REDUÇÃO DE PERDAS EM UM SISTEMA DE ARMAZENAGEM DE PROPENO QUÍMICO ROBSON MOREIRA DE SOUZA REDUÇÃO DE PERDAS EM UM SISTEMA DE ARMAZENAGEM DE PROPENO QUÍMICO Monografia apresentada ao Programa de PósGraduação em Engenharia Industrial, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista em Engenharia Econômica, Estratégia e Redução de perdas na Indústria – CEPI. Orientador: Júlio Cesar Moreno Pires Salvador, 2011 ROBSON MOREIRA DE SOUZA REDUÇÃO DE PERDAS EM UM SISTEMA DE ARMAZENAGEM DE PROPENO QUÍMICO Monografia apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista em Engenharia Econômica, Estratégia e Redução de perdas na Indústria – CEPI. Monografia aprovada em 25 de agosto de 2011 ______________________________ Orientador: Júlio Cesar Moreno Pires Instituição: Universidade Federal de Santa Catarina Salvador, 2011 AGRADECIMENTOS A Deus, em primeiro lugar, por me guiar e colocar na minha vida essas pessoas que me ajudaram. À minha esposa D´Arc de Angelis, minhas filhas, Bárbara Luiza e Júlia de Angelis, pela paciência que tiveram e pelo apoio que me deram nos momentos de elaboração desse trabalho. À minha mãe Bárbara e meus irmãos Roberto e Rodrigo, pelo apoio e incentivo únicos de um laço familiar; Ao orientador e colega de trabalho Júlio Moreno, pela disponibilidade e satisfação em me ajudar na conclusão dessa monografia. Aos meus companheiros de trabalho da Braskem S/A que contribuíram para o meu desenvolvimento profissional e me deram todo apoio necessário para o bom desempenho desta atividade; Aos professores, colegas e profissionais do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Industrial - PEI por todo apoio durante todo o curso e pelos momentos de experiência compartilhada, sobretudo nos momentos de desafios e dificuldades. "Algo só é impossível até que alguém duvida e acaba provando o contrário” Albert Einstein SOUZA, Robson Moreira de. Redução de Perdas em um Sistema de Armazenagem de Propeno Químico. 44 f. il. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador. RESUMO O objetivo desse trabalho é propor alternativas para reduzir, com pouco investimento, em pelo menos 50% as perdas de propeno químico para flare, através do recondicionamento das variáveis do processo aos valores de projeto ou da alteração do projeto para atendimento aos novos valores das variáveis do processo, evitando perda econômica, reduzindo emanação de CO 2 e minimizando ocorrências com órgão ambiental e comunidades. Para aplicação da metodologia é necessário conhecer o produto, o sistema de armazenamento, o sistema de refrigeração e suas vulnerabilidades para uma posterior definição da sistemática para a redução de perdas que consiste no projeto com as seguintes etapas: a) coleta de dados para confirmação da quantidade queimada b) cálculo do custo estimado do investimento para retornar com os valores das variáveis de processo as condições de projeto c) cálculo do custo estimado do investimento para alterar as condições do projeto para os valores atuais das variáveis do processo d) comparação do esforço e impacto das duas alternativas avaliando a mais adequada e) elaboração do acompanhamento e controle após a implantação da alternativa indicada. Palavras chaves: Redução. Perdas. CO2. Propeno. SOUZA, Robson Moreira de. Redução de Perdas em um Sistema de Armazenagem de Propeno Químico. 44 f. il. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização) – Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador. ABSTRACT The aim of this paper is to propose alternatives to reduce, with little investment, by at least 50% of propylene chemical losses to flare through the reconditioning process variables to the values of design or design change to meet the new values of the variables the process to prevent economic loss by reducing emission of CO 2 and minimize occurrences with environmental agency and communities. For application of the methodology is necessary to know the product, the storage system, cooling system and its vulnerability to a further definition of the systematic reduction of losses that is the design with the following steps: a) data collection to confirm the amount burned b) calculating the estimated investment cost to return the values of variables of process design conditions c) calculating the estimated investment cost to change the conditions of the project to the current values of process variables d) comparison of the effort and impact of the two alternatives and evaluating the most appropriate) develop a monitoring and control after the implementation of the alternative indicated. Keywords: reduction, losses, CO2, propylene. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Fluxograma do sistema de armazenamento .............................................. 28 Figura 2: Situação do Projeto .................................................................................... 31 Figura 3: Situação Real ............................................................................................. 32 Figura 4: Perdas do Propeno antes do projeto .......................................................... 33 Figura 5: Pesos para a matriz de esforços e impacto ............................................... 34 Figura 6: Esforço X Impacto ...................................................................................... 35 Figura 7: Gráfico dos Ganhos ................................................................................... 38 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Equipe de Trabalho do Projeto ................................................................. 29 Quadro 2: Plano de Ação .......................................................................................... 36 Quadro 3: Ganhos Econômicos e ambientais do projeto .......................................... 