REPRODUÇÃO ANIMAL EM
SUINOCULTURA
Suinocultura II – Profa. Lilian Kratz
Semestre 2015/2
Unipampa Campus Dom Pedrito
Aspectos sobre a reprodução dos suínos
Maturidade sexual
5 - 6 meses
Aptidão reprodutiva
6 - 7 meses
Ciclo estral da fêmea
poliéstrica anual
Duração do ciclo estral
20-21 dias
Duração do cio
3-4 dias
Duração da fase fértil
48 -56 horas
Óvulos liberados por cio
15-25
Local de ejaculação
intra-uterino
Gestação
± 114 dias
Cio pós-desmame
3-10 dias
Pico reprodutivo
4º-5º parto
FATORES QUE AFETAM A PUBERDADE:
1. Consanguinidade: atrasa a maturidade em várias semanas.
2. Cruzamentos: animais cruzados são + precoces (11 dias +
cedo)
3. Raças: raças menores apresentam puberdade + cedo
4. Sexo: as fêmeas de todas as espécies são + precoces
5. Nutrição: ração deficiente em Energia e Prot, assim como o
acúmulo de gordura abdominal, atrasam a puberdade.
6. Fatores de Manejo:
FATORES DE MANEJO QUE AFETAM A PUBERDADE:
6.1. Proximidade e/ou presença do Macho:
- A partir de 165 dias de idade: estimula o aparecimento do cio,
reduzindo a idade à puberdade.
- Alternância de machos é melhor
- estímulo auditivo COM ou SEM contato visual de um macho
castrado já pode reduzir a idade à puberdade qdo comparado
com fêmeas sem contato algum
Sabe-se que o chamado “efeito macho” é reflexo da junção de componentes
olfativos, táteis, visuais e auditivos.
Existe também na urina
O mecanismo pelo qual o estímulo olfativo interfere no “status” endócrino
da fêmea passa pelos ferormônios encontrados principalmente na saliva
dos machos.
5α-androstenona e o 3α-androstenol, são produzidos pelas glândulas
salivares sub-maxilares em resposta à excitação sexual do macho.
A produção de ferormônio aumenta com a idade, a partir da puberdade do
macho (5-6 meses), atingindo níveis altos ao redor dos 10 meses de idade
Efeito da Idade do Macho em estimular a puberdade em leitoas:
Sem Macho
Intervalo (dias) entre exposição Idade à puberdade (dias)
e puberdade
39
203
Macho com 6 meses
42
206
Macho com 11 meses
18
182
Macho com 24 meses
19
182
Fonte: Kirkwood,R.N (1992), adaptado de Kirkwood&Hughes(1981)
Princípios básicos do “efeito macho” em recomendações práticas de
manejo para a indução da puberdade em leitoas :
➨ Utilize somente machos com idade superior a 10-11 meses
➨ Faça rotação de machos. Procure dispor de um grupo de machos
(normalmente 2 a 3 animais, dependendo do número de leitoas trabalhadas)
aptos a desempenhar este trabalho, com ótima libido
➨ Adote a estimulação das leitoas com os machos 2x ao dia.
* Há evidências de que um contato diário de cerca de 15 min é
suficiente, mas o manejo 2x/dia “encaixa” na rotina de detecção de cio da
granja e permite a identificação precoce daquelas leitoas de cio muito
curto.
➨ Inicie a estimulação quando leitoas atingirem uma idade próxima a 150160 dias. Leitoas muito precoces apresentam respostas inconsistentes e
pobre sincronização.
➨ Trabalhe com grupos pequenos de leitoas. O ideal é entre 6 e 10
leitoas/baia, facilitando o manejo e permitindo contato eficiente do macho
com cada uma das leitoas pré-púberes.
➨ Procure conciliar o manejo de estimulação com a transferência de baias
ou reagrupamento das leitoas. O estresse associado a esses manejos
podem contribuir, tornando a leitoa mais responsiva aos estímulos
desencadeados pelo “efeito macho”.
6.2. Sociabilidade:
Marrãs em grupo podem reduzir a idade à puberdade quando
comparadas às fêmeas sozinhas.
1 marrã/ baia
30 marrãs/baia
Idade no primeiro cio
222 dias
207 dias
Peso ao primeiro cio
108 kg
108 kg
6.3. Estresse moderado:
Mudança de baia ou transporte para outra granja também induz o
aparecimento do cio.
Cerca de 25% das marrãs entram em cio após 4 – 6 dias do transporte
Por quê buscar a antecipação da idade à puberdade nas leitoas ?
