indicadores 1.1. Número de famílias trabalhando 0,523 1.2. Mão de obra familiar 0,583 2. Área utilizada para produção 0,567 3. Escolaridade 0,613 4. Condições de moradia 0,682 5. Acesso aos mercados 0,519 6. Programas do Governo 0,432 7.1. Acesso a crédito 0,359 7.2. Acesso a assistência técnica 0,341 8. Presença de instituições 0,426 Instância – Fatores do Desenvolvimento 0,518 Fonte: SGE/CAI SDT/MDA – 2011 Apesar da subjetividade das respostas dos entrevistados, os dados indicam uma carência do Acesso ao Crédito e do Acesso a Assistência Técnica apesar da existência de programas como o Pronaf (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e da atuação de instituições estaduais de apoio ao produtor rural como o IPA (Instituto Agronômico de Pernambuco). Tais fatos reflete uma baixa Diversificação da Produção Agrícola e, consequentemente, acarreta na menor Diversificação nas Fontes de Renda Familiar, conforme veremos na análise da segunda instância Características do Desenvolvimento (Tabela 02). Os baixos valores atribuídos a Diversificação nas Fontes de Renda (0,312) e na Diversificação na Produção Agrícola (0,367) se contrapõem aos valores imputados pelos entrevistados para a Produtividade da Terra (0,510) e do Trabalho (0,549). A possível explicação para tal fato nos induz que os valores médios apresentados para a produtividade, tanto da terra quanto do trabalho, estão sob a ótica do contexto do território, ou seja, refletem a produção média obtida no Território. Um dos resultados da pesquisa que desperta a atenção é sobre os valores atribuídos para a Conservação das Fontes de Água (0,618) e da Preservação da Vegetação Nativa (0,377). Em um primeiro momento esses dados sugerem uma contradição, pois considera-se que a preservação da mata nativa está relacionada com a conservação das fontes de água. No entanto, ao analisar a realidade territorial observa-se que a maioria das propriedades do território não possui fontes próprias naturais de água. A água é distribuída nas propriedades, principalmente, através de caminhões pipa, tubulações, poços semi- artesianos. As fontes de água, geralmente, situam-se distantes das propriedades. Dessa forma, quando o abastecimento na propriedade é continuo, independentemente da forma de distribuição da água ou da degradação ou não da fonte, os entrevistados tendem a considerar a Conservação das Fontes de água como boa ou ótima. Tabela 03 – Instância das Características do Desenvolvimento. Indicadores 9. Renda familiar 0,436 10. Produtividade do trabalho 0,510 11. Produtividade da terra 0,549 12. Diversificação da produção agrícola 0,367 13. Diversificação nas fontes de renda familiar 0,312 14. Conservação das fontes de água 0,618 15. Conservação da área de produção: solo 0,569 16. Preservação da vegetação nativa 0,377 Instância – Características do Desenvolvimento 0,467 Fonte: SGE/CAI SDT/MDA - 2011 As Condições de Alimentação e Nutrição (0,651), a Situação Econômica (0,632), a Situação Ambiental (0,617) e a Participação Política (0,615) foram os indicadores que mais contribuíram para a elevação da instância Efeitos do Desenvolvimento (Tabela 04). Já a Permanência dos Familiares no Domicílio (0,274) e a Participação em Atividades Culturais (0,391) foram os indicadores que menos contribuíram. A Situação Econômica juntamente com as Condições de Alimentação e Nutrição revelam um grau de satisfação médio alto dos entrevistados. No entanto, apesar dessa satisfação a Permanência dos Familiares no Domicílio foi o indicador mais baixo dessa instância. Uma hipótese para essa evasão pode ser a atratividade das cidades, tanto nas atividades de lazer, quanto a expectativa de melhores condições de trabalho. Tabela 04 – Instância dos Efeitos do Desenvolvimento. Indicadores 17. Condições de alimentação e nutrição 0,651 18. Condições de saúde 0,583 19. Permanência dos familiares no domicílio 0,274 20. Situação econômica 0,632 21. Situação ambiental 0,617 22. Participação em organizações comunitárias 0,567 23. Participação política 0,615 24. Participação em atividades culturais 0,391 