Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Certificate in Business Administration - CBA Renato Ballejo Sérpico CAFÉ DE LA PROVENCE São Paulo 2013 Café de la Provence Renato Ballejo Sérpico Café de la Provence TCC apresentado ao curso CBA, como requisito parcial para a obteção do Grau de Especialista em Gestão de Negócios do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa Orientador: Prof. Álvaro Cardoso Armond São Paulo 2013 Café de la Provence Agradecimentos Agradeço aos meus pais, Vicente e Roseli, por terem me educado, apoiado e dado estrutura e oportunidade ao meu desenvolvimento. À Flavia, por ter me acompanhado durante os passos mais difíceis da minha carreira e ter incentivado o meu crescimento profissional e a realização desta pósgraduação. Ao professor e orientador Álvaro Cardoso Armond, por ter me mostrado o caminho para o desenvolvimento deste trabalho e me guiado durante as etapas de sua execução. Café de la Provence Resumo SÉRPICO, Renato B. Café de la Provence. São Paulo, 2013. 77p. TCC - Certificate in Business Administration. Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. O café, ao lado da água, é uma das bebidas mais consumidas regularmente pela população brasileira. Há anos conquistou espaço e seu consumo vem tendo crescimento de destaque fora do lar e do trabalho. O surgimento do café gourmet, de maior qualidade que o convencional, atrai um novo público, mais exigente e disposto a pagar mais por uma bebida de maior qualidade. Buscando atingir esse público, foi feito um estudo para a abertura de uma cafeteria e identificou-se um investimento bastante atrativo. Palavras-chave: plano de negócios, empreendedorismo, cafeteria, café. Café de la Provence Sumário 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 7 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 9 2.1 EMPREENDEDORISMO ................................................................................. 9 2.2 PLANO DE NEGÓCIOS .................................................................................. 9 2.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ............................................................... 10 2.3.1 VISÃO, MISSÃO E VALORES ................................................................. 10 2.3.2 OBJETIVOS E METAS ............................................................................ 11 2.3.3 ANÁLISE AMBIENTAL............................................................................. 12 2.3.3.1 ANÁLISE DO MACROAMBIENTE/AMBIENTE EXTERNO .................. 12 2.3.3.1.1 AMBIENTE POLÍTICO-LEGAL ........................................................... 13 2.3.3.1.2 AMBIENTE ECONÔMICO .................................................................. 13 2.3.3.1.3 AMBIENTE NATURAL ........................................................................ 14 2.3.3.1.4 AMBIENTE SOCIAL............................................................................ 15 2.3.3.1.5 AMBIENTE TECNOLÓGICO .............................................................. 15 2.3.3.2 ANÁLISE DO AMBIENTE SETORIAL ................................................... 16 2.3.3.2.1 AS CINCO FORÇAS COMPETITIVAS DE PORTER ......................... 16 2.3.3.2.1.1 PODER DE BARGANHA DOS FORNECEDORES ......................... 17 2.3.3.2.1.2 PODER DE BARGANHA DOS CLIENTES OU COMPRADORES .. 18 2.3.3.2.1.3 AMEAÇA DE PRODUTOS SUBSTITUTOS ..................................... 19 2.3.3.2.1.4 AMEAÇA DE NOVOS ENTRANTES ................................................ 20 2.3.3.2.1.5 RIVALIDADE ENTRE CONCORRENTES ....................................... 22 2.3.3.3 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNO .................................................... 24 2.3.4 ANÁLISE SWOT ...................................................................................... 25 2.4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO ................................................................... 27 2.4.1 FLUXO DE CAIXA ECONÔMICO ............................................................ 27 2.4.2 CUSTO DO CAPITAL .............................................................................. 28 2.4.2.1 CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO (CAPM) ............................................ 28 2.4.2.2 CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS ................................................ 29 2.4.2.3 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (WACC) ......................... 30 2.4.3 ANÁLISE DE VIABILIDADE ..................................................................... 30 2.4.3.1 PAYBACK DESCONTADO ................................................................... 31 Café de la Provence 2.4.3.2 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) .................................................... 32 2.4.3.3 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) .................................................. 32 3 A EMPRESA ........................................................................................................ 34 3.1 DESCRIÇÃO DO NEGÓCIO ......................................................................... 34 3.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO ............................................................... 34 3.2.1 ANÁLISE AMBIENTAL............................................................................. 34 3.2.1.1 ANÁLISE DO MACROAMBIENTE/AMBIENTE EXTERNO .................. 34 3.2.1.1.1 AMBIENTE POLÍTICO-LEGAL ........................................................... 34 3.2.1.1.2 AMBIENTE ECONÔMICO .................................................................. 36 3.2.1.1.3 AMBIENTE NATURAL ........................................................................ 39 3.2.1.1.4 AMBIENTE SOCIAL............................................................................ 40 3.2.1.1.5 AMBIENTE TECNOLÓGICO .............................................................. 41 3.2.1.2 ANÁLISE DO AMBIENTE SETORIAL ................................................... 41 3.2.1.2.1 PANORAMA DO SETOR .................................................................... 41 3.2.1.2.2 AS CINCO FORÇAS COMPETITIVAS DE PORTER ......................... 46 3.2.1.2.2.1 PODER DE BARGANHA DOS FORNECEDORES ......................... 46 3.2.1.2.2.2 PODER DE BARGANHA DOS CLIENTES OU COMPRADORES .. 47 3.2.1.2.2.3 AMEAÇA DE PRODUTOS SUBSTITUTOS ..................................... 47 3.2.1.2.2.4 AMEAÇA DE NOVOS ENTRANTES ................................................ 48 3.2.1.2.2.5 RIVALIDADE ENTRE CONCORRENTES ....................................... 48 3.2.1.2.3 AS ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS GENÉRICAS DE PORTER ..... 49 3.2.1.3 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNO .................................................... 49 3.2.2 ANÁLISE SWOT ...................................................................................... 50 3.2.3 VISÃO, MISSÃO E VALORES ................................................................. 51 3.2.4 OBJETIVOS E METAS ............................................................................ 51 3.3 PLANEJAMENTO DE MARKETING ............................................................. 52 3.3.1 PRODUTO E PREÇO .............................................................................. 52 3.3.2 PRAÇA ..................................................................................................... 54 3.3.3 PROMOÇÃO ............................................................................................ 55 3.4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ................................................................ 55 3.5 MODELO OPERACIONAL ............................................................................ 56 3.6 PLANEJAMENTO FINANCEIRO ................................................................... 57 3.6.1 INVESTIMENTO INICIAL......................................................................... 57 Café de la Provence 3.6.2 CUSTO DO CAPITAL .............................................................................. 60 3.6.2.1 CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO (CAPM) ............................................ 60 3.6.2.2 CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS ................................................ 61 3.6.2.3 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (WACC) ......................... 61 3.6.3 CUSTOS FIXOS ...................................................................................... 61 3.6.4 CUSTOS VARIÁVEIS .............................................................................. 62 3.6.5 TRIBUTAÇÃO .......................................................................................... 63 3.6.6 FLUXO DE CAIXA ECONÔMICO ............................................................ 63 3.7 ANÁLISE DE VIABILIDADE .......................................................................... 66 3.7.1 PAYBACK ................................................................................................ 66 3.7.2 PAYBACK DESCONTADO ...................................................................... 67 3.7.3 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)....................................................... 68 3.7.4 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) ..................................................... 69 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ....................................... 70 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................. 71 6 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 73 7 APÊNDICES ........................................................................................................ 76 8 ANEXOS .............................................................................................................. 77 Café de la Provence 7 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho é uma análise de viabilidade da abertura de uma cafeteria no bairro do Itaim Bibi, importante pólo comercial e residencial de São Paulo em crescimento e frequentado por um público de alto poder aquisitivo. Para sua realização, serão utilizados conceitos teóricos abordados em diversas disciplinas de estudo durante a realização da pós-graduação CBA - Certificate in Business Administration. O café é uma bebida presente no dia-a-dia da população mundial há bastante tempo e, ao lado da água, é a bebida mais consumida pelo povo brasileiro. É encontrado nos lares, escritórios, restaurantes, bares, padarias, cafeterias, entre outros estabelecimentos. Com o passar do tempo, vem sendo notada uma mudança de hábito no consumo do café: antigamente, o consumo no lar possuía maior representativade, porém com o tempo está se expandindo, principalmente, às cafeterias, onde as pessoas buscam se encontrar para conversar, ler, navegar na internet e, acima de tudo, desfrutar de momentos com um belo expresso. Existem diversas formas de consumo do café: desde o café solúvel e o em pó, encontrados em qualquer supermercado, até os expressos mais sofisticados, extraídos de grãos especialmente selecionados, denominados cafés gourmet. Ultimamente, principalmente nas classes A e B, vem aumentando a procura por um café de maior qualidade, que pode ser encontrado em diversas cafeterias, sobretudo nas que primam por um café superior. O momento da economia brasileira é representado por taxas de juros em patamares mínimos históricos. Investimentos convencionais não proporcionam, nem de perto, o retorno que ofereciam anos atrás. Desta forma, as alternativas em busca de retornos maiores encontram-se em investimentos mais agressivos, como a abertura de uma empresa. Esse cenário e as perspectivas de crescimento do consumo do café, especialmente dos cafés gourmet, abrem portas para uma excelente oportunidade de negócios no ramo de cafeterias. Embora o preço de venda de uma xícara de café seja relativamente baixo, sua margem de contribuição é bastante elevada, o que proporciona um retorno atrativo. Além disso, a comercialização de café propicia a venda de outros alimentos e bebidas, que podem ser interessantes fontes de faturamento. Café de la Provence 8 Este estudo analisará o setor de competição das cafeterias como um todo e fornecerá informações para a tomada de decisão de abrir ou não o negócio, dependendo dos recursos necessários, nível de competitividade da indústria, retorno esperado, entre outros fatores. Café de la Provence 9 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A abertura de uma cafeteria nos moldes planejados neste trabalho exigirá consistente embasamento teórico. Serão abordados conceitos e teorias estudadas ao longo da pós-graduação, das mais variadas disciplinas de administração de empresas, como finanças, marketing, estratégia, empreendedorismo, processos, entre outras, de modo a propiciar uma análise assertiva sobre o tema e, consequentemente, viabilizar ou não o negócio. 2.1 EMPREENDEDORISMO A palavra entrepreneur (empreendedor em francês) significa "aquele que está entre" ou "intermediário". Existem diversas definições para empreendedores, mas todas possuem idéias semelhantes, geralmente ligadas à criação, organização, risco e riqueza. O empreendedor é aquele que toma iniciativa para transformar recursos e situações, buscando criar valor e admitindo os riscos e a possibilidade de fracasso. Tal comportamento pode ser impulsionado por uma necessidade de obter ou conseguir algo -- realização própria --, auferir ganhos ou até mesmo escapar à autoridade de outros (HISRICH, 2004). O ato de empreender é o empreendedorismo, o qual pode ser definido da seguinte maneira: Empreendedorismo é o processo de criar algo novo com valor dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e independência econômica e pessoal (HISRICH, 2004, p. 29). 2.2 PLANO DE NEGÓCIOS O plano de negócios é um projeto onde são organizadas as informações coletadas sobre a empresa que se deseja montar. O planejamento proporciona uma visão mais clara e consistente sobre o desenvolvimento da empresa em metas alcançáveis. Nele ficam registrados o conceito do negócio, os riscos, os concorrentes, o perfil da clientela, as estratégias de marketing e o planejamento Café de la Provence 10 financeiro que viabilizará a abertura da nova empresa. O plano de negócios não se trata de apenas um documento fechado em uma gaveta, mas um projeto vivo que sempre deve ser mantido atualizado1. 2.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Em mercados onde a concorrência é cada vez mais acirrada, um bom planejamento estratégico é fundamental para que uma empresa possa atingir seus objetivos e, assim, conquistar o retorno esperado por seus acionistas. "O processo de administração estratégica é o conjunto de compromissos, decisões e ações necessários para que a empresa obtenha vantagem competitiva e retornos acima da média" (HITT, 2008, p. 6). 2.3.1 VISÃO, MISSÃO E VALORES Visão De acordo com Hitt (2008, p. 17), a visão retrata o que a empresa pretende ser e o que pretende realizar para tal. Deve ser disseminada a todos os funcionários da companhia. É o que direciona a empresa em busca de seus objetivos; o que a levará ao patamar desejado no futuro. A visão representa qual rumo a organização irá tomar e aonde quer chegar. Geralmente procura responder à pergunta "O que queremos nos tornar?" (FERREL, 2009, p. 33). Missão A missão da empresa é mais específica e concreta do que sua visão. Em conjunto com esta, forma os alicerces para que uma companhia adote as suas estratégias. Duas perguntas fundamentais devem ser respondidas para se chegar à missão de uma empresa: "Em que negócio a companhia está?" e "Em que negócio deseja estar?" Tanto a missão quanto a visão devem ser elaboradas pelo CEO e 1 SEBRAE. Plano de negócio. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/momento/quero-abrir-um-negocio/vouabrir/consulte-a-viabilidade/plano-de-negocio>. Acesso em: 09 jun. 2012. Café de la Provence 11 pelo alto escalão da companhia. A visão servirá de base para a missão da empresa, a qual definirá em quais negócios pretende competir e quais clientes pretende atender, de acordo com Hooley (2005). Uma declaração de missão bem formulada dá aos funcionários um senso compartilhado de propósito, direção e oportunidade. Ela orienta funcionários geograficamente dispersos a trabalhar com independência, embora coletivamente, para alcançar as metas da organização (KOTLER, 2006, p. 43). Valores Valores são disseminados por toda a empresa e afetam direta e indiretamente a forma de conduzir seus negócios. São as crenças e a forma de agir que direcionam a companhia. Representam os princípios da organização e como os funcionários devem responder às mais diversas situações. Descrevem, de forma concreta (como, por exemplo, por meio de um código de ética) e/ou de forma abstrata (através de costumes) quais comportamentos são inaceitáveis e quais são valorizados (HITT, 2008, p. 22). 2.3.2 OBJETIVOS E METAS Os objetivos organizacionais descrevem quais são os resultados esperados com a execução da missão de uma empresa, bem como o lucro que deve ser atingido, entre outros fatores, como posicionamento de mercado, reputação e responsabilidade social e ambiental. Para tais objetivos serem eficazes, devem seguir determinadas características: ser claros, em linguagem simples, possibilitando compreensão por todos os funcionários; formulados por escrito, o que força a administração da companhia a refletir sobre eles e ordená-los por grau de importância, além de ajudar os demais membros da empresa a lembré-los; específicos, determinando o que deve ser feito e por quem; e mensuráveis e desafiadores, porém alcançáveis, o que permite o acompanhamento e avaliação do cumprimento do que foi proposto (CHURCHILL, 2000, p. 89). Conforme Kotler (2006, p. 52), as metas são utilizadas para descrever os objetivos da organização em termos de magnitude e prazo. Seguindo a mesma linha Café de la Provence 12 de pensamento de Churchill (2000, p. 89), afirma que elas devem ser realistas e consistentes, ou seja, atingíveis. Podem ser estabelicidas através de objetivos que busquem crescimento das vendas, aumento da lucratividade, maior participação de mercado, redução de despesas, índice de satisfação dos clientes, entre outros. 2.3.3 ANÁLISE AMBIENTAL 2.3.3.1 ANÁLISE DO MACROAMBIENTE/AMBIENTE EXTERNO O macroambiente é composto por dimensões na sociedade geral que influenciam as empresas e os setores em que estão incluídas. É dividido em cinco segmentos/ambientes: político-legal, econômico, natural, social e tecnológico, conforme a ilustração a seguir: Ambiente político-legal Ambiente econômico Ambiente tecnológico Empresa Ambiente social Ambiente natural Figura 1 - Macroambiente/ambiente externo Fonte: Autor, 2012 As organizações não têm o poder de controlar diretamente os elementos do ambiente externo, mas esses têm forte impacto na condução dos negócios delas. Café de la Provence 13 Para saber lidar com tais fatores e, assim, formular um planejamento estratégico adequado, as companhias devem procurar estudar cada um dos cinco ambientes, a fim de entender quais impactos podem causar em seus negócios, além de identificar eminentes oportunidades e ameaças. "Uma oportunidade é uma condição no ambiente geral que, se explorada, ajuda a empresa a obter competitividade estratégica" e "uma ameaça é uma condição do ambiente geral que pode impedir os esforços de uma empresa em obter competitividade estratégica" (HITT, 2008, p. 35, 37-38). 2.3.3.1.1 AMBIENTE POLÍTICO-LEGAL Uma empresa deve seguir as normas, leis, regulamentações e pressões políticas que afetam seu ramo de atuação e seus negócios. Churchill (2008, p. 3233) cita exemplos de algumas leis federais brasileiras que afetam as atividades das companhias: - promoção da concorrência leal; - limitações à estratégia de produto; - limitações à estratégia de preços; - limitações à estratégia de distribuição; e - limitações à estratégia de promoção. Exercer rigorosamente o que as leis obrigam não apenas evita às organizações multas e processos, que podem consumir tempo e recursos financeiros, até mesmo suspensão das atividades, mas também propaga uma imagem confiável aos clientes. Ademais, alterações na legislação podem requerer mudanças drásticas na forma de atuação das companhias e, caso estas não sejam capazes de se adequarem, sofrerão o risco de perder competitividade (CHURCHILL, 2008, p. 31). 2.3.3.1.2 AMBIENTE ECONÔMICO Conforme Hitt (2008, p. 42), o ambiente econômico refere-se à economia em que a empresa está inserida. Os negócios de uma companhia podem ser afetados pela economia nacional, de outros países, ou de forma global, com mais ou menos Café de la Provence 14 intensidade, a depender da abrangência de sua área de atuação, seja com clientes ou com fornecedores. Por exemplo, uma companhia instalada em um país com economia em crescimento, mas que possua fornecedores em economias em recessão pode ter seu negócio prejudicado. Indicadores como juros, câmbio, PIB, inflação, entre outros, são de suma importância para análise do ambiente econômico e auxiliam na adoção de estratégias mais assertivas. Partindo para uma análise mais voltada ao marketing, Kotler (2006, p. 84) ressalta a importância do ambiente econômico para avaliar o poder de compra -- que depende da renda, dos preços, do endividamento, da poupança e da disponibilidade de crédito -- e possíveis alterações nos padrões de consumo da sociedade. Alerta, também, que uma atenção especial deve ser destinada a produtos dirigidos a consumidores de alto poder aquisito e sensíveis a preço. 2.3.3.1.3 AMBIENTE NATURAL O ambiente natural é composto pelos recursos naturais disponíveis para a organização ou que são afetados por ela. O clima pode influenciar a capacidade de produção ou de fornecimento de bens e serviços de uma companhia. Além disso, empresas podem afetar o ambiente natural gastando ou repondo recursos e aumentando ou reduzindo as emissões de poluentes. (CHURCHILL, 2000, p. 43-44). As constantes preocupações com o bem-estar do meio-ambiente podem influenciar o comportamento dos consumidores no processo de decisão de compra, fazendo com que alguns sintam-se mais confortáveis ao comprar produtos de companhias responsáveis com o planeta. Este fator, aliado às necessidades de adequação a leis ambientais e de respostas a pressões da sociedade a favor do meio-ambiente provocou o surgimento do conceito de marketing verde. Adotando tal estratégia, algumas companhias visam a diferenciar seus negócios, desenvolvendo produtos menos nocivos ao meio-ambiente. Se por um lado essa postura pode trazer impacto positivo à marca de uma empresa, por outro pode gerar uma percepção de qualidade inferior dos produtos, além de onerar os custos de produção (KOTLER, 2006, p. 89). Café de la Provence 15 2.3.3.1.4 AMBIENTE SOCIAL O ambiente social é constituído pelas atitudes, crenças, comportamentos e valores das pessoas, que são a base de uma sociedade, e geralmente influenciam mudanças e fatores demográficos, político-legais, econômicos, tecnólogicos e ambientais (HITT, 2008, p. 43). Um dos grandes pilares de estudo deste ambiente é a demografia. Através dela, são levantadas informações que dizem respeito às características da população, como idade, taxa de natalidade/mortalidade, estado civil, etnia, distribuição geográfica etc. (CHURCHILL, 2000, p. 37). Estudos mais profundos buscam entender tendências sociais e mudanças de hábitos/estilos de vida e de padrões de consumo da sociedade. É notável uma forte pressão do mercado consumidor às empresas, pela qual os clientes tornam-se cada vez mais exigentes e rigorosos em relação aos produtos e serviços que compram e consomem. Procuram produtos de maior qualidade, mais duradouros e confiáveis, com serviços ágeis e eficientes a preços menores. Além disso, os clientes estão muito mais resistentes a pagar preços significativamente mais elevados por produtos e serviços que não ofereçam realmente um valor maior. Dificilmente clientes mais sofisticados serão atraídos por produtos de preço baixo com qualidade inferior, mas não serão facilmente convencidos por propagandas meramente baseadas em imagem, e sim por comprovação de valor superior. 2.3.3.1.5 AMBIENTE TECNOLÓGICO Para Churchill (2000, p. 45), o ambiente tecnológico é compreendido pelo conhecimento científico, pesquisa, invenções e inovações que levam à criação de novos produtos e serviços ou ao aperfeiçoamento de já existentes. Além disso, os avanços tecnológicos podem tornar-se uma ameaça às companhias que não acompanharem as mudanças por eles provocadas. Cada nova tecnologia é uma força de 'destruição criativa'. Os transistores derrubaram a indústria de válvulas, a xerografia derrubou a indústria de papel-carbono, os automóveis prejudicaram as estradas de ferro e a televisão prejudicou os jornais. Em vez de migrar para as novas tecnologias, muitas empresas antigas lutaram contra elas ou as desprezaram, e seus negócios minguaram. Entretanto, está na essência do capitalismo de Café de la Provence 16 mercado ser dinâmico e tolerar a destruição criativa da tecnologia como preço do progresso (KOTLER, 2006, p. 90). A tecnologia revoluciona o acesso a informações e, consequentemente, cria novas oportunidades para as ações de marketing atingirem os consumidores. Companhias passam a dispor de novos canais de comunicação com os clientes, como os computadores e os smart phones (FERRELL, 2009, p. 112). 2.3.3.2 ANÁLISE DO AMBIENTE SETORIAL O ambiente setorial reúne um grupo de companhias que trabalham com produtos/serviços que são substitutos próximos. Em mercados com concorrências cada vez mais acirradas, as empresas participantes influenciam umas às outras através da busca por vantagens competitivas. DIversos fatores são fundamentais para compreender o setor no qual as companhias estão inseridas, tais como clientes, fornecedores, legislação específica, tamanho do mercado e potencial de crescimento, entre outros, e podem identificar oportunidades e ameaças aos negócios (HOOLEY, 2005, p. 86). Complementando, Kotler (2006, p. 340) menciona outro ponto crucial do ambiente setorial: a estrutura de custos. Cada setor possui uma composição de custos que definirá sua conduta estratégica. Certos têm custos altos na fabricação, outros na distribuição, por exemplo. 2.3.3.2.1 AS CINCO FORÇAS COMPETITIVAS DE PORTER Para compreender melhor o ambiente setorial, será utilizado o modelo das Cinco Forças Competitivas de Porter. As Forças são definidas pelo poder de barganha dos fornecedores, poder de barganha dos clientes ou compradores, ameaça de produtos substitutos, ameaça de novos entrantes e o nível de rivalidade entre os concorrentes. A seguir encontra-se uma representação gráfica do modelo e a descrição de cada um dos fatores influentes na competitividade do ambiente setorial: Café de la Provence 17 Figura 2 - Representação gráfica das Cinco Forças Competitivas Fonte: Wikipédia, 2012 2.3.3.2.1.1 PODER DE BARGANHA DOS FORNECEDORES O equilíbrio de poder entre as empresas concorrentes de um setor, seus clientes e fornecedores têm forte influência no nível de competitividade do mercado. Quando há maior poder concentrado nas mãos de fornecedores, ocorre um intenso acirramento da concorrência entre as empresas por eles. Hitt (2008, p. 52) cita diversas situações que podem ocasionar um desequilíbrio de poder, por exemplo, quando: - um setor é dominado por poucas companhias de grande porte e é mais concentrado do que os compradores; - não há produtos substitutos adequados disponíveis para as companhias do setor; - as empresas do setor não são clientes suficientemente importantes para os fornecedores; - sem os materiais dos fornecedores as empresas não atendem as necessidades de seus compradores; Café de la Provence 18 - há altos custos envolvidos na troca de fornecedores, principalmente porque produtos de mesma qualidade ou superiores são diíceis de ser encontrados em outros lugares; e - os fornecedores podem representar uma ameaça à integração à frente na indústria dos compradores, principalmente quando têm recursos consideráveis e oferecem um produto altamente diferenciado. 2.3.3.2.1.2 PODER DE BARGANHA DOS CLIENTES OU COMPRADORES Os compradores ou clientes dos produtos de um setor também exercem representativas pressões que podem afetar o nível de concorrência. Eles podem forçar uma redução de preços, barganhar por maior qualidade dos produtos e serviços e, inclusive, jogar os concorrentes uns contra os outros. Dependendo do porte do comprador, ele pode simplesmente aceitar aumentos de preços, ou ter poder e influência suficientes para requerer preços menores. Além disso, os compradores podem adotar estratégias de comprar empresas que lhes fornecem produtos, ou também comprar empresas concorrentes a seus fornecedores, de forma a pressioná-los por condições melhores (CHURCHILL, 2000, p. 51). Hooley (2005, p. 90), complementa a análise com algumas situações que proporcionam maior poder aos compradores dentro da cadeia de fornecimento, conforme abaixo: - compradores mais concentrados que vendedores: quando há um pequeno número de compradores em relação aos vendedores, principalmente quando os compradores são responsáveis por grandes volumes de compras e/ou os vendedores produzem em quantidades relativamente baixas. Cita, neste caso, como exemplo o setor de supermercados, no qual um pequeno grupo de grandes empresas detém enorme fatia das vendas totais e, desta forma, consegue praticamente ditar as regras aos seus fornecedores; - fontes alternativas de fornecimento facilmente disponíveis: quando não há dificuldades para os compradores procurarem outros fornecedores, especialmente em setores inchados e com alta oferta de produtos/serviços similares; - baixos custos para os compradores mudarem de fornecedores: quando não necessariamente é fácil alterar o fornecedor e os meios de fornecimento, mas é Café de la Provence 19 barato, os compradores podem procurar alternativas com melhores condições no mercado. Caso os custos sejam baixos e ainda existam alternativas de fornecimento prontamente disponíveis, o poder de barganha dos compradores será consideravelmente mais elevado. Para finalizar, Hitt (2008, p. 52) menciona outro fator que pode ser uma possível ameaça aos fornecedores: quando os produtos do setor não são diferenciados ou são padronizados, os compradores podem se integrar para trás. 2.3.3.2.1.3 AMEAÇA DE PRODUTOS SUBSTITUTOS Produtos substitos são compreendidos por bens ou serviços externos a um determinado setor, capazes de executar funções idênticas ou semelhantes às de um produto que um setor produz. Por exemplo, o e-mail e o fax vieram para substituir a entrega de correspondências de um dia para outro, as garrafas de plástico chegaram para tomar o lugar de garrafas de vidro e o adoçante veio para competir com o açúcar. Os produtos substitutos podem representar uma preocupante ameaça para empresas quando seus compradores possuem baixo ou nenhum custo de mudança, quando o preço desses novos produtos são inferiores ou quando a qualidade e a capacidade de desempenhar suas funções são iguais ou superiores às do produto concorrente. Uma forma de defesa aos produtos já existentes é diferenciá-los através de fatores