Virgem: colheitas e plantios. Só depois é que vem a Balança A gente escolhe o que planta, colhe o que planta, e o que mais alguém planta. Parece óbvio, mas a verdade é que não podemos colher nada que antes não tenha sido plantado por alguém. Tenhamos ou não consciência do que plantamos, e que a todo instante estamos fazendo novas colheitas e plantios, o fato é que, numa democracia, época de eleição é época de escolha, e de colheita também. Colhemos o que escolhemos plantar, tanto individual como coletivamente. Portanto, temos escolha sim, porém, antes, porque depois, apenas nos resta arcar com as consequências da decisão do que escolhemos plantar ou não, pois também é uma escolha não plantar. Fico pensando no milho, que é um cereal que não brota espontaneamente, para florescer precisa ser cultivado pela mão do homem. Assim sendo, o primeiro milho, de onde veio, quem plantou? Isso nos remete àquele antigo axioma, que entre todos é o mais hermético, que nem os filósofos gregos souberam explicar: o quem vem primeiro, é ovo ou a galinha? Elementar, meu caro, elementar: vêm os dois! Com a democracia, fantasiada de vox populi junto vem a tirania. Com as eleições vem o abuso do poder que se perpetua na alternância dos que governam, dos que fazem e desfazem as leis. Era da transgenia. O voto transgênico, patenteado pelos grupos financeiros que apóiam os partidos políticos está substituindo o voto de verdade. Não tarda o dia em que o voto, como o milho transgênico, para ser pleiteado, terá que pagar royalties aos partidos, e a democracia se tornará uma nova espécie de ditadura: totalitarismo. As eleições testam a maturidade do povo, sua legítima emancipação, mas não a atestam. O voto obrigatório é um exemplo disso e não difere muito do voto de cabresto. Chamam essa espécie de escolha de governantes e legisladores a que todos estamos sujeitos, de pleito, como se isso legitimasse a emancipação do povo. Ledo engano. É como colocar diante de uma criança que não sabe ler, o santinho de Papai Noel barbudo em forma de Fada Madrinha, e pedir-lhe para escrever-lhes com um número, ou um X, uma cartinha com seus sonhos de consumo e depois colocar ali na caixinha mágica da urna eletrônica, para em seguida dizer-lhe que, após votar, todos os seus problemas serão solucionados. E a criança terá crescido então. Mas a criança só vai crescer mesmo quando descobrir que o Papai Noel barbudo e a Fada Madrinha não existem. Que a urna mágica é a caixa-preta de Pandora, que sequer permite a investigação da possibilidade de fraude computadorizada, com a vitória já programada previamente anunciada em todas as mídias pelos institutos de pesquisas, e que a solução dos seus problemas não depende da política, ou dos governantes, pelo contrário, na maioria das vezes, eles são os principais problemas, quando legislam e governam em causa própria, quando fazem acordos entre si e legitimam o crime por meio da postergação de sentenças, nos mais altos escalões e tribunais constituídos por eles mesmos, escamoteando o “p” de impunidade política ao se protegerem e se beneficiarem, a título de imunidade. É a velha prática de colocar o lobo na porta do galinheiro como se tudo fosse uma estratégia de marketing. Hoje o marketing político se tornou uma ferramenta de alta especificidade. As candidaturas e seus políticos são produtos photoshopiados que valem não apenas os milhões de reais que são declarados para a campanha, mas sim bilhões e bilhões, em possibilidades de negócios futuros com a máquina do Estado e com a coisa pública. Em suma, as escolhas que temos hoje, apenas denunciam a qualidade da plantação. Ou seja, não temos escolha! José Maria