Dados históricos do CRQ/MG e Conquista da Legitimidade e Valorização da Profissão e do Profissional da Química Pág. 4 Aspectos relevantes da Lei 2.800, de 18/06/56, e do Decreto 85.877, de 07/04/1981. Pág. 13 O ensino de graduação em Química Pág. 16 Casa do Profissional da Química Presidente Juscelino Kubtschek de Oliveira: O espaço que faltava Pág. 20 Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas Pág. 22 Bom Uso do Princípio da Precaução Pág. 24 Produção mais Limpa (P+L) e Consumo Consciente Pág. 25 Aproveitamento de Água de Chuva em Grandes Centros Urbanos Pág. 29 Gerenciamento de Resíduos Laboratoriais Perigosos Pág. 38 Requisitos de Identidade e Qualidade da Cachaça Pág. 44 Desenvolvimento de Anti-séptico para Sanitizaçao de Escovas Dentais Pág. 47 00 Conselho Regional de Química – CRQ/MG Rua São Paulo, 409 – 15º e 16º andares – Centro 30170-902 – Belo Horizonte – MG Tel.: 31-32714111 - Fax: 31-32128682 Internet: http:/ www.crqmg.org.br e-mail:[email protected] Atendimento ao público: Segunda a sexta-feira, das 9:00 às 18h Presidente: Wagner José Pedersoli Vice-Presidente: Luiz Rodrigues Pereira Secretário: Marcos Golgher Tesoureiro: Hermeto Barboza Machado Conselheiros Titulares: Ana Luiza Dolabela de Amorim Mazzini Auxiliadora Maria Moura Santi Evelise Alves Guimarães Eymard de Meira Breda Gilson Rodrigues da Cruz Hermeto Barboza Machado Luiz Rodrigues Pereira, Marcos Golgher Nelson Alves Góes Conselheiros Suplentes: Belini Tomagnini Euclides Honório de Araújo Débora Vallory Figuerêdo Isnaldo Epaminondas Santos Kriscilla Pedrosa da Silva Maria José Marques Marilene Totino Barros (in memoriam) Ricardo Newton Pinto Vieira Simone Álvares Martins de Oliveira Conselho Editorial: Maria José Marques, Ana Luiza Dolabela de Amorim Mazzini Edição especial comemorativa do centenário CRQ -MG - 1957 - 2007. Belo Horizonte - junho de 2009 Revisão: Ana Luiza Dolabela de Amorim Mazzini e Maria José Marques. Projeto Gráfico e Diagramação: Procópio de Castro Tiragem::1.000 exemplares Impressão: Gráficaxxxxxxxxxxxx Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade de seus autores e podem não refletir a opinião desta entidade. O CRQ/MG não responde pela qualidade dos cursos divulgados. A publicação destes visa apenas dar conhecimento aos profissionais sobre as opções disponíveis do mercado. Editorial É com grande satisfação que apresento aos Profissionais da Química a Revista Comemorativa do Cinquentenário do CRQ/MG. Esta edição vem encerrar uma série de eventos realizados em 2006, ano em que comemorou-se o cinquentenário da Lei 2800 sancionada pelo Presidente Juscelino Kubitschek em 1956, que regulamentou o exercício da profissão de Químico no país e em 2007, ano em que o CRQ/MG completou seus 50 anos de criação. Fizeram parte dessas comemorações a realização do II e do III Simpósio Mineiro de Química que tiveram como fonte inspiradora o I Fórum Mineiro sobre Química e Sociedade realizado, com grande sucesso, em conjunto com a Associação Brasileira de Química em Minas Gearis, ABQ/MG, com a Sociedade Brasileira de Química em Minas Gerais, SBQ/MG e com o Sindicato dos Profissionais da Química do Estado de Minas Gerais, SINPROQUI/MG. Constaram, ainda, dessas comemorações o lançamento de diversos livros técnico-científicos patrocinados pelo CRQ/MG, a realização de eventos com entrega de medalhas e Conselho do CRQ/MG premiações, além do patrocínio de cursos e palestras. Nesta edição especial houve a preocupação da miscigenação de dados históricos do CRQ/MG e aspectos legais do exercício da Profissão de Químico com artigos referentes ao ensino da Química, aspectos relativos à pesquisa e desenvolvimento na área da Química, além da apresentação de artigos técnico-científicos que abordam a Química dentro do contexto sócioambiental e da contribuição da profissão para uma vida mais humana e com maior qualidade. Por fim, encerrando esse ciclo comemorativo, parabenizo a todos os profissionais e, com muita alegria, entrego à Comunidade Química a Casa do Profissional da Química Presidente Juscelino Kubtschek de Oliveira, idealizada para atender ao CRQ/MG, ao SINPROQUI/MG, à ABQ/MG, à SBQ/MG e à ABEQ/MG e que tem como principal objetivo proporcionar maior aproximação entre os profissionais e os vários segmentos da área. O CRQ/MG, juntamente com essas entidades, pretende oferecer aos Profissionais da Química uma estrutura que, não apenas, aproxime profissionais, empresas e instituições de ensino, mas também, que ofereça cursos de atualização e momentos voltados para a troca de conhecimentos e, por que não, de lazer. Para tanto será efetuado um levantamento dos temas e atividades de maior interesse, para então elaborarmos um cronograma de atividades que será, oportunamente, divulgado. Esperando que essa Revista Comemorativa venha contribuir para a formação e informação dos nossos profissionais, felicito novamente a todos por mais essas conquistas que são, sem dúvida motivo de grande orgulho, e deixo o convite especial para uma atuação participativa de todos nesse nosso novo espaço. Um grande abraço. Wagner José Pedersoli Presidente do CRQ/MG 03 G M / Q R C e o d d a d s i o c m i i r t tó gi o s e ã i s L h s i a s f o d o d r a a P t s D a a i c d u i o m nq í ã o ç u a C Q z e ri a o d l l a a n eV o i Responsáveis pela s s i f o elaboração da matéria: r P Conselheiros Ana Luiza Dolabela de Amoe do rim Mazzini, Isnaldo Epaminondas Santos, Hermeto Barboza Machado, Luiz Rodrigues Pereira, Marcos Golgher, Maria José Marques, Nelson Alves Góes e Gerente de Registros Maria José de Oliveira. 1957 - 2007 O Cinqüentenário do CRQ – MG Uma conquista da Legitimidade e Valorização da Profissão e do Profissional da Química. Em 18 de junho de 1956 o então saudoso presidente da República, Juscelino Kubitschek de Oliveira, sancionou a Lei 2800/56 que regu04 lamenta a profissão de químico no Brasil e estabelece o sistema CFQ/CRQ´s (Conselho Federal de Química / Conselhos Regionais de Química) Um ano após a promulgação dessa lei, foi criado o CRQ-MG, por meio da Resolução Normativa nº. 2 do Conselho Federal de Química. Isto ocorreu no dia 30 de julho de 1957, na Biblioteca do Instituto de Tecnologia Industrial de Minas Gerais, em Belo Horizonte, onde se reuniu a Assembléia de delegados eleitos por representantes de escolas e associações ligadas à área da Química, conforme a Lei 2800, sob a presidência do Professor Lourenço Menicucci Sobrinho, delegado especial designado pelo Presidente do Conselho Federal de Química, Geraldo Mendes de Oliveira Castro, para instalar o conselho regional, conforme o ofício CFQ 43/57. Os conselheiros, já empossados, procederam à eleição do primeiro presidente do CRQ-MG. Por unanimidade foi eleito o Professor Milton Vieira Campos que foi empossado e assumiu a presidência já daquela reunião que grafava os primeiros passos dessa trajetória que completa 50 anos (FIG. 1). Dentre as primeiras ações do presidente destaca-se a nomeação de uma comissão constituída pelos professores Archimedes Pereira Guimarães, Cássio Mendonça Pinto e Detlef Surarus para estudo e elaboração do ante projeto do regimento interno do Conselho, que norteou suas atividades até --- quando foi adequado à nova realidade e permanece na atualidade. De acordo com a resolução nº 02 de 08/07/1957 do CFQ o território brasileiro foi dividido em cinco regiões jurisdicionais. O Estado de Minas Gerais, juntamente com os Estados de Goiás, Bahia e Sergipe constituíram inicialmente a 2ª Região com sede na cidade de Belo Horizonte. Somente trinta anos após a sua instalação, em janeiro de 1987, com a criação pelo CFQ de novas unidades regionais, o CRQ-2ª Região passou a ter jurisdição sobre o Estado de Minas Gerais exclusivamente. As Sedes do CRQ/MG É interessante destacar como curioso, se não peculiar, a escolha do local para se oficializar a institucionalização do CRQ-MG em 1957. Na verdade a Biblioteca do Instituto de Tecnologia Industrial de Minas Gerais situada na Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, não serviu apenas de palco para a Assembléia de instalação do CRQ/MG, mas foi sua 1ª Sede, tendo lá permanecido até meados de 1960. Visando melhorar não apenas a infra-estrutura da entidade que crescia de forma significativa, mas também acolher e melhorar os serviços prestados às empresas e aos profissionais da Química, o Conselho, como fruto da dedicação e empenho de uma geração de profissionais abnegados e idealistas, em julho de 1960, na gestão do presidente Dr. Milton Vieira Campos passou a ocupar as salas 1408 e 1409 do Edifício Codó, situado na Avenida Amazonas 135, em Belo Horizonte. Essa 2ª Sede abrigou o Conselho por 20 anos. Contudo, junto com o crescimento econômico, industrial e de serviços do Brasil nesse período, o número de profissionais da Química cresceu e as instalações da Sede se tornaram inadequadas e insufiMais que um dever, um direito REGISTRO NO CONSELHO: Após anos de estudos o formando de nível técnico ou superior, adquire a capacitação teórico-técnica, que lhe confere seu diploma, direitos e prerrogativas para exercer a sua cientes para o desenvolvimento das atividades do CRQ-MG. Desta forma, onde esforços não foram medidos o CRQ/MG consegue em 1980, na gestão do Engenheiro Químico Jesus Miguel Tajra Adad, comprar o 15º andar do Edifício Avenida, localizado na Rua São Paulo 409 – Belo Horizonte, e instala a sua nova Sede. Sem dúvida a conquista foi enorme, mas o desejo de criar novos setores, de melhorar as acomodações e de ampliar os serviços prestados pelo CRQ-MG à Comunidade Química não permitiram que a direção do Conselho sob a presidência do Engenheiro Químico Wagner José Pedersoli, cruzasse os braços. Assim, em 1993 foi adquirido também o 16º andar do mesmo edifício, o que proporcionou a expansão da atual Sede. O CRQ-MG ocupando atualmente, o 15º e 16º andares do Edifício Avenida abriga, dentre outros espaços, os departamentos de contabilidade, de fiscalização, de registros, de informática, o jurídico, o arquivo e a biblioteca. No ano em que o CRQ-MG completa seus 50 anos muitas são as suas metas para os próximos anos, dentre elas uma que se destaca é a construção de sua Sede própria, em terreno individual, que comporte além da administração espaços apropriados para realização de Eventos como Workshops, Seminários, Cursos, Palestras, Conferências e outros, além de estacionamento próprio gratuito para o profissional da Química. Parte dessa meta já está concluída profissão. Já uma Empresa, ao ser constituída legalmente, passa a ter direito a prestar serviços à sociedade, inerentes à sua natureza. Em ambos os casos surgem algumas perguntas comuns por parte dos 05 formandos e das Empresas: Sou obrigado (a) a me registrar num Conselho Profissional? Por quê? Existe Lei que regulamenta o meu exercício profissional, ou da minha Empresa? Qual é o meu Conselho Profissional? Como devo proceder para me registrar, ou registrar a minha empresa, no meu Conselho? Buscando sanar a essas dúvidas freqüentes, o CRQ-MG preparou o texto a seguir que contempla, de forma sucinta, mas objetiva, os principais aspectos concernentes, em particular, ao Registro dos Profissionais da Química e das Empresas com atividades na área da Química e em áreas afins. Origem das Entidades de Fiscalização Profissional Na Constituição de 1881 havia a previsão do livre exercício profissional. Entretanto, a partir da década de 30 o Estado passou a ter maior interferência na fiscalização do exercício profissional e já na Carta Magna de 1934 o livre exercício de qualquer profissão estava condicionada à capacidade técnica e outras que a lei estabelecesse, ditadas pelo interesse público. A partir de então, o Estado passou a delegar sua função de fiscalizar o exercício profissional, pela descentralização de seu poder, criando pessoas jurídicas para exer6 cer tal função. Tais pessoas jurídicas, criadas por lei, eram consideradas como de direito público, com capacidade administrativa, denominadas por autarquias e que estavam sujeitas a supervisão ministerial. Nessa condição, as entidades de fiscalização profissional vinculavam-se ao Ministério do Trabalho e auditadas pelo Tribunal de Contas da União. Assim, os conselhos de fiscalização das profissões liberais foram criados como prolongamento do Estado para o atendimento do interesse público, pois o exercício de atividades de polícia, decorrentes do poder de polícia, far-se-á sempre em função da coletividade. Os conselhos são todos criados por lei; têm personalidade jurídica própria, respondendo por seus atos e obrigações, têm patrimônio e receitas próprios; e executam atividade típica do Estado. Os Conselhos de fiscalização profissional não são entidades sindicais ou associativas, que representam perante a sociedade os interesses de seus afiliados ou associados as quais a Constituição garante liberdade de associação e sindicalização. Para o exercício de profissões regulamentadas para as quais a lei criou conselho ou ordem fiscalizadora, há compulsoriedade na inscrição: só pode exercer com legitimidade a profissão aquele que está inscrito. Não têm os conselhos profissionais, qualquer atribuição na defesa de interesses econômicos, mas, têm, sim, como atribuição a fiscalização do exercício da profissão nos setores públicos ou privados que mantêm profissionais em seus quadros, seja em caráter liberal ou vinculado a esses setores. O dever legal dos conselhos profissionais é o de zelar pelo interesse coletivo da sociedade, efetuando, para tanto, seus respectivos campos profissionais, a supervisão qualitativa, técnica e ética do exercício das profissões liberais, na conformidade da lei. A formação profissional refere-se à capacitação técnica do indivíduo para exercer sua profissão, “com os direitos e prerrogativas, concedidas pelas leis da República”, conforme consta no seu diploma. Obviamente, tal profissional, após cumprir a legislação referente ao processo educativo, somente poderá exercer com legitimidade a profissão adquirida depois de cumprir, também, a legislação relativa ao conselho de fiscalização profissional no qual sua profissão enquadra. Portanto, é errôneo o questionamento de que somente a formação profissional é suficiente para exercer determinada profissão. Registro do Profissional da Química Todo profissional da área da Química e áreas afins após concluir o curso deverá requerer no CRQ-MG o seu registro para atuar na área e exercer a profissão legalmente. São Profissionais da Química: a) os possuidores de diploma de Químico, Químico Industrial, Químico Industrial Agrícola, Engenheiro Químico, Bacharéis em Química e Técnico em Química; b) para fins de identificação é autorizado o registro no CRQ, dos profissionais com título de Técnico Industrial seguido da habilitação profissional correspondente, conforme os exemplos a saber: Química; Acabamento Têxtil; Agrícola, ramo laticínios; Agrícola, ramo Enologia; Análise Química; Açúcar e Álcool; Bioquímica; Celulose e Papel; Cerâmica; Cervejaria; Refrigerantes; Curtimento; Enologia; Tecnologia de Alimentos; Têxtil; Especialização Têxtil/Fibras Químicas; Laboratório; Laboratorista Industrial; Laticínios (Leite e derivados); Petroqu ica; Plásticos; Saneamento; Tinturaria; Metalurgia; Mineração; Acabamento de Metais; Análise Química Industrial; c) são consideradas modalidades do campo profissional da Engenharia Química devendo registrar-se em CRQ’s, os Engenheiros de Produção, de Armamentos, de Minas, Metalúrgica, de Petróleo, de Petroquí- mica, Têxtil, de Plásticos, Sanitaristas, Ambientais, de Alimentos, de Segurança do Trabalho, de Materiais, Engenheiros Industriais, modalidade Química, de Papel e Celulose, de Biotecnologia, de Bioquímica, de Explosivos, e outros, sempre que suas atividades se situarem na área da Química ou que lhes sejam correlatas; d) constituem modalidade do campo da Química Industrial, devendo registrar-se em Conselhos de Química, os profissionais com currículo escolar de Química Tecnológica, tais como os Bacharéis e/ ou Licenciados em química com atribuições tecnológicas, os Tecnólogos de Alimentos, de Plásticos, os Tecnólogos em Açúcar e Álcool, em Petróleo, em Petroquímica, em Cerâmi- ca, em Laticínios, em Enologia, em Acabamento de Metais, em Metalurgia, em Tinturaria, em análise Química Industrial, em Bioquímica Industrial, os Tecnólogos Têxteis, e outros, para cuja atividade exija por sua natureza o conhecimento de Química, de conformidade com o Art. 341 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT); e) constituem modalidades da categoria dos Técnicos Químicos, os técnicos de nível médio, cujas atividades profissionais se situam na área da Química. Para obter registro profissional o interessado deverá apresentar: a) requerimento padrão; b) diploma devidamente registrado; c) certidão do histórico escolar; d) prova de identidade; e) título de eleitor “Certidão de quitação eleitoral”; f) prova de estar em dia com o serviço militar; g)cadastro de pessoa física (CPF); h) 3 fotografias 3cm x 4cm “recentes e iguais”; i) comprovante do tipo sanguíneo; j) comprovante de endereço; k) Prova de quitação da contribuição sindical. Obs: Além dos documentos relacionados o profissional pagará as taxas do registro e carteira, bem como anuidades, até o dia 31 de março de cada ano, acrescido de 20% de mora, quando fora deste prazo. Constitui Legislação pertinente ao profissional da Química: - Lei 2.800 de 18 de junho de 1956; - Decreto nº.85.877 de 07 de abril de 1981; - Decreto-Lei nº.5.452 de 01 de maio de 1943; - RN nº.36 de 25 de abril de 1974; - RN nº.137 de 27 de agosto de 1993; - RN nº.180 de 24 de maio de 2002; - RN nº.198 de 17 de dezembro de 2004. Registro de Empresas com Atividade Básica na Área da Química Nos termos da Lei 2.800 de 18 de junho de 1956, Decreto 85.877 de 07 de abril de 1981, Lei nº.6.839 de 30 de outubro de 1980, RN’s 105 de 17 de setembro de 1987 e 122 de 09 de novembro de 1990, as empresas cuja atividade básica está na área da química, bem como as empresas que possuem Departamentos Químicos, inclusive unidades de processamento fabril ou que prestem serviços a terceiros também na área da química, estão obrigadas ao registro em Con- selho Regional de Química as empresas e suas filiais listadas a seguir: - Extração, Beneficiamento e Tratamento de Minérios; - Indústria de Produtos de Minérios Não-Metálicos; - Indústria Metalúrgica; - Indústria de Material de Transporte; - Indústrias de Madeira; - Indústria de Papel e Papelão; - Indústria de Borracha (Elastômeros Naturais e Sintéticos); - Indústria de Couros e Peles e Produtos Similares; - Indústria Química; - Indústria de Perfumaria, Sabões e Velas; - Indústria de Produtos de Matérias Plásticas; - Indústria Têxtil; - Indústria de Calçados; - Indústria de Produtos Alimentares; - Indústria de Bebidas; - Indústria de Fumo; - Indústria Editorial e Gráfica (Execução de serviços gráficos de natureza química); - Indústrias Diversas; - Indústria de Utilidade Pública; - Agricultura e Criação Animal; - Serviços de Transportes; - Serviços Pessoais; - Serviços Comerciais; - Comércio Atacadista; - Comércio Varejista; - Cooperativas; - Fundações, Entidades e Associações de Fins não Lucrativos. É também obrigatório registrar-se nos Conselhos Regionais de Química as empresas e suas filiais que prestem serviços a terceiros nos seguintes tipos de serviços: a) assessoria, consultoria, planejamento, projeto, construção e montagem de fábrica de produtos em processos da indústria química e em segurança industrial pertinente; b) análise química, físico-quimica, 7 