Instância – Efeitos do Desenvolvimento 0,541 Fonte: SGE/CAI SDT/MDA - 2011 A Tabela 05 apresenta os valores do ICV para os Territórios Rurais do nordeste. Nessa tabela verifica-se que todos os Territórios estão enquadrados na classificação de Desenvolvimento Médio (0,40 – 0,60). É importante ressaltar que não se deve comparar diretamente os ICVs entre os Territórios, pois cada um deles apresenta suas próprias especificidades. Dessa forma, o ICV do Território revela um caráter próprio, portanto, recomenda-se que sua análise seja feita comparativamente dentro do próprio Território numa escala temporal. Tabela 05. O ICV dos Territórios Rurais da Região Nordeste do Brasil. Território ICV Território ICV VALES DO CURU E ARACATIAÇU – CE 0,574 AGRESTE MERIDIONAL PE 0,507 SERTÃO DO APODI – RN 0,569 BAIXO PARNAÍBA - MA 0,504 BORBOREMA – PB 0,563 DO AGRESTE – AL 0,504 DO LITORAL NORTE – AL 0,542 INHAMUNS CRATEÚS CE DO SISAL – BA 0,537 MATO GRANDE - RN 0,494 AÇU-MOSSORÓ – RN 0,534 LENÇÓIS MARANHENSES - MA 0,493 MATA SUL – PE 0,524 LITORAL SUL – BA 0,484 SERTÃO CENTRAL – CE 0,519 SERTÃO DO PAJEÚ - PE 0,479 SERTÕES DE CANINDÉ – CE 0,513 0,503 Fonte: SGE/CAI SDT/MDA - 2011 Para se obter os dados necessários ao desenvolvimento da pesquisa sobre a bovinocultura de leite elaborou-se um questionário contendo 15 perguntas abordando os seguintes assuntos: questões socioeconômicas dos produtores, manejo, sanidade, alimentação e máquinas ( equipamentos). Para a escolha das cidades que participaram da aplicação dos questionários levou em conta alguns fatores, tais como: a importância da produção de leite para a economia destes municípios, como também o conhecimento popular sobre os mesmos na cadeia produtiva do leite e a participação destes na área de abrangência do Agreste meridional de Pernambuco. Essa região é a que tem a maior produção de leite do estado, contribuindo com cerca de 80% da produção. Foram selecionados os seguintes municípios: Garanhuns, Bom Conselho, Iati, São Bento do Una, Venturosa e Pedra. Para padronizar as propriedades pesquisadas nos municípios selecionados e com isso facilitar a comparação entre eles ou com outras regiões foi estabelecido um tamanho máximo de 80 hectares, que se enquadram como pequenas propriedades rurais, o foco do nosso estudo. De cada município coletou-se informações de quatro propriedades buscando-se sempre a maior aleatoriedade na escolha, evitando-se a coleta de dados de vizinhos e procurando obter informações dos produtores, para que não houvesse possível interferência um do outro. Depois de concluir a coleta de dados nas propriedades de cada município realizou-se a tabulação dos dados e a construção de gráficos. Como mostrado a seguir. Gráfico 1 – Controle de Custo Mensal efetuado pelos produtores nos municípios pesquisados. 9% Não sabe Sabe 91% Esse gráfico revela a falta de conhecimento sobre o controle do custo de produção das atividades leiteiras nas propriedades dos municípios pesquisados. Assim, o produtor rural fica sem saber sobre a renda real e a lucratividade do seu trabalho. 3.2. Para realizar a comparação entre as regiões produtoras de leite as tabelas abaixo foram obtidas na Embrapa Gado de Leite. Tabela 06. Valores de produção por estado. MUDANÇA NA PRODUÇÃO DE LEITE POR ESTADO, 2009/2010. Estado Volume de produção (mil litros) Dif. % Dif. (mil L) 2010-2009 2009 2010 2010/2009 Minas Gerais 7.931.115 8.388.039 456.924 5,8 Paraná 3.339.306 3.595.775 256.469 7,7 Rio Grande do Sul 3.400.179 3.633.834 233.655 6,9 Goiás 3.003.182 3.193.731 190.549 6,3 Santa Catarina 2.217.800 2.381.130 163.330 7,4 788.250 877.420 89.170 11,3 4,8 Pernambuco Bahia 1.182.019 1.238.547 56.528 Rondônia 746.873 802.969 56.096 7,5 Tocantins 233.022 269.491 36.469 15,7 Mato Grosso 680.589 708.481 27.892 4,1 São Paulo 1.583.882 1.605.657 21.775 1,4 Maranhão 355.082 375.898 20.816 5,9 Espírito Santo 421.553 437.205 15.652 3,7 Ceará 432.537 444.144 11.607 2,7 Sergipe 286.568 296.650 10.082 3,5 Mato Grosso do Sul 502.485 511.270 8.785 1,7 Rio de Janeiro 483.129 488.786 5.657 1,2 41.749 47.203 5.454 13,1 