Ano VIII • nº 167
1º de agosto de 2009
R$ 5,90
empoucaspalavras
Rafael Wainberg
O chef aposentado chinês Chu vive numa grande casa
em Taipei com suas três filhas: Jia-Jen, Jia-Chien e Jia-Ning.
É em torno do jantar de domingo que ele e as moças
costumam conversar sobre trabalho, amores e questões
familiares. O nome do filme, dirigido em 1995 por Ang
Lee, é Comer, beber, viver.
Foi essa singela temática que nos inspirou a fazer
a matéria de capa desta edição. Sugerimos à repórter
Ana Cristina Vilela que fosse buscar em Brasília alguns
pais gourmets, aqueles personagens apaixonados por
gastronomia e, mais do que isso, apaixonados por seus
filhos. A ponto de juntarem num mesmo pote – ou seria
na mesma cozinha? – as duas paixões.
A forma que escolhemos para homenagear os pais
brasilienses, neste Dia dos Pais, foi contar as experiências
culunárias caseiras do publicitário Charles Marar, do
arquiteto Álvaro Abreu e do fotógrafo Juan Pratginestós.
O primeiro aprendeu com a mãe jordaniana que a
simplicidade é a chave de tudo na gastronomia. Com a
companhia de um bom vinho e uma música de fundo,
ele desenvolve suas habilidades, não sem ter que ouvir os
devidos palpites dos filhos Charles e Isadora. O segundo,
como bom mineiro, tem até tempero próprio para agradar
as filhas com aquela comidinha mineira típica, uai. E o
terceiro, espanhol natural da Catalunha, diz que em seu
país a vocação pelas panelas já vem do berço (leia a partir
da página 24).
Se seu pai não é do tipo que gosta de lhe preparar
pratos especiais, não tem problema. Nesta mesma edição
você encontrará inúmeras sugestões de restaurantes onde
comemorar com ele o 9 de agosto. Começando pelos 50
participantes do festival internacional Restaurant Week
(página 4), passando pelo recém-inaugurado Café Ayala
(página 6), pelo Fatto, o mais novo empreendimento do
chef Dudu Camargo (Picadinho, página 8), e completando
com as 30 opções do Roteiro Gastronômico (página 14).
Boa leitura e até a próxima quinzena.
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águanaboca
O filé com mostarda Dijon à l'ancienne e musseline
de mandioca, do Parrilla Madrid, é um dos pratos em
promoção, até 9 de agosto, no festival Restaurant Week.
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picadinho
garfadas&goles
pão&vinho
roteirogastronômico
palavradochef
dia&noite
diadospais
queespetáculo
luzcâmeraação
caianagandaia
Maria Teresa Fernandes
Editora
ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora Roteiro Ltda | SHS, Ed. Brasil 21, Bloco E, Sala 1208 – Tel: 3964.0207 Fax: 3964.0207 | Diretor
Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Redação [email protected] | Editora Maria Teresa Fernandes | Produção Célia Regina | Capa Carlos
Roberto Ferreira sobre foto de Ana Cristina Vilela | Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Reportagem Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre
dos Santos Franco, Beth Almeida, Catarina Seligman, Diego Recena, Eduardo Oliveira, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luis Turiba, Luiz Recena, Quentin
Geenen de Saint Maur, Reynaldo Domingos Ferreira, Ricardo Pedreira, Sérgio Moriconi, Silio Boccanera, Súsan Faria e Vicente Sá | Fotografia Eduardo
Oliveira, Rodrigo Oliveira e Sérgio Amaral | Diretor Comercial Jaime Recena (9666.1690) | Contato Comercial Giselma Nascimento (9985.5881) |
Administrativo/Financeiro Daniel Viana | Assinaturas (3964.0207) | Impressão Gráfica Coronário.
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águanaboca
Rafael Wainberg
Parrilla Madrid: bife ancho com molho de pimenta e vinho
Divulgação
Bier Fass: cordeiro ao molho ferrugem, hortelã com purê rosado e arroz de brocólis
Festival de sabores
Por Ana Cristina Vilela
U
ma entrada, um bom vinho, prato principal, horas de conversa,
sobremesa, mais algumas boas
histórias, licor, café. Sejam entre amigos
ou em família, sejam profissionais ou românticos, longos jantares e almoços são
uma preferência dos brasilienses. Aqui está um pedaço do mundo, e todo o Brasil.
Há comida para os gostos mais variados:
japonesa aos montes, francesa, mexicana,
espanhola, portuguesa, chinesa, árabe, italiana, baiana, paraense, gaúcha, mineira,
goiana, de fusion... A lista é infindável.
Afinal, Brasília vem mesmo se tornando
uma capital gastronômica, tanto que está
recebendo, até 9 de agosto, sua primeira
edição do festival Restaurant Week.
Sim, há uma certa disputa entre capitais brasileiras para serem os principais
polos gastronômicos do país. Na liderança, claro, está São Paulo, sem nenhuma
4
contestação. Por isso, foi a primeira a receber o evento, em 2007. Depois foi a vez
do Rio de Janeiro e, em seguida, de Recife.
Este ano, a disputa amigável ficou entre
Belo Horizonte, indiscutivelmente a capital brasileira dos botecos, e Brasília, incrustada no coração do país, desconhecida de muitos, vista como a capital dos políticos, do poder e de tudo de bom e de
ruim que vem juntamente com essas definições. Por trás dessa máscara, entretanto,
está a Brasília de todos os sabores.
Ganhou Brasília, entre outras razões
porque “houve interesse da cidade”, explica Emerson Silveira, criador do Restaurant
Week Brasil. “A receptividade em Brasília
foi muito melhor do que eu esperava, tanto que ouvi vários ‘por que demorou tanto’?”, conta, esperando surpresas por aqui,
pois há anos não vem à capital do país. “Já
me avisaram que vou me surpreender, e
não tenho dúvida disso”, considera.
Ao todo, participam cerca de 50 res-
taurantes. O grande desafio dos chefs é
preparar cardápios diferenciados, com entrada, prato principal e sobremesa a um
preço fixo, igual em todas as casas: no almoço, R$ 27 mais R$ 1; no jantar, R$ 39
mais R$ 1. O valor adicional de R$ 1 cobrado em cada prato será destinado à Fundação Nosso Lar, que cuida de crianças e
adolescentes carentes de Brasília. Em São
Paulo, após quatro edições, a Fundação
Ação Criança já recebeu R$ 150 mil.
Para atrair o público, além do bom
preço, os restaurantes preparam cardápios
atrativos. O Parrilla Madrid, por exemplo,
aposta numa salada de folhas verdes, morango, manga e mel, de entrada, bife ancho com molho de pimenta e vinho, como
prato principal, e bolo de rolo com doce
de leite e sorvete de creme na sobremesa,
para o almoço. No jantar, salada de folhas
verdes com shitake, gorgonzola e crispes
de pancetta, seguido de filé com mostarda
Dijon à l’ancienne e musseline de man-
Divulgação
El Paso Texas: camarones a la mexicana
Divulgação
Fortunata: polpetone de mignon com pappardelle
Maratona gastronômica a preço fixo, até o dia 9,
em meia centena de restaurantes da cidade
dioca – além, claro, da sobremesa.
Para Gil Guimarães, proprietário da
casa e também do Baco Napolitano, outro
participante da maratona gastronômica, a
expectativa para o Restaurant Week é das
melhores: “Está sendo muito bom e ainda
vai melhorar. Vai fazer mais pessoas saírem de casa para confraternizar. Afinal,
agosto não é um mês muito bom, pois
muitos estão de volta de viagens, têm que
comprar material escolar e o dinheiro fica
curto”.
A opinião é compartilhada pelo chef
do L’affair, Marcelo Piucco: “Temos recebido muitos pedidos de reservas, principalmente para o primeiro domingo”. Para
ele, o evento é uma possibilidade de as
pessoas que normalmente não vão ao restaurante conhecer o cardápio e, assim,
voltarem em outro momento.
Cada casa exercita sua criatividade como pode. O El Paso Texas vai oferecer
pratos originários de regiões mexicanas
como Puebla e San Miguel de Allende. Já
o El Paso Latino aproveitou o aniversário
da independência do Peru (28 de julho)
para fazer pratos típicos daquele país. Enquanto isso, o Formidable, bistrô francês
do Terraço Shopping, inspirou-se no ano
da França no Brasil para preparar pratos
originariamente franceses. Além disso, a
casa oferece, como cortesia, uma taça de
vinho francês.
Foi em 1992, em Nova York, que o
Restaurant Week nasceu. Na época, Emerson Silveira vivia por lá e seu chefe foi o
idealizador e realizador do projeto. O obje­
tivo do festival, segundo ele, é o de aumentar o movimento nos restaurantes
nas baixas temporadas. O conceito é simples, como explica: “Promoção em grupo
aglomera mais poder de mídia e mais divulgação. Um restaurante só pode não ser
notícia, mas 50 certamente serão”.
O festival cresceu e ganhou o mundo.
Há dois anos, já eram mais de cem cida-
des dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Holanda, Austrália, Brasil, Portugal, Espanha e México. No Brasil, as próximas cidades serão Maceió e Curitiba.
Salvador e Belo Horizonte também estão
na fila, mas ainda sob análise.
Para Emerson, a explicação para o sucesso vai além da possibilidade de se comer pratos preparados por grandes chefs
a preços acessíveis. “Existe em São Paulo,
por exemplo, um grande tititi em torno
do Restaurant Week. Os amigos se falam
o tempo todo para decidir onde irão almoçar. Assim, cria-se uma rede social, um
motivo a mais para confraternizar em torno de uma boa mesa e, de quebra, economizar e conhecer novos restaurantes”.
Restaurant Week
Até 9/8, em aproximadamente 50
restaurantes da cidade (relação completa
em www.restaurantweek.com.br). Almoço,
R$ 27 mais R$ 1; jantar, R$ 39 mais R$ 1
(couvert não incluído).
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águanaboca
“Alma” platina
Paixão pelo tango inspirou decoração do Ayala Café
Por Lúcia Leão
Fotos Rodrigo Oliveira
E
tudo a média luz. É o óbvio, quando se trata de tango: de dia, os vidros fumê filtram a intensa claridade de Brasília e a área ajardinada lá de fora
assume a mesma tonalidade sépia dos
imensos painéis fotográficos que, Carlos
Gardel à frente, reverenciam os grandes
músicos e bailarinos tangueros. À noite, a
iluminação indireta faz o mesmo papel.
Menos óbvio, no entanto, é o tango virar tema de um restaurante. Não de uma
casa noturna. Ou de uma casa não “apenas” noturna, mas que abre as portas diariamente aos primeiros raios de sol, serve
café da manhã, almoço, lanches e jantar e
acolhe até o último dos notívagos para um
drink muitas vezes solitário ao som de violino e bandoneon. Assim é o Ayala Café,
o mais novo empreendimento de Julio
Ayala, concebido, com projeto da arquite6
ta Denise Zuba, para ser a “alma” do Sonesta Hotel Brasília.