valorizados pelos compradores, como preço, qualidade, serviços prestados, atendimento pós-venda e localidade, reduzindo, assim, a atratividade dos substitutos (HITT, 2008, p. 53). O grau de rivalidade entre os concorrentes aumenta com o surgimento de produtos substitutos. Os fabricantes dos substitutos pressionam outras empresas do setor a reduzirem seus preços e a desenvolverem produtos de maior qualidade, de forma a tentar minimizar os riscos de queda das vendas. O setor tecnológico caminha a passos largos e é um mercado onde os ciclos de vida dos produtos caem constantemete, devido à aparição frequente de novos produtos substitutos. A cada dia, produtos tornam-se obsoletos ao serem susbstituídos por novos mais avançados (HOOLEY, 2005, p. 89). Café de la Provence 20 2.3.3.2.1.4 AMEAÇA DE NOVOS ENTRANTES Todos os mercados estão sujeitos à entrada de novos concorrentes, porém alguns possuem barreiras mais fortes ao ingresso deles. Alguns setores podem exigir altos investimentos financeiros ou anos de experiência para reduzir os custos de produção, para "admitirem" novos concorrentes de fato. Churchill (2000, p. 50) mostra a diferença entre o nível de barreiras à entrada de setores diferentes. Por exemplo, uma empresa que deseja ingressar como novo concorrente no setor de automóveis tem um custo inicial muito mais elevado que uma empresa postulante ao setor de restaurantes. Determinados setores podem exigir uma estrutura muito mais sólida e know-how extremamente avançado, outros nem tanto. Assim, a probabilidade de ingresso de novos competidores é muito mais alta em setores com baixas barreiras à entrada. A entrada de novas companhias em um setor intensifica a rivalidade entre os concorrentes, aumentando a oferta de produtos e pressionando uma redução de preços, o que, por consequência, leva a uma queda da lucratividade. Hooley (2005, p. 88) define detalhadamente alguns fatores cruciais que dificultam ou facilitam o ingresso de novos concorrentes: - baixos custos de entrada: menores custos são convidativos à entrada de novas empresas. A internet permitiu que diversos setores que antes precisavam de capital e investimentos iniciais significativos para entrar no mercado pudessem, agora, ingressar com menos recursos. Diversos competidores entraram no varejo através do e-commerce, sem a necessidade de lojas físicas; - acesso a canais de distribuição: com o passar do tempo os participantes do setor geralmente aprimoram os meios de distribuição de produtos e criam fortes laços de relacionamento com os distribuidores. Novos entrantes terão de convencer os distribuidores a comercializar seus produtos, seja substituindo os produtos que distribuem atualmente, seja adicionando os novos produtos; - diferenciação de produtos: empresas já consolidadas no mercado teriam vantagens em relação a novos entrantes por terem seus produtos no mercado há mais tempo. Anos de atividade em um setor permitem uma divulgação maior de uma boa imagem dos produtos de uma companhia e podem fidelizar seus clientes, por já estarem acostumados aos produtos que compram ou por terem uma percepção de exclusividade. Novos entrantes teriam de superar a percepção de valor que os Café de la Provence 21 clientes já têm em relação aos produtos que já consomem ou simplesmente oferecer seus produtos a preços mais baixos. Hitt (2008, p. 50) enriquece a análise através de outros fatores: - economias de escala: são oriundas de melhorias gradativas na eficiência dos negócios à medida que as companhias vão crescendo. Em função disso, conforme a quantidade de produção em um determinado período aumenta, o custo de produção unitário diminui. Tal redução de custos possibilita às empresas reduzirem seus preços, buscando uma maior participação no mercado, ou mantê-los e, com isso, aumentarem seus lucros. A falta de experiência dos novos entrantes e a entrada com pequena escala de produção em um setor os coloca em desvantagem no mercado. Por outro lado, caso entrem em grande escala, correm o risco de intensa retaliação competitiva pelas empresas já atuantes no mercado. - custos de mudança: são os custos que os clientes têm de arcar uma única vez quando compram de outro fornecedor. Podem ser os custos de comprar novos equipamentos e ter de retreinar os funcionários e mesmo os fatores psicológicos de terminar uma relação comercial com um fornecedor já estabelecido. Algumas vezes, os custos de mudança são baixos, como no caso em que o consumidor passa a comprar refrigerante. Os custos de mudança podem variar em função do tempo. Por exemplo, em termos de horas-crédito para se formar, o custo de mudança de uma universidade para outra no caso de um calouro, é muito menor do que para um aluno que esteja começando o último ano. Ocasionalmente, a decisão de um fabricante de produzir um novo produto inovador cria altos custos de mudança para o consumidor final. Os programas de lealdade do cliente, tal como o programa de milhas de uma companhia aérea, visam aumentar os custos de mudança para o cliente (HITT, 2008, p. 51). Em situações nas quais os custos de mudança são elevados, um novo ingressante terá que ofertar um produto consideravelmente melhor, um preço significativamente inferior ou ainda ambos. Ademais, quanto mais intenso for o relacionamento entre o comprador e o vendedor, maior será o custo de mudança para outra oferta: - política governamental: os governos também tem o poder de controlar o ingresso de empresas telecomunicação em determinados (emissoras de setores, rádio e por exemplo TV), entre o de outros. transportes, As decisões governamentais podem restringir a entrada em função da necessidade de oferecer qualidade dos produtos/serviços ou até Café de la Provence mesmo de proteger empregos. 22 Determinadas indústrias podem ter alta importância estratégica aos governos e por isso devem ter controle estatal. Além das barreiras à entrada descritas acima, há também outro fator importante que dificulta o surgimento de novos concorrentes: a retaliação. As companhias participantes de determinado setor podem adotar reações competitivas ágeis e intensas de forma a barrar a entrada de novas companhias. Uma forte retaliação pode ser esperada quando as empresas já existentes possuem grande interesse no setor envolvido, por possuírem ativos fixos que não podem ser integralmente aproveitados em outro setor ou quando o crescimento do setor for lento e/ou restrito. Dessa forma, uma alternativa para os novos entrantes é identificar nichos de mercado que não estão sendo plenamente atendidos pelos atuais concorrentes, de modo a se instalarem no mercado, para depois competirem diretamente por um espaço. 2.3.3.2.1.5 RIVALIDADE ENTRE CONCORRENTES As empresas de um setor dependem umas das outras e as ações tomadas por cada uma delas geralmente provocam reações competitivas. As outras quatro forças competitivas de Porter influenciam e são influenciadas pelo comportamento das companhias e a rivalidade entre os concorrentes se intensifica quando as empresas sofrem pressão competitiva das demais ou quando identificam novas oportunidades para melhorar suas posições no mercado. As companhias de um setor geralmente possuem recursos e capacidades distintas e procuram criar vantagens competitivas para se diferenciar de seus concorrentes, seja por preço, qualidade ou inovações. Para melhor compreender a rivalidade entre as empresas, Hitt (2008, p. 53) retrata os principais fatores que a afetam: - concorrentes numerosos ou igualmente equilibrados: setores com várias empresas são comuns fortes rivalidades. Algumas empresas acreditam que podem agir sem expectativa de reações dos concorrentes em setores com grande quantidade deles, embora tais reações realmente ocorram. Por outro lado, setores com poucas empresas de tamanho/porte e poder equivalentes também possuem uma forte Café de la Provence 23 tendência a grandes rivalidades. Suas sólidas estruturas, altos recursos e poder de influência aos stakeholders permitem ações e reações muito intensas no mercado; - crescimento lento do setor: em mercados de crescimento rápido as empresas procuram utilizar seus recursos para atender uma demanda em expansão. Assim, a necessidade de conquistar os clientes dos concorrentes é menor. Entretanto, quando o setor passa por um crescimento lento, a rivalidade é acirrada através da busca das empresas por maior participação no mercado e, para atingir tal objetivo, é necessário atrair clientes da concorrência. Quando a demanda começa a se retrair as companhias têm de reduzir sua produção, geralmente ficando com capacidade ociosa. Além disso, uma menor demanda fatalmente pressionará as companhias por uma queda de preços; - altos custos fixos ou altos custos de armazenamento: da mesma forma que o crescimento do setor pode ocasionar uma oferta maior que a demanda, quando os custos fixos representam grande parte dos custos totais das empresas, elas tendem a utilizar o máximo de sua capacidade produtiva, de forma a diluir tais custos em um volume maior de produção. Este alto volume de produção pode gerar excesso de capacidade em todo o setor. Com isso, as companhias geralmente reduzem os seus preços para, consequentemente, eliminar seus estoques -- que também podem possuir custos elevados de armazenamento. Quando analisamos o custo de estocagem individualmente, temos como exemplo a indústria de produtos perecíveis, que perdem o seu valor rapidamente com o decorrer do tempo. Conforme os estoques aumentam, as empresas tendem a diminuir os preços para vender seus produtos antes de perecerem; - falta de diferenciação ou baixos custos de mudança: os setores com muitas empresas com produtos diferenciados geralmente têm menos rivalidade. Isso porque dificilmente um produto poderá ser imitado por outro e, assim, a concorrência torna-se menor. No entanto, em setores de produtos considerados commodities -- ou seja, que possuem poucas características diferenciadas --, a rivalidade é alavancada, pois os compradores levam em conta somente o preço e, com menos relevância, a qualidade do atendimento no processo de decisão de compra. Quanto aos custos de mudança, o efeito é o mesmo: se eles forem baixos, haverá maior facilidade para os concorrentes atraírem clientes de outras empresas. Caso sejam altos, dificultarão a migração dos compradores; Café de la Provence 24 - grandes interesses estratégicos: quando é importante para muitos concorrentes ter um bom desempenho no mercado, a rivalidade provavelmente será intensa. Uma empresa pode ter interesse estratégico em competir em outro segmento por considerar importante para a sua estratégica macro. Além disso, também podem existir grandes interesses estratégicos relacionados à localização geográfica, fazendo com que companhias migrem ou ampliem suas atividades a outras regiões. A proximidade geográfica entre os concorrentes pode facilitar a comunicação, o relacionamento e a forma dos fornecedores atendê-los. Com isso, podem ser geradas economias de escala que propiciam menores custos de produção; e - altas barreiras à saída: determinados setores podem ter fatores que dificultam as empresas a saírem da competição. Alguns deles são: - custos fixos de saída, como acordos trabalhistas; - inter-relações estratégicas: outras operações da empresa podem depender da estrutura dela no setor que procura sair, como acesso a mercados financeiros; e - restrições governamentais e sociais: pressões contra o corte de empregos e os efeitos econômicos causados por uma possível saída. Em função das altas barreiras à saída, algumas companhias são forçadas a manter suas atividades em determinado setor, inclusive em casos de baixo retorno ou de prejuízo nos negócios. A manutenção dos concorrentes colabora com o aumento da rivalidade. 2.3.3.3 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNO A análise do ambiente interno é imprescindível para identificar os recursos e as capacitações de uma empresa, sejam eles tangíveis -- financeiros, organizacionais, físicos e tecnológicos --, ou intangíveis -- humanos, de inovações e relacionados à reputação. Esses recursos podem levar à criação das competências essenciais de uma empresa ou de suas vantagens competitivas e, para obter tais vantagens, as companhias devem criar valor aos seus clientes. Conforme Hitt (2008, p. 72), "o valor é medido pelas características de desempenho de um produto e pelos atributos pelos quais os clientes estão dispostos a pagar". Café de la Provence 25 Recursos tangíveis são aqueles que podem ser vistos, como as instalações e equipamentos de uma empresa. Geralmente têm seus valores representados nas demonstrações financeiras, embora nem sempre com muita precisão. Já os intangíveis são considerados uma fonte superior de competências essenciais e há certa dificuldade em mensurá-los. Entre eles estão o know-how de uma companhia, sua organização de processos, o valor de sua marca, etc. Quanto mais "invisível" for um recurso, maior será a dificuldade da concorrência em compreendê-lo, imitá-lo ou substitúi-lo e, com isso, mais sustentável será a vantagem competitiva de uma empresa. Os recursos, capacidades e competências essenciais formam a base da vantagem competitiva. Os recursos são a fonte das capacidades de uma empresa, sendo agrupados para criar capacitações organizacionais, que, por sua vez, são a fonte das competências essenciais de uma empresa, que formam a base das vantagens competitivas (HITT, 2008, p. 74). 2.3.4 ANÁLISE SWOT A análise SWOT, do inglês Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats (forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, respectivamente) é a etapa que sucede às análises dos ambientes externo, setorial e interno. Através dela, uma empresa deve identificar suas forças e fraquezas -- no âmbito interno da organização -- e oportunidades e ameaças -- no âmbito externo. Conforme Kotler (2006, p. 50), a análise SWOT levará à definição dos objetivos e metas de uma empresa, bem como à formulação de suas estratégias. No ambiente interno, a identificação das forças e fraquezas ocorrerá em função da disponibilidade de recursos de uma empresa, conforme descritos no item anterior (análise do ambiente interno). Descobertos tais recursos, será possível à administração da companhia desenvolver estratégias que os transformem em vantagens competitivas -- no caso de pontos fortes. Caso sejam pontos fracos, as estratégias terão a finalidade de minimizar os efeitos negativos, por não terem potencial a ser explorado como vantagens. Após identificadas as forças e fraquezas, as oportunidades e ameaças deverão ser encontradas e interpretadas através das análises dos ambientes externo e setorial. Uma empresa deve alavancar suas forças internas, mas também Café de la Provence 26 deve sempre estar atenta às tendências externas. Companhias que não acompanham o âmbito externo podem ser pegas de surpresa por mudanças, sejam no setor em que estão inseridas, sejam políticas, tecnológicas, entre outras que compõem o macroambiente. Além de correrem o risco de não responderem de maneira eficaz às mudanças externas, as empresas que não estiverem conectadas aos fatores externos poderão deixar escapar oportunidades de obter vantagens competitivas (FERREL, 2009, p. 135-136). Para melhor comparar as informações levantadas pela análise SWOT, é utilizada a seguinte matriz: Figura 3 - Matriz SWOT Fonte: Pensando Grande, 2012 Por fim, uma análise SWOT bem executada permitirá a uma empresa alavancar suas forças, minimizar suas fraquezas, aproveitar oportunidades e resistir a ameaças. A análise deverá combinar os fatores internos e externos, jamais avaliando-os de maneira isolada. Café de la Provence 27 2.4 PLANEJAMENTO FINANCEIRO O planejamento financeiro é responsável por viabilizar financeiramente as atividades de uma empresa. Através de projeções financeiras, uma companhia pode (a) enxergar se seu desempenho está de acordo com o traçado por seus objetivos e metas; (b) estimar os impactos financeiros de mudanças operacionais propostas pela administração; (c) planejar as necessidades futuras de capital; e (d) estimar os futuros fluxos de caixa. Dessa forma, a administração adquire maior segurança e assertividade em suas tomadas de decisões (BRIGHAM, 2007, p. 117). Conforme Neto (2010, p. 9), decisões financeiras são inevitáveis e adotadas constantemente por empresas. A mais importante delas é a decisão de investimento, pois envolve todo o processo de identificação, avaliação e escolha das opções de aplicações de recursos, buscando retornos futuros. Também com bastante relevância há as decisões de financiamento, que, por outro lado, buscam as melhores alternativas para captação de recursos e a melhor proporção entre capital próprio e capital de terceiros. Através delas, as empresas gerenciam custos menores de captação em relação aos retornos esperados pela aplicação dos recursos. 