❶ Para identificarmos mais prontamente o histórico de ciclo estral de cada
leitoa, facilitando os manejos de sincronização do estro;
❷ Para permitirmos que fêmeas tardias e/ou que estarão em anestro sejam
mais rapidamente descartadas do plantel, reduzindo o desperdício e os DNP;
❸ Para, antecipando o primeiro estro, aumentarmos o percentual de leitoas
cobertas já ao terceiro estro (ou mais) sem para isso estarem em idade
excessiva, permitindo maior desenvolvimento do trato genital e chances de
melhores desempenhos reprodutivos.
❹ Para identificarmos precocemente as leitoas que apresentam cios muito
curtos (<24 hs) e associarmos à elas a necessidade de atenção e
diferenciação no manejo de IA;
❺ Para evitarmos que muitas leitoas atinjam o peso de mercado (±100 Kg)
antes de chegarem à puberdade.
* Com a evolução genética, são comuns fêmeas que cheguem a esse peso
antes de atingirem a puberdade, principalmente se não forem bem
estimuladas ou induzidas.
PADRÕES DE REFERÊNCIA NA REPRODUÇÃO DE SUÍNOS:
ESCOLHA DE UM REPRODUTOR ANIMAL
1. Padrão racial
Características raciais devem obedecer aos padrões de
cada raça, pois a sua uniformidade fenotípica facilita a
preservação e possibilita a manutenção da pureza racial.
Há necessidade de se avaliar, juntamente com as
características raciais, as características reprodutivas
2. Temperamento
Intranqüilidade, apatia, sonolência, além de
temperamento bravio, são fatores negativos, que
podem comprometer o comportamento na monta,
representando, portanto, um prognóstico
desfavorável.
3. Masculinidade
Característica que depende da testosterona.
Incluem-se o maior desenvolvimento muscular, o
desenvolvimento dos órgãos reprodutivos, o
comportamento sexual típico de macho e a libido.
4. Estado corporal
O reprodutor não deve ser gordo demais, porque
prejudica o ato de monta, podendo ocorrer, também,
distúrbios na espermatogênese devido a rações mal
balanceadas.
ESCORE CORPORAL EM FÊMEAS SUÍNAS
5. Conformação
-O reprodutor deve apresentar boa conformação, tamanho
corporal de acordo com a raça, normalidade dos testículos.
- O crescimento do esqueleto é influenciado pela testosterona
ao nível das epífises, fenômeno que se observa pela
diferença de animais castrados e inteiros
Animais com defeitos de conformação esquelética, como cifoses,
lordoses e escolioses, devem ser evitados.
Os defeitos de conformação nos jovens podem passar despercebidos no
exame dos reprodutores, podendo agravar-se com a idade e
comprometer o potencial reprodutivo, quando em MN
6. Aprumos
- Alterações nos membros e cascos, principalmente nos
posteriores, podem ser causa de baixa capacidade reprodutiva
de um animal em MN.
- O reprodutor deve ser examinado parado, andando e no ato
da monta, a fim de se diagnosticar as possíveis alterações de
aprumos.
A manqueira prejudica, devido à dor, a detecção do cio, o ato da
monta, e, mesmo, a cópula, comprometendo a taxa de fertilidade
NORMAIS: Cascos com tamanhos
semelhantes oferecendo a mesma
área de apoio.
Assimetria de cascos oferece áreas
de apoio diferentes podendo causar
sobrecarga em um dos cascos.
Lesão hemorrágica na almofada plantar
causado pela sobrecarga em um dos
cascos na assimetria de cascos.
Também é possível observar (a esquerda)
rachadura profunda entre a muralha e
almofada plantar.
Rachadura superficial na parte posterior
da muralha do casco.
Rachadura profunda na região
média da muralha do casco.
Rachaduras profundas na muralha
do casco.
Lesão na coroa do casco e pele
adjacente.
Crescimento exagerado dos
cascos devido a falta de cuidados.
Desenvolvimento testicular: está altamente correlacionado com o
volume seminal e as características espermáticas dos reprodutores.
Em reprodutores suínos jovens, as medidas dos
testículos e seu volume são correlacionadas
positivamente com o peso testicular e a atividade
espermatogênica e inclusive com as concentrações
séricas de testosterona
Formas e anormalidades da bolsa escrotal e testículos
As dimensões dos testículos e epidídimos têm
grande correlação com a idade, desenvolvimento
e peso corporal
AVALIAÇÃO DOS ESPERMATOZÓIDES
 Motilidade (mín. 70%)
 Morfologia (% de alterações na cabeça, corpo e cauda, no máx.