Paraíba 213.857 217.018 3.161 1,5 Roraima 5.117 36.000 5.954 36.256 837 256 16,4 0,7 3,7 Amazonas Distrito Federal Amapá Piauí Alagoas Acre Rio Grande do Norte Pará TOTAL 6.706 6.952 246 87.165 87.354 189 0,2 231.991 231.367 (624) -0,3 42.595 41.059 (1.536) -3,6 235.986 229.492 (6.494) -2,8 596.759 563.777 (32.982) -5,5 29.085.495 30.715.460 1.629.965 5,6 Fonte: IBGE/Pesquisa da Pecuária Municipal //Elaboração: R.ZOCCAL - Embrapa Gado de Leite //Atualizado em fevereiro/2012 Tabela 07. Produtividade animal em estabelecimentos agropecuários com produção de leite segundo o estrato de produção diária. Estrato da produção Litros/ dia Até 10L De 10 a 20L De 20 a 50 L De 50 a 200 L De 200 a 500l + 500L Produtividade L/vaca/ano L/ produtor dia N. vacas ordenhadas/ produtor 309 7,3 14,5 32,8 93,3 291,9 998 2,7 5,5 9,6 21 45,5 107,5 956 1.246 1.618 2.344 3.389 Fonte: IBGE. Tabulações especiais do censo Agropecuário 2006. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e estatística,2011. ( adaptado). Tabela 08. Produtividade animal nos estabelecimentos agropecuários, segundo os estratos de produção nas regiões brasileiras, com exclusão dos produtores de subsistência. Estrato da produção Litros/ dia Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Até 10L De 10 a 20L De 20 a 50 L De 50 a 200 L De 200 a 500l + 500L Média 408 521 912 1.217 1.412 1.888 2.632 1.130 515 875 1.168 1.537 2.310 3.584 1.737 804 1.334 1.789 2.782 4.127 5.373 2.326 509 856 1.105 1.386 2.073 3.009 1.459 753 994 1.151 1.396 1.232 1.045 Fonte: IBGE. Tabulações especiais do Censo Agropecuário 2006. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2011. (adaptado). 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para facilitar o entendimento das informações obtidas com a pesquisa foi realizada a média da produção leiteira por municípios e a média geral conforme tabela 09, a seguir. Tabela 09. Média da produção leiteira. Municípios Garanhuns Pedra Venturosa Média Geral São Bento do Una 29 ha Tamanho da 19,5 ha 41,66 ha 53,75 ha propriedade Leite por 16 13,26 12,46 14,05 vaca dia Custo mensal R$ 2625,00 R$ 1473,33 R$ 3480,00 R$ 2900,0 * com ração Produção de 200 L/dia 101,66 L/dia 221,25 L/dia 277,5 L/dia leite dia Número de 12,5 7,66 17,75 19,75 animais em lactação (*) Dois proprietários não souberam informar o custo mensal com a ração. Bom Conselho 16,75 ha Iati 22,75 ha 30,56 ha 5,89 8,79 11,74 R$ 1025,0 R$ 875,00 R$ 2063,05 57,25 L/dia 63,75 L/dia 153,61 L/dia 9,75 7,25 12,44 Como pode ser visto na tabela acima o município que apresentou maior tamanho médio da propriedade foi o de Venturosa com 53,75 hectares, mas não obteve a melhor média de produção de leite. Isso mostra que uma propriedade com maior área de produção nem sempre terá uma maior produtividade. Exemplo disso são os resultados apresentados pelo município de Garanhuns que apresentou a melhor média por vaca/dia, de 16 litros em propriedades com tamanho médio de 19,5 hectares. Ressaltando que esse município foi o único em que os produtores afirmaram receber assistência técnica. Tabela 10. Valores médios obtidos com a pesquisa de campo em 2012. Perguntas Média Quantas pessoas da sua família moram na propriedade? 3 – 5: 69,55 % Escolaridade? Analfabeto – Fundamental incompleto: 65,21 % Qual a principal atividade econômica? Produção de leite: 86% A renda da pecuária leiteira consegue pagar as despesas de toda a sua Não: 73,91 %. família? Em qual faixa se enquadra? R$ 1000 a 4000: 65,21% Alguém de sua família necessitou trabalhar fora da propriedade para Não necessitou: 56,52%. contribuir com a renda familiar? Quantos litros de leite são obtidos por dia? Até 150 litros: 78, 26%. Qual o custo mensal? Não sabe 91,30% Para quem vende o leite? para empresas: 45,83 % P/atravessador: 37,5% Valor da venda do leite por litro? R$0,80 (R$0,72 – 1,30) Qual (is) o (s) tipos de ração fornecidas para seus animais? Palma, farelo de soja, de algodão e de milho - 55%. Como é feita a ordenha dos seus animais? Manual: 86,95%. Qual a forma de criação? Semi-confinado 73,91% Há plantio de alguma