UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS QUÍMICA LICENCIATURA TULLYO HENRIQUE ANDRADE A aprendizagem da disciplina de Química nas turmas de Ensino Médio da cidade de Anápolis /GO ANÁPOLIS 2012 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CURSO: QUÍMICA LICENCIATURA TULLYO HENRIQUE ANDRADE A aprendizagem da disciplina de Química nas turmas de Ensino Médio da cidade de Anápolis / GO Monografia apresentada ao curso de Química da Universidade Estadual de Goiás, como requisito parcial para graduação em Licenciatura em Química, sob orientação de Eliete Lúcia Silva. Anápolis 2012 2 Andrade, Tullyo Henrique. A aprendizagem da disciplina de Química nas turmas de Ensino Médio da cidade de Anápolis/GO / Tullyo Henrique Andrade; Silva, Eliete Lúcia. – 2012. 54 f. Orientadora: Prof.a Ms. Eliete Lúcia Silva TCC (Graduação), Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas, 2012. 1. Ciências Exatas. 2. Educação. 3. Disciplina de Química – Goiás (Estado). I. Silva, Eliete Lúcia. II. Título. 3 4 Dedico este trabalho a minha família, minhas madrinhas, meu padrinho, aos meus amigos que conheci até hoje e a cidade de Itapaci (GO). E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. 1 Coríntios 13:2 5 Agradeço minha orientadora Eliete Lúcia Silva, professora Tânia Aparecida e ao professor do estágio Supercil Mendes da Silva Filho. 6 RESUMO A disciplina Química sempre foi motivo de discussão entre os alunos tanto por sua preferência ou rejeição a ela, por escolhas baseadas em explicações que são verdadeiras incógnitas. O trabalho foi montado em cima de um questionário específico para alunos e professores. Os alunos têm uma preocupação pela disciplina entre momentos em que se interessam pela matéria e outros não, dependendo da situação como: Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), vestibular, dia-a-dia, sala de aula, etc. O professor reconhece que as aulas com base em metodologias passadas, não consegue mais atrair a atenção deles, e para piorar a situação, ele não tem um espaço de trabalho digno para evoluir sua metodologia. Professores e alunos não entendem que são vítimas da deficiência de um sistema educacional que ainda precisa melhorar bastante para dar um ensino de qualidade. Hoje, o professor luta para os alunos verem a Química como algo presente ao redor deles e serem agentes transformadores da sociedade através do pensamento crítico. Já os alunos buscam uma razão mais fundada e motivação para fazerem parte da construção do conhecimento na sala de aula. Palavras-chave: Ensino de Química, aprendizagem, alunos. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ____________________________________________________________________ 10 1. Química: Disciplina ______________________________________________________________ 11 2. Dificuldade de aprendizagem em Química ___________________________________________ 11 2.1. Falta de procura pelo curso de Química Licenciatura ________________________________ 13 3. Novas metas dos professores _____________________________________________________ 15 4. Memorização __________________________________________________________________ 16 5. Aluno de química como cidadão ___________________________________________________ 17 6. Falta de identificação com o conteúdo ______________________________________________ 18 7. Sociedade globalizada, tecnologia e educação ________________________________________ 18 8. Lei de Diretrizes e Bases da Educação e Parâmetros Curriculares Nacionais _________________ 21 9. Currículo ______________________________________________________________________ 22 10. Linguagem ___________________________________________________________________ 23 11. Professores obsoletos __________________________________________________________ 24 12. Contextualização e interdisciplinaridade ____________________________________________ 25 12.1 Inserção de jogos lúdicos _____________________________________________________ 29 12.2 História da Química _________________________________________________________ 30 13. Vestibulares __________________________________________________________________ 31 14. Prática reflexiva do professor ____________________________________________________ 32 15. Formação continuada do professor ________________________________________________ 32 2. METODOLOGIA: ______________________________________________________________ 34 2.1 MATERIAIS E MÉTODOS: ______________________________________________________ 34 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES: ______________________________________________________ 36 3.1 PERFIL DO PROFESSOR ________________________________________________________ 36 PERFIL DAS AULAS DE QUÍMICA ______________________________________________________ 40 8 1. PARTICIPAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DAS AULAS: _________________________________________ 40 2. LABORATÓRIOS: ________________________________________________________________ 41 3. APROVEITAMENTO: _____________________________________________________________ 43 4. CONTEÚDO: ___________________________________________________________________ 44 5. LINGUAGEM: __________________________________________________________________ 46 6. VESTIBULAR E APRENDIZAGEM:____________________________________________________ 48 7. APLICAÇÃO DA DISCIPLINA NO COTIDIANO: __________________________________________ 49 4. CONCLUSÃO: __________________________________________________________________ 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ______________________________________________________ 53 9 INTRODUÇÃO O trabalho desenvolvido visa apresentar os detalhes e características envolvendo as aulas, o aprendizado e as opiniões sobre a disciplina de Química. Aqui, buscou-se uma visão realista dos fatos e assim quebrar de vez com os vários mitos por trás da disciplina (BEN-ZVI, EYLON & SILBERSTEIN, 1987), sem esquecer-se de analisar o profissional envolvido nesta área da Ciência e a opinião dos alunos sobre a disciplina em si (PELEGRINI, 1995). Buscou-se mostrar os papéis do aluno e do professor por trás do interesse do primeiro em relação à disciplina. Foi explicado o porquê de o aluno querer se interessar e participar da disciplina, ou o que o leva a rejeitar e não interagir com a mesma (VYGOTSKY, 1991). Também foi analisada como que a participação e o desempenho dos alunos nas aulas (SLAVIN, 1987), acabam influenciando na postura e metodologia do professor em questão. A partir das respostas obtidas, será mostrado um possível modelo de aula utilizado pelo professor, em caso afirmativo; ou as possíveis soluções que poderiam ser adotadas para resolver os problemas decorridos pela falta de participação. 10 1. REVISÃO DA LITERATURA: 1. Química: Disciplina A base da Química resume-se num tripé de três eixos fundamentais: transformações químicas, materiais e propriedades, e modelos (BRASIL, 2002). A Química como Ciência se fundamenta em três tipos de níveis para se estruturar: fenomenológico, teórico e representacional. A Química como Ciência não é baseada a partir de aparências assim como verdades escondidas na natureza a serem descobertas, ela é uma ciência humana e também histórica, desenvolvida a partir de conceitos confrontados entre resultados obtidos nas experiências e os dados já existentes no cotidiano, não se perdendo conhecimentos a partir de primeiras impressões e aparências. Baseado nos conceitos químicos deve-se procurar entender todas as realidades, atingindo um nível de compreensão difícil de ser feito por observações primárias ou interpretações antecipadas. A partir deles, todos os dados obtidos começam a ter outro sentido ou compreensão, e deixando de ser apenas dados sem sentido, por meio da interação pedagógica. Isso não quer dizer que não há uma analise profunda a ponto de captar informações erradas, só não há uma análise mais precisa quanto a explicações sobre as sensações e as percepções, valorizadas pela Química como Ciência (BRASIL, 2006). A Química sempre foi relacionada a um desenvolvimento cientifico e até tecnológico, mas suas contribuições atingem outras áreas de alcance como política, sociedade e economia. A tradição é fundamental para a difusão dos saberes, pois a partir de pressupostos existentes é possível realizar uma pesquisa de cunho cientifico (BRASIL, 2006). 2. Dificuldade de aprendizagem em Química A disciplina de Química sempre foi vista com um olhar preconceituoso por parte da sociedade já que os meios de comunicação mostram uma propaganda negativa em relação a ela ao relacioná-la em eventos catastróficos como aquecimento global, efeito estufa, poluição atmosférica, falta da água no planeta, etc. 11 As informações referentes ao curso de química são geralmente passadas de maneira errônea, incompreensiva ou ainda de forma superficial e técnica. E essa interpretação equivocada da Química leva a disciplina a ser odiada por parte dos alunos. E isso dificulta que o aluno possa ter uma aprendizagem a ponto de atingir um desenvolvimento de seu lado crítico como cidadão (BRASIL, 1999). O ato de lecionar é de extrema importância para o professor por isso ele procura evitar prováveis “erros” durante seu ensinamento. Claro que não é uma das missões mais fáceis, pois o principal objetivo é conseguir que os alunos compreendam o conteúdo a ser lecionado de uma maneira simples e prática sem recorrer a métodos nada convencionais. E as aulas expositivas-memorizativas que são usadas geralmente pelos professores não são o melhor modelo de aula a ser usado devido um mau aproveitamento do aluno pelo conteúdo (FOLGUERAS, 1986). A fim de cumprir o prazo bimestral ou letivo de ensinar os conteúdos, os professores acabam “atropelando” o aluno ao dar para eles muito conteúdo repassado em um curto espaço de tempo. Isso pode levar a algumas consequências negativas como análise superficial dos fenômenos, má construção da definição dos conceitos e a falta de relação entre o conteúdo específico com o saber geral da disciplina (FOLGUERAS, 1986). Os alunos das escolas em geral apresentam problemas segundo os professores quanto ao modo de ler e interpretar informações relacionadas ao conhecimento Químico, mostrando a falha no ensino educacional em disciplinas básicas como Português e Matemática. Para resolver a distância entre problemas e soluções é fundamental ter informação (questões do conhecimento) e raciocínio (interpretação lógica). As perspectivas do sistema educacional a favor da melhoria do papel do professor se resumem a três aspectos: cada indivíduo constrói seus conhecimentos para futuras experiências dentro de sua vivência (prática reflexiva); devido à experiência individual, cada pessoa desenvolve sua própria construção de metodologia; todos os processos de construções feitos por ele são baseados na união entre saberes e ideias novas com experiências e reflexões de outros profissionais. 