REDUÇÃO DE PERDAS EM UM SISTEMA DE
ARMAZENAGEM DE PROPENO QUÍMICO
ROBSON MOREIRA DE SOUZA
REDUÇÃO DE PERDAS EM UM SISTEMA DE ARMAZENAGEM DE PROPENO
QUÍMICO
Monografia apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia Industrial, Escola
Politécnica, Universidade Federal da Bahia,
como requisito parcial para a obtenção do grau
de Especialista em Engenharia Econômica,
Estratégia e Redução de perdas na Indústria –
CEPI.
Orientador: Júlio Cesar Moreno Pires
Salvador,
2011
ROBSON MOREIRA DE SOUZA
REDUÇÃO DE PERDAS EM UM SISTEMA DE ARMAZENAGEM DE PROPENO
QUÍMICO
Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial,
Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Especialista em Engenharia Econômica, Estratégia e Redução
de perdas na Indústria – CEPI.
Monografia aprovada em 25 de agosto de 2011
______________________________
Orientador: Júlio Cesar Moreno Pires
Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina
Salvador,
2011
AGRADECIMENTOS
A Deus, em primeiro lugar, por me guiar e colocar na minha vida essas
pessoas que me ajudaram.
À minha esposa D´Arc de Angelis, minhas filhas, Bárbara Luiza e Júlia de
Angelis, pela paciência que tiveram e pelo apoio que me deram nos momentos de
elaboração desse trabalho.
À minha mãe Bárbara e meus irmãos Roberto e Rodrigo, pelo apoio e
incentivo únicos de um laço familiar;
Ao orientador e colega de trabalho Júlio Moreno, pela disponibilidade e
satisfação em me ajudar na conclusão dessa monografia.
Aos meus companheiros de trabalho da Braskem S/A que contribuíram para o
meu desenvolvimento profissional e me deram todo apoio necessário para o bom
desempenho desta atividade;
Aos professores, colegas e profissionais do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Industrial - PEI por todo apoio durante todo o curso e pelos momentos
de experiência compartilhada, sobretudo nos momentos de desafios e dificuldades.
"Algo só é impossível até que alguém duvida e acaba provando o contrário”
Albert Einstein
SOUZA, Robson Moreira de. Redução de Perdas em um Sistema de Armazenagem
de Propeno Químico. 44 f. il. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso
(Especialização) – Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
RESUMO
O objetivo desse trabalho é propor alternativas para reduzir, com pouco
investimento, em pelo menos 50% as perdas de propeno químico para flare, através
do recondicionamento das variáveis do processo aos valores de projeto ou da
alteração do projeto para atendimento aos novos valores das variáveis do processo,
evitando perda econômica, reduzindo emanação de CO 2 e minimizando ocorrências
com órgão ambiental e comunidades. Para aplicação da metodologia é necessário
conhecer o produto, o sistema de armazenamento, o sistema de refrigeração e suas
vulnerabilidades para uma posterior definição da sistemática para a redução de
perdas que consiste no projeto com as seguintes etapas: a) coleta de dados para
confirmação da quantidade queimada b) cálculo do custo estimado do investimento
para retornar com os valores das variáveis de processo as condições de projeto c)
cálculo do custo estimado do investimento para alterar as condições do projeto para
os valores atuais das variáveis do processo d) comparação do esforço e impacto das
duas alternativas avaliando a mais adequada e) elaboração do acompanhamento e
controle após a implantação da alternativa indicada.
Palavras chaves: Redução. Perdas. CO2. Propeno.
SOUZA, Robson Moreira de. Redução de Perdas em um Sistema de Armazenagem
de Propeno Químico. 44 f. il. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso
(Especialização) – Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
ABSTRACT
The aim of this paper is to propose alternatives to reduce, with little investment, by at
least 50% of propylene chemical losses to flare through the reconditioning process
variables to the values of design or design change to meet the new values of the
variables the process to prevent economic loss by reducing emission of CO 2 and
minimize occurrences with environmental agency and communities. For application
of the methodology is necessary to know the product, the storage system, cooling
system and its vulnerability to a further definition of the systematic reduction of losses
that is the design with the following steps: a) data collection to confirm the amount
burned b) calculating the estimated investment cost to return the values of variables
of process design conditions c) calculating the estimated investment cost to change
the conditions of the project to the current values of process variables d) comparison
of the effort and impact of the two alternatives and evaluating the most appropriate)
develop a monitoring and control after the implementation of the alternative indicated.
Keywords: reduction, losses, CO2, propylene.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Fluxograma do sistema de armazenamento .............................................. 28
Figura 2: Situação do Projeto .................................................................................... 31
Figura 3: Situação Real ............................................................................................. 32
Figura 4: Perdas do Propeno antes do projeto .......................................................... 33
Figura 5: Pesos para a matriz de esforços e impacto ............................................... 34
Figura 6: Esforço X Impacto ...................................................................................... 35
Figura 7: Gráfico dos Ganhos ................................................................................... 38
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Equipe de Trabalho do Projeto ................................................................. 29
Quadro 2: Plano de Ação .......................................................................................... 36
Quadro 3: Ganhos Econômicos e ambientais do projeto .......................................... 37
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
11
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
13
2.1 O PROPENO
13
2.2 PERDAS E DESPERDÍCIOS NO PROCESSO PRODUTIVO
13
2.2.1 CUSTO NA NÃO QUALIDADE
15
2.3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
16
2.3.1 FONTES DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
17
2.3.2 AÇÕES SOBRE A QUALIDADE DO AR
19
2.4 SUSTENTABILIDADE
20
2.4.1 SUSTENTABILIDADE NA ORGANIZAÇÃO
24
3 DISCUSSÕES
27
3.1 PRODUTO
27
3.2 SISTEMA DE ARMAZENAMENTO
28
3.3 UNIDADE DE REFRIGERAÇÃO
29
3.4 AS PERDAS E O MÉTODO PARA A REDUÇÃO
29
3.5 VERIFICAÇÃO DE EFICÁCIA
37
CONCLUSÃO
39
REFERÊNCIAS
41
11
1 INTRODUÇÃO
O avanço da conscientização da população e as crescentes advertências
ambientais no que se refere às emissões de gases poluentes na atmosfera tornam
cada vez mais necessário o estudo de prevenção e redução de perdas e liberação
de CO2 em processos industriais.
A redução de custo de produção, atrelado ao ganho ambiental e ao progresso
tecnológico tem sido cada vez mais internalizados pelas empresas como uma
questão de competitividade e perpetuidade.
É nessa tendência que o objetivo deste trabalho de propor alternativas para
redução de perdas em um sistema de armazenagem de propeno químico como
pouco investimento visa convergir.