cultura para servir de ração para o gado? Existe máquinas/equipamentos na propriedade? Sim: 95,65% (Palma – milho 60%) Sim: 82,60% Quais? Ensiladeira/ Forrageira: 84% O que você acha das suas instalações? Você recebe Assistência técnica? Boa: 60,86% Péssima: 26,08% Não recebem: 78,26 %. A sua propriedade apresenta algum calendário sanitário? Sim: 100% Qual? Aftosa: 100% Raiva: 60,86% B19: 47,82% Convexin 9: 21,73% Leptospirose: 8,69% BVD: 4,34% Convexin 10: 8,69% Botulismo: 8,69% As informações apresentadas na tabela 10 mostram um grande número de produtores que disseram ser analfabetos ou que não concluíram o ensino fundamental. Tais informações podem resultar, em parte, os baixos índices de rentabilidade dos produtores, aliados ao baixo percentual da disponibilidade dos serviços de assistência técnica (78,26% não recebem), e a inexistência da prática correta dos serviços de administração rural (levantamento de custos, despesas etc). Tabela 11. Referente aos valores médios obtidos no Município de Garanhuns, em 2012. Perguntas Quantas pessoas da sua família moram na propriedade? Média 3,5 Escolaridade? Ensino Superior: 50% Qual a principal atividade econômica? Pec. De leite: 75% A renda da pecuária leiteira consegue pagar as despesas de Não: 100% toda a sua família? Em qual faixa se enquadra? R$ 1.000 a 2.000: 50% Alguém de sua família necessitou trabalhar fora da Sim: 75% propriedade para contribuir com a renda familiar? Quantos litros de leite são obtidos por dia? Litros por dia: 200 Qual o custo mensal? Custo: 3939 (dois não sabem) Para quem vende o leite? Empresas: 50% Valor da venda do leite por litro? Qual (is) o (s) tipo (s) de ração fornecida para seus animais? Como é feita a ordenha dos seus animais? Qual a forma de criação? R$ 0,89 (0,75 – 1,30) Palma, capim elefante, casca de mandioca e farelo de soja: 50% *. Balde ao pé: 75% Semi- confinado: 100% Há plantio de alguma cultura para servir de ração para o Sim: 100% gado? (Palma e capim 95%) Existe máquinas/equipamentos na propriedade? Sim: 100% Quais? Ordenhadeira e forrageira 75% O que você acha das suas instalações? Você recebe Assistência técnica? Boa: 50% Ruim: 50% Sim: 75% (Balde cheio) A sua propriedade apresenta algum calendário sanitário? Sim: 100 Qual? Aftosa: 100% Raiva: 50% B 19: 50% Convexin 9: 25% *Principais ingredientes utilizados nas dietas . Tabela 12. Referente aos valores médios obtidos no Município de Bom conselho em 2012. Perguntas Quantas pessoas da sua família moram na propriedade? Média 4,75 Escolaridade? Analfabeto: 75% Qual a principal atividade econômica? Pec. De leite: 100% A renda da pecuária leiteira consegue pagar as despesas de Não: 100% toda a sua família? Em qual faixa se enquadra? R$ 1.000 a 2.000: 50% Alguém de sua família necessitou trabalhar fora da Sim: 75% propriedade para contribuir com a renda familiar? Quantos litros de leite são obtidos por dia? Litros por dia: 57,25 Qual o custo mensal? Não sabe: 100% Para quem vende o leite? Atravessador: 50% Valor da venda do leite por litro? Qual (is) o (s) tipos de ração fornecidas para seus animais? Como é feita a ordenha dos seus animais? Qual a forma de criação? R$ 0,86 (0,72 – 1,20) Palma, farelo de soja, farelo de milho, silagem de milho e farelo de algodão: 76,16%. * Manual: 100% Confinado: 50% Há plantio de alguma cultura para servir de ração para o Sim: 100% gado? (Palma e milho 75%) Existe máquinas/equipamentos na propriedade? Sim: 75% Quais? Ensiladeira: 50% O que você acha das suas instalações? Você recebe Assistência técnica? Boa: 75% Ruim: 25% Não: 100% A sua propriedade apresenta algum calendário sanitário? Sim: 100% Qual? Aftosa: 100% Raiva: 75% B 19: 25% Convexin 9: 25% *Principais ingredientes utilizados nas dietas . Tabela 13. Referente aos valores médios obtidos no Município de São Bento do Una em 2012. Perguntas Quantas pessoas da sua família moram na propriedade? Média 3,25 Escolaridade? Analfabeto: 50% Qual a principal atividade econômica? Pec. De leite: 75% A renda da pecuária leiteira consegue pagar as despesas de Não: 75% toda a sua família? Em