37 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 11 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 13 2.1 O PROPENO 13 2.2 PERDAS E DESPERDÍCIOS NO PROCESSO PRODUTIVO 13 2.2.1 CUSTO NA NÃO QUALIDADE 15 2.3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA 16 2.3.1 FONTES DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA 17 2.3.2 AÇÕES SOBRE A QUALIDADE DO AR 19 2.4 SUSTENTABILIDADE 20 2.4.1 SUSTENTABILIDADE NA ORGANIZAÇÃO 24 3 DISCUSSÕES 27 3.1 PRODUTO 27 3.2 SISTEMA DE ARMAZENAMENTO 28 3.3 UNIDADE DE REFRIGERAÇÃO 29 3.4 AS PERDAS E O MÉTODO PARA A REDUÇÃO 29 3.5 VERIFICAÇÃO DE EFICÁCIA 37 CONCLUSÃO 39 REFERÊNCIAS 41 11 1 INTRODUÇÃO O avanço da conscientização da população e as crescentes advertências ambientais no que se refere às emissões de gases poluentes na atmosfera tornam cada vez mais necessário o estudo de prevenção e redução de perdas e liberação de CO2 em processos industriais. A redução de custo de produção, atrelado ao ganho ambiental e ao progresso tecnológico tem sido cada vez mais internalizados pelas empresas como uma questão de competitividade e perpetuidade. É nessa tendência que o objetivo deste trabalho de propor alternativas para redução de perdas em um sistema de armazenagem de propeno químico como pouco investimento visa convergir. O sistema de armazenagem de propeno químico foi escolhido por apresentar uma situação atual onde a temperatura do produto que circula pelo sistema de refrigeração está fora das condições de projeto, gerando aumento na pressão do sistema e consequente alívio de produto para flare, gerando perdas financeiras e impactando ambientalmente. Estima-se que a queima atual de propeno químico no flare da unidade estudada esteja gerando uma perda econômica de R$ 600.000,00/ano. Esta queima gera também uma elevação na emissão CO2 equivalente para atmosfera e aumenta o consumo de vapor na atomização da chama no flare. Ainda que se use o vapor a queima não é totalmente atomizada de forma que se torna obrigatório o envio de uma comunicação ao INEMA informando o motivo e o tempo em que houve violação colorimétrica. A comunidade também questiona caso seja atingida por fuligem. Neste primeiro capítulo buscou-se justificar a importância do trabalho proposto. O segundo capítulo apresenta uma revisão bibliográfica sobre os seguintes temas: breve referência ao propeno; perdas e desperdícios no processo produtivo; poluição atmosférica e sustentabilidade. 12 No terceiro capítulo são apresentados os dados de processo com informações sobre o produto, o sistema de armazenamento, o sistema de refrigeração e suas vulnerabilidades. São discutidas também as etapas da sistemática e apresentada a coleta de dados, os cálculo do custo estimado dos investimentos, a comparação do esforço e impacto das duas alternativas avaliando a mais adequada e a elaboração do acompanhamento e controle após a implantação da alternativa indicada. Em seguida é apresenta a conclusão do estudo. E por fim, são demonstradas as referências bibliográficas utilizadas para o desenvolvimento deste trabalho. 13 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 O PROPENO O propeno é um derivado petroquímico que é aproveitado como matériaprima fundamental na química fina e na produção de produtos e embalagens plásticas. Ele é extraído do petróleo, um recurso não-renovável, caro e com preços instáveis. (WILKIPÉDIA, 2011). O nome Propeno registrado pela IUPAC, pode também ser denomiando de propileno, um hidrocarboneto insaturado (alceno) de fórmula C3H6 , descrito usualmente como um gás incolor e altamente inflamável. Esse derivado é produzido durante o craqueamento do petróleo e na gaseificação do carvão. É reconhecido como uma das maiores matérias-primas da indústria petroquímica. Seu principal uso é para produção de polipropileno. É também utilizado como combustível em muitos processos industriais, por ter uma chama mais quente que a do propano (por produzir menor massa após combustão). O propeno é solúvel em álcool e éter. 2.2 PERDAS E DESPERDÍCIOS NO PROCESSO PRODUTIVO Todo processo produtivo possui inúmeros fluxos de trabalho, que se repetem diariamente. Esses fluxos de trabalho, repetitivos, configuram os processos da empresa, e a sua gestão geralmente é denominada de Gerenciamento de Rotina: um aglomerado de ações, verificações e decisões, dirigidas para que se consigam os resultados esperados. Quando o resultado alcançado é pior do que o resultado esperado, dizemos que temos um “problema”. Segundo Campos (1992, p. 54), problema é o “resultado indesejável de um trabalho”. 14 De acordo com JURAN (1992, 23), Problema é um desvio da característica de qualidade de seu nível ou estado pretendido, que ocorre com gravidade suficiente para fazer com que um produto associado não satisfaça às exigências de uso, normal ou razoavelmente previsível. Desse modo, o “tamanho do problema” (Juran, 1992), é a diferença entre o resultado atual e um valor desejado (meta). Neste sentido, quando não se consegue atingir uma determinada meta, deve-se identificar e solucionar o problema, para que se busque atingir a meta. Segundo Brinson (1996, p.80), Perdas e desperdícios são constituídos pelas atividades que não agregam valor e que resultam em gastos de tempo, dinheiro, e recursos sem lucro, além de adicionarem custos desnecessários aos produtos. As atividades que não acrescentam valor são as que podem ser suprimidas sem que ocorra degradação na performance da organização (custo, função, qualidade e valor agregado). Desse modo, para suprimir desperdícios, carece de considerar todas as atividades e tarefas executadas no contexto do processo e tentar abandonar aquelas que não adicionam valor para a produção, ao produto e ao cliente. Nesta mesma linha, Nakagawa (1993, p.19) atribui como desperdício, “todas as formas de custos que não adicionam qualquer valor ao produto, sob a ótica do consumidor”. Ele demonstra como exemplo o caso de fabricante de televisores que só agrega valor quando associa e prepara as partes necessárias para produzi-los. Qualquer coisa, além disso, configura-se como desperdício. Por esta definição, contar e estocar partes componentes, ou ainda alguma forma de inspeção, testes, transportes, preenchimento de controles internos, perdas no processo, atividades de reprocessamento e atendimento de garantias e outros seriam formas de desperdícios. 