O sistema de armazenagem de propeno químico foi escolhido por apresentar
uma situação atual onde a temperatura do produto que circula pelo sistema de
refrigeração está fora das condições de projeto, gerando aumento na pressão do
sistema e consequente alívio de produto para flare, gerando perdas financeiras e
impactando ambientalmente.
Estima-se que a queima atual de propeno químico no flare da unidade
estudada esteja gerando uma perda econômica de R$ 600.000,00/ano. Esta queima
gera também uma elevação na emissão CO2 equivalente para atmosfera e aumenta
o consumo de vapor na atomização da chama no flare. Ainda que se use o vapor a
queima não é totalmente atomizada de forma que se torna obrigatório o envio de
uma comunicação ao INEMA informando o motivo e o tempo em que houve violação
colorimétrica. A comunidade também questiona caso seja atingida por fuligem.
Neste primeiro capítulo buscou-se justificar a importância do trabalho
proposto.
O segundo capítulo apresenta uma revisão bibliográfica sobre os seguintes
temas: breve referência ao propeno; perdas e desperdícios no processo produtivo;
poluição atmosférica e sustentabilidade.
12
No terceiro capítulo são apresentados os dados de processo com
informações sobre o produto, o sistema de armazenamento, o sistema de
refrigeração e suas vulnerabilidades. São discutidas também as etapas da
sistemática e apresentada a coleta de dados, os cálculo do custo estimado dos
investimentos, a comparação do esforço e impacto das duas alternativas avaliando a
mais adequada e a elaboração do acompanhamento e controle após a implantação
da alternativa indicada.
Em seguida é apresenta a conclusão do estudo.
E por fim, são demonstradas as referências bibliográficas utilizadas para o
desenvolvimento deste trabalho.
13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 O PROPENO
O propeno é um derivado petroquímico que é aproveitado como matériaprima fundamental na química fina e na produção de produtos e embalagens
plásticas. Ele é extraído do petróleo, um recurso não-renovável, caro e com preços
instáveis. (WILKIPÉDIA, 2011).
O nome Propeno registrado pela IUPAC, pode também ser denomiando de
propileno, um hidrocarboneto insaturado (alceno) de fórmula C3H6 , descrito
usualmente como um gás incolor e altamente inflamável.
Esse derivado é produzido durante o craqueamento do petróleo e na
gaseificação do carvão. É reconhecido como uma das maiores matérias-primas da
indústria petroquímica. Seu principal uso é para produção de polipropileno. É
também utilizado como combustível em muitos processos industriais, por ter uma
chama mais quente que a do propano (por produzir menor massa após combustão).
O propeno é solúvel em álcool e éter.
2.2 PERDAS E DESPERDÍCIOS NO PROCESSO PRODUTIVO
Todo processo produtivo possui inúmeros fluxos de trabalho, que se repetem
diariamente. Esses fluxos de trabalho, repetitivos, configuram os processos da
empresa, e a sua gestão geralmente é denominada de Gerenciamento de Rotina:
um aglomerado de ações, verificações e decisões, dirigidas para que se consigam
os resultados esperados. Quando o resultado alcançado é pior do que o resultado
esperado, dizemos que temos um “problema”. Segundo Campos (1992, p. 54),
problema é o “resultado indesejável de um trabalho”.
14
De acordo com JURAN (1992, 23),
Problema é um desvio da característica de qualidade de seu nível ou
estado pretendido, que ocorre com gravidade suficiente para fazer
com que um produto associado não satisfaça às exigências de uso,
normal ou razoavelmente previsível.
Desse modo, o “tamanho do problema” (Juran, 1992), é a diferença entre o
resultado atual e um valor desejado (meta). Neste sentido, quando não se consegue
atingir uma determinada meta, deve-se identificar e solucionar o problema, para que
se busque atingir a meta.
Segundo Brinson (1996, p.80),
Perdas e desperdícios são constituídos pelas atividades que não
agregam valor e que resultam em gastos de tempo, dinheiro, e
recursos sem lucro, além de adicionarem custos desnecessários aos
produtos.
As atividades que não acrescentam valor são as que podem ser suprimidas
sem que ocorra degradação na performance da organização (custo, função,
qualidade e valor agregado). Desse modo, para suprimir desperdícios, carece de
considerar todas as atividades e tarefas executadas no contexto do processo e
tentar abandonar aquelas que não adicionam valor para a produção, ao produto e ao
cliente.
Nesta mesma linha, Nakagawa (1993, p.19) atribui como desperdício, “todas
as formas de custos que não adicionam qualquer valor ao produto, sob a ótica do
consumidor”. Ele demonstra como exemplo o caso de fabricante de televisores que
só agrega valor quando associa e prepara as partes necessárias para produzi-los.
Qualquer coisa, além disso, configura-se como desperdício. Por esta definição,
contar e estocar partes componentes, ou ainda alguma forma de inspeção, testes,
transportes, preenchimento de controles internos, perdas no processo, atividades de
reprocessamento e atendimento de garantias e outros seriam formas de
desperdícios.
15
Bornia (1995, p. 65) afirma que, “os desperdícios não só não adicionam valor
aos produtos como também são desnecessários ao trabalho efetivo, sendo que
ocasionalmente até reduzem o valor destes produtos”. Enquadra-se nesta categoria
à produção de itens defeituosos, a movimentação desnecessária, a inspeção de
qualidade, capacidade ociosa, etc. Assim, poderiam englobar os custos e as
despesas utilizados de forma não eficiente.
Desperdício, no entender de Robles Júnior (1996, p.17), “é a perda a que a
sociedade é submetida devido ao uso de recursos escassos”. Tais recursos
precários vão desde material, mão-de-obra e energia perdidas, até a perda de horas
de treinamento e aprendizado que a empresa e a sociedade perdem em
consequência, por exemplo, de um acidente de trabalho.
De acordo com Nakagawa (1993, p. 65), “os desperdícios nas empresas
industriais, em média, correspondem a 20% das vendas, enquanto nas prestadoras
de serviços chegam a alcançar 40% dos gastos operacionais”.
A exclusão dos desperdícios está intimamente vinculada com a questão da
Qualidade das empresas, que deve ser incentivada de forma total na organização,
para que, por meio da redução dos desperdícios e dos custos decorrentes, a
empresa possa gerar maiores recursos financeiros, que se transformarão em novos
investimentos, garantindo a sua competitividade no mercado.