Certa vez, a cantora argentina Mercedes Sosa explicou a uma jornalista, que foi
entrevistá-la em seu apartamento em Buenos Aires, porque as paredes eram tão vazias, os móveis tão claros e a decoração tão
impessoal. Ela disse mais ou menos assim:
“É que eu viajo muito, vivo muito em hotéis e não quero sentir saudades de casa”.
Em trilha inversa ao conceito padrão
das grandes redes hoteleiras, o uruguaio assumido brasileiro Julio Ayala resolveu romper com a impessoalidade e imprimir personalidade ao serviço de alimentação do
Sonesta. Seja na declarada paixão pelo tango, que ambienta o Café, seja nas pitadas
de regionalismo do cardápio de culinária
clássica internacional, seja no aroma caseiro do café da manhã e de pelo menos um
prato especial para o serviço de quarto.
“A gente chama de ‘saudade de casa’.
Pode ser um arroz com feijão, bife, ovo e
batata frita, um ensopadinho de legumes,
uma carne guisada... aquele tipo de comida que a gente só come em casa e que
quem viaja muito morre de saudades. É o
prato mais pedido no serviço de quarto”,
conta Ayala, que levou para o Sonesta
muitos e profícuos anos de experiência
com serviço de alimentação em hotéis como o Copacabana Palace, no Rio, e o Bonaparte e o Comfort, em Brasília.
Apesar de já ter comandado cozinhas
do nível do Via Vecchia, que fez história
em Brasília na década de 1980, Julio Ayala
recusa com veemência o título de chef, do
qual não se considera à altura. Do cardápio
básico enxuto – são 26 pratos, da entrada à
sobremesa, incluindo três tipos de sanduíches – ele assume a autoria de apenas um
item, batizado, aliás, de “peixe meu” – um
salmão grelhado em redução de laranja e
condimentos. Mas admite que o “peixe de
papel” tem mais presença – o robalo chega
à mesa envolto em papel manteiga, acom-
panhado de legumes, ervas de campanha e
azeite de nirá – é que o “nordeste italiano”
é mais exótico –, fettuttine ao molho de
abóbora, charque e gorgonzola.
Nada impede que o Café sirva refeições em bufês, se um grupo assim preferir, ou que Julio vá para a beira do fogão
com Adriano, seu primeiro cozinheiro,
preparar um prato fora do cardápio para
um convidado ou um cliente especial. “Eu
sou um atrevido, que trabalha com uma
equipe de 25 excepcionais atrevidos que
gostam, respeitam e se empenham no que
fazem”, define Ayala. Apontando para
seus próprios pés, entrelaçados com os da
mulher Inês num dos painéis fotográficos
que decoram o salão, ele explica porque o
tango: é precisão e paixão. É óbvio!
Ayala Café
Sonesta Hotel Brasilia - SHN – Quadra
5 (3424.2547). Diariamente das 12 às
15h e das 19 às 23h (café da manhã: de
2ª a 6ª feira, das 6h30 às 10h; sábados e
domingos, das 7h às 10h30).
AN rodhouse grill
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Novos Subways
A rede de lanchonetes inaugurou mais
duas lojas em Brasília, na quadra 100
do Sudoeste e no posto BR da UnB.
E há previsão para os próximos meses
de outras duas, no Guará e em Águas
Claras.
Sebastião Andrade
Divulgação
picadinho
Antecipando o McDia
Já está marcada a data do McDia Feliz
2009: 29 de agosto. Mas não é preciso
esperar até lá para ajudar as crianças
com câncer. Já estão à venda na sede
da Abrace os tíquetes antecipados,
a R$ 8, que podem ser trocados por
sanduíches Big Mac no dia do evento.
Drinks com Sagatiba
A happy-hour do C’est si Bon, de 2ª a
6ª feira, das 16 às 19h, conta com um
festival de coquetéis preparados com
a cachaça Sagatiba. O primeiro drink
custa R$ 14; o segundo, R$ 12; o
terceiro, R$ 10; e o quarto, R$ 8. São
quatro sabores à escolha do freguês.
A Caipirinha Tropical é feita com kiwi,
morango, maracujá e limão; o Passion
drink, com maracujá, rodelas de limão
e folhas de manjericão; o El Sienna,
com uma dose de cointreau, suco de
limão e filetes de casca de laranja e
limão; e o Sagapepper com champagne
e pimenta.
Divulgação
Vive la France
Escondederia (?)
O Vercelli (410 Sul), cujo carro-chefe é
o rodízio de massas e galetos, reforçou
seu cardápio com pratos de grelhados montados ao gosto do cliente.
Badejo, salmão, filé, picanha e peito
de frango podem ser combinados
com guarnições e saladas ao gosto do
cliente. Outra novidade: a casa também
entrou na moda dos cartões de
fidelidade. Após o décimo rodízio de
pizzas marcado no cartão, o cliente
tem direito a mais um.
Desconto de inauguração
Segmentação é isso aí. Brasília, quem
diria, já tem até um restaurante
especializado em... escondidinhos.
Com o sugestivo nome de Escondederia,
oferece aos clientes onze opções de
recheios da tradicional iguaria nordestina, todas preparadas na hora. Fica
no Sudoeste, na CLSW 101, Bloco A,
subsolo (3344.1763).
Para comemorar o Ano da França, o
Toujours Bistrot reforçou o cardápio
com três novas receitas: duas salgadas
(talharim com presunto e champignons,
a R$ 28, e camarões grelhados com
tagigliatelle ao molho soubise e mostarde, a R$ 54) e uma doce (profiteroles,
ou seja, carolinas com sorvete de
baunilha e calda de chocolate, a R$ 14).
Gustavo Fröner
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Grelhados no Vercelli
Aberta no último dia 14, a cervejaria
Garota Carioca (Setor Comercial Norte,
próximo ao Liberty Mall) já lançou uma
atraente promoção: 50% de desconto
no bufê de frios, grelhados, sushis
e temakis, mas só até as 20 horas.
A partir da segunda quinzena de
agosto a casa abrirá também para
almoço.
Dudu mediterrâneo
Já está a pleno vapor o mais novo empreendimento do chef Dudu Camargo.
O restaurante Fatto, na QI 9 do Lago Sul, segue uma proposta de cozinha
mediterrânea, usando e abusando de azeite, ervas, peixes, caças e legumes. Dudu terá a seu lado o chef Rodrigo Almeida, que acompanhará a cozinha no
dia-a-dia. O espaço projetado pela arquiteta Karla Amaral (onde até há pouco
tempo funcionou o DOC Lounge Grill) é dividido em três ambientes. O mais
descontraído é a varanda, com capacidade para 80 pessoas, onde serão servidos
finger foods. Na área interna pode ser reservado um espaço para grupos de até
20 pessoas que precisem de privacidade, inclusive para reuniões de trabalho
e apresentações – o lugar dispõe de retroprojetor e som ambiente. Além das
opções do cardápio, bufês especiais serão servidos nos almoços de fins de
semana. Sábado é dia da feijoada de frutos do mar e domingo tem o festival
de paellas.
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Arembepe ficou chique e tem boa comida
Luiz Recena
garfadas&goles
[email protected]
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Quem tem mais de 50 anos sabe da existência de Arembepe. Era uma pequena praia, perto o suficiente de
uma Salvador antiga, o que permitia a fugitivos e aventureiros de todos os tipos chegar até lá. E longe o suficiente dessa mesma e antiga Salvador, capaz de impedir e desestimular policiais, milicos e outros repressores
da época a chegar até lá. Mas foi quando o movimento hippie mundial ganhou força que a pequena praia
cresceu, ganhou notoriedade e fama. A mais famosa “aldeia hippie” do Brasil instalou-se por ali. Toneladas
da erva (maldita ou bendita?) foram queimadas no espaço entre a areia e o mar. Nuvens de fumaça embalaram sonhos coloridos dos ácidos psicodélicos. Foram bebidos hectolitros de bebidas várias. Artesãos, bichosgrilos, ripongas, doidos em geral estavam ali, no meio dos pescadores, que primeiro não sabiam de nada,
mas depois entraram na onda. Rolam histórias muitas sobre esse período. O Woodstock tupiniquim tinha nome e endereço: Arembepe. A gringa Janis Joplin, a branca mais preta da música dos Estados Unidos, esteve
na praia, no auge da fama. Deitou e rolou. Beijou na boca muita gente e ainda há quem se lembre disso.
Hoje, da comunidade doida e antiga sobra pouca coisa, vestígios e algumas sombras saudosas. A praia virou
cidade. Tem até um bom, excelente restaurante. A energia positiva da paz e do amor plantou sementes de
esperança e bom astral na areia da praia, nas brumas da espuma e nas águas do mar. E o mar abriu: “Mar
Aberto”. Guardem esse nome.
Paisagem, praia e fome
Silêncio em torno à mesa
Uma pequena praça cuidada e limpa. Uma igrejinha
antiga, branca e despojada faz a esquina de uma fileira de casas baixas, interrompida, aqui e ali, por sobrados de cores vivas. Há um largo, igualmente comedido, a compor com a igreja o pequeno cenário,
onde a primeira e bela vista do mar encanta quem
chega. Mas quem chega tem fome, e o horário clássico do almoço já passou. O negócio, então, é correr
para o Mar Aberto, situado no meio dessa fileira de
casas. Passa-se um corredor decorado com artesanato, um primeiro ambiente de mesas e, finalmente,
chega-se a um segundo ambiente de mesas, um varandão. E a nova vista da praia surpreende e encanta. “Chocante!” para os de certa geração. “Sinistra!”
para os bem mais jovens. E é isso mesmo.
Baixa um velho poema de Bilac e faz-se o silêncio.
Saciar a sede e matar a fome assim o exige. Mais esta
última, pois a primeira ainda permite um comentário
entre um trago e outro. Atacamos a salada com o respeito e alegria devidos. Dividida com parcimônia,
pois entrada era. E das cinco pessoas que compunham o grupo, duas comem tipo passarinho, mui
pouco. Ao segundo prato, pois, já que, sob inspiração de Jones, o Indiana, continuamos “em busca da
moqueca perdida”. Se não a encontramos, chegamos
perto, bem perto. Acompanhada de farofa, arroz e
pirão, ela chegou, fumegante, em tigela de barro. Os
passarinhos mantiveram seu ritmo e o trio restante
deitou e rolou.
Muitas garfadas, goles idem
Tudo isso teve como pano de fundo uma baía de
águas tranquilas, emoldurada por arrecifes que recebiam e quebravam até as ondas mais fortes, que nesse dia apareceram. Quatro cervejas, duas caipirinhas,
águas e refris, mais a gorjeta, R$ 132. Se fossem cinco mais vorazes, o preço subiria uns 30%. Porque a
vista não pode ser cobrada. A ideia, o cardápio, o
conjunto da obra são do belga Thierry e do baiano
João Sá. Ambiente simples e aconchegante. Comida
nota dez, nativa sem ser agressiva; fina e elegante. Do
grupo bem humorado e eficiente de garçons, tocounos o Anselmo. Irrepreensível no atendimento e nas
respostas às perguntas curiosas. É fácil chegar. Estrada ótima, com pedágio. Uma hora e pouco do centro
de Salvador; menos de meia hora do aeroporto ou
das praias dessa região.
