VITÓRIA, ES, QUINTA-FEIRA, 05 DE JUNHO DE 2014 ATRIBUNA 3 Reportagem Especial MARCOS ROSETTI AS PROPOSTAS DE MUDANÇAS 6 Furto qualificado com uso de explosivo > PROIBIÇÃO da Anatel da habilitação de qualquer celular sem que o IMEI seja informado. > EXIGÊNCIA da instalação de sistema de bloqueio de celular nas novas unidades, além da determinação de um prazo para instalação nas unidades existentes, com financiamento pelo Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust). > O CRIME – como explosão de caixa eletrônico – necessita de pena maior do que a existente, que é a mesma pena de um furto realizado com uma chave falsa. 7 Receptação > AUMENTO das penas mínima e máxi- ma dos crimes de receptação e receptação qualificada. > RECEPTAÇÃO qualificada passa a ser crime hediondo. OPINIÃO (Hermínia Maria Silveira Azoury, desembargadora substituta) “Buscar mecanismos de coibir ações de criminosos dentro de unidades prisionais é essencial, mas isso soluciona um pequeno pedaço do 'iceberg'. A maior solução que devemos buscar é a ressocialização das pessoas.” FERNANDO RIBEIRO - 28/03/2014 OPINIÃO (Rivelino Amaral, advogado e professor de Direito Penal) “Não acredito que aumentar a pena venha solucionar a criminalidade, porém é preciso diferenciar bandido que cometeu o crime com emprego de uma chave falsa, daquele que comete um furto com explosão de caixa eletrônico. Isso inevitavelmente deve se dar pelo aumento da pena. Como o Código Penal é de 1940 e naquela época não existia nem caixa eletrônico, se faz necessária a evolução da legislação, que ainda é muito lenta”. “ ” OPINIÃO (Clovis Figueira, promotor de Justiça da Infância e da Juventude de Vila Velha) “A maioria dos casos em que alguém é apanhado com a coisa furtada ou roubada é o próprio autor, mas ele consegue se livrar com uma pena branda quando não se consegue a prova de que ele cometeu o furto ou o roubo.” 11 Ferros-velhos > REGULAMENTAÇÃO do setor para que não seja explorado com produtos ilegais. OPINIÃO (Sérgio Ricardo de Souza, presidente da Amages) “Com um controle maior dessa atividade, os furtos e roubos de carros serão reduzidos.” O agravamento da pena para o crime de receptação com certeza virá desestimular o furto e o roubo “ 12 Fronteiras > AUMENTO DO EFETIVO das Forças Armadas nas regiões de fronteira, da fiscalização da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Receita Federal, além da adoção de tecnologia e trabalho de inteligência nesses setores. ” OPINIÃO (Hermínia Maria Silveira Azoury, desembargadora substituta) “Esse reforço é importantíssimo. Mas não apenas isso, defendo também que haja um rodízio dessas equipes para que tenhamos ações mais eficazes”. 8 Dispensa de licitação > PARA EQUIPAMENTOS, bens e servi- ços quando há a possibilidade de comprometimento da segurança pública. OPINIÃO (Sérgio Ricardo de Souza, presidente da Amages) “Essa parte de licitação é delicada porque mexe com dinheiro público. Então, deve ser analisada com seriedade e com muito cuidado.” 13 Videoconferência 9 Contingenciamento OPINIÃO (Carlos Eduardo Ribeiro Lemos, juiz e professor de Direito Penal da FDV) “Já passou da hora de aderirmos a este meio tecnológico para oitivas de partes e testemunhas, pois é mais seguro, econômico e não traz prejuízo ao Direito Constitucional da ampla defesa, já que tudo será acompanhado por defensor.” > PASSA A SER REGRA para interroga- tórios de réus e ainda abre a possibilidade de que testemunhas e peritos sejam ouvidos da mesma forma. > FIM DA ADOÇÃO da prática para re- cursos das áreas prisionais e de segurança pública. OPINIÃO (Sérgio Ricardo de Souza, presidente da Amages) “A segurança é tão importante como a saúde e educação. Então devem ser a última opção a sofrer com esse contingenciamento.” 