15 Bornia (1995, p. 65) afirma que, “os desperdícios não só não adicionam valor aos produtos como também são desnecessários ao trabalho efetivo, sendo que ocasionalmente até reduzem o valor destes produtos”. Enquadra-se nesta categoria à produção de itens defeituosos, a movimentação desnecessária, a inspeção de qualidade, capacidade ociosa, etc. Assim, poderiam englobar os custos e as despesas utilizados de forma não eficiente. Desperdício, no entender de Robles Júnior (1996, p.17), “é a perda a que a sociedade é submetida devido ao uso de recursos escassos”. Tais recursos precários vão desde material, mão-de-obra e energia perdidas, até a perda de horas de treinamento e aprendizado que a empresa e a sociedade perdem em consequência, por exemplo, de um acidente de trabalho. De acordo com Nakagawa (1993, p. 65), “os desperdícios nas empresas industriais, em média, correspondem a 20% das vendas, enquanto nas prestadoras de serviços chegam a alcançar 40% dos gastos operacionais”. A exclusão dos desperdícios está intimamente vinculada com a questão da Qualidade das empresas, que deve ser incentivada de forma total na organização, para que, por meio da redução dos desperdícios e dos custos decorrentes, a empresa possa gerar maiores recursos financeiros, que se transformarão em novos investimentos, garantindo a sua competitividade no mercado. 2.2.1 Custo na Não-Qualidade Para a compreensão do que são custos da qualidade, é faz-se necessários conhecer os conceitos das duas palavras que compõe a expressão: o de custos e o de qualidade. MARTINS (1992, p. 54) refere-se a custos como, Gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços, ou seja, o valor dos insumos usados na fabricação dos produtos da empresa. Salienta que o custo é também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como custo, no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços) para fabricação de um produto ou execução de um serviço. 16 A qualidade por sua vez, foi progredindo ao longo do tempo. E na atualidade ela é compreendida como a preocupação com o processo. Não somente o processo fabril, mas também com todos os processos que a empresa lança mão para atender e satisfazer os consumidores. Essa preocupação com todos os processos industriais e administrativos é conhecida como Total Quality. Para Montgomery e Paladini (1997, p. 63) A sobrevivência das empresas no mercado competitivo atual está diretamente ligada à produção de itens de qualidade a um baixo custo. Em uma sociedade em que os consumidores cada vez mais exigem qualidade nos produtos e serviços, há uma crescente preocupação nas empresas não só em manter, mas em incrementar seu desempenho no que diz respeito à qualidade e à produtividade. Os conceitos de custos da qualidade passaram a ser disseminados com o controle da qualidade que serviam como sustentáculos para as ações de avanços, esses custos também buscavam medir a qualidade das empresas. 2.3 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA A poluição atmosférica pode ser definida como, A introdução, direta ou indiretamente, pelo homem na atmosfera, de substâncias ou energias que ocasionem conseqüências prejudiciais, de natureza a colocar em perigo a saúde humana, a causar danos aos recursos biológicos e aos sistemas ecológicos, a ofender as convenções ou perturbar as outras utilizações legitimas do meio ambiente. (ANTUNES, 1998, p. 87). Este tipo de poluição está relacionada às condições topográficas, climáticas, meteorológicas, as quais podem determinar a vocação geoeconômica da região. Esta análise sistêmica é indispensável para se querer assegurar a qualidade ambiental do entorno, cuidando para não lhe embutir atividades produtivas em desacordo com suas características. 17 A poluição do ar é resultado da alteração das características físicas, químicas ou biológicas normais da atmosfera, que determinam danos para o ser humano, à fauna, à flora e aos materiais. Chegando a diminuir o uso da propriedade, afetando de forma negativa o bemestar da população. (FIORILLO, 1997, p. 54) Quando ocorrem alteração e degradação do ar, comprometendo-se os processos fotossintéticos, prejudica-se a vegetação terrestre e aquática, são agredidos os ciclos do nitrogênio (necessários para a existência da vida na terra, já que desses ciclos dependem inúmeros organismos e o crescimento e desenvolvimento de muitos vegetais), oxigênio e carbono, ocasionando mudanças climáticas, há uma diminuição de intensidade da luz; a água e o solo mostram-se afetados, prejudicando a saúde do homem e dos animais. Nos grandes centros, onde os efeitos se mostram sinistros, já se determinou que a poluição atmosférica contribui para o surgimento de rinite alérgica e deficiências visuais. Ela colabora também para o incremento da taxa de mortalidade pelo câncer e arteriosclerose. (MIRALE, 1997). Episódios agudos de poluição atmosférica variam constantemente, acarretando transtornos graves e provocando muitas mortes. A convivência humana tem que atentar para níveis suportáveis, obviamente com essa realidade do mundo moderno. Porém, determinadas medidas de ordenamento técnico e social devem ser incrementadas para minimizar os impactos negativos e suas seqüelas. Merecem destaque uma ampla tomada de consciência e o acesso a informação sobre o assunto. (ANTUNES, 1998). As alterações atmosféricas devem não apenas ser monitoradas, mas amplamente divulgadas no interesse da população. 2.3.1 Fontes da Poluição Atmosférica As fontes de poluição atmosférica podem ser estacionárias (fixas) ou móveis. Em relação as fontes fixas, as indústrias constituem as fontes de maior potencial poluidor deste tipo, ao lado das quais figuram as lavanderias, os hospitais e hotéis 18 entre outras. As fontes móveis de poluição são representadas pelos aviões, embarcações marinhas e veículos automotores, sendo que estes últimos correspondem a aproximadamente 90% da poluição atmosférica das grandes metrópoles. Alcançar uma qualidade do ar sadio pressupõe o controle das fontes de emissão de poluentes atmosféricos. (referência) A emissão de substâncias (gases e vapores) no estado sólido, líquido e gasoso, causando degeneração desfavorável do meio ambiente, decorrente de atividade humana, resulta em poluição atmosférica. Uma das principais causas da poluição atmosférica é proveneniente dos processos de obtenção de energia. O contrário da emissão é a imissão, que pode ser denominado como o resultado, o nível de contaminação das emissões produzidas pelos mais diferentes focos e agentes poluidores. Entretanto, há que se ter cuidado para não se considerar a soma das emissões, pois muitas vezes isso pode não retratar a realidade de contaminação, vez que em decorrência dos aspectos meteorológicos, pode haver uma maior ou menor concentração de poluentes na atmosfera. (ANTUNES, 1998). Os principais agentes poluidores são as indústrias e os transportes. As indústrias que mais contribuem para o processo de poluição atmosférica são as que envolvem processos de combustão. Também integram este grupo as refinarias de petróleo, que liberam sensíveis quantidades de óxido de enxofre e monóxidos de carbono, as indústrias de fundição, as fábricas de cimento, incineradoras, siderúrgicas, indústrias químicas, cerâmica e fertilizantes. No contexto urbano-industrial, a poluição atmosférica é causada pela ação antrópica mediante fontes estacionárias, entre as quais se encontram com elevado potencial poluidor as refinarias, as indústrias petroquímicas, siderúrgicas, de papel e celulose e de cimento. As fontes móveis são representadas pelos onipresentes veículos automotores. 