2.4.1 FLUXO DE CAIXA ECONÔMICO O fluxo de caixa econômico, também conhecido como fluxo de caixa livre, resume as entradas e saídas efetivas de caixa ao longo do tempo. Por meio dele é possível avaliar a rentabilidade e a viabilidade financeira de um projeto de investimento, estimar o valor de uma empresa, planejar as operações e determinar a capacidade de pagamento de dívidas (SAMANEZ, 2007, p. 223). O fluxo de caixa econômico é estruturado da maneira a seguir: Café de la Provence 28 Tabela 1 - Estrutura do fluxo de caixa econômico Receita bruta (-‐) Deduções Receita líquida (-‐) Custos e despesas (-‐) Depreciação Lucro bruto operacional (-‐) Impostos sobre o lucro + Depreciação (-‐) Investimento (-‐) Variações na Necessidade de Capital de Giro + Valor residual Fluxo de caixa econômico Fonte: PADOVEZE, 2009 2.4.2 CUSTO DO CAPITAL O custo de capital de uma empresa pode ser considerado a remuneração mínima exigida pelos proprietários dos recursos. É utilizado como taxa mínima de atratividade nas tomadas de decisões de investimentos e indica a viabilidade de um negócio quando seu retorno for superior ao custo de alocação do capital. Conforme Neto (2010), existem dois custos principais: o custo do capital próprio e o custo do capital de terceiros. A partir deles, é possível identificar o custo médio ponderado de capital, modelo mais eficiente para uma precisa análise de viabilidade de investimentos. 2.4.2.1 CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO (CAPM) O CAPM (Capital Asset Pricing Model) reflete o retorno esperado pelos acionistas de uma companhia ao aplicarem seus recursos. Ele estabelece uma relação linear entre o retorno de um ativo e o retorno de mercado e, quanto maior for o risco do investimento, maior será o retorno exigido pelos detentores de capital. Por outro lado, para níveis de risco mais baixos, o retorno também pode ser reduzido. Em outras palavras, um ativo deve promover um retorno que compense o risco tomado pelo investidor (NETO, 2010, p. 431-432). Café de la Provence 29 O CAPM é calculado pelo coeficiente beta, determinado pela relação entre o retorno do ativo investido e a taxa de retorno de mercado, e pela taxa livre de risco da economia, mais a remuneração de um prêmio pelo risco inerente ao ativo em avaliação. O custo do capital próprio pode ser encontrado através da seguinte equação: !! = !! + ! ∗ !! − !! onde: !! = taxa de retorno mínima requerida pelos investidores do ativo (custo de capital próprio); !! = taxa de retorno de ativos livres de risco; ! = coeficiente beta, medida do risco do ativo em relação ao risco sistemático da carteira de mercado; !! = rentabilidade oferecida pelo mercado em sua totalidade e representada pela carteira de mercado. No Brasil, o CAPM é aplicado utilizando-se dados e informações nacionais, preferencialmente para empresas que operam com o mercado financeiro interno. Os coeficientes betas devem ser obtidos através da BM&FBovespa, a carteira de mercado é representada pelas ações negociadas na bolsa e a taxa livre de risco da economia considerada é a remuneração dos títulos públicos federais (NETO, 2010, p. 435). 2.4.2.2 CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS O custo do capital de terceiros ou custo da dívida é o retorno exigido pelos credores de uma empresa sobre os empréstimos concedidos. Diferentemente do custo do capital próprio, não é necessário estimar um beta para seu cálculo, pois o custo é diretamente expresso pela taxa de juros da dívida contraída (ROSS, 2008, p. 485). Café de la Provence 30 2.4.2.3 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (WACC) O modelo mais eficiente para amparar análises entre risco e retorno e viabilidade de negócios é o do Custo Médio Ponderado de Capital (WACC, do inglês Weighted Average Cost of Capital). Como empresas nem sempre utilizam apenas capital próprio para financiar suas atividades e também não somente capital de terceiros ou ações preferenciais, o WACC permite calcular o custo médio entre todos os recursos captados, de acordo com a estrutura de capital de cada companhia (BRIGHAM, 2007, p. 435). De acordo com Weston (2000, p. 630), cada empresa busca uma estrutura de capital ótima, balanceando entre as alternativas de captação de recursos disponíveis mencionadas acima. Com isso, uma organização que busque maximizar seu valor para os acionistas estabelecerá uma estrutura-alvo de capital e, dessa forma, persegui-la-á no decorrer do tempo. A representatividade de cada modalidade de capital possibilitará o cálculo do WACC, conforme a equação abaixo: !"## = !! ∗ !! ∗ (1 − !) + !! ∗ !! + !! ∗ !! onde: !! = representatividade percentual do capital de terceiros (dívida); !! = custo do capital de terceiros (dívida); ! = alíquota do imposto de renda !! = representatividade percentual das ações preferenciais; !! = custo das ações preferenciais !! = representatividade percentual do capital próprio; e !! = custo do capital próprio. 2.4.3 ANÁLISE DE VIABILIDADE A análise de viabilidade permite avaliar se um plano de negócios é financeiramente viável. Para tal, existem diversos métodos que determinam a capacidade de geração de fluxo de caixa de uma empresa e se esses valores gerados tornam o investimento atrativo ou não. A análise será executada através Café de la Provence 31 das seguintes técnicas: Payback (que dispensa análise mais profunda, pois somente calcula o prazo necessário para retorno do investimento, sem descontar os fluxos de caixa pela taxa de atratividade do negócio), Payback Descontado, Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR), que serão descritas a seguir. 2.4.3.1 PAYBACK DESCONTADO O método do Payback Descontado consiste em avaliar qual será o tempo necessário para que uma empresa recupere os investimentos realizados em determinado projeto. Para isso, devem ser levantados os fluxos de caixa estimados que serão gerados pelo projeto e descontá-los à taxa de desconto (representada pelo custo do capital), para se chegar aos valores presentes de tais fluxos. Dessa forma, quando o valor presente dos fluxos de caixa atingir o valor do investimento inicial, é determinado quanto tempo será necessário para que os recursos aplicados sejam pagos (SAMANEZ, 2007, p. 181). Abaixo a fórmula para a obtenção do Payback Descontado: ! ! = !!! !"! (1 + !)! onde: ! = investimento inicial; ! = número de períodos; !"! = fluxo de caixa no período !; e ! = taxa de desconto (custo de capital). A regra de aceitação deste método define que um investimento pode ser aceito caso o período de Payback Descontado seja inferior a um horizonte préespecificado de tempo (ROSS, 2008, p. 272). Café de la Provence 32 2.4.3.2 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) A técnica do Valor Presente Líquido consiste em descontar os fluxos de caixa futuros estimados que serão gerados por um investimento, de forma a obter o valor presente deles, e em seguida subtrair o valor do investimento inicial. A diferença entre o valor presente dos fluxos de caixa futuros e o valor do investimento inicial é o VPL. Samanez (2007, p. 180) explica detalhadamente o cálculo do VPL através da seguinte fórmula: ! !"# = −! + !!! !"! (1 + !)! onde: ! = investimento inicial; ! = número de períodos; !"! = fluxo de caixa no período !; e ! = taxa de desconto (custo de capital). Conforme Ross (2008, p. 267), "um investimento deveria ser aceito se o valor presente líquido fosse positivo e recusado se fosse negativo". Com isso, entendemos que um VPL positivo representa o valor agregado pelo investimento a uma empresa. 2.4.3.3 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) O método da Taxa Interna de Retorno representa a taxa de desconto que iguala, na data de início do investimento, as entradas com as saídas previstas de caixa. Para avaliar os projetos, são necessários o montante investido e os fluxos de caixa que serão gerados pelo investimento. Pelo fato dos valores ocorrerem em momentos distintos, pode-se concluir que a TIR, ao considerar o valor do dinheiro no tempo, representa a rentabilidade do projeto expressa em termos de taxa de juros composta equivalente periódica (NETO, 2010, p. 344-345). A taxa interna de retorno pode ser encontrada através da equação a seguir: Café de la Provence 33 ! !"# = −! + !!! !"! =0 (1 + !)! onde: ! = investimento inicial; ! = número de períodos; !"! = fluxo de caixa no período !; e ! = taxa interna de retorno (TIR) Neste método, a regra para tomada de decisão a ser seguida é: - investir no projeto se a TIR exceder o custo de oportunidade de capital, ou seja, se o retorno for maior que o retorno exigido; ou - não investir no projeto se a TIR for inferior ao custo de oportunidade de capital, representando, desta forma, retorno menor que o exigido (SAMANEZ, 2007, p. 180181). Café de la Provence 34 3 A EMPRESA 3.1 DESCRIÇÃO DO NEGÓCIO Um ambiente aconchegante e agradável, que remete às cafeterias francesas, com piso de tacos, móveis de madeira rústica e poltronas e sofás convidativos. O arranjo da iluminação, espelhos e obras de arte completam a decoração da casa, proporcionando um espaço para descanso e lazer, adequado para a degustação de um belo expresso. O conceito da Café de la Provence é fazer com que as pessoas deixem suas casas ou trabalho para aproveitarem um momento único, lerem livros, revistas ou jornais, navegarem pela internet, através de acesso gratuito à rede wi-fi, e desfrutarem do prazer de uma das bebidas mais saborosas existentes. O menu também conta com bebidas quentes e geladas, inclusive as preparadas à base de café, além de uma cuidadosa seleção de salgados, lanches tradicionais e pães de queijo a sofisticados quiches e croques, e de doces, como brownies, petit gateaus, sorvetes, bolos e tortas diversas. • Razão Social: Cafeteria Francesa LTDA EPP • Nome Fantasia: Café de la Provence • Ramo de atividade: alimentação • Localização: Rua Iaiá, Itaim Bibi, São Paulo - SP • Área: 100 m2 3.2 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 3.2.1 ANÁLISE AMBIENTAL 3.2.1.1 ANÁLISE DO MACROAMBIENTE/AMBIENTE EXTERNO 3.2.1.1.1 AMBIENTE POLÍTICO-LEGAL A abertura de uma cafeteria deverá respeitar uma ampla gama de leis e normas. Neste trabalho, consideramos que o imóvel onde será instalado o negócio está regularizado, possuindo Habite-se, respeitando as Leis de Zoneamento do Café de la Provence 35 município de São Paulo e com os pagamentos do IPTU em dia. Portanto, os procedimentos a serem adotados serão os seguintes: - constituição da Sociedade Limitada, através da elaboração do contrato social e registro na JUCESP; - inscrição na Receita Federal, para obtênção do CNPJ; - registro na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo; e - cadastro no CEVS - Cadastro Estadual de Vigilância Sanitária, no intuito de obter a licença de funcionamento do estabelecimento. Além dos processos destacados acima, a empresa deverá seguir regras específicas da Vigilância Sanitária, exercidas sobre estabelecimentos que produzem e/ou manipulam alimentos (Portarias n. 1.428/MS; n. 326 – SVS/MS, de 30/07/97, e CVS-6/99). Entre elas estão: - controle de saúde dos funcionários: há dois controles a serem seguidos. O primeiro é o do Ministério do Trabalho, através da NR-7, que determina a realização do PCMSO - Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional, cujo objetivo é avaliar e prevenir doenças adquiridas no exercício das profissões; e o segundo é o da Vigilância Sanitária, que procura a saúde do trabalhador para estar apto para o trabalho, não portando doenças infecciosas ou parasitárias; - controle de água para consumo -- obrigatória a existência de reservatório de água; - controle integrado de pragas; - higiene pessoal e uniformização dos funcionários; - higiene das instalações, estoques, materiais e reservatório de água; - áreas e instalações revestidas de material liso, impermeável, de cores claras e de fácil higienização; - área independente para recebimento e armazenagem de mercadorias -tendo estrados e prateleiras com altura mínima de 25cm do piso; - área independente para produção e manipulação de alimentos; - área independente para higiene e guarda de utensílios de preparação; - sanitários para funcionários, separados por sexo; - sanitários para o público, separados por sexo; Café de la Provence 36 - lavatórios exclusivos e em posição estratégica para os funcionários fazerem a higienização das mãos; e - ambiente com iluminação uniforme e boa ventilação. A Vigilância Sanitária também determina que todo estabelecimento que tem como atividade a comercialização de alimentos deverá indicar um Responsável Técnico (Portarias CVC-1 - DIETEP, de 13/01/98, e CVC-6/99). Esta pessoa pode ser o proprietário ou um funcionário capacitado da companhia, que terá como responsabilidade o controle das boas práticas de fabricação, manipulação e manutenção da qualidade dos alimentos. Para completar, outra regulamentação bastante importante a ser observada é o Código de Defesa do Consumidor (CDC), que busca regular a relação de consumo na esfera federal, em busca do equilíbrio entre consumidor e fornecedor2. 3.2.1.1.2 AMBIENTE ECONÔMICO Vivemos em um momento de crise econômica externa, principalmente na Europa, e, em segundo plano, nos Estados Unidos. A crise afeta diretamente o crescimento da economia brasileira, forte dependente das exportações e dos investimentos externos. No entanto, como o Café de la Provence está inserido na economia brasileira e conta apenas com fornecedores e clientes internos (exceto o fornecedor da máquina de expresso, italiano), a empresa não deverá sofrer fortes influências externas. O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, como podemos ver através do gráfico a seguir, teve um resultado excepcional em 2010, subindo 7,5% em relação ao ano anterior, mas desacelerou no ano seguinte, crescendo somente 2,7%. Os fortes movimentos da crise externa vêm dificultando uma nova retomada de crescimento e o PIB brasileiro de 2012 foi reflexo disso, mostrando evolução de 2 MATOS, Antonio Carlos de; MELCHOR, Paulo; FIORENTINI, Sandra Regina Bruno. Cafeteria. Brasília: SEBRAE, 2004. 