qual faixa se enquadra? R$ 2.000 a 4.000: 50% Alguém de sua família necessitou trabalhar fora da Sim: 50% propriedade para contribuir com a renda familiar? Quantos litros de leite são obtidos por dia? Litros por dia: 277,5 Qual o custo mensal? Não sabe: 100% Para quem vende o leite? Laticínio: 75% Valor da venda do leite por litro? Qual (is) o (s) tipos de ração fornecidas para seus animais? R$ 0,80 (0,75 – 0,90) Bagaço de cana, farelo de soja,palma, casca de mandioca,farelo de trigo e milho: 94,43%. * Como é feita a ordenha dos seus animais? Qual a forma de criação? Manual: 100% Semi-confinado: 75% Há plantio de alguma cultura para servir de ração para o Sim: 100% gado? (Palma 100%,) (Milho 30%) (Mandioca 20%) Existe máquinas/equipamentos na propriedade? Sim: 100% Quais? Forrageira: 100% O que você acha das suas instalações? Boa: 100% Você recebe Assistência técnica? Não: 50% A sua propriedade apresenta algum calendário sanitário? Sim: 100% Qual? Aftosa: 100% B 19: 100% Convexin 10: 50% Botulismo: 50% *Principais ingredientes utilizados nas dietas. Tabela 14. Referente aos valores médios obtidos no Município de Iati em 2012. Perguntas Quantas pessoas da sua família moram na propriedade? Média 5,75 Escolaridade? Ens. Fundamental incompleto: 75% Qual a principal atividade econômica? A renda da pecuária leiteira consegue pagar as despesas de toda a sua família? Em qual faixa se enquadra? Alguém de sua família necessitou trabalhar fora da propriedade para contribuir com a renda familiar? Quantos litros de leite são obtidos por dia? Qual o custo mensal? Para quem vende o leite? Pec. De leite: 75% Não: 50% Até R$ 600: 50% Não: 100% Litros por dia: 63,75 Não sabe: 100% Atravessador: 100% Valor da venda do leite por litro? R$ 0,725 (0,72 – 0,73) Qual (is) o (s) tipos de ração fornecidas para seus Palma, farelo de soja, farelo de animais? algodão e farelo de milho: 75%. * Como é feita a ordenha dos seus animais? Manual: 100% Qual a forma de criação? Semi-confinado: 50% Há plantio de alguma cultura para servir de ração para o Sim: 100% gado? (Palma 100%,) (Milho 25%) (Capim 25%) Existe máquinas/equipamentos na propriedade? Sim: 75% Quais? Você recebe Assistência técnica? Forrageira: 50% Arado: 25% Ensiladeira:25% Boa: 50% Péssima: 50% Não: 100% A sua propriedade apresenta algum calendário sanitário? Sim: 100% Qual? Aftosa: 100% Raiva: 50% B19: 25% O que você acha das suas instalações? *Principais ingredientes utilizados nas dietas . Tabela 15. Referente aos valores médios obtidos no Município de Pedra em 2012. Perguntas Quantas pessoas da sua família moram na propriedade? Média 3,6 Escolaridade? Analfabeto: 50% Qual a principal atividade econômica? A renda da pecuária leiteira consegue pagar as despesas de toda a sua família? Em qual faixa se enquadra? Alguém de sua família necessitou trabalhar fora da propriedade para contribuir com a renda familiar? Quantos litros de leite são obtidos por dia? Qual o custo mensal? Para quem vende o leite? Pec. De leite: 100% Não: 66,66% R$ 1.000 a 2.000: 50% Não: 66,66% Litros por dia: 101,66 Não sabe: 100% Atravessador: 25% Faz queijo: 25% Valor da venda do leite por litro? R$ 0,723 (0,70 – 0,77) Qual (is) o (s) tipos de ração fornecidas para seus Farelo de algodão, farelo de soja, animais? caroço de algodão e farelo de milho: 62,5%. * Como é feita a ordenha dos seus animais? Manual: 100% Qual a forma de criação? Semi-confinado: 100% Há plantio de alguma cultura para servir de ração para o Sim: 66,66% gado? (Palma 66,66%,) (Capim 33,33%) Existe máquinas/equipamentos na propriedade? Sim: 66,66% Quais? O que você acha das suas instalações? Você recebe Assistência técnica? Forrageira: 66,66% Arado: 66,66% Excelente: 33,33% Boa: 33,33% Péssima: 33,33% Não: 100% A sua propriedade apresenta algum calendário sanitário? Sim: 100% Qual? Aftosa: 100% Raiva: 100% Convexin 9: 33,33% *Principais ingredientes utilizados nas dietas . Tabela 16. Referente aos valores médios obtidos no Município de Venturosa em 2012. Perguntas Média Quantas pessoas da sua família moram na propriedade? 