químico-biológica, toxicológica, bromatológica e legal, de padronização e controle de qualidade de produtos químicos, como definidos no art. 2º do Decreto nº 85.877 de 07/04/ 1981; c) vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, elaboração de pareceres, laudos e atestados da especialidade; d) ensaios e pesquisas de métodos de processos e de produtos da Indústria Química. Obs: As empresas e suas filiais obrigadas a registro nos Conselhos Regionais de Química, estão sujeitas ao pagamento de anuidades nos termos dos arts. 26, 27 e 28 da Lei nº 2.800, de 18/06/56. RELAÇÃO DE DOCUMENTOS PARA RE- GISTRO - Requerimento padrão; - Cópia do Contrato Social e Última Alteração; - Cópia do CNPJ, Inscrição Estadual; - Contrato de Prestação de Serviços com Químico Responsável ou CTPS; - Termo de Responsabilidade Técnica; - Pagamento das taxas correspondentes; Quando do registro, o Conselho Regional de Química expedirá o Certificado de Registro e o respectivo Certificado de AFT (Anotação de Função Técnica). Conforme as necessidades das empresas, são também expedidas as seguintes Certidões: - Certidão de Acervo Técnico; - Averbação de Atestados; - Certidão Negativa; - Certidão de Capacitação Técnica; - Anotação de Responsabilidade Técnica-ART- Serviços/Projetos - Declaração de Regularidade. A obrigatoriedade do registro das empresas no CRQ encontra-se fundamentada na seguinte Legislação: - Lei nº.2.800 de 18 de junho de 1956; - Lei nº.6.839 de 10 de outubro de 1980; - Decreto nº.85.877 de 07 de abril de 1981; - Decreto-Lei nº.5.452 de 01 de maio de 1943; - RN nº. 105 de 17 de setembro de 1987; - RN nº. 122 de 09 de novembro de 1990. Atuação do CRQ/MG Ao longo da última década, o CRQ-MG vem adotando uma política atuante de aproximação com as escolas de formação de profissionais da Química, nas várias modalidades, de uma fiscalização da atividade e do exercício profissional junto às empresas e de uma intensificação na interiorização (disseminação) por meio de criação de Delegacias Regionais. Os frutos dessa atuação têm resultado numa significativa evolução do número de profissionais e empresas registrados e cadastrados no Conselho como mostram os dados da TAB.1. A conscientização do profissional da Química, em suas diversas modalidades, quanto à necessidade de se registrar no CRQ-MG para exercer com legitimidade a sua profissão é crescente. A TAB.2 apresenta a distribuição por profissão e o número 8 de profissionais atualmente registrados no CRQ-MG. Se por um lado os dados apresentados demonstram avanços nos números de Registros de Profissionais da Química e cadastro de Empresas da área da Química e correlatos no CRQ-MG, por outro há de se considerar que, muito ainda deve ser feito pelo CRQ-MG no campo da conscientização sobre o exercício com legitimidade da profissão e sobre a fabricação de produtos e prestação de serviços à sociedade pelas Empresas em cumprimento à legislação, que lhe confere o dever de fiscalização em Minas Gerais. É nesse contexto pois, que o CRQ-MG vem trabalhando para garantir o cumprimento dos seus deveres zelando pelos direitos da população mineira no que se refere à responsabilidade socioambiental no exercício da profissão e que representa, no contexto atual, o exercício da Química Verde com a fabricação de produtos químicos menos tóxicos e, conseqüentemente, a geração de menores impactos ambientais (vide matéria específica na nesta Edição.). Reconhecimento Profissional O desempenho do Profissional da Química bem como o de Empresas da área, vem ocupando cada dia mais, posição de destaque não apenas no cenário nacional mas também internacional. O CRQ-MG, sensível à grande de contribuição que a Química, através de seus profissionais e empresas, vem fazendo, sobretudo, para o Estado de Minas Gerais e numa extensão de seu papel de órgão fiscalizador decide reconhecer publicamente esse mérito. Assim, desde 1992, sob a presidência do Bacharel •FUNDACAO ROBERTO MARINHO Criação das Delegacias Regionais do CRQ/MG em Química Isnaldo Epaminondas Santos, foi instituído o reconhecimento e homenagens a Empresas e Profissionais da Química que de forma especial se destacaram, por meio de premiação que foi dividida em categorias tendo cada uma delas um patrono. As categorias instituídas e os primeiros homenageados (1992) foram: HOMENAGENS VA PEREIRA MÉRITO CIENTÍFICO Patrono: Professor Fritz Feigl • DORILA PILÓ VELOSO • FUNDEP/UFMG MÉRITO PROFISSIONAL Patrono: Professor Cássio Mendonça Pinto • CLÁUDIO VIEIRA DUTRA • PAULO ABUCATER VASCONCELOS • HOMENAGEM PÓSTUMA AO PROF. RUBENS MESQUITA MÉRITO EMPRESARIAL FERREIRA Patrono: Presidente Juscelino Ku• HOMENAGEM AO PRO- bitschek de Oliveira FESSOR JOSÉ ISRAEL VARGAS • VICTOR H. ARNDT • COPASA MÉRITO ACADÊMICO Patrono: Professor Lourenço Me- MÉRITO COMUNITÁRIO nicucci Sobrinho Patrono: Professor Archimedes • MARILIA OTTONI DA SIL- Pereira Guimarães Desde a criação do CRQ-MG em 1957 até os anos 80, todos os serviços por ele prestados, tanto às empresas quanto aos profissionais da Química, eram concentrados na sua sede em Belo Horizonte. De uma simples informação sobre os procedimentos para o registro ou cadastro, a uma denúncia de empresas funcionando sem registro e/ou sem profissional de Química habilitado era preciso se remeter à capital mineira. Tal dificuldade, se não incentivava o descumprimento da lei era, mormente, motivação para se adiar a regulamentação junto ao Conselho. Foi com base nesse cenário e com o objetivo de interiorizar as atividades do CRQ-MG e de promover um maior apoio aos Profissionais da Química, às Escolas formadoras e às Empresas de natureza ou afins à área da Química que o atual Presidente do Conselho Regional de Química da 2ª Região – CRQ-MG, Wagner José Pedersoli, criou, a partir de junho/1986, 12 Delegacias Regionais, distribuídas em diversos centros de importância econômica do Estado (FIG. 2) Alguns dados básicos sobre as Delegacias são apresentados no QUADRO 1. As Delegacias, por meio de seus Delegados Responsáveis, vêm desenvolvendo um trabalho importante, proporcionando às comunidades das diversas regiões, maior conforto e facilidade de relacionamento com o CRQ-MG. Vale destacar que o CRQ-MG é criterioso no que se refere à criação de suas Delegacias. A implantação de uma Delegacia Regional em determi9 nada localidade do Estado passa, como não poderia deixar de ser, por um processo rigoroso de avaliação onde são priorizados, dentre outros, aspectos como: Municípios que serão abrangidos pela Delegacia; Escolas/Instituições de nível Médio e Superior de Química e áreas afins existentes na cidade e entornos; Cursos oferecidos; Atividades Econômicas voltadas para a área da Química desenvolvidas na região. A título de ilustração o QUADRO 2 contempla, de forma sucinta, esses aspectos para algumas das atuais Delegacias Regionais do CRQFIGURA 2: Distribuição e Localização das 12 Delegacias Regionais do CRQ-MG. 10 MG. NOTÍCIA Senado Aprova Piso Salarial Para Técnicos O Senado Federal aprovou o Projeto de Lei (PL) nº 227/2005 que instituiu um piso salarial para os profissionais de nível médio registrados nos Conselhos Regionais de Química (CRQs) e nos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREAs). De acordo com o PL, o piso salarial será o equivalente a 66% (sessenta e seis por cento) do valor fixado para os profissionais relacionados na alínea b do art. 4º da Lei nº 4950-A, de22/04/21966. Envie e-mail ou ligue solicitando informações sobre o andamento para aprovação do PL na Câmara. Dados para contato: fone: 0800 619619 Aspectos relevantes da Lei 2.800, de 18/06/56, e do Decreto 85.877, de 07/04/1981. Alcy Álvares Nogueira* A Lei 2800, de 18/06/1956, que cria os Conselhos Federal e Regionais de Química e dispõe sobre a profissão de Químico, foi sancionada pelo então Presidente da República, Juscelino Kubitschek, nessa mesma data, sendo considerados profissionais da Química, os bacharéis em Química e os técnicos químicos, os engenheiros químicos e outros relacionados nos artigos 20 e parágrafos da lei em referência, e ar* Procurador Jurídico do CRQ-MG tigos 22 e 23, devidamente inscritos nos respectivos Conselhos Regionais de Química. Como ocorre na regulamentação e no exercício de diversas profissões, existem áreas de interfaces, comuns aos Conselhos de Química, de Medicina Veterinária, de Farmácia e de Engenharia, e que podem criar polêmicas e acarretar litígios judiciais. Nesse tipo de disputa judicial, os Conselhos Federal e Regionais de Química, habitualmente são vitoriosos, quando restar demonstrada e comprovada, a ocorrência de REAÇÕES QUÍMICAS CONTROLADAS E OPERAÇÕES UNITÁ RIAS. O Decreto n.º 85.877, de 07/04/1981, nos artigos 1º, 2º, 3º, 4º, 6º e 7º, trata, respectivamente, das modalidades do exercício da profissão de químico, das atividades privativas do químico, do engenheiro químico, das atividades não privativas do químico e das dúvidas provenientes do exercício de atividades afins com outras profissões regulamentadas. Serão transcritos os prin13 cipais artigos do referido Decreto: Art. 2º - São privativos do químico: I - análises químicas ou físico-químicas, quando referentes à indústria química; II - produção, fabricação e comercialização, sob controle e responsabilidade de produtos químicos, produtos industriais obtidos por meio de reações químicas controladas ou de operações unitárias, produtos obtidos através de agentes físico-químicos ou biológicos, produtos industriais derivados de matéria-prima de origem animal, vegetal, ou mineral, e tratamento de resíduos resultantes da utilização destas matérias-primas sempre que vinculadas à indústria química; III - tratamento, em que se empreguem reações químicas controladas e operações unitárias, de águas para fins potáveis, industriais ou para piscinas públicas e coletivas, esgoto sanitário e de rejeitos urbanos e industriais; IV - o exercício das atividades abaixo discriminadas, quando exercidas em firmas ou entidades públicas e privadas, respeitado o disposto no art. 6º: a) análises químicas e físico-químicas; b) padronização e controle de qualidade, tratamento prévio de matéria-prima, fabricação e tratamento de produtos industriais; c) tratamento químico, para fins de conservação, melhoria ou acabamento de produtos naturais ou industriais; d) mistura, ou adição recíproca, acondicionamento, embalagem e reembalagem de produtos químicos e seus derivados, cuja manipulação requeira conhecimentos de Química; e) comercialização e estocagem de produtos tóxicos, corrosivos, in14 flamáveis ou explosivos, ressalvados os casos de venda a varejo; f) assessoramento técnico na industrialização, comercialização e emprego de matérias-primas e de produtos de indústria química; g) pesquisa, estudo, planejamento, perícia, consultoria e apresentação de pareceres técnicos na área de Química. V - exercício, nas indústrias, das atividades mencionadas no art. 335 da Consolidação das Leis do Trabalho; VI - desempenho de outros serviços e funções, não especificados Como ocorre na regulamentação e no exercício de diversas profissões, existem áreas de interfaces, comuns aos Conselhos de Química, de Medicina Veterinária, de Farmácia e de Engenharia, e que podem criar polêmicas e acarretar litígios judiciais. no presente Decreto, que se situem no domínio de sua capacitação técnico-científica; VII - magistério superior das matérias privativas constantes do currículo próprio dos cursos de formação de profissionais de Química, obedecida a legislação do ensino. Art. 3º - As atividades de estudo, planejamento, projeto e especificações de equipamentos e instalações industriais, na área de Química, são privativas dos profissionais com currículo da Engenharia Química. Art. 4º - Compete ainda aos profissionais de Química, embora não privativo ou exclusivo, o exercício das atividades mencionadas no art. 1º, quando referentes a: a) laboratórios de análises que realizem exames de caráter químico, fisico-químico, químico-biológico, fitoquímico, bromatológico, químicotoxicológico, sanitário e químico legal; b) órgãos ou laboratórios de análises clínicas ou de saúde pública ou a seus departamentos especializados, no âmbito de suas atribuições; c) estabelecimentos industriais em que se fabriquem insumos com destinação farmacêutica para uso humano e veterinário, insumos para produtos dietéticos e para cosméticos, com ou sem ação terapêutica; d) firmas e entidades públicas ou privadas que atuem nas áreas de Química e de tecnologia agrícola ou agropecuária, de Mineração e de Metalurgia; e) controle de qualidade de águas potáveis, de águas de piscina, praias e balneários; f) exame e controle da poluição em geral e da segurança ambiental, quando causadas por agentes químicos e biológicos; g) estabelecimentos industriais em que se fabriquem produtos cosméticos sem ação terapêutica, produtos de uso veterinário sem indicação terapêutica, produtos saneantes, inseticidas, raticidas, antisséticos e desinfetantes; h) estabelecimentos industriais que fabriquem produtos dietéticos e alimentares; i) segurança do trabalho em estabelecimentos públicos ou particulares, ressalvada a legislação específica; j) laboratórios de análises químicas de estabelecimentos metalúrgicos. Assim é que o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA/MG ingressou na Justiça Federal de Belo Horizonte, com ação ordinária contra o Conselho Regional de Química de Minas Gerais – CRQ/MG, para que os en- genheiros-químicos e os engenheiros de alimentos fossem compelidos a se inscreverem no mesmo CREA/MG e não no CRQ/MG, tendo o M.M. Juiz Federal indeferido o pedido do CREA/MG, em grau de tutela antecipada, que foi denegada e proferiu sentença final, julgando cabalmente improcedente a ação proposta pelo CREA/MG, condenando-o a pagar honorários advocatícios de sucumbências e custas. À guisa de ilustração de dezenas e dezenas de decisões judiciais favoráveis ao CRQ, em detrimento do CREA, transcrevemos, parcialmente, a seguinte decisão do Egrégio Tribunal Regional Federal da 4ª Região, datada do mês de junho de 2006: “A atividade básica desenvolvida pela parte apelante/embargante não é peculiar à engenharia, arquitetura ou agronomia, razão pela qual não há necessidade de registro perante o CREA.....Omissis.....O apelante comprovou a inscrição perante o Conselho Regional de Química, razão pela qual procede a irresignação do embargante”. E mais ainda: “Pelo contrário, a referida Resolução (Resolução Normativa 198/ 2004 do CFQ) deixou absolutamente explícita a exigência do registro em Conselho Regionais de Química para aqueles profissionais que exerçam atividades ou funções na área da Química ou correlatas”. (Decisão da Relatora Desembargadora Federal Maria do Carmo Cardoso - Agravo Instrumento 2006.01. 00.009918/DF) Na área de interface dos laticínios com os Conselhos Profissionais, tem ocorrido inúmeros litígios entre os Conselhos Regionais de Química e os Conselhos Regionais de Medicina Veterinária. Por impositivo, deve ser realçado, aqui, que a atividade básica dos laticínios, para fins do disposto na Lei 6.839/80, que define a obrigatoriedade de registro das indústrias nos Conselhos de fiscalização do exercício profissional, é eminentemente química. Ocorre a transformação do leite (matéria-prima) em diversos outros produtos e subprodutos. Essa atividade tem que contar com a presença de um profissional da Química. Também, deve ser realçado que muitas empresas que fabricam e industrializam leite e seus derivados já se encontram registradas no Conselho Regional de Química da 2ª Região (Minas Gerais), com as anuidades em dia, sendo que muitas que se recusaram ao registro, foram executadas pelo CRQ/MG e obrigadas a se registrarem por força das respectivas decisões judiciais emanadas do Egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região, já transitadas em julgado. O Conselho Regional de Medicina Veterinária, por seu turno, tem lavrado Auto de Infração contra as empresas que não se registraram no citado Conselho e que industrializam e comercializam os derivados do leite, acenando com um acórdão de uma Turma do Egrégio Superior Tribunal de Justiça que decidiu que tais empresas devem se registrar junto ao respectivo CRMV. Pois, lado outro, uma outra Turma do mesmo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, em acórdão transitado em julgado (Recurso Especial 38.894, relator Ministro CESAR ASFOR ROCHA) decidiu que “AS EMPRESAS QUE SE DEDICAM AO COMÉRCIO E INDÚSTRIA DE CARNES E LATICÍNIOS NÃO ESTÃO OBRIGADAS A REGISTRO NO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA VETE- RINÁRIA”. Outra área de interface, desta feita, entre os Conselhos de Química e os de Farmácia, refere-se aos BIOQUÍMICOS, quando surge a indagação se um bioquímico pode exercer as atribuições de um químico, por exemplo, assumir uma Responsabilidade Técnica em uma empresa que exerça atividades químicas. A resposta à indagação acima é positiva, desde que o bioquímico seja registrado no CONSELHO REGIONAL DE QUÍMICA (E NÃO NO CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA), na conformidade da Resolução Normativa n.º 198 do Conselho Federal de Química. Curial que a Bioquímica não é privativa da Farmácia. O Bioquímico pode, querendo, se inscrever no Conselho Regional de Química. O dispositivo legal afim e aplicável está inserido no art. 2º da Resolução Normativa 198 do Conselho Federal de Química que dispõe que a BIOQUÍMICA É CONSIDERADA MODALIDADE DO CAMPO PROFISSIONAL DA ENGENHARIA QUÍ- MICA, DEVENDO OS RESPECTIVOS PROFISSIONAIS REGISTRAREM-SE EM CRQ´s. Para o melhor enfrentamento judicial dessas áreas de interface, acima referenciadas, urge atualizar a Lei 2.800/56 que está em vigor há mais de cinqüenta anos e, por isso mesmo, já está defasada em muitos pontos que merecem ser atualizadas, como, aliás, vem ocorrendo com outros sistemas, como o CONFEA/ CREAs, o CFO/CROs, o CFMV/ CRMVs e outros mais, que já atualizaram suas legislação específicas, colocando-se, assim, à altura dos desafios atuais de cada respectiva classe para a obtenção de conquistas e objetivos atuais. 