38 p. Disponível em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/F26F62C57B184DEF03256EC4006286DC/$File/NT00073B5A. pdf>. Acesso em: 29 mar. 2013. Café de la Provence 37 somente 0,9%. Se por um lado este resultado é preocupante, por outro o PIB do setor de serviços cresceu acima do todo, subindo 1,7% em relação a 20113. Variação do PIB anual (em %) 7,5 6,1 5,7 5,2 4,3 4,0 3,2 2,7 1,3 2,7 1,1 0,9 -0,3 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Figura 4 - Variação do PIB anual Fonte: IBGE, 2013 Quanto ao ano atual, analistas de mercado prevêem um crescimento de 3% para o PIB em relação a 2012, mas devido às instabilidades das economias nacional e externa, tal projeção pode sofrer alterações: está já é a segunda redução consecutiva na estimativa do PIB. Para o ano de 2014, a expectativa é de um crescimento econômico de 3,5% 4 , o que mostra um certo otimismo quanto à recuperação do país. Ciente do fraco ritmo de crescimento da economia brasileira, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BCB (Banco Central do Brasil), vem reduzindo consecutiva e significativamente a meta da taxa de juros (Selic). Com isso, os investimentos convencionais lastreados em taxas de juros sofrem queda de rendimento e perdem atratividade, fazendo com que investimentos no setor 3 BOCCHINI, Bruno. PIB 2012 -- Pior resultado desde 2009 com alta de 0,9%. Folha Paulistana. Disponível em: <http://www.folhapaulistana.com.br/2013/03/02/pib-2012-pior-resultado-desde-2009-com-alta-de-09/>. Acesso em: 25 mar. 2013. 4 MARTELLO, Alexandro. Analistas do mercado baixam para 3% previsão de alta do PIB de 2013. G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2013/03/analistas-do-mercado-baixam-para-3previsao-de-alta-do-pib-de-2013.html>. Acesso em: 25 mar. 2013. Café de la Provence 38 produtivo e de serviços tornem-se "a bola da vez", em busca de retornos maiores. Ademais, os drásticos cortes na taxa Selic pressionam os bancos brasileiros a reduzirem as taxas de juros cobradas em empréstimos e financiamentos, o que incentiva não só os investimentos em empresas, mas também o consumo da população, que ganha maior poder aquisitivo. Tabela 2 - Histórico das taxas de juros Período de vigência Selic 11/10/2012 - Hoje 7,25% 30/08/2012 - 10/10/2012 7,50% 12/07/2012 - 29/08/2012 8,00% 31/05/2012 - 11/07/2012 8,50% 19/04/2012 - 30/05/2012 9,00% 08/03/2012 - 18/04/2012 9,75% 19/01/2012 - 07/03/2012 10,50% 01/12/2011 - 18/01/2012 11,00% 20/10/2011 - 30/11/2011 11,50% 01/09/2011 - 19/10/2011 12,00% 21/07/2011 - 31/08/2011 12,50% 09/06/2011 - 20/07/2011 12,25% Fonte: BCB, 2013 Outro fator a ser destacado é a crescente evolução do PIB per capita, analisado em US$, através do método PCC (Paridade do Poder de Compra)5. Por meio do gráfico exposto a seguir, é possível observar que o poder de compra da população brasileira aumentou ano a ano no século atual (exceto em 2009, quando teve queda de 0,61%, no mesmo sentido do PIB, que caiu 0,3%, fruto da crise econômica norte-americana de 2008). Além disso, de 2000 a 2010 o crescimento do PIB per capita foi de excepcionais 58,72%, o que inevitavelmente surte efeito na demanda e no consumo da população. 5 O PIB no conceito PPC é o produto interno bruto convertido para dólares internacionais usando as taxas de paridade de poder de compra. Um dólar internacional tem o mesmo poder de compra que o dólar americano nos EUA em cada ano. Dados em dólares internacionais correntes de cada ano. Café de la Provence 39 Evolução do PIB per capita 8,15% 7,38% 7.010 7.163 7.372 7.519 8.074 8.509 9.038 9.775 10.408 10.344 6,48% 11.127 7,57% 6,21% 5,39% 2,92% 2,17% 2,00% -0,61% 2000 2001 2002 2003 2004 PIB per capita 2005 2006 Variação anual 2007 2008 2009 2010 Variação total = 58,72% Figura 5 - Evolução do PIB per capita (Paridade do Poder de Compra) em US$ Fonte: IPEADATA, 2011 3.2.1.1.3 AMBIENTE NATURAL Uma cafeteria não tem alternativas suficientes para adotar estratégias de posicionamento sustentável em relação ao meio ambiente. Por sua atividade não representar altos impactos ao meio-ambiente, um modelo ambientalmente correto não deve ser o foco da empresa. A preocupação deve ser voltada às influências climáticas sobre a plantação do café. Alterações do clima podem provocar uma queda da produção e, consequentemente, queda da oferta do café. Dessa forma, os preços médios da commodity podem ser elevados, principalmente em casos que a demanda supere a oferta. Há uma forte correlação entre o consumo de bebidas quentes e o clima. Conforme matéria publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, os pedidos de bebidas quentes nas cafeterias sobem até 40% durante o inverno6. 6 BIZZOTTO, Ana. Tempo frio aumenta as vendas das cafeterias. O Estado de S. Paulo. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,tempo-frio-aumenta-as-vendas-das-cafeterias,595542,0.htm>. Acesso em: 09 jul. 2012. Café de la Provence 40 3.2.1.1.4 AMBIENTE SOCIAL Conforme dados levantados em agosto de 2011, o Itaim Bibi contava com 143 prédios empresariais, além de dez lançamentos previstos até 2014. Aproximadamente 11.500 profissionais que trabalham na região possuem renda superior a R$ 5.500,00 por mês e o bairro é um dos mais valorizados da capital, tendo o preço médio do metro quadrado de um lançamento a R$ 16.600,00 -- nos últimos cinco anos, o preço dos imóveis subiu 102%. Quanto a imóveis residenciais, foram lançados 155 edifícios desde 1986, além de cinco lançamentos que estavam previstos para 2011. Existem aproximadamente 8.500 famílias com renda mensal acima de R$ 5.500,00 e o preço médio do metro quadrado de um lançamento girava em torno de R$ 13.400,00 em 2011, contando com uma valorização de 97% nos últimos cinco anos7. A via mais badalada é a Rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, primeira paralela à Rua Iaiá, onde a cafeteria será instalada. Entre o final de 2012 e o início de 2013 novos empreendimentos imobiliários comerciais de alto padrão foram inaugurados na região. Um deles, o Infinity Tower, está localizado entre as ruas Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, Horácio Lafer e Clodomiro Amazonas, bastando às pessoas atravessarem a rua para chegar ao Café de la Provence. O edifício tem 18 andares e 35.000 metros quadrados. Já na Av. Brigadeiro Faria Lima com a Rua Horácio Lafer, também próximo à cafeteria, foi lançado o Pátio Bandeiras, um prédio de 73.300 metros quadrados. Já entre o final de 2013 e início de 2014 será inaugurado o novo edifício do banco Itaú BBA (braço de investimento e atacado do grupo Itaú Unibanco), no lado oposto da Av. Brigadeiro Faria Lima, também na esquina com a Rua Horácio Lafer8 . Esses são apenas alguns dos muitos fatores que representam o desenvolvimento do Itaim Bibi. A seguir, disitribuição da população residencial do Itaim Bibi: 7 MOURA, Pedro Marcondes de. Itaim Bibi é bairro procurado tanto para trabalhar quanto para morar. Veja São Paulo. Disponível em: <http://vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2228a/itaim-bibi-trabalhar-morar>. Acesso em: 09 jul. 2012. 8 SANDRINE, José. Bancos ocuparão as jóias imobiliárias de São Paulo. EXAME.com. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/imoveis/noticias/bancos-ocuparao-as-joias-imobiliarias-de-saopaulo?page=1>. Acesso em: 09 jul. 2012. Café de la Provence 41 Tabela 3 - Distribuição da população residencial do Itaim Bibi População total: 92.570 habitantes População de 0 a 9 anos: 7.416 habitantes População de 10 a 14 anos: 3.217 habitantes População de 15 a 19 anos: 3.964 habitantes População de 20 a 29 anos: 15.780 habitantes População de 30 a 59 anos: 43.519 habitantes População com 60 anos ou mais: 18.674 habitantes Fonte: IBGE, 2010 3.2.1.1.5 AMBIENTE TECNOLÓGICO O ambiente tecnológico não exercerá grande influência nos negócios da companhia. O fator mais preocupante são as máquinas de expresso desenvolvidas para uso pessoal, como a Nespresso, que permite a extração do café sem a necessidade de moagem e de conhecimentos avançados. Basta inserir a cápsula na máquina e aguardar a preparação do expresso. No entanto, uma avaliação mais profunda acerca desse item será realizada na análise da ameaça de produtos substitutos. Outro ponto a ser considerado no ambiente tecnológico são os canais de comunicação proporcionados pela tecnologia. O acesso à informação passou a ser fácil e rápido e quaisquer críticas, sejam elas positivas ou negativas, podem ser propagadas em altíssima velocidade. 3.2.1.2 ANÁLISE DO AMBIENTE SETORIAL 3.2.1.2.1 PANORAMA DO SETOR O café, ao lado da água, é uma das bebidas mais consumidas regularmente pela população brasileira. Conforme a pesquisa Tendência de Consumo de Café VIII - 20109, divulgada pela ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café), cada consumidor declara o consumo de nove bebidas em média, inclusive bebidas alcoólicas, e 95% deles mencionam o café. Entre outras bebidas com alto índice de 9 CONSULTORIA EM PESQUISA IVANI ROSSI. Tendências de Consumo de Café. v. 8, 2010. Disponível em: <http://www.abic.com.br/publique/media/EST_PESQTendenciasConsumo2010.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2012. Café de la Provence 42 consumo estão os refrigerantes, leite, sucos e chás, que, juntos com a água e o café, também serão comercializados no Café de la Provence. O hábito de consumo de café vem crescendo significativamente, principalmente fora de casa. Desde 2004, o consumo fora do lar já saltou mais de 350%, o que reforça o potencial do ramo de cafeterias. Além disso, em 2009 o segmento dos cafés especiais, como o descafeinado e o gourmet, representou 4% (760 mil sacas) do consumo total de café torrado e moído, que atingiu aproximadamente 18 milhões de sacas. Apesar do volume parecer pequeno, o segmento possui uma representatividade maior nas vendas totais, por conta de seu valor agregado, com 8% das receitas, que foram de R$ 6,8 bilhões, e vem aumentando em uma média de 15% ao ano10. Já quando analisamos o consumo interno do café como um todo, através da figura 6, abaixo, de 1990 a 2012 houve um crescimento médio de 4,23% ao ano, abaixo da evolução dos cafés especiais, totalizando um aumento de 147% no período, de 8,2 milhões a 20,3 milhões de sacas: Figura 6 - Evolução do consumo interno de café no Brasil Fonte: ABIC, 2013 10 ABIC. Análise Setorial. Razões do aumento do consumo no Brasil. Disponível <http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=24>. Acesso em: 14 jul. 2012. Café de la Provence em: 43 A quantidade de café consumida vem crescendo mais que a população. Conforme a tabela 4, de 1990 a 2012 o consumo de café per capita passou de 3,39 kg de café verde ou 2,71 kg de café torrado a 6,23 kg ou 4,98 kg por habitante por ano, respectivamente, o que representa um crescimento médio de 2,83% ao ano, totalizando quase 84% no período. Em valores absolutos, no ano de 2012 foram consumidos quase 83 litros por cada habitante, o que mostra uma evolução de 2,10% em relação ao ano anterior, e, se levarmos em conta somente a região Sudeste, o consumo foi superior, atingindo 93 litros. Tabela 4 - Consumo interno de café em sacas e per-capita - Brasil Fonte: ABIC, 2013 Café de la Provence 44 De acordo com o apurado pela POF - Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, o café é o alimento mais consumido diariamente por 78% da população acima de 10 anos 11 . Os brasileiros estão consumindo mais xícaras de café por dia e variando as formas de beber café, através dos expressos, cappuccinos e outras combinações com leite. Voltando aos cafés especiais, é observado um movimento de maior demanda por eles. Os consumidores vêm demonstrando cada vez mais disposição em pagar mais caro por um café de melhor qualidade (nicho de mercado da Café de la Provence), como apresentado pela figura abaixo: Figura 7 - Intenção de pagar mais por qualidade Fonte: Consultoria em Pesquisa Ivani Rossi, 2010 Em 2012, cafés de melhor qualidade consumidos em casa, como o forte e o extra-forte, representaram 15,7% e 18,9% do consumo, respectivamente. Segundo a ABIC, 16% dos consumidores já experimentaram em casa cafés premium, superiores ou gourmet. Outro fator importante a ser considerado são os benefícios à saúde propiciados pelo consumo do café, como maior disposição, melhora da memória e concentração, prevenção da depressão, do Mal de Parkinson, do câncer de próstata e colo do útero, da diabetes tipo 2, entre outros. Aos poucos, a cultura de que o café 11 IBGE. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_analise_consumo/default.sht m>. Acesso em: 14 jul. 2012. Café de la Provence 45 faz mal à saúde vem perdendo força e, com um maior conhecimento da população acerca dos benefícios do café, o consumo vem sendo impulsionado. Também é possível notar um crescente consumo de cafés expressos e especiais nas classes A e B, principal público-alvo do Café de la Provence. Através da tabela 5, a seguir, conseguimos observar que, em 2004, apenas 18% da classe A tinha o hábito de consumir café expresso e, em 2010, este número atingiu 27%. Quando restringimos os dados somente aos cafés especiais, o público consumidor da classe A passou de 1% a 11%. No que tange à classe B, apenas 11% consumia café expresso em 2004, passando a 15% em 2010, e o consumo de cafés especiais saltou de 4% para 6%. Tabela 5 - Evolução dos tipos consumidos: classes sociais Fonte: Consultoria em Pesquisa Ivani Rossi, 2010 Para o ano de 2013, a ABIC projeta um crescimento entre 2,5% e 3,0% em volume, o que levaria o consumo anual brasileiro para 20,9 milhões de sacas. Tal aumento é creditado à retomada da economia brasileira e ao crescimento do poder de compra, principalmente das classes B, C e D. Ainda segundo a associação, o consumo de cafés de melhor qualidade, incluindo-se os bons cafés tradicionais, os Café de la Provence 46 superiores e os gourmet, deve continuar crescendo em ritmo mais acelerado, assim como o consumo fora do lar12. 3.2.1.2.2 AS CINCO FORÇAS COMPETITIVAS DE PORTER 3.2.1.2.2.1 PODER DE BARGANHA DOS FORNECEDORES A indústria brasileira do café é um setor bastante consolidado e possui uma grande quantidade de fornecedores. Como o produto principal da empresa proposta neste plano de negócios (café) trata-se de uma commodity, não há muito o que possa ser feito em relação aos preços. Embora exista uma maior concentração de fornecedores do que compradores, aqueles, ainda assim, encontram-se em grande número. Devido a isso e pelo fato de existir pouca diferenciação entre os produtos, o que torna substituições bastante acessíveis, há baixos custos envolvidos na troca de fornecedores. Por outro lado, o Brasil é o maior produtor mundial de café, responsável por mais de 30% do mercado internacional13, tendo as exportações grande parcela de vendas dos fornecedores. Quanto ao mercado interno, o canal off-trade -- composto em sua maioria por supermercados, hipermercados e lojas independentes (mercados, mini-mercados, armazéns e padrias) -- é o de maior volume de vendas. Em 2005, representou 92% do volume total, enquando que o canal on-trade -cafeterias, restaurantes, bares etc. -- foi responsável por somente 8% 14 . Assim, essas últimas empresas, entre as quais estão inseridas as cafeterias, não são clientes suficientemente importantes para o fornecedor, o que os leva a perder poder de barganha. 12 ABIC . Indicadores da indústria de café no Brasil - 2011. O aumento do consumo em 2011. Disponível em: <http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=61#1910>. Acesso em: 29 mar. 2013. 13 PIRES, Fátima. Maior safra de café da história do Brasil. RankBrasil. Disponível em: <http://www.rankbrasil.com.br/Recordes/Materias/0Ic9/Maior_Safra_De_Cafe_Da_Historia_Do_Brasil>. Acesso em: 29 mar. 2013. 14 SEBRAE/ESPM. Café gourmet e orgânico: estudos de mercado. São Paulo: SEBRAE, 2008. 