2,5 Escolaridade? Ens. Médio: 50% Qual a principal atividade econômica? A renda da pecuária leiteira consegue pagar as despesas de toda a sua família? Em qual faixa se enquadra? Alguém de sua família necessitou trabalhar fora da propriedade para contribuir com a renda familiar? Quantos litros de leite são obtidos por dia? Qual o custo mensal? Para quem vende o leite? Pec. De leite: 100% Não: 50% Acima de R$ 4000: 50% Não: 75% Litros por dia: 221,25 Não sabe: 100% Lacticínio: 100% Valor da venda do leite por litro? R$ 0,825 (0,82 – 0,83) Qual (is) o (s) tipos de ração fornecidas para seus Palma, farelo de soja,capim animais? elefante,casca de mandioca,farelo de algodão,farelo de milho e silagem de milho e sorgo:83,32%. * Como é feita a ordenha dos seus animais? Manual: 100% Qual a forma de criação? Semi-confinado: 75% Há plantio de alguma cultura para servir de ração para o Sim: 100% gado? (Palma 50%,) (Capim 50%) (Milho/ Sorgo 100%) Existe máquinas/equipamentos na propriedade? Sim: 75% Quais? Ensiladeira: 75% O que você acha das suas instalações? Você recebe Assistência técnica? Boa: 50% Péssima: 50% Não: 100% A sua propriedade apresenta algum calendário sanitário? Sim: 100% Qual? Aftosa: 100% Raiva: 100% Convexin 9: 50% B19: 75% Leptospirose: 50% BVD: 25% *Principais ingredientes utilizados nas dietas . De acordo Embrapa Gado de leite (2012), o estado de Minas Gerais é o maior produtor de leite do Brasil, produzindo cerca de 8.767.932 mil litros no ano de 2011 com um crescimento de 0,045, representando 27,3% da produção nacional. Os maiores representantes da região nordeste são os estados da Bahia e Pernambuco ocupando a sétima e oitava colocação, produzindo 1.354.714 mil litros e 964.769 mil litros, com uma taxa de crescimento de 0,094 e 0,100. Apesar da taxa de crescimento ser maior que a de Minas Gerais a produção destes estados juntas só representam 6,9% da produção nacional. O estado da Bahia apresenta o maior volume de produção de leite do nordeste mais apresenta uma menor produtividade por animal que o estado de Pernambuco, que tem uma produtividade de 1.613 litros por animal/ano. Esse resultado está acima da média brasileira que é de 1.340 litros por animal/ ano, mas quando comparado com as regiões sul e sudeste apresenta baixa produtividade. Como pode ser visto nas tabelas 06, 07 e 08 o país apresenta uma grande variação de produção tanto em relação às regiões quanto ao tamanho das propriedades como citado pela pesquisadora Rosangela Zoccal (2012). Apesar do constante crescimento, a pecuária leiteira desenvolvida no País ainda não tem um padrão de produção, a heterogeneidade dos sistemas é muito grande e ocorre em todos os estados, que contam com propriedades de subsistência, com produção inferior a dez litros/dia até sistemas comparáveis aos mais eficientes do mundo. Observa-se que em todas as regiões os pequenos produtores, até 20 litros/dia, apresentam baixa produção por vaca ordenhada. Na Região Norte, mesmo nos estratos mais altos, a produtividade é baixa, de 1.396 L/vaca/ano; no Nordeste, esse índice chega a 2.632 L/vaca/ano. A média do volume produzido por vaca, para os sistemas de produção com mais de 500 litros por dia, na Região Sudeste (3.584 litros) e Centro-Oeste (3.009 litros) são semelhantes. Estes dados podem ser explicados pelas dificuldades encontradas pelos pequenos produtores que vão desde a obtenção de assistência técnica, a necessidade de financiamentos até a aquisição de conhecimentos e tecnologias além das formas de organização das atividades produtivas. A variação da produtividade entre as regiões pode também estar relacionada com o treinamento da mão-de-obra e com a baixa participação em eventos e cursos que estão mais disponíveis na região sul e na região sudeste. A seguir são apresentados através de algumas figuras, a retratação das condições de trabalho e produção da atividade leiteira nas propriedades pesquisadas. Figura 1 – produção de queijo coalho (Fonte: Godoy Filho, 2012) A figura 1 apresenta as condições de trabalho para a fabricação do queijo coalho em uma das propriedades