A simpatia baiana, ainda um grande, enorme diferencial desta terra descoberta por Cabral, anima
um pequeno batalhão de garçons e a seca e acalorada goela recebe seus primeiros mimos: ela, a loura,
suada, gelada, aquela que salva beduínos no deserto, chega junto, às vezes até antes do cardápio. Saúde! Caipirinhas, caipiroscas, sucos de frutas, refrigerantes e até água complementam esse primeiro
momento. À table!, comandam os gauleses. Aos
garfos!, respondemos, em coro. Para começar, uma
salada de camarão com batatas. Depois, uma moqueca de camarão. Também de camarão? Também,
porque a fase do crustáceo está maravilhosa. Há de
peixe, de lagosta ou mista. Há peixe frito e de outras maneiras.
A moldura vem do mar
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Esse tal de Angheben é mesmo porreta
Já não é a primeira vez, e certamente não será
ALEXANDRE
DOS SANTOS
FRANCO
pão&vinho
paoevinho
@alo.com.br
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o número 3 venceu por unanimidade, em especial
a última, que o leitor me vê a rasgar elogios ao
pela elegância frente a seus concorrentes, que mais
Angheben, em minha opinião, cada vez mais
o aproximava de um clássico Borgonha. Quem diria
reforçada, o melhor produtor de vinhos brasileiros.
(além de mim, é claro)? Um vinho nacional, o
Desta feita, o comentário se deve a uma degustação às cegas da minha casta preferida, a inebriante
e sempre sensual Pinot Noir. Movido mais pela mi-
Angheben Pinot Noir 2008. Seus oponentes batidos?
Aí é que vem o melhor.
O segundo colocado foi o quarto exemplar, o Lu-
nha preferência pela castas e os vinhos maravilhosos
ca Pinot Noir 2007, argentino de respeito pontuado
que produz do que por qualquer novidade de mer-
com 93 pontos por ninguém menos que Robert
cado, chamei alguns amigos, cujas opiniões vínicas
Parker (bem ao estilo dele, um vinho um tanto bom-
respeito, para uma degustação em minha casa.
bástico para a casta) e preço de compensação duvi-
Lá se apresentaram, com muito gosto, meus
dosa (na casa dos R$ 90). Em terceiro ficou o segun-
grandes amigos Luiz Almeida, Canaan Tanus e Laér-
do exemplar, um Diamond Pinot Noir 2007, da Aus-
cio Monteiro Dias. Todos curiosos por saber o tema
trália, concorrente mais do que digno, com boa rela-
da degustação, não chegaram a se surpreender, por
ção qualidade x preço, na faixa dos R$ 60. Finalmen-
bem conhecerem minhas preferências, com a ideia
te, fechando a pista, sendo importante lembrar que
do “Pinot Noir do Novo Mundo”. Foi uma degusta-
apesar disso foi um bom vinho apresentado, pas-
ção às cegas, acompanhada apenas de pão e água,
mem: minha “surpresinha”, um Faveley Mâcon
no momento da avaliação, de modo a garantir a pu-
2004, Borgonha original (não posso deixar de
reza do paladar, sempre sujeito a embotamentos
comentar que na minha avaliação ele aparecia
causados pelos petiscos.
em segundo lugar), com preço na faixa dos R$ 90.
Os vinhos foram servidos em decanters, não por
qualquer real necessidade, já que se tratava de vinhos novos e de uma casta leve, distante, em geral,
Qual a faixa de preço do Angheben? Eu não
disse? R$ 36,25.
É sem dúvida gratificante e emocionante, diria
da ocorrência da “borra”, e sim pela velocidade na
mesmo espantoso, poder degustar às cegas vinhos
oxigenação dos exemplares e principalmente pela
de ótima procedência e qualidade e ver um brasileiro
ausência das garrafas, que poderiam denunciar ori-
vencer até um Borgonha de boa estirpe.
gem e produtores, maculando, assim, os resultados.
Que nossos espumantes já são páreo para seus
O exemplar número 1 apresentou-se com corpo
concorrentes em todo o mundo todos nós estamos
um tanto leve demais, ainda que com aromas típicos
cansados de saber, mas um vinho tinto, de uma das
a morangos; o número 2, já mais encorpado, foi
castas mais difíceis de se lidar em qualquer parte do
bem avaliado, apresentando aromas a frutas verme-
mundo, como é o caso da Pinot Noir, sem apelar
lhas; o número 3, por sua vez, mostrou-se elegante,
para “parkerizações” ou “rolandizações”, e ainda
com aromas típicos de morango e cereja, corpo ave-
por cima a preço de produto nacional (algo quase
ludado e retrogosto consistente, ainda que leve; já o
impossível de achar no Brasil no item “vinhos de
exemplar número 4 apresentou-se com grande volu-
qualidade”), é, sem dúvida, uma
me de boca, algo terroso, mas um tanto pesado pa-
vitória inesperada.
ra um Pinot Noir.
Comentários proferidos, pontos concedidos e somados, avaliações encerradas, deu-se a classificação:
E é por isso que eu digo:
parabéns mais uma vez para
esse porreta do Angheben.
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MÚSICA AO VIVO
roteirogastronômico
ESPAÇO VIP
ACESSO PARA DEFICIENTES
ÁREA EXTERNA
DELIVERY
FRALDÁRIO
MANOBRISTA
BANHEIRO PARA DEFICIENTE
Armazém do Ferreira
Restaurante inspirado no Rio de
Janeiro dos anos 40. O buffet,
com cerca de 20 tipos de frios,
sanduíches e rodadas de empadas
e quibes, com a performance do
garçom Tampinha, são boas opções
para os frequentadores.
206 Sul (3443.4841), Liberty Mall
e Brasília Shopping cc: todos
Em plena W3 Sul, o Bar Brasília tem
decoração caprichada, com móveis e
objetos da primeira metade do século
XX. Destaques para os pasteizinhos.
Sugestão de gourmet: Cordeiro
ensopado com ingredientes
especiais, que realçam seu sabor.
Em ambiente aconchegante,
com decoração pontuada por
arte e história, pode-se tomar
um cafezinho ou um chope para
acompanhar o pastel de bacalhau,
o sanduíche de mortadela ou
o autêntico Bauru. No almoço,
cardápio paulistano.
405 Sul (3443.0299)
CC: todos
brasileiros
contemporâneos
509 Sul (3244.7999)
CC: todos
Cachaçaria
Empório da Cachaça
Bar do Mercado
buffet de festa
Cardápio variado, sabor e qualidade.
Buffet no almoço é o carro-chefe,
com mais de 10 pratos quentes,
diversos tipos de saladas e várias
opções de sobremesa, a R$ 39,90
( 2ª a 6ª) e R$ 44,90 (sáb, dom e
feriados) por pessoa.
Recém inaugurada a versão bar da
cachaçaria temática de Brasília.
Decoração colonial, cachaças
artesanais, chopp, petiscos exclusivos
e o famoso prato da casa, o arroz
de senzala, são opções para quem
valoriza a gastronomia brasileira. No
Happy Hour, Chopp Brahma a R$2,50 e
caipirinha com Sagatiba a R$ 4,00.
506 Sul Bloco A (3443.4323)
CC: Todos
QI 21 do Lago Sul (3366.3531)
412 Sul (3345.3531)
creperias
É um dos mais renomados buffets de
festa da cidade, com mais de dez anos
de experiência. Além dos salgados
e doces finos oferecidos no buffet,
destaque para o Risoto de Foie-Gras, o
Carré de Cordeiro ao Molho de Alecrim
e o Filé ao Molho de Tâmaras.
Praliné
O cardápio é bastante variado, com
tortas doces e salgadas, bolos, pães,
géleias, caldos quentes, quiches,
tarteletes, chás, café e sucos de frutas
naturais por R$ 12,90 de 2ª a 6ª e
chá da tarde por R$ 20,50 às 3ªs
(bufê por pessoa).
205 Sul bl A lj 3
(3443.7490)
CC: V
Café Antiquário
À beira do lago, diante da vista mais bela de
Brasília, a casa atrai todos que desejam unir
ambiente agradável, boa cozinha e música.
Almoçar um rico grelhado e tomar café
ao fim da tarde são apenas algumas das
ecléticas delícias do restaurante. O piano
sofistica o ambiente de 18h às 20h30 todos
os dias. As noites são de jazz e blues ao vivo.
Pontão do Lago Sul
(3248.7755) CC: Todos
C’est si bon
Sweet Cake
14
Camarão 206
Bar Brasília
confeitarias
BARes
202 Norte (3327.8342)
CC: Todos
buffet de restaurante
CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R
Inspirado nas tradicionais panquecas de
dulce de leche da Argentina que o chef
Sérgio Quintiliano criou o crepe Astor
Piazzolla, batizando-o com o nome
do maior compositor contemporâneo
argentino de tangos. Após o sucesso de
vendas durante o Festival Sabor Brasília
2008, o Crepe Piazzolla foi incorporado
ao cardápio por R$ 15,70.
408 Sul (3244.6353) CC: V, M e D
BSB Grill
Trattoria 101
304 Norte (3326.0976)
413 Sul (3346.0036) CC: A, V
101 Sudoeste (3344.8866)
CC: V, M e D.
GRELHADOS
Villa Borghese
O charme da decoração e a
iluminação à luz de velas dão
o clima romântico. Aberto
diariamente para almoço e jantar.
Sugestão: Tagliatelle Del Mare
(Tagliatelle em saboroso molho de
azeite extra virgem, tomate, alho,
manjericão e camarões grandes),
por R$ 45,00.
ITALIANOS
Cardápio com produtos italianos
autênticos e tradicionais. Massas,
filés, peixes e risotos, carpaccio. Tudo
preparado na hora. Execelente carta de
vinhos com 90 rótulos, entre nacionais
e importados. Ambiente charmoso
e varanda completam o ambiente.
Manobrista na 6ª, sáb. e dom.
Desde 1998 oferece as melhores e os
mais diversos cortes nobres de carne:
Bife Ancho, Bife de tira, Prime Ribe,
Picanha, além de peixe na brasa, esfirras,
quibes e outras especialidades árabes.
Adega climatizada e espaço reservado
completam os ambientes das casas.
201 Sul (3226.5650) CC: Todos
Roadhouse Grill
Criado nos EUA, foi eleito por três anos
consecutivos o preferido da família
americana. Com mais de 100 lojas,
seus generosos pratos foram criados,
pesquisados e inspirados nas raízes da
América. Conheça tais delícias: ribs,
steaks, pasta, hambúrgueres.
Brasília Golfe Center - SCES
Trecho 2 (3323.5961) CC: Todos
www.restauranteoliver.com.br
209 Sul (3443.5050)
CC: Todos
naturais
Saboroso e diversificado buffet,
com produtos orgânicos e carnes
exóticas. No domingo, pratos
especiais, como o bacalhau de
natas e o arroz de pequi. Horário: de
segunda à sexta, das 11:30 às 15h
e sábados, domingos e feriados, das
12 às 16h.
