Os ciclos da Natureza Celso Dal Ré Carneiro Departamento de Geociências Aplicadas ao Ensino Instituto de Geociências, Unicamp Apresentação baseada em: GONÇALVES, P.W. & CARNEIRO, C.D.R. Os ciclos da natureza. In: CARNEIRO, C.D.R. (Editor cient.). 2000. Geologia. São Paulo: Global/SBPC-Projeto Ciência Hoje na Escola. p. 6-10. (Série Ciência Hoje na Escola, v. 10). 2002 Bibliografia ANGUITA VIRELLA, F., MORENO SERRANO, F. 1993. Processos geológicos externos y geología ambiental. Madrid: Rueda. 311p. CARNEIRO, C.D.R. (Editor cient.). 2000. Geologia. São Paulo: Global/SBPC-Projeto Ciência Hoje na Escola. p. 6-10. (Série Ciência Hoje na Escola, v. 10). ELSOM, D. 1992. Planet Earth. London: Marshall Publ. p. 20-21 (Water: life’s essential molecule). A Terra é azul! Yuri A. Gagarin, o primeiro homem a ver a Terra do espaço, a bordo do satélite Vostok, a uma velocidade de 27.400 km/h, em abril de 1961 Uma nova visão da Terra Não estudamos mais os processos naturais em separado Todas as esferas materiais do planeta interagem continuamente, formando um Sistema integrado Esferas terrestres: Atmosfera, Hidrosfera, Geosfera (Litosfera, Manto e Núcleo), Biosfera e Esfera Social Ciclo bem “conhecido”: a água A água de um rio faz parte do ciclo hidrológico: Canais menores juntam-se entre si, formando rios... que desaguam em outros... Cascatas de Iguaçu, no Paraná Água: entre o ar, a terra e o mar Atmosfera 0,001% Calor do Sol causa evaporação e transpiração de água Ciclo hidrológico Vapor se resfria para formar nuvens Chuva, neve, granizo Evaporação dos oceanos Evaporação de lagos e rios Evaporação a partir da precipitação Transpiração Água subterrânea Infiltração e percolação Lições do passado Ao longo da história geológica do planeta, aconteceram muitas mudanças ambientais O estudo é fundamental para fazer previsões do que vai acontecer, no futuro, com a agricultura, o solo, o clima e a água de nosso planeta Um exemplo? Está ou não havendo um aquecimento da atmosfera? Esse conhecimento possibilita pensar em formas de diminuir os efeitos negativos desse aquecimento O naturalista James Hutton Hutton viveu entre os anos de 1726 e 1797 Identificou “marcas” de acontecimentos passados, gravados nas rochas, fósseis e outros materiais Os fósseis e as rochas revelam acontecimentos do mundo e as formas que aqui viveram... muito antes de a humanidade existir Aquecimento X resfriamento Quaternário Terciário Cretáceo Jurássico 00 02 As “marcas” que o tempo deixou em nosso planeta podem ser “lidas” nas rochas e nos fósseis Na história da Terra, após um período frio, segue-se um quente Estudos mostram que o planeta passou por períodos muito mais quentes ou mais frios que o atual, desde o Pleistoceno, desde há uns 2 milhões de anos A Terra no passado recente Temperatura média anual, 1867-2001 Ciclos: sucessão de mudanças que se repetem de tempos em tempos Vivemos um período quente Período interglacial iniciado há cerca de 14 mil anos É o último de uma série Processos e ciclos nas cidades Mudanças cíclicas afetam não somente o clima Muitos processos e transformações repetem-se no tempo, por mais difícil que seja percebê-las, empregando-se apenas os sentidos Tudo à nossa volta está se modificando Imagine uma câmara fotográfica no alto do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, ou no Pico do Jaraguá, em São Paulo – fazendo fotos, mês a mês, obedecendo ao mesmo ângulo A paisagem de uma cidade vista do alto, ao longo de meses ou anos sucessivos, sofre mudanças no traçado de ruas, número de casas e outros aspectos Foto aérea: Campos do Jordão A fotografia de uma cidade, feita de cima, registra a disposição, naquele momento, do traçado de ruas, quantidade de casas, cobertura vegetal etc. Os ciclos naturais Na natureza, mudanças cíclicas são comuns! Muitas coisas estão se modificando: Os minerais das rochas vão se renovando Alguns solos são levados por enxurradas (erosão) Outros solos estão se formando ainda hoje Ao longo de intervalos de centenas de anos, a paisagem da Terra também muda Pode ocorrer, entretanto, que a “nova” paisagem seja tão parecida com a anterior, que pensemos que nada mudou Ciclos extremamente lentos Hutton notou uma mudança imperceptível para nós, porque é muito lenta: os rios transportam grandes quantidades de sedimentos para o fundo dos oceanos (onde os detritos são acumulados e compactados e, depois, se transformam em rochas consolidadas) Se isso ocorre sempre – e há milhões de anos – como podemos ainda encontrar terras emersas? Elas deveriam ter sido rebaixadas e postas no nível do mar, ou seja, a água cobriria a Terra inteira! Por que a água ainda não cobriu tudo? Perguntas e respostas Hutton imaginou a seguinte resposta: o calor interno da Terra levantaria novas cordilheiras e continentes, que, por sua vez, formariam novos solos sujeitos à erosão. Assim, os detritos novamente seriam carregados para o fundo dos oceanos, onde se transformariam em novas rochas Decifrou assim o ciclo da natureza: a água removeria os materiais para o fundo do mar e o calor levantaria novos continentes para ocupar o lugar daqueles que foram desgastados Faltava provar que essa idéia fosse correta Descoberta no vale do rio Jed Perto de Edimburgo, na Escócia, Hutton conseguiu provar sua idéia No vale do rio Jed, em 1787, observou uma seqüência de rochas, em que as camadas não estavam depositadas paralelamente e umas em cima das outras, como era comum As camadas apresentavam uma descontinuidade (termo usado depois da morte de Hutton) “Conversando” com as rochas Discordância em Siccar Point, Escócia Origem de uma discordância Deposição de sedimentos Dobramento suave Dobramento mais intenso Soerguimento e escultura superficial por denudação Redução da superfície até um plano por denudação Subsidência e deposição de novas séries de sedimentos - Discordância - Princípio da correlação geológica As camadas de rocha metamórfica na Chapada Diamantina, na foto abaixo, podem ser correlacionadas de um lado e outro do vale Podemos saber mais sobre a evolução do local? Há quanto tempo começou a se formar o Pico do Jaraguá? Pico do Jaraguá, São Paulo, SP Algumas reflexões... Simplificando, podemos considerar que a quantidade de matéria no nosso planeta é a mesma há milhões de anos O que acontece é a passagem da matéria de um “lugar” para outro Pense em alguns átomos de oxigênio: em milhões de anos, eles já podem ter feito parte de vários ciclos (do ar, da água, das rochas, dos seres vivos). Seguindo esse raciocínio, podemos imaginar que os próprios átomos que compõem o nosso corpo já foram muitas outras coisas, inclusive estrelas e rochas