Excelentíssimo Senhor Prefeito José Rolim Filho,
Excelentíssimo Senhor presidente da Câmara Municipal,
vereador João de Deus Sousa Bonfim,
Demais vereadores, secretários municipais, autoridades aqui
presentes,
Senhoras,
Senhores.
Quero iniciar falando do sentimento de gratidão que hoje me invade.
Vir a Codó, cidade de rica história e de grande importância no cenário
estadual e aqui ser acolhido em reconhecimento a um trabalho que, de
fato, é partilhado por muitos, dá-me especial satisfação. significa,
segundo uns, "codorna" ou "codorniz", ave que povoava a região
Permitam-me, senhoras e senhores, tecer alguns comentários
sobre esta terra que hoje me distingue com este honrado título. Codó –
nome de origem indígena, que significa "codorna" ou "codorniz", ave que
povoava esta região - é considerada orgulho do Vale do Itapicuru e uma
das principais cidades da região dos Cocais maranhenses. Trata-se de
uma terra abençoada por Deus, que aqui permitiu a convivência do verde
exuberante e de rios perenes ao lado de um povo trabalhador, que tem
orgulho de sua cultura e tradição, e das influências negras, como as
crenças e a religiosidade afro-brasileiras.
Luta e resistência são palavras que acompanham a trajetória desta
cidade, que completou no último 16 de abril 115 anos de emancipação.
Seu desenvolvimento econômico e social remonta ao final do século XIX,
quando, de acordo com os historiadores, Raimundo Muniz construiu o
primeiro paiol para armazenar uma diversidade de produtos agrícolas que
aqui começaram a ser produzidos.
Com vocação para a pujança econômica, não demorou estabelecerse na cidade um fluxo intenso de vapores que navegavam pelas
barrancas do Rio Itapicuru, levando e trazendo mercadorias de todos os
tipos. Logo os armazéns começaram a se expandir, e Codó passou a
ocupar um merecido lugar de destaque na economia da região. Data de
1892 a instalação da primeira indústria, de propriedade de Emílio Lisboa,
denominada Companhia Manufatureira e Agrícola, voltada para a
fabricação de tecidos. O caminho estava iniciado e diversas outras
indústrias trataram também de abrir nestas terras suas máquinas. Em
1920, a produção passou a ser escoada também pelos trilhos da estrada
de ferro São Luís-Teresina, tão bem descrita nos versos da canção de
João do Vale. Registram ainda os livros que em 1900, aqui aportou o
então Presidente do Brasil, Afonso Pena. Os anos se passaram e aqui
nasceram pessoas ilustres, histórias de dignidade, além de casos de
prosperidade e riqueza que inspiram até hoje não apenas os que aqui
nascem, mas ainda todo o povo do Maranhão.
Codó também é terra de Godofredo Viana, ilustre escritor que
empresta seu nome a uma das cadeiras da Academia Maranhense de
Letras; de Fausto dos Santos, ou simplesmente, Fausto, cognominado de
“Maravilha Negra”, um dos maiores jogadores de futebol que fez história
no início do século passado; do Cônego Ribamar Carvalho, reitor da
Universidade Federal do Maranhão de 1968 a 1972; e de Irene Portela,
grande compositora e cantora que lançou o disco "Rumo Norte", cultuado
por aqueles que valorizam a música popular brasileira.
Os dados do último censo do IBGE, divulgados no final do ano
passado, revelam que aqui habitam mais de 115 mil habitantes. Os dados
do desenvolvimento desta cidade não se restringem aos números: são
visíveis, pois Codó abriga hoje diversas empresas importantes no cenário
maranhense. Assim como aqueles que já citei, daqui saírão ainda muitos
homens e mulheres que orgulharão ainda mais seu povo em diversas
áreas.
E é neste cenário que se aprimora meu compromisso com aqueles
que tomaram a iniciativa de me irmanar aos filhos desta terra. Aqui, não
represento apenas a mim mesmo, mas venho escudado pela brilhante
trajetória da Universidade Federal do Maranhão em terras codoenses, em
particular no que aqui é realizado mediante a formação de pessoas
qualificadas que farão diferença no desenvolvimento desta cidade e
região.
Em 11 de outubro de 2007, quando assumi a reitoria da
Universidade Federal do Maranhão, um dado alarmante chamou minha
atenção: de 1972 a 1997, ou seja, durante 35 anos de existência do
Campi de Codó, muito pouco havia sido feito. As ações desenvolvidas se
restrigiam às linhas de estágio rural, assessoramento à administração
pública municipal, apoio às entidades comunitárias e implantação do
Centro de Aplicação Tecnológica. Em 1988, foi instalado o curso de
Pedagogia, oferecendo inicialmente 35 vagas com duração efêmera.