15 O ENSINO DE GRADUAÇÃO EM QUÍMICA Eucler Bento Paniago* Histórico Tem havido nos últimos anos uma crescente preocupação em pesquisar as origens do ensino de Química no Brasil. A Professora Nadja P. dos Santos, do Instituto de Química da UFRJ, publicou em 2004 o trabalho “Pedro II, sábio e mecenas, e sua relação com a química”, exaltando o interesse do imperador pelas ciências1. Publicou também “Laboratório químico-prático do Rio de Janeiro – primeira tentativa de difusão da Química no Brasil (1812- 1819)”2. O Professor Carlos A. L. Filgueiras, atualmente na UFRJ, no seu trabalho “A Química na Educação da Princesa Isabel” registrou inclusive equações químicas que a estudante anotou em seus cadernos3. Conforme relata ainda este profes- sor, o ensino regular de Química no Brasil começou ao tempo de D. João VI, porém apenas como disciplina subordinada ao ensino de outras especialidades, como engenharia, medicina ou farmácia4. No trabalho “Façamos Químicos – a "certidão de nascimento" dos cursos de química de nível superior no Brasil”, os autores5 historiaram a criação das primeiras escolas para a formação de profissionais da Química em nível superior, no início do século 20. O país começava então a se modernizar com uma industrialização crescente, um grande afluxo de imigrantes europeus e asiáticos e as Professor Doutor aposentado dos Departamentos de Química da UFMG e UFOP 16 conseqüências da Primeira Guerra Mundial (1914-1919). Sob o impacto desta guerra, firmaram-se as fábricas existentes, enquanto outras surgiram para atender à demanda de artigos cuja importação fora interrompida. Com o desenvolvimento industrial intensificado, surgiu o reconhecimento da importância da indústria química e da necessidade de formação de mão-de-obra especializada na área. No Rio de Janeiro, em 1918, José de Freitas Machado (18811955), professor de química inorgânica e analítica da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, publicou o artigo "Façamos Químicos" exortando os poderes públicos a criarem uma escola superior para o ensino de Química no País. Formado em Farmácia na Bahia em 1903, iniciou sua carreira como químico no antigo Laboratório Municipal de Análises do Rio de Janeiro. Em 1913, tornou-se catedrático de química inorgânica e analítica da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária, antes mesmo da criação do curso de Química Industrial e Agrícola (1920). Sua presença no cenário da Química estendeu-se até 1946, quando se aposentou pela Escola Nacional de Química, da qual foi o primeiro diretor (1934-1935). Em São Paulo, tem-se notícia da criação, em 02 de setembro de 1915, de uma Escola Superior de Química – Escola Oswaldo Cruz, mas não existem registros sobre seu funcionamento. Ainda em São Paulo, foi criado em 1911 um curso de química industrial de nível técnico no Mackenzie College, que passou em 1915 a ser oferecido em nível superior, subordinado à Escola de Engenharia, e deu origem em 1922, ao Curso de Engenharia Química da Escola de Engenharia Mackenzie. A Escola Politécnica de São Paulo criou, em 1918, um curso de química, com quatro anos de duração. Em 1920, nesta mesma instituição, foi criado um curso de Química Industrial de curta duração. Em 1926, surgiu um novo curso com cinco anos de duração, formado pela fusão dos cursos de química e de química industrial e denominado Engenharia Química. Em 1919, o Congresso Nacional criou oito cursos de Química Industrial, em instituições que já contavam com laboratórios e docentes da área, nas cidades de Belém, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Ouro Preto, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Situação Atual Conforme o trabalho “A graduação em química: um novo químico para uma nova era”6 do Professor César Zucco, do Departamento de Química da Universidade Federal de Santa Catarina, uma visão geral dos cursos de graduação em Química no país (bacharelados e licenciaturas) revela que sua distribuição geográfica é heterogênea: a região sudeste concentra 41% dos cursos, ao passo que as regiões norte e centro-oeste representam, em conjunto, apenas 10% do sistema. Em 2003, conforme mostra a TAB.1, esses cursos ofertaram quase 6 mil vagas, matricularam cerca de 15 mil alunos e titularam pouco mais de 2 mil profissionais. O número de ingressantes, de 1996 a 2003, tem sido menor que o número de vagas, ou seja várias instituições, sobretudo as particulares, não conseguem preenchê-las. Em 2003, 62% dos cursos mica tiveram o melhor desempenho dentre todas as modalidades de cursos de Química; que as licenciaturas tiveram desempenho intermediário e que os cursos de Ciências mostraram deficiências em todos os indicadores. Evidenciou-se, portanto, que os cursos dirigidos para a formação de professores não apresentam condições condizentes sendo, por via de conseqüência, co-responsáveis pela má qualidade do ensino médio. Outra conclusão é que os cursos das IES federais e de algumas estaduais são os melhores. Isso se deve, certamente, à qualificação do corpo docente desses cursos e do envolvimento dos seus professores com atividades de pesquisa. Apesar de tudo, existe um reconhecimento internacional, especialmente nos demais países da América Latina, de pertenciam a IES públicas (39% em federais, 21% em estaduais e 2% em municipais) e 37% a IES privadas, sendo que 72% das matrículas eram nas IES públicas e 28% nas privadas, enquanto em 1996, estes valores eram 74 e 26%, respectivamente. Ainda conforme o trabalho do Professor Zucco7, a avaliação das condições de ensino dos cursos de Química, realizada em 2002, mostrou que os de bacharelado em Quí- que várias instituições no Brasil estão formando bons químicos. Outros pontos positivos na formação do químico é que atualmente muitos dos docentes possuem doutorado (embora sem treinamento didático); que as escolas oferecem adequadas facilidades laboratoriais e oportunidades para a iniciação científica; que há razoável disponibilidade de periódicos e farto material em português via Internet. No entanto, 17 mesmo os centros considerados de excelência, sob alguns aspectos, formam químicos despreparados. As principais deficiências apontadas na formação dos químicos brasileiros são: a) fraca formação em áreas afins à Química, por exemplo, Biologia, Biotecnologia bem como outras modalidades de conhecimento atuais e novos para os químicos; b) a maioria dos químicos é formada com orientação tipicamente voltada para uma pós-graduação como um fim em si mesma, quando esta deveria ser encarada como um meio de formação continuada, para aumentar a capacidade criativa e empreendedora do candidato (70% dos graduandos em Química querem fazer cursos avançados); c) desconhecimento da importância e da participação estratégica da Química na vida contemporânea, ou seja, desconhecimento do universo ligado à prática da Química: empresas, produtos, processos, patentes e aplicações; desconhecemse, também, as possibilidades de emprego em atividades químicas executadas em outros setores empresariais que não o químico; d) os estudantes gastam muito tempo com conteúdos de interesse restrito, ao invés de se ocuparem/aprenderem sobre as substâncias que são insumos do dia-a-dia das indústrias e que estão presentes no cotidiano das pessoas (corantes, tensoativos, polímeros, compostos da indústria de base, especialidades da Química Fina); e) há desconhecimento do sistema econômico em que a Química é desenvolvida: empresas, produtos, processos e setores de aplicação e, pior, pouco se aprende, na graduação, sobre o exercício e a regulamentação da profissão do Químico f) na maioria dos projetos didáticopedagógicos dos cursos de Química, a carga horária experimental é de 18 apenas 30%. E ainda “Os questionários respondidos pelos alunos que se submeteram aos exames nacionais de curso, ENC ou Provão, de Química, ocorridos de 2000 a 2002, apontaram alguns aspectos importantes para os educadores e IES com cursos na área. Por exemplo, os alunos I) quase não lêem jornais, tomam conhecimento dos acontecimentos pela TV; II) sabem pouco inglês e espanhol; III) acessam a Internet via suas instituições; IV) consideram as aulas práticas insuficientes; V) consideram os equipamentos bem conservados, mas desatualizados; VI) utilizam bastante a biblioteca e consideram o acervo atualizado e suficiente; VII) estudam até 5 horas por semana fora do horário de aula; VIII) consideram que os professores demonstram empenho e domínio de conteúdo; IX) realizam pesquisa como estratégia de aprendizagem; X) consideram que o raciocínio lógico é a principal habilidade desenvolvida durante seus cursos; XI) disseram que as práticas laboratoriais contribuem para a compreensão das teorias e que 30% deles conhecem o princípio das principais técnicas de laboratório. Também demonstraram que 80% querem trabalhar na área de Química, 70% querem fazer cursos avançados e 40% querem trabalhar no ensino”6 Diretrizes Curriculares Em 1999, a revista Química Nova publicou as “Diretrizes curriculares para os cursos de química”, elaboradas pela Comissão de Especialistas de Ensino de Química, designada pelo Secretário de Ensino Superior do Ministério da Educação e do Desporto através da Portaria 146 de 10 de março de 19987. Estas Diretrizes estabelecem que os currículos dos cursos superiores precisam ser revistos, considerando o fim da exigência de currículo mínimo e a necessidade de uma flexibilização curricular que, sem prejuízo de uma formação didática, científica e tecnológica sólidas, avance também na direção de uma formação humanística que dê condições ao egresso de exercer a profissão em defesa da vida, do ambiente e do bem estar dos cidadãos. Em 2003, esta mesma revista divulgou o documento "Eixos Mobilizadores em Química"8, resultado de uma série de discussões promovidas pela Sociedade Brasileira de Química – SBQ, envolvendo membros das comunidades acadêmica e empresarial. Dentre os seis eixos identificados, a formação de recursos humanos foi considerado o de maior transversalidade porque repercute e/ou é afetado por todos os demais. Em continuidade ao trabalho que definiu os eixos, novas discussões especificamente sobre a formação de profissionais qualificados resultaram em um novo documento "A Formação do Químico"9, e identificados os seguintes desafios urgentes: a) implantar Diretrizes Curriculares para os cursos de Química7; b) melhorar a qualificação dos professores universitários e do ensino médio; c) redefinir a formação profissional buscando a formação de um graduado familiarizado com novas tecnologias e com espírito empreendedor; d) formar pós-graduados com possibilidade de inserção no setor industrial; e) buscar a transformação da indústria química brasileira de indústria de base para indústria de especialidades; f) buscar a alteração das atribuições profissionais, de modo a elimi- nar a verticalização de atribuições, e o reconhecimento da pós-graduação como qualificação profissional e, g) responder à pergunta: qual deve ser o perfil do profissional de Química que estaremos formando em 5, 10 e 20 anos? Esse é o perfil do profissional de que a sociedade necessita? No trabalho “Qual é o perfil do profissional de química que está sendo formado? Esse é o perfil de que a sociedade necessita?”11, visando responder as questões do item (g), os autores inicialmente definiram Química como o ramo da ciência dedicado à observação, transformação e construção, de espécies químicas presentes nos seres vivos, no ambiente ou nos materiais, bem como a transformação e construção de novas moléculas. Assim, os principais objetivos da Química são: a) conhecer e prever a estrutura e as propriedades das substâncias que existem na natureza; b) transformar substâncias naturais e sintéticas e c) construir moléculas não existentes na natureza. Para atingir estes objetivos, a Química envolve conhecer: I) como a estrutura das substâncias está relacionada com as suas propriedades; II) como as reações químicas ocorrem? Quando ocorrem, os átomos se "movem"? Quando, como e para onde?; III) como a energia é utilizada para promover as transformações químicas? e, IV) como as reações químicas são catalisadas? Observaram ainda que a Química está se transformando rapidamente em uma ciência integradora, com foco em sistemas moleculares organizados. Devido ao seu impacto em outros ramos da ciência, a Química pode ser considerada como a "ciência central". Está presente em tantos produtos e processos que está se tornando uma "ciência invisível". Por isso, o universo de trabalho do Químico é amplo e incerto. Nas suas conclusões, o Professor Zucco registrou6 “com acertos e erros conceituais e metodológicos amplamente conhecidos e discutidos, os resultados das provas dos estudantes no Exame Nacional de Cursos não permitiram um mapeamento seguro da qualidade curricular e didático-pedagógica dos cursos de graduação em Química no Brasil. Não se pode, entretanto, deixar de perceber a importância e a gravidade de algumas informações – acima elencadas – obtidas através do questionário que os alunos responderam como parte desse Exame. Mesmo sem levar em conta o conteúdo técnico-científico dessas provas, cabe aqui destacar algumas características fortemente desabonadoras, manifestadas pelas respostas da maioria dos discentes de Química que se submeteu aos três ENCs: I) dedicava apenas 5 horas semanais para estudo extra-classe; II) sabia muito pouco inglês e espanhol; III) lia, em média, um livro por ano; IV) quase não lia jornais. Ainda assim, 40% desses discentes disseram que pretendiam trabalhar no ensino; 70% pretendiam fazer cursos de pós-graduação e mais de 80% queriam trabalhar na área de Química. Portanto, mudanças devem ser introduzidas nos projetos didático-pedagógicos dos cursos para que estes ofereçam uma formação sólida em Química, mas abrangente e generalista o suficiente para que o Químico possa se desenvolver em mais de uma direção. E, no alicerce dessas transformações, cabe às instituições e a seus docentes e administradores responder a questões como: Qual o perfil do profissional de Química que estaremos formando em 5, 10 e 20 anos? É esse o perfil de que a sociedade ne- cessita?” Finalmente, o trabalho “Química no Brasil: perspectivas e necessidades para a próxima década – Documento básico” historia os esforços feitos pela SBQ nos últimos dez anos, através de discussões e debates sobre as estratégias para desenvolver a química no país12. REFERÊNCIAS 1 SANTOS, N.P.; Revista da SBHC, Rio de Janeiro, v. 2, p.54-64, jan/ jun.2004 2 SANTOS, N.P.; Quím. Nova, vol.27(2), 342-348, 2004 3 FILGUEIRAS, C.A.L.; Quím. Nova, vol.27(2), 349-355, 2004 4 FILGUEIRAS, C.A.L.; Quím. Nova, vol.22(1), 147-152, 1999 5 SANTOS, N. P.; Pinto, A. C.; Alencastro, R. B.; Quím. Nova, vol.29(3), 621-626, 200 6 ZUCCO, C.; Quim. Nova, vol.28, Suplemento, S11-S13, 2005 7 ZUCCO, C.; Pessine, F. B. T.; de Andrade, J. B.; Quím. Nova, vol.22(3) 454-461, 1999 8 DE ANDRADE, J.B.; Cadore, S.; Vieira, P.C.; Zucco, C.; Pinto, A.C. Quím. Nova, vol.26, 445-, 2003 9 DE ANDRADE, J. B.; Cadore, S.; Vieira, P. C.; Zucco, C.; Pinto, A. C.; Quím. Nova, vol.27(2), 358-362, 2004 10 ZUCCO, C.; Pessini, F. B. T.; de Andrade J.B.; Quim. Nova, vol.22(3), 454-461, 1999 11 REBOUÇAS, M. V.; Pinto, A.C.; de Andrade, J. B.; Quim. Nova, vol.28, Suplemento, S14-S18, 2005 12 DE ANDRADE, J. B.; Pinto, A.C.; Cadore, S.; Vieira, P.C.; Zucco, C.; Pardini, V. L.; Curi, L. R. C.; Quim. Nova, vol.28, Suplemento, S7S10, 2005 19 Casa do Profissional da Química Professor Milton Vieira Campos: O espaço que faltava Responsáveis pela elaboração da matéria: Conselheiras Ana Luiza Dolabela de Amorim Mazzini, Maria José Marques. Há muito que o Conselho Regional de Química percebendo a carência de um espaço mais humanizado para acolher os químicos, vem idealizando a criação da Casa do Profissional da Química, que tem como objetivo proporcionar maior aproximação entre os profissionais e empresas da área da Química e deles 20 com o CRQ/MG, com a Associação Brasileira de Química – ABQ, a Associação Brasileira de Engenharia Química – ABEQ, a Sociedade Brasileira de Química – SBQ e o Sindicato dos Profissionais da Química – SINPROQUI. Dessa forma, a Casa do Profissional da Química que, em homena- gem ao primeiro presidente do CRQ/MG recebeu o nome Prof. Milton Vieira Campos, vai oferecer o espaço que faltava para convivência e democratização das informações relativas ao exercício legal da profissão, realização de reuniões, treinamentos, cursos, eventos de congraçamento, dentre outros. DADOS HISTÓRICOS DO IMÓVEL O projeto da casa adquirida para ser a sede da Casa do Profissional da Química foi aprovado pela Prefeitura de Belo Horizonte em 16/05/ 1947 e, posteriormente, em 1954 foi aprovado um projeto de acréscimo de uma garagem. O imóvel está situado na Rua Pouso Alegre, 273 – Bairro Floresta, em Belo Horizonte. Ao longo dos anos foram construídos alguns anexos e um pavimento sobre a garagem. O projeto original, bem como os projetos de acréscimo da residência, não possuem identificação de autoria. Em 12/11/1993 o imóvel, foi vendido para o Conselho Regional de Química da 2ª Região – CRQ/MG representado pelo presidente, Sr. Isnaldo Epaminondas Santos, e pelo tesoureiro, Sr. Nelson Alves Góes. Em 08/10/1996 o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte aprovou o tombamento da volumetria e da fachada frontal da casa, inserida no Conjunto Urbano do Bairro Floresta. Em 05/11/1996 foi protocolado pelo Conselho Regional de Química junto à Secretaria Municipal de Cultura o pedido de impugnação do tombamento. Em 16/12/1996 em reunião do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural foram cancelados os tombamentos provisórios e definitivos de vários imóveis inseridos no Conjunto Urbano do Bairro Floresta, inclusive o do imóvel adquirido pelo CRQ/MG, passando os mesmos a serem considerados como de interesse cultural, com proteção através de Registro Documental. A casa não é habitada desde meados de 1990 e abrigou o Arquivo Morto do Conselho Regional de Química da 2ª Região – CRQ/MG, desde essa época até o início das AnfiteatroProfessor Lourenço Menicucci Sobrinho; obras para a reforma em 2006. O Bairro Floresta é um dos mais antigos de Belo Horizonte e começou a se formar antes mesmo da inauguração da capital. Nas primeiras décadas do século XX cresceu como um alongamento da Estação, tendo desenvolvido o bastante para ser considerado, nos anos 50, autosuficiente. Lá moraram, nos “velhos tempos”, o poeta Carlos Drummond de Andrade, na Rua Silva Jardim, e o memorialista Pedro Nava, na Rua Pouso Alegre. A paisagem urbana do bairro, predominantemente caracterizada por edificações do uso residencial e construções de volumetria mais baixa, hoje encontra-se bastante desfigurada pela diversificação dos usos e pela verticalização dos novos edifícios, permitida pela Lei de Uso e Ocupação do Solo, até então, em vigor. Anteriormente moradia familiar de grande charme, a Casa do Profissional da Química passou por uma ampla reforma com a preocupação da conservação de seus principais marcos históricos, notadamente a sua fachada, piso interno de machetaria em madeira, portas e janelas com esquadrias e vidros da época, além dos alpendres e das românticas escadas internas. ATUAIS INSTALAÇÕES DA CASA Preparada carinhosa e cuidadosamente para ser a Casa do Profissional da Química, a antiga residência foi adaptada para abrigar uma recepção comum que atenderá ao CRQ/MG, ao SINPROQUI, à ABQ, à SBQ e à ABEQ. Além da estrutura para atender bem o profissional da Química, a Casa tem um Anfiteatro para 60 (sessenta lugares), que foi denominado Professor Lourenço Menicucci Sobrinho; um Espaço Multimídia, destinado a eventos com capacidade para, aproximadamente, 300 (trezentas) pessoas que foi denominado Professor Linus Pauling; uma Sala de Reuniões; Espaço Gourmet e Estacionamento para 50 (cinqüenta) carros, além de duas salas que servirão de apoio para a ABQ, SBQ, ABEQ e o SINPROQUI. Dessa forma, é com grande satisfação que o CRQ/MG entrega a CASA DO PROFISSIONAL DA QUÍMICA, Professor Milton Vieira Campos, aos seus filiados tendo a certeza de que esse espaço cumprirá a missão de aproximar, integrar e propiciar troca de informações e conhecimentos entre os profissionais e as empresas da área da química, bem como as entidades que os representam. 