2.2.1 Custo na Não-Qualidade
Para a compreensão do que são custos da qualidade, é faz-se necessários
conhecer os conceitos das duas palavras que compõe a expressão: o de custos e o
de qualidade. MARTINS (1992, p. 54) refere-se a custos como,
Gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens
e serviços, ou seja, o valor dos insumos usados na fabricação dos
produtos da empresa. Salienta que o custo é também um gasto, só
que reconhecido como tal, isto é, como custo, no momento da
utilização dos fatores de produção (bens e serviços) para fabricação
de um produto ou execução de um serviço.
16
A qualidade por sua vez, foi progredindo ao longo do tempo. E na atualidade
ela é compreendida como a preocupação com o processo. Não somente o processo
fabril, mas também com todos os processos que a empresa lança mão para atender
e satisfazer os consumidores. Essa preocupação com todos os processos industriais
e administrativos é conhecida como Total Quality. Para Montgomery e Paladini
(1997, p. 63)
A sobrevivência das empresas no mercado competitivo atual está
diretamente ligada à produção de itens de qualidade a um baixo
custo. Em uma sociedade em que os consumidores cada vez mais
exigem qualidade nos produtos e serviços, há uma crescente
preocupação nas empresas não só em manter, mas em incrementar
seu desempenho no que diz respeito à qualidade e à produtividade.
Os conceitos de custos da qualidade passaram a ser disseminados com o
controle da qualidade que serviam como sustentáculos para as ações de avanços,
esses custos também buscavam medir a qualidade das empresas.
2.3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
A poluição atmosférica pode ser definida como,
A introdução, direta ou indiretamente, pelo homem na atmosfera, de
substâncias ou energias que ocasionem conseqüências prejudiciais, de
natureza a colocar em perigo a saúde humana, a causar danos aos
recursos biológicos e aos sistemas ecológicos, a ofender as convenções ou
perturbar as outras utilizações legitimas do meio ambiente. (ANTUNES,
1998, p. 87).
Este tipo de poluição está relacionada às condições topográficas, climáticas,
meteorológicas, as quais podem determinar a vocação geoeconômica da região.
Esta análise sistêmica é indispensável para se querer assegurar a qualidade
ambiental do entorno, cuidando para não lhe embutir atividades produtivas em
desacordo com suas características.
17
A poluição do ar é resultado da alteração das características físicas,
químicas ou biológicas normais da atmosfera, que determinam danos
para o ser humano, à fauna, à flora e aos materiais. Chegando a
diminuir o uso da propriedade, afetando de forma negativa o bemestar da população. (FIORILLO, 1997, p. 54)
Quando ocorrem alteração e degradação do ar, comprometendo-se os
processos fotossintéticos, prejudica-se a vegetação terrestre e aquática, são
agredidos os ciclos do nitrogênio (necessários para a existência da vida na terra, já
que
desses
ciclos
dependem
inúmeros
organismos
e
o
crescimento
e
desenvolvimento de muitos vegetais), oxigênio e carbono, ocasionando mudanças
climáticas, há uma diminuição de intensidade da luz; a água e o solo mostram-se
afetados, prejudicando a saúde do homem e dos animais.
Nos grandes centros, onde os efeitos se mostram sinistros, já se determinou
que a poluição atmosférica contribui para o surgimento de rinite alérgica e
deficiências visuais. Ela colabora também para o incremento da taxa de mortalidade
pelo câncer e arteriosclerose. (MIRALE, 1997).
Episódios
agudos
de
poluição
atmosférica
variam
constantemente,
acarretando transtornos graves e provocando muitas mortes.
A convivência humana tem que atentar para níveis suportáveis, obviamente
com essa realidade do mundo moderno. Porém, determinadas medidas de
ordenamento técnico e social devem ser incrementadas para minimizar os impactos
negativos e suas seqüelas. Merecem destaque uma ampla tomada de consciência e
o acesso a informação sobre o assunto. (ANTUNES, 1998).
As alterações atmosféricas devem não apenas ser monitoradas, mas
amplamente divulgadas no interesse da população.
2.3.1 Fontes da Poluição Atmosférica
As fontes de poluição atmosférica podem ser estacionárias (fixas) ou móveis.
Em relação as fontes fixas, as indústrias constituem as fontes de maior potencial
poluidor deste tipo, ao lado das quais figuram as lavanderias, os hospitais e hotéis
18
entre outras. As fontes móveis de poluição são representadas pelos aviões,
embarcações marinhas e veículos automotores, sendo que estes últimos
correspondem a aproximadamente 90% da poluição atmosférica das grandes
metrópoles. Alcançar uma qualidade do ar sadio pressupõe o controle das fontes de
emissão de poluentes atmosféricos. (referência)
A emissão de substâncias (gases e vapores) no estado sólido, líquido e
gasoso, causando degeneração desfavorável do meio ambiente, decorrente de
atividade humana, resulta em poluição atmosférica. Uma das principais causas da
poluição atmosférica é proveneniente dos processos de obtenção de energia.
O contrário da emissão é a imissão, que pode ser denominado como o
resultado, o nível de contaminação das emissões produzidas pelos mais diferentes
focos e agentes poluidores. Entretanto, há que se ter cuidado para não se
considerar a soma das emissões, pois muitas vezes isso pode não retratar a
realidade de contaminação, vez que em decorrência dos aspectos meteorológicos,
pode haver uma maior ou menor concentração de poluentes na atmosfera.
(ANTUNES, 1998).
Os principais agentes poluidores são as indústrias e os transportes. As
indústrias que mais contribuem para o processo de poluição atmosférica são as que
envolvem processos de combustão. Também integram este grupo as refinarias de
petróleo, que liberam sensíveis quantidades de óxido de enxofre e monóxidos de
carbono, as indústrias de fundição, as fábricas de cimento, incineradoras,
siderúrgicas, indústrias químicas, cerâmica e fertilizantes.
No contexto urbano-industrial, a poluição atmosférica é causada pela ação
antrópica mediante fontes estacionárias, entre as quais se encontram com elevado
potencial poluidor as refinarias, as indústrias petroquímicas, siderúrgicas, de papel e
celulose e de cimento. As fontes móveis são representadas pelos onipresentes
veículos automotores.
19
Uma utilização legítima do meio ambiente pressupõe que o bem comum não
seja degradado e que o poluidor assuma sua responsabilidade face ao dano que
eventualmente causar. Ressalte-se que os poluentes lançados no ar provêm de
múltiplas fontes que nem sempre são passíveis de identificação. Isto não significa
que identificado um poluidor, este possa eximir-se de sua responsabilidade pelo
simples fato de que as outras fontes poluentes não foram identificadas. A
responsabilidade do poluidor é objetiva como dispõe o art. 14, §1º da Lei nº
6.938/81.