184 p. Disponível em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/B1AA061C76EEEF1A832574DC0045D5DE/$File/NT00039062 .pdf>. Acesso em: 29 mar. 2013. Café de la Provence 47 3.2.1.2.2.2 PODER DE BARGANHA DOS CLIENTES OU COMPRADORES Há duas óticas quando analisamos o poder de barganha dos clientes. As cafeterias, por um lado, ostentam pouco poder de barganha perante seus compradores, uma vez que o mercado é bastante pulverizado e existem inúmeros canais de distribuição on-trade, não se restringindo apenas a elas. Restaurantes, bares, padarias etc. geralmente também comercializam café para consumo no local, e nem sempre os compradores estão dispostos a ir até uma cafeteria. Embora a qualidade do café tenda a ser menor nos outros canais, muitos compradores podem considerar os produtos facilmente substituídos. Além disso, os custos de mudança são baixíssimos ou inexistem. Já a quantidade de clientes é substancialmente maior que a de fornecedores e nenhum deles deve representar receita significativa para uma cafeteria. Neste setor, a perda de um cliente provavelmente não causará grandes impactos. Aliado ao disposto acima, pelo preço não ser o atributo de maior peso no processo de decisão de compra do café, os clientes exercem baixíssima pressão para sua redução. 3.2.1.2.2.3 AMEAÇA DE PRODUTOS SUBSTITUTOS Os produtos substitutos podem ser considerados ameaçadores quando oferecem percepção de valor semelhante ou superior. Alguns atributos que podem consquistar clientes são preços inferiores, praticidade, maior qualidade etc. Uma grande ameaça são as máquinas Nespresso e demais semelhantes, que não requerem habilidade na extração do café, são extremamente práticas, têm preços razoavelmente acessíveis e podem ser instaladas em residências e escritórios, proporcionando considerável conveniência. No entanto, o expresso extraído por tais máquinas nem sempre possui a mesma qualidade de um extraído por uma máquina profissional e por um barista conhecedor do processo, o que usualmente ocorre em cafeterias de alto padrão. Além disso, o consumo do café não se restringe somente à bebida: um ambiente aconchegante e um bom atendimento podem gerar valor significativo a uma cafeteria. Café de la Provence 48 Outra possível ameaça é o surgimento de novos tipos de chás, capuccinos e demais bebidas que substituam o expresso gourmet, mas se torna pouco significativa ao passo que, embora não sejam o core business, também costumam ser comercializadas em cafeterias. 3.2.1.2.2.4 AMEAÇA DE NOVOS ENTRANTES A ameaça de novos entrantes no setor de cafeterias é bastante elevada. O baixo custo de investimento inicial e a disponibilidade de franquias com eficientes redes de distribuição e operações facilitam o ingresso de novos concorrentes. Além disso, o ramo é bastante pulverizado e constituído principalmente de empresas individuais e de pequeno porte, ficando a concorrência restrita, geralmente, a bairros e pequenas regiões: dificilmente consumidores atravessarão a cidade para consumir um café. Por se tratar de um serviço simples, o know-how necessário para entrar no mercado é baixo. Os custos de mudança para os clientes também são reduzidos, resumindo-se à dificuldade de deslocamento a uma outra cafeteria e a outros fatores não tão importantes, uma vez que não existe uma relação de fidelização muito intensa. 3.2.1.2.2.5 RIVALIDADE ENTRE CONCORRENTES Como exposto no item anterior, o setor de cafeterias é dotado de uma grande quantidade de players, no entanto muitos estabelecimentos são lojas individuais, não tendo tamanho/porte significativamente superior aos seus rivais. Algo que poderia acirrar a rivalidade é o potencial de diferenciação de custos detido pelas grandes redes de cafeterias, dotadas de eficientes cadeias de distribuição, porém tal fator não representa uma enorme vantagem competitiva, pois o nível de competição não é de grande escala, restringindo-se a pequenas regiões geográficas. A rivalidade torna-se mais intensa quando boa parte da população enxerga pouca diferenciação nos produtos e os custos de mudança são baixos. Além disso, quando o setor apresenta lento crescimento os competidores buscam conquistar clientes de seus rivais. Café de la Provence 49 3.2.1.2.3 AS ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS GENÉRICAS DE PORTER O ambiente competitivo é em sua maioria representado por cafeterias voltadas a estratégias de liderança em custo e de diferenciação. Há estabelecimentos que oferecem produtos de qualidade razoável, com custos e preços baixos, e outros com custos, qualidade e preços mais elevados. Além disso, certas cafeterias têm como modelo a estratégia de foco, como o Octavio Café e o Santo Grão, com preços bastante elevados e alta percepção de qualidade, buscando o público de alta renda. O Café de la Provence adotará a estratégia de diferenciação, por ter um preço ligeiramente inferior aos players do alto escalão e superior às demais cafeterias, mas com elevado padrão de qualidade e perseguindo os públicos de média e alta renda. Por possuir um público-alvo mais amplo, o risco da demanda ser reprimida é reduzido. 3.2.1.3 ANÁLISE DO AMBIENTE INTERNO O Café de la Provence tem como objetivo diferenciar-se pela qualidade de seus produtos, atendimento e ambiente. Para tal, todos os seus funcionários envolvidos nas operações serão capacitados através de cursos de formação avançada para baristas, a serem ministrados pelo CPC - Centro de Preparação de Café 15 . A cultura da organização prega respeito, ética, cordialidade e comprometimento total com a satisfação dos clientes. Por se tratar de uma empresa de pequeno porte, a estrutura organizacional é bastante enxuta, tendo apenas dois gerentes: um dedicado a assuntos administrativos e outro a questões operacionais. Os garçons serão responsáveis pela preparação dos alimentos e bebidas, além de servir os clientes e manter a limpeza e organização do ambiente. Os recursos financeiros da cafeteria serão suficientes para a aquisição de instalações e equipamentos de elevado padrão, que proporcionarão produtos e 15 CPC. CPC - Cursos Regulares. Disponível em: <http://www.sindicafesp.com.br/cpc_cursos.asp#barista>. Acesso em: 09 jul. 2012. Café de la Provence 50 serviços de qualidade. Também será mantido um valor de capital de giro para suprir eventuais alterações na demanda. Os recursos tecnológicos serão resumidos em sistemas de segurança e de controle financeiro e de estoques, de modo a manter a operação segura e eficiente. 3.2.2 ANÁLISE SWOT Forças Fraquezas - Instalações e equipamentos de elevado padrão - Ambiente aconchegante e confortável - Alta capacitação dos funcionários - Alta qualidade dos produtos/café - Acesso gratuito à internet wi-fi - Loja independente, diferenciandose das grandes franquias - Falta de experiência do proprietário - Ausência de estacionamento - Marca sem histórico no mercado - Não abre as portas aos finais de semana - Ausência de pratos para almoço - Crescimento econômico da região e aumento de renda da população - Baixa ameaça de produtos substitutos - Aumento do consumo de café e, principalmente, de cafés gourmet - Marketing de divulgação através das redes sociais - Desenvolvimento de novos negócios no ramo de alimentos e bebidas - Horários de almoço mais longos, que permitem os executivos visitarem uma cafeteria - Aumento do custo do café, aliado ao alto poder de barganha dos fornecedores - Concorrentes consolidados no mercado - Baixas barreiras à entrada e atratividade da região, representando alta ameaça de novos entrantes - Alto poder de barganha dos clientes - Consumo de café pós-almoço no próprio restaurante - Alto turnover de garçons Oportunidades Ameaças Figura 8 - Análise SWOT Fonte: Autor, 2013 Café de la Provence 51 3.2.3 VISÃO, MISSÃO E VALORES Visão Ser a referência número um entre as cafeterias do Itaim Bibi, buscando a satisfação total de nossos clientes. Missão Acolher nossos clientes para a degustação de um café da melhor qualidade, através de um excelente atendimento e um ambiente aconchegante, proporcionando momentos altamente prazerosos. Valores Para nós, todas as etapas da produção do café são valorizadas, da plantação à extração de um delicioso expresso. Temos compromisso com a busca contínua da qualidade de nossos produtos e cordialidade e respeito entre as pessoas. 3.2.4 OBJETIVOS E METAS O objetivo principal da empresa é obter retornos acima do mercado através da venda de alimentos e bebidas, tendo como fonte principal de receitas o café expresso. Além disso, será buscada posição de destaque no segmento de cafés de alta qualidade, conhecidos como cafés gourmet. Nosso ambiente agradável, em conjunto com um excelente atendimento e produtos de alta qualidade nos ajudarão a atingir uma alta satisfação dos clientes e, consequentemente, o retorno esperado aos investidores. Café de la Provence 52 3.3 PLANEJAMENTO DE MARKETING 3.3.1 PRODUTO E PREÇO Produto O principal produto a ser comercializado no estabelecimento é o café expresso. Por se tratar de uma commodity em sua forma bruta, todas as etapas da produção do café são valorizadas (como pregado nos valores da companhia), buscando diferenciação por qualidade. Os fornecedores serão cuidadosamente selecionados. A plantação dos grãos é efetuada em terrenos de altitude, mineralidade do solo, umidade do ar e qualidade da água adequadas. A colheita é manual, separando rigorosamente os frutos mais maduros, e os grãos são secados e torrados em graus diferentes, para avaliar suas qualidades e defeitos e descobrir o ponto ótimo de torra para cada tipo deles. Além disso, o Café de la Provence contará com as habilidades e conhecimento de seus baristas para a moagem adequada e a extração de um fantástico café expresso, até atingir os paladares dos consumidores e proporcionar o verdadeiro prazer do café. Embora o core business da empresa seja o café expresso, também serão oferecidos outros alimentos e bebidas no estabelecimento, como fontes alternativas de receitas. A qualidade também será foco na oferta desses outros produtos. Foi elaborado um cardápio inicial, mas o objetivo do Café de la Provence será observar atentamente a demanda dos consumidores por outras opções, a fim de sempre integrar novidades ao menu. Preço A precificação dos produtos do Café de la Provence será alinhada à sua proposta. Os preços dos produtos serão elevados, de forma a aumentar a percepção de qualidade e valor dos clientes e buscar retornos acima da média. A companhia acredita que atributos como seu charmoso e aconchegante ambiente, a qualidade dos produtos e o ótimo atendimento façam os preços de seus produtos valerem a Café de la Provence 53 pena, e dessa forma será procurado conquistar os consumidores. A seguir, cardápio inicial e os respectivos preços dos produtos: Tabela 6 - Precificação do Café de la Provence Descrição Preço Bebidas Quentes Descrição Preço Salgados Café expresso 4,20 Pão de Queijo 2,80 Ristretto 4,20 Pão de Queijo Mini 4,80 Descafeinado 4,80 Pão de Batata 3,90 Cappuccino 6,50 Croissants Diversos 4,90 Macchiato 4,80 Quiches Diversos 8,90 Latte 6,50 Tortas Diversas 7,90 Mochaccino 7,70 Sopas Diversas 12,90 Crema 7,40 Sanduíches Corretto 8,30 Baguete com Manteiga 4,50 Irish Baguete Tostada com Manteiga 4,50 Vanilla 15,90 7,40 Baguete com Requeijão 4,50 Chocolate Suíço 9,30 Baguete com Geléia 4,90 Chocolate Quente 6,50 Queijo Quente 5,90 Chás Nacionais 6,20 Croques Diversos Chás Importados 7,60 Light 5,90 Natural 6,90 Bebidas Geladas 13,90 Café Gelado 7,60 Doces/Sobremesas Café Freddo 7,60 Pão de Chocolate 7,90 Chocolate Latte 8,30 Brownie 6,10 Cappuccino Gelado 6,50 Petit Gateau Affogatos Chocolate Gelado Milk-shake 14,90 6,50 14,90 Demais Bebidas 11,90 Muffins 6,10 Cupcakes 7,50 Tortas Diversas 8,90 Bolos Diversos 8,90 Água mineral 3,20 Sorvetes Diversos (Bola) 7,80 Água com gás 3,20 Salada de Frutas 7,30 Refrigerante 4,20 Sucos Naturais Diversos 5,90 Sucos Prontos Diversos 4,20 Cervejas 5,10 Vinhos (Taça) 14,40 Whisky (Dose) 15,60 Bourbon (Dose) 18,80 Licor (Dose) 12,60 Conhaque (Dose) 13,40 Fonte: Autor, 2013 Café de la Provence 54 3.3.2 PRAÇA A empresa tem como objetivo que seus clientes desfrutem de bebidas e alimentos bem preparados em um ambiente aconchegante e agradável. Em função disso, o consumo deve ser feito no próprio ambiente do Café de la Provence, inviabilizando a distribuição dos produtos em qualquer outro canal diferente do estabelecimento. O Café de la Provence será localizado na Rua Iaiá, no bairro Itaim Bibi, em São Paulo, próximo à esquina com a Rua Clodomiro Amazonas e entre as ruas Leopoldo Couto de Magalhães Júnior e Joaquim Floriano. Na região, estão próximas as avenidas Brigadeiro Faria Lima e Presidente Juscelino Kubitschek, duas das principais vias da capital. A localização foi selecionada com base em critérios demográficos da região, como população, renda, potencial de crescimento etc., conforme detalhados na análise ambiental. Abaixo o mapa da localização: Figura 9 - Mapa da localização do Café de la Provence Fonte: Google Maps, 2012 Café de la Provence 55 3.3.3 PROMOÇÃO A promoção da cafeteria será realizada inicialmente no próprio estabelecimento. Para tal, será utilizada comunicação visual através de um banner externo, em sua fachada, e de um banner interno, acima do balcão. Além disso, grãos de café serão expostos e alimentos serão exibidos em estufas, de sanduíches e salgados a deliciosas sobremesas. No cardápio, ilustrações dos produtos terão a finalidade de provocar a sensação de água na boca dos clientes, convidando-os a consumirem o máximo possível. Por fim, as xícaras, guardanapos e aventais dos funcionários terão estampado o logotipo do Café de la Provence, auxiliando na propagação da marca. Além do trade marketing, será desenvolvido um website do Café de la Provence. Lá serão encontrados os contatos e o endereço, descrição da cafeteria, missão, visão e valores e o cardápio de comidas e bebidas. Também serão criados perfis no Twitter, Instagram e Facebook, nos quais serão postadas informações e curiosidades sobre a história do café, bem como fotos e promoções da cafeteria. 