10 Celulares > REGULAMENTAÇÃO da Anatel para que a polícia possa pedir o bloqueio de IMEI (código de identificação de celular) de aparelhos roubados, furtados ou perdidos, desde que a vítima tenha registrado essa vontade em Boletim de Ocorrência (BO). FERNANDO RIBEIRO - 07/11/2012 JUSSARA MARTINS - 18/01/2011 O maior vilão dos que cumprem pena ainda é a ociosidade. As propostas deveriam visar solucionar o problema Questionar o procedimento de videoconferência é viver no passado. É ferramenta segura e econômica “ ” SECRETÁRIOS da Segurança de estados do Sudeste foram recebidos pelo presidente do Senado, Renan Calheiros COMBATE À CRIMINALIDADE Senado vai discutir as propostas mês que vem pós a reunião com os secretários da Segurança Pública, o presidente do Senado, Renan Calheiros, marcou para o dia 15 de julho uma sessão temática no Plenário. Na ocasião, os representantes dos estados irão falar sobre as medidas defendidas. Durante o encontro de ontem, secretários de São Paulo, Fernando Grella Vieira; do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame; de Minas Gerais, Rômulo de Carvalho Ferraz; e do Espírito Santo, André Garcia, entregaram a Calheiros um documento com as propostas para mudanças na legislação. Eles querem que parlamentares apresentem projetos de leis incorporando as reivindicações. “Vamos fazer a sessão temática e sair de lá já com propostas efetivas sobre o que votar no Plenário. Até lá, vamos trabalhar nessas sugestões”, garantiu Calheiros. Os parlamentares também discutiram com os secretários mecanismos de financiamento para a segurança pública. “Precisamos trazer à discussão o mecanismo de vinculação temporária para investirmos na segurança pública. Essa questão da garantia de financia- A mento para combater a criminalidade é essencial”, defendeu o presidente do Senado. O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves também garantiu que vai analisar as propostas e sugeriu a realização de uma comissão geral sobre o assunto – que será avaliada. TRAMITAÇÃO Embora os presidentes das casas tenham afirmado que irão analisar as propostas, o período de apresentação das medidas não foi considerado o melhor em função do recesso parlamentar que começa em julho, da Copa do Mundo, e eleição em outubro. Otimista, o secretário André Garcia acredita que as propostas poderão ser votadas ainda neste ano. “A preocupação é que alguns indicadores não caem na medida e na proporção que investimentos são feitos. Nosso Estado e todos do Sudeste têm apontado resultados melhores, como redução de homicídios. Mas essas reduções poderiam ser bem maiores se não tivéssemos os entraves que a legislação aponta.” Já o presidente da Associação dos Magistrados do Estado, Sérgio Ricardo de Souza, tem dúvidas sobre a votação neste ano. “Acho que isso irá se arrastar porque nossos congressistas, com poucas exceções, não estão preocupados com questões sociais.” AGÊNCIA CÂMARA NA CÂMARA, o presidente Henrique Eduardo Alves recebeu os secretários para discutir penas mais duras contra criminosos Bancada capixaba apoia iniciativa A bancada capixaba apoiou as propostas apresentadas pelos secretários da Segurança. O deputado Lelo Coimbra afirmou que qualquer iniciativa conjunta que vise enfrentar os problemas da área são sempre bem-vindas. A deputada Rose de Freitas também elogiou o conjunto de propostas. Ela, no entanto, acha que o momento de apresentação deveria ter sido o início do ano, em função da realização de jogos da Copa do Mundo e eleições deste ano. O Congresso para nesses períodos. Jorge Silva disse que são positivas as mudanças propostas porque partem de pessoas que têm experiência no trato da violência. “Acho que isso não tem um remédio só. Acho que tem que ter participação da União, estados, municípios e a sociedade civil organizada para que a gente possa fazer investimentos e mudar esse perfil de alta violência que impera no País”, disse o deputado. Outro parlamentar, Camilo Co- la, acha que o controle da violência depende da sociedade, da família, de educação e que é uma questão cultural. Elogiou a iniciativa e disse que o Congresso deve debatelas e estudá-las. “Os pais têm de ter os seus filhos sob um controle de afetividade, não deixá-los à vontade saindo fora de hora e perdendo as provas de colégio. O Congresso estuda as propostas e o Plenário depura o que é melhor para ser aprovado.”, destacou.