2.3.2 Ações sobre a qualidade do ar
Uma intervenção sobre atividades poluidoras, com vistas a preservar ou
recuperar a qualidade atmosférica enquanto para a qualidade ambiental, supõe um
complexo de medidas. Cabem aqui alguns destaques para o monitoramento, os
programas nacionais e a legislação pertinente.
Monitoramento da qualidade do ar: o controle da poluição atmosférica, assim
como o da qualidade do ar, não pode ser deixado para quando os problemas se
avolumarem e agravarem. Medidas simples e eficazes podem ser adotadas com
baixa demanda de tempo e recursos, como o monitoramento das áreas críticas de
regiões metropolitanas e outros centros urbanos.
Importa, igualmente, divulgar os índices e dados técnicos para esclarecer a
sociedade sobre problemas de qualidade do ar e reforçar a consciência ecológica.
Programas Nacionais: há dois programas nacionais específicos para a
qualidade do ar, lançados por resoluções do Conama. Paralelamente há um
programa energético alternativo, o Proálcool, que tem a ver com o problema.
A localização das fontes industriais poluidoras é um fator preocupante,
principalmente quando localizadas em grandes centros urbanos, ou próximos a eles,
pois em tais locais costuma haver uma concentração elevada de poluentes.
20
O Decreto-Lei 1.413, de 14/08/1975, que dispõe sobre o controle da poluição
do meio ambiente provocada por atividades industriais, determina em seu art.4º,
ainda em vigor que nas áreas críticas de poluição, seja adotado esquema de
zoneamento urbano.
Posteriormente, a Lei 6.803, de 02/07/1980, estabeleceu as diretrizes básicas
para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, de modo a
compatibilizar as atividades industriais com a proteção ambiental, referindo-se
expressamente, em seu art. 1º, ao art. 4º do referido Decreto-Lei.
2.4 SUSTENTABILIDADE
Sustentabilidade pode ser definida como um modelo de desenvolvimento
global que congrega os aspectos de desenvolvimento e preservação ambiental no
modelo de desenvolvimento sócio-econômico.
Por meio de diversos fatos acontecidos recentemente, fica muito claro que
entre as relações homem-meio ambiente, não existe apenas um limite mínimo para o
bem-estar da sociedade, existe também um limite para a utilização dos recursos
naturais, de forma que a preservação e manutenção dos mesmos tornam-se
indispensáveis para garantir um futuro da humanidade.
Pode-se identificar três principais campos de atuação em desenvolvimento
sustentável: Sustentabilidade Ambiental: Consiste na manutenção das funções e
componentes do ecossistema, de modo sustentável. Sustentabilidade Econômica:
Sustentabilidade econômica é a capacidade de produção, distribuição e utilização
equitativa das riquezas produzidas pelo homem. Sustentabilidade Sócio-política: vai
além dos limites econômico-sociais para atingir os mecanismos institucionais que
compõem a nossa sociedade, afetando a sua mudança e desenvolvimento, por via
do processo político. (QUINTAS, 2000).
Sustentabilidade indica algo que é sustentável, adequado para se manter, se
auto-renovar, e garantir sua estabilidade no tempo. É um atributo, uma
característica, de processos e políticas que fazem em si as condições para sua autoreprodução.
21
Castels e Borja (citado por 1996, p. 21) concordam que,
As experiências bem-sucedidas de desenvolvimento local (endógeno)
decorrem, quase sempre, de um ambiente político e social favorável,
expresso por uma mobilização, e, principalmente, de convergência
importante dos atores sociais do município ou comunidade em torno de
determinadas prioridades e orientações básicas de desenvolvimento.
Representa, neste sentido, o resultado de uma vontade conjunta da
sociedade que dá sustentação e viabilidade política a iniciativas e ações
capazes de organizar as energias e promover a dinamização e
transformação da realidade.
O termo desenvolvimento sustentável abriga um conjunto de padrões para o
uso dos recursos que objetivam considerar as necessidades humanas. Este termo
foi ressaltado em 1987 no Relatório Brundtland da Organização das Nações Unidas
onde foi definido que desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz
as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras
satisfazerem as suas próprias necessidades. O desenvolvimento sustentável deve
abranger a sustentabilidade sobre os enfoques econômico, ambiental e sociopolítica.
No núcleo da questão ambiental tudo que nos cerca precisa de cuidados especiais
para que continue seu ciclo normal de existência. E os núcleos econômico e sóciopolítico só têm existência se for mantida a sustentabilidade ambiental. As duas
últimas dependem da primeira (TORRESI, PARDINI e FERREIRA, 2009).
O final do século XX foi marcado por intensa mobilização da humanidade na
luta por direitos políticos, econômicos, éticos, ambientais e sociais. Essa mobilização
crescente das pessoas e instituições na busca de caminhos alternativos para a
construção de uma sociedade mais digna e mais justa trouxe, também, a
consciência de que o direito à cidadania só será possível com a adoção de um novo
padrão de comportamento que imponha o compromisso de todos.
Nesse cenário, as organizações apresentam-se como atores sociais
fundamentais para a concretização das mudanças exigidas. As empresas têm como
desafio, transformar-se em empresas cidadãs, pró-ativas na busca de soluções para
as demandas da sociedade, com ações sociais planejadas, vinculadas a projetos de
médio
e
longo
assistencialistas.
prazo,
ultrapassando
iniciativas
eventuais
e
meramente
22
Não depende apenas de uma única pessoa, empresa ou governo a
conservação do meio ambiente. Esta deve estar inserida em uma política de
desenvolvimento do país onde o meio ambiente seja um bem cuidado por todos os
cidadãos que precisam estar permanentemente alertas para os perigos das ações
por mais aparentemente inocentes que sejam, e que são realizadas no meio
ambiente. São as ações sustentáveis simples como uso racional de água e energia
elétrica, manipulação adequada do lixo, entre outras, que compõem os primeiros
passos do cidadão para um processo de sustentabilidade eficaz que tende a ter
resultados no todo.
Os vários resultados explícitos pelo mundo onde se observam desequilíbrios
ambientais ecológicos que incluem destruição de ecossistemas presentes no
aquecimento global já atingem não só a saúde de todos, mas tem colocado em risco
a própria possibilidade de manutenção da vida humana no planeta, onde a
população experimenta um processo de crescimento de ampla gravidade, o que
constitui em si mesmo um elemento de pressão por recursos econômicos e
ambientais (TAMBELLINI, 2009).
Neste conjunto de perdas coletivas, os custos sociais tem se elevado e
exigido maior atenção nas questões de ordem política como: a falta de
governabilidade, a instabilidade política, a mudança na natureza, a violência na
cidade e no campo, enfim, a perda da capacidade para exercer as funções básicas
de proteção dos cidadãos contra situações críticas de perda da vida e da dignidade
humana (TAMBELLINI, 2009).