rurais pesquisada. Figura 2 - Área de plantio de palma. (Fonte: Godoy Filho, 2012). A figura 2 mostra a plantação de palma que é importante constituinte da composição das rações dos bovinos leiteiros, principalmente em áreas que apresentam baixa pluviosidade. Segundo Santos et al. (2006) o Brasil é o maior produtor mundial de palma forrageira. Estima-se que exista cerca de 500 mil hectares de palma forrageira no Nordeste, distribuídos nos estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte e Bahia. O bom rendimento da cultura no semi-árido nordestino está associado ao fato da mesma necessitar de bem menos água do que outras culturas convencionais. A palma utiliza de 100 a 200kg de água para produzir 1kg de matéria seca. Já para os capins, por exemplo, essa relação é de 500 para 1, por isso, a palma produz bem em áreas com precipitação anual de até 750 mm, característico do semi-árido. A umidade relativa precisa estar acima de 40% e temperatura diurna/noturna de 25 a 15ºC. Em algumas regiões do semi-árido, a alta temperatura noturna é o principal fator para as menores produtividades ou até a morte da planta (SANTOS et al., 2006). A palma forrageira possui uma extraordinária capacidade de produção nas condições climáticas do semi-árido nordestino, mas não deve ser utilizado como única fonte de alimento. Devido ao seu baixo conteúdo de matéria seca, fibra e proteína bruta, comparada com outros alimentos volumosos, quando fornecida isoladamente, provoca distúrbios metabólicos, tais como, diminuição da ruminação e diarreias (MELO et al., 2006). Para evitar tais distúrbios a palma deve ser utilizada de 40 a 50% da matéria seca da dieta dos bovinos e deve ser fornecida associada a outros volumosos disponíveis, para garantir a complementação das necessidades de matéria seca, fibra e proteína, evitando e/ou minimizando a perda de peso dos animais (SANTOS et al., 2006). Figura 3- Quadro para controle reprodutivo do rebanho. (Fonte: Godoy Filho, 2012). A figura 3 apresenta um quadro sobre “controle de reprodução” que pode ser utilizado pelos produtores para contribuir na avaliação reprodutiva do rebanho. Com esta ferramenta de fácil utilização o produtor identifica através das cores o estágio de produção em que seu animal se encontra (de acordo com a legenda do quadro). Dessa forma, ele conhece rapidamente a situação reprodutiva do animal, podendo fazer um planejamento adequado (nutrição, sanidade, reprodução etc.) de acordo com a situação do animal, diminuindo assim, os problemas metabólicos e aumentando o controle de vários índices reprodutivos, como por exemplo, a taxa de animais gestantes. Figura 4 – Tabela de controle da alimentação dos animais. (Fonte: Godoy Filho, 2012) A figura 4, apresentada por um produtor do Município de Garanhuns, mostra uma forma simples de organização da alimentação dos animais, esta técnica proporciona alimentar cada animal de acordo com a sua produção, aumentando com isso a rentabilidade do produtor com a economia do concentrado que apresenta expressiva significância no custo total da alimentação. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que, de acordo com os dados apresentados, a baixa produção obtida pelos pequenos produtores é influenciada por vários fatores, tais como: falta de assistência técnica, condições socioeconômicas. Como por exemplo, a escolaridade e a falta de organização administrativa. Estes fatores fazem com que o produtor deixe de utilizar técnicas que ajudem a tornar a sua atividade rentável, exemplificados pela não formulação de uma dieta balanceada para os animais, levando em conta a necessidade de produção de cada animal; assim como também, a falta de planejamento para a compra dos ingredientes que constitui o concentrado (farelo de soja, algodão, milho, trigo, caroço de algodão etc.) na safra de produção de seus constituintes; falta de produção de volumosos de qualidade para atender as necessidades nutricionais dos animais; a frágil utilização de um programa sanitário que atenda as principais enfermidades da região, pois de acordo com os dados a