19 Uma utilização legítima do meio ambiente pressupõe que o bem comum não seja degradado e que o poluidor assuma sua responsabilidade face ao dano que eventualmente causar. Ressalte-se que os poluentes lançados no ar provêm de múltiplas fontes que nem sempre são passíveis de identificação. Isto não significa que identificado um poluidor, este possa eximir-se de sua responsabilidade pelo simples fato de que as outras fontes poluentes não foram identificadas. A responsabilidade do poluidor é objetiva como dispõe o art. 14, §1º da Lei nº 6.938/81. 2.3.2 Ações sobre a qualidade do ar Uma intervenção sobre atividades poluidoras, com vistas a preservar ou recuperar a qualidade atmosférica enquanto para a qualidade ambiental, supõe um complexo de medidas. Cabem aqui alguns destaques para o monitoramento, os programas nacionais e a legislação pertinente. Monitoramento da qualidade do ar: o controle da poluição atmosférica, assim como o da qualidade do ar, não pode ser deixado para quando os problemas se avolumarem e agravarem. Medidas simples e eficazes podem ser adotadas com baixa demanda de tempo e recursos, como o monitoramento das áreas críticas de regiões metropolitanas e outros centros urbanos. Importa, igualmente, divulgar os índices e dados técnicos para esclarecer a sociedade sobre problemas de qualidade do ar e reforçar a consciência ecológica. Programas Nacionais: há dois programas nacionais específicos para a qualidade do ar, lançados por resoluções do Conama. Paralelamente há um programa energético alternativo, o Proálcool, que tem a ver com o problema. A localização das fontes industriais poluidoras é um fator preocupante, principalmente quando localizadas em grandes centros urbanos, ou próximos a eles, pois em tais locais costuma haver uma concentração elevada de poluentes. 20 O Decreto-Lei 1.413, de 14/08/1975, que dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais, determina em seu art.4º, ainda em vigor que nas áreas críticas de poluição, seja adotado esquema de zoneamento urbano. Posteriormente, a Lei 6.803, de 02/07/1980, estabeleceu as diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, de modo a compatibilizar as atividades industriais com a proteção ambiental, referindo-se expressamente, em seu art. 1º, ao art. 4º do referido Decreto-Lei. 2.4 SUSTENTABILIDADE Sustentabilidade pode ser definida como um modelo de desenvolvimento global que congrega os aspectos de desenvolvimento e preservação ambiental no modelo de desenvolvimento sócio-econômico. Por meio de diversos fatos acontecidos recentemente, fica muito claro que entre as relações homem-meio ambiente, não existe apenas um limite mínimo para o bem-estar da sociedade, existe também um limite para a utilização dos recursos naturais, de forma que a preservação e manutenção dos mesmos tornam-se indispensáveis para garantir um futuro da humanidade. Pode-se identificar três principais campos de atuação em desenvolvimento sustentável: Sustentabilidade Ambiental: Consiste na manutenção das funções e componentes do ecossistema, de modo sustentável. Sustentabilidade Econômica: Sustentabilidade econômica é a capacidade de produção, distribuição e utilização equitativa das riquezas produzidas pelo homem. Sustentabilidade Sócio-política: vai além dos limites econômico-sociais para atingir os mecanismos institucionais que compõem a nossa sociedade, afetando a sua mudança e desenvolvimento, por via do processo político. (QUINTAS, 2000). Sustentabilidade indica algo que é sustentável, adequado para se manter, se auto-renovar, e garantir sua estabilidade no tempo. É um atributo, uma característica, de processos e políticas que fazem em si as condições para sua autoreprodução. 21 Castels e Borja (citado por 1996, p. 21) concordam que, As experiências bem-sucedidas de desenvolvimento local (endógeno) decorrem, quase sempre, de um ambiente político e social favorável, expresso por uma mobilização, e, principalmente, de convergência importante dos atores sociais do município ou comunidade em torno de determinadas prioridades e orientações básicas de desenvolvimento. Representa, neste sentido, o resultado de uma vontade conjunta da sociedade que dá sustentação e viabilidade política a iniciativas e ações capazes de organizar as energias e promover a dinamização e transformação da realidade. O termo desenvolvimento sustentável abriga um conjunto de padrões para o uso dos recursos que objetivam considerar as necessidades humanas. Este termo foi ressaltado em 1987 no Relatório Brundtland da Organização das Nações Unidas onde foi definido que desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. O desenvolvimento sustentável deve abranger a sustentabilidade sobre os enfoques econômico, ambiental e sociopolítica. No núcleo da questão ambiental tudo que nos cerca precisa de cuidados especiais para que continue seu ciclo normal de existência. E os núcleos econômico e sóciopolítico só têm existência se for mantida a sustentabilidade ambiental. As duas últimas dependem da primeira (TORRESI, PARDINI e FERREIRA, 2009). O final do século XX foi marcado por intensa mobilização da humanidade na luta por direitos políticos, econômicos, éticos, ambientais e sociais. Essa mobilização crescente das pessoas e instituições na busca de caminhos alternativos para a construção de uma sociedade mais digna e mais justa trouxe, também, a consciência de que o direito à cidadania só será possível com a adoção de um novo padrão de comportamento que imponha o compromisso de todos. Nesse cenário, as organizações apresentam-se como atores sociais fundamentais para a concretização das mudanças exigidas. As empresas têm como desafio, transformar-se em empresas cidadãs, pró-ativas na busca de soluções para as demandas da