II – São Paulo, 123 (11)
Diário Oficial Poder Executivo - Seção I
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Geraldo Alckmin - Governador
Volume 123 • Número 11 • São Paulo, quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
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Pesquisa realizada
no Pronto-Socorro de
Ubatuba constata que, de
cada mil casos de acidente,
um foi ocasionado por
animal aquático
Ao caminhar na areia para
atravessar praias, a recomendação
é não pisar em pedras e, se possível,
usar chinelo com sola antiderrapante. O ouriço-do-mar é recoberto
de espinhos e vive em colônias de
paredões rochosos ou em pequenas
lagoas que se formam nas marés de
terrenos pedregosos entre praias.
Quando pisados, os espinhos penetram profundamente na pele da
vítima. O acidentado deve ficar em
repouso e evitar pisar sobre a área
atingida. A orientação é procurar
atendimento hospitalar para extração dos espinhos, tarefa difícil já
que eles se fragmentam.
VIDAL HADDAD
Q
uem vai curtir as férias na praia
deve ficar atento a alguns cuidados
para evitar acidentes com animais
aquáticos. “Cinquenta por cento
das ocorrências com animais
marinhos são causadas por ouriço-do-mar. Seus espinhos ficam
encravados na pele e são retirados
demoradamente com agulhas
grossas, numa pequena cirurgia. O
acidente com ouriço-do-mar não
mata, mas machuca e dói bastante”, alerta Vidal Haddad Junior,
professor-adjunto de dermatologia da Faculdade de Medicina da
Unesp de Botucatu.
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O PERIGO QUE VEM DO MAR
Caravela: acidente é considerado grave
Ouriço-do-mar é responsável por 50% dos acidentes com animais marinhos
Caravela e água-viva – Ainda de
acordo com a pesquisa de doutorado do
professor, realizada em meados de 1999,
em Ubatuba, no Litoral Norte, a constatação é que os outros 25% dos acidentes marinhos ocorrem com água-viva e caravela,
trazidas à praia pela correnteza. Por ser da
cor do mar, a água-viva tem difícil identificação, já a caravela é vista facilmente porque se assemelha a um balão avermelhado
que flutua acima da linha d’ água.
Em caso de acidente com água-viva, a
pele fica marcada por linhas avermelhadas
e dolorosas, devido aos tentáculos do animal. A dor é instantânea e violenta. Deve-se
retirar os tentáculos sem usar as mãos nuas
e fazer compressas de água do mar gelada,
gelo artificial ou banhos com vinagre para
inativar o veneno. Não usar água doce porque piora o quadro.
O acidente com caravela é mais grave,
provoca dor intensa e pode causar problema
cardiorrespiratório, mas sua ocorrência é menos frequente porque o contato pode ser evitado. Esses animais têm capacidade de envenenamento até cerca de 24 horas fora da água.
Como a quantidade de água-viva e
caravela aumenta durante o verão, os acidentes nesse período também são superiores. A recomendação do professor Haddad
é evitar banhar-se em praias com casos
desse tipo de acidente.
peixes venenosos que répteis venenosos”,
adverte. Os peixes que mais provocam acidentes são pequenos bagres atirados na areia
e água rasa por pescadores amadores. O
veneno em seu ferrão continua ativado por
mais de 24 horas após a sua morte.
Deve-se tomar cuidado, também, com
arraias, que permanecem enterradas na areia
e podem provocar acidentes graves através de
ferrões em sua cauda. Acidentes por peixes
marinhos e fluviais causam dor e feridas na
pele. O desconforto é aliviado com imersão
de água quente (nunca quente demais) de 30
a 90 minutos no local afetado.
Veneno de peixe – Outros 25% de
acidentes ocorrem com peixes venenosos,
principalmente bagre e arraia. “Temos mais
Viviane Gomes
Da Agência Imprensa Oficial e da Assessoria de Imprensa
da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu
Um estudo inédito no Brasil
O professor Vidal Haddad foi médico
colaborador do Instituto Butantan e concluiu que não havia no Brasil estudos sobre
identificação, tratamento e prevenção de
acidentes por animais marinhos, por isso
realizou pesquisas em seu doutorado em
Ubatuba. Entre suas conclusões, constatou
que, no Pronto Socorro (PS) de Ubatuba, de
cada mil casos de acidente, um era ocasionado por animal aquático. “Parece pouco,
mas durante a temporada esse número é
expressivo”, conta.
Seu trabalho rendeu o projeto
Pescadores do Brasil: Educação por interatividade para melhoria das condições
de trabalho, da Faculdade de Medicina
da Unesp de Botucatu. A ideia principal
é orientar esses profissionais para reduzir o número de acidentes com animais
aquáticos.
A ação foi criada há doze anos e
é coordenada pelo professor Haddad.
Desde então, apoiou 60 comunidades brasileiras que usam a pesca como meio de
subsistência. Folhetos, cartilhas e outros
materiais educativos foram distribuídos a
pescadores de diferentes regiões do País.
Além disso, profissionais da pesca foram
visitados, entrevistados e fizeram exames
clínicos para apontar os principais animais marinhos causadores de acidentes
no seu dia a dia.
Prevenção a pescadores – “Chegamos a importantes conclusões sobre prevenção e tratamento de primeiros-socorros,
obtidas de maneira bilateral e que, realmente,
são utilizadas pelos pescadores. Cerca de um
ano após as atividades, a equipe retornou aos
locais e aferiu a incidência de acidentes, que
em todos os casos caiu sensivelmente”, explicou o dermatologista Haddad.
Cerca de um milhão de brasileiros
atuam na área pesqueira. O projeto apoia
pescadores de Santa Catarina, Paraná,
Pará, Ceará e São Paulo.
“As ocorrências por ferrões, dentes e
outras estruturas capazes de provocar ferimentos são acidentes de trabalho que podem
ser prevenidos. As lesões causadas são perfurações e lacerações, sempre com riscos elevados de infecções secundárias. Todas apresentam sinais e sintomas dermatológicos, o que
justifica a presença de nossa especialidade
nesse projeto”, completou Vidal.
SERVIÇO
Leia outras informações sobre prevenção de acidentes com animais marinhos e
primeiros socorros nos links: http://www.sbd-sc.org.br/noticia-detalhe.cfm?codigo=146,
http://www.sbd.org.br/down/ANIMAISmarinhosfolheto.pdf
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