maioria dos pequenos produtores só aplica a vacina contra febre aftosa, e apenas 47,82% aplica a vacina B19 que é obrigatória para todas as fêmeas do rebanho que tenham de 3 a 8 meses. Para o produtor conseguir utilizar todas estas técnicas para melhorar a sua produtividade ele necessita ter uma boa organização administrativa (controle de gastos, custos, despesas etc.). Estas técnicas podem ser introduzidas na propriedade de forma simples como mostrada nas fotos acima. Outro fator que também influencia nos índices produtivos é o treinamento da mão de obra. O crescimento de volume de produção de leite nos estados nordestinos tem atraído grandes empresas para região que podem ajudar no desenvolvimento de toda a cadeia produtiva. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS EMBRAPA, Gado de leite. Tabelas informativas: Mudança na produção de leite por estado 2009/2010. Disponível em: <http://www.cnpgl.embrapa.br/novainformações/estatistica/produção/tabela0241.phd> Acesso em: 18 Jun.2012. EMBRAPA, Gado de leite. Tabelas informativas: Produção de leite, vacas ordenhadas e produtividade animal no Brasil -1980/2010. Disponível em: <http://www.cnpgl.embrapa.br/novainformações/estatistica/produção/tabela0230.phd> Acesso em: 18 Jun.2012. EMBRAPA, Gado de leite. Tabelas informativas: Ranking da produção de leite por Estado, 2010/2011. Disponível em: <http://www.cnpgl.embrapa.br/novainformações/estatistica/produção/tabela0240.phd> Acesso em: 18 Jun.2012. MELO, A. A. S.; FERREIRA, M. A.; VÉRAS, A. S. C. et al. Desempenho leiteiro de vacas alimentadas com caroço de algodão em dieta à base de palma forrageira. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.41, n.7, p.1165-1171, 2006. SANTOS, D. C.; FARIAS, I.; LIRA, M. A.; SANTOS, M. V. F.; ARRUDA, G. P.; COELHO, R. S. B.; DIAS, F. M.; MELO, J. N. Manejo e utilização da palma forrageira (Opuntia e Nopalea) em Pernambuco. Recife: IPA, 2006. 48p. (IPA. Documentos, 30). ZOCCAL, Rosangela. Produtividade do rebanho leiteiro. Rede de pesquisa e inovação em leite. 2012. Disponível em: <http://repileite.ning.com/forum/topics/produtividade-dorebanho-leiteiro> Acesso em: 18 Jun.2012. ATIVIDADES RELEVANTES DESENVOLVIDAS PELO BOLSISTA. Ouvinte na II Semana da Agronomia do Agreste Pernambucano. (SAAPE) Participação no IV Simpósio de Ciências Agrárias de Pernambuco. (SCAPE) Monitor das disciplinas de Fisiologia Veterinária Básica e Semiologia Veterinária. Ouvinte no IV Encontro de Medicina Veterinária do Agreste Pernambucano. (EMVAPE). Integrante da comissão organizadora do IV EMVAPE. Estágio na Fazenda Colorado- Araras SP. Curso de Julgamento da Raça Holandesa. Cursando estudos da língua Inglesa. Participação no IX Encontro de Buiatria de Garanhuns. XI Jornada de Ensino Pesquisa e Extensão da UFRPE. 2º Congresso Brasileiro de Palma e outras Cactáceas. Participação da 82º Semana do Fazendeiro. Estágio na Fazenda Minas Gerais. Estágio na Fazenda Maracujá Barbacena-MG. Mini-cursos Biotecnologia da Reprodução em bovinos IATF/ TETF. Programa Varejo fácil- Formação do preço de venda. Inseminação transcervical em pequenos ruminantes. .Tópicos Avançados em Andrologia. Biotecnologia na Reprodução Bovina: FIV II Curso de Diagnostico de Gestação em Bovinos. I Curso de Preparação e apresentação de animais. Produção e utilização de silagem de milho. Manejo alimentar de cabras e ovelhas no pré-parto. Vacas no Período de transição. Ferramenta da qualidade na produção de leite. Sustentabilidade na produção de leite. OBSERVAÇÕES DO PROFESSOR ORIENTADOR O bolsista desenvolveu parcialmente as atividades previstas em seu plano de estudo, participou de etapas definidas no cronograma do projeto. Saliento que no decorrer do período desse projeto, o bolsista vem enriquecendo o seu currículo acadêmico com a participação em eventos científicos e cursos de aprimoramento, que juntamente com o contido em seu histórico escolar, lhe confere o desempenho necessário para a participação em projetos. Data: 25.06.2012 Carlos Alberto Souto Godoy Filho Bolsista Prof. Dr. Victor Pereira de Oliveira Orientador