sociedade, com ações sociais planejadas, vinculadas a projetos de médio e longo assistencialistas. prazo, ultrapassando iniciativas eventuais e meramente 22 Não depende apenas de uma única pessoa, empresa ou governo a conservação do meio ambiente. Esta deve estar inserida em uma política de desenvolvimento do país onde o meio ambiente seja um bem cuidado por todos os cidadãos que precisam estar permanentemente alertas para os perigos das ações por mais aparentemente inocentes que sejam, e que são realizadas no meio ambiente. São as ações sustentáveis simples como uso racional de água e energia elétrica, manipulação adequada do lixo, entre outras, que compõem os primeiros passos do cidadão para um processo de sustentabilidade eficaz que tende a ter resultados no todo. Os vários resultados explícitos pelo mundo onde se observam desequilíbrios ambientais ecológicos que incluem destruição de ecossistemas presentes no aquecimento global já atingem não só a saúde de todos, mas tem colocado em risco a própria possibilidade de manutenção da vida humana no planeta, onde a população experimenta um processo de crescimento de ampla gravidade, o que constitui em si mesmo um elemento de pressão por recursos econômicos e ambientais (TAMBELLINI, 2009). Neste conjunto de perdas coletivas, os custos sociais tem se elevado e exigido maior atenção nas questões de ordem política como: a falta de governabilidade, a instabilidade política, a mudança na natureza, a violência na cidade e no campo, enfim, a perda da capacidade para exercer as funções básicas de proteção dos cidadãos contra situações críticas de perda da vida e da dignidade humana (TAMBELLINI, 2009). Esta situação tem se agravado e se tornado visível dada as grandes desigualdades econômicas e sociais presentes, não só entre as diferentes classes sociais e seus estratos, mas também entre grupos étnicos, entre gêneros, entre regiões de um mesmo país e entre diferentes regiões geográficas e territoriais do mundo globalizado. Tais diferenças envolvem os direitos à saúde, ao trabalho, à habitação, à educação, a convivência saudável, à proteção e cuidados privilegiados a grupos de maior vulnerabilidade (como as crianças, os adolescentes e idosos), bem como também o direito à liberdade e a uma vida longa, digna e saudável (TAMBELLINI, 2009). 23 Os pesquisadores Loureiro e Cunha (2008) num estudo sobre Educação ambiental e gestão participativa de unidades de conservação, citando Quintas (2000, p. 17) ressaltam que: Um processo de mediação de interesses e conflitos entre atores sociais que agem sobre os meios físico-natural e construído [...] define e redefine, continuamente, o modo como os diferentes atores sociais, através de suas práticas, alteram a qualidade do meio ambiente e também como se distribuem os custos e os benefícios decorrentes da ação destes agentes. O artigo 225 da Constituição Federal atribui ao poder público e à coletividade o dever de defender e preservar o ambiente mantendo-o ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações. Esse fato reafirma a certeza de que o modo de apropriação dos bens naturais pela sociedade pode tanto beneficiá-lo com os seus cuidados como alterar as suas propriedades, provocar danos ou produzir riscos (QUINTAS, 2004). A proposta de educação no processo de gestão ambiental deve atuar nesse tensionamento buscando a garantir a participação, no processo decisório, dos grupos historicamente excluídos e em vulnerabilidade socioambiental. Em 2000, com a publicação da lei 9985/2000 que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), os conselhos foram incorporados como espaços de consulta ou deliberação nas Unidades de Conservação (UCs), formalizando uma instância de gestão participativa para essas áreas protegidas. Especialmente após a regulamentação do SNUC, pelo decreto 4340/2002, iniciativas vêm sendo realizadas pelos órgãos públicos e demais instituições envolvidas com a gestão dessas áreas, em suas diferentes categorias, no sentido de dar materialidade ao disposto na lei. Nesse âmbito, também se relatam dificuldades na efetivação e no funcionamento dos conselhos, que vão desde a ambigüidade ou a omissão da lei, referente a algumas categorias de UCs, à falta de procedimentos claramente definidos, que impeçam a utilização desse instrumento como um espaço que apenas referende interesses de grupos específicos, sem representar um local de construção da cidadania, entendida como condição efetiva de participação, deliberação e apropriação do que é socialmente produzido (LOUREIRO e CUNHA, 2008). 24 Para que haja a verdadeira sustentabilidade a que se propõe um projeto de participação e desenvolvimento, torna-se necessário um trabalho de ressignificação da riqueza e do progresso no sentido de criar possibilidades para um viver coletivo mais solidário numa sociedade integrada e integrante de um meio ambiente saudável. Em outras palavras, de uma sociedade que se estruture e se organize produzindo e reproduzindo suas riquezas materiais e valores espirituais e sua população, de acordo com um novo paradigma a ser construído coletivamente, qual seja, aquele da sustentabilidade (TAMBELINI, 2009, p. 07). Assim, é necessário repensar e discutir sobre tal "sustentabilidade", voltando os olhares para a abrangência que compete aos projetos socialmente organizados, evitando que haja uma diversidade de entendimento e reinterpretação. 2.4.1 Sustentabilidade na Organização As ações de responsabilidade social alertam a sociedade para algumas atitudes de empresas que não condizem com o social. Por exemplo, o meio ambiente esquecido ou negligenciado reflete em baixa qualidade de vida para as pessoas, o que gera ônus para com a comunidade. Esta por sua vez pode e deve boicotar os produtos e serviços das empresas que prejudicam e destroem o meio ambiente. Então, a contribuição das organizações não está apenas em gerar empregos, pagar impostos, cuidar do patrimônio e obter lucros. As exigências, quanto à adoção de uma conduta ética por parte das empresas, estão se tornando cada vez mais freqüentes. É imprescindível que se tenha um comprometimento com o ser humano, com a sociedade e com o meio ambiente realizando ações que levem o bem-estar à comunidade, na qual elas estão presentes. No novo contexto mundial, além da qualidade e do preço dos produtos e serviços, que se tornaram condições básicas para a sustentabilidade