Esta situação tem se agravado e se tornado visível dada as grandes
desigualdades econômicas e sociais presentes, não só entre as diferentes classes
sociais e seus estratos, mas também entre grupos étnicos, entre gêneros, entre
regiões de um mesmo país e entre diferentes regiões geográficas e territoriais do
mundo globalizado. Tais diferenças envolvem os direitos à saúde, ao trabalho, à
habitação, à educação, a convivência saudável, à proteção e cuidados privilegiados
a grupos de maior vulnerabilidade (como as crianças, os adolescentes e idosos),
bem como também o direito à liberdade e a uma vida longa, digna e saudável
(TAMBELLINI, 2009).
23
Os pesquisadores Loureiro e Cunha (2008) num estudo sobre Educação
ambiental e gestão participativa de unidades de conservação, citando Quintas (2000,
p. 17) ressaltam que:
Um processo de mediação de interesses e conflitos entre atores sociais
que agem sobre os meios físico-natural e construído [...] define e redefine,
continuamente, o modo como os diferentes atores sociais, através de suas
práticas, alteram a qualidade do meio ambiente e também como se
distribuem os custos e os benefícios decorrentes da ação destes agentes.
O artigo 225 da Constituição Federal atribui ao poder público e à coletividade
o dever de defender e preservar o ambiente mantendo-o ecologicamente equilibrado
para as presentes e futuras gerações. Esse fato reafirma a certeza de que o modo
de apropriação dos bens naturais pela sociedade pode tanto beneficiá-lo com os
seus cuidados como alterar as suas propriedades, provocar danos ou produzir riscos
(QUINTAS, 2004). A proposta de educação no processo de gestão ambiental deve
atuar nesse tensionamento buscando a garantir a participação, no processo
decisório, dos grupos historicamente excluídos e em vulnerabilidade socioambiental.
Em 2000, com a publicação da lei 9985/2000 que instituiu o Sistema Nacional
de Unidades de Conservação (SNUC), os conselhos foram incorporados como
espaços de consulta ou deliberação nas Unidades de Conservação (UCs),
formalizando uma instância de gestão participativa para essas áreas protegidas.
Especialmente após a regulamentação do SNUC, pelo decreto 4340/2002, iniciativas
vêm sendo realizadas pelos órgãos públicos e demais instituições envolvidas com a
gestão dessas áreas, em suas diferentes categorias, no sentido de dar materialidade
ao disposto na lei. Nesse âmbito, também se relatam dificuldades na efetivação e no
funcionamento dos conselhos, que vão desde a ambigüidade ou a omissão da lei,
referente a algumas categorias de UCs, à falta de procedimentos claramente
definidos, que impeçam a utilização desse instrumento como um espaço que apenas
referende interesses de grupos específicos, sem representar um local de construção
da cidadania, entendida como condição efetiva de participação, deliberação e
apropriação do que é socialmente produzido (LOUREIRO e CUNHA, 2008).
24
Para que haja a verdadeira sustentabilidade a que se propõe um projeto de
participação e desenvolvimento,
torna-se necessário um trabalho de ressignificação da riqueza e do
progresso no sentido de criar possibilidades para um viver coletivo mais
solidário numa sociedade integrada e integrante de um meio ambiente
saudável. Em outras palavras, de uma sociedade que se estruture e se
organize produzindo e reproduzindo suas riquezas materiais e valores
espirituais e sua população, de acordo com um novo paradigma a ser
construído coletivamente, qual seja, aquele da sustentabilidade
(TAMBELINI, 2009, p. 07).
Assim, é necessário repensar e discutir sobre tal "sustentabilidade", voltando
os olhares para a abrangência que compete aos projetos socialmente organizados,
evitando que haja uma diversidade de entendimento e reinterpretação.
2.4.1 Sustentabilidade na Organização
As ações de responsabilidade social alertam a sociedade para algumas
atitudes de empresas que não condizem com o social. Por exemplo, o meio
ambiente esquecido ou negligenciado reflete em baixa qualidade de vida para as
pessoas, o que gera ônus para com a comunidade. Esta por sua vez pode e deve
boicotar os produtos e serviços das empresas que prejudicam e destroem o meio
ambiente.
Então, a contribuição das organizações não está apenas em gerar empregos,
pagar impostos, cuidar do patrimônio e obter lucros. As exigências, quanto à adoção
de uma conduta ética por parte das empresas, estão se tornando cada vez mais
freqüentes.
É imprescindível que se tenha um comprometimento com o ser humano, com
a sociedade e com o meio ambiente realizando ações que levem o bem-estar à
comunidade, na qual elas estão presentes.
No novo contexto mundial, além da qualidade e do preço dos produtos e
serviços, que se tornaram condições básicas para a sustentabilidade das
organizações, faz-se necessário vislumbrar um diferencial formado a partir de um
conjunto
de
princípios
responsabilidade social.
e
práticas
administrativas
baseadas
na
ética
e
25
É visível que esses valores acabam por alterar, significativamente, as
relações das empresas com seus funcionários, fornecedores, consumidores,
comunidade, governos, meio ambiente, enfim, com toda a sociedade.
O diferencial entre as empresas será avaliado por um processo natural
imposto pelo consumidor. Exigente, a clientela não terá dificuldades para avaliar os
produtos e serviços das empresas que estiverem preocupadas com as questões
sociais. Essas preocupações é que motivam as organizações a implementarem
mudanças verdadeiras e profundas, nas quais a participação daquelas possa
oferecer propostas e soluções que busquem a promoção dos valores do ser humano
na sociedade.
Com a economia globalizada a empresa é forçada aprimorar continuamente o
nível de qualidade de seus meios patrimoniais (capital) e ter cuidado com o meio
ambiente natural, satisfazendo o consumidor cada vez mais exigente e consciente.
O cliente moderno observa e prefere a célula social que adota cuidado com o
entorno ecológico e social e adquire os produtos dessa organização. Ele prefere a
empresa que respeita o meio ambiente e contribui para a qualidade de vida da
comunidade. O aspecto ambiental natural é uma variável a ser considerada no
planejamento estratégico competitivo.
A sustentabilidade tornou-se uma preocupação não só dos estudiosos como
também dos empresários a nível mundial. O grande desafio é compatibilizar o
crescimento econômico com a preservação da natureza.
A sustentabilidade referida gera, pois, concomitantemente, fenômeno
patrimonial e do meio ambiente natural. Logo, sempre que houver fenômeno
patrimonial haverá mutação patrimonial e sempre que houver fenômeno ambiental
natural haverá mutação da natureza.