12 Diferente do que aprendem em seu Ensino Superior, os professores acabam descobrindo outra realidade quando encontra uma sala de aula que não tem nada a ver com que esperavam. Isso é uma consequência do distanciamento que existe entre o universo acadêmico e a realidade escolar, e que piora ao ter que apontar a realidade educacional da escola quanto a seus métodos de ensino (FOLGUERAS, 1986). Assim, todos os conhecimentos adquiridos pelo professor na faculdade acabam sendo considerados difíceis de aplicar fora dela. O futuro professor precisa criar uma ponte entre esses dois universos distintos com o cotidiano do aluno, o qual é a solução que pode ser utilizada para resolver o problema. 2.1. Falta de procura pelo curso de Química Licenciatura A procura pelas vagas dos cursos de Licenciatura em Química tem diminuído bastante nos últimos anos, como mostrado na Tabela 1. Há uma grande deficiência de profissionais dessa área para ocupar os cargos já em falta nas escolas brasileiras, segundo o Ministério da Educação (MEC). E isso implica que profissionais não especializados no assunto ou professores formados em outras áreas deem a disciplina com suas próprias metodologias. As consequências desse tipo de atitude são conteúdos explicados de forma superficial com falta de profundidade, o que dificulta uma compreensão mais precisa sobre o tema. Esse tipo de prática é uma das poucas soluções imediatas que a escola encontra para não deixar as aulas da disciplina praticamente abandonadas. A tabela 1 mostra a evolução da concorrência nos cursos de Química da UEG durante um período de 4 anos. 13 Tabela 1. Concorrência dos cursos de Química na UEG entre 2008 e 2011 Vestibular Curso-Local X Química Licenciatura Química Industrial - Química Licenciatura - Anápolis - Formosa Anápolis 2008/1 3,17 17,46 6,38 2008/2 2,20 7,90 - 2009/1 3,50 13,00 6,00 2009/2 3,10 4,40 - 2010/1 1,63 11,42 3,04 2010/2 1,20 3,07 - 2011/1 2,33 11,00 3,21 2011/2 0,94 4,06 - Fonte: Processo Seletivo da UEG A tabela acima evidencia que a falta de procura pelo curso de Química é mais voltada para a área da Licenciatura do que a Industrial devido ao profissional que será formado em cada um dos cursos (Licenciatura - professores e Industrial químicos industriais). A razão é que o cargo de professor está atualmente muito desvalorizado, remuneração baixa, desgaste emocional e stress, e ambiente de trabalho com recursos limitados. A tabela 2 mostra a evolução da concorrência nos cursos de Química da UEG sob o ponto de vista do sistema de cotas, durante o vestibular 2012/1. 14 Tabela 2. Concorrência dos cursos de Química na UEG entre os sistemas de cotas no vestibular 2012/1 Cotas X Curso- Química Local Licenciatura Química Industrial - Química - Anápolis Licenciatura Anápolis Formosa Sistema Universal 1,69 10,00 3,77 Rede Pública 3,00 14,40 4,80 Negros 0,60 0,60 1,00 0 0 8,54 3,25 Indígenas ou Portadores 0 - de Deficiências Média 1,67 Fonte: Processo Seletivo da UEG A tabela 3 mostra a evolução da concorrência nos cursos de Química da UEG de Anápolis sob o ponto de vista do sistema de cotas, durante o vestibular 2012/2. Tabela 3. Concorrência dos cursos de Química na UEG entre os sistemas de cotas no vestibular 2012/2 Cotas X Curso-Local Química Licenciatura – Química Anápolis Anápolis Sistema Universal 1,31 3,88 Rede Pública 1,00 4,83 Negros 0,67 0,50 Indígenas ou Portadores 0 Industrial - 0 de Deficiências Média 1,03 3,13 Fonte: Processo Seletivo da UEG 3. Novas metas dos professores O sistema educacional tem preservado com resistência uma relação professor-aluno do tipo transmissor-receptor onde o professor é comparado a um sábio que dá todo seu ensinamento ao seu aprendiz, onde ele só pode ouvir e não ser capaz de questionar. O aluno acabou se tornando uma tábula rasa (ideia de que o mais importante no ensino é o conhecimento e não o aluno) e tem que modificar 15 seus pensamentos pré-científicos pelas “verdades” do professor, o qual faz uma análise própria do conhecimento segundo sua própria opinião (BRASIL, 2006). Não só bastasse isso o aluno ainda é “treinado” a responder questões praticamente do mesmo estilo, assim, eles não conseguem raciocinar quando surge um estilo de pergunta fora do padrão do que o professor os ensinou a fazer (BRASIL, 2006). O mundo fora dos muros e dos portões da escola é onde impera uma sociedade já existente que apresenta menor paciência para aprendizes ou desligados da realidade. Contudo, os tempos atuais exigem mudanças para uma educação de qualidade e de preocupação cidadã para preparar os alunos a compreender seu papel na sociedade em que já se encontra e interage. As condições para que o professor dê um ensino de qualidade com facilidade e o aluno tenha um aproveitamento melhor e fundamental estão diretamente relacionadas ao espaço de trabalho desse profissional. Entre essas condições estão: melhores condições de vida e trabalho tanto para professores como para alunos, laboratórios de quimica bem equipados, recursos audiovisuais e um roteiro de conteúdos bem elaborado. Isso tudo em prol da crescente capacidade de aprendizagem do aluno por meio de um acompanhamento mais próximo do professor (DOMÍNGUEZ, 1994). 4. Memorização O professor de Quimica ao trabalhar constantemente sobre o processo de memorização junto com os alunos recorre a fórmulas e equações. Só que esse método de aprendizagem precisa ser desconstruído para que eles consigam entender o verdadeiro significado que está por trás das fórmulas (GAGNÉ, 1971). É preciso fazer o aluno compreender que saber fórmulas, leis, princípios e teorias, vai mais além que uma avaliação ou ainda uma preparação errônea para o vestibular. O processo de construção do conhecimento ajuda na evolução do pensamento científico de forma individual a cada aluno, o que não seria possível com a memorização, onde a aprendizagem é momentânea (LAKATOS & MARCONI, 1985). 16 O processo de memorização só consegue um êxito inicial e depois de algum tempo, os alunos esquecem completamente daquilo que “decoraram” e não relembram mais nada. Esse tipo de situação acaba sendo negativa já que mesmo que os alunos lembrassem sempre não estariam preparados para enfrentar adversidades, situações inesperadas, questões de diversos formatos ou como solucionar uma questão totalmente diferente do que viram ou memorizaram. 5. Aluno de química como cidadão A função da educação básica é garantir ao aluno que ele possa ter uma formação cidadã que faça o aluno desenvolver aptidões e valores para que ele saiba tomar decisões responsáveis diante de situações reais (SANTOS; SCHNETZLER, 1997). Para Paulo Freire (1967 e 1987), a combinação de novas metodologias e novos pensamentos com situações reais e temas sociais, ajuda na visão de um mundo melhor, transformado e não repetido. Atualmente, a principal preocupação do ensino de Química nas escolas é que os alunos aprendam o conteúdo ensinado na sala de aula e consigam transportar essa aprendizagem para dentro de sua realidade. Os alunos, baseado em conteúdos e informações, acabam sendo agentes transformadores dentro da sociedade em que vivem. E dispostos a mudar os problemas já existentes. A Quimica como disciplina deve estimular o aluno a ser um cidadão transformador na sociedade em que vive em três frentes: significado prático, ajudar a desenvolver a crítica pessoal dos alunos quanto às noticias que surgem na mídia, e modificar a visão de mundo deles (HOLMAN e HUNT, 2002; MEC/SEMTEC, 1999). Assim, em meio a um confronto de diferentes pontos de vistas que surgirão numa sala de aula ao se discutir sobre questões envolvendo o conhecimento cientifico na sociedade inserida, deve haver uma problematização de ideias para que assim construam-se argumentos elaborados de forma relativa e concreta. O diálogo coletivo colabora na difusão de valores fundamentais a cunho social, para direitos e deveres dos cidadãos e respeito à democracia e ao bem comum. 17 6. Falta de identificação com o conteúdo A dificuldade dos professores em relacionar os conteúdos da disciplina com a realidade fora da sala de aula, isso provoca uma deficiência no ensino de Química porque o professor não consegue atingir seu objetivo de ensinar o conhecimento químico. Os problemas envolvendo a disciplina se devem enfim a falta de formação acadêmica por partes de alguns professores, para isso deve-se intensificar os debates em torno dessa problemática toda (ZANON, 1994). Alheio a esses problemas, os alunos buscam entender a importância de se ver Química a partir do momento em que começam a aprender a disciplina desde a primeira vez. A disciplina já apresenta um péssimo estereótipo a partir da opinião de alunos ou pessoas que já a fizeram antes e aliado à falta de inovação nas técnicas de ensino, o aluno acaba por não se identificar e assim não entender seu real interesse em ver os conteúdos e acompanhar as aulas com atenção. Uma saída para o problema seria a visão geral de Química combinada com as habilidades e competências, os trabalhos coletivos e participativos, ações motoras, iniciativa, criatividade e outras atribuições próprias de cada aluno que contribuem para uma visão mais transcendental de mundo (BRASIL, 2006). Isso tudo possibilita que não só o professor, mas também o aluno consiga lidar com os imprevistos do cotidiano ou da rotina, ou seja, tomar atitudes diante o inesperado, dando chance para trabalhar com a criatividade e a originalidade. 