20%)
 concentrações de espermatozóides no ejaculado
Integridade da membrana
 Integridade da cromatina
 Acrossoma
Capacidade de fecundação
ANÁLISE DOS ESPERMATOZÓIDES
Cauda Enrolada
· Choque térmico
· Choque osmótico
· Alteração do pH
· Substancia espermicida
· Alta TºC
· Estado febril do animal
Problemas com desenvolvimento
· Movimento lento
· infértil
Aglutinação
· Alta TºC
· Manejo inadequado do ejaculado
· Problemas do macho (armazenamento)
· Alta concentração
A performance reprodutiva ideal de uma matriz (fêmea):
114d de gestação + 21d lactação + 5d para retorno ao cio = 140 dias.
365dias (ano) ÷ 140 dias (ciclo reprodutivo) = 2.6 partos/ano.
Considerando:
Taxa ovulação média de uma matriz = 20 óvulos.
Perdas embrionárias e fetais = 30% de óvulos.
No máximo 5% de incidência de leitões natimortos.
No máximo 6% de mortalidade na maternidade.
Fêmeas suínas: multíparas, podem ciclar em
qualquer época do ano quando não estão em
gestação ou lactação, sendo poliéstricas anuais.
As matrizes possuem a vagina mais estreita que as demais espécies
(cerca de 12 cm), com tecido conjuntivo denso e rico em fibras.
Durante a cópula, o formato do pênis se adapta ao formato da cérvix.
COBRIÇÃO DE LEITOAS NO PRIMEIRO CIO:
-No pequeno de leitões ao nascimento
- Atraso no aparecimento do próximo cio, devido ao baixo PC
3 condições são necessárias para uma cobertura bem
sucedida:
1. Maturidade sexual (3o cio)
2. Idade (+- 8 meses)
3. Desenvolvimento corporal (110-120 kg)
Importância do macho reprodutor
O macho representa 50% do material genético do plantel de
produção e serve +- 20 fêmeas na MN
Os reprodutores machos devem ser repostos a uma taxa nunca inferior a
50% ao ano, o que equivale a utilizar os machos na reprodução por um
período máximo de 2 anos.
O produtor deve adquirir um novo macho com idade aproximada
de 5 meses, no mínimo 3 meses de antecedência à previsão de uso
no rebanho.
Início da reprodução com o macho:
1. Deve iniciar sua vida reprodutiva com no mín. 7 meses de idade;
2. Mesmo que o macho tenha idade suficiente para a reprodução, não deve
ser utilizado nas 4 primeiras semanas após a introdução no rebanho;
3. Manter o macho em baia ao lado de baias de fêmeas, de maneira a
permitir o contato constante com elas;
4. Para a realização da 1a monta, utilizar uma fêmea que tenha
aproximadamente o mesmo tamanho do macho e que fique imóvel na
sua presença;
Dos 7 aos 9 meses de idade, recomenda-se que o macho realize a
cobrição de apenas uma fêmea/ semana.
Após os 9 meses de idade, pode-se intensificar o uso do macho,
porém nunca ultrapassando 10 cobrições em 14 dias (servir 5 fêmeas
em duas semanas com 2 cobrições cada).
A relação M:F no plantel deve ser de 1:20. (MN)
 É importante manter uma proporção mais ou menos equivalente de
machos adultos e jovens, a fim de poder servir sem problemas fêmeas
de todas as idades.
A composição do sêmen do suíno divide-se em 3 porções:
1. Pré-espermática
Constituída por secreções da próstata, vesicular seminais e alguns
grumos gelatinosos, representando um volume de aproximadamente
de 10 a 25 mL
2. Intermediária ou espermática
Rica em espermatozóides e secreções da próstata e vesículas
seminais; tem uma coloração esbranquiçada leitosa; seu volume é
aproximadamente, de 30 a 100 mL.
3. Pós-espermática
- pobre em espermatozóides;
- constituída por um material gelatinoso, que forma o chamado
tampão vaginal;
- Esse tampão impede o refluxo de sêmen através do canal genital
das porcas quando da ejaculação.
ESPERMATOZÓIDE DO SUÍNO
O tempo de formação do espermatozóide é de 48 dias, sendo que a
duração da fase testicular é de 38 dias e a passagem pelo epidídimo
de 10 dias
Sobrevivência do espermatozóide no trato genital da fêmea : 25 a
42 h (até 70h)
Os espermatozóides levam aproximadamente 2 horas para
alcançarem a zona pelúcida dos óvulos (poder de capacitação é
de 2 horas).