das organizações, faz-se necessário vislumbrar um diferencial formado a partir de um conjunto de princípios responsabilidade social. e práticas administrativas baseadas na ética e 25 É visível que esses valores acabam por alterar, significativamente, as relações das empresas com seus funcionários, fornecedores, consumidores, comunidade, governos, meio ambiente, enfim, com toda a sociedade. O diferencial entre as empresas será avaliado por um processo natural imposto pelo consumidor. Exigente, a clientela não terá dificuldades para avaliar os produtos e serviços das empresas que estiverem preocupadas com as questões sociais. Essas preocupações é que motivam as organizações a implementarem mudanças verdadeiras e profundas, nas quais a participação daquelas possa oferecer propostas e soluções que busquem a promoção dos valores do ser humano na sociedade. Com a economia globalizada a empresa é forçada aprimorar continuamente o nível de qualidade de seus meios patrimoniais (capital) e ter cuidado com o meio ambiente natural, satisfazendo o consumidor cada vez mais exigente e consciente. O cliente moderno observa e prefere a célula social que adota cuidado com o entorno ecológico e social e adquire os produtos dessa organização. Ele prefere a empresa que respeita o meio ambiente e contribui para a qualidade de vida da comunidade. O aspecto ambiental natural é uma variável a ser considerada no planejamento estratégico competitivo. A sustentabilidade tornou-se uma preocupação não só dos estudiosos como também dos empresários a nível mundial. O grande desafio é compatibilizar o crescimento econômico com a preservação da natureza. A sustentabilidade referida gera, pois, concomitantemente, fenômeno patrimonial e do meio ambiente natural. Logo, sempre que houver fenômeno patrimonial haverá mutação patrimonial e sempre que houver fenômeno ambiental natural haverá mutação da natureza. A organização comunitária tem um custo, seja temporal ou econômica, para as pessoas envolvidas e, assim, não deve ser vista como algo que ocorra frequentemente ou de forma continuada. De acordo com Barth e Brose (2001) para que a mobilização social tenha efeitos prolongados é preciso que se passe da fase de simples reivindicação para a fase de construção de propostas pela comunidade, 26 que devem ser apresentadas e negociadas com os representantes do setor publico, da iniciativa privada e do terceiro setor. Construir propostas significa identificar os problemas, descrevê-los, apontar possíveis soluções e elaborar algum tipo de plano de ação e capacidade gerencial para a sua implementação. Essas habilidades e conhecimentos muitas vezes faltam em comunidades de baixa renda, mas podem ser aprendidas e exercitadas pela autogestão de organizações comunitárias. É necessário o fortalecimento da autogestão das organizações, sejam elas urbanas ou rurais, no intuito de aprender as regras da democracia e do exercício da cidadania para que isso possa fazer surgir as novas gerações de liderança. Para tanto são necessários instrumentos, técnicas e procedimentos que operacionalizem na prática do dia-a-dia (BARTH e BROSE, 2002). 27 3 DISCUSSÕES A metodologia utilizada nesse estudo para identificar e reduzir a perda e queima de propeno químico deve passar pelas seguintes etapas: 1) conhecimento do produto e sua relação de queima com geração de CO 2; 2) conhecimento do sistema de armazenamento; 3) entendimento do sistema de boil-off e suas vulnerabilidades; 4) definição da sistemática para a redução de perdas; 5) avaliação, controle e verificação da eficácia do projeto. 3.1 PRODUTO Para o caso estudado o produto é o Propeno Químico: gás inflamável utilizado para a fabricação do termoplástico Polipropileno e Acrilatos. O Propeno é dividido em duas graduações de acordo com o seu grau de pureza, onde o Propeno Polímero possui 99,5% e o Propeno Químico possui 93,0% de pureza, calculados pelo grau de impureza do produto. O Propeno é da família dos hidrocarbonetos e sua fórmula química é C3H6, seu número ONU é “UM 1077”, classe de risco 2.1 e número de risco 23 – Gás Inflamável. A massa específica a 21ºC e 1 ATM é 1,762 kg/m3 e a pressão de vapor a 21ºC é 915,69 kPa, motivo pelo qual deve ser armazenado em esfera ou vaso pressurizado e de preferência resfriado. Considerando o cálculo estequiométrico para a queima do propeno químico como sendo: C3H6 + 4,5O2 3CO2 + 3H2O, Tem-se que a queima de uma tonelada de propeno químico libera para o meio ambiente aproximadamente 3,1 toneladas de CO2. 28 3.2 SISTEMA DE ARMAZENAMENTO O sistema de armazenamento de propeno químico é composto por duas esferas isoladas com poliuretano e alumínio a fim de evitar ganho de energia do ambiente. A alimentação se dá pelo topo por uma tubulação também isolada de seis polegadas e comprimento da unidade produtora até a esfera de aproximadamente 2,0 km. A retirada do produto se dá pelo fundo da esfera e não impacta no resultado do estudo. Figura 1: Fluxograma do sistema de armazenamento e refrigeração de propeno químico 29 3.3 UNIDADE DE REFRIGERAÇÃO As variáveis descritas nessa etapa são pré-definidas conforme projeto e os fundamentos da termodinâmica que regem as trocas de calor e de estado citadas nessa instalação são supostos conhecidos. A função dessa unidade é permitir a estocagem de propeno líquido e seu vapor, na temperatura de saturação de -5ºC ou +6ºC nas pressões de 502 e 696 kPa abs. respectivamente. Esse processo ocorre por meio da aspiração contínua dos vapores formados nas esferas por penetração de calor através do isolamento térmico ou por causa do envio de propeno menos resfriado das unidades produtoras. Os vapores são comprimidos até uma pressão onde é possível a sua liquefação por meio de cessão de calor para água de resfriamento e a partir daí re-expandido e devolvido para as esferas de armazenamento. Antes de ser aspirado pelo compressor, o vapor passa pelo vaso separador de líquido a fim de separar eventuais gotículas de propeno que possam chegar à unidade e causar golpes de líquido no compressor. Os vapores secos são comprimidos pelo compressor em dois estágios com um vaso amortecedor entre eles, em seguida é condensado em um trocador de calor com água e drenado para um vaso de acumulação. Neste vaso, o nível é mantido constante por meio de uma válvula de controle. Essa válvula expande o propeno até a pressão de 780 kPa abs., essa pressão diminuirá ao longo da tubulação até chegar nas esferas com a pressão de 502 kPa abs. Na expansão que ocorre na válvula de controle ocorre um flashing que continua na tubulação, fazendo com que o propeno abandone a unidade de refrigeração com título de 20,5%, a +10ºC e chegue às esferas com título de 28,9% a -5ºC. 3.4 AS PERDAS E O MÉTODO PARA A REDUÇÃO As condições de projeto dos sistemas de armazenagem não vinham sendo mantidas e com isso o sistema de refrigeração não poderia atender com eficiência ao seu objetivo que era reliquefazer o propeno e consequentemente reduzir a temperatura e pressão das esferas. 