7. Sociedade globalizada, tecnologia e educação A tecnologia está cada vez mais presente na vida da sociedade em que convivemos e em outras que se encontram espalhadas pelo país (VALENTE, 1993), por isso, o estudante do Ensino Médio não deve se tornar uma pessoa desconectada da realidade ou uma pessoa crítica acima de toda moral (VALENTE, 1993). Senão o professor não conseguirá atingir o objetivo principal da educação: “dar” o conhecimento existente para que o aluno compreenda como utilizá-lo da maneira correta, não só para melhorar seu desempenho, mas também transformar sua realidade. O objetivo do professor é promover o desenvolvimento pessoal e profissional dos alunos a fim de valorizar os pontos positivos para estimulá-los. 18 As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) são muito utilizadas pelos estudantes fora da realidade escolar por ter mais acesso livre do que dentro da escola (MARCOS, 2008). As razões que levam a própria escola a tomar esse tipo de atitude estão relacionadas ao desconhecimento por parte dos próprios professores, coordenadores e diretores quanto ao uso correto e perspicaz dessas ferramentas (BRASIL, 2000). A saída fácil encontrada por eles para não deixar os estudantes ficarem usando essas TICs vindas da sociedade é proibir o uso de celulares, smartphones, etc. Em vez de se especializar e abrir o espaço para compreender melhor isso, a escola apresenta resistência e, em vez de solucionar o problema, acaba ignorando a presença da sociedade globalizada em seu meio (MORAES, 2008a). As redes sociais e aparelhos móveis não representam uma “ameaça” ao modo como o professor constrói o conhecimento para os alunos nem ainda que provoque a extinção desse profissional em si. A tecnologia é utilizada para criar uma maior interação entre aluno e professor, e disponibilizar mais espaços para diálogos entre eles (MORAES, 2008a). Segundo o deputado e atual Ministro da Educação do país, Aloizio Mercadante, em uma entrevista ao jornal Estado de São Paulo no dia 17 de fevereiro de 2012, ele diz “O arranjo social da escola e o quadro negro são do século 18, os professores, do século 20 e os alunos, do século 21. A reflexão internacional demonstra que o computador na escola deve começar pelo professor”. A mais fácil solução para esse problema seria colocar ou “informatizar” toda a escola dando a disponibilidade de que tanto o professor quanto o aluno possam mexer num computador (BORGES NETO, 1999). Por isso, existe uma preocupação dos órgãos públicos em investir na produção e na distribuição de materiais tecnológicos dentro das salas de aulas, pensando que isso aumentaria a aproximação de professores e alunos, já que eles convivem com esses meios tecnológicos. Contudo, a valorização da quantidade de tecnologias presentes na escola ser mais importante que o modo como elas vão ser utilizadas e trabalhadas nas salas de aulas, pode se mostrar uma evolução negativa do ensino. 19 Vale lembrar que a tecnologia não atinge diretamente a sala de aula (UNESCO, 2008b, 2008c), porque esse assunto está relacionado principalmente às salas de informáticas (presentes ou não na escola) e aos computadores a serem instalados na coordenação, diretoria e secretaria da escola. Ou seja, estão relacionadas às áreas administrativa e ocupacional dentro da escola, e não estão interessadas em “informatizar” as aulas para que sejam mais próximas da realidade. Essa situação provoca mais revolta contra os professores porque estes que acabam sendo culpados pelo retrocesso do ensino escolar segundo a visão inovadora da mídia e da sociedade. Só que esse tipo de questão levanta o tema principal dessa discussão: as condições de trabalho existentes (MALDANER, 2000). Se a escola não apresentar uma infraestrutura básica para comportar as novidades tecnológicas a serem utilizadas dentro do ambiente de trabalho do professor, as TICs não conseguirão atingir sua função (CYSNEIROS, 2000). Por mais avançada que seja a sociedade, ainda impera em nosso país verdadeiros casos de “descasos” com a instituição escolar, resultado da permanência das desigualdades sociais ainda existentes (CYSNEIROS, 2000). As aulas de químicas são muito mais prejudicadas se for analisar a falta de recursos específicos para essa área para ajudar o aprendizado. Como a metodologia é utilizada de forma repetida e que não se modifica, percebe-se como característica principal: o modo como a escola não conseguiu acompanhar os avanços da sociedade globalizada, e ainda tenta disfarçar que se modificou através das TICs. Estas, ao invés de serem usadas para inovar os métodos, são aplicadas de maneira a se adaptarem aos antigos métodos e não o contrário (BRASIL, 1999). A Química deve ser entendida não como um fator ou disciplina individualizada para a compreensão do mundo real e sim como parte de um conjunto de informações que possibilitam a real compreensão do mundo atual. O ensino da disciplina de Química tem se resumido a transmissão de dados, conhecimentos, fórmulas e leis sem que estas nunca tenham relação alguma com a vida extraescolar dos mesmos, exigindo o uso da memorização levando a baixos níveis de aprendizagem. 20 Ou seja, o professor faz o aluno aprender aquelas regrinhas especiais sobre o conteúdo e ainda cria métodos diferenciados para que ele se lembre das fórmulas explicadas (BRASIL, 1999). Seguindo esse modelo de aulas expositivas que valorizam a visão tradicional do ensino, os alunos não conseguem ter identificação pela matéria e consequentemente, criam desinteresse pelo conteúdo e acabam tendo que assistir aulas “chatas” (MALDANER, 1999). Para enxergar além do que os livros didáticos ensinam, a experimentação seria a solução e ela deve ser trabalhada em um ambiente mais especifico: o laboratório de química (HODSON, 1988). Contudo, o valor para obter e manter um laboratório de quimica, com todos seus equipamentos e reagentes básicos necessários, necessita de um alto investimento para cada escola, o que não é possível de ocorrer. Muitas vezes, os professores só dispõem de um quadro negro, giz e do livro didático como base para desenvolver suas aulas (CÓRDOVA & PERES, 2008). Não há falta de opções para se modificar a metodologia de suas aulas, mas a realidade escolar não consegue ajudá-lo sempre e isso faz o professor retirar do próprio bolso para fazer uma aula diferenciada. Há casos em que escolas possuam laboratórios de química ou de informática, mas não podem utilizar devido à falta de profissionais preparados para ajudar na instalação ou na manutenção dos mesmos (MALDANER, 2000). Isso acaba lembrando a pouca verba que a escola tem e que não consegue resolver a situação devido ao próprio orçamento solucionar os problemas internos (e fundamentais) da escola. 8. Lei de Diretrizes e Bases da Educação e Parâmetros Curriculares Nacionais A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica (LDB) 9394/96 foi criada pensando no futuro da educação brasileira, buscando melhorias para um ensino de qualidade através de propostas como: conhecimento com visão orgânica; facilitar o acesso à informação ao estudante; relacionar disciplinas do currículo com os contextos social e pessoal dos alunos; reconhecer a linguagem como componente de construção do conhecimento, assim como o fator histórico; usar os fatores 21 pessoal e emocional para desenvolver as habilidades intelectuais de casa aluno (BRASIL, 2006). Essas ideias ajudam para que o Ensino Médio seja uma continuação mais completa da Educação Básica, e ainda segundo a LDBEN (1996), as competências e habilidades acabam sendo valorizadas como uma aprendizagem mais direta da Educação Básica, pensando em atender aos quatro pilares da educação do século XXI: [...] aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente, aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes (DELORS, 1998, p. 89-90). A nova proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio (PCNEM, 2002) é oposta ao sistema de memorização de formulas e ideias já existente, pois assim, o aluno é capaz de entender o significado dos processos biológicos, físicos e químicos que ocorrem no mundo numa visão mais microscópica. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+) destacam como orientações para a organização dos conteúdos, duas perspectivas sobre o ensino de Química: valorização do desempenho individual do aluno (experiência escolar, histórico pessoal, tradições culturais e aspectos relacionando-o a veiculação da mídia); e a interação da sociedade com o mundo nos âmbitos econômico, cultural e ambiental a partir dos saberes científico e tecnológico (BRASIL, 2002). 9. Currículo Pelos PCNs, o currículo da disciplina de Química deveria ser dividido em Química e biosfera, Química e atmosfera, Química e hidrosfera, e Química e litosfera, mas defende-se que o currículo deveria ser montado a critério da própria escola (BRASIL, 2002). Os temas a serem escolhidos segundo os interesses e condições da escola, podem ser definidos a partir de uma série de temas locais ou globais, os quais podem ter dimensões imensas e impossíveis de serem esgotadas. 