SCS trecho 2 (3226.9880)
CC: Todos
Haná
ITALIANOS
San Marino
O Rodízio de massas e galetos
está com preços especiais: de
domingo a quarta por R$ 15,80 e de
quinta a sábado por R$ 17,80. No
almoço, Buffet com saladas, pratos
executivos e grelhados
Oca da Tribo
Bufê de sushis, sashimis e pratos
quentes. Almoço (R$ 36): 2ª a 6ª de
12h às 15h / sábado e domingo, de
12h30 às 16h. Jantar (R$ 42): domingo
a 5ª, de 19h à 0h / 6ª e sábado, de
19h à 1h. De 2ª à 4ª, cada bufê vale
1 sorvete com calda de chocolate.
Funciona também à la carte.
408 Sul (3244.9999)
CC: Todos
15
ORIENTAIS
Oliver
Próximo ao Eixo Monumental, apresenta
espetacular vista para um tranquilo campo
de golfe, sem prédios ao redor. O ambiente
composto por piso de pedras vindas
de Pirenópolis e móveis de Tiradentes
(MG) conferem ainda mais rusticidade
ao restaurante. Elaboradas pelo gourmet
Carlos Guerra, as receitas internacionais
têm base na culinária mediterrânea.
INTERNACIONAIS
­ .Clubes Sul Tr. 2 ao lado do
S
Pier 21 (3321.8535)
Terraço Shopping (3034.8535)
MÚSICA AO VIVO
roteirogastronômico
ESPAÇO VIP
ACESSO PARA DEFICIENTES
ÁREA EXTERNA
DELIVERY
FRALDÁRIO
MANOBRISTA
BANHEIRO PARA DEFICIENTE
Nippon
Baco
Tradicional e inovador. Sushis e
sashimis ganham toques inusitados.
Exemplo disso é o sushi de atum
picado, temperado com gengibre e
cebolinha envolto em fina camada de
salmão. As novidades são fruto de
muita pesquisa do proprietário Jun Ito.
Premiada por todas as revistas.
Massas originais da Itália, vinhos
e ambiente. No cardápio, pizzas
tradicionais e exóticas. Novidades são
uma constante. Opção de rodízio em
dias especiais – na 309 Norte, toda 3ª
e domingo, e na 408 Sul, às 2as.
403 Sul (3224.0430 /
3323.5213) CC: Todos
309 Norte (3274.8600), 408 Sul
(3244.2292) CC: Todos
Baco Delivery (3223.0323)
PIZZARIAS
ORIENTAIS
CARTÕES DE CRÉDITO: CC / VISA: V / MASTERCARD: M / AMERICAN EXPRESS: A / DINERS: D / REDECARD: R
Gordeixo
Ambiente agradável, comida boa e
área de lazer para as crianças fazem
o sucesso da casa desde 1987. No
almoço, além das pizzas, o buffet de
massas preparadas na hora, onde
o cliente escolhe os molhos e os
ingredientes para compor seu prato.
Belini
Feitiço Mineiro
A casa premiada é um misto de
padaria, delikatessen, confeitaria
e restaurante. O restaurante serve
risotos, massas e carnes. Destaque
para o café gourmet, único torrado na
própria loja, para as pizzas especiais
e os buffets servidos na varanda.
A culinária de raiz das Minas Gerais
e uma programação cultural que
inclui músicos de renome nacional e
eventos literários. Diariamente, buffet
com oito a nove tipos de carnes.
Destaque para a leitoa e o pernil à
pururuca, servidos às 6as e domingos.
113 Sul (3345.0777)
Regionais
Padaria
306 Norte (3273.8525)
CC: V, M e D
306 Norte (3272.3032)
CC: Todos
CC: Todos
Peixe na Rede
405 Sul (3242.1938)
309 Norte (3340.6937)
CC: Todos
Restaurante Badejo
A tradicional moqueca capixaba leva o
tempero mineiro no Restaurante Badejo,
com 19 anos de história em Belo
Horizonte e 15 em São Paulo. Agora
é a vez de Brasília conhecer o autêntico
sabor da cozinha capixaba.
SCES - Trecho 4 - Lote 1B
Academia de Tênis
Setor de Clubes Sul
(3316.6866) CC: V e M
16
Saborella
SORVETERIAS
Peixes e frutos do mar
A vedete do cardápio é a tilápia, servida
de 30 maneiras. O frescor é garantido
pela criteriosa criação em cativeiro na
fazenda exclusiva do restaurante, a
100 Km de Bsb. Há também pratos de
camarão e bacalhau.
Sorvetes com sabores regionais e
tecnologia italina são a especialidade
da casa. Os mais pedidos: tapioca,
cupuaçu, açaí e frutas vermelhas. Na
varanda, pode-se apreciar café bem
tirado e fresquinho, acompanhado
de tapiocas quentinhas.
112 Norte (3340.4894) e
Casa Park (Praça Central)
CC: Todos
Sorbê
Sorveteria genuinamente artesanal, com
receitas que utilizam frutos nativos do
cerrado. São mais de 150 sabores. Os
sabores tradicionais, cremosos, como as
variedades de chocolate, dentre outros,
contêm leite e creme de leite em suas
fórmulas. Já os sorvetes de frutas (com
algumas exceções, como abacate, pequi,
araticum e outros) são produzidos com água.
405 Norte (3447.4158), 103 Sudoeste
(3967.6727) e 210 Sul (3244- 3164)
Evolução descentralizada
Celso Nucci, na revista Veja e no Guia Quatro
mia (ABAGA) nasceu em São Paulo em
Rodas, e Giovani de Bourbon des Deux-Siciles,
1995. Foi fundada por quatro euro-
na única revista especializada em gastronomia
peus e um argentino que queriam dar visibilida-
do país, a Gourmet, à época dirigida por Luís
de à gastronomia e a seus porta-bandeiras, os
Carta, editor da Vogue.
chefs, no Brasil. É uma entidade séria, sem fins
Nos anos 80, o Hotel Maksoud inaugurou
comerciais, dedicada a congregar os profissio-
um conceito inovador de arquitetura e serviços,
nais com a troca de experiências vividas e co-
oferecendo uma variedade de cozinhas do
nhecimentos na área, difundir e valorizar a alta
mundo: um restaurante francês, La Cuisine
gastronomia brasileira no país e marcar sua
du Soleil, um nórdico, Vikings, e um japonês.
presença no mundo.
Na época, os chefs franceses começavam a tra-
Sua pauta de atuação é ampla: promover
balhar em restaurantes estabelecidos no Rio de
eventos, como palestras, workshops e feiras,
Janeiro e logo perceberam que São Paulo ofere-
com ênfase na troca de saberes e costumes
cia uma clientela empreendedora, à procura de
próprios a cada cultura regional e na valoriza-
lazer cotidiano, como os prazeres da boa mesa.
ção da qualidade dos produtos alimentícios;
Houve então uma migração dos chefs, que co-
estimular uma política educacional focada na
locou São Paulo na posição de capital brasileira
formação técnica e na cultura geral dos estu-
da gastronomia.
dantes, para dar a eles uma base sólida e uma
O fidalgo Jorge Monti de Valsassina, dono
padronização dos conhecimentos das técnicas
e chef do restaurante Refugio del Viejo Conde,
de preparos, de linguagem culinária, consciên-
assumiu a presidência da ABAGA em 1999, car-
cia social e responsabilidade sanitária; e facilitar
regou o piano nas costas e partiu para a revita-
a atualização dos profissionais mediante aulas
lização e o desenvolvimento da instituição até
e intercâmbio entre chefs do Brasil e do resto
julho deste ano. O fruto da sua ação é visível.
do mundo.
Um dos seus grandes méritos foi o de ter
No inicio, a entidade desbravou um merca-
conseguido reconhecer a associação pela The
do ainda adormecido e bem menos consciente
World Association of Chefs Societies (WACS),
da importância da arte da gastronomia na cul-
fundada em 1928 na Universidade da Sorbon-
tura brasileira. A culinária se resumia a receitas
ne, em Paris. Hoje, a ABAGA é a representante
e dicas, fazia parte de matérias para revistas
oficial da WACS na América do Sul.
femininas e para a TV, como o programa diário da ilustre Ofélia Anunciato.
Verdadeiros pioneiros, os membros da
O novo presidente, João Leme, vencedor
do Global Chefs Brasil 2007, está iniciando
seu mandato com foco na descentralização,
associação e muitos outros chefs entraram
para agregar a diversidade brasileira na asso-
num corpo-a-corpo para conquistar o merca-
ciação com a nomeação de diretores para
do e dar destaque à profissão com apoio da
as diversas regiões do país. Em Brasília está
mídia e dos críticos de gastronomia: Saul
sendo criado um grupo de conselheiros para
Galvão e Paulo Cotrim, no Jornal da Tarde,
Sílvio Lancelotti, na Folha de S. Paulo,
debater o rumo da gastronomia na Região
Quentin
Geenen de
Saint Maur
palavradochef
@alo.com.br
palavradochef
A
Associação Brasileira da Alta Gastrono-
Centro-Oeste.
17
Divulgação
dia&noite
backyardigans
Guilherme Bergamin
Eles estiveram na cidade, pela primeira vez, em
outubro passado. O sucesso foi tanto que Pablo,
Tyrone, Austin, Tasha e Uniqua resolveram
voltar, para a alegria de quem ainda não
completou dez anos e até de quem passou
dessa idade há muito tempo. O quinteto colorido – um pinguim, um alce, um canguru, um
hipopótamo e um ser indefinido cor de violeta –
atende pelo nome de Backyardigans e nasceu
em forma de desenho animado em cartaz há
cinco anos na televisão a cabo. No espetáculo
atual, Fuga da aldeia mágica, Tyrone é o entregador de jornais que terá de percorrer uma nova vizinhança, sem saber que ela é habitada por seres fantásticos. Uma série de
mal entendidos fará com que o alce queira fugir apavorado dali. É quando as crianças presentes ao espetáculo poderão interagir com o personagem e ajudá-lo a sair da encrenca. O cenário, como sempre, é o quintal (backyard, em inglês), local
encantado onde as aventuras viram dança e música de todos os gêneros, do hip-hop à bossa-nova. Dias 8 e 9 no Centro de
Convenções, com ingressos entre R$ 40 e R$160, à venda no Brasília Shopping. Informações: 3964.0207.
zecabaleiro
Uma retrospectiva de sua carreira, incluindo a releitura de sucessos como
Salão de beleza, Quase nada e Babylon. Eis o formato do show que o menestrel maranhense fará no Centro de Convenções no dia 1º de agosto. Além de
seu violão, Zeca Baleiro terá a companhia de Tuco Marcondes (guitarras,
violões e vocais), Fernando Nunes (baixo), Pedro Cunha (teclados e acordeom) e Kuki Stolarski (bateria e percussão). No repertório não faltarão
também as músicas do CD mais recente – O coração do homem-bomba –,
como Você não liga pra Mim, Você é má e Ela falou malandro. Ingressos
entre R$ 20 e R$ 50. Informações: 3364.0000.