30 As opções para a solução desse problema seriam trazer as condições atuais para as condições de projeto ou alterar a condição de operação da unidade de refrigeração ou substituí-la. Os custos e cálculos de retorno não serão mencionados nesse trabalho por se tratar de um assunto complexo e extenso, podendo servir mais tarde como escopo de uma dissertação de mestrado. Além do que o foco para esse trabalho foi no ganho ambiental, onde o ganho econômico serviu como motivador para o projeto. Mas para se ter a ordem de grandeza do comparativo de custos de voltar às condições de projeto versus uma nova unidade de refrigeração, a variação ficou em torno de seiscentos mil dólares contra sessenta mil dólares, ou seja, voltar às condições de projeto era mais ou menos dez vezes mais barato. Para diminuir os custos, a metodologia utilizou-se de mão de obra especializada dentro do quadro de funcionários da própria empresa que opera e faz manutenção no sistema de armazenagem e no sistema de refrigeração. A equipe foi montada da seguinte forma: Quadro 1: Equipe de Trabalho do Projeto 03 TÉCNICOS DE OPERAÇÃO 01 ENGENHEIRO DE PROCESSO 01 ENGENHEIRO MECÂNICO 01 ENGENHEIRO DE MANUTENÇÃO 01 TÉCNICO DE INSTRUMENTAÇÃO 01 OEPERADOR 01 ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO 01 ESPECIALISTA EM QUALIDADE E PRODUTIVIDADE 31 O sistema foi modelado em software de simulação e confirmado a inadequação das variáveis de armazenagem. A equipe verificou que o maior impacto estava nas condições de isolamento da tubulação que alimentava as esferas com propeno oriundo da unidade e o condicionamento desse isolamento foi de fato o maior custo inerente as ações de tratativa do problema. Figura 2: Situação do Projeto 32 Figura 3: Situação Real As perdas verificadas antes das ações levantadas nesse projeto estavam em cerca de quatrocentos e trinta e cinco toneladas mensais de propeno, o equivalente à emissão de aproximadamente mil trezentos e cinqüenta toneladas de CO 2 por mês para atmosfera. 33 Figura 4: Perdas do Propeno antes do Projeto 34 A etapa seguinte foi de definição pela equipe com bases nos pesos dados por cada especialidade a partir de uma matriz de esforço e impacto para as ações a serem implantadas prioritariamente. Figura 5: Pesos para a matriz de esforço e impacto 10 - 9 - 8 : Forte Correlação Índice de Importância 7 - 6 - 5 - 4: Média Correlação 3 - 2 - 1: Baixa Correlação 0: Não há Correlação 10 X's do Processo 0 TOTAL X1 Temperatura ambiente elevada 5,88 4,00 3,00 5,00 8,00 Sujeira nos compressores GB-1010X/SX (camisa X2 de resfriamento) 7,67 8,00 7,00 8,00 10,00 X3 Baixa eficiência dos compressores GB-1010X/SX 7,33 8,00 4,00 8,00 X4 Indisponibilidade da GA-1414 7,57 8,00 7,00 X5 Instrumentos descalibrados (PI e TI) 4,00 4,00 8,50 Válvulas descalibradas [PSV-83366 e PSV-83369 X6 (esferas)] Válvula descalibrada (PCV de sucção do X7 compressor) X8 Válvula descalibrada (PCV do condensador) Isolamento térmico das linhas do sistema X9 ineficiente X10 Baixa eficiência do condensador EA-1029X Baixa eficiência das torres de resfriamento EFX11 1001A/B X12 Instrumentos de controle descalibrados Integridade física dos internos da válvula LCVX13 83157X Envio de propeno químico com teor de X14 incondensáveis elevado Temperatura de envio do propeno químico maior X15 do que a temperatura de projeto Vazão mássica para os compressores GBX16 1010X/SX acima das condições de projeto Circulação elevada através da GA-1014 devido à X17 parada de envio para cliente Tratamento químico nas torres de resfriamento X18 EF-1001A/B inadequado Temperatura de armazenagem do produto fora X19 das condições de projeto (-5 a +6°C) Bloqueio indevido da válvula de purga das torres X20 de resfriamento EF-1001A/B Taxas de deposição e corrosão nas torres de X21 resfriamento EF-1001A/B elevadas Válvula calibrada com set abaixo da de projeto X22 (PCV do condensador) X23 Válvula calibrada com set abaixo da de projeto (PSV-83366-FB-1022A e PSV-83369 - FB-1022B) Operabilidade da válvula de expansão LCV83157X Isolamento térmico das esferas FB-1022A/B X25 ineficiente X24 8,00 3,00 58,8 alto 8 7,00 6,00 76,7 2 10,00 9,00 5,00 73,3 7,00 9,00 8,00 6,00 8 3,00 3,00 5,00 5,00 4,00 75,7 alto 40,0 baixo 9,00 10,00 7,00 10,00 8,00 7,00 85,0 2 5,67 4,00 3,00 6,00 8,00 8,00 5,00 56,7 8,83 10,00 7,00 8,00 10,00 8,00 10,00 88,3 moderado 5 8,50 8,00 9,00 8,00 9,00 8,00 85,0 2 9,17 10,00 7,00 9,00 10,00 9,00 10,00 91,7 moderado 5 8,71 10,00 5,00 9,00 10,00 9,00 8,00 87,1 2 7,50 8,00 5,00 9,00 8,00 9,00 6,00 75,0 baixo 2 8,50 9,00 7,00 10,00 9,00 10,00 6,00 85,0 2 8,71 8,00 8,00 9,00 10,00 8,00 9,00 9,00 87,1 9,50 10,00 8,00 9,00 10,00 10,00 9,00 10,00 95,0 7,83 8,00 7,00 9,00 9,00 7,00 7,00 78,3 7,50 7,00 7,00 7,00 9,00 7,00 8,00 75,0 7,67 8,00 8,00 7,00 9,00 7,00 7,00 76,7 9,14 9,00 8,00 8,00 10,00 10,00 9,00 91,4 6,17 7,00 5,00 6,00 8,00 7,00 4,00 61,7 6,67 7,00 5,00 8,00 8,00 7,00 5,00 66,7 8,67 10,00 7,00 9,00 10,00 9,00 7,00 86,7 9,50 10,00 10,00 9,00 10,00 9,00 9,00 95,0 10,00 10,00 10,00 10,00 8,00 7,00 8,00 Esforço de Eliminação da Variável de Entrada 8,00 9,00 baixo moderado baixo alto baixo baixo baixo alto alto alto alto baixo alto baixo baixo baixo 5 2 8 8 8 8 8 2 8 2 2 2 2 baixo 9,00 9,00 8,00 9,00 10,00 9,00 8,00 9,00 9,00 9,00 10,00 10,00 9,00 9,00 8,00 90,0 9,00 90,0 baixo moderado* 2 5 35 A partir da correlação da matriz de esforço e impacto foi levantado os quadrantes dos pontos que deveriam ser de ação prioritária. Figura 6: Esforço X Impacto Esforço 8 4 0 0,0 50,0 100,0 Impacto Com a matriz plotada e comparada com os esforços foram levantados então o plano de ação para cada envolvido no projeto. 