21 Vulnerabilidade às M Deborah Munhoz* O presente artigo busca provocar a reflexão sobre nossa vulnerabilidade às mudanças climáticas e sobre o papel dos profissionais da Química no processo de adaptação da humanidade ao novo cenário climático. Com a assinatura do Protocolo de Quioto e, mais recentemente, a divulgação dos relatórios do Painel Intergovernamental em Mudança do Clima - IPCC, a temática das mudanças climáticas e os mecanismos de desenvolvimento limpo passaram a ter mais espaço na mídia. Assim como qualquer problema ambiental, essa temática possui várias perspectivas. Num olhar fragmentado sobre o tema, corremos o risco de fixarmos demasiadamente os olhos na questão da venda e compra dos créditos de carbono. Podemos esquecer de con- gundo o IPCC, aquele(a)s que possuem menos recursos serão o(a)s que mais dificilmente se adaptarão e, portanto, são o(a)s mais vulneráveis. Sabe-se que uma das conseqüências das mudanças no clima é o aumento da incidência de doenças tais como dengue, malária, hepatite A, cólera, diarréia, leptospirose. A desnutrição também aumentará, como conseqüência da redução da oferta de alimentos. Espera-se também mudança nos padrões de alergia e doenças respirató- rias. Haverá cada vez mais refugiados provenientes das áreas afetadas. Quais estados no Brasil e quais países no mundo irão receber o(a)s refugiado(a)s do clima? Como nos adaptaremos como cidadãos às perdas e/ou às dificuldades de acesso à biodiversidade, à redução da dispo- Como lembra Jared Diamond, em seu livro “Colapso” (2006) , na raiz de todo problema ambiental existe uma questão política. A carência de lideranças com cultura ambiental nos espaços públicos e privados ainda não é uma realidade significativa, o que nos deixa profundamente vulneráveis. As organizações públicas e privadas são constituídas por pessoas que nelas trabalham. Situações que caracterizam vulnerabilidades para as populações de uma região também podem ser consideradas como impactantes para suas organizações. De acordo com o Worldwacht Institute , só na última década do século XX, o custo econômico dos desastres naturais superou US$608 bilhões. Assim como para comunidades, a vulnerabilidade é algo inerente às or- Mudanças Climáticas tabilizar e nos preparar para resolver problemas sócio-ambientais e econômicos relacionados à nossa própria vulnerabilidade. O tripé da sustentabilidade está ameaçado e o momento de nos prepararmos para dar respostas a esses problemas é agora. A vulnerabilidade pode ser definida como a característica de uma pessoa ou grupo em termos de sua capacidade de antecipar, lidar com, resistir e recuperar-se dos impactos de um desastre climático. É algo inerente a uma população determinada e variará de acordo com suas possibilidades culturais, sociais e econômicas. Se- nibilidade de plantas medicinais e da produtividade da agricultura e seus efeitos sobre a segurança alimentar? A capacidade de adaptação de uma população está ligada à sua riqueza, tecnologia, educação, informação, habilidades, infraestrutura, acesso a recursos e capacidade de gestão. Como nós, profissionais da Química, estamos contribuindo para a redução da vulnerabilidade e para a adaptação das pessoas a esses desafios? Como as políticas públicas estão abordando essa questão e como o(a)s químico(a)s estão influenciando tais políticas? ganizações e variará não apenas em função de suas possibilidades culturais, sociais e econômicas, mas também em função das populações nas quais estão inseridas. Reduzir nossa vulnerabilidade como ser humano implica, em última instância, em agirmos levando a dimensão ecológica e os aspectos climáticos em consideração nas tomadas de decisões pessoais e profissionais. Nesse sentido, como profissionais da química, fica a seguinte reflexão: Do ecodesign de moléculas ao cuidado com a família, qual será a nossa contribuição? *Química e Mestre em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Consultora em Gestão da Qualidade de Vida e Sustentabilidade da ÉTHICA Consultoria e Treinamento. 1 DIAMOND, J., Collapse: How Societies Choose to Fail or Survive, Penguin Books, Londres, 2006, 576 p. 2 http://www.worldwatch.org.br/ativ_hum_desdesnatur.htm com acesso em 06/11/2007. 3 O termo Ecodesign refere-se aqui à inserção dos princípios ecológicos às técnicas convencionais de planejamento (design no sentido mais amplo), conforme recomenda o físico Fritoj Capra. Ver MUNHOZ, D “Alfabetização Ecológica: das pessoas às cadeias produtivas”. IN: Identidades da Educação Ambiental Brasileira. MMA/DEA; P. P. Layrargues, (Coord.), Brasília: MMA, 2004; p. 141-154. Disponível em http://www.ethicaconsultoria.com.br/artigo4.htm. 23 Bom Uso do Princípio da Precaução Wagner José Pedersoli** RESUMO O Bom Uso do Princípio da Precaução: análise a partir do licenciamento ambiental da indústria de refino de petróleo e gás natural da Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG, Brasil. A motivação para o desenvolvimento deste trabalho partiu da seguinte indagação do autor: “as premissas do Princípio da Precaução foram consideradas nas políticas de meio ambiente no Brasil?” A resposta a essa indagação levou em consideração as premissas do Princípio da Precaução no processo de licenciamento ambiental, realizado no Estado de Minas Gerais, especialmente naqueles casos que envolvem atividades que apresentam riscos associados à manipulação, processamento, transporte e distribuição de materiais perigosos, os quais poderiam resultar em danos significativos para a saúde humana, o meio ambiente e os bens patrimoniais. Neste contexto, foi proposto um estudo de caso sobre uma atividade de alto potencial de perigo e riscos intrínsecos, que se desenvolve no pólo de petróleo e gás natural, formado pela Refinaria Gabriel Passos da Petrobrás, as diversas bases distribuidoras de combustíveis líquidos e gás liquefeito de petróleo GLP, implantadas no seu entorno, em áreas dos municípios de Betim e Ibirité, ambos na Região Metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. A análise resultou na identificação de vinte e oito “exigências explícitas e implícitas de adoção do Princípio da Precaução”, no ordenamento jurídico-administrativo do meio ambiente, demonstrando a presença da precaução, estabelecida pelo artigo 225 da Constituição da República e outras normas, como a Lei nº 6938/81, que trata da Política Nacional do Meio Ambiente no Brasil evidenciando que a ação de precaução depende da extensão da aplicação das leis e dos instrumentos normativos delas decorrentes. Ao final do trabalho concluiu-se, que o Princípio da Precaução tem como característica requerer que as decisões sobre os processos industriais e as atividades de risco sejam tomadas ainda na fase de planejamento, antes de sua implantação, de modo a avaliar se os riscos inerentes ao seu desenvolvimento são aceitáveis, ou se há medidas para a sua redução em níveis que garantam a qualidade de vida da população envolvida e a preservação ambiental, como forma de garantia contra riscos potenciais que, de acordo com o estágio atual do conhecimento, não podem ainda ser identificados, ou sobre os quais há incertezas, levando sempre à decisão a favor da segurança do ser humano.Isto é sem dúvida, o bom uso do Princípio da Precaução. Trata-se de uma visão ampliada da questão ambiental e serve para despertar o Estado para uma de suas missões essenciais e prioritárias que é garantir a qualidade de vida de seu povo. * Este Resumo refere-se à Dissertação de Mestrado do autor, apresentada no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Ouro Preto, em 2007. ** Mestre em Engenharia Ambiental; Especialista em Engenharia Sanitária; Especialista em Tecnologia de Maltes e Cervejas; Engenheiro Químico; Bacharel em Direito e Técnico em Química Industrial. 24 Produção mais Limpa (P+L) e Consumo Consciente Ana Luiza Dolabela de Amorim Mazzinii1*, Estela Maria Pérez Díaz1**, Maria José Marques1*** Segundo dados das Nações Unidas, entre 1950 e 2000, a taxa média de crescimento da população mundial foi de 1,76% ao ano e a média esperada para a primeira metade do século XXI é de cerca de 0,77% ao ano. Apesar de esta taxa estar em declínio, o número de habitantes no planeta saltou de 2,5 bilhões, em 1950, para quase 6,1 bilhões em 2000 e as projeções indicam que em 2050 o mundo contará com mais de 8,9 bilhões de pessoas. Considerando que a taxa de crescimento populacional e a distribuição geográfica são fatores fundamentais na ocorrência de impactos ambientais, principalmente nos países em desenvolvimento, torna-se necessário novos padrões civilizatórios envolvendo a produção e o consumo uma vez que não há mais como ignorar os limites da capacidade de suporte do planeta, já gravemente comprometido por ações humanas. Nesse contexto, surge a Produção mais Limpa (P+L) e o Consumo Consciente que têm como objetivo garantir a produção e o uso de bens e serviços que atendam às necessidades básicas sem o comprometimento ambiental. O meio ambiente oferece aos seres vivos as condições essenciais para a sua sobrevivência e evolução. A sociedade humana não se sustenta sem água potável, ar puro, solo fértil e sem um clima ameno. Não há economia sem um ambiente estável. * Membro do Fórum Mineiro de Produção mais Limpa e Consumo Consciente. Engª Química e Analista Ambiental; Especialista em Energia e Fontes Alternativas e Avaliação de Impactos Ambientais. Conselheira do CRQ/MG e Professora Universitária - [email protected] ** Engª de Produção, Doutora em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos. *** Doutora em Química. Professora aposentada do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG. Conselheira do CRQ/MG [email protected] 25 Muitas pessoas, no entanto, ainda não compreenderam isso e ao desenvolverem suas atividades socioeconômicas, destroem de forma irracional as bases da sua própria sustentação, produzindo grandes quantidades de resíduos em todo o mundo. Dessa forma trazem consigo problemas ambientais, tais como: a redução da camada de ozônio, poluição atmosférica, poluição das águas, poluição do solo entre outros impactos, colocando em risco o meio ambiente e a saúde dos seres vivos. A consciência da preservação do meio ambiente saudável constitui-se numa das premissas básicas para a qualidade de vida. A preservação dos recursos naturais é imprescindível para a vida das gerações futuras. A implementação de leis e normas ambientais cada vez mais restritivas e a criação de mercados cada vez mais competitivos vêm exigindo que as empresas sejam mais eficientes, do ponto de vista produtivo e ambiental, estimulando-as a adotarem processos que reduzam os custos totais de um produto ou aumentem seu valor agregado. Assim, quando as empresas são capazes de assimilar as regulamentações ambientais como um desafio, passam a desenvolver soluções inovadoras e, portanto, melhoram a sua competitividade. Dessa forma, o aumento da produção industrial estará aliado a um menor gasto de insumos e menor geração de poluentes. O aumento da eficiência no uso dos recursos é possível porque a poluição é, muitas vezes, um desperdício econômico. Resíduos industriais sejam sólidos, líquidos ou gasosos, podem ser reaproveitados em diversos casos, tais como a co-geração de energia, extração de substâncias que serão reutilizadas e reciclagem de 26 materiais. Ao analisar o ciclo de vida de um produto, observa-se que há também outros desperdícios, como o excesso de embalagens e o descarte de produtos que requerem uma disposição final de alto custo. Por outro lado, o aumento dos custos e a perda de competitividade atribuídos à preservação ambiental estão, em geral, associados às soluções do tipo end-of-pipe (EOP) – ou tratamento de final de linha – que são ações eficientes da empresa no tratamento da poluição que já ocorreu. Neste caso, os rejeitos contendo substâncias tóxicas são tratados antes de serem lançados no meio ambiente – controle da contaminação – incluindo também as atividades de restauração do ambiente degradado (clean-up). Outro tipo de solução para os problemas de poluição ambiental é a prevenção à poluição (PP), que inclui a adoção de tecnologias mais limpas, melhoria na eficiência produtiva através de gestão inovadora, redução da geração de resíduos e reciclagem de subprodutos do processo produtivo, antes considerados como resíduos. Diversos termos, tais como Produção mais Limpa (Cleaner Production), Prevenção à Poluição (Pollution Prevention), Tecnologias Limpas (Clean Technologies), Redução na Fonte (Source Reduction) e Minimização de Resíduos (Waste Minimization) têm sido utilizados para definir o conceito de redução ou eliminação de resíduos ou poluentes na fonte geradora. Algumas vezes, estes termos são considerados sinônimos, e, às vezes, complementares, requerendo uma análise aprofundada das ações e das propostas inseridas dentro de cada contexto (CETESB, 2002). O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) define a Produção mais Limpa como a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integrada aos processos e produtos. Para os processos de produção, os benefícios de um programa de Produção mais Limpa incluem: conservação de matéria-prima e energia; eliminação do uso de matérias primas tóxicas e redução da quantidade e toxicidade das emissões e resíduos antes da saída do processo. Para os produtos, isto significa redução dos impactos ao longo de todo o ciclo de vida, desde a extração de matéria-prima, passando por sua utilização, até a sua disposição final. Por outro lado, a Produção mais Limpa reduz o risco para os trabalhadores, a comunidade, os consumidores de produtos e futuras gerações e diminui os custos de produção, tratamento em fim-detubo, serviços de saúde e limpeza do ambiente. Embora a melhoria da eficiência dos processos e da qualidade do produto possam apresentar custos de investimentos elevados, o período de recuperação pode ser curto. Esta definição está baseada na suposição de que não existe a produção limpa como tal. Cada processo de produção gera alguma forma de contaminação, porém é possível reduzir de maneira contínua a geração de contaminantes em cada etapa do ciclo de vida do produto. Assim, o conceito de Produção mais Limpa, desenvolvido pelo PNUMA em cooperação com uma rede de agências e governos, prioriza a prevenção à poluição, a conservação de recursos naturais e a ecoeficiência com o objetivo da racionalização do uso de matérias-primas e insumos, a eliminação ou redução de geração de resíduos, a diminuição do impacto ambiental no processo produtivo e o aumento da ecoeficiência nas empresas, resultando em maior competitividade e maiores ganhos econômicos. A Produção mais Limpa agrega a variável ambiental à econômica e, ao fazer com que o processo seja mais eficiente, gera menos desperdício e menos poluição, proporcionando maior economia e contribuindo para o meio ambiente. A Produção mais Limpa surgiu como uma necessidade para cumprir a lei e atender o mercado e tornouse um grande diferencial competitivo, a partir das seguintes constatações: • O enfoque tradicional do controle de emissões é insuficiente para garantir a qualidade ambiental; • Para atividades com cargas poluidoras muito elevadas, mesmo com a implantação de sistemas eficientes de tratamento de efluentes, os padrões ambientais não são alcançados; • Há a necessidade de redução de passivos ambientais representados, principalmente, pela geração de resíduos perigosos; • Os novos instrumentos de gestão são provenientes das exigências de mercado e, não apenas, da legislação; • Há a necessidade de eliminação ou redução de poluentes, do uso eficiente de recursos naturais e da melhoria da Saúde Ocupacional; • A Produção Mais Limpa (P+L) é uma oportunidade da conciliação da proteção ambiental com o desenvolvimento econômico. A Produção mais Limpa e o Consumo Consciente partem de uma visão estratégica no sentido de que o Desenvolvimento Sustentável é uma responsabilidade coletiva e de que a Gestão Ambiental é um fator de competitividade. Nesse sentido, fortalecem o desenvolvimento econômico responsável e a promoção da competitividade empresarial a partir da incorporação dos seguintes critérios: • Aplicação dos Princípios da Prevenção e da Precaução; • Análise do Ciclo de Vida do Produto, do berço ao túmulo; • Ecodesign de produto; • Responsabilidade continuada do produtor; • Direito público de acesso à informação; • Cooperação e controle democrático; • Responsabilidade e transparência; • Avaliação externa independente. Paralelamente à Produção mais Limpa, é importante a prática do Consumo Consciente que envolve os seguintes aspectos: • Mudanças no padrão de consumo; • Análise de todo o Ciclo de Vida do produto – do berço ao túmulo; • Consumo de produtos com vida útil mais longa; • Entendimento de que elevado padrão de vida nada tem a ver com qualidade de vida; • Necessidade de mudanças nos padrões de produção; • Responsabilidade continuada do produtor; • Definição de responsabilidades para os produtores, consumidores, fornecedores, revendedores, importadores etc. As implicações resultantes da Produção mais Limpa e do Consumo Consciente são: • Gestão sustentável dos recursos do solo e da água; • Uso sustentável dos recursos florestais; • Opções energéticas sustentáveis; • Redução do impacto das mudanças climáticas. Hoje no Brasil há uma Política de Produção Sustentável e o cenário para a identificação das prioridades brasileiras para o Consumo e Produção Sustentáveis é muito favorável. Por iniciativa do Ministério do Meio Ambiente - MMA e da Agência de Cooperação Técnica Alemã – GTZ, foram criados Fóruns de Produção mais Limpa em diversos Estados brasileiros: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Amazonas, Bahia e Pernambuco. Em Minas Gerais, com o objetivo de contribuir para o uso racional dos recursos naturais e para o desenvolvimento socioeconômico do Estado, o Sistema Estadual de Meio Ambiente – SISEMA vem implantando ações de avaliação, fomento, apoio e divulgação de mecanismos para inserção de práticas de Produção mais Limpa (P+L) no setor produtivo. É preciso que novos paradigmas e novas ações de prevenção e minimização de poluentes sejam implementadas nas empresas, uma vez que somente as atividades de licenciamento e fiscalização não são suficientes para que seja alcançada a qualidade ambiental pretendida. Dentro dessa proposta de conciliar a proteção ambiental ao desenvolvimento econômico, buscando a conscientização e o conhecimento para a implementação de práticas de Produção mais Limpa, foi criado em maio de 2006, por iniciativa do SISEMA, com o apoio do Ministério de Meio Ambiente (MMA) e do Sistema FIEMG, o Fórum Mineiro de Produção mais Limpa e Consumo Consciente. O Fórum criado teve o Conselho Regional de Química – CRQ/MG como uma das entidades fundadoras e tem a participação de órgãos públicos, instituições de ensino superior, empresas privadas, so27 FIGURA 1: Cadeia de melhoramento contínuo a partir da adoção da Produção mais Limpa (P+L) ciedade civil organizada e pessoas físicas. Dividido em cinco diferentes grupos de trabalho (políticas públicas; ciência e tecnologia; P+L nos setores produtivos; educação, ética e cidadania e comunicação em P+L), pretende estimular a adoção de métodos e tecnologias, desenvolver parcerias, identificar e mobilizar fontes de financiamentos, estimular, divulgar e apoiar projetos que promovam a adesão de práticas de Produção mais Limpa e Consumo Consciente nas empresas. Nesse desse contexto, o CRQ/MG iniciou a implantação do Consumo Consciente com a escolha de papel reciclado para a Revista Comemorativa dos seus 50 anos. Paralelamente, irá implantar de forma gradativa o uso de papel reciclado na 28 sede do Conselho, além da utilização de blocos de rascunho em papel reciclado, uso de copos não descartáveis nos eventos e programas de treinamento, dentre outras ações visando contribuir para práticas mais sustentáveis. Os objetivos do Fórum Mineiro de Produção mais Limpa (P+L) e Consumo Consciente implantado são: • Estimular a adoção de métodos e tecnologias que resultem em P+L, melhorando a eficiência dos processos e reduzindo os riscos ao meio ambiente e à saúde dos trabalhadores; • Desenvolver parcerias com órgãos e entidades paraestatais, governamentais ou particulares, nacionais, estrangeiras ou internacionais, vi- sando ao desenvolvimento e a implementação de técnicas de P+L; • Identificar e mobilizar fontes de financiamento; • Estimular o intercâmbio de experiências em P+L nas empresas; • Apoiar projetos para a promoção de P+L; • Divulgar iniciativas de P+L já desenvolvidas em projetos de cooperação internacional e/ou com a iniciativa privada; • Promover um sistema que garanta o estímulo à melhoria contínua, pela valorização das empresas que aderirem ao programa. Os resultados a serem obtidos com o emprego da Produção mais Limpa são: • Minimização de resíduos e a prevenção da geração de produtos perigosos; • Redução dos custos com a Gestão de efluentes e resíduos; • Redução do consumo de energia; • Melhoria da qualidade do produto; • Melhoria da produtividade; • Redução dos riscos à saúde do trabalhador; • Redução dos riscos ambientais; • Redução do passivo ambiental da empresa; • Melhoria da imagem pública da empresa. Concluindo, a Produção mais Limpa não apenas contribui para uma redução do impacto ambiental, mas também promove melhorias vários aspectos do desempenho das Empresas que a adotam, como é ilustrado na FIG.1 de uma cadeia de melhoramento contínuo. APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA EM GRANDES CENTROS URBANOS Jorge Antônio Barros de Macêdo A população mundial, tem taxa de crescimento mundial, aproximadamente, de 1,3% ao ano. A cada ano em média embarca na astronave “Terra”, 84.500.000 passageiros; são 232.000 novos passageiros por dia ou 1.620.000 novos passageiros por semana. Estes passageiros estão divididos em 230 nações nos cinco continentes, onde 20% pertencem aos chamados países desenvolvidos (1ª classe) e os outros 80% perten- cem aos chamados países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos (viajam na 2ª e 3ª classes) (FIG. 2). A taxa mundial de natalidade em 2002, era de 365.682 habitantes por dia, enquanto a taxa de mortalidade era de 149.597 habitantes por dia, portanto, a taxa bruta de natalidade é de 2,4 vezes maior que a taxa bruta de mortalidade (BRAGA et al., 2002). Logo, o aumento de população, corresponde a mais consumo de * Bacharel em Química Tecnológica Especialista em análises de traços e Química Ambiental Magister e Doctor Scientiae em Ciência e Tecnologia de Alimentos www.jorgemacedo.pro.br [email protected] água, maior geração de resíduos e logicamente maior poluição. Acrescenta-se a estes fatores o aumento do consumo per capta de água (QUA- FIGURA 1- Relação entre os principais componentes da Crise Ambiental. Fonte: BRAGA, et al., 2002. 