20
Divulgação
primeiroato
E por falar em Zeca Baleiro, é dele a trilha sonora do espetáculo Geraldas e Avencas, produzido pelo Grupo de
Dança 1º Ato, que vem a Brasília pela primeira vez nos dias 14, 15 e 16. O convite ao compositor foi feito pela coreógrafa da companhia mineira, Suely Machado, que partiu do conceito de que “o homem, à
procura da perfeição, acaba construindo a deformação”. Ela buscou inspiração nas obras
do artista plástico Francis Bacon, do fotógrafo Sebastião Salgado e
chamou Zeca Baleiro para compor a trilha sonora. As
músicas – algumas instrumentais e outras com letras
ora divertidas ora cruéis – contribuem para reforçar
a ideia de que as vaidades humanas acabam sempre se
sobrepondo aos valores. Sete bailarinos e duas pianistas dão
forma ao espetáculo a ser apresentado na Sala Villa-Lobos. Sexta
e sábado, às 21h, e domingo, às 19h. Ingressos: R$ 15 e R$ 30.
Divulgação
vivadulcina
Além de ter sido a grande atriz que serviu de exemplo para talentos do porte de
Fernanda Montenegro e Marília Pêra, Dulcina de Morais passou para a história também
como a idealizadora da Fundação Nacional de Teatro e criadora do primeiro curso superior de artes cênicas, aqui em Brasília. Para comemorar o centenário de nascimento da
atriz, está em cartaz na Caixa Cultural a exposição Eternamente Dulcina – uma vida
dedicada ao teatro. Com curadoria do designer Nando Cosac, a mostra já passou pelo
Rio de Janeiro e fica até dia 30 em Brasília, onde Dulcina morou nos últimos 24 anos
de vida. Lá estão fotos da carreira da artista, fotos pessoais e muitas peças dos figurinos
de seus personagens memoráveis: Cleópatra (de Bernard Shaw), Sadie Thompson
(de John Colton e Clemence Randolph) e Madame Vidal (de Louis Verneuil).
Diariamente, das 9 às 21h, com entrada franca. Divulgação
cinema
Bruno Castaing
O que têm em comum os filmes brasileiros Rio 40 graus, de Nelson Pereira dos Santos, Navalha
na carne, de Braz Chediak, e A hora e a vez de Augusto Matraga, de Roberto Santos? É que os três
tiveram como diretor de fotografia um mestre chamado Hélio Silva, “o homem que pintava com a
luz”, na definição do cineasta Orlando Senna. De 4 a 23 de agosto, o CCBB exibe uma mostra de
27 filmes que tiveram a fotografia de Hélio Silva, em homenagem a esse nome referência no
cinema brasileiro. Falecido em 2004, trabalhou em mais de 70 longas e cem documentários.
De acordo com Eduardo Ades, curador da mostra, “Hélio Silva é o principal marco na virada da
fotografia do cinema brasileiro, quando a estética fotográfica deixa de ser assimilada dos padrões estrangeiros e passa a buscar um
tratamento que traduzisse uma luz local, por um viés mais realista”. Ingressos: R$ 2 e R$ 4. Informações: www.bb.com.br/cultura.
pianoemdosedupla
Carlos Terrana
“Posso assegurar que o duo GisBranco faz um trabalho original de fino gosto, pela
clareza, pureza e sentimento ao tocar com leveza as 176 notas dos dois pianos”. A frase,
do músico Toninho Horta, atesta bem a qualidade do trabalho das pianistas cariocas
Bianca Gismonti e Cláudia Castelo Branco, que se apresentam dia 13, às 20h30, na
creperia C’est si bon (408 Sul). A primeira, filha do músico Egberto Gismonti, estuda
piano desde os dez anos e atua como compositora e pianista ao lado da atriz Leandra
Leal, na peça Impressões do meu quarto, de sua autoria com Leandra. A segunda
começou a estudar o instrumento com cinco anos, já foi dublê de pianista em novelas da
Rede Globo e. integra o grupo Ofelex, voltado para a composição e interpretação de
música eletroacústica. Couvert artístico a R$ 8. Informações: 3244.6353.
tecelagemartesanal
Galhos de plantas e tecidos tingidos com corantes naturais são a matéria-prima da
artista plástica Fabíola de Abreu, que apresenta seu trabalho no Espaço Cultural Renato
Russo (508 Sul) até dia 16. Na mostra Fabulosa – corantes naturais estão peças nascidas
de pesquisas realizadas ao longo de 13 anos na Itália e no Peru. Fios, batiks, tricôs,
crochês e tecelagem artesanal elaborados com corantes naturais são a marca do trabalho
de Fabíola, publicitária por formação que atualmente trabalho no Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade. Entrada franca.
21
dia&noite
designfrancês
bonecosàstoneladas
outrasbossas
Divulgação
Quatro carretas e
seis caminhões
estão trazendo para
o Centro-Oeste 60
toneladas de equipamentos utilizados
por grupos de
bonecos vindos do
Brasil e do exterior.
Vem aí a 7ª edição
do SESI Bonecos, um festival que percorre cinco capitais da
região e estará em Brasília de 5 a 9 de agosto. Entre as estrelas
internacionais estão companhias da Itália, China, Argentina,
Espanha e Estados Unidos. Deste último vêm as marionetes sem
fio de Phillip Huber, o artista que deu vida aos bonecos do filme
Quero ser John Malkovich, de Spike Jonze. De 5 a 7, às 20h, na
Sala Villa-Lobos, e nos dias 8 e 9, na área externa do Museu da
República. Entrada franca.
Depois de curtas férias, está de volta o projeto que
toma conta do Café Cultural nas happy-hours de
quinta e sexta-feira. Situado na Caixa Cultural, o
café abre espaço para homenagens a grandes
nomes da MPB sem cobrança de couvert artístico.
Pra começar a nova temporada foram convidados
a cantora Renata Jambeiro e o violonista Gill
Lopes. Eles vão apresentar, dias 8 e 9, uma homenagem a Roberto Carlos, que acaba de completar
50 anos de carreira. Nas semanas seguintes Cayê
Milfont e José Cabrera vão relembrar Taiguara
(dias 16 e 17) e Rogério Midlej e Fernando
Fontana comandam tributo a Emílio Santiago.
Nos dias 27 e 28 será a vez de Alberto Viegas e
Roberto Lopes conduzirem homenagem a Nelson
Gonçalves. A direção musical do projeto Outras
bossas é de Jaime Ernest Dias.
luzdapaz
As esculturas de Darlan Rosa já ganharam o mundo. Chegaram a El Salvador, Estados
Unidos, França, Jordânia e, agora, à Palestina. Em julho o artista candango esteve em
Ramallah, capital da Autoridade Palestina, para inaugurar a obra Humanidades,
uma esfera em aço inox com um metro e meio de diâmetro, agora instalada no
Jardim das Nações. É mais uma etapa conquistada do projeto Luz da paz, que
o artista começou no ano 2000. A ideia nasceu a partir dos comentários que
Darlan recebe de seu público, segundo os quais a contemplação de suas obras
traz a sensação de paz. Em setembro, o artista inaugura outra esfera, desta vez
em Toronto, Canadá. Parabéns, então, ao nosso artista da paz!
22
Divulgação
Divulgação
Durante muito tempo, a cidade francesa de Saint-Étienne teve sua economia alavancada
pela indústria, sobretudo a siderúrgica. A partir da segunda metade do século XX, a
produção entrou em declínio e a cidade do Vale do Rio Rhône teve que encontrar
uma nova vocação. Uma das saídas para resolver o problema foi direcionar a
economia para a área tecnológica. A fórmula deu tão certo que em pouco
tempo a cidade já passou a ser uma referência mundial do design contemporâneo. Quem quiser conhecer mais esse talento francês tem até dia 24 para
visitar a exposição Saint-Étienne, Cidade do Design, em cartaz no CCBB.
A mostra faz parte da programação do Ano da França no Brasil e seguirá
depois para o Rio, Curitiba e São Paulo. De terça a domingo, das 9
às 21h, com entrada franca.
diadospais
De pais
para filhos
Texto e fotos Ana Cristina Vilela
D
ia dos Pais. Cercado pelos filhos,
o pai espera o almoço ficar pronto ou então seguem juntos para
um bom restaurante, certo? Errado. O pai
está cercado pelos filhos, sim, e também
por panelas, temperos e demais apetrechos de culinária. São os pais gourmets
que, de tão apaixonados por gastronomia,
terminam na cozinha até no seu dia. E
existem muitos deles por aí. No filme Comer, beber, viver, o pai usa a gastronomia
para se aproximar das filhas cheias de problemas. No mundo real, a cozinha também é espaço de aproximação, de afinidades, de conversas e trocas.
A Roteiro convidou alguns pais apaixonados por culinária (desses que têm avental, vários tipos de facas, panelas, temperos, uma cozinha toda paramentada ou
bem ao estilo caseiro, simples, numa versão de cozinha em que o principal ingrediente é “o amor”) para cozinhar para
seus filhos e contar suas experiências. Em
cada cozinha, um fator comum. Pais e filhos reunidos na mais tradicional forma
de confraternização: estar à mesa e “comer, beber, viver”.
Tudo começa na cozinha, entre experimentos, trocas de ideias, uma boa taça
de vinho ou aquela velha cachaça mineira.
Uma pitada a mais de sal, um “pai, mais
pimenta!”, dicas, sugestões e trocas de receitas fazem parte do cardápio. Na casa do
publicitário Charles Marar não é diferente. A filha Isadora seguiu o caminho da
nutrição e é mais uma encantada por aromas, sabores e misturas. O filho Charles
também gosta do ofício e dá opinião em
tudo, além de elogiar e elogiar o prato preparado pelo pai. Os irmãos experimen-
Paixão pela
culinária pode fazer
da cozinha um
espaço de convívio
e confraternização
familiar
tam, cheiram, olham e não desgrudam
um segundo do fogão, enchendo a cozinha do pai de graça e de brincadeiras.
Charles (pai) nasceu em Bauru, São
Paulo, mas está em Brasília há 35 anos.
Começou a cozinhar aos 18, “por sobrevivência”. Morava em São Paulo com amigos e sua especialidade era arroz com ovo.
Lá pelos 25 anos, decidiu dizer que sabia
cozinhar. Pediram-lhe que fizesse, então,
um quibe cru, que Charles não sabia fazer. Hoje, entre os pratos preparados por
ele, é o preferido de Isadora.
Filho de mãe jordaniana, Charles acredita que o dom da gastronomia vem do lado materno. “O que mais aprendi com ela
foi a simplicidade, usar o mínimo possível”, ensina. Pelo jeito, os talentos de dona
Najla impregnaram a família inteira: “Todos os irmãos gostam de cozinhar”, diz. O
que mais o atrai na cozinha é “agradar a
23
pessoa que vai comer”. E em que área melhor se defende? “Primeiro, a gastronomia
italiana e depois a árabe”, afirma.
Além do vinho e da música, é primordial para Charles uma cozinha sempre
limpa. Quanto aos apetrechos, tem panelas de níquel, de cobre e estanho, de ferro,
de barro, algumas da sofisticada marca Le
Creuset, e uma gaveta lotada com todos
aqueles itens que sequer sabe para que
servem ou que são usados uma única vez.