Era preciso mudar esta situação, uma vez que o campus de Codó
faz parte de um arco de ações que englobam todo o Estado do Maranhão
e participa de um programa de interiorização de longo prazo que a UFMA
desenvolve. Neste propósito, a universidade almeja atender à vocação
econômica de cada região onde se instala, das aspirações das pessoas
que aqui residem e, acima de tudo, com contribuição para a elevação da
qualidade de vida da população maranhense, dentro de sua vocação, que
é fazer justiça social.
Movidos pela determinação, coragem e compromisso com a
formação de qualidade, iniciamos nosso trabalho com a conclusão da
construção do prédio do Campus e aquisição de equipamentos para
possibilitar o funcionamento acadêmico e administrativo do mesmo;
viabilizamos a implementação do curso de graduação de Licenciatura em
Informática que já acumulava duas turmas, em 2007.1 e 2008.1 . Além
disso, instalamos um sistema de vídeo conferência para permitir cursos
de capacitação e especialização à distância sob a coordenação do
Núcleo de Ensino à Distância da Universidade Federal do Maranhão e
oferecemos, na área de Administração, cursos de Gestão Pública, Gestão
Pública Municipal; na área da Saúde, os cursos de Saúde Pública
Municipal, Saúde da Família e Materno Infantil; também instalamos e
implantamos em parceria com o MEC/UNDIME/ e prefeitura de Codó um
curso de Especialização em Gestão Escolar (para professores das redes
públicas municipal e estadual).
Atualmente, o Campus de Codó possui aproximadamente 320
estudantes divididos em três cursos: Ciências Humanas, Ciências
Naturais e Licenciatura em Informática. Em 21 de março deste ano estive
aqui, acompanhado de uma equipe de técnicos e professores da
Universidade Federal do Maranhão, e pude acompanhar as mudanças
que autorizei na parte de infraestrutura, como a construção de mais um
prédio em um terreno de aproximadamente 45.000m². A nova instalação
contará com 8 salas de aula climatizadas para 60 estudantes, um
auditório climatizado com capacidade para 200 lugares, salas de apoio,
sala de xerox, laboratórios de informática e de pesquisa, biblioteca, miniauditórios, sala dos professores, anfiteatro, secretaria de apoio
acadêmico, almoxarifes e banheiros. Mas uma universidade não se faz
apenas de prédios e equipamentos. Também investimos na qualificação
dos funcionários e hoje temos mestres, doutores e especialistas que
prestam seus relevantes serviços nesta cidade. Quero de público também
externar meu reconhecimento ao trabalho do diretor do campus de Codó,
José Augusto Medeiros.
Acredito que o desenvolvimento pelo qual passa o Brasil traz
desafios enormes em infraestrutura e atendimentos de demandas das
mais diversificadas. O tão sonhado país desenvolvido, igualitário e justo,
passa pela formação universitária que funciona para muitos como porta
de ascenção social e ajuda a nação a cumprir com a justiça social
prevista de forma magistral em nossa Carta Magna.
Como forma de incentivo aos jovens de Codó, ouso colocar-me
como exemplo. Também nasci no interior do Maranhão. Sou de
Cururupu. E se cheguei até aqui, em primeiro lugar devo a Deus e à
minha família, por quem nutro a mais sincera gratidão. Venho de uma
prole de 8 filhos que aprendeu desde cedo as mais preciosas lições de
ética, respeito ao próximo e valores cristãos.
Também devo o lugar onde hoje estou à dedicação que desde cedo
ofereci aos estudos e ao processo do conhecimento. Desde que me
formei em Medicina, fiz a opção de trabalhar no serviço público, a
exemplo do meu pai, que se aposentou como Auditor da Receita Federal,
com uma trajetória impar de seriedade no trato com o bem comum. Com
o sacrifício da perda de horas de convívio familiar, dediquei tempo para
diversas especializações, mestrado e doutorado, além da participação em
cursos, simpósios, jornadas, congressos, acompanhamento de alunos em
trabalhos científicos, participação em bancas, produção de artigos e
textos científicos, sempre na intenção de colaborar com o meu
aprendizado na formação de outros.