29 FIGURA 2- Crescimento populacional. DRO 1). Atualmente, 29 países não possuem água doce para toda a população. Em 2025, segundo a ONUserão 48 países e em 2050 cerca de 50 países sem água em quantidade suficiente para toda a população. Enquanto em Nova York (USA) o consumo atinge cerca de 2000 litros/habitante/dia, na África, a média do continente é de 15 litros/habitante/dia (MACÊDO, 2004). A FIG. 3, apresenta o consumo anual médio de água por tipo de uso, expresso em km3. Pode-se constatar que, o principal vilão no consumo de água é a área agrícola (incluindo a agroindústria), principalmente, nos países do Terceiro Mundo, como já citado. Enquanto na Europa e América do Norte, a indústria consome 55% e 48%, respectivamente, ou seja, o consumo maior é na área industrial, na América Latina e Caribe, Ásia e África, a área agrícola consome 79%, 85% e 88%, respectivamente, da água disponível. A Oceania é o único continente em que 64% do uso da água está concentrado no setor doméstico (FOLHA DE SÃO PAULO, 1999). Com certeza as indústrias e o abastecimento urbano deverão procurar fontes alternativas de água para suas necessidades, dentre estas fontes, se destaca o aproveitamento da água de chuva. 3 Histórico do aproveitamento de água de chuva Uma cronologia histórica do aproveitamento de água de chuva e os principais usos dessa água são apresentados a seguir (TOMAZ, 2003; MAY, (2004; FABBRO, 2007; EVENARI, 1961). FIGURA 3- Consumo anual de água por tipo de uso Fonte: FOLHA DE SÃO PAULO, 1999. 30 PALÁCIO DE KNOSSOS - (ILHA DE CRETA) • 2000 a.C, aproveitada água de chuva para descarga de bacias sani- tárias. • Na mesma região, foram encontrados inúmeros reservatórios escavados em rochas anteriores a 3000 a.C, que eram utilizados para guardar água de chuva para consumo humano. MESOPOTÂNIA (2750 a.C.) • Reservatórios indicavam o uso de água de chuva. • Em 1885, em Monturque, Roma, foram descobertos 12 reservatórios subterrâneos. • Dimensões aproximadas de cada reservatório: L-3,08 m x C-6,65 m x H-4,83 m. • Volume: 98,93 m3 • volume total: 1.187 m3 PEDRA MOABITA (Oriente Médio - 850 a.C.) • É uma das inscrições mais antigas. • Nela o Rei Mesha dos Moabitas, sugere que se construa um reservatório em cada casa para aproveitamento da água de chuva. PARQUE NACIONAL MESA VERDA • Situado nos Estados Unidos, existem diversos reservatórios de água de chuva, provavelmente construídos pelos Anasazis, entre 750 e 1100 a.C., povo que habitou o Sudoeste dos EUA antes da chegada de Colombo, foram índios americanos que viviam onde hoje é o Novo México, entre os anos 600 e 1150 d.C. FORTALEZA DE MASSADA Massada (ou Masada) é uma fortaleza natural de beleza majestática no Deserto da Judéia sobre o Mar Morto. • É o símbolo da destruição do antigo reino de Israel, da violenta destruição do último reduto de patriotas judeus pelo exército romano no ano 73 d.C. • Herodes, o Grande, construiu a Fortaleza de Massada entre 37 e 31 a.C. Construiu grandes cisternas para recolher a água da chuva de forma engenhosa, através de canais escavados na pedra calcárea capturavam e conduziam a água da chuva para grandes reservatórios subterrâneos, com capacidade superior a 200 mil galões (757.000 L). FORTALEZA DOS TEMPLÁRIOS - 1160 d.C (TOMAR-. PORTUGAL) Existem dois reservatórios para aproveitamento de água de chuva, com 215 m3 e 145 m3. DESERTO DE NEGEV Situado no Sul de Israel e a sua maior cidade é Berseba, onde existe sistema de captação de água de chuva há mais de 4000 anos [FABRO, 2007; EVENARI, 1961; SOARES (2000) apud MAY, 2004]. Na antiga Fortaleza de Arad, mencionada algumas vezes na Bíblia, foi construída, provavelmente, pelo rei Salomão e utilizada por todos os seus sucessores. Sua localização era importante para proteger a fronteira do sul de Israel, mas tinha um grave inconveniente: ficava num lugar extremamente árido, nas bordas do deserto do Negev. Água, ali, era uma raridade (FABBRO, 2007). Por isso, os habitantes fizeram o que era muito comum naquela época, cavaram um imenso buraco no chão, uma cisterna, para guardar a água do breve período de chuvas e, assim, poderem sobreviver no prolongado período de seca. As cisternas precisavam, naturalmente, ser cavadas na rocha pura, onde não houvesse rachaduras ou porosidade. Caso contrário, a água vazaria totalmente. Uma dessas cisternas era um poço de boca bem grande, de uns 4 metros de largura por 3 metros de profundidade, e que continuava horizontalmente, por baixo da fortaleza, como se fosse um longo túnel, escuro, talvez de uns 20 metros de comprimento (FABBRO, 2007). MÉXICO As inscrições mais antigas e tradicionais de coleta de água de chuva são datadas na época dos Aztecas e dos Mayas. No Século X, ao sul da cidade de Oxkutzcab situada ao pé do monte Puuc, a agricultura era baseada na coleta de água de chuva. As pessoas viviam nas encostas e a água de chuva era armazenada em cisternas com capacidade de 20.000 a 45.000 litros, chamadas de “chultuns”. As cisternas tinham um diâmetro aproximado de 5 m e eram escavadas no subsolo calcário e revestidas por reboco impermeável. Acima delas havia uma área de coleta de 100 a 200 m2 (GNADLINGER, 2007; MAY, 2004). A FIG. 4 apresenta uma cisterna Chultuns do povo Maya. Existiam nos vales da cidade de Oxkutzcab, outros sistemas de coleta de água de chuva, (GNADLINGER, 2007), como: • Sistema de Aguadas: reservatórios de água de chuva cavados artificialmente com capacidade de 10 a 150 milhões de litros; • Sistema de Aquaditas: pequenos reservatórios artificiais para 100 a 50.000 litros. FRANÇA Na França em 1703, Philippe La Hire desenvolveu equipamentos como um filtro de areia e um reservatório que tratava e armazenava água das chuvas de Paris para uso residencial (VIDAL, 2002). Segundo GNADLINGER (2003) 31 tica Nacional de Recursos Hídricos, criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e regulamentou o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, não modificou o artigo 103 do Código das Águas. Torna-se necessário citar que a NBR 5626/1998- Instalação predial de água fria, 5.2.13, preconiza que a instalação de água não potável, deve ser independente e ser usada nas bacias sanitárias (TOMAZ, 2003). Na Alemanha, não há restrição para o uso da água de chuva em residências para bacias sanitárias, irrigação de jardim, lavagem de roupas ou limpeza em geral, pois em Janeiro de 2003, entrou em vigor a Norma Alemã - Diretriz Européia 98/83/EG (TOMAZ, 2003). 5 A necessidade de otimização da produção de água FIGURA 4 - Cisterna Chultuns do povo Maya Fonte: GNADLINGER, 2007. no III Fórum Mundial da Água, em 2000 na cidade de Kyoto - Japão, especialistas da ONU pediram que outros países sigam o exemplo da China. O país construiu tanques para armazenamento da água de chuva, que fornece água potável para cerca de 15 milhões de pessoas, além de utilizar a anos a água de chuva para plantações. Nesse mesmo evento, a representante da Austrália informou aos participantes que na área rural da Austrália do Sul, segundo pesquisa do Governo Federal, 82 % das crianças tomam água de chuva e a incidência de diarréia é ligeiramente menor nelas quando comparados com as que tomam água tratada com cloro. Conforme a EPA nos Estados Unidos existem mais de 200 mil reservatórios para reapro32 veitamento de água da chuva (TOMAZ, 2003). De acordo com TOMAZ (2003), a economia de consumo com a utilização da água e chuva pode alcançar 30% da água consumida nas residências utilizados em descargas dos vasos sanitários. 4 Aspecto legal O Decreto nº 24.643, de 10 de julho de 1934, que instituiu o Código de Águas, no artigo 103, do Título V – Águas Pluviais, preconiza que as águas pluviais pertencem ao dono do prédio onde caírem diretamente, podendo o mesmo dispor delas à vontade, salvo existindo direito em contrário. Deve ser ressaltado que a Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que instituiu a Polí- Como já ressaltado, a água é fundamental para o desenvolvimento de várias atividades, mas para que isso ocorra de forma harmoniosa, a disponibilidade de recursos hídricos deve exceder significativamente as demandas. De maneira geral, existem duas razões pelas quais a alteração da relação entre a disponibilidade hídrica e demanda de água pode ocorrer: a) fenômenos naturais, associados às condições climáticas de cada região, que podem ser fatores predominantes em determinados países do globo; b) o crescimento da população, pressionando cada vez mais os recursos hídricos, seja pelo aumento da demanda e/ou da poluição (MIERZWA, HESPANHOL, 2005). Segundo Tomaz (2003) indica-se o uso de água de chuva quando grandezas como o Índice de Comprometimento dos Recursos Hídricos (ICRH) e a Disponibilidade Específica de Água (DEA) mostrarem que a disponibilidade hídrica vai diminuindo em relação à demanda e existe a possibilidade de estresse ambiental e até de conflitos entre usuários. Sugerimos que um ICRH igual 3 e DEA, entre 2000 e 1000 m3/ano/ hab, é indicador para o aproveitamento da água de chuva para fins não potáveis (QUADROS 2 e 3). Aproveitar a água da chuva será uma das medidas contra o racionamento. Entende-se que, o aproveitamento da água da chuva é uma prescrição para a crise do mundo (GROUP RAINDROPS, 2002). Estimativas feitas em 1999 pelo International Environmental Technology Centre (IETC) das Nações Unidas concluíram que no ano de 2010, a população da Alemanha e dos Estados Unidos da América utilizarão 45% e 42% de água de chuva e 20% e 21%, respectivamente, de grey water (água servida). No Texas, a cidade de Austin, que tem média pluviométrica anual de 810 mm, fornece US$500 a quem instalar sistema de captação de água de chuva. Ainda no Texas, a cidade de San Antônio fornece US$200 para quem economizar 1.230 m3 de água da rede pública usando água de chuva, durante o período de 10 anos (TOMAZ, 2003). A cidade de Sumida, que fica na área metropolitana de Tóquio, no Japão, tem precipitação média anual de 140 mm e mesmo assim é aproveitada a água de chuva devido à segurança no abastecimento de água em caso de emergência. Em Bangalore, na Índia, com precipitação anual de 970 mm, uma captação com área de 100 m2 pode-se obter de água de chuva 78,6 m3/ano usando coeficiente de runoff C= 0,8. Pesquisas feitas no Japão mostraram que o uso da água de chuva reciclada (água de chuva ou água servida) para fins não-potáveis, conseguiu reduzir o consumo de 30% da água potável. Segundo o GROUP RAINDROPS (2002) a água de chuva quando cai arrasta as partículas em suspensão na atmosfera. A chuva que cai nas áreas urbanas contém substâncias prejudiciais, como o dióxido de enxofre e os óxidos de nitrogênio emitidos por automóveis e fábricas. Além disso, sujeiras e fuligens contendo tais substâncias que são prejudiciais estão acumuladas ou fixas nos telhados, utilizados para a captação, e causam a contaminação da água de chuva, portanto, deve-se desprezar o primeiro milímetro de chuva, ou seja, só se deve utilizar a água após o nível de precipitação superar 1 mm. Dessa maneira a coleta deve ser realizada desprezando-se a água que cai no início da chuva. Para efeito de cálculo, o volume de água de chuva que pode ser aproveitado não é o mesmo que o precipitado. Para isto, usa-se um coeficiente de escoamento superficial chamado de “coeficiente de runoff ”, que é o quociente entre a água que escoa superficialmente pelo total da água precipitada. Usa-se a letra “C” para o coeficiente de runoff. Segundo Hofkes e Frasier (1996), citados por Tomaz (2003), o coeficiente de runoff para telhas cerâmicas varia de 0,8 a 0,9 e para telhas corrugadas de metal varia de 0,7 a 0,9 (QUADROS 4 e 5). 33 tenham mostrado que a P. aeruginosa é suscetível a baixas concentrações de cloro residual livre (CRC), ela já foi recuperada em água reservada que contêm 2 mg/L de CRL ou até concentrações maiores. Embora bactérias como o Staphylococcus aureus sejam inativadas em níveis relativamente baixos (<1,0 mg/L), a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (USEPA) recomenda 8,0 mg/L de cloro residual livre para controle de Legionella na água. A Shigella é suscetível em níveis baixos de CRL e pode ser inativada até com uma concentração inferior a 1,0 mg/L. Em geral, 2 mg/L de CRL impedem a proliferação bacteriana (CAMPO, QUIROZ, 2005). 6.2 Utilização de água de chuva para fins potáveis A medição da quantidade da água que cai em uma região é dita pluviometria. A quantidade de chuvas que precipita numa região, durante um ano, é medida em milímetros (mm) pelo pluviômetro e constitui o índice pluviométrico. É estabelecida a seguinte relação: 1 mm de chuva corresponde a 1L por m2 (TOMAZ, 2003). A FIG. 5 apresenta as curvas de precipitação pluviométrica no Brasil (mm). Com base na curva de precipitação pluviométrica da região pode-se calcular o volume de água de chuva que poderá ser captada. Exemplo de cálculo: Galpão de 1000 m2 Precipitação pluviométrica: 1500 mm → 1500 L por m2 1500 L/ m2 x 1000 m2 (tamanho do galpão) 34 (runoff) C=0,80 (perda de 20%) Volume total = 1.500.000 L de água / ano (Valor bruto) Volume real = 1.200.000 L / ano Volume mensal = 1.200.000 L / 12 meses = 100.000 L / mês 6 Risco no consumo de água de chuva 6.1 Utilização de água de chuva para fins não-potáveis O risco no consumo da água de chuva corresponde à contaminação microbiológica, em função dos resíduos de fezes de aves e de outros animais no telhado e outras contaminações carreadas, por exemplo, pelo vento. Para usos não potáveis basta apenas o processo de desinfecção com derivados clorados. A dosagem de cloro necessária para a inativação de patógenos varia conforme o tipo; embora os testes Segundo a Organização Panamericana de Saúde (OPS) em ficha de divulgação técnica indica a instalação de um filtro de areia no momento de sua coleta, ressaltando que a velocidade máxima de filtração seja de 0,2 metro por hora. Após o processo indica-se a desinfecção (OPS, 2003). É necessário a utilização de um processo de filtração lenta (filtro de areia), para se criar uma “barreira física” na redução da contaminação microbiológica e resíduos. Posterior- menteà filtração é fundamental uma desinfecção química, com um mínimo de 2 mg CRL/L, com o processo de cloração ao break-point. A FIG. 5 apresenta um exemplo de um sistema de aproveitamento de água de chuva. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que uma concentração de 0,5 mg/L de cloro livre residual na água, depois de um tempo de contato de 30 minutos, garante uma desinfecção satisfatória. Por outro lado, ela salienta que não se observa nenhum efeito nocivo à saúde no caso de concentrações de cloro livre que cheguem a 5 mg/L (OPAS/OMS, 2006). Contudo, para uma segurança do usuário da água de chuva para fins potáveis, recomendamos que se utilize 5 mg CRL/L, ressaltando que somente após a filtração é que se indica o processo de desinfecção. 6.2.1 Filtração por meio “filtro de areia lento” FIGURA 4- Curvas de precipitação pluviométrica no Brasil (mm), 1931 a 1960. FIGURA 5- Sistema de aproveitamento de água de chuva Fonte: Thomaz, 2003 O motivo para indicação da filtração por meio de filtro de areia lenta, se deve ao fato de que alguns organismos são resistentes ao processo de desinfecção, por exemplo, os vírus e os protozoários que possuem um alto CT (concentração do agente sanificante x tempo) para derivados clorados o que impede uma significativa redução da presença destes organismos apenas pelo processo de desinfecção, o que transforma o filtro de areia lento em uma “barreira santária”. Uma forma de avaliar o sistema de filtração é através da turbidez. Por exemplo, a água que sofreu um processo de filtração e apresenta uma turbidez menor que 0,3 UT (unidades de turbidez) na saída do filtro, consegue eliminar 99,9% de cistos Giardia lamblia (tamanho a 8-15 μm) e 99% de oocistos Cryptosporidium (tamanho 4-6 µm) (BASTOS, 2003). Outro motivo para indicação do filtro de areia lento é o tamanho dos poros, em outros tipos de filtros de areia não seriam retidos microrganismos, em função da maior porosidade. O QUADRO 6 apresenta a percentagem de remoção de alguns organismos em filtros lentos. 6.2.2 Derivados clorados disponíveis no mercado Existem dois tipos de derivados 35 clorados: a) denominados de “inorgânicos”, cujos representantes são, o cloro gás, o hipoclorito de sódio e o hipoclorito de cálcio; b) os denominados “orgânicos”, no Brasil representados pelo dicloroisocianurato de sódio (DCIS) e o ácido tricloroisocianúrico (ATIC) (QUADRO 7).QUADRO 7- Estruturas químicas dos principais compostos clorados. 