22 O currículo deve apresentar uma base comum e desenvolver competências básicas da formação, independente dos temas químicos a serem escolhidos e o modo como serão trabalhados no sistema de ensino-aprendizagem. E reforça-se essa ideia, através da formulação de contextos socioculturais, diversificação da proposta curricular, estudo da história da Química (BRASIL, 2006) e a inter-relação entre a Química, a CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) e o meio ambiente (BRASIL, 2002). O currículo escolar está à mercê dos critérios escolhidos pelos professores, independente se estão seguindo ou não alguma corrente educacional ou proposta filosófica durante a organização dos conteúdos. O currículo não deve apresentar uma quantidade em excesso de conteúdos para que assim o professor possa explorar cada conteudo a sua maneira para conseguir atingir seus objetivos. As Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio (DCNEM) (BRASIL, 1998) exigem que as escolas organizem seus currículos para que seus conteúdos não se resumam a fins próprios e, adotar metodologias específicas. Elas ainda defendem que o sistema de ensino e o das escolas, da organização do currículo e das situações reais de ensino-aprendizagem devem ser coerentes, porque substituem a repetição e os padrões pelo original, pela criatividade e pela diversificação de identidades. 10. Linguagem A linguagem química fundamenta-se a partir de um dos níveis fundamentais para a Química: o nível representacional (VYGOTSKY, 1987). A partir dele, é possível explicar as leis, fórmulas, equações, princípios, etc, já existentes para os alunos durante uma aula da disciplina, para que estes compreendam o sentido básico do conhecimento científico. Uma das tarefas dos professores é conseguir ensinar os conteúdos com uma linguagem mais clara e objetiva (VYGOTSKY, 2001), já que a linguagem química possui uma peculiaridade própria e muitos alunos e pessoas apresentam dificuldades em seu entendimento (CHASSOT, 1990). Só que os mestres também querem conciliar isso sem deixar que o conhecimento científico perca sentido e fique tão vulgar. 23 A linguagem química é fundamental para se ministrar as aulas da disciplina como também influencia na opinião pré-formada do aluno em cima dela e questões envolvendo-a, ampliando tais conceitos para a sociedade (SILVEIRA & CICILLINI, 2005). Tais concepções sobre esse assunto na sociedade podem afetar a aprendizagem dos alunos de forma direta ou indireta, podendo reforçar estereótipos já persistentes. 11. Professores obsoletos Os professores em geral precisam passar por um processo de renovação pedagógica já que os atuais métodos de ensino não estão funcionando mais nem para ensinar como fazer compreender seu papel na sala de aula e fora dela (SEMLER, 2011). Contudo, ainda existem certos profissionais que ainda permanecem irredutíveis quanto à necessidade de mudanças em suas metodologias, e a partir disso, sua aula perde todo sentido. Os chamados professores obsoletos são vitimas da própria incredulidade ao não se aproximarem com o universo acadêmico e aceitarem informações novas a partir da formação continuada, não estando abertos a reformulações. As aulas desse professor sempre serão as mesmas e os alunos acabam ficando entediados devido a falta de criatividade e inovação do próprio professor, assim, a aula acaba se tornando monótona e repetitiva. Independente de qual seja a proposta pedagógica a ser adotada pelo professor em sala de aula, é necessário romper com a visão clássica do conhecimento químico nos programas tradicionais. Por mais que o professor acabe tendo que recorrer a esses programas, sempre há uma maneira ou alternativa para se arrumar um tratamento diferente e uma reorganização dos conteúdos de forma conceitual, como acabam trabalhando as obras de Mortimer e Machado (2002), e Santos e Mól (2005). A partir de questões como contextualização, interdisciplinaridade, flexibilidade e, reflexões e críticas que estão sendo apresentadas e divulgadas em pesquisas na área de ensino de Química ao modo de organização do currículo, os professores sejam capazes de abordar novas formas em relação ao conceito e não repetir a 24 atual divisão dos conteúdos da disciplina de Química em: Química Geral, Química Orgânica, Físico-Química, etc (BRASIL, 2006). 12. Contextualização e interdisciplinaridade O conhecimento químico ensinado na sala de aula pode ser muito vago quando há falta de realismo por parte dos professores, o que não contribui para uma compreensão mais natural e realista por parte dos estudantes (BRASIL, 2000). Os eixos centrais do ensino de Química para a nova dinâmica da disciplina são a interdisciplinaridade e a contextualização, os quais ajudam a abordar situações reais do cotidiano ou com os experimentos a serem feitos na sala de aula. Esses experimentos na área de Química ajudam a derrubar pensamentos negativos já estabelecidos, aprimoram a aproximação entre teoria e prática e atividades diversificadas que ajudam na construção de conceitos significativos (BRASIL, 2006). A contextualização é a aproximação entre o conteudo da sala de aula com o cotidiano dos alunos na sociedade, relacionando teoria com prática. A interdisciplinaridade é a abordagem dos temas discutidos na disciplina de Química em conjunto com as outras disciplinas do currículo como Português, Matemática, Biologia, Física, Inglês, etc (BRASIL, 2000). Uma aplicação prática em relação a esses dois tópicos já comentados envolvem questões como experimentação, observação, comparação, discussão, debate de ideias ou argumentos, ou ainda análise de gráficos, textos, artigos científicos, etc. A Química Experimental é utilizada para explicar o “comportamento” da matéria ou da molécula a nível microscópico levando-a a nível macroscópico, o que pode ser explicado a partir de modelos abstratos (FOLGUERAS, 1986). A simples transmissão de ideias nem sempre é o suficiente para que ocorra a construção significativa do conhecimento por parte dos alunos. A experimentação não deve se resumir como uma atividade com caráter superficial, estereotipado, mecânico e repetitivo, a chamada receita de bolo. A produção do conhecimento químico a nível microscópico, conceitual e significativo ajuda o aluno a produzir novas formas de consciência em vez de garantir uma aprendizagem totalitária dos conteúdos. 25 Quando a teoria/prática faz o conhecimento passar do nível fenomenológico para o nível teórico-conceitual, através do uso de exemplos e modelos específicos para cada momento, assim, a disciplina de Química deixa de ter sua visão linear, angular e alienada para possuir uma imagem pluralizada, dinâmica e sistemática. Isso é uma consequência das situações reais discutidas pelos alunos, os quais criam novas análises e interpretações através da intermediação de novas linguagens, teorias e saberes provenientes por parte dos professores (BRASIL, 2002). As atividades experimentais contribuem para a desmistificação da Química em relação à Alquimia e dos laboratórios como espaço para a realização de “magias”, e não como local para realização da inter-relação entre teoria e prática (BRASIL, 2002). A disciplina de Química não foi desenvolvida da noite para o dia foram necessários vários anos e séculos para chegar às fórmulas, leis, teorias e conhecimentos já existentes. A observação foi fundamental nesse processo porque ao se prestar mais atenção nos fenômenos que ocorriam na natureza, foi possível analisar e interpretar tais dados observados (LAKATOS & MARCONI, 1985). Contudo, todas as descobertas não foram descobertas sozinhas, pois a partir do momento que o ser humano foi capaz de recriar tais eventos pela experimentação, foi possível não só desenvolver a Química, como ajudou na evolução crescente de outras áreas relacionadas como Física, Biologia e Farmácia. A prática experimental não é exclusiva dos laboratórios ou das indústrias, ela é acessível e pode ser realizada para todo mundo porque ela ocorre a nossa volta naturalmente, como já foi falado anteriormente. Porém, todo fenômeno precisa ser registrado e então para se desenvolver um estudo em cima da prática, é fundamental ter um estudo anterior sobre o assunto, ou seja, é preciso saber sobre a teoria envolvendo o tema da atividade prática (LAKATOS & MARCONI, 1985). Para Nardi (1998), as pesquisas mais recentes em relação ao ensino de Ciências apontam para uma situação de forma mais evidente: a constante busca por uma metodologia mais simples e profunda em cima desse assunto para que ajude ou modifique o modo como o professor dá suas aulas. 26 A experimentação é defendida pelos professores de maneira equivocada e errônea porque eles pensam em sua importância em três visões diferentes: a de cunho epistemológico, onde a prática vem a confirmar o que já diz a teoria; a de cunho cognitivo onde a experiência facilita o entendimento do conteúdo; e a de cunho motivacional, onde as aulas práticas são uma maneira de atrair a curiosidade ou a atenção do aluno para o estudo (LAKATOS & MARCONI, 1985). A importância da realidade escolar é fundamental para a realização da atividade prática porque depende de fatores como a estrutura do local, os materiais e reagentes disponíveis, e os tipos e escolhas das experiências. Estas não devem ser simplesmente claras e objetivas, mas devem de ser baixo custo, não apresentarem perigos de explosão ou intoxicação e permitir que os alunos consigam realizar sozinhos os experimentos a partir de roteiros pré-elaborados. A experimentação deve ser vista como um momento de construção individual e coletiva de ideias e opiniões entre alunos e professores durante a aula de uma maneira bem agradável, e não estimular o conceito de competitividade entre eles. Isso aqui ajuda a levar o conceito de químico cidadão cada vez mais para a realidade deles e acaba se opondo ao desejo de formar trabalhadores preparados para o mercado de trabalho (LAKATOS & MARCONI, 1985). No processo de experimentação, segundo (MEIREIU, 1998), o aluno passa a ser o centro das atenções porque ele é o mais envolvido nesse processo, pois ele é o protagonista da ação coletiva e também individual. Assim, deve ser proposta uma atividade geral onde o aluno possa desenvolver a fim de que o benefício seja pessoal como também social e que o professor saiba valorizar as conquistas individuais de cada aluno sem também se