Valores médios dos componentes do ejaculado
(mg/100mL)
Características dos componentes do ejaculado de Suínos
Volume do ejaculado (mL).................................... 150-200
Concentração Espermática (milhão/mL)…........... 200-300
Espermatozóides por ejaculado (bilhão)............... 30-60
Espermatozóides móveis (%)................................. 50-80
Espermatozóides morfologicamente normais (%).. 70-90
Proteína.................................................................. 3,7
pH........................................................................... 7,3-7,8
A
produção
espermática
e
o
total
da
reserva
de
espermatozóides estão diretamente relacionados às dimensões
testiculares (testículos maiores estão correlacionados com
concentrações espermáticas elevadas)
A
produção
espermática
24milhões/dia/g de testículo
média
está
em
torno
de
A formação dos espermatozóides nos testículos já inicia no 3o
mês de vida, quando o animal começa a apresentar libido ou
apetite sexual.
Entretanto, a maturidade sexual ocorre somente entre o 6º e 7º
mês de vida, quando o cachaço inicia potencialmente a
espermatogênese, apresentando um ejaculado com volume e
concentração de espermatozóides suficientes para promover uma
fecundação.
Os machos estão aptos para reprodução aos 7-8 meses pesando
em média 100 Kg (70 à 120 Kg), sendo que este momento está
mais relacionado com a idade do que com peso.
Podem ser considerados maduros sexualmente quando a produção
de espermatozóides é constante, embora o PC e
o tamanho dos testículos continuem aumentando:
Isto ocorre por volta dos 10 a 12 meses de idade, dependendo
da genética.
Ciclo Estral e seu Controle Hormonal
O ciclo estral na espécie suína tem duração média de 21 dias e está dividido
em quatro fases distintas: PROESTRO,
ESTRO ou CIO,
METAESTRO
DIESTRO.
PROESTRO OU PROLIFERAÇÃO DOS FOLÍCULOS:
- ocorrem crescimento e maturação dos folículos ovarianos; duração de média de 3
dias. O útero está tenso, a vagina corada e inchada e a cérvix aberta. Às vezes há muco
na vagina, iniciam-se as manifestações comportamentais.
- Esta fase estimula a aparição do Estro.
ESTRO ou CIO
- ocorre a manifestação do cio, regulado pela quantidade de
estrógeno produzido pelos folículos maduros.
- tem duração média de 2-3 dias, iniciando-se com o pico de LH e
terminando rapidamente após a ovulação, que ocorre normalmente
30 a 40 horas após o início do estro.
* Alguns autores preferem denominar essas duas fases (proestro e estro)
como uma única, a fase folicular, que compreende desde a regressão do
corpo lúteo até a ovulação, tendo o estrógeno como hormônio
predominante
-Procuram o macho
- montam uma nas outras, imitando o ato sexual;
- respondem ao reflexo de imobilização;
- vulva inchada, avermelhada;
- nervosismo e excitação;
- redução do apetite;
CARACTERÍSTICAS DE CIO
Características do Cio em Fêmeas Suínas:
- grunhidos característicos;
- urinam frequentemente
- às vezes há corrimento vaginal;
- ovários e ovidutos se entumescem;
- o pH vaginal fica mais baixo;
- a temperatura vaginal eleva-se ligeiramente;
- a salivação aumenta;
- o pulso acelera;
EM PORCAS
Fêmea em Diestro:
Cio em Leitoas
Cio em Porcas
Secreção vaginal
Vulva normal
Vulva durante o estro
em leitoas
Vulva durante o estro em
porcas
Vulva ao parto
Vulva no pós-parto
METAESTRO:
Fase PÓS-OVULATÓRIA, com duração de 2 dias, inicia-se a produção de
progesterona (hormônio que mantém a prenhez) pelos corpos lúteos. O
útero perde sua tonicidade e a vulva está menos inchada.
DIESTRO
Fase com duração de 14 dias após ovulação: corpo lúteo maduro, útero
“quieto” e sem tonicidade. A mucosa da vulva e a cérvix estão secas e
pálidas.
O anestro caracteriza-se pela ausência prolongada de cios. Pode ser
provocado pela persistência dos CL ou pela deficiência de FSH produzido.
Neste último caso, não há crescimento folicular.
LIBERAÇAO DOS ÓVULOS: Durante o Estro
-Ocorre em ambos os ovários, de 24 a 36h após os primeiros sinais do cio;
- Intervalo de liberação do primeiro ao último óvulo: 1 a 7 horas
- óvulos sobrevivem por cerca de 6 horas
- Os espermatozóides duram aprox 25 a 42 h
- os espermatozóides levam aprox 2h até alcançarem os óvulos
MELHOR MOMENTO PARA INSEMINAÇÃO:
LEITOAS: primeiro e segundo dia
Intervalo de 12h a cada inseminação
PORCAS: segundo e terceiro dia
Obrigada!
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