ID: 37476038
15-09-2011 | Energias
Tiragem: 16310
Pág: XXVI
País: Portugal
Cores: Preto e Branco
Period.: Ocasional
Área: 26,63 x 34,56 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 1
A energia eólica ‘offshore’ de baixa profundidade
Henning Bagger/Scanpix/Reuters
é hoje uma realidade que está em fase de instalação
no Norte da Europa.
OPINIÃO
As oportunidades que vêm do mar
Cerca de 20% da energia eléctrica produzida em Portugal podia vir do mar. O potencial do País no que respeita
à produção de electricidade ‘offshore’ está quase todo por explorar, diz o presidente do Wavec – o Centro da Energia das Ondas.
O
que é a energia
renovável ‘offshore’
Das diversas formas
de energia renovável
associada ao oceano,
apenas em energia das
ondas e em energia eólica
‘offshore’ existem recursos nacionais
suficientemente elevados para poderem
contribuir de forma significativa para a energia
eléctrica que consumimos. A produção
de macroalgas para produzir biocombustíveis
merece também atenção.
Oportunidades ‘offshore’
Em Portugal estima-se que se possa produzir
cerca de 20% da energia eléctrica a partir
da energia das ondas. Este valor é superior
no caso da energia eólica em águas profundas.
O potencial da energia ‘offshore’ para Portugal
inclui também o desenvolvimento de produtos
e serviços inovadores com grande potencial
de exportação.
Estado da tecnologia
A energia eólica ‘offshore’ de baixa
profundidade (até cerca de 30 m) é hoje uma
realidade com milhares de MW instalados
ou em fase de instalação no Norte da Europa.
A energia eólica de altas profundidades, como
as assentes em plataformas flutuantes
e a energia das ondas, estão na fase
de demonstração de conceito no mar.
ANTÓNIO SARMENTO
Director do Wavec – Centro
da Energia das Ondas
Para desenvolver este
tipo de energia, há que
disponibilizar cabos
submarinos e respectiva
ligação à rede eléctrica
sem custos iniciais
avultados para
os projectos piloto.
Vantagens comparativas de Portugal
Além de boas condições naturais, Portugal
tem uma costa ocidental muito bem
infra-estruturada em termos de rede eléctrica,
portos e estaleiros navais. O País tem ainda
legislação específica para apoio à energia
das ondas (zona piloto, tarifa e metas
de incorporação no mix energético a nível
do PNAER), que poderá ser estendida à
energia eólica ‘offshore’ de alta profundidade,
instituições de ID&D experientes nestas áreas
e um conjunto de empresas com interesse e
capacidade tecnológica relevante. Os pontos
fracos de Portugal são essencialmente três:
inexistência de indústria ‘offshore’, capacidade
financeira limitada e alguma inexperiência
no desenvolvimento de processos
de inovação industrial.
Projectos de demonstração
tecnológica
Principais projectos desenvolvidos e os que se
encontram em fase de preparação:
1. Central de Energia das Ondas do Pico (400
kW): construída em 1999 com tecnologia nacional e um custo de cerca de quatro milhões
de euros. Em 2010 funcionou cerca de 1200
horas e produziu cerca de 50 MWh em regime
autónomo.
2. Teste do protótipo AWS (2 MW) na Aguçadoura em 2004 pelas empresas AWS B.V. e
Enersys.
3. Teste do parque de três unidades Pelamis
na Aguçadoura em 2008, pelas empresas Pelamis Wave Power e Enersis.
4 Teste a partir de Setembro de 2011 do protótipo de energia eólica ‘offshore’ flutuante
WindFloat (2 MW), pelas empresas Principle
Power, EDP e A. Silva Matos. Este projecto é
apoiado pelo FAI em três milhões de euros.
5. Teste do protótipo Waveroller (30 kW) em
Peniche desde 2007 pela empresa AW
Energy em parceira com a Eneólica com
apoio dum projecto financiado pelo 7º PQ com
ca. de três milhões de euros.
6. Teste do protótipo Wavebob pela empresa
Wavebob Ltd em parceria com a Generg, previsto para 2012, financiado pelo 7º PQ com ca.
de seis milhões de euros.
Iniciativas legislativas e políticas públicas
Para manter a posição de destaque do País
há que implementar as seguintes linhas de
desenvolvimento:
1. Caracterização do recurso ‘offshore’;
2. Definir as regras de acesso à zona piloto;
3. Clarificar e simplificar os processos de licenciamento;
4 Disponibilizar cabos submarinos e respectiva ligação à rede eléctrica sem custos iniciais
avultados para os projectos piloto;
5. Existência de mecanismos de subsidiação
para projectos piloto;
6. Abertura de subprogramas específicos no
QREN, FAI e FCT para projectos de energias
renováveis ‘offshore’. ■
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