esquecer de traçar objetivos comuns a serem atingidos a nível intelectual. Para o autor já citado anteriormente, situação-problema é definida como uma combinação entre problema e resposta a fim de que se atinja a aprendizagem do aluno. A palavra obstáculo deve ser entendida como uma concepção prévia a ser entendida e não como uma grande “dificuldade” para o entendimento do aluno. Assim, o obstáculo anda junto com a situação-problema (PERRENOUD, 1999). Para Meireiu (1998), a elaboração de uma solução-problema deve respeitar algumas regras essenciais: propor a realização de uma tarefa específica para os 27 alunos, a situação-problema deve apresentar uma resolução a ser transposta pelo próprio aluno, a tarefa deve apresentar algumas regras a serem executadas para que os alunos possam executar o problema sem se desviar dos obstáculos e a apresentação de recursos materiais e didáticos para que os alunos possam solucionar o problema. A elaboração de uma solução-problema deve ser pensada também não só no oferecimento de recursos por parte dos professores aos alunos, mas como anexos num conjunto que acarreta operações mentais como dedução, dialética, indução ou divergência (MACEDO, 2002). A presença dessas operações mentais não surge como fator para atrapalhar a aprendizagem do aluno, mas justamente o contrário, estão relacionadas como algo a serem adquiridas pelo professor de forma positiva. E para solucionarem uma situação problema, os alunos podem usar de várias estratégias seja de forma individual, coletiva ou uma associação de ambas as coisas. A principal razão para manter o foco na situação-problema é até onde ela seria capaz de fazer com que o professor direcione o conteúdo a ser dado através da aplicação e da resolução da situação problema provocando uma mudança significativa no conhecimento prévio do aluno (COSTA E MOREIRA, 1997). O acompanhamento do professor na etapa de discussão dos fatos e resultados é fundamental até para ver se os alunos estão seguindo a linha de raciocínio préestabelecida podendo relembrar regras ou reforçar a estrutura do problema apresentado. Para finalizar o processo de aprendizagem prática, sempre surge a questão da avaliação em volta do tema principal, a qual pode ser feita de forma oral (seminários, apresentações, debates ou discussões) ou de forma escrita (trabalhos, provas, relatórios ou resenhas) (COSTA E MOREIRA, 1997). A atividade avaliativa só atingirá resultados consideravelmente positivos quando o aluno conseguir resultados quanto à aprendizagem e ao desenvolvimento de habilidades e competências, e não quanto ao valor da nota dada pelo professor. A atividade prática só atingirá o resultado que o professor desejar a partir do momento em que ele consiga propor uma situação-problema, atingir a participação total da turma e manter a curiosidade durante o processo para que não percam a 28 atenção rapidamente e desviem seus pensamentos para outro assunto irrelevante. A associação dos pensamentos científicos (crítica, divergência e dialética) com os do homem (política, sociedade, economia e história) deve ser compreendida pelo professor durante o constante processo de formação continuada, a fim da troca de experiências, poder melhorar sua metodologia em futuras ocasiões (MACEDO, 2002). 12.1 Inserção de jogos lúdicos Uma vertente que surgiu nos últimos anos como método de aprendizagem nas escolas é a inserção dos chamados jogos lúdicos. O ludismo sempre foi motivo de discussão dentro dos universos escolares e acadêmicos devido à ideia “adultificada” a imagem dos professores adultos igual aos alunos adolescentes (WAJSKOP, 2001). O envolvimento de jogos e brincadeiras precisa ser tomado com muito cuidado, por isso, é preciso analisar as definições de cada um dos termos envolvidos. Brincadeira e jogo possuem muitas semelhanças em si, mas diferem quanto a seus objetivos. Brincadeira é uma atividade onde não há obstáculos, enquanto jogos são práticas com um obstáculo a ser superado e não estão relacionados à competição (BROUGÈRE, 2002). Já a atividade lúdica é uma atividade que dá prazer ao(s) individuo(s) envolvido(s), faça-o sentir bem consigo mesmo além de se divertir. A grande polêmica se deve ao tema da adultificação (CHATEAU, 1987), pois este é definido como um modelo de postura a ser seguido pelo adulto ao chegar à faixa etária característica onde ele precisa tomar decisões mais sérias e responsáveis em torno da sociedade a que pertence. A adultificação também está relacionada ao modo como as crianças (principalmente) e os adolescentes acabam assumindo valores e comportamentos relacionados à faixa adulta (MOYLES, 2002), fazendo-os amadurecer mais cedo e pulando importantes etapas de desenvolvimento características a real idade como cognição, emoção, afetividade, psiquismo, etc. E já é comprovado cientificamente que os jogos lúdicos também são fundamentais para o adulto para um melhor desenvolvimento dentro de seu espaço de trabalho (KISHIMOTO, 2000). 29 Os jogos voltados para a educação só funcionam a partir do momento no qual eles desenvolvam suas próprias habilidades e capacidades cognitivas em prol da aprendizagem do conhecimento. Os jogos só podem ser chamados educativos se atingem um equilíbrio (KISHIMOTO, 1998 e 2002) entre o ludismo e a aprendizagem, ou seja, promover um momento de diversão simultâneo a um momento de aprendizagem. Segundo Cunha (1998), Gomes e Friedrich (2001), Kishimoto (1996), os valores que podem ser adquiridos com a prática dos jogos educativos são a cognição (desenvolvimento afetivo, psicológico e físico), afetividade (capacidade de construir laços de amizade, ajudar a autoestima e desenvolvimento da sensibilidade), socialização (convivência em grupo e trabalho em equipe), motivação (desenvolvimento da iniciativa, crítica e curiosidade) e criatividade. 12.2 História da Química A História da Química é uma ferramenta disponível pelo professor para o aluno para que este descubra sobre a construção do conhecimento químico e cientifico através de seus erros, acertos, teorias, modelos e conflitos. E isso ajuda o aluno a entender o químico como profissional em busca de respostas ao desenvolvimento humano e que está sob olhar atento da ética profissional (BERNAL, 1978). O aluno deve compreender que a própria construção da disciplina de Química ao mesmo tempo em que a própria Ciência não se deu de forma rápida, houve um processo de construção do conhecimento anterior que já existe há muito tempo. E conhecer esse processo é fundamental, pois isso pode ajudar o aluno a entender e aprender vários conhecimentos químicos, além de instigar sua curiosidade sobre determinados fatos. A inserção da Filosofia e História da Química contribui para uma visão transdisciplinar do conhecimento, segundo a nova perspectiva defendida por Chassot (2000). A falta de origem da disciplina de Química provoca um forte paradigma onde o conhecimento se perde, pois não se localiza dentro do tempo e do espaço, não apresenta contradições ou desafios a serem feitos como se fosse algo perfeito. 30 A Ciência é composta de fatos e conclusões a serem descobertas através de muitas pesquisas em cima de varias áreas. Todo conceito químico existente não é definitivo sempre, tudo se modifica e acaba tomando novas proporções e novos conceitos, um exemplo disso é a teoria do modelo atômico. A História da Química apresenta muitas informações e detalhes curiosos que podem atiçar a participação dos alunos dentro da sala de aula (CHASSOT, 1997). 13. Vestibulares A escola tradicional resume o grau de qualidade de ensino baseado no maior número de alunos aprovados nos vestibulares para o Ensino Superior (BRASIL, 2000), e em especial, nas universidades mais renomeadas como UNICAMP, FUVEST, UFRJ, USP, MACKENZIE, ITA, UFG; isso independente da posição obtida pela nota ou pela riqueza de conteúdo das respostas nas questões discursivas. O Ensino Médio tornou-se uma preparação exclusiva para exames avaliativos que possam trazer créditos pessoais as escolas e não os prepara para a vida real (OLIVEIRA, 2011). O vestibular é uma etapa muito importante na vida dos alunos do 3º ano do Ensino Médio, pois representa a oportunidade deles de ingressar no Ensino Superior. Os alunos apresentam uma maior preocupação com os estudos do que nos anos anteriores do Ensino Médio (OLIVEIRA, 2011). Nessa etapa da vida, os vestibulandos buscam uma maior compreensão dos conteúdos em geral e tirar o máximo de dúvidas existentes. Na área da quimica, a preocupação com o vestibular é variável a partir da opinião do professor da escola porque ele pode ter uma visão diferente do ensino: preparação para o vestibular ou aprendizado para a vida em sociedade. O pensamento da vida em sociedade ou a coerência entre a escola e a realidade leva o professor em pensar na importância do ensino de sua disciplina em sua formação cidadã (QUÍMICA, 2006). Quanto à preocupação ao vestibular na disciplina de Química, os alunos pedem a ajuda aos professores para aprenderem todas as leis e fórmulas vistas em pouco tempo através das regras e frases engraçadas que as lembram. Aqui todo o conhecimento químico se perde de forma esdrúxula e boba graças a uma tentativa 31 forçada de aprendizagem da disciplina para fazer com que o aluno consiga aprender tudo o que viu em pouco tempo, possa responder tudo certo e se saia bem na prova do vestibular. 