7 Conclusão Considerando que cerca de 50% do consumo residencial de água é Limpeza automática (runoff C = 0,80 36 destinado ao transporte dos dejetos sanitários, atividades que não necessitam de água tratada, além do uso em jardins, lavagem de carro, pisos e calçadas, entre outros, entende-se que a utilização de águas menos nobres (águas cinzentas) associadas às águas de chuva pode viabilizar, tanto sob aspectos técnicos como econômicos, este transporte e a utilização em outras atividades, há uma grande vantagem na utilização das águas de chuva que é a redução do consumo de água potável. Perda de 20%) A recuperação das águas de chuvas para posterior uso combinado nas residências, envolve também um aspecto importante de redução de dispositivos de drenagem urbana, reduzindo de maneira efetiva os alagamentos nos centros urbanos, em função das grandes áreas de impermeabilização. Logo, a retenção das águas de chuva coletadas nas coberturas das edificações, residências e indústrias, constitue-se em importante ação no controle de cheias urbanas e na redução de água fornecida pelas empresas de saneamento para consumo humano. Deve-se considerar ainda que, com a segregação e tratamento dos componentes dos esgotos, a recarga de aqüíferos estará menos comprometida do que quando os esgotos são lançados no solo ou nos cursos d´água ou quando, um tanque séptico recebe todas as águas servidas de uma unidade residencial. Diversas pesquisas sugerem utilizações industriais da água de chuva tratada como para produção de vapor, para água de refrigeração etc. Para uso industrial, a água de chuva se apresentou como de excelente qualidade para diferentes setores industriais devido às baixas concentrações de contaminantes. Isso pode ser considerado como um referencial se comparado com águas de outras fontes. Para vários ramos da indústria que necessitam de água desmineralizada, o aproveitamento da água de chuva pode ser uma solução econômica uma vez que ela possui baixos teores de sólidos dissolvidos e em suspensão. Finalmente considera-se que aproveitar a água da chuva é uma das medidas contra o racionamento e entende-se que, o aproveitamento da água da chuva é uma prescrição para a crise do mundo. REFERÊNCIAS ANDRADE, N. J. e MACÊDO, J. A. B., Higienização na Indústria de Alimentos. São Paulo: Livraria Varela Ltda, 1996, 182p. BASTOS, R. K. 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A falta de um programa de gestão na maioria dessas instituições no País tem levado, com freqüência, a um descarte pouco responsável desses materiais perigosos no ambiente, através das pias dos laboratórios ou do lixo comum, ou em outros casos, resultou na geração de passivos ambientais acumulados por longo tempo à espera de um eventual tratamento. Levantamentos de passivos desenvolvidos em instituições mais antigas apontam para uma quantidade significativa de produtos químicos obsoletos que por inúmeras razões não foram integralmente consumidos ou reaproveitados por terceiros em tempo hábil e que, por vários anos, às vezes décadas, permanecem estocados em locais inadequados e propícios a acidentes. É grande também a quantidade encontrada de preparações e produtos desconhecidos com rótulos que não indicam a composição química exata da preparação, ou que estão inelegíveis ou são inexistentes porque se soltaram dos frascos durante a estocagem prolongada e sob condições de insolação ou umidade acentuadas. Além desses materiais é comum deparar-se com solventes orgânicos halogenados contaminados, éteres velhos formadores de peróxidos explosivos, misturas complexas resultantes de reações químicas contendo metais pesados tóxicos, etc. Essas duas situações opostas e igualmente inadequadas de descarte indiscriminado ou de estocagem sem critério e planejamento podem conduzir a situações de risco, com possibilidades de incêndios, explosões, derramamentos e contatos acidentais com soluções corrosivas e tóxicas, exposições a gases e vapores tóxicos, calor excessivo, entupimentos e avarias nas redes de esgotamento sanitário, com danos muitas vezes irreversíveis à vida humana, ao patrimônio ou ao meio ambiente (FIGUERÊDO, 2006). Esse descaso é paradoxal na medida em que o ensino associado às boas práticas de gestão ambiental é um dever inerente às instituições acadêmicas e de pesquisa. Estas são responsáveis pela formação de profissionais conscientes e responsáveis que devem estar devidamente preparados para se engajarem no modelo do desenvolvimento sustentável, onde se planeja qualquer processo ou atividade em função do uso racional, seguro e ambientalmente adequado dos diversos recursos e tecnologias existentes. Essa realidade complexa aliada à missão intrínseca de educar com ética aponta para a necessidade premente de implantação de programas de gestão de materiais residuais perigosos por parte das instituições de ensino e de pesquisa do País. Os benefícios auferidos com a implantação de um programa de *Engª Química e mestre em Saneamento e Meio Ambiente. Engª Química do Centro Tcnológico de Minas Gerais - CETEC. Conselheira do CRQ/MG e professora universitária. gestão se traduzem na melhor visibilidade da instituição quanto à sua responsabilidade social e ambiental, na contribuição à formação de novos e acertados hábitos associados à cultura do não desperdício, na diminuição dos riscos de exposição a produtos perigosos e na melhoria das condições de trabalho, na redução de gastos e, por fim, no correto atendimento às normas e exigências legais. 2 Objetivo e Hierarquia da Gestão A Agenda 21, firmada na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - ECO-92, no Rio de Janeiro, reconhece em seu Capítulo 20, que o controle dos resíduos perigosos do berço ao túmulo, ou seja, da geração até a disposição final é de extrema importância para a saúde do homem, a proteção do meio ambiente, o manejo dos recursos naturais e o desenvolvimento sustentável. Consoante com esta afirmação, o objetivo geral da gestão de materiais residuais perigosos é “impedir, tanto quanto possível e reduzir, ao mínimo, a produção de materiais residuais perigosos, e submeter esses materiais residuais a um manejo que impeça danos ao meio ambiente”. Observa-se nessa definição a consideração de um dos principais princípios do direito ambiental, o Princípio da Prevenção e Precaução, na medida em que o prioritário é lançar mão de estratégias que buscam minimizar a geração do material residual na fonte, como parte de um enfoque mais amplo de mudança nos padrões de consumo, racionalização do uso de recursos e substituição de processos poluidores por tecnologias limpas. A segunda prioridade é verificar se os materiais residuais inevitavel39 mente gerados podem ser reaproveitados na própria instituição ou no meio externo. Apesar de não reduzir a geração do material na fonte, a estratégia de reaproveitamento dos resíduos é importante, na medida em que permite converter resíduos em materiais úteis e reintegrá-los a um ciclo econômico, obtendo economia de recursos materiais e financeiros e reduzindo a quantidade de rejeitos enviada para tratamento e disposição final. Esgotadas as possibilidades de reaproveitamento dos resíduos, esses passam a se caracterizar como rejeitos, devendo sofrer tratamento interno para redução do seu volume e/ou toxicidade. Se não for possível eliminar a carga poluidora dos rejeitos na própria instituição geradora, parte-se para as opções de tratamento externo disponíveis no mercado. A ultima etapa na hierarquia do gerenciamento é realizar a disposição final dos rejeitos de forma a não sujeitar o ambiente e a sociedade a riscos indesejáveis. A FIG. 1 ilustra a hierarquia desejada no gerenciamento de mate- riais residuais perigosos. No passado a ênfase das condutas ambientais se apoiava majoritariamente na crença de que os recursos atmosféricos, hídricos e o próprio solo teriam uma capacidade ilimitada de autodepuração dos resíduos não havendo assim preocupação nem com a reutilização dos materiais gerados e, muito menos, com a redução da geração na fonte. Hoje, sabe-se que poluição é desperdício de matérias-primas e insumos, ou seja, ineficiência do processo, recursos financeiros e materiais perdidos e uma ameaça à sustentabilidade do Planeta. 3 Minimização de Materiais Residuais Segundo a Environmental Protection Agency – EPA, minimização significa qualquer ação que reduza a quantidade ou a toxicidade dos materiais residuais gerados antes de um eventual tratamento para disposição final. Inclui as estratégias de redução na fonte e de reaproveitamento de resíduos. A redução na fonte, conhecida como prevenção da poluição (ou P2), é a estratégia prefe- rencial na medida em que elimina ou reduz a FIGURA 1 – Hierarquia do gerenciamento de materiais residuais perigosos 40 geração do material residual na própria fonte geradora (EPA, 1990; BATTELLE, 1996). A estratégia de redução na fonte pode ser conduzida mediante melhorias na gestão de materiais e das atividades e processos laboratoriais. Como forma de garantir o sucesso contínuo de um programa de gestão de resíduos, o National Research Council dos EUA (NRC, 1983) recomenda que se faça o planejamento de novas atividades a partir das seguintes indagações: • O experimento ou ensaio vai produzir um resíduo perigoso agudo? • Há possibilidade de substituir um reagente (ou solvente) perigoso por outro menos nocivo ou de disposição mais fácil? • Existe um método equivalente com menor periculosidade para realizar o experimento? • Os materiais residuais gerados poderão ser recuperados para reuso? • Os materiais poderão ser destruídos por procedimentos usuais de laboratório? • Os materiais residuais requerem algum tipo de disposição final onerosa ou não usual? Além do planejamento dos experimentos, com substituição de métodos e reagentes perigosos por outros menos perigosos, a EPA (1990), Reinhardt (1995) e ACS (2002) recomendam a adoção das seguintes práticas para reduzir a geração de resíduos na fonte: centralizar e padronizar as compras produtos químicos, reduzir a diversidade de produtos químicos usados, fazer previsões mais acuradas da demanda de produtos químicos e outros recursos, implantar e controlar o inventário de produtos químicos e de materiais residuais, encorajar fornecedores a se tornarem parceiros responsáveis, au- mentar o uso de instrumentação e reduzir a escala dos experimentos. Na impossibilidade de ser substituído o método ou produto químico perigoso por alternativas menos perigosas, deve-se fazer previsões de custo e de prazo nos projetos e serviços para manejar e destinar adequadamente os materiais residuais gerados nos experimentos e ensaios (FIGUERÊDO, 2006). Na hierarquia da gestão, a segunda prioridade é viabilizar o reaproveitamento de resíduos. Resíduos são materiais remanescentes de doações, almoxarifados, processos, ensaios, atividades, e que apresentam um potencial de reaproveitamento, seja por reuso, na forma em que foram gerados, ou por reciclagem e recuperação, mediante tratamento prévio. Assim, o reaproveitamento é aqui entendido como qualquer ação que resgata o resíduo para uso, com ou sem tratamento, eliminando ou reduzindo a quantidade de material a ser enviada para disposição final. Quando o reaproveitamento não for viável dentro da própria instituição, pode-se considerar a opção de doação ou permuta com outras instituições. O reaproveitamento pode ocorrer na forma de redistribuição automática de produtos químicos excedentes, reutilização de resíduos para usos menos nobres, reciclagem ou recuperação de reagentes e de metais preciosos, reciclagem de solventes por destilação e de reaproveitamento de resíduos em atividades didáticas casadas, entre outras. Uma experiência interessante é a implantação de uma Bolsa de Resíduos através de um mecanismo onde os produtos residuais inventariados e doados são orçados pelo fornecedor – parceiro responsável - como produtos químicos de segunda linha. O doador informa à instituição recep- tora o ganho financeiro que a mesma passou a usufruir e relata à Alta Direção da instituição a que pertence a perda de recurso financeiro em função da ineficiência do seu processo de gestão. 4 O Inventário: Ponto de Partida do Programa de Gestão Somente se gerencia aquilo que se conhece. Portanto, o ponto de partida para o Programa é implementar o inventário de fontes, ou seja, conhecer melhor a etapa de geração, caracterizando o perfil de cada atividade poluidora e relacionando qualitativa e quantitativamente os resíduos gerados pela fonte. O inventário de materiais residuais, por sua vez, lida com ativos e passivos ambientais. O inventário do passivo ambiental tem como objetivo identificar o material residual que foi gerado, acumulado e armazenado em tempos passados, para o qual não se teve na época soluções de tratamento e descarte adequados. A existência deste tipo de herança é altamente problemática, pois grande parte deste passivo costuma ser de natureza química desconhecida, em virtude da perda ou deterioração de rótulos e mesmo de rotulagem inadequada, dificultando e onerando a disposição final destes materiais. O inventário do ativo ambiental visa identificar o material residual que está sendo gerado em atividades correntes e cuja acumulação e armazenamento ocorrem segundo procedimentos rotineiros e usuais. Uma vez que o programa esteja em curso na instituição, não mais se admite a existência de passivos, e o gerenciamento se torna então um trabalho para gestão dos ativos ambientais. Na fase do inventário é que é feita a caracterização do material residual. As informações básicas para carac- terizar o material são: composição química, estado físico, perigos e riscos, classe de segregação, condição de uso (parcialmente usado ou selado), validade, ativo ou passivo, resíduo ou rejeito, quantidades geradas, movimentadas e estocadas, fonte geradora, setor, laboratório e nome do responsável pela geração, local de armazenamento (FIGUERÊDO, 2006). Estas informações permitem identificar as condições de reaproveitamento daquele material, sua rastreabilidade e as propriedades que podem causar danos ao homem e ao meio ambiente. A norma ABNT NBR 10.004: 2004 e as fichas de informação de segurança de produtos químicos – FISPQ auxiliam na identificação dos perigos associados aos resíduos químicos produzidos em laboratórios. 5 Manejo de Materiais Residuais O manejo é entendido como a ação de gerenciar os resíduos e rejeitos, em seus aspectos intra e extrainstituição, desde a geração até a disposição final, incluindo as etapas de segregação na fonte, acondicionamento, identificação, transporte interno, armazenamento temporário, tratamento interno, descarte, transporte externo e disposição final. Os materiais residuais inevitavelmente gerados e previamente inventariados devem ser submetidos a um manejo que permita reaproveitar resíduos para uso e destinar adequadamente os rejeitos no ambiente. Para isso, a instituição deve estabelecer um sistema de manejo que possibilite, com procedimentos pré-estabelecidos: a) realizar uma segregação detalhada no local e no momento da geração, de acordo com as características físicas, químicas e biológicas, estado físico e riscos envolvidos. A primeira etapa é identificar se o ma41 terial gerado é um resíduo ou rejeito, perigoso ou não perigoso. O resíduo é passível de reaproveitamento, com ou sem tratamento. Deste modo, a unidade geradora deve decidir se há interesse em reaproveitar este material. Caso negativo, o resíduo deve ser encaminhado para uma central institucional para ser distribuído para outros setores da instituição ou para outras instituições. O rejeito, por sua vez, é material inservível e, no caso de ser perigoso, deve ser tratado antes da disposição final, enquanto que os não perigosos podem ser descartados no ambiente observando a legislação pertinente; b) efetuar o acondicionamento em embalagens de material durável, resistente à ruptura e vazamento e compatível com a natureza química dos materiais acondicionados. Sempre que possível, deve-se evitar o uso de recipientes grandes no laboratório. Entretanto, se as taxas de geração de resíduo são elevadas, pode-se utilizar bombonas de 10-15 L. Para volumes superiores a 10 L, as embalagens plásticas são preferíveis, exceto quando houver incompatibilidade com o material residual; c) prover a correta identificação dos materiais residuais de modo a permitir o reconhecimento dos constituintes contidos nas embalagens e fornecer informações ao correto manejo dos materiais. Rótulos e etiquetas inadequados, com grafia ilegível ou mal conservados, devem ser sistematicamente evitados. Para isso é necessário não só identificar claramente o conteúdo do recipiente, sua periculosidade e o nome e telefone do gerador, mas também assegurar condições ambientais e operacionais apropriadas para a contínua manutenção da qualidade original dos rótulos e etiquetas, evitando a geração dos indesejáveis 42 e perigosos rejeitos de natureza desconhecida; d) realizar o transporte interno dos materiais residuais dos pontos de geração até os locais destinados ao armazenamento temporário; e) garantir o armazenamento temporário e seguro de materiais residuais nos entrepostos locais próximos aos pontos de geração de cada laboratório e em um entreposto institucional, onde os materiais dos diversos setores geradores devem ser reunidos de forma organizada para permitir o seu reaproveitamento através de uma Bolsa de Resíduos ou a sua acumulação para tratamento e disposição final. É necessário manter as substâncias químicas incompatíveis separadas, dispor de procedimentos e mecanismos que assegurem o controle do fluxo destes materiais e inspecionar periodicamente as áreas de estocagem; f) efetuar o tratamento dos materiais residuais no laboratório gerador e/ou numa central institucional, de forma a viabilizar o reuso dos resíduos e reduzir o volume e a toxicidade dos rejeitos antes da destinação final. O tratamento pode ser feito através de métodos químicos, físicos, térmicos e biológicos. A neutralização, a precipitação química e a oxi-redução são os métodos mais freqüentemente utilizados para tratar as correntes inorgânicas, enquanto que as orgânicas podem ser reaproveitadas através da destilação de solventes ou tratadas por oxi-redução; g) proceder ao descarte interno dos rejeitos líquidos não perigosos na rede de esgotamento sanitário e dos sólidos no lixo comum, desde que a operação de descarte seja realizada com conhecimento técnico, procedimentos pré-estabelecidos e conduzida segundo a legislação ambiental vigente; h) contratar os serviços de transporte externo dos rejeitos pré-tratados ou in-natura até a unidade de tratamento e disposição final. Os rejeitos devem ser manejados de acordo com as exigências das empresas de tratamento externo e observando os decretos e regulamentos do Ministério dos Transportes que definem os cuidados, a sinalização de risco, a rotulagem e o tipo, tamanho e forma das embalagens apropriadas para transporte de carga perigosa; i) contratar os serviços externos de tratamento e disposição final. O tratamento térmico, em incineradores e fornos de clínquer, e a disposição final em aterros classe I são os métodos normalmente aplicados aos rejeitos perigosos de laboratórios. A FIG. 2 ilustra as etapas de um sistema de manejo de materiais residuais. 6 Considerações Finais Para catalisar a implementação de um programa de gestão coloca-se como condição fundamental o apoio de organismos governamentais, no sentido de induzir nas esferas federal, estadual e municipal, políticas, planos de ação e regulamentação específica que facilitem a gestão de substâncias químicas e materiais residuais perigosos em instituições de ensino e de pesquisa. A importância desse apoio estratégico foi amplamente discutida no Encontro Nacional de Segurança em Química, realizado em Niterói / RJ, em fins de 2004. O Editorial da Revista Química Nova divulgou as recomendações desse evento na intitulada “Carta de Niterói” (GERBASE et al, 2005), transcritas abaixo: • “Que sejam alocados fundos e lançados editais específicos para ges- REFERÊNCIAS AMERICAN CHEMICAL SOCIETY. Less is better: guide to minimizing waste in laboratories. Washington, 2002. Disponível em: <http://siri.org/library/less_is_better.html>. Acesso em: 04 out. 2004. BATTELLE SEATTLE RESEARCH CENTER. Laboratory waste minimization and pollution prevention: a guide for teachers. Seattle, 1996. Disponível em:<http://www. seattle. battelle.org / Services/ES/ p2labman/ch01.htm >. Acesso em: 31 jan. 2005. ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY - EPA. Guides to pollution prevention: research and educational institutions. Cincinnati; 1990. 48 p. FIGUERÊDO, D.V. Manual para Gestão de Resíduos Perigosos de Laboratório de Instituições de Ensino e de Pesquisa. Belo Horizonte: CRQ-MG, 2006. 364 p. FIGURA 2 – Fluxograma do manejo de materiais residuais perigosos Fonte: FIGUERÊDO, 2006. tão ambiental e gerenciamento de resíduos perigosos nas instituições de ensino e pesquisa. • Que se crie um grupo de trabalho de especialistas para propor normas de segurança em química para as instituições de ensino e pesquisa. • Que se crie um grupo de trabalho de especialistas para estruturar o gerenciamento dos resíduos perigosos visando o futuro licenciamento ambiental nas instituições de ensino e pesquisa. • Que se inclua como critério de qualidade para fins de avaliação por parte do MEC e da CAPES, a existência, ou projeto em implantação, de programa de gestão de resíduos perigosos em cursos de graduação e pós-graduação das instituições de ensino e pesquisa”. GERBASE, A. et al. Gerenciamento de resíduos químicos em instituições de ensino e pesquisa. Química Nova, São Paulo, v. 28, n. 1, jan./fev. 2005. (Editorial) NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Committee on the Hazardous Substances in the Laboratory. Prudent practices for disposal of chemicals from laboratories. Washington: National Academy Press, 1983. 282 p. REINHARDT, P. A.; LEONARD, K. L.; ASHBROOK, P. C. Pollution prevention and waste minimization in laboratories. Michigan: Lewis Publishers, 1995. 43 Requisitos de identidade e qualidade da Cachaça Maria das Graças Cardoso* Tipicamente brasileira, a cachaça é o destilado de cana mais consumido no País. A bebida é obtida do caldo de cana fermentado e recebe várias denominações como: caninha, águade-cana, perigosa, pinga, danada, dengosa, moça branca e outras, variando de acordo com a região do País. Foi e ainda é cantada em versos e prosas, em marchinhas carnavalescas ou em outros estilos musicais. Tornou-se popular desde a época do Brasil colônia. Nos últimos dez anos, a cachaça dei *Doutora em Química e professora do Departamento de Química da Universidade Federal de Lavras – UFLA. xou de ser apenas uma bebida de botequim, das classes mais pobres e passou a ser consumida em bares e ambientes mais sofisticados, ganhou um estilo mais nobre. O drinque caipirinha está hoje nos cardápios de bares e restaurantes de vários países. Essa importância no contexto econômico, as exigências advindas do mercado da cachaça, inclusive com a exportação aos países da Europa, Japão e Estados Unidos, juntamente com a crescente preocupação em proteger o consumidor, demandam uma melhor qualidade do produto fabricado e seu permanente controle. Segundo a Associação Brasileira de Bebidas (ABRABE), estima-se que a produção nacional encontra-se em torno de 1,5 bilhões de litros por ano. O estado de São Paulo é o maior produtor da bebida industrial e Minas Gerais o quinto produtor nacional e o mais especializado em cachaças artesanais. No cenário internacional, a bebida se destaca como o terceiro destilado mais consumido do mundo. Dados do Sebrae (2002) mostram que as exportações em 2001 fecharam em US$ 8,5 milhões, o que corresponde a 11 milhões de litros da bebida. Para 2010, a meta é que as exportações cheguem a US$100 milhões. A cachaça pode ser produzida utilizando colunas ou torres de destilação, cujo processo é denominado industrial ou ainda em alambique de modo artesanal, onde são utilizados tradicionalmente alambiques de cobre, tendo em vista que esses favorecem a qualidade da bebida, pois acredita-se que o cobre atue como catalisador de importantes reações que ocorrem durante a destilação, quando a bebida é destilada em pequena quantidade. O processo de produção da cachaça artesanal envolve uma série de detalhes especiais espalhados por todo o processo, desde a escolha do tipo de cana, passando pela época certa da colheita, tempo de moagem, ingredientes e tempo de fermentação, forma de destilação e barris para o envelhecimento, até o engarrafamento. A diferença destes processos está na etapa de destilação. Na destilação em alambique é realizada a separação da fração inicial (cabeça) e da final (cauda), utilizando somente o "coração" do destilado, permitindo que a bebida de alambique seja rica em componentes secundários favoráveis ao aroma e ao sabor. O corte correto das frações permite um ajuste adequado desses componentes. Já na produção da cachaça industrial, destilada em coluna, não há cortes das frações mencionadas. O aprimoramento da produção com o controle da fermentação por meio de linhagens de leveduras selecionadas levou à melhor padronização da cachaça. O mercado produtor mineiro de cachaça privilegia a qualidade e o sabor, justificando a crescente produção artesanal em detrimento da industrial. Apesar do processo ser mais trabalhoso e demorado, garante a tradição da me- lhor cachaça do País e, conseqüentemente, do mundo. A maioria dos compostos presentes na cachaça é formada no processo de fermentação, necessitando de um controle adequado das etapas, envolvendo assepsia dos equipamentos, utilização de leveduras selecionadas, controle de pH e temperatura do mosto e ajuste do grau Brix (CARDOSO et al., 2006). As cachaças recém destiladas não estão prontas para o consumo devido à presença de várias substâncias como o acetaldeído, uma substância de aroma pungente que irrita a mucosa nasal. É necessário que seja maturada (três a seis meses) em recipiente próprio e, pelo menos em parte, envelhecida (um a três anos) em recipiente de madeira. Neste período, alguns procedimentos naturais permitem ajustar a composição e apurar o sabor e o aroma da bebida. O processo de maturação corresponde a um período de armazenamento suficiente para suavizar, “amaciar” o aroma e o sabor da cachaça. O envelhecimento é uma etapa importante da produção da bebida, porém não é obrigatória. A madeira é uma matriz ideal para o envelhecimento da cachaça, pois permite uma disponibilidade lenta de oxigênio, ocorrendo reações químicas e incorporando diversas substâncias, como os fenóis, ésteres, óleos voláteis, açúcares, substâncias tânicas, pigmentos e compostos inorgânicos, que influenciam na cor, odor, sabor e adstringência, formando, assim, um “buquê” especial. A madeira tradicionalmente empregada na fabricação dos barris para o envelhecimento da cachaça é o carvalho, por ser utilizado mundialmente no envelhecimento de outras bebidas, como uísque, conhaque, vinho etc. A busca de madeiras nacionais para o envelhecimento desta bebida está sendo realizada por vários pesquisadores da área devido ao fato do alto custo do carvalho que é uma madeira nativa do Hemisfério Norte. O controle de qualidade da cachaça é essencial devido à busca de um produto padronizado, com qualidade química e sensorial. De acordo com o Decreto n° 4851, de 02/10/2003 (BRASIL, 2003), definiu-se que: Aguardente de cana - é bebida com graduação alcoólica de 38% a 54% em volume, a 20ºC, obtida do destilado alcoólico simples de canade-açúcar ou pela destilação do mosto fermentado de cana-deaçúcar, podendo ser adicionada de açúcares até 6 gramas/litro. A aguardente de cana envelhecida refere-se à bebida que contiver, no mínimo, 50% de aguardente de cana envelhecida em recipiente de madeira apropriado, com capacidade máxima de 700 litros, por um período não inferior a um ano. Cachaça – é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38% a 48% em volume, a 20ºC, obtida pela destilação do mosto fermentado de canade-açúcar com características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada de açúcares até 6 gramas/litro, expressos em sacarose De acordo com a Instrução Normativa nº 13, de 30 de junho de 2005 (BRASIL, 2005), os Padrões de Identidade e Qualidade (PIQ) para aguardente de cana-de-açúcar e cachaça, estabelecidos pela legislação brasileira, envolvem a determinação de teores de aldeídos, álcoois superiores, ésteres, metanol dentre outros. Atualmente, a bebida deve atender aos requisitos mostrados na 45 quantidades máximas permitidas de alguns contaminantes anteriormente não mencionados, como carbamato de etila, acroleína, álcool sec-butilíco, álcool butílico, chumbo e arsênio. O prazo máximo para adequação e controle dos contaminantes da aguardente é até 2008, com exceção do carbamato de etila que é até 2010. Com o aumento das exportações e com o maior grau de exigência dos consumidores, pesquisas têm sido realizadas em toda a cadeia produtiva da cachaça: seleção de variedades de cana-de-açúcar, aspectos fermentativos, seleção de cepas de leveduras, aperfeiçoamento do processo de destilação, escolha de madeiras para envelhecimento do produto, e determinação das análises visando obter uma padronização para o produto, conferindo melhores características sensoriais à bebida. REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto n.4851 de 02 de outubro de 2003. Dispõe sobre a padronização, a classificação, o registro, a inspeção, a produção e a fiscalização de bebidas. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, Seção IV, Art. 91,92. BRASIL. Leis, decretos etc. Instrução Normativa nº 13 de 29 de junho de 2005. Diário Oficial da União. Brasília, 30 de junho de 2005. CARDOSO, M. das G. Produção Artesanal de Aguardente. Lavras: UFLA/FAEPE, 2006. TAB. 1. Os principais compostos responsáveis pelo sabor e aroma da bebida são os aldeídos, ésteres e álcoois superiores, porém quando em excesso são responsáveis por vários distúrbios como cegueira, ressaca do dia seguinte, entre outros. Os álcoois superiores de cadeia longa também 46 devem ser evitados devido ao seu aspecto oleoso que deprecia a qualidade do produto final. Devido à sua alta toxicidade, o metanol presente na bebida, por processo oxidativo, causa acidose no sangue podendo levar ao coma e até à morte. De acordo com a instrução citada acima, foram também definidas Colaboração Ana Maria de Resende Machado doutoranda – DCA/UFLA Felipe Cimino Duarte – mestrando – DCA/UFLA Jeancarlo Pereira dos Anjos - graduando/Química - UFLA Lidiany Mendonça Zacaroni – mestranda – DQI/UFLA DESENVOLVIMENTO DE ANTI-SÉPTICO PARA SANITIZAÇAO DE ESCOVAS DENTAIS Vitor Hugo Fernandes1 Marina Rabelo Cândido1 Sandra Matias Damasceno2 RESUMO As escovas dentais utilizadas pela grande maioria da população mundial estão sujeitas ao crescimento de microrganismos, proporcionado pelas diferentes formas de higienização e de armazenamento. Portanto, o presente projeto objetiva, através das análises microbiológicas, ressaltar a relação existente entre os microrga- 1Aluno do DEQ/FACIT 2Professora do DEQ/FACIT - Departamento de Engenharia Química - Faculdade de Ciência e Tecnologia nismos detectados nas escovas dentais e as possíveis doenças provocadas por essas bactérias e fungos. Propõe-se ainda o desenvolvimento de um Anti-Septico para Escovas Dentais. Por fim, objetiva alertar a população sobre a importância da higiene pessoal e o acondiciona47 mento adequado, diminuindo, portanto, a contaminação dessas escovas e a comum reincidência de doenças bucais. ABSTRACT The toothbrushes used by most of the world population are subject to the growth of microorganisms, due to the different forms of hygiene and stocking. Therefore, this work aims at, though microbiological analyses, emphasizing the existent relationship between the microorganisms which were detected in the toothbrushes and the possible diseases provoked by these bacteria and fungi. It is also proposed the development of an antiseptic for toothbrushes. At last, it aims at warning the population about the importance of personal hygiene and adequate stocking, decreasing, thus, the contamination, of these brushes and the common reincidence of mouth diseases. OBJETIVOS O presente trabalho teve por objetivo verificar, através de análises microbiológicas, a presença de microorganismos nas escovas dentais em uso. Por meio dos resultados destas análises microbiológicas qualitativas e quantitativas das escovas dentais, objetivou-se levantar dados estatísticos e a partir destes alertar a população sobre a importância da higiene pessoal ressaltando a relação existente entre os microorganismos detectados nas escovas e as doenças provocadas por meio deles. Com base nos testes preliminares realizados pela equipe, que comprovaram a presença de microorganismos patogênicos nas escovas dentais, propôs-se, também, o desenvolvimento de um anti-séptico de baixo 48 custo a fim de diminuir a carga microbiana das escovas dentais em uso, e, conseqüentemente, a proliferação da laringite, faringite, gengivite, desmineralização dos dentes, entre outras doenças também causadas pelo desequilíbrio da microbiota bucal. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Aspectos microbiológicos bucais A boca é um órgão riquíssimo em microrganismos. Calcula-se que a saliva contenha mais de 750 milhões destes e o sulco gengival mais de 250 milhões. Os Streptococcus são os mais populosos do grupo coccus Grampositivo na boca, sendo o tipo predominante o Strptococcus virians, que apresenta grande importância no povoamento desta. Povo- ada por microrganismos, a boca passa a ser sede de um ecossistema: microrganismo/substrato. A saliva atua de várias formas na boca. Como elemento umidificador da mucosa, como elemento de defesa através de secretores e enzimas antibacterianas. Também possui enzimas que atuam em vírus, neutralizando-os. Por isso são tão dificilmente encontrados nas escovas dentais. É através da boca, principalmente da saliva, que microrganismos são introduzidos no organismo humano, provocando com este contato a produção de anticorpos contra estes microrganismos. Isto pode ocorrer através das gotículas de saliva expelidas durante a fala, espirro, beijo etc. Contudo, em alguns momentos a saliva ao invés de auxiliar na defesa no meio bucal, acaba atrapalhando, pois ao entrar em contato com as escovas dentais, impregnam nas mesmas que em contato comum meio escuro e úmido, proliferam os microrganismos, antes presentes na boca, que ao retornar a boca causam vários danos à saúde bucal do individuo. Objetivos da microbiologia Se você olhar em qualquer direção, verá sinais do trabalho microbiano. As bactérias absorvem nitrogênio do ar e ajudam plantas a crescer. As bactérias e os fungos degradam resíduos, tais como plantas mortas, óleos de derramamentos, despejos de esgoto e restos de alimentos. Produção de alimentos, de drogas e de outros derivados industriais, freqüentemente utilizam os microorganismos ou seus produtos. Os microorganismos são, portanto, o grupo de organismos mais amplamente distribuído na Terra. Observe-se em um espelho e você verá um local contendo aproximadamente 100 trilhões de microorganismos. Eles estão em sua pele e cabelo, no tártaro de seu dente, ao longo de seu intestino e também nas superfícies do seu corpo. Cada grama de fezes excretado pelo intestino contém 10 bilhões de microorganismos, que são rapidamente substituídos por outros. Nenhum outro organismo tem a habilidade de alterar quimicamente as substancias de varias maneiras como os microorganismos. As alterações químicas causadas pelos microorganismos são chamadas de reações bioquímicas porque envolvem organismos vivos. Algumas dessas reações bioquímicas são as mesmas que ocorrem em outras formas de vida, inclusive o homem. Tais similaridades, aliadas à conveniência de estudar os microorganismos, tornam-nos importantes ferramentas para a pesquisa. Químicos, fisiologistas, geneticistas e outros freqüentemente utilizam os microorganismos para explorar os processos fundamentais da vida. estuda as relações entre os microorganismos e seus ambientes, é um tópico muito amplo, envolvendo ciências básicas e aplicadas. Os fatores que governam essas relações são universais e se aplicam tanto à boca humana, quanto a um oceano ou ao rúmen do gado. Apenas recentemente os conceitos e teorias ecológicas foram aplicados ao crescimento das bactérias dentro da cavidade oral, mas alguns dos seus aspectos, aderência, por exemplo, foram intensamente estudados pelos microbiologistas orais. Aplicar conceitos ecológicos á microbiota oral permite aos microbiologistas explicarem as alterações que ocorrem nessa microbiota e ajudam a entender doenças como a carie, que envolvem a placa dentaria e a emergência de bactérias potencialmente patogênicas. Bactérias nos Ecossistemas Orais A microbiologia esta relacionada com todos os aspectos dos microorganismos: sua estrutura, nutrição, reprodução, genética, atividade bioquímica, classificação e identificação. Ela estuda sua distribuição e atividades na natureza, sua relação com os outros organismos e sua habilidade de causar alterações físicas e químicas no ambiente.O estudo dos microorganismos busca uma compreensão de como eles afetam a saúde e o bem-estar de toda vida na Terra. Ecologia oral Ecologia microbiana oral – Manutenção de um equilíbrio saudável entre a microbiana oral e o hospedeiro – Mudanças no ambiente oral conduzindo á placa patogênica – Manipulação do ambiente para restaurar um equilíbrio saudável entre a placa e os tecidos hospedeiros A ecologia oral microbiana, que A cavidade oral dos humanos e de muitos outros animais suporta uma microbiota complexa, que reflete a diversidade dos habitats e dos ecossistemas localizados. As microbiotas mais complexas são encontradas em humanos (tabela I), primatas não-humanos, gado, gatos e cães, ao passo que a microbiota oral dos roedores, como ratos e camundongos, é relativamente simples. O crescimento de bactérias dentro da cavidade oral ocorre em vários habitats e condições nutricionais locais, ficando expostas aos agentes antibacterianos da saliva, elementos do sistema imune do hospedeiro e fatores externos como a dieta alimentar, higiene oral e fluoretos. Todavia, tanto quanto se sabe, sob condições normais, os animais possuem microbiotas orais relativamente estáveis, cada uma com misturas de gêneros e espécies representantes do hospe49 deiro. Portanto, a microbiota oral dos primatas não-humanos é muito similar à dos humanos. Na definição dos diferentes habitats da cavidade oral, é importante reconhecer que as dimensões físicas de um habitat não possuem nenhum limite específico. Toda cavidade oral, uma superfície oclusal do dente ou até mesmo uma área definida na superfície oclusal podem ser consideradas um habitat. Geralmente, estes últimos habitats, junto com suas características fisiológicas, são chamados de microambientes. Na microbiologia oral, as mudanças na microbiota de um habitat como a boca, podem indicar, por exemplo, pacientes com risco de cáries, ao passo que mudanças nos microambientes da superfície do dente podem identificar superfície com risco de doença. ECOLOGIA ORAL E A CÁRIE DENTÁRIA A microbiota normal dos habitats orais A maioria encontrada regularmente num determinado habitat em uma pessoa saudável geralmente é chamada de microbiota normal do habitat e está associada à saúde. De acordo com esta definição, a microbiota normal