A organização comunitária tem um custo, seja temporal ou econômica, para
as pessoas envolvidas e, assim, não deve ser vista como algo que ocorra
frequentemente ou de forma continuada. De acordo com Barth e Brose (2001) para
que a mobilização social tenha efeitos prolongados é preciso que se passe da fase
de simples reivindicação para a fase de construção de propostas pela comunidade,
26
que devem ser apresentadas e negociadas com os representantes do setor publico,
da iniciativa privada e do terceiro setor.
Construir propostas significa identificar os problemas, descrevê-los, apontar
possíveis soluções e elaborar algum tipo de plano de ação e capacidade gerencial
para a sua implementação. Essas habilidades e conhecimentos muitas vezes faltam
em comunidades de baixa renda, mas podem ser aprendidas e exercitadas pela
autogestão de organizações comunitárias.
É necessário o fortalecimento da autogestão das organizações, sejam elas
urbanas ou rurais, no intuito de aprender as regras da democracia e do exercício da
cidadania para que isso possa fazer surgir as novas gerações de liderança. Para
tanto são necessários instrumentos, técnicas e procedimentos que operacionalizem
na prática do dia-a-dia (BARTH e BROSE, 2002).
27
3 DISCUSSÕES
A metodologia utilizada nesse estudo para identificar e reduzir a perda e
queima de propeno químico deve passar pelas seguintes etapas: 1) conhecimento
do produto e sua relação de queima com geração de CO 2; 2) conhecimento do
sistema de armazenamento; 3) entendimento do sistema de boil-off e suas
vulnerabilidades; 4) definição da sistemática para a redução de perdas; 5) avaliação,
controle e verificação da eficácia do projeto.
3.1 PRODUTO
Para o caso estudado o produto é o Propeno Químico: gás inflamável
utilizado para a fabricação do termoplástico Polipropileno e Acrilatos. O Propeno é
dividido em duas graduações de acordo com o seu grau de pureza, onde o Propeno
Polímero possui 99,5% e o Propeno Químico possui 93,0% de pureza, calculados
pelo grau de impureza do produto. O Propeno é da família dos hidrocarbonetos e
sua fórmula química é C3H6, seu número ONU é “UM 1077”, classe de risco 2.1 e
número de risco 23 – Gás Inflamável. A massa específica a 21ºC e 1 ATM é 1,762
kg/m3 e a pressão de vapor a 21ºC é 915,69 kPa, motivo pelo qual deve ser
armazenado em esfera ou vaso pressurizado e de preferência resfriado.
Considerando o cálculo estequiométrico para a queima do propeno químico
como sendo:
C3H6 + 4,5O2  3CO2 + 3H2O,
Tem-se que a queima de uma tonelada de propeno químico libera para o
meio ambiente aproximadamente 3,1 toneladas de CO2.
28
3.2 SISTEMA DE ARMAZENAMENTO
O sistema de armazenamento de propeno químico é composto por duas
esferas isoladas com poliuretano e alumínio a fim de evitar ganho de energia do
ambiente. A alimentação se dá pelo topo por uma tubulação também isolada de seis
polegadas e comprimento da unidade produtora até a esfera de aproximadamente
2,0 km.
A retirada do produto se dá pelo fundo da esfera e não impacta no resultado
do estudo.
Figura 1: Fluxograma do sistema de armazenamento e refrigeração de propeno
químico
29
3.3 UNIDADE DE REFRIGERAÇÃO
As variáveis descritas nessa etapa são pré-definidas conforme projeto e os
fundamentos da termodinâmica que regem as trocas de calor e de estado citadas
nessa instalação são supostos conhecidos.
A função dessa unidade é permitir a estocagem de propeno líquido e seu
vapor, na temperatura de saturação de -5ºC ou +6ºC nas pressões de 502 e 696 kPa
abs. respectivamente. Esse processo ocorre por meio da aspiração contínua dos
vapores formados nas esferas por penetração de calor através do isolamento
térmico ou por causa do envio de propeno menos resfriado das unidades produtoras.
Os vapores são comprimidos até uma pressão onde é possível a sua liquefação por
meio de cessão de calor para água de resfriamento e a partir daí re-expandido e
devolvido para as esferas de armazenamento.
Antes de ser aspirado pelo compressor, o vapor passa pelo vaso separador
de líquido a fim de separar eventuais gotículas de propeno que possam chegar à
unidade e causar golpes de líquido no compressor. Os vapores secos são
comprimidos pelo compressor em dois estágios com um vaso amortecedor entre
eles, em seguida é condensado em um trocador de calor com água e drenado para
um vaso de acumulação. Neste vaso, o nível é mantido constante por meio de uma
válvula de controle. Essa válvula expande o propeno até a pressão de 780 kPa abs.,
essa pressão diminuirá ao longo da tubulação até chegar nas esferas com a pressão
de 502 kPa abs. Na expansão que ocorre na válvula de controle ocorre um flashing
que continua na tubulação, fazendo com que o propeno abandone a unidade de
refrigeração com título de 20,5%, a +10ºC e chegue às esferas com título de 28,9%
a -5ºC.
3.4 AS PERDAS E O MÉTODO PARA A REDUÇÃO
As condições de projeto dos sistemas de armazenagem não vinham sendo
mantidas e com isso o sistema de refrigeração não poderia atender com eficiência
ao seu objetivo que era reliquefazer o propeno e consequentemente reduzir a
temperatura e pressão das esferas.
30
As opções para a solução desse problema seriam trazer as condições atuais
para as condições de projeto ou alterar a condição de operação da unidade de
refrigeração ou substituí-la.
Os custos e cálculos de retorno não serão mencionados nesse trabalho por
se tratar de um assunto complexo e extenso, podendo servir mais tarde como
escopo de uma dissertação de mestrado. Além do que o foco para esse trabalho foi
no ganho ambiental, onde o ganho econômico serviu como motivador para o projeto.
Mas para se ter a ordem de grandeza do comparativo de custos de voltar às
condições de projeto versus uma nova unidade de refrigeração, a variação ficou em
torno de seiscentos mil dólares contra sessenta mil dólares, ou seja, voltar às
condições de projeto era mais ou menos dez vezes mais barato.