14. Prática reflexiva do professor A prática reflexiva é resultado da experiência adquirida pelo professor ao longo dos anos após varias aulas lecionadas. O profissional da educação aprende com suas aulas já dadas e que em uma nova oportunidade pode adotar uma nova metodologia ou outro método de abordagem para conseguir dar sua aula com seus objetivos atingidos (PERRENOUD, 2002). O professor reflexivo busca a partir de suas reflexões encontrar as razões ou os erros que podem levar sentimentos como impotência e fracasso ao profissional; por outro lado, o professor também busca explicações para encontrar soluções em busca de uma aula mais eficaz e que o faça sentir vontade em seu ambiente de trabalho (PERRENOUD, 1999). O professor reflexivo ao analisar as prováveis causas de suas aulas não atingirem os resultados desejados, olha para ele mesmo como fator, não por se sentir culpado ou ser considerado culpado. Ele relaciona seu papel com a participação dos alunos, a autoridade dele, o conhecimento mútuo, a estrutura da escola, TICs, cooperação, duração e superação dos problemas por parte dos alunos (PERRENOUD, 2002). A prática reflexiva não se baseia apenas na própria experiência do professor analisado como também tem relação com a conversa e troca de experiências com outros profissionais da educação (GATHER THURLER, 1996). A prática reflexiva não deve ser vista como um processo de construção crítica, mas como um processo de construção dos saberes. Ela não serve apenas para descobrir os erros de aulas “passadas” e poder achar novas alternativas, como ajuda a prever cenários, lidar com imprevistos e solucionar problemas com maior lucidez. 15. Formação continuada do professor A formação continuada dos professores é fundamental para a atualização constante deles quanto às descobertas da área de química e isso se dá pelos diferentes tipos de interações e ações-conjuntas entre pesquisadores, formadores e 32 pesquisadores. (THURLER, 2002). A principal ação do professor hoje é conseguir elaborar aulas que consigam atrair a atenção dos alunos em contrapartida à função de serem reféns dos “programas” da educação a serem realizados em prazos de tempo muito curtos. (PERRENOUD, 2000). Para Cachapuz (1999), o ponto de partida para o processo de aprendizagem é a partir da resolução de questões-problemas relacionadas às situações envolvendo a realidade dos alunos sem esquecer-se de ajudá-los para que possam compreender os conteúdos do currículo. Isso significa que a educação propõe ideias e questionamentos em prol do desenvolvimento pessoal e social dos alunos, ou seja, as respostas adquiridas devem possuir um sentido importante. Para Brasil (1999), a visão mais ampla e menos segmentada da educação ajuda para que as pessoas possam ser mais participantes dentro da sociedade em busca de modificações no mundo, o qual está em constante transformação. Essa mudança objetivada para a educação tem suas ideias manifestadas a partir de artigos científicos publicados em meios de circulação como revistas da área da Química e da educação como a Química Nova na Escola (QNEsc), uma revista promovida pela Sociedade Brasileira de Química (SBQ) para um público alvo mais especifico como professores de escolas e universidades, e acadêmicos dos cursos de Licenciatura em Química do Brasil (BRASIL, 2002). Outros meios para a divulgação das ideias defendidas entre os educadores vão desde publicações a níveis regionais até nível nacional. Isso ocorre através da realização de mesas-redondas, apresentações de trabalhos, seminários, workshops, encontros, minicursos, palestras, congressos e conferências na área educacional onde ocorre uma maior participação ativa do público desejado por essas pesquisas. Para Macedo (2002), a relação entre habilidades e competências com aprendizagem deve ser observada sob o modo como os estudantes valorizam o uso dos recursos disponíveis em cima de sua busca pelas respostas. Isso significa levar o aluno a tomar iniciativa em cima de suas próprias opiniões e respostas buscando sempre refletir sobre tais questões quando comparadas, e perceber como isso acaba afetando seus campos cognitivo, mental e emocional. 33 2. METODOLOGIA: 2.1 MATERIAIS E MÉTODOS: A estrutura dessa pesquisa foi a partir da elaboração, realização e análise de um questionário de perguntas de múltipla escolha com uma questão discursiva. A pesquisa foi construída em cima do método monográfico (estudo de determinados indivíduos, comunidades e profissões a fim de que seus resultados sejam generalizados) (LAKATOS & MARCONI, 1997). A pesquisa foi feita no Colégio Estadual Professor Faustino, localizado na cidade de Anápolis, Goiás. A pesquisa focou em dois anos do Ensino Médio contando com uma quantidade mediana de alunos (83 alunos) e espera ter a participação máxima das seis turmas de 1os e 3os anos além do(s) professor(es) de Química da escola. O processo de execução do projeto se deu em três etapas: Elaboração do questionário Houve a elaboração de dois tipos de questionários: um para o aluno e outro para o professor. Os dois seguiam o mesmo tipo de modelo: várias perguntas de múltipla escolha e uma pergunta discursiva, variando na abordagem e quantidade de ambas (alunos= 10 de múltipla escolha e 2 discursivas, professor= 11 de múltipla escolha e uma discursiva). Os dois questionários foram baseados em cima do tema principal do trabalho de conclusão de curso (TCC). Aplicação dos questionários Após a primeira etapa, os questionários foram aplicados numa escola durante a realização do Estágio Supervisionado IV: Colégio Estadual Professor Faustino. O questionário dos alunos foi aplicado entre as 4 turmas de 1º ano do Ensino Médio e as 2 de 3º ano entre os meses de abril e maio, dando um total de 83 alunos pesquisados. A quantidade de professores de Química na escola foi insuficiente para realizar uma avaliação mais profunda em cima do tema principal, por isso, o questionário destes foi também aplicado a outros professores de Química com a ajuda dos estudantes de graduação do Estágio Supervisionado IV, que contribuíram com a pesquisa. 34 Análise dos questionários Após a fase de pesquisa e coleta, os questionários foram recolhidos após um tempo e submetidos posteriormente a uma análise com base em critérios já definidos anteriormente. O processo de avaliação e análise dos resultados foi realizado durante os meses de maio e junho. 35 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES: 3.1 PERFIL DO PROFESSOR Foi feita análise do perfil do professor de Química do Colégio Estadual Professor Faustino segundo sua graduação na disciplina em questão, como mostrado na Figura 1. Graduação dos professores na matéria em que leciona 14% Sim Não 86% Figura 1 - Perfil da graduação dos professores. O professor de Química é um profissional graduado em sua maioria dentro da disciplina em que leciona, por isso, não tem dificuldade de compreender e lecionar o conhecimento químico em sala de aula (MIZUKAMI e REALI, 2002). Um dos vários papéis do professor atualmente está relacionado ao modo como devemos fazer o aluno compreender seu papel como cidadão críticotransformador na sociedade (SCHNETZLER e SANTOS, 2000). A questão é muito complicada devido ao modelo econômico existente e acaba levantando discussões em cima do assunto, o que se pode perceber nos resultados, onde só apenas um pouco mais da metade (57%) consegue colocar em prática (SANTOS e SCHNETZLER, 1996). Foi feita análise do perfil do professor de Química do Colégio Estadual Professor Faustino para mostrar como faz o aluno compreender seu papel como cidadão na sociedade, como mostrado na Figura 2. 36 As aulas de Química para o aluno compreender seu papel de cidadão na sociedade Sim 43% 57% Não Figura 2. As aulas de Química para o aluno compreender seu papel de cidadão na sociedade. Outro assunto recente cheio de discussões em cima dele é a inclusão da interdisciplinaridade e da contextualização nas aulas de Química para ajudar o professor a lecionar seus conteúdos e fazer os alunos compreenderem com maior facilidade a importância de se saber sobre a disciplina fora do contexto escolar. O que se pode perceber que há uma boa parcela de professores (71%) interessados em trabalhar esse assunto (FAZENDA, 1979 e 1994). Foi feita análise do perfil do professor de Química do Colégio Estadual Professor Faustino na aplicação prática da interdisciplinaridade e da contextualização, como mostrado na Figura 3. Utilização prática da interdisciplinaridade e da contextualização 29% 71% Sim Não Figura 3. Utilização prática da interdisciplinaridade e da contextualização. O professor de Química busca avaliar o grau de entendimento dos alunos em relação aos conteúdos da disciplina. Existem várias maneiras de se avaliar os alunos: atividade avaliativa, trabalhos, apresentações, seminários, debates, participação, relatórios, etc. Antes, a avaliação escrita era o principal método de avaliar os alunos para dar sua nota bimestral ou semestral. Hoje, há ainda uma predileção pela avaliação (50%), só que ela vem perdendo espaço para outras 37 alternativas de verificação de aprendizagem como as atividades participativas (HOFFMANN, 2001). Foi feita análise do perfil do professor de Química do Colégio Estadual Professor Faustino em relação a seus métodos de avaliação, como mostrado na Figura 4. Principal método de avaliação do professor 13% Por provas Por trabalhos individuais 50% Por trabalhos coletivos 37% Por atividades realizadas na sala de aula Por participação Figura 4. Principal método de avaliação do professor. Os professores precisam se atualizar porque sempre há novas descobertas tanto na área da Química como na área do Ensino por isso, eles precisam mudar de conceitos e definições, reavaliar suas atitudes e renovar seus métodos de ensino. Essa conclusão é aceita por todos os professores da disciplina desde os mais experientes até os recém-ingressos na faculdade, os quais compreendem a importância de se manter em aprendizagem constantemente (CHASSOT, 2004). Foi feita análise do perfil do professor de Química do Colégio Estadual Professor Faustino sobre a procura dele pela formação continuada, como mostrado na Figura 5. Formação continuada do professor Sim 100% Não Figura 5. Formação continuada do professor. 