Mas, nesse campo, prefere não opinar,
pois se lembra de que a mãe há anos e
anos usa a mesma frigideira wok, já velha,
sem teflon, e “faz coisas maravilhosas”.
“Acredito mesmo que os principais itens
na cozinha são, como diz o Álvaro Abreu,
amor e tesão”, sentencia.
À moda mineira
Pois é. Para o arquiteto Álvaro Abreu,
outro que ama panelas, o essencial na cozinha é “amor”. Ele não tem grandes marcas, nem panelas variadas, mas prepara
pratos mineiros com toda autenticidade.
No encontro com as filhas, fez costela de
porco com canjiquinha, bem à moda mineira – afinal, nasceu em Pará de Minas,
de onde veio para Brasília 36 anos atrás.
Os finais de semana são reservados
para as três filhas, Mariana, Júlia e Carolina e para os netos Lucas, Robetro e Ana
Cristina, quando passam o dia juntos entre uma dosezinha e outra de pinga e panelas de galinhada, a preferida da turma,
ou arroz com linguiça, rabada, canjiquinha... E Álvaro suspira fundo pelo filho
que está há cerca de três anos em São Paulo. “Ele faz falta...”
Quando lhe perguntam o que não pode faltar na cozinha, ele nem pensa: “coração”. E é com o coração que ele cozinha e
prepara o tempero preferido das filhas,
uma vinha d’alhos com sal, alho, cebola,
salsinha e cebolinha, que agora vai ganhar
o mercado com o nome Zabröy. “Quando
acaba o meu tempero, venho buscar
mais”, conta a filha Mariana.
Além da vinha, entram páprica e pimenta-do-reino nos pratos preparados por
Álvaro, não muito mais que isso. Na horta de casa tem cheiro verde, ora-pro-nóbis e
taioba, típicos de sua região. E entre almoços e almoços, histórias acontecem. Um
dia, depois de boas doses de cachaça em
família, a comida ficou assim... um pouco
salgada. Mas as filhas o defendem: “Aconteceu raras vezes”. Mariana, Júlia e Caroli-
na também são cobaias dos pratos servidos no Bar Brasília, do qual Álvaro é um
dos donos.
Pessoas unidas ao redor da mesa, sejam os filhos, sejam amigos, essa é a grande atração da gastronomia, para Álvaro.
“Se a gente não cativa só pela amizade, cativa pelo estômago”, brinca. No Dia dos
Pais, não tem jeito. Ele sempre vai parar
em seu lugar de direito: a cozinha. “Não
adianta, já tentamos, mas ele não deixa a
gente cozinhar”, contam as filhas. Por sua
vez, Álvaro decreta: “São elas que escolhem o que fazer, mas sou eu que faço”.
O segredo na cozinha de Álvaro, além
do amor e das boas companhias, é refogar
bem a comida, umas das tradicionais características de todo chef caseiro vindo lá
das Minas Gerais. “Além de refogar bem,
deve-se lembrar que fogo alto não faz comida rápida. A costelinha, por exemplo, a
gente deve demorar mais para refogar do
que propriamente para cozinhar”, aconselha. Chegado a um bom prato à base de
carne, o arquiteto chama a atenção para a
importância de uma carne fresca e dá a
dica do açougue Agricarne, na QI 13 do
Lago Sul: “É tudo fresquinho, pois tem
grande saída”.
Álvaro Abreu prepara delícias da cozinha mineira para as três filhas e a neta Ana Cristina. É assim quase todos os fins de semana
24
Juan Pratginestós em ação: primeiro preparando e depois servindo à filha Núria o filé que criou em sua homenagem
À moda catalã
Se a cozinha de Álvaro é minimalista,
o mesmo não se pode dizer da do fotógrafo Juan Pratginestós. Catalão nascido em
Barcelona, prefere não dizer quantos
anos tem de Brasil – “foram tantas idas e
vindas” – e afirma que na Espanha cozinhar é de berço. “O espanhol é culturalmente do bom comer. Na Catalunha
existem diversas construções, nichos gastronômicos.”
Tanto o pai quanto a mãe cozinhavam
“muito bem”, mas com certas diferenças.
“Minha mãe não gostava muito, ficava só
uns 30 minutos dentro da cozinha, mas
meu pai passava lá o dia inteiro”, lembra.
O que mais aprendeu com os dois foi o
improviso, que é, para ele, o segredo de
um bom chef. Ele gosta tanto do ofício
que, agora morando em Pirenópolis, vai
ter seu próprio restaurante, o Montserrat,
cujo cardápio terá um pouco da cozinha
mediterrânea.
O prazer de cozinhar para a filha Núria
e para os amigos é tanto que ele costuma
dar ao prato o nome da pessoa para quem
a iguaria foi especialmente preparada. Um
dos exemplos é o Filé da Núria, totalmente
aprovado pela filha: “Adoro!”, elogia, mas
também reclama. Afinal, agora que o pai
está em Pirenópolis, anda sentindo falta
dos jantares preparados por ele.
Sim, movido a paixão pela arte da gastronomia, Juan tem suas preferências.
Carrega sempre seu estojo de facas, pois
está “cansado de pegar facas sem corte”,
sua tábua de corte, “porque geralmente as
tábuas são pequenas”, e sua mala de temperos, com pimenta-do-reino e moinho,
harissa, da Tunísia, uma mistura de pimentas e especiarias, vários sais, como o
Sal Preto do Himalaia, o Fleur de Sel de
Guérande, Sal de Portugal, Maldon e o recém-descoberto Sal de Mossoró, além de
Vinagre de Jerez e azeites vários.
Cada um a seu jeito, todos têm em comum o amor, tanto pela gastronomia
quanto pelos filhos. Juntos na cozinha,
pais e filhos unem-se ainda mais e dão um
tempero, ou vários, à relação. Afinal, cozinhar é magia. E nada melhor do que unir
tudo numa grande panela, mexer bem e
servir com um toque todo especial: o da
confraternização.
Filé da Núria
Filé alto, salpimentado e selado em fogo alto. Na frigideira,
coloca-se muita cebola roxa cortada à juliene com um pouco
de azeite e tomilho fresco. Quando a cebola estiver murcha,
porém ao dente, joga-se um cálice de vinho jerez e creme de
leite fresco. Apura-se até a cebola ficar ao ponto e, então,
coloca-se novamente o filé. Servir com batatas salteadas
com sálvia fresca.
25
Para:
Meu pai
gourmet
Máquina de café
Nespresso Le Cube
R$ 1.550 na Tool Box
(CasaPark) e na Belini
(113 Sul)
Máquina de café
Kitchen Aid
R$ 3.900 na All
Kitchens (211 Sul)
Panela Le Creuset
R$ 982 na Tool Box
Balde de gelo Oxo
R$ 299 na Tool Box
Fotos: Divulgação
Kit Caipirinha Saveiro
R$ 99,90 na All Kitchens
Tulipas para cerveja
H. Martin (6 unidades)
R$ 60 (menores) e R$ 80
(maiores) na All Kitchens
Abridor de vinho
Screwpull
R$ 118 na Tool Box
Resfriador instantâneo de vinho
R$ 220 na Belini
Conjunto de facas Supreme
R$ 499,65 na Kaza Chique
(406 Norte)
26
Cesta Pai Gourmet
A partir de R$ 300 no
Mercado Municipal (509 Sul)
26
Divulgação
queespetáculo
Dupla
homenagem
Série Santoro 90 anos começa com
tributo ao maestro Sílvio Barbato
U
m dos projetos que Sílvio Barbato preparava para este segundo semestre de 2009 seria uma homenagem a seu grande mestre Cláudio Santoro, um dos maiores nomes da música erudita brasileira. Por uma triste ironia do destino, na abertura da série Santoro 90 anos,
27
na noite desta quarta-feira, 29, no Centro
Cultural Banco do Brasil, a homenagem
ao mestre foi estendida ao discípulo.
Passageiro do fatídico vôo 447 da Air
France, Barbato seria o regente de todos os
concertos da série, da qual foi também um
dos idealizadores. Substituído no primeiro
recital – Canções de amor – pelo maestro e
pianista Joaquim França, ele foi homenageado com a execução de duas peças – Xaxado e Prelúdio – que compôs para um balé.
Ao todo, cinco concertos serão realizados até 25 de novembro (veja programação) pela Camerata do Brasil, formada
apenas por músicos brasilienses. O programa contempla uma variedade de estilos que não deixa dúvidas a respeito da
versatilidade do maestro e compositor:
ao longo dos seus 70 anos de vida, ele
compôs vasta obra musical – bailados,
aberturas, concertos para orquestra, piano, orquestra de câmara e violino, danças,
solos para piano, canções, coros e música
eletroacústica.
Filho de um militar napolitano que
imigrou para o Brasil no começo do Século XX, Cláudio Santoro nasceu em Manaus, em 23 de novembro de 1919. Ao
completar dez anos, ganhou um violino
do tio e começou a receber suas primeiras
lições de música. Em 1938, aos 19 anos,
iniciou sua carreira como compositor, assinando uma sonata para violino e piano
e algumas peças para piano. Sua carreira
internacional deslanchou alguns anos depois, em 1947, com uma viagem a Paris.
Passou a reger orquestra na década de
50, destacando-se principalmente na Rússia e na Alemanha. De volta ao Brasil, em
1978, assumiu a chefia do Departamento
de Música da UnB. Fundou e dirigiu, até
1989, a Orquestra Sinfônica do Teatro
Nacional de Brasília. Aqui escreveu suas
sinfonias de número 9 e 10, a ópera Alma, a partir do texto de Oswald de Andrade, e o Réquiem para JK, homenagem ao
fundador da cidade, em 1986. Santoro sofreu um infarto e morreu em 27 de março
de 1989, aos 70 anos, durante o ensaio geral de um concerto em homenagem ao bicentenário da Revolução Francesa, no palco da Sala Villa-Lobos. E passou a emprestar seu nome ao Teatro Nacional em
setembro do mesmo ano, por meio de um
decreto do Senado Federal. Série Santoro 90 anos
Próximos concertos:
27/8 – Clássicos Santoro. Regência:
Osvaldo Calarusso.
23/9 – Música e política. Regência:
Emílio de Cesar.
28/10 – Música sinfônica. Regência:
Leandro Carvalho.
25/11 – Música eletrônica. Regência:
André Cardoso
27
Fernando Lemos
Mês
de dança
no CCBB
Movimento D traz à cidade três
das melhores companhias de
ballet contemporâneo do país
Meu prazer, coreografia de Márcia Milhazes
“S
e alguém criou o universo e o homem, esse alguém tinha muito senso de humor”, disse Stephen Haw­
king. Essas e outras ponderações do físico
inglês, mescladas com trilha sonora de sucessos de Ray Conniff, dão o tom da coreografia que Vera Bicalho e Henrique Rodovalho criaram para o ballet Quasar no
espetáculo Céu da boca. É ele que abre, dia
7, o Movimento D, série de apresentações
de três companhias de dança contemporânea: além do Quasar, Andréa Maciel e
Márcia Milhazes.