Para diminuir os custos, a metodologia utilizou-se de mão de obra
especializada dentro do quadro de funcionários da própria empresa que opera e faz
manutenção no sistema de armazenagem e no sistema de refrigeração. A equipe foi
montada da seguinte forma:
Quadro 1: Equipe de Trabalho do Projeto
03
TÉCNICOS DE OPERAÇÃO
01
ENGENHEIRO DE PROCESSO
01
ENGENHEIRO MECÂNICO
01
ENGENHEIRO DE MANUTENÇÃO
01
TÉCNICO DE INSTRUMENTAÇÃO
01
OEPERADOR
01
ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO
01
ESPECIALISTA EM QUALIDADE E PRODUTIVIDADE
31
O sistema foi modelado em software de simulação e confirmado a
inadequação das variáveis de armazenagem. A equipe verificou que o maior impacto
estava nas condições de isolamento da tubulação que alimentava as esferas com
propeno oriundo da unidade e o condicionamento desse isolamento foi de fato o
maior custo inerente as ações de tratativa do problema.
Figura 2: Situação do Projeto
32
Figura 3: Situação Real
As perdas verificadas antes das ações levantadas nesse projeto estavam em
cerca de quatrocentos e trinta e cinco toneladas mensais de propeno, o equivalente
à emissão de aproximadamente mil trezentos e cinqüenta toneladas de CO 2 por mês
para atmosfera.
33
Figura 4: Perdas do Propeno antes do Projeto
34
A etapa seguinte foi de definição pela equipe com bases nos pesos dados por
cada especialidade a partir de uma matriz de esforço e impacto para as ações a
serem implantadas prioritariamente.
Figura 5: Pesos para a matriz de esforço e impacto
10 - 9 - 8 : Forte Correlação
Índice de Importância
7 - 6 - 5 - 4: Média Correlação
3 - 2 - 1: Baixa Correlação
0: Não há Correlação
10
X's do Processo
0
TOTAL
X1 Temperatura ambiente elevada
5,88
4,00
3,00
5,00
8,00
Sujeira nos compressores GB-1010X/SX (camisa
X2
de resfriamento)
7,67
8,00
7,00
8,00
10,00
X3 Baixa eficiência dos compressores GB-1010X/SX
7,33
8,00
4,00
8,00
X4 Indisponibilidade da GA-1414
7,57
8,00
7,00
X5 Instrumentos descalibrados (PI e TI)
4,00
4,00
8,50
Válvulas descalibradas [PSV-83366 e PSV-83369
X6
(esferas)]
Válvula descalibrada (PCV de sucção do
X7
compressor)
X8 Válvula descalibrada (PCV do condensador)
Isolamento térmico das linhas do sistema
X9
ineficiente
X10 Baixa eficiência do condensador EA-1029X
Baixa eficiência das torres de resfriamento EFX11
1001A/B
X12 Instrumentos de controle descalibrados
Integridade física dos internos da válvula LCVX13
83157X
Envio de propeno químico com teor de
X14
incondensáveis elevado
Temperatura de envio do propeno químico maior
X15
do que a temperatura de projeto
Vazão mássica para os compressores GBX16
1010X/SX acima das condições de projeto
Circulação elevada através da GA-1014 devido à
X17
parada de envio para cliente
Tratamento químico nas torres de resfriamento
X18
EF-1001A/B inadequado
Temperatura de armazenagem do produto fora
X19
das condições de projeto (-5 a +6°C)
Bloqueio indevido da válvula de purga das torres
X20
de resfriamento EF-1001A/B
Taxas de deposição e corrosão nas torres de
X21
resfriamento EF-1001A/B elevadas
Válvula calibrada com set abaixo da de projeto
X22
(PCV do condensador)
X23
Válvula calibrada com set abaixo da de projeto
(PSV-83366-FB-1022A e PSV-83369 - FB-1022B)
Operabilidade da válvula de expansão LCV83157X
Isolamento térmico das esferas FB-1022A/B
X25
ineficiente
X24
8,00
3,00
58,8 alto
8
7,00
6,00
76,7
2
10,00
9,00
5,00
73,3
7,00
9,00
8,00
6,00
8
3,00
3,00
5,00
5,00
4,00
75,7 alto
40,0 baixo
9,00
10,00
7,00
10,00
8,00
7,00
85,0
2
5,67
4,00
3,00
6,00
8,00
8,00
5,00
56,7
8,83
10,00
7,00
8,00
10,00
8,00
10,00
88,3 moderado
5
8,50
8,00
9,00
8,00
9,00
8,00
85,0
2
9,17
10,00
7,00
9,00
10,00
9,00
10,00
91,7 moderado
5
8,71
10,00
5,00
9,00
10,00
9,00
8,00
87,1
2
7,50
8,00
5,00
9,00
8,00
9,00
6,00
75,0 baixo
2
8,50
9,00
7,00
10,00
9,00
10,00
6,00
85,0
2
8,71
8,00
8,00
9,00
10,00
8,00
9,00
9,00
87,1
9,50
10,00
8,00
9,00
10,00
10,00
9,00
10,00
95,0
7,83
8,00
7,00
9,00
9,00
7,00
7,00
78,3
7,50
7,00
7,00
7,00
9,00
7,00
8,00
75,0
7,67
8,00
8,00
7,00
9,00
7,00
7,00
76,7
9,14
9,00
8,00
8,00
10,00
10,00
9,00
91,4
6,17
7,00
5,00
6,00
8,00
7,00
4,00
61,7
6,67
7,00
5,00
8,00
8,00
7,00
5,00
66,7
8,67
10,00
7,00
9,00
10,00
9,00
7,00
86,7
9,50
10,00
10,00
9,00
10,00
9,00
9,00
95,0
10,00
10,00
10,00
10,00
8,00
7,00
8,00
Esforço de
Eliminação da
Variável de Entrada
8,00
9,00
baixo
moderado
baixo
alto
baixo
baixo
baixo
alto
alto
alto
alto
baixo
alto
baixo
baixo
baixo
5
2
8
8
8
8
8
2
8
2
2
2
2
baixo
9,00
9,00
8,00
9,00
10,00
9,00
8,00
9,00
9,00
9,00
10,00
10,00
9,00
9,00
8,00
90,0
9,00
90,0
baixo
moderado*
2
5
35
A partir da correlação da matriz de esforço e impacto foi levantado os
quadrantes dos pontos que deveriam ser de ação prioritária.
Figura 6: Esforço X Impacto
Esforço
8
4
0
0,0
50,0
100,0
Impacto
Com a matriz plotada e comparada com os esforços foram levantados então o
plano de ação para cada envolvido no projeto.