Dei minha contribuição ainda para as instituições que agregam
profissionais da minha área, que é a Nefrologia, e quando fui chamado
para assumir o desafio de dirigir o maior hospital do Maranhão – o
Hospital Universitário-UFMA aceitei, amparado pela minha trajetória, e
em especial pela soberana mão de Deus, pela compreensão e o carinho
de minha família, e também por aqueles que acreditavam na missão que
abracei. Encontrei um cenário desolador e ao sair para assumir a reitoria
da Universidade Federal do Maranhão, deixei a maior estrutura formadora
de recursos humanos, especializada na assistência, ensino, pesquisa e
extensão universitária e que muito tem contribuído para a rede de saúde
do nosso Estado. O HUUFMA tem proporcionado ainda meios para a
consolidação do grande projeto de saúde de nosso país, que é o Sistema
Único de Saúde. São inegáveis os avanços conquistados pelo HUUFMA,
o que o credencia a figurar hoje entre os melhores do País. O trabalho
que lá desenvolvi até hoje rende bons frutos e tenho certeza, como disse
Rubem Alves, que os grãos que lá plantei serviram de sombra e alimento
para milhares de maranhenses que ali vão em busca de um atendimento
de saúde de qualidade.
Em 2007, assumi o que considero uma das maiores missões de
minha vida, que é a reitoria da Universidade Federal do Maranhão. Ao
chegar, constatei que muito trabalho havia a ser feito. O desafio era
enorme, mas que dele não fugi, acostumado que sou às intempéries que
a vida me apresenta e que tenho, com a ajuda soberana de Deus, e do
ombreamento de companheiros e amigos .
Os resultados da dedicação e trabalho empreendidos nos primeiros
ano na reitoria começaram a aparecer: de acordo com o ranking do INEP,
a UFMA passou do octogésimo sétimo lugar entre as universidades
brasileiras, no triênio 2004-2006, para o septuagésimo sétimo lugar, no
triênio 2007-2009, subindo dez posições. Os dados referentes a 2010
ainda estão sendo compilados.
Mas os avanços devem ser considerados não apenas na dimensão
da infraestrutura, mas também na dimensão pedagógica, uma vez que
nos propomos revisar projetos pedagógicos; ampliamos bastante o
número de programas de apoio ao estudante; aumentamos os
investimentos em treinamento e capacitação de docentes e servidores;
atualizamos os instrumentos da gestão acadêmica e pedagógica.
Passamos de 46 cursos de graduação presencial regular em 2007 para
71 cursos em 2010.
Estamos
nos
preparando
para
lançar
nosso
Instituto
Politecnológico, com a oferta do Bacharelado em Ciência e Tecnologia,
que será o primeiro ciclo geral de nossas futuras engenharias. Teremos
Engenharia Civil, de Computação, Mecânica e Florestal, além das já
existentes. A UFMA lançou – em 2010 – treze novos cursos de
licenciatura (Ciências Humanas, Ciências Naturais e Linguagens e
Códigos), com as características inovadoras da interdisciplinaridade e de
uma formação por competências. Com isso, nossa Universidade
consolidou também sua presença física em oito municípios do Estado,
com os novos campi de Bacabal, de Codó, Grajaú, Pinheiro e São
Bernardo, juntando-se aos campi já instalados de São Luís, Imperatriz e
Chapadinha.
A comunidade acadêmica ratificou o apoio ao nosso trabalho e
decidiu que devemos continuar a gerir os rumos da Universidade Federal
do Maranhão, no processo de escolha democrática e transparente
realizada em maio. Isso só aumenta a nossa responsabilidade e
compromisso que abraçamos desde quando optamos por dedicar nossa
vida ao serviço público.
Esta longa caminhada, que de forma descrita parece breve, deume grandes alegrias e possibilitou-me construir muitos projetos que um
dia não passavam de sonhos. Assim, receber esta honraria, o de ser
cidadão codoense, ao lado de outros títulos de cidadania que recebi,
como o de São Luís e de Grajaú, produz em mim ânimo novo. Corrobora
a convicção de que estou no bom caminho na condução da Universidade
Federal do Maranhão, pois acredito que cada vitória que alcançamos
não é individual, é coletiva, pois transcende a mim mesmo, que cheguei
até aqui apoiado na esperança, confiança e colaboração daqueles que
também um dia se dispuseram a sonhar comigo e tornar cada sonho em
realidade, pois como disse Raul Seixas, um sonho que se sonha só, é só
um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade.
Receba senhor prefeito, senhores vereadores, meu mais profundo
agradecimento pela distinção que me conferem. A partir de hoje, sou filho
desta terra. Afinal, como disse o poeta Carlos Drummond de Andrade: é o
mesmo céu que nos cobre, a mesma terra que sustenta nossos pés e o
mesmo sentimento de amor e devoção é que torna irmãos aqueles que
amam uma cidade. Ao povo de Codó, meus novos irmãos, muito
obrigado.
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Excelentíssimo Senhor Prefeito José Rolim Filho, Excelentíssimo