O espetáculo inédito do grupo Quasar
estabelece um instigante diálogo entre a
boca e o céu, para tratar, por meio do movimento, de tudo que se refere ao homem
e suas dúvidas diante do universo. Numa
abordagem bem humorada, marca registrada da companhia goiana, a coreografia
desdobra as possibilidades de se tratar o
assunto a partir de questões íntimas e mínimas até questões universais. Fundada
em 1988 por Vera e Henrique, a companhia vem construindo uma trajetória que
28
mistura a qualidade artística ao engajamento em ações que democratizem o acesso à dança.
Na segunda semana de agosto, a carioca Andréa Maciel apresenta o espetáculo
Movimento 3, que explora as possibilidades
da multidisciplinaridade das artes em fusão
de linguagens que o grupo domina muito
bem. O mais recente trabalho da companhia, Gravidade zero, trata da possibilidade
de se voar com a mobilização dos sentidos
e da vontade. “A consciência e aceitação do
estado permanente de movimento das coisas permite-nos sentir a sensação de elevação”, explica Andréa. O espetáculo reúne
performances de dança contemporânea, vídeoarte e música ao vivo.
Para fechar a série, a também carioca
Márcia Milhazes Companhia de Dança
apresenta o espetáculo Meu prazer, que
tem na cenografia assinada por Beatriz
Milhazes um dos pontos fortes. Nele, quatro pessoas se encontram no mesmo campo físico. “Faz-se a trança de um corpo
oculto que, através da contemplação de
uns e de uma alucinada percepção de outros, vão se vestindo e despindo nas suas
diferenças, como um discurso do comportamento”, conceitua Márcia.
Além das sessões para o público, haverá duas oficinas gratuitas, uma com Andréa Maciel e outra com Érica Beatriz, bailarina e ensaiadora da Quasar. Serão 20
vagas por oficina, em que os participantes
poderão refletir sobre os diferentes processos criativos de dois importantes e premiados coreógrafos brasileiros. No dia
20, às 20h, haverá sessão gratuita de Meu
prazer para alunos e professores da rede
pública de ensino do DF. Depois, Márcia
Milhazes conduzirá um bate-papo sobre a
temática e o processo criativo do espetáculo, numa ação que visa estimular o público jovem à aproximação, apreciação e reflexão estética.
Movimento D
De 7 a 23/8, no CCBB. De 7 a 9 , Quasar;
de 14 a 16, Andréa Maciel; de 21 a 23,
Márcia Milhazes. Sextas e sábados, às 21h;
domingos, às 20h. Ingressos a R$ 15 e
R$ 7,50. Mais informações: 3310.7087.
28
Magnum Photos, Inc.
luzcâmeraação
Woodstock revisitado
Warner lança caixa de DVDs restaurados e remasterizados em comemoração aos
40 anos do festival que se transformou em símbolo da contracultura dos anos 60
Por Sérgio Moriconi
D
epois do maio de 1968, a indústria do entretenimento se mobiliza agora para comemorar os 40
anos de outro marco dos efervescentes
anos 60, o festival de Woodstock. Além
da caixa Woodstock, 3 dias de paz, amor e
música (versão ampliada do diretor Michael Wadleigh para o anterior Woodstock – onde tudo começou), já está à venda no
Brasil o livro Woodstock, de Pete Fornatale, e vem aí, em setembro, o filme Taking
Woodstock, que o diretor Ang Lee apresentou no último Festival de Cannes, em
maio.
O documentário de Wadleigh e a distância histórica talvez sejam um nosso
aliado hoje para separar o joio do trigo.
Afinal de contas, o megaevento, com toda
a sua mitologia a respeito da cultura
hippie, da liberação sexual,
dos
sonhos comunitários, de
uma perspectiva de vida
não materialista, ajudou a
modificar o mundo, e a
nós como indivíduos,
ou foi apenas fogo de palha?
Mitologia à parte, o Woodstock impressiona agora como impressionou seus
organizadores à época de sua realização.
Ao contrário do que muitos pensam, o
festival foi um enorme empreendimento
comercial levado adiante por dois
homens de negócio, Joel Rosenman e John Roberts, associados a dois outros indivíduos de reputação duvidosa,
Artie Kornfeld e Michael
Lang. Os quatro achavam
que o evento, concebido para
35 mil pessoas, seria uma ótima oportunidade para fazer di29
nheiro, utilizando-se espertamente da
bandeira do “paz e amor”. Mas os 35 mil
viraram 500 mil, transformando o sonho
dourado dos organizadores em pesadelo.
Durante os dias 15, 16 e 17 de agosto,
ainda que apenas três pessoas tenham
morrido por overdose e uma centena tenha se ferido levemente (cifra insignificante, considerando a magnitude do público), problemas técnicos de todo tipo produziram um prejuízo de mais de dois milhões de dólares. Chuvas e engarrafamentos babilônicos faziam intuir que Woodstock fechava um círculo – era o fim da linha do chamado “verão de amor”, cujo
marco inicial costuma ser imputado ao
Festival de Monterey, acontecido dois
anos antes, entre 16 e 18 de junho de
1967.
Certa vez, Paul MacCartney definiu
com muita acuidade o curto período
(1965-1967) em que o rock foi de fato a
ponta de lança de um processo de liberação de costumes em todos os níveis, fossem eles sexuais, de práticas anti-burguesas, de valores morais não conservadores
etc. Ao se referir ao momento de separação dos Beatles como o mais sombrio de
sua vida, Paul disse ter ouvido por essa
época, pela primeira vez, 1968, o termo
heavy (pesado) para definir o ambiente e a
música jovem que se fazia em boa parte do
planeta naquele momento. Antes disso,
tudo parecia leve e luminoso. As drogas
de fato eram portas para a percepção de
uma outra realidade. Elas faziam vislumbrar o enterro de um mundo velho, o
mundo dos pais e avós dos jovens de então, o mundo que havia iniciado duas trágicas guerras naquele que se supunha ser
o continente da razão e das luzes.
Socialismo utópico
Para muitos que acreditavam no sonho comunitário de Woodstock, o modelo hippie de socialismo utópico tinha raízes profundas. A vida em comunidades
autônomas não foi uma invenção dos 60.
Longe, muito longe disso. Elas vinham
sendo colocadas em prática desde a Idade
Média! Nos Estados Unidos, agrupamentos religiosos, como os Mórmons e os
Quakers, e mesmo comunidades políticas
e utópicas foram tolerados durante todo o
século XIX e início do século XX, ainda
que fossem todas libertárias e de esquer30
da. A primeira do gênero, New Harmony,
havia sido fundada em 1825 por Robert
Owen, pai do socialismo inglês. Por toda
a Europa, no mesmo período, surgiram
grupos semelhantes.
Inspirados no herói de Walden, livro
escrito por Henry David Thoreau em
1854, antecipando a ecologia, o abolicionismo e a resistência pacifista, fonte das
idéias de Gandhi e Martin Luther King,
surgiram dezenas de comunidades portando nomes evocativos. Utopia, Golden
Life, Spring Hill, Içaria Speranza foram algumas delas. Walden era antes de tudo
um manifesto poético contra a civilização
industrial, pregava um retorno à natureza
e a uma vida simples. A obra foi uma referência primordial para os hippies, cuja
primeira comunidade viria à luz apenas
em janeiro de 1966, assim como para
uma das últimas experiências comunitárias dos EUA, a Ferrer Colony, que abrigou em seu seio o futuro símbolo do folk
de contestação, também um dos ícones
de Woodstock – a cantora e compositora
Joan Baez.
A utopia alternativa embalou da mesma forma Bob Dylan. Atormentado pelos
constrangimentos da indústria, refugia-se
com a família na região de Woodstock e
vê seu sonho se transformar em pesadelo
quando o festival transforma o local em
lugar de peregrinação de doidões de toda
espécie. Para quem souber ver, o filme de
Wadleigh, co-editado por Martin Scorsese, pode dar uma visão não mistificadora
desse momento único e contraditório da
cultura pop ocidental. Ou seria da contracultura?
A resposta, como muitos diriam, varia. O melhor a fazer é ver e ouvir o legado
de grupos e artistas que fizeram história.
Alguns deixaram seus nomes intrinsecamente ligados ao festival, casos de Richie
Havens, Melanie, Country Joe & The
Fish, Joe Cocker, Arlo Guthrie, Joan
Baez, Janis Joplin e Jimi Hendrix. Outros,
como Grateful Dead, The Who, Jefferson
Airplane e Santana, descolaram um pouco mais suas imagens de Woodstock,
fazendo carreiras com diferentes graus de
sucesso. Tanto uns quanto outros experimentaram o declínio da utopia alternativa, transformaram-se em mercadoria, mas
de algum modo deixando a semente para
aqueles que algum dia vão querer recolher
os frutos da insatisfação e da desobediência ao estabelecido.
Woodstock – 3 dias
de paz, amor e música
Caixa da Warner Home Vídeo com quatro
DVDs – R$ 79,90 (à venda exclusivamente
nas livrarias Saraiva e saraiva.com.br)
Woodstock
Peter Fornatale
Editora Agir, 320 páginas
R$ 39,90 na Livraria da Travessa
www.travessa.com.br
Taking Woodstock
EUA/2009, 110 min. Direção: Ang Lee.
Roteiro: James Schamus, Elliot Tiber e Tom
Monte. Com Liev Schreiber, Emile Hirsch,
Jeffrey Dean Morgan, Paul Dano, Dan
Fogler, Eugene Levy, Kelli Garner, Demetri
Martin, Imelda Staunton, Daniel Eric Gold,
Mamie Gummer, Michael Zegen, Katherine
Waterston, Kevin Sussman e Skylar Astin
Estréia no Brasil: 18 de setembro.
Divulgação
luzcâmeraação
Trágico mistério
Atuações memoráveis de Kristin Scott Thomas e Elza Zyberstein
são a grande credencial de Há tanto tempo que te amo
Por Reynaldo Domingos Ferreira
O
estreante diretor Philippe Claudel exagera no tom de dramaticidade e de mistério para conduzir
a narrativa da reintegração de uma ex-presidiária, condenada por homicídio, à sua
vida familiar. Autor também do roteiro,
Claudel – detentor de dois prêmios Goncourt como escritor – demonstra insegurança principalmente em relação à forma
pela qual aborda a questão. Reveladora,
nesse sentido, é a sequência em que Léa
(Elza Zyberstein), professora de literatura,
discute sem serenidade com seus alunos
o método de exposição adotado por Dostoiévski para contar a história de Raskolnikov em Crime e castigo.
Para respeitar o título e a temática, a
narrativa deveria ser – mas não é – subjetiva, isto é, sob a ótica de Léa, que convida
a irmã, Juliette Fontaine (Kristin Scott
Thomas), presa na Inglaterra há 15 anos,
a ir morar com ela em Nancy, cidade universitária onde vivem cidadãos de várias
nacionalidades. No trajeto do aeroporto
até sua casa, Léa revela a Juliette que após
a morte do pai delas se mudara para
Nancy a fim de fazer o doutorado, e lá conhecera Luc (Serge Hazanavicius), com
quem se casara e adotara duas crianças
vietnamitas, P´itit Lys (Lyse Ségur) e Eme-
lia (Lyle Rose).