3.4 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL O quadro de funcionários da cafeteria contará com empregados treinados e capacitados para a extração de café e preparação de demais bebidas à base de café com alta qualidade. Será composto da seguinte forma: Gerente Administrativo Gerente de Atendimento Garçons (6) Figura 10 - Estrutura organizacional do Café de la Provence Fonte: Autor, 2013 Café de la Provence 56 3.5 MODELO OPERACIONAL O horário de funcionamento do Café de la Provence será das 07:00 às 20:00, estando aberto ao público em dias úteis. Os gerentes administrativo e de atendimento cumprirão expediente das 09:00 às 18:00, enquanto 50% do quadro de garçons trabalhará das 07:00 às 16:00 e o restante das 11:00 às 20:00, atingindo o quadro pleno durante o almoço, horário de pico. Abaixo, matriz de responsabilidades dos funcionários: Tabela 7 - Matriz de responsabilidades Gerente administrativo Gerente de atendimento Garçons Extração de café S R Preparação de alimentos S R Preparação de demais bebidas S R Atendimento a clientes S R Organização e limpeza S R Recebimento de pagamentos no caixa Reportar necessidade de reposição de estoques, louças e utensílios Fechamento de caixa diário S R R S Atividade R Abertura e fechamento da casa R Ligar e desligar equipamentos R Fechamento das contas de consumo S R Abastecimento dos estoques S R Orientar e coordenar as atividades dos garçons S Relacionamento com fornecedores e compras R Gestão administrativa e financeira Gestão de redes sociais e website, inclusive contatos de clientes Atender insatisfações de clientes R R R Reportar críticas e elogios de clientes Contratação e demissão de funcionários S R S R Reportar à administração desempenho dos garçons R Supervisão do gerente de atendimento Reportar ao sócio-proprietário desempenho do gerente de atendimento Acompanhamento de aderência à visão, missão e valores Reportar fatos relevantes ao sócio-proprietário Legenda: R - responsável / S - suporte Fonte: Autor, 2013 R R R R S R S Café de la Provence S 57 3.6 PLANEJAMENTO FINANCEIRO 3.6.1 INVESTIMENTO INICIAL O investimento inicial compreende os recursos necessários para o início das atividades operacionais da companhia. Abaixo, sua descrição detalhada: Tabela 8 - Investimento inicial Descrição Estrutura do imóvel e mobiliário Projeto arquitetônico Reforma do imóvel Iluminação Balcão Pia granito Móveis para guarda de utensílios Mesa Cadeira Cadeira para balcão Poltrona Mesa para sofás Sofá Banners e decoração Louças e utensílios de cozinha Prato mesa Garfo mesa Faca mesa Colher mesa Prato de sobremesa Garfo de sobremesa Faca de sobremesa Colher de sobremesa Colher de café Colher de chá Pinça para salgados Espátula para bolos/tortas Suporte para bolos/tortas Espátula para manteiga/patês/geléias Pote para manteiga/patês/geléias/chantilly Xícara personalizada + pires para expresso Xícara personalizada + pires para chá/chocolate Xícara personalizada + pires para capuccino Copo de água/refrigerante Copo de suco Copo de água com gás Bandejas de serviço Café de la Provence Custo unitário Qtd. Custo total 3.000,00 22.000,00 3.000,00 1.200,00 450,00 2.000,00 400,00 280,00 400,00 450,00 550,00 900,00 8.000,00 1 1 1 1 1 1 17 34 4 4 3 6 1 3.000,00 22.000,00 3.000,00 1.200,00 450,00 2.000,00 6.800,00 9.520,00 1.600,00 1.800,00 1.650,00 5.400,00 8.000,00 12,00 5,90 5,90 5,90 5,90 4,50 4,50 4,50 3,50 3,50 6,00 6,00 19,00 3,50 6,00 7,90 9,90 9,90 3,00 4,00 3,50 19,00 15 15 15 15 30 30 30 30 36 24 2 8 8 20 20 36 24 24 36 24 36 5 180,00 88,50 88,50 88,50 177,00 135,00 135,00 135,00 126,00 84,00 12,00 48,00 152,00 70,00 120,00 284,40 237,60 237,60 108,00 96,00 126,00 95,00 58 Porta guardanapos personalizado Porta sachês personalizado Cozinha Máquina de café expresso Fogão Forno elétrico Forno microondas Chapa a gás Depurador de ar Liquidificador Refrigerador Freezer Balcão expositor refrigerado Espremedor Toalheira Cesto coletor de lixo Eletroeletrônicos Sistema de som Computador Software de gestão Impressora de cupom fiscal Telefone Ar-condicionado 80.000 BTU Toaletes clientes Pia Saboneteira Toalheira papel Espelho Vaso sanitário Porta papel higiênico Cesto coletor de lixo Toaletes funcionários Pia Saboneteira Toalheira Espelho Vaso sanitário Porta papel higiênico Cesto coletor de lixo Higiene e limpeza Rodo Vassoura Balde Panos Uniformes Camiseta Avental personalizado Lenço para cabelo Demais investimentos Despesas com abertura da empresa Café de la Provence 8,00 10,00 22 22 176,00 220,00 20.000,00 600,00 750,00 340,00 240,00 250,00 160,00 1.200,00 1.500,00 1.800,00 60,00 20,00 30,00 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 20.000,00 600,00 750,00 340,00 240,00 250,00 160,00 1.200,00 1.500,00 1.800,00 60,00 20,00 30,00 600,00 1.200,00 500,00 1.800,00 80,00 7.500,00 1 2 1 1 2 1 600,00 2.400,00 500,00 1.800,00 160,00 7.500,00 200,00 15,00 20,00 200,00 120,00 25,00 50,00 2 2 2 2 2 2 2 400,00 30,00 40,00 400,00 240,00 50,00 100,00 100,00 10,00 15,00 100,00 100,00 10,00 30,00 2 2 2 1 2 2 2 200,00 20,00 30,00 100,00 200,00 20,00 60,00 10,00 10,00 5,00 1,50 1 1 2 5 10,00 10,00 10,00 7,50 20,00 40,00 8,00 10 10 5 200,00 400,00 40,00 1.500,00 1 1.500,00 59 Desenvolvimento/impressão de cardápios Curso avançado de barista Desenvolvimento de website Sistema de segurança Sistema de registro de ponto Total 500,00 720,00 3.000,00 3.100,00 1.180,00 1 7 1 1 1 500,00 5.040,00 3.000,00 3.100,00 1.180,00 126.437,60 Fonte: Autor, 2013 Além do investimento acima, é necessário capital de giro -- composto pelo estoque inicial e pelas necessidades de caixa da empresa. Os cálculos para se chegar ao capital de giro, abaixo, foram efetuados a partir da projeção de fluxo de caixa para o primeiro ano de operações da cafeteria, no cenário mais provável, que veremos detalhadamente mais a frente: Tabela 9 - Prazo médio de recebimento das vendas Descrição (%) Prazo (dias) Dinheiro 20% 0 Cartão de débito 20% 2 Cartão de crédito 30% 30 Vale refeição Prazo médio de recebimento das vendas 30% 30 100% 15,5 Fonte: Autor, 2013 Tabela 10 - Prazo médio de pagamento das compras Descrição À vista A prazo Prazo médio de pagamento das compras (%) Prazo (dias) 40% 0 60% 30 100% 18 Fonte: Autor, 2013 Tabela 11 - Ciclo financeiro Descrição Prazo (dias) Prazo médio de recebimento das vendas (A) 15,5 Prazo médio de renovação dos estoques (B) 15 Prazo médio de pagamento das compras (C) 18 Ciclo financeiro (A) + (B) - (C) 12,5 Fonte: Autor, 2013 Café de la Provence 60 Tabela 12 - Capital de giro Descrição Valor Clientes (A) 18.228,00 Estoques (B) 3.444,00 Fornecedores (C) 4.132,80 Capital de giro (A) + (B) - (C) 17.539,20 Fonte: Autor, 2013 Com a definição do investimento inicial e do capital de giro necessário para começar as operações da empresa, temos o investimento total, exposto abaixo: Tabela 13 - Investimento total Descrição Investimento inicial Valor 126.437,60 Capital de giro Investimento total 17.539,20 143.976,80 Fonte: Autor, 2013 3.6.2 CUSTO DO CAPITAL 3.6.2.1 CUSTO DO CAPITAL PRÓPRIO (CAPM) O custo do capital próprio é considerado o retorno mínimo exigido (!! ) pelos investidores da empresa. Para determiná-lo, são necessárias a taxa de retorno dos ativos livres de risco (!! ), o coeficiente beta (!) -- medida do risco do ativo em relação ao risco sistemático da carteira de mercado -- e a rentabilidade oferecida pelo mercado em sua totalidade (!! ), representada pela carteira de mercado. Assim, temos: !! = taxa Selic, datada em 30 de março de 2013, no valor de 7,25%16; ! = por não ter sido encontrador coeficiente beta específico ao ramo de cafeterias, será utilizado o do ramo de restaurantes, no valor de 1,1617; e 16 BCB. Histórico das taxas de juros. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/?COPOMJUROS>. Acesso em: 30 mar. 2013. 17 NYU STERN SCHOOL OF BUSINESS. Betas by sector. Disponível em: <http://people.stern.nyu.edu/adamodar/New_Home_Page/datafile/Betas.html>. Acesso em: 30 mar. 2013. Café de la Provence 61 !! = retorno anual do Ibovespa, levando em conta o histórico dos últimos 10 anos (2003 a 2012), com valor de 11,90%18. !! = !! + ! ∗ !! − !! !! = 7,25% + 1,16 ∗ (11,90% − 7,25%) !! = 12,64% 3.6.2.2 CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS Ao longo do trabalho foram pesquisadas fontes de captação de recursos para investimento na cafeteria, porém não foram encontradas taxas de juros atrativas. As linhas de empréstimo viáveis seriam as do BNDES, no entanto não há disponibilidade para este ramo de negócio. Sendo assim, a estrutura de capital da empresa será exclusivamente de capital próprio. 3.6.2.3 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (WACC) Como disposto acima, em função da captação de recursos de terceiros ser inviável ao negócio, o custo médio ponderado de capital da empresa, por ser constituído somente de capital próprio, é de 12,64%. 3.6.3 CUSTOS FIXOS Os custos fixos existem independentemente do volume de operações da empresa. No caso do Café de la Provence, serão constituídos pelos gastos com recursos humanos e despesas administrativas. Em função da empresa ser enquadrada no sistema de tributação do Simples Nacional, não haverá dedução de depreciação de ativos para cálculo do imposto de renda. Todas as obrigações trabalhistas seguirão as determinações da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho e os valores dos encargos sociais e trabalhistas estão descritos na tabela a seguir: 18 BM&FBOVESPA. Índice Bovespa Ibovespa. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/indices/ResumoTaxaMediaCrescimento.aspx?Indice=IBOVESPA&idioma=ptbr>. Acesso em: 30 mar. 2013. Café de la Provence 62 Tabela 14 - Salários e encargos sociais e trabalhistas Funcionário Salário Encargos Qtd. Valor mês Valor ano Garçom 850,00 287,05 6 6.822,27 81.867,24 Gerente de atendimento 1.300,00 439,01 1 1.739,01 20.868,12 Gerente administrativo 1.800,00 607,86 1 2.407,86 28.894,32 10.969,14 131.629,68 Total Fonte: Autor, 2013 As despesas administrativas são mostradas abaixo, incluindo os gastos com serviços de contabilidade -- obrigação prevista em lei -- e uma estimativa de custos com reposição de utensílios em torno de 5% dos materiais por mês: Tabela 15 - Despesas administrativas Descrição Aluguel Água Luz Telefone Internet Material de limpeza Reposição de utensílios Manutenção de website Despesas bancárias Honorários contador Total Valor 7.000,00 120,00 150,00 120,00 90,00 150,00 150,00 150,00 50,00 755,00 8.735,00 Fonte: Autor, 2013 3.6.4 CUSTOS VARIÁVEIS Diferentemente dos custos fixos, os custos variáveis estão diretamente ligados ao volume de produção da empresa. Desta forma, quanto maiores forem as vendas da cafeteria, maiores serão os custos variáveis. É estimado que 50% das receitas da empresa sejam originadas pelas vendas de expresso e o restante pelos demais produtos. A seguir discriminação do preço do café expresso com seus acompanhamentos -- sachê de açúcar/adoçante e água com gás --, bem como o percentual do custo sobre o preço de venda, que é de R$ 4,20. Quanto aos demais Café de la Provence 63 produtos, foi estimado um custo médio em relação aos preços de venda. Realizando uma média ponderada da relacão custo/preço do café e dos demais produtos, chega-se ao custo médio final: Tabela 16 - Custos variáveis Descrição Valor Qtd. Qtd. dose Custo unitário Café gourmet 30,00 1 kg 10 g 0,30 Sachê açúcar/adoçante 30,00 1000 1 0,03 2,80 1l 50 ml 0,05 Água com gás Valor expresso 0,38 Custo/preço 9% Demais produtos 30% Custo médio final 20% Fonte: Autor, 2013 3.6.5 TRIBUTAÇÃO Conforme a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, é estabelecido tratamento diferenciado, mediante regime único de arrecadação, às empresas de pequeno porte que aufiram, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 3.600.000,0019, situação em que se enquadra o Café de la Provence. De acordo com o Anexo I da Lei, empresas com faturamento anual entre R$ 180.000,01 e R$ 360.000,00 deverão recolher alíquota única de 5,47%; entre R$ 360.000,01 a R$ 540.000,00, 6,84%; e entre R$ 540.000,01 a R$ 720.000,00, 7,54%. Já são englobados nessas alíquotas o IRPJ, CSLL, COFINS, PIS/PASEP, CPP e ICMS. 3.6.6 FLUXO DE CAIXA ECONÔMICO O fluxo de caixa econômico trará as projeções de faturamento e de lucro da empresa, fornecendo informações à análise de viabilidade do negócio. No primeiro ano, serão considerados apenas 11 meses de operação, uma vez que o primeiro mês será destinado à adequação do imóvel e à instalação de máquinas e equipamentos. 19 PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm>. Acesso em: 31 mar. 2013. Café de la Provence 64 A perspectiva de vendas para o primeiro ano é de 170 expressos por dia no cenário pessimista, 200 no cenário mais provável e 230 no cenário otimista. Como a cafeteria somente funcionará em dias úteis e um mês do ano inicial não será operacional, serão contabilizados apenas 231 dias úteis para este período. Para os demais, serão utilizados 252 dias úteis. Para todos os cenários, há uma expectativa de crescimento de 20% das vendas no segundo ano, 10% no terceiro e 5% no quarto. Já no quinto ano, as receitas permanecerão estáveis. Abaixo temos os detalhamentos dos fluxos de caixa projetados: Tabela 17 - Fluxo de caixa econômico - cenário pessimista Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Café expresso Unidades vendidas/dia 170 204 224 236 236 Qtd. dias 231 252 252 252 252 39.270 51.408 56.549 59.376 59.376 4,20 4,20 4,20 4,20 4,20 164.934 215.914 237.505 249.380 249.380 Receita bruta demais produtos 164.934 215.914 237.505 249.380 249.380 Receita operacional bruta 329.868 431.827 475.010 498.760 498.760 5,47% 6,84% 6,84% 6,84% 6,84% Simples Nacional (18.044) (29.537) (32.491) (34.115) (34.115) Receita operacional líquida 311.824 402.290 442.519 464.645 464.645 Recebíveis cartões (10.886) (14.250) (15.675) (16.459) (16.459) Custos variáveis café (14.923) (19.535) (21.489) (22.563) (22.563) Custos variáveis demais produtos (49.480) (64.774) (71.251) (74.814) (74.814) Salários e encargos (131.630) (131.630) (131.630) (131.630) (131.630) Despesas administrativas (104.820) (104.820) (104.820) (104.820) (104.820) Lucro bruto operacional 86 67.281 97.654 114.359 114.359 (14.908) (2.982) (1.789) (984) - 20.663 (141.346) (2.896) 65.492 96.670 114.359 135.022 Unidades vendidas/ano Preço unitário Receita bruta café expresso Demais produtos Alíquota Simples Nacional Custos Investimento inicial Capital de giro Fluxo de caixa econômico (126.438) Fonte: Autor, 2013 Café de la Provence 65 Tabela 18 - Fluxo de caixa econômico - cenário mais provável Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Café expresso Unidades vendidas/dia 200 240 264 277 277 Qtd. dias 231 252 252 252 252 46.200 60.480 66.528 69.854 69.854 4,20 4,20 4,20 4,20 4,20 194.040 254.016 279.418 293.388 293.388 Receita bruta demais produtos 194.040 254.016 279.418 293.388 293.388 Receita operacional bruta 388.080 508.032 558.835 586.777 586.777 6,84% 6,84% 7,54% 7,54% 7,54% Simples Nacional (26.545) (34.749) (42.136) (44.243) (44.243) Receita operacional líquida 361.535 473.283 516.699 542.534 542.534 Recebíveis cartões (12.807) (16.765) (18.442) (19.364) (19.364) Custos variáveis café (17.556) (22.982) (25.281) (26.545) (26.545) Unidades vendidas/ano Preço unitário Receita bruta café expresso Demais produtos Alíquota Simples Nacional Custos Custos variáveis demais produtos (58.212) (76.205) (83.825) (88.017) (88.017) Salários e encargos (131.630) (131.630) (131.630) (131.630) (131.630) Despesas administrativas (104.820) (104.820) (104.820) (104.820) (104.820) Lucro bruto operacional 36.511 120.881 152.702 172.159 172.159 (17.539) (3.508) (2.105) (1.158) - 24.309 (143.977) 33.003 118.776 151.544 172.159 196.469 Investimento inicial Capital de giro Fluxo de caixa econômico (126.438) Fonte: Autor, 2013 Café de la Provence 66 Tabela 19 - Fluxo de caixa econômico - cenário otimista Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Café expresso Unidades vendidas/dia 230 276 304 319 319 Qtd. dias 231 252 252 252 252 53.130 69.552 76.507 80.333 80.333 4,20 4,20 4,20 4,20 4,20 223.146 292.118 321.330 337.397 337.397 Receita bruta demais produtos 223.146 292.118 321.330 337.397 337.397 Receita operacional bruta 446.292 584.237 642.660 674.794 674.794 6,84% 7,54% 7,54% 7,54% 7,54% Simples Nacional (30.526) (44.051) (48.457) (50.879) (50.879) Receita operacional líquida 415.766 540.185 594.204 623.914 623.914 Recebíveis cartões (14.728) (19.280) (21.208) (22.268) (22.268) Custos variáveis café (20.189) (26.430) (29.073) (30.526) (30.526) Unidades vendidas/ano Preço unitário Receita bruta café expresso Demais produtos Alíquota Simples Nacional Custos Custos variáveis demais produtos (66.944) (87.636) (96.399) (101.219) (101.219) Salários e encargos (131.630) (131.630) (131.630) (131.630) (131.630) Despesas administrativas (104.820) (104.820) (104.820) (104.820) (104.820) Lucro bruto operacional 77.455 170.391 211.075 233.451 233.451 (20.170) (4.034) (2.420) (1.331) - 27.956 (146.608) 73.421 167.970 209.743 233.451 261.407 Investimento inicial Capital de giro Fluxo de caixa econômico (126.438) Fonte: Autor, 2013 3.7 ANÁLISE DE VIABILIDADE A decisão de investimento na cafeteria dependerá dos indicadores de Payback, Payback Descontado, Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR). 