pode ocorrer em um habitat saudável de um hospedeiro que sofre de uma doença que não afeta aquele habitat. Portanto, uma pessoa com infecção em qualquer lugar do corpo pode ter uma microbiota oral normal, ou os microambientes dentro da boca do indivíduo podem suportar uma microbiota normal, ao passo que em outros habitats orais apresentando evidência de doença, a microbiota será diferente. Essa ultima situação pode ocorrer com lesões cariosas, onde a microbiota associada à lesão será anormal. Entretanto, algumas doenças sistêmicas também podem in50 fluenciar a microbiota de habitats da boca, como, por exemplo, os pacientes com diabetes podem apresentar um número maior de bactérias anaeróbicas nas bolsas gengivais. Supõe-se que as bactérias presentes na saliva sejam aquelas que são removidas de diferentes superfícies da boca. Portanto a microbiota da saliva pode representar um apanhado geral das bactérias presentes na boca de um indivíduo. Isto é utilizado na microbiologia oral, quando a contagem de bactérias específicas na saliva pode ser relacionada à extensão da colonização pelo microorganismo e o risco de doença. A contagem de S. mutans, estreptococos do grupo mutans e Lactobacillus foi utilizada dessa forma para determinar o risco de cáries nos humanos. No início achou se que a saliva não serviria como fonte de nutrição para as bactérias. Todavia, foi mostrado que bactérias orais, particularmente alguns estreptococos e certos anaeróbicos, podem metabolizar componentes da saliva e, conseqüentemente, esses microorganismos podem crescer livres das superfícies na saliva In vivo. Entretanto, não se sabe se a saliva oferece um único habitat para qualquer espécie de bactéria oral. Os microorganismos regu- lar- mente isolados da saliva são mostrados na tabela I. Odontopatógenas na microbiota oral A microbiota oral inclui bactérias que, sob certas condições ambientais, provocarão desmineralização do esmalte e das superfícies da raiz, portanto promoverão lesões cariosas em humanos. Geralmente, essas bactérias podem ser divididas em dois grupos, patógenos principais, fortemente ligados às cáries, e as bactérias que são encontradas junto com os patógenos principais na microbiota das lesões iniciais e dentina cariosa. Além dessas bactérias, percebeu se que em áreas protegidas por bandas ortodônticas modificadas, os componentes da microbiota normal podem provocar a desmineralização inicial dos dentes. Incluídas no grupo dos patógenos, estão as bactérias associadas às lesões de cáries em humanos e que também produzem lesões cariosas em animais experimentais. As mais importantes estão incluídas no grupo dos “estreptococos mutans”. Este grupo inclui sete espécies (tabela II), embora duas delas, S mutans e S. sobrinus sejam as que estão mais associadas com as cáries em humanos. As outras espécies são encontradas em animais, ou se presente em humanos, não são altamente cariogênicas. Sabe se menos sobre a relação do S. sobrinus com as cáries em humanos do que sobre as dos S. mutans e foi apenas recentemente que as antigas espécies foram distinguidas dessas últimas em estudos sobre as cáries humanas. O segundo gênero que está associado às cáries é a dos lactobacilos, que normalmente são isolados da dentina cariosa, que pode ser o seu principal habitat na boca. Não tem sido tomado tanto cuidado em especificar os lactobacilos das caries em comparação com os estreptococos e não se pode fazer a associação de uma ou mais espécies de lactobacilos com as lesões de caries; entretanto, as espécies apresentadas na tabela II podem ser isoladas da dentina cariosa e das lesões cariosas iniciais. Manutenção de um equilíbrio saudável entre a microbiota oral e o hospedeiro A composição da microbiota oral e da microbiota associada a hábitat particularmente depende do ambiente oral e do ambiente externo. O desenvolvimento de comunidades de bactérias orais é influenciado por inúmeros fatores, que podem ser classificados como diretamente associados ao hospedeiro, os externos ao hospedeiro e os associados à comunidade bacteriana. O impacto destes fatores na microbiota e um habitat podem ser tal que os tecidos orais permaneçam saudáveis, ou diferenças em um ou mais desses fatores podem levar as comunidades bacterianas com potencial patogênico. No individuo saudável, o equilíbrio entre o ambiente da cavidade oral do hospedeiro e a microbiota residente é ótimo tanto para os tecidos do hospedeiro quanto para as comunidades bacterianas. Fatores do hospedeiro As superfícies dos dentes incluindo as raízes expostas fornecem um habitat ideal para as comunidades bacterianas. Isto é particularmente verdadeiro pára as regiões dos dentes (interproximal, subgengival) que são protegidas das desrupção física das forças de cisalhamento e fluxo salivar, abrigando maiores concentrações de bactérias. As superfícies dos dentes naturais não parecem diferir grandemente das dos materiais restauradores, tais como compósitos, amálgama ou ionômero de vidro, como locais para a colonização pelas bactérias orais. A saliva tem função importante na manutenção do equilíbrio apropriado dentro do ecossistema associado às superfícies dos dentes. Este equilíbrio é muito importante na etiologia das caries, visto que a saliva aumentará a capacidade de algumas bactérias de sobreviverem e reduzirá a competitividade de outras. A saliva consegue este controle sobre a microbiota oral através de seus componentes, que podem estar constantemente presentes ou serem resultantes de uma resposta especificando hospedeiro. Fatores externos ao hospedeiro Pode-se dizer que a dieta alimentar pode influenciar de três formas na composição química do alimento, de sua consistência física e da freqüência de ingestão. Componentes com alto peso molecular, como grãos vegetais e proteínas podem não ser degradados ou podem ser degradados tão lentamente durante sua curta permanência dentro da cavidade oral, que não fornecem componentes com baixo peso molecular para uso das bactérias orais. Os alimentos fibrosos também podem ter um efeito de limpeza física nas su- perfícies expostas dos dentes. Entretanto, em habitats protegidos e menos expostos, até mesmo os alimentos de alto peso molecular podem ser retidos e servir como fonte potencial de nutrientes para a placa bacteriana. Com relação a isso, são de especial interesse os carboidratos contendo amido com alto peso molecular, que podem ser degradados até maltose e varias dextrinas pela α-amilase salivar e algumas enzimas bacterianas. Estes produtos com peso molecular mais baixo ficam disponíveis para serem fermentados pelas bactérias orais. Carboidratos como a sacarose, glicose e lactose na dieta alimentar, facilmente as difundem na placa e são imediatamente metabolizados pelas baterias orais. Geralmente, os alimentos líquidos como suco de frutas, são deglutidos rapidamente e ficam menos disponíveis para as bactérias em comparação com os alimentos pastosos, ou os utilizados freqüentemente, que estarão presentes na boca e podem ficar impregnados nas cerdas das escovas denteis, fato em que ficarão mais disponíveis para o metabolismo bacteriano durante longos períodos. Faz-se, então, extremamente necessário à higiene tanto bucal quanto das escovas dentais uma vez que há um constante desequilíbrio da microbiota oral através das sucessivas inserções dos microorganismos tanto através dos alimentos quanto da reincidência na boca por meio das escovas dentais. Todavia; de acordo com os conceitos ecológicos, a melhoria da higiene oral, algumas vezes, produz comunidades com números relativamente altos de microrganismos do gênero Streptococcus. O gênero Streptococcus inclui espécies odontopáticas, todas fermentadoras de carboidratos e implicadas no po51 tencial acidogenico das placas. DESENVOLVIMENTO/ DISCUSSÃO O presente projeto, Desenvolvimento de Anti-Séptico para sanitização de Escovas Dentais, foi desenvolvido seguindo algumas etapas, como pesquisa de campo e elaboração da proposta, amostragem, testes microbiológicos e desenvolvimento do anti – séptico. Tais etapas serão descritas a seguir. Pesquisa de campo e elaboração da proposta Foi feita uma pesquisa de campo na cidade Montes Claros – MG a fim de conhecer a realidade de seus habitantes em se tratando da higiene do lar e da higiene pessoal, mais especificamente da higiene bucal e da preservação das escovas dentais. Nesta pesquisa foram coletadas informações sobre a idade dos usuários, o tipo e tempo de uso da escova dental e a forma de armazenamento das mesmas. Foram registrados usuários de todas as faixas etárias. Registraram-se ainda escovas dentais de diversas cores e modelos, dentre as mais comuns destacaram–se as coloridas, transparentes, emborrachadas, com e sem caixinhas protetoras. Quanto ao armazenamento das escovas dentais, observaram-se pessoas que guardavam suas escovas 52 nas caixinhas protetoras, outras as deixavam expostas em suportes ao ar livre e outras as guardavam dentro de copos com água. A partir dessas observações e de pesquisas bibliográficas foram feitos questionamentos sobre a segurança – proteção contra microorganismos – das escovas dentais em tais condições de armazenamento, e ainda sobre a possível relação entre tais microorganismos com as doenças bucais. • Incubaram-se as placas por 48 horas a uma temperatura de 34,5 graus Celsius; • Prepararam-se as lâminas e submeteu-as à bateria de Coloração de Gram; • Observou-se ao microscópio e fez-se a identificação dos microrganismos; • Fez-se o estudo da patogenia dos microorganismos. Desenvolvimento do Anti Séptico Amostragem e testes microbiológicos Coletaram-se, então, amostras de escovas dentais com aproximadamente dois meses de uso e que obedeciam às formas de armazenamento citadas no item acima. Já cientes de uma inevitável contaminação propôs-se também a análise de escovas novas – como grupo controle, e escovas que receberam um tratamento com ácido salicílico como solução do problema, a fim de diminuir consideravelmente a carga bacteriológica. A análise das escovas seguiu os seguintes passos: • Lavou-se cada escova em uma alíquota de 20 mL de salina estéril; • Transferiu-se 1mL desta água para placas de Petri contendo Ágar Padronizado, Ágar Bacteriológico, Ágar Sabouraund, e Ágar Sangue; Com o objetivo de apresentar à população uma solução prática, segura e eficaz para os problemas causados pela proliferação de microorganismos nas escovas dentais, foi proposto o desenvolvimento de um anti-séptico à base de ácido salicílico, poderoso agente fungi e bactericida. Para testar a eficácia e a concentração do agente sanitizante foram realizados testes microbiológicos com cinco escovas previamente contaminadas – com os microorganismos identificados em testes preliminares, sendo eles Streptobacillus, Staphilococcus, Lactobacillus, Cândida albicans e Strepcoccus – antes e depois do tratamento com a solução de ácido salicílico. Partindo deste ponto, foram feitos os testes de eficácia do anti-séptico à base de ácido salicílico nas diluições de 0.10% a 2.0%. RESULTADOS Os testes realizados com as amostras das escovas dentais foram realizados com sucesso. Esta afirmação deve-se ao fato de terem sido encontrados os resultados previstos e que condizem com a projeção apresentada pela bibliografia dos estudiosos da microbiota oral. Conforme descrito no item “Pesquisa de campo e elaboração da proposta de trabalho”, contido no tópico “Desenvolvimento”, foramse apuradas as faixas etárias dos voluntários, o tempo de uso e a forma de armazenamento das escovas dentais destes usuários. As avaliações microbiológicas revelaram que a faixa etária não influencia no desenvolvimento dos microorganismos bucais, mas sim, no tipo de microorganismo predominante na cavidade oral do indivíduo, e, que é o mesmo encontrado na sua escova dental.(tab- III). Com relação às condições de ar- mazenamento das escovas dentais pôde-se constatar que os microorganismos se desenvolvem com mais facilidade em determinadas condições que em outras. Como exemplo pode-se comparar os resultados das avaliações microbiológicas das escovas armazenadas nas caixinhas plásticas protetoras, onde todas as amostras apresentaram crescimento significativo dos microorganismos a, b, c, d e e, com os resultados das escovas expostas ao “Ar livre”, onde parte das amostras apresentaram 53 crescimento significativo de a e d, e parte que apresentou crescimento de c. (tab- IV). Destes microorganismos isolados destacam-se os gêneros Lactobacillus e Streptococcus, como os gêneros que contem as espécies mais odontopatógenas – causadoras das caries, desmineralizações dentais, das gengivites, fringites, laringites e estomatites - da microbiota oral. Partindo deste ponto, foram feitos os testes de eficácia do anti-séptico à base de ácido salicílico nas diluições de 0.10%, 0.12% e 0.14%. Todas as amostras de escovas dentais foram testadas com o meio de cultura Ágar Nutrient e Ágar Sabouraund, e todas elas apresentaram crescimento significativo de bactérias antes do tratamento com o anti-séptico e nenhum crescimento após o tratamento com o produto nas diluições abaixo de 1,0% (tab- V),comprovando totalmente a eficácia do antibiótico nesta diluição. CONCLUSÃO Com a finalização de todos os experimentos microbiológicos realizados no decorrer do desenvolvimento deste projeto, conclui-se que o antiséptico para escovas dentais a base de ácido salicílico é muito eficaz no combate aos microorganismos causadores de doenças bucais como as cáries, a desmineralização dos dentes, a candidíase, e, também de outras doenças comuns como a larin- gite, a faringite e a estomatite. Conclui-se 54 ainda que este anti-séptico é muito viável sócio-economicamente, pois, uma vez que seu principal componente ativo – ácido salicílico – é de fácil obtenção e é utilizado em uma baixa concentração, o produto tornase acessível a toda a população. COMENTARIOS E RECOMENDAÇÕES Com base nas diversas observações feitas durante os processos de cultivo dos microorganismos nos testes microbiológicos, e na análise da reação destes perante o anti-séptico, recomenda-se a sanitização das escovas dentas antes de cada escovação, além armazenar a escova dental em um local arejado, limpo e regularmente iluminado, a fim de se eliminar os agentes patogênicos e prevenir as doenças em questão. BIBLIOGRAFIA BOWDEN GHW. Which bacteria are cariogenic In humans?. In Johnson NW, ed. Risk markers for oral diseases. Vol 1. Dental caries, Markers of high and low risk grups and individuals. Cambridge: Cambridge University Press, 1991: 266-217. BOWDEN GHW, ELLWOOD DC, Hamilton IR. Microbial Ecology of the oral cavity, In: Alexander. M, ed. Advance In Microbial Ecology, vol 3. New York Plenum Publishing Corporation, 1979: 135217. BOWDEN GHW. Promoting In the disposition of acid In dental plaque. In: Bowden WH, Tabak L, eds. Cario- logy In the 90’s. Rochester: University of Rochester, 1992, 421- 19. EDUARDSSON S. Bacteriology of dentine cries. In: Thystrup A, Leach AS, Qvist Cavity. Oxford: IRL Press limited, 1987: 95-102 HAMANDA S, MICHALEK SM, KIYONO H, MENAKER L, MCGHEE JR, eds. Molecular Microbiology and Imunobiology of Streptococcus mutans. Amsterdam: Elsevier, 1986. LOESCHE WJ. Role of Streptococcus mutans in human dental decay. Microbial Rev 1986; 50: 353-80. MANDEL ID. The Functions of Saliva. J Den Res 1987; 66 (spec Issue): 623-7 MARSH PD, MARTIN MV. Oral Microbiology. 3rd., London: Chapman & Hall, 1992. TANZER JM, ed. Animal Models In Cariology, Microbial Abstr Sp Suppl. Wasshington DC: Information Retrivial, Inc, 1981. BORAKS, Silvio. Diagnóstico Bucal, 2ª edição 1999, Artes Médicas – Divisão Odontológica. CAWSON, RODRICK A, BIMUR, WILIAN H , EVERSON, JOHN W. Enfermidades da Boca – Correlações Clínicas e patológicas, 2ª Edição E. C. S. Chan, MICHAEL J. Pelezar, NOEL R. Krieg. Microbiologia, Conceitos e Aplicações, 2ª edição, Volume 1, Editora Mokra Books. PRODUÇÃO CIENTÍFICA Tratamento de efluentes de polpa de café Santa Rita do Sapucaí – Sul de Minas Os químicos Gerson Augusto Rosa CRQ-MG e Edmar de Moraes CRQ-SP desenvolveram um sistema de tratamento para a água residuária (ou efluente) da despolpa úmida dos frutos do cafeeiro. O sistema consiste de tratamento em reator aeróbico por lodo ativado seguido de tratamento físico-químico convencional. A biodegestão aeróbica com o devido TRH (tempo de retenção hidráulica) promove a regeneração do efluente, possibilitando, após processo físico-químico, o reuso da água nos processos ou mesmo o reuso sanitário. Os resultados obtidos, após o tratamento em uma mini Estação de Tratamento de Efluente – ETE, indicaram a redução da Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO5 (20ºC) em 85,2%. 1 O resíduo sólido gerado pelo sistema tem grande potencial para tornar-se um composto rico em nutrientes, capaz de atuar como coadjuvante na produção agrícola. Como pode-se observar na Tabela 1 referente às análises do efluente bruto, os altos teores de fosfatos e nitrogênio indicam a grande capacidade de eutrofização do corpo receptor deste efluente. Observou-se, ainda, após a realização de testes adicionais que o tratamento físico-químico proposto se aplica a pequenos volumes de produção de até 50000L, em processos por batelada, após a biodigestão por lodo ativado. Para maiores informações, entrar em contato com Gerson Augusto Rosa. Tel.: (35) 91269059 – e-mail: [email protected] Eutrofização: fenômeno causado pelo excesso de nutrientes (compostos químicos ricos em fosfatos e nitratos, normalmente causado pela descarga de efluentes agrícolas, urbanos e industriais) lançados em um corpo de água receptor, promovendo a superpopulação de algas e outros microorganismos que ao morrerem se decompõem, esgotando o exigênio dissolvido (OD) presente na água, causando a morte de outros organismos. O Sistema entra em anaerobiose, causando mau cheiro devido a presença de sulfetos e gás sulfídrico. Desenvolvimento de Sistemas de Monitoramento e Controle para Fermentadores de Bancada – determinação das variáveis de processos e estudo dos sistemas de monitoração e controle Autores: Maria Clara de Oliveira e Almeida e Rodrigo Souza Aguiar; Orientador: William James Nogueira Lima Faculdade de Ciência e Tecnologia de Montes Claros (FACIT) E-mail: [email protected] RESUMO Este trabalho tem como finalidade desenvolver sistemas de monitoramento e controle de suas variáveis de processos do fermentador de bancada da marca Magnaferm Fermentor, doado para o laboratório de Engenharia Química da FACIT pela empresa BIOMM S.A para que possa ser reativado e utilizado em aulas práticas do curso de Engenharia Química, bem como no desenvolvimento de projetos envolvendo processos fermentativos. Foram desenvolvidos experimentos com a levedura da espécie Saccharomyces cerevisiae para aquisição de dados e determinação de tais variáveis. Assim, os dados experimentais mostraram que, dentre as condições estudadas, a reativação do fermentador foi satisfatória, cumprindo com as exigências primordiais deste trabalho. Observação: O arquivo do artigo, na íntegra, está disponível para download na pagina do CRQ - MG: www.rqmg.org.br Venha conhecer a Casa do Profissional da Química Presidente Juscelino Kubtschek de Oliveira! O espaço foi idealizado e construído com carinho para ser um local de convivência e de troca de experiências entre os profissionais, as empresas da área da Química e as entidades que os representam.. O endereço da Casa do Profissional da Química é Rua Pouso Alegre, 273 – Bairro Floresta – Tel: 31 3274-8868 Belo Horizonte – MG SERÁ UM GRANDE PRAZER RECEBÊ-LO.