Já instalada na casa da irmã, que a deixara para ir lecionar, Juliette descobre, ao
acaso, um outro conviva, Papy Paul (JeanClaude Arnaud), pai de Luc, de origem
polonesa, que não falava desde que sofrera um AVC. Outras personagens vão surgindo e, aos poucos, desaparecendo de
forma aleatória, como o homem do bar
(Pascal Demolon), o professor Michel
(Laurent Grévill), colega de Léa, o capitão
Fauré (Frédéric Pierrot), um solitário policial que sonha em desvendar os mistérios
sobre a nascente do Rio Orinoco, e a mãe
das duas (Claire Johnston), sofredora do
Mal de Alzheimer, que se encontra numa
casa de saúde.
Para retardar o desvendamento do segredo que Juliette esconde sobre seu passado criminoso, Claudel é pródigo em redundâncias ou em digressões típicas de
melodramas. É o caso da cena de uma reunião familiar campestre em que Claudel
expõe, apoiado na bela fotografia de Jérôme Alméras, sua admiração pelo estilo do
cineasta Eric Rohmer, que nada tem a ver
com o dele. É nessa parte que, instigada
por Gérard (Olivier Cruvier), o anfitrião,
Juliette se vê forçada a dizer, ante a ansiedade da irmã, a verdade sobre seu passado, que, entretanto, cai no descrédito de
todos, exceto no de Michel.
O mérito da direção de Claudel reside
sem dúvida na maneira com que sabe compor planos para dar destaque às soberbas
interpretações de Elza Zyberstein e de Kristin Scott Thomas. A primeira exprime,
com finíssima sensibilidade, o amor, a
admiração que Léa sente, desde criança,
pela irmã. Muitas coisas se passaram, entre as duas, que precisavam ser por ela consideradas. Juliette fora quem lhe ensinara,
por exemplo, a cantar e a tocar piano. Se
toda a família, mormente o pai, condenou
o ato de Juliette, Léa, ao contrário, sem saber os motivos que a levaram a cometer o
crime, nunca deixou de amá-la.
Kristin Scott Thomas cria desta feita
personagem de máscara rígida, que manifesta, pelas olheiras profundas, além de fadiga, uma secreta tristeza. Era como se ela
tives­se de sustentar a todo o tempo que, apesar da ruína da sua vida, deveria permanecer de pé. Em termos de composição, Kristin também explora muito o recurso das
pausas psicológicas, e é notável ainda o uso
que faz da inflexão de voz em várias cenas.
Há tanto tempo que te amo
(Il y a longtemps que je t´aime)
França/Alemanha/2008, Roteiro e direção:
Philippe Claudel. Com Kristin Scott Thomas,
Elza Zyberstein, Serge Hazanavicius, JeanClaude Arnaud, Laurent Grévill, Frédéric
Pierrot, Olivier Cruvier, Pascal Demolon, Lyse
Ségur, Lyle Rose e Claire Johnston.
31
Herói bandido
Um thriller envolvente, de forte intensidade dramática,
ambientado durante a grande depressão dos anos 30
I
nimigos Públicos, de Michael Mann,
trata da incansável ação empreendida
pelo agente policial Melvin Purvis, do
FBI, a fim de capturar John Dillinger, tido
então como o maior assaltante de bancos
dos EUA. O roteiro, escrito por Ronan
Bennett em colaboração com Michael
Mann e Ann Biderman, estabelece curioso paralelo entre a personalidade do perseguidor e a do perseguido. Eles têm em
comum, além do alto sentido de profissionalismo, pelo menos duas características:
a de querer cultivar constantemente a opinião pública e a de tratar bem seus homens de confiança.
Dillinger (Johnny Depp) criou aura de
defensor das vítimas da depressão ao assaltar bancos e desafiar o governo, uma
vez que nenhum tipo de prisão conseguia
detê-lo. Seu charme – tinha apurado bom
gosto na maneira de se trajar – e suas audaciosas fugas dos presídios de segurança
máxima conquistam as massas, como o
fez Jesse James no passado. Por sua vez,
Purvis (Christian Bale) conseguiu se promover diante da opinião pública e de J.
Edgard Hoover (Billy Grudup), o então
jovem diretor do FBI, comandando a perseguição a Pretty Boy Floyd, marginal
morto por ele num pomar de maçãs, em
Ohio. Após considerar Dillinger o inimigo público número 1 dos EUA, Hoover
decide colocar Purvis no seu encalço.
No intervalo de vários assaltos a bancos, Dillinger conhece Billie Frechette
(Marion Cotillard), por quem se apaixona. Mas não a ponto de deixar de frequentar outras amigas, como a cafetina Anna
Sage (Branka Katic), que o trai, dando indicação a Purvis sobre o local onde ele poderia ser encontrado na fatídica, para ele,
noite de 22 de julho de 1934.
32
Como já o fizera em Miami vice,
Mann consegue extrair belo efeito das
imagens captadas por Dante Spinotti em
vídeo digital de alta definição. A reconstituição de época é outro elemento que contribui para a perfeição de inúmeras sequências, como as que ocorrem, ao final, no
interior e nas adjacências do cinema Biograph, em Chicago, Illinois. E, como
aconteceu em Colateral, Mann soube explorar de forma magnífica a seleção de
músicas da época e principalmente o belo
tema composto especialmente para a película por Elliot Galdenthal.
O elenco, liderado por Johnny Depp,
Christian Bale e Marion Cotillard, é excepcional. Depp – que substitui Leonardo
DiCaprio, primeiro interessado no papel
de Dillinger – compõe bem o homem, o
janota, o dândi, o amante, enfim, o mito,
melhor do que o bandido meticuloso, frio
e sagaz. Na sequência em que os agentes
do FBI cercam a hospedaria Little Bohemia, numa pequena localidade do Wisconsin, onde se encontram Dillinger e sua
gangue, o ator mostra um bom momento
reflexivo, deitado na mesma cama em que
sua personagem se deitara em 1934.
Christian Bale faz questão de destacar,
em sua estupenda atuação, a integridade
moral do agente Melvin Purvis. É notável
como o ator, detalhista ao extremo, consegue aprofundar na personagem a certeza de
que tem um dever profissional a ser cumprido, embora se posicione muitas vezes
em sentido contrário ao que lhe é imposto
pelo rígido esquema, comandado por Hoover, a que é submetido. Marion Cotillard, a
premiada intérprete de Piaf – um hino ao
amor, de Olivier Dahan, reaparece agora,
de rosto limpo, bonito, lembrando a linha
de Natalie Wood, numa atuação discreta,
mas de muita força dramática.
Billy Grudup, como J. Edgard Hoo-
ver, retrata, com correção, a figura histórica do visionário criador do FBI. E há entre os coadjuvantes – comparsas de Dillinger e agentes policiais sob o comando de
Purvis – vários atores internacionais, como Stephen Graham (John “Red” Hamilton), Stephen Dorff (Homer Van Meter),
Stephen Lang (Charles Winstead) e principalmente David Wenham (Harry “Pete”
Pierpont), que se destacou em Austrália,
de Baz Luhrmann.
Inimigos públicos (Public enemies)
EUA/2009, 140 min. Direção: Michael Mann.
Roteiro: Ronan Bennett, Michael Mann e Ann
Biderman, com base no livro Public enemies:
America´s greatest crime wave and the birth
of the FBI – 1933-34, de Bryan Burrough.
Com Johnny Depp, Christian Bale, Marion
Cotillard, Billy Grudup, David Wenham,
Stephen Dorff, Stephen Lang, Branka Katic,
Stephen Graham e Channing Tatum.
Divulgação
Por Reynaldo Domingos Ferreira
caianagandaia
Diversão à moda carioca
U
ma coisa que não se pode negar
é que o povo carioca sabe se divertir, seja passando a manhã na
praia, a tarde no Maracanã, a noite num
dos milhares de botecos da cidade ou a
madrugada na muvuca da Lapa ou do Baixo Gávea. Se não tem como trazer o mar
para a árida Brasília, as fotos das belezas
naturais da capital fluminense dão pelo
menos um gostinho. Se não dá para trazer
o Maracanã, as TVs transmitindo os jogos da rodada dão conta do recado. E para
a noite ser boa como a carioca, um bom
começo é o chope gelado, boa música, mesas de sinuca e, é claro, casa cheia. Assim a
recém-inaugurada cervejaria Garota Carioca chega a Brasília, com o objetivo de trazer à cidade um pedaço do Rio de Janeiro.
Brasília é a terceira capital em que a
Garota Carioca abre as portas. Salvador e
Curitiba já desfrutam da casa e em breve
Belo Horizonte entra na lista. “Uma filial
em Águas Claras também faz parte dos
planos, mas só deve se concretizar ano que
vem”, revela Marcus Ruas, um dos sócios.
Para abrigar a primeira filial candanga, o
lugar escolhido foi uma amplo galpão de
dois andares em frente ao Liberty Mall,
que abriga 140 mesas e tem capacidade para 400 pessoas sentadas, sem aperto.
Como companhia para o chope Brahma e as caipiroskas de diversas frutas, a casa oferece um bufê bem variado, com
frios, grelhados, pizzas, sushis, sashimis e
temakis, a R$ 49,50 o quilo. Na happyhour, das 17 às 20h, o preço cai pela metade. Como a idéia é que a diversão corra
noite adentro, a partir da meia-noite a casa
oferece também um bufê de massas (R$
16,90).
A decoração, assinada pelo arquiteto
Antônio Márcio, tenta captar o clima dos
tradicionais bares do Rio. Na parte externa, grandes painéis homenageiam ícones
como Zé Carioca, Chico Buarque, Jorge
Ben Jor, Tom Jobim e Zico. Na parte de dentro, fotos
mostram os mais famosos cartões postais da Cidade Maravilhosa. A programação musical também tem sotaque
carioca, com uma
banda diferente de
terça a domingo tocando sambalanço,
samba-rock, MPB,
Bossa Nova, jazz e
sucessos contemporâneos.
Para avaliar o bar, nada melhor do que
alguém qualificado: uma garota carioca. A
jornalista Helga Artiaga veio passar as férias na casa do pai e aproveitou para conhecer o novo bar. “Gostei do ambiente,
das fotos do Rio, da música. A varanda
lembra muito os bares da zona sul do Rio.
Para eu me sentir na minha cidade, só faltou mesmo a vista pro mar”, brinca.
Garota carioca
SCN Quadra 3 – Bloco C (3326.1840).
Diariamente, das 17h até o último cliente.
A partir da segunda quinzena de agosto a
casa passará a abrir também para almoço.
Após as 20h30, passa a ser cobrada
entrada: R$ 8 (mulheres) e R$10 (homens).
Fotos: Divulgação
Por Eduardo Oliveira
33
Divulgação
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R$ 5,90 - Roteiro Brasília