36
Quadro 2 : Plano de ação definido a partir da matriz esforço X impacto
O QUE FAZER
Retrolavagem nas camisas
dos compressores
QUEM
Mecânica
Retorno do compressor um
para liberação do
compressor dois para
PORQUE
CUSTO
Garantir refrigeração nas
Custo fixo da
camisas
área
Sanar pendências do
Mecânica
compressor há tempo sem
manutenção
manutenção
Custo fixo da
área
Recompor isolamento da
linha do limite da área
produtora até a chegada nas
Operação/Caldeiraria
Garantir a eficiência do
isolamento térmico da linha
R$88.000,00
esferas
Limpeza da bacia das torres
de resfriamento
Desobstrução das linhas de
purga das torres
Operação/Caldeiraria
Custo fixo da
de resfriamento
área
Garantir controle de
Operação
corrosão no tratamento da
água de resfriamento
Substituição da válvula de
alívio do vaso de propeno
Garantir qualidade da água
Garantir abertura da válvula
Instrumentação
dentro das condições de
condensado para flare
projeto
Retornar com bomba do
Garantir que o propeno
sistema de circulação do
trocador de calor de propeno
Operação/Mecânica
da unidade produtora
Custo fixo da
área
Custo fixo da
área
chegue com menor
Custo fixo da
temperatura às esferas de
área
armazenamento.
Aumentar a dosagem de
dispersantes orgânicos e
inorgânicos na água de
Operação
Garantir a qualidade da
Custo fixo da
água de resfriamento
área
resfriamento
Cobrar andamento das
notas e ordens de serviços
dos equipamentos da
Garantir operação dos
Operação/Manutenção
condições de projeto
unidade de reliquefação
Verificar e retroalimentar o
check-list de ações
equipamentos dentro das
Todos
Garantir continuidade das
ações levantadas
Custo fixo da
área
N/A
37
3.5. VERIFICAÇÃO DA EFICÁCIA
A partir da implementação das ações definidas pela matriz esforço x impacto,
foram verificados os retornos das variáveis às condições de projeto e foram
computadas as perdas evitadas e a quantidade de CO2 deixada de ser lançada à
atmosfera.
Quadro 3: Ganhos econômicos e ambientais do projeto
Foi verificado um ganho médio mensal de oitocentos e vinte e um mil reais e
uma quantidade média de CO2 que deixou de ser lançada da atmosfera em torno de
mil cento e oitenta toneladas por mês.
38
Figura 7: Gráfico dos ganhos após a implantação das ações
Início de implantação
das ações
Perda de propeno para flare1.200.000
1.450
1.400
1.350
1.300
1.250
1.200
1.150
1.100
1.050
1.000
950
900
850
800
750
700
650
600
550
500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
1.000.000
800.000
t
600.000
400.000
200.000
0
dez/09 jan/10 f ev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10
jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 jan/11
Meses
Perdas (ton)
CO2 RETIDO
Perdas evitadas (R$)
39
CONCLUSÃO
Esta monografia visa aplicar os conceitos de redução de perdas em
processos industriais com ênfase às questões ambientais, tendo como elemento
motivador o ganho econômico e de imagem da empresa junto à comunidade e aos
órgãos governamentais.
Uma vez identificados os principais pontos críticos do processo de produção e
causas dos desperdícios de matéria-prima, é relevante para o melhoramento na
produção distinguir o que é importante que seja melhorado, a fim de identificar quais
questões devemos atacar com mais urgência e dedicar maiores esforços.
Para tanto, é relevante focar nas questões que impactam com mais força o
processo de perda de matérias-primas, uma vez que o objetivo de um sistema
industrial de qualquer natureza é a melhoria de sua performance frente à
concorrência, todo estudo que permita uma análise mais precisa dos processos de
sua cadeia de suprimento, visa a eliminação de fatores que contribuam para o baixo
desempenho da empresa.
Foi mostrado no estudo como que as preocupações com o meio ambiente nas
empresas podem resultar em ganhos econômicos. A queima de propeno químico é
uma perda de valor agregado ao produto e por isso foi escolhido esse caso para
demonstrar como que pequenos investimentos passam despercebidos dentro da
organização deixando de evitar grandes perdas ambientais e econômicas. “As
práticas inovadoras crescem por um certo tempo e depois param de crescer. Talvez
elas cessem de vez.
Talvez a iniciativa persista timidamente, como a religião de um pequeno grupo
de fanáticos” (SENGE ET AL, 1994). As alternativas discutidas levaram a equipe a
entender melhor o processo e o produto expandindo a visão que antes era
meramente operacional para uma visão mais ampla e estratégica no que diz respeito
ao controle de custos, indicador ambiental e imagem da empresa. “Obtenha os
dados se seu processo, transforme em dados estatísticos, resolva o problema
estatisticamente, transforme os resultados em dados de seu processo” (MARI,
40
1997). Foram discutidas alternativas de trocas de tecnologias e fornecedores de
equipamentos e comparado com as ações que poderiam ser tomadas dentro da
própria unidade para que esse custo fosse evitado e ainda assim as perdas do
processo deixassem de existir. Com isso foi possível reduzir significativamente a
emissão de CO2 para a atmosfera transformando essa redução em captura rentável
de produto com valor agregado no processo produtivo. O objetivo do trabalho de
reduzir em cinqüenta por cento a perda com pequeno investimento foi atingido,
mostrando o quão repensar os processos podem tornar as empresas mais
competitivas protegendo a sua imagem, gerando ganhos ambientais e econômicos.
41
REFERÊNCIAS
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 2.ed. Rio de Janeiro:Lúmen
Juris,1998.
FIORILLO, Celso Antonio Pacheco, RODRIGUES, Marcelo Abelha. Manual de
Direito Ambiental e Legislação Aplicável. São Paulo: Max Limonada, 1997.
QUINTAS, J.S (org). Pensando e praticando educação ambiental na gestão do
meio ambiente. Brasília: IBAMA, 2000.
MARI, Luca. The role of determination and assignment in measurement.
Measurement, v. 21, nº3, p. 79-90, 1997.
MANUAL DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DA INSTALAÇÃO FRIGORÍFICA
PARA RELIQUEFAÇÃO DE PROPENO – Sulzer – 30 páginas – 1991.
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997.
SENGE, P.M.; KLEINER, A.; ROBERTS, C.; ROSS, SMITH, B.J. The fifth
discipline fieldbook. New York: Currency Doubleday, 1994.
SITES CONSULTADOS:
Internet: http://www.bdt.org.br/ibama/flonas/about
Internet: http://www.iphan.gov.br/legislc/ambiental/ambiental.htm
Internet: http://www.jusnavegandi.com.br ( Solange Teles da Silva, Advogada,
doutoranda em direito ambiental, na Universidade)
http://www.braskem.com.br/upload/portal_braskem/pt/produtos_e_servicos/folha_da
dos/Propeno_port.pdf
42
Download

REDUÇÃO DE PERDAS EM UM SISTEMA DE ARMAZENAGEM DE