38 Os alunos visualizam o professor como o principal responsável pelo desenvolvimento total das aulas da disciplina desde o momento em que entra na sala de aula, a explicação do conteúdo, participação dos alunos, usos diversos de metodologias até a avaliação geral (MALDANER, 1999) (SCHNETZLER, 2002). Para os alunos da pesquisa, o professor de Química tem uma imagem passada a eles de forma bem agradável, já que a maioria das notas se encontra na faixa de 8 a 10, mostrando que os alunos gostam do atual método utilizado pelo professor para dar aula. Foi feita análise do perfil do professor de Química do Colégio Estadual Professor Faustino sobre a nota dada pelos alunos para ele, como mostrado na Figura 6. Nota dada pelos alunos ao professor de Química 2% 6% 2% 5% Menor que 5 5 6 33% 7 18% 8 9 10 34% Figura 6. Nota dada pelos alunos ao professor de Química. A opinião dos alunos é fundamental para o próprio desempenho deles na matéria, mas o professor nem sempre pode fazer suas aulas de modo a atender ao mesmo tempo a eles e a escola. Também se dar que na mesma maneira, os próprios alunos têm momentos de rejeição pela participação nas aulas por motivos quaisquer (ZANON e PALHARINI, 1995). Na pesquisa, a maioria dos alunos anseia por aulas práticas feitas em laboratórios como forma de torná-las cada vez mais interativas (NARDI, 1998). E não muito abaixo disso, estão os alunos que se encontram satisfeitos com o modelo atual de ensino, não podendo concluir se gostam mesmo da aula do jeito que está ou se ignoram o modo como elas são realizadas. 39 PERFIL DAS AULAS DE QUÍMICA 1. PARTICIPAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DAS AULAS: Os profissionais de química têm como principal desafio do ensino hoje, elaborar um modelo de aula que consiga prender a atenção do aluno por um período de 45 a 60 minutos e sem deixar que ela caía na mesmice de sempre. Não é só a postura e a atitude do professor que são fundamentais na execução de uma aula (MALDANER, 1999) (SCHNETZLER, 2002), o modo como esta acaba evoluindo é percebido pelos alunos que podem gostar ou não da disciplina através da participação deles mesmos. O modelo de aula utilizado pelos professores em sua maioria ainda continua sendo a aula expositiva (BERNARDES, 2006a), só que se percebe a inclusão de aulas cada vez mais participativas para atrair a atenção dos alunos, contudo, ainda não há maior aplicação de aulas práticas nesta disciplina. Mesmo sendo um modelo de aula onde o aluno só fica observando e escutando a explicação do conteúdo (FREIRE, 1987), a maior parte dos alunos ainda assim buscam participação ativa no desenrolar da aula e isso acaba aumentando o interesse deles pela disciplina em grande parte. Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino quanto ao tipo de aula utilizada pelo professor para ensinar os alunos, como mostra a figura 7. Tipo de aula utilizada com os alunos Expositiva 17% Experimental Discursiva 83% Participativa Investigativa Figura 7. Tipo de aula utilizada com os alunos. Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino quanto ao interesse dos alunos pela disciplina, como mostra a figura 8. 40 Interesse dos alunos pela disciplina 6% Sim 49% De vez em quando 45% Não Figura 8. Interesse dos alunos pela disciplina. Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino a partir da participação dos alunos na aula, como mostra a figura 9. 4% Participação ativa dos alunos durante a aula Sim 10% 31% 25% A maior parte do tempo Às vezes 30% Raramente Não Figura 9. Participação ativa dos alunos durante a aula. 2. LABORATÓRIOS: A globalização trouxe novas ferramentas para a sala de aula por meio das tecnologias de informação e comunicação (TICs) (MARCOS, 2008). Todos têm a oportunidade de mexer e trabalhar com esses novos aparatos tecnológicos, o difícil é poder trabalhar com esses materiais dentro do ambiente escolar (UNESCO, 2008b, 2008c). As escolas nem sempre avançam com a mesma oportunidade que a sociedade e acabam não tendo acesso a elas. Na pesquisa, os professores disseram em sua maioria que não havia laboratório de informática disponível ou em funcionamento, somente as escolas que tinham oportunidade de ter e acessar o conhecimento (MALDANER, 2000). 41 Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino quanto à utilização dos laboratórios (de química e de informática) no desenvolvimento das aulas, como mostra a figura 10. Uso dos laboratórios de informática e de química nas aulas 14% Sim, os dois Sim, só o laboratório de química Sim, só o laboratório de informática 86% Não há nenhum laboratório na escola Figura 10. Uso dos laboratórios de informática e de química nas aulas. Isso acaba se ampliando para o laboratório de Química, pois, um laboratório científico, muitas vezes, tem menos importância que um tecnológico. Ciência e tecnologia não caminham muitas vezes juntas e isso se reflete no modo como as aulas são dadas pelos professores. E se os alunos não conseguem ver aulas experimentais dentro das escolas, dificilmente, as verão em casa (BRASIL, 1998). Mesmo tendo acesso à tecnologia dentro de casa ou em uma lan house próxima, os estudantes se dividem quase igualmente quanto ao uso das tecnologias para verificar o conteúdo ensinado na sala de aula. Acima da metade dos alunos (51%) não gosta de gastar parte do tempo de seu lazer na frente do computador para verificar tais ideias, enquanto a outra parte já prefere associar informação banda larga com conteúdo didático. Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino, sob a utilização da tecnologia pelos alunos fora da sala de aula, para a compreensão dos conteúdos, como mostra a figura 11. 42 Compreensão dos alunos pelo conteúdo com o uso de recursos tecnológicos, fora da sala de aula Sim 49% 51% Não Figura 11. Compreensão dos alunos pelo conteúdo com o uso de recursos tecnológicos, fora da sala de aula. 3. APROVEITAMENTO: A atenção dos alunos pela disciplina sempre foi motivo para reclamação, pois a participação ou falta de atenção dos mesmos se refletia diretamente no desempenho escolar dos mesmos. O professor de Química avalia os alunos seja para verificar a aprendizagem dos mesmos quanto aos conteúdos dados nas aulas ou para dar uma nota avaliativa à participação deles (LOCH, 2000). O aproveitamento dos alunos é feito a partir da avaliação tomada pelo professor a cada bimestre e expressa ao aluno na forma de um boletim (PERRENOUD, 1999). Tantos alunos como professores têm visões completamente diferentes do modo como os primeiros fazem o aproveitamento da matéria (SOUZA, 1993). Os alunos apresentam, em sua maioria, uma visão otimista ao dizer que mais da metade deles (75%) têm um bom aproveitamento da disciplina; enquanto os professores tinham uma visão mais negativa, ao afirmar que a maioria dos alunos (86%) tem um aproveitamento regular da disciplina. Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino, a partir da nota do professor quanto o aproveitamento dos alunos na disciplina, como mostra a figura 12. 43 Nota dada pelo professor ao aproveitamento das turmas na disciplina 0-2 14% 3.0-5.0 43% 6.0-7.0 8.0-9.0 43% 10 Figura 12. Nota dada pelo professor ao aproveitamento das turmas na disciplina. Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino, a partir da nota dos próprios alunos quanto ao aproveitamento deles na disciplina, como mostra a figura 13. Nota dada pelos alunos ao aproveitamento deles na disciplina 2% 18% 7% 0-2,0 16% 2,1-4 4,1-6 18% 6,1-8 8,1-9,5 39% 9,6-10 Figura 13. Nota dada pelos alunos ao aproveitamento deles na disciplina. 4. CONTEÚDO: Uma das grandes questões discutidas hoje pelos professores de todo o país é conseguir construir um plano de curso (currículo) que enfoque na qualidade do que na quantidade de conteúdos a serem dados para o aluno durante um ano (BRASIL, 1999). O professor de Química acaba seguindo uma lista de conteúdos a serem explicados através do currículo escolar e não pode ter o direito de escolhê-los porque isso influencia na compreensão e entendimento do aluno sobre os mesmos (GOODSON, 1997). Na pesquisa, 72% dos professores compreendem que a quantidade grande de conteúdos não pode ser explicada de forma totalitária, não importa qual seja a 44 ordem a ser seguida. Pois isso, não conseguiria atingir os objetivos de dar aulas de uma disciplina com fins cidadãos e noções de crítica a sociedade em que interage (ALBUQUERQUE e SILVA, 2006). Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino, sobre a opinião do professor quanto ao ensino dos conteúdos através do currículo, como mostra a figura 14. Opinião do professor sobre ensino dos conteúdos a partir do currículo Sim 14% Sim, mas não concordo em ensinar todos os conteúdos 14% 72% Sim, mas não concordo em ensinar seguindo a ordem do currículo Não concordo com nenhum dos dois Figura 14. Opinião do professor sobre ensino do conteúdos a partir do currículo Em meio a essa discussão sobre a quantidade de conteúdos a serem explicados, os alunos acabam sendo obrigados a aprender os conteúdos de maneira abrupta sem entender o real significado dos conteúdos para serem transportados para a realidade deles (BERNSTEIN, 1996a). Na pesquisa, mais da metade dos alunos (62%) só consegue uma compreensão mediana dos conteúdos mostrando a consequência de se aprender tudo em pouco tempo. Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino, quanto à compreensão dos conteúdos por parte dos alunos, como mostra a figura 15. 45 A compreensão dos alunos pelo conteúdo após a explicação do professor 5% 5% 9% Excelente Ótima 19% 28% Boa Moderada Péssima 34% Ruim Figura 15. A compreensão dos alunos pelo conteúdo após a explicação do professor. Para os próprios alunos, a compreensão dos conteúdos está relacionada à capacidade do professor em saber o conteúdo e saber expor aos alunos, mas principalmente, a primeira capacidade é fundamental no processo de ensino (MELLO, 1982). Na pesquisa, os alunos são quase unânimes em afirmar que os professores de química possuem domínio do conteúdo que explicam durante suas aulas. Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino, sobre a opinião do aluno quanto ao domínio do professor em relação aos conteúdos, como mostra a figura 16. Opinião do aluno sobre o domínio do conteúdo por parte do professor 5% Sim Não 95% Figura 16. Opinião do aluno sobre o domínio do conteúdo por parte do professor. 5. LINGUAGEM: A linguagem química é peculiar pelo fato de possuir uma simbologia própria que não é fácil de ser interpretada (CHASSOT, 1990). Os professores de Química dentro da sala de aula fazem uma ponte entre a linguagem química acadêmica e a 46 linguagem química escolar, pois os alunos necessitam de uma forma de explicação sem perder o conteúdo científico. A pesquisa demonstra que a maioria dos alunos (83%) compreende a linguagem adotada pelo professor possibilitando uma maior aprendizagem do conteúdo (SANTOS et al., 2003). Os professores de Química conseguem utilizar de uma linguagem simples e clara para explicar o conteúdo sem perder o uso de uma linguagem científica. Ou seja, professores conseguiram atribuir uma linguagem específica para a compreensão dos alunos sem perder o conteúdo científico já existente (VYGOTSKY, 2001). Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino, sobre o uso de uma linguagem simples e clara por parte do professor na explicação dos conteúdos, como mostra a figura 17. Uso de uma linguagem mais simples e clara para explicar os conteúdos Sim 14% Sim, mas não deixo de usar uma linguagem mais técnica Claro que não 86% Figura 17. Uso de uma linguagem mais simples e clara para explicar os conteúdos. Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino, sobre a opinião do aluno quanto à linguagem utilizada pelo professor para a compreensão dos conteúdos, como mostra a figura 18. A linguagem utilizada pelo professor é de fácil compreensão para os alunos 17% Sim 83% Não Figura 18. A linguagem utilizada pelo professor é de fácil compreensão para os alunos. 47 6. VESTIBULAR E APRENDIZAGEM: A preocupação com o vestibular sempre esteve relacionada à preocupação da própria unidade escolar em ajudar os alunos a encararem as provas de forma que estivessem preparados para esta etapa (OLIVEIRA, 2011). Só que agora com as recentes mudanças do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), este ganhou mais importância do que se tinha anteriormente e os alunos também são preparados para ele também (OLIVEIRA, 2011). O professor tem conhecimento suficiente para ajudá-los, mas busca uma razão própria para dar um ensino de qualidade a eles (CHASSOT, 2000). Na pesquisa, percebe-se uma maior preocupação do professor ao ensinar em querer que os alunos tenham uma maior aprendizagem dos conteúdos, muito mais do que querer prepará-los para o vestibular ou ainda para o ENEM. E ainda, nota-se que a preocupação da formação sócio-cidadão dos alunos ganha pouca importância entre os professores (14%) (QUÍMICA, 2006). Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino, sobre a preocupação do professor durante o ensino, como mostra a figura 19. Principal preocupação do professor ao querer ensinar 29% 14% Maior aprendizagem 57% Questões social e cidadã Vestibulares e ENEM Figura 19. Principal preocupação do professor ao querer ensinar. Os alunos buscam em grande parte compreender a disciplina de Química para melhor se prepararem para provas mais importantes como os vestibulares das universidades e o ENEM por iniciativa própria. E na pesquisa, percebe-se que os alunos buscam entender e gostar um pouco da disciplina, mas eles não têm grande interesse ou vontade de fazer o vestibular para Química (ASSIS, LIMA, ROSA & ROSA, 2010). 48 Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino, quanto à iniciativa dos alunos em aprender a disciplina para o vestibular e o ENEM, como mostra a figura 20. Iniciativa dos alunos quanto ao aprendizado na disciplina por causa do ENEM e do vestibular 38% Sim 62% Não Figura 20. Iniciativa dos alunos quanto ao aprendizado na disciplina por causa do ENEM e do vestibular. Foi feita a análise do perfil das aulas de Química do Colégio Estadual Professor Faustino, em relação ao interesse dos alunos do Ensino Médio em fazer vestibular para Química, como mostra a figura 21. Interesse dos alunos do Ensino Médio em fazer o vestibular para Química 18% Sim Não 82% Figura 21. Interesse dos alunos do Ensino Médio em fazer o vestibular para Química. 7. APLICAÇÃO DA DISCIPLINA NO COTIDIANO: Uma das principais discussões entre alunos e professores, entre universos escolar e acadêmico, é qual a importância da Química fora das paredes da sala de aula ou como aplicar todo aprendizado dentro da sociedade em que interagimos (CARDOSO e COLINVAUX, 2000). Os alunos ficam divididos em três grupos quanto a essa questão de levar o conteúdo para o cotidiano deles: aqueles que conseguem aplicar o conteúdo em seu 49 meio, aqueles que não conseguem enxergar relação alguma entre um e outro, e aqueles que só conseguem relacionar os dois assuntos às vezes. Os professores têm a missão de passar a importância da relação disciplina (teoria) e realidade (prática) (VÁZQUEZ, 1990). Todos eles concordam que há maneiras disso ocorrer e cada um trabalha com uma vertente diferente de visão: apresentar detalhes de seu meio e levantar a curiosidade deles; relação dos conteúdos com cotidiano, o senso comum e os fenômenos químicos (MORIN, 2000); mostrar que os processos que ocorrem a sua volta tem relação com a Química; a contextualização dos conteúdos (LUDKE e ANDRÉ, 1986); desenvolvimento de aulas direcionadas envolvendo acontecimentos atuais. 50 4. CONCLUSÃO: Após a apresentação de todos os resultados obtidos, percebe-se que o professor é cercado de várias deficiências que atrapalham em seu objetivo de lecionar. O professor necessita ter alguma autonomia própria na hora de escolher os conteúdos a trabalhar e os modos como ele consegue isso. Ele deve diminuir a carga de matérias a ensinar durante o ano, bimestre ou mês para passar conteúdos com qualidade e de fácil compreensão para os alunos. Atualmente, o professor de Química precisa deixar de lado as aulas expositivas, com as quais está mais acostumado a trabalhar em sala de aula, para desenvolver aulas mais interativas que contenham uma maior participação dos alunos. Isto é fundamental para atrair a atenção deles para as aulas da disciplina, devido o fato de que estes estão cada vez mais distantes e não se envolvem mais do ambiente escolar, com grande frequência. Foi detectado em vários casos, que não adianta desenvolver aulas de Químicas baseadas somente na teoria, pois o conhecimento se torna raso e superficial. A prática experimental deve ser realizada em laboratórios de Química, que muitas vezes não se encontram em funcionamento ou disponíveis para uso de professores e alunos. Já existem outras maneiras de se realizar a maior parte destes experimentos com o uso de materiais alternativos, nos quais, o próprio aluno pode desenvolvê-lo fora da escola e tirar conclusões concebidas em cima do tema. Só que ao se falar em laboratórios, não são só os de Química que sofrem com esse problema, os de informática também acabam sendo vítimas da situação. O mundo é globalizado e cada vez mais a informática vai invadindo o espaço a nosso redor. O professor de laboratório precisa utilizar as TICs para “hipnotizar” seu aluno para a aula, criar um problema, fazê-lo indagar em grupo e convencê-lo a pesquisar fora da sala de aula para se interar mais do assunto. A revisão de conceitos e metodologias também se amplia para a questão das avaliações dos alunos pelos professores. Não há mais espaço para a entrega de atividades avaliativas valendo nota para servir como um critério de aprendizagem individual ou coletiva. A aplicação de atividades mais diferenciadas, dinâmicas e coletivas colabora para construir outros tipos de metodologias dentro da sala de 51 aula, ainda há uma resistência em considerá-las como novas formas de avaliação e assim não respeitando a construção do conhecimento científico dos alunos. Enquanto isso, o trabalho apresentado conseguiu mostrar que novos conceitos e ideologias apresentados nas últimas décadas já estão sendo assimilados entre os profissionais de Química. O ensino de Química é lecionado pelo professor quando se espera uma maior aprendizagem do aluno, agora o foco do ensino acabou voltando para a priorização às provas do ENEM e dos vestibulares, sem esquecer a ênfase na formação cidadã dos alunos. O professor de Química percebe que precisa se atualizar sempre, pois a todo instante surge novas descobertas dentro da área da Química ou do Ensino, as quais modificam todo um conceito já existente. Por isso, professores de escolas públicas e particulares não se dividem sobre a importância da formação continuada na formação pedagógica dos mesmos. É necessário um foco importante sobre a relação entre o conteúdo explicado em sala de aula com a importância dele dentro do cotidiano do aluno, pois ainda existem muitos alunos que não conseguem enxergar a relação dos dois com muita clareza. A contextualização e a interdisciplinaridade provam que é possível transportar a teoria (adquirida na sala de aula) para uma prática dos fatos corriqueiros do dia-a-dia, muitas vezes indagados por eles mesmos já que não possuíam uma resposta mais verídica e científica. 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALBUQUERQUE, T. F. S. & SILVA, ª M. Silva. Metodologia do Ensino de Química Através da Ludicidade. Disponível em: http://www.abq.org.br/simpequi/2006/trabalhos/11-102-t1.htm. Acesso realizado em: 23 de maio de 2009. ASSIS, C. R.; LIMA, S. de P. M.; ROSA, J. E. & ROSA, J. P. ENEM: A relação entre o novo exame e o comportamento do aluno. Universidade Federal de Goiás (UFG) e Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (FACOMB). Goiânia, Goiás, 2010. BEM-ZVI, R., EYLON, B. e SILBERSTEIN, J. Student’s visualization of a chemical reaction. Education in Chemistry, 17-120, 1987. BERNAL, J. D. Ciência na História. Lisboa: Horizonte, vol. 7, 1978. BERNARDES, Adriana Oliveira. 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