36 Quadro 2 : Plano de ação definido a partir da matriz esforço X impacto O QUE FAZER Retrolavagem nas camisas dos compressores QUEM Mecânica Retorno do compressor um para liberação do compressor dois para PORQUE CUSTO Garantir refrigeração nas Custo fixo da camisas área Sanar pendências do Mecânica compressor há tempo sem manutenção manutenção Custo fixo da área Recompor isolamento da linha do limite da área produtora até a chegada nas Operação/Caldeiraria Garantir a eficiência do isolamento térmico da linha R$88.000,00 esferas Limpeza da bacia das torres de resfriamento Desobstrução das linhas de purga das torres Operação/Caldeiraria Custo fixo da de resfriamento área Garantir controle de Operação corrosão no tratamento da água de resfriamento Substituição da válvula de alívio do vaso de propeno Garantir qualidade da água Garantir abertura da válvula Instrumentação dentro das condições de condensado para flare projeto Retornar com bomba do Garantir que o propeno sistema de circulação do trocador de calor de propeno Operação/Mecânica da unidade produtora Custo fixo da área Custo fixo da área chegue com menor Custo fixo da temperatura às esferas de área armazenamento. Aumentar a dosagem de dispersantes orgânicos e inorgânicos na água de Operação Garantir a qualidade da Custo fixo da água de resfriamento área resfriamento Cobrar andamento das notas e ordens de serviços dos equipamentos da Garantir operação dos Operação/Manutenção condições de projeto unidade de reliquefação Verificar e retroalimentar o check-list de ações equipamentos dentro das Todos Garantir continuidade das ações levantadas Custo fixo da área N/A 37 3.5. VERIFICAÇÃO DA EFICÁCIA A partir da implementação das ações definidas pela matriz esforço x impacto, foram verificados os retornos das variáveis às condições de projeto e foram computadas as perdas evitadas e a quantidade de CO2 deixada de ser lançada à atmosfera. Quadro 3: Ganhos econômicos e ambientais do projeto Foi verificado um ganho médio mensal de oitocentos e vinte e um mil reais e uma quantidade média de CO2 que deixou de ser lançada da atmosfera em torno de mil cento e oitenta toneladas por mês. 38 Figura 7: Gráfico dos ganhos após a implantação das ações Início de implantação das ações Perda de propeno para flare1.200.000 1.450 1.400 1.350 1.300 1.250 1.200 1.150 1.100 1.050 1.000 950 900 850 800 750 700 650 600 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 1.000.000 800.000 t 600.000 400.000 200.000 0 dez/09 jan/10 f ev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 ago/10 set/10 out/10 nov/10 dez/10 jan/11 Meses Perdas (ton) CO2 RETIDO Perdas evitadas (R$) 39 CONCLUSÃO Esta monografia visa aplicar os conceitos de redução de perdas em processos industriais com ênfase às questões ambientais, tendo como elemento motivador o ganho econômico e de imagem da empresa junto à comunidade e aos órgãos governamentais. Uma vez identificados os principais pontos críticos do processo de produção e causas dos desperdícios de matéria-prima, é relevante para o melhoramento na produção distinguir o que é importante que seja melhorado, a fim de identificar quais questões devemos atacar com mais urgência e dedicar maiores esforços. Para tanto, é relevante focar nas questões que impactam com mais força o processo de perda de matérias-primas, uma vez que o objetivo de um sistema industrial de qualquer natureza é a melhoria de sua performance frente à concorrência, todo estudo que permita uma análise mais precisa dos processos de sua cadeia de suprimento, visa a eliminação de fatores que contribuam para o baixo desempenho da empresa. Foi mostrado no estudo como que as preocupações com o meio ambiente nas empresas podem resultar em ganhos econômicos. A queima de propeno químico é uma perda de valor agregado ao produto e por isso foi escolhido esse caso para demonstrar como que pequenos investimentos passam despercebidos dentro da organização deixando de evitar grandes perdas ambientais e econômicas. “As práticas inovadoras crescem por um certo tempo e depois param de crescer. Talvez elas cessem de vez. Talvez a iniciativa persista timidamente, como a religião de um pequeno grupo de fanáticos” (SENGE ET AL, 1994). As alternativas discutidas levaram a equipe a entender melhor o processo e o produto expandindo a visão que antes era meramente operacional para uma visão mais ampla e estratégica no que diz respeito ao controle de custos, indicador ambiental e imagem da empresa. “Obtenha os dados se seu processo, transforme em dados estatísticos, resolva o problema estatisticamente, transforme os resultados em dados de seu processo” (MARI, 40 1997). Foram discutidas alternativas de trocas de tecnologias e fornecedores de equipamentos e comparado com as ações que poderiam ser tomadas dentro da própria unidade para que esse custo fosse evitado e ainda assim as perdas do processo deixassem de existir. Com isso foi possível reduzir significativamente a emissão de CO2 para a atmosfera transformando essa redução em captura rentável de produto com valor agregado no processo produtivo. O objetivo do trabalho de reduzir em cinqüenta por cento a perda com pequeno investimento foi atingido, mostrando o quão repensar os processos podem tornar as empresas mais competitivas protegendo a sua imagem, gerando ganhos ambientais e econômicos. 41 REFERÊNCIAS ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 2.ed. Rio de Janeiro:Lúmen Juris,1998. FIORILLO, Celso Antonio Pacheco, RODRIGUES, Marcelo Abelha. Manual de Direito Ambiental e Legislação Aplicável. São Paulo: Max Limonada, 1997. QUINTAS, J.S (org). Pensando e praticando educação ambiental na gestão do meio ambiente. Brasília: IBAMA, 2000. MARI, Luca. The role of determination and assignment in measurement. Measurement, v. 21, nº3, p. 79-90, 1997. MANUAL DE OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DA INSTALAÇÃO FRIGORÍFICA PARA RELIQUEFAÇÃO DE PROPENO – Sulzer – 30 páginas – 1991. MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. SENGE, P.M.; KLEINER, A.; ROBERTS, C.; ROSS, SMITH, B.J. The fifth discipline fieldbook. New York: Currency Doubleday, 1994. SITES CONSULTADOS: Internet: http://www.bdt.org.br/ibama/flonas/about Internet: http://www.iphan.gov.br/legislc/ambiental/ambiental.htm Internet: http://www.jusnavegandi.com.br ( Solange Teles da Silva, Advogada, doutoranda em direito ambiental, na Universidade) http://www.braskem.com.br/upload/portal_braskem/pt/produtos_e_servicos/folha_da dos/Propeno_port.pdf 42