3.7.1 PAYBACK O Payback calcula qual o tempo necessário para que os fluxos de caixa gerados pela empresa paguem o investimento efetuado. A seguir, o cálculo para os três cenários: Café de la Provence 67 Tabela 20 - Cálculo do Payback Ano Fluxo de caixa acumulado Pessimista Provável Otimista 0 (141.346) (143.977) (146.608) 1 (144.241) (110.974) (73.187) 2 (78.749) 7.802 94.784 3 17.921 Fonte: Autor, 2013 No cenário pessimista, o investimento inicial mais o capital de giro foram calculados em R$ 141.345,92. O tempo necessário para retorno desses valores será de 2 anos e 10 meses, quando terão sido gerados fluxos de caixa de R$ 143.155,10. No cenário mais provável, foram gastos R$ 143.976,80 no ano 0, e em 2 anos exatos serão gerados R$ 151.779,14. Por fim, no cenário otimista foram investidos R$ 146.607,68, e em um ano e meio a cafeteria terá proporcionado retorno de R$ 157.406,18. 3.7.2 PAYBACK DESCONTADO O Payback Descontado tem o mesmo príncipio que o Payback tradicional, porém os fluxos de caixa gerados pela companhia são descontados pela taxa de desconto do projeto -- no caso, o custo do capital --, chegando-se aos seus valores presentes. Como visto no trabalho, a taxa de desconto (!! ) é de 12,64%. Abaixo, demonstração do cálculo do Payback Descontado: Tabela 21 - Cálculo do Payback Descontado - cenário pessimista Ano Fluxo de caixa Valor presente Saldo 0 (141.346) (141.346) (141.346) 1 (2.896) (2.571) (143.916) 2 65.492 51.615 (92.302) 3 96.670 67.635 (24.667) 4 114.359 71.030 46.362 Fonte: Autor, 2013 !"#$"%& Descontado = 3 + (24.667 ÷ 71.030) !"#$"%& Descontado = 3,35 anos = 40,17 meses Café de la Provence 68 Tabela 22 - Cálculo do Payback Descontado - cenário mais provável Ano Fluxo de caixa Valor presente Saldo 0 (143.977) (143.977) (143.977) 1 33.003 29.299 (114.678) 2 118.776 93.608 (21.070) 3 151.544 106.027 84.956 Fonte: Autor, 2013 !"#$"%& Descontado = 2 + (21.070 ÷ 106.027) !"#$"%& Descontado = 2,20 anos = 26,38 !"#"# Tabela 23 - Cálculo do Payback Descontado - cenário otimista Ano Fluxo de caixa Valor presente Saldo 0 (146.608) (146.608) (146.608) 1 73.421 65.180 (81.428) 2 167.970 132.378 50.950 Fonte: Autor, 2013 !"#$"%& Descontado = 1 + (81.428 ÷ 132.378) !"#$"%& Descontado = 1,62 anos = 19,38 meses 3.7.3 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) O Valor Presente Líquido desconta os fluxos de caixa futuro estimados pela taxa de retorno esperado, de 12,64% a.a., e em seguida subtrai o valor do investimento inicial. O cálculo foi feito levando em conta as projeções de 5 anos e é demonstrado na tabela abaixo: Tabela 24 - Valor Presente Líquido (VPL) Valor Presente Líquido (VPL) Pessimista Provável Otimista 110.380,61 300.217,34 486.830,98 Fonte: Autor, 2013 Café de la Provence 69 3.7.4 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) A Taxa Interna de Retorno do projeto, também considerando 5 anos, ficou da seguinte maneira: Tabela 25 - Taxa Interna de Retorno (TIR) Taxa Interna de Retorno (TIR) Pessimista Provável Otimista 32% 62% 89% Fonte: Autor, 2013 Café de la Provence 70 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS As pesquisas realizadas durante o trabalho mostram um setor de cafeterias bastante atrativo a investimentos. O consumo do café vem crescendo ano a ano e o segmento de cafés gourmet vem conquistando maior representatividade, com o público consumidor mostrando maior disposição a pagar mais por melhor qualidade. O atual cenário macroeconômico brasileiro de baixas taxas de juros desestimula a poupança e motiva investimentos mais agressivos, como o proposto neste plano de negócios, em busca de maiores retornos. Além disso, o crescimento do PIB per capita proporciona à população um maior poder de compra, desencadeando em um maior consumo. Ficou provado que as barreiras à entrada no setor são fracas, exigindo um investimento inicial considerado baixo -- inferior a R$ 150.000,00 --, o que facilita o ingresso do Café de la Provence. Adicionalmente, o desenvolvimento econômico da região, representado pelos novos empreendimentos imobiliários e pela migração de empresas para o local -- desde as de médio porte às grandes multinacionais --, aliado ao aumento de renda da população, reforçam a perspectiva de sucesso do investimento. Além da atratividade do negócio exposta acima, as projeções financeiras reforçam a opinião que a cafeteria é um bom investimento. Analisando os indicadores, considerando o cenário mais provável, com um Payback de 2 anos e Payback Descontado de 2 anos e 2 meses é possível considerar o prazo para retorno do capital investido curto. O Valor Presente Líquido do projeto também é favorável, pois foi calculado em um número substancialmente elevado de aproximadamente R$ 300.000,00 e, para completar, a Taxa Interna de Retorno de 62% mostrou-se bastante superior à taxa de retorno esperado, de 12,64%. Café de la Provence 71 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES O trabalho atingiu o objetivo proposto de fornecer dados e informações suficientes à tomada de decisão para a abertura de uma cafeteria. Foi comprovado que o investimento no setor é bastante atrativo e financeiramente viável, dado o baixo custo de aporte inicial, a facilidade de acesso ao mercado, as boas perspectivas de crescimento econômico, principalmente na região, e o alto e rápido retorno esperado. É importante ressaltar que a manutenção das vantagens competitivas é primordial para a consolidação do negócio e a sobrevivência no longo prazo, como a alta capacitação dos funcionários -- fator ameaçado pelo turnover do setor -- e os elevados padrões de qualidade dos produtos e do café. Além desta manutenção, é crucial que a empresa preencha seus gargalos, especialmente buscando a consolidação e valorização de sua marca, para que esteja pronta para enfrentar a ameaça de novos players, dado que a atratividade do setor e as baixas barreiras à entrada é convidativa ao ingresso de concorrentes. Devem ser formuladas boas estratégias para exposição da marca no próprio estabelecimento e demais canais, como as redes sociais. As alterações climáticas, entre outros fatores, podem culminar em quedas de safras, desencadeando em uma redução de oferta do café, o que pode provocar elevação no custo do produto e, assim, queda das margens e/ou queda das vendas. A administração da cafeteria deve estar preparada para responder a essas situações, optando por um reajuste de preço, de modo a manter as margens, e/ou explorando novos negócios, diversificando sua oferta de produtos. Uma das oportunidades para ampliação do faturamento e diluiação do risco é servir pratos no almoço. Outro exemplo de ação que pode ser tomada é a criação de cardápios temporários, como um festival de sopas no inverno, a fim de atrair novos clientes. A comercialização de outros produtos, como livros, canecas, cafeteiras, café em grãos ou em pó para preparo em casa também pode ser outra fonte interessante de receitas. Em último caso, embora fuja um pouco da proposta de valor da empresa, pode se tornar necessária a oferta de serviço de entregas, para não se distanciar da concorrência. Para concluir, os estudos realizados viabilizam e motivam a abertura do Café de la Provence. Como destacado acima, o setor é altamente atrativo e possui um Café de la Provence 72 ótimo potencial de retorno no curto prazo. A chave para o sucesso do negócio dependerá da manutenção de suas vantagens competitivas e das respostas às movimentações da concorrência, que podem exigir criação de valor adicional. Seguindo essas recomendações, não há motivos que desencorajem a execução prática deste plano de negócios. Café de la Provence 73 6 REFERÊNCIAS ABIC. Disponível em: <http://www.abic.com.br/>. Acesso em: 29 mar. 2013. BCB. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/>. Acesso em: 30 mar. 2013. BIZZOTTO, Ana. Tempo frio aumenta as vendas das cafeterias. O Estado de S. Paulo. Disponível em: <http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,tempo-frioaumenta-as-vendas-das-cafeterias,595542,0.htm>. Acesso em: 09 jul. 2012. BM&FBOVESPA. Índice Bovespa Ibovespa. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br/indices/ResumoTaxaMediaCrescimento.aspx?Indic e=IBOVESPA&idioma=pt-br>. Acesso em: 30 mar. 2013. BOCCHINI, Bruno. PIB 2012 -- Pior resultado desde 2009 com alta de 0,9%. Folha Paulistana. Disponível em: <http://www.folhapaulistana.com.br/2013/03/02/pib2012-pior-resultado-desde-2009-com-alta-de-09/>. Acesso em: 25 mar. 2013. BRASIL, Haroldo Guimarães. Avaliação Moderna de Investimentos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2002. 222 p. BRIGHAM, Eugene F.; EHRHARDT, Michael C. Administração Financeira: Teoria e Prática. 10. ed. trad. José Nicolás Albuja Salazar, Suely Sonoe Murai Cucci; revisão técnica José Nicolás Albuja Salazar. São Paulo: Thomson Learning, 2007. 1044 p. CHURCHILL, Gilbert A.; PETER, J. Paul. Marketing: Criando Valor para os Clientes. 1. ed. trad. Cecília Camargo Bartalotti, Cidd Knipel Moreira. São Paulo: Saraiva, 2000. 626 p. CONSULTORIA EM PESQUISA IVANI ROSSI. Tendências de Consumo de Café. v. 8, 2010. Disponível em: <http://www.abic.com.br/publique/media/EST_PESQTendenciasConsumo2010.pdf>. Acesso em: 14 jul. 2012. CPC. CPC Cursos Regulares. Disponível em: <http://www.sindicafesp.com.br/cpc_cursos.asp#barista>. Acesso em: 09 jul. 2012. FERRELL, O. C.; HEARTLINE, Michael D. Estratégia de Marketing. 4. ed. trad. All Tasks, Marleine Cohen. Marketing strategy - 4th edition. São Paulo: Cengage Learning, 2009. 641 p. GITMAN, Lawrence Jeffrey. Princípios da Administração Financeira. 10. ed. trad. técnica Antonio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Addison Wesley, 2004. 745 p. GOOGLE MAPS. Disponível em: <http://maps.google.com/>. Acesso em: 15 jun. 2012. Café de la Provence 74 HOOLEY, Graham J.; SAUNDERS, John A.; PIERCY, Nigel F. Estratégia de Marketing e Posicionamento Competitivo. 3. ed. trad. Robert Brian Taylor; revisão técnica Laura Gallucci. Marketing strategy and competitive positioning 3 edition. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 464 p. HISRICH, Robert D.; PETERS, Michael P. Empreendedorismo. 5. ed. trad. Lene Belon Ribeiro. Porto Alegre: Bookman, 2004. 592 p. HITT, Michael A.; IRELAND, R. Duane; HOSKISSON, Robert E. Adminitração Estratégica: Competitividade e Globalização. 2. ed. trad. Eliane Kanner, Maria Emilia Guttilla, All Tasks. São Paulo: Cengage Learning, 2008. IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/>. Acesso em: 29 mar. 2013. IPEADATA. Brasil - PIB - paridade do poder de compra (PPC) - per capita. Disponível em: <http://www.ipeadata.gov.br/>. Acesso em: 09 jul. 2012. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 12. ed. trad. Mônica Rosenberg, Brasil Ramos Fernandes, Cláudia Freire; revisão técnica Dilson Gabriel dos Santos. Marketing Management. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. 750 p. MARTELLO, Alexandro. Analistas do mercado baixam para 3% previsão de alta do PIB de 2013. G1. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/mercados/noticia/2013/03/analistas-do-mercadobaixam-para-3-previsao-de-alta-do-pib-de-2013.html>. Acesso em: 25 mar. 2013. MATOS, Antonio Carlos de; MELCHOR, Paulo; FIORENTINI, Sandra Regina Bruno. Cafeteria. Brasília: SEBRAE, 2004. 38 p. Disponível em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/F26F62C57B184DEF03256EC400 6286DC/$File/NT00073B5A.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2012. MOURA, Pedro Marcondes de. Itaim Bibi é bairro procurado tanto para trabalhar quanto para morar. Veja São Paulo. Disponível em: <http://vejasp.abril.com.br/revista/edicao-2228a/itaim-bibi-trabalhar-morar>. Acesso em: 09 jul. 2012. NETO, Alexandre Assaf. Finanças Corporativas e Valor. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 726 p. NYU STERN SCHOOL OF BUSINESS. Betas by sector. Disponível em: <http://people.stern.nyu.edu/adamodar/New_Home_Page/datafile/Betas.html>. Acesso em: 30 mar. 2013. PENSANDO GRANDE. Faça um diagnóstico completo de sua pequena empresa. Disponível em: <http://www.pensandogrande.com.br/faca-um-diagnostico-completode-sua-pequena-empresa/>. Acesso em: 12 jun. 2012. Café de la Provence 75 PIRES, Fátima. Maior safra de café da história do Brasil. RankBrasil. Disponível em: <http://www.rankbrasil.com.br/Recordes/Materias/0Ic9/Maior_Safra_De_Cafe_Da_Hi storia_Do_Brasil>. Acesso em: 29 mar. 2013. ROSS, Stephen A.; WESTERFIELD, Randolph; JORDAN, Bradford D. Administração Financeira. 8. ed. trad. Katia Aparecida Roque; revisão técnica Fabio Gallo Garcia, Luiz Alberto Bertucci. São Paulo: McGraw-Hill, 2008. 795 p. SANDRINE, José. Bancos ocuparão as jóias imobiliárias de São Paulo. EXAME.com. Dispoível em: <http://exame.abril.com.br/seudinheiro/imoveis/noticias/bancos-ocuparao-as-joias-imobiliarias-de-saopaulo?page=1>. Acesso em: 09 jul. 2012. SEBRAE. Plano de negócio. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/momento/quero-abrir-um-negocio/vou-abrir/consulte-aviabilidade/plano-de-negocio>. Acesso em: 09 jun. 2012. SEBRAE/ESPM. Café gourmet e orgânico: estudos de mercado. São Paulo: SEBRAE, 2008. 184 p. Disponível em: <http://www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf/B1AA061C76EEEF1A832574DC0 045D5DE/$File/NT00039062.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2013. Sem autor: Os mais relevantes projetos de conclusão dos cursos MBA de 2002. Santo André: Strong Consultoria Empresarial, 2004. 544 p. WESTON, J. Fred; BRIGHAM, Eugene F. Fundamentos da Administração Financeira. 10. ed. trad. Sidney Stancatti; revisão técnica Fabio Gallo Garcia e Luis Alberto Bertucci. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2000. 1030 p. WIKIPÉDIA. Cinco forças de Porter. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Cinco_forças_de_Porter>. Acesso em: 09 jun. 2012. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm>. Acesso em: 31 mar. 2013. Café de la Provence 76 7 APÊNDICES Apêndice 1 - Descrição detalhada dos salários e encargos sociais e trabalhistas Funcionário Garçom Gerente atendimento Gerente administrativo Total FGTS FGTS (rescisão) 13º Férias FGTS (13º e férias) 8,00% 4,00% 8,33% 11,11% 2,33% 850,00 68,00 34,00 70,81 94,44 1.300,00 104,00 52,00 108,29 1.800,00 144,00 72,00 3.950,00 316,00 158,00 Salário Qtd. Total mês Total ano 19,81 6 6.822,27 81.867,24 144,43 30,29 1 1.739,01 20.868,12 149,94 199,98 41,94 1 2.407,86 28.894,32 329,04 438,85 92,04 10.969,14 131.629,68 Fonte: Autor, 2013 Café de la Provence 77 8 ANEXOS Anexo 1 - Alíquotas e partilha do Simples Nacional - Comércio Receita Bruta em 12 meses (em R$) Até 180.000,00 De 180.000,01 a 360.000,00 De 360.000,01 a 540.000,00 De 540.000,01 a 720.000,00 De 720.000,01 a 900.000,00 De 900.000,01 a 1.080.000,00 De 1.080.000,01 a 1.260.000,00 De 1.260.000,01 a 1.440.000,00 De 1.440.000,01 a 1.620.000,00 De 1.620.000,01 a 1.800.000,00 De 1.800.000,01 a 1.980.000,00 De 1.980.000,01 a 2.160.000,00 De 2.160.000,01 a 2.340.000,00 De 2.340.000,01 a 2.520.000,00 De 2.520.000,01 a 2.700.000,00 De 2.700.000,01 a 2.880.000,00 De 2.880.000,01 a 3.060.000,00 De 3.060.000,01 a 3.240.000,00 De 3.240.000,01 a 3.420.000,00 De 3.420.000,01 a 3.600.000,00 Alíquota IRPJ CSLL COFINS PIS/PASEP CPP ICMS 4,00% 5,47% 6,84% 7,54% 7,60% 8,28% 8,36% 8,45% 9,03% 9,12% 9,95% 10,04% 10,13% 10,23% 10,32% 11,23% 11,32% 11,42% 11,51% 11,61% 0,00% 0,00% 0,27% 0,35% 0,35% 0,38% 0,39% 0,39% 0,42% 0,43% 0,46% 0,46% 0,47% 0,47% 0,48% 0,52% 0,52% 0,53% 0,53% 0,54% 0,00% 0,00% 0,31% 0,35% 0,35% 0,38% 0,39% 0,39% 0,42% 0,43% 0,46% 0,46% 0,47% 0,47% 0,48% 0,52% 0,52% 0,53% 0,53% 0,54% 0,00% 0,86% 0,95% 1,04% 1,05% 1,15% 1,16% 1,17% 1,25% 1,26% 1,38% 1,39% 1,40% 1,42% 1,43% 1,56% 1,57% 1,58% 1,60% 1,60% 0,00% 0,00% 0,23% 0,25% 0,25% 0,27% 0,28% 0,28% 0,30% 0,30% 0,33% 0,33% 0,33% 0,34% 0,34% 0,37% 0,37% 0,38% 0,38% 0,38% 2,75% 2,75% 2,75% 2,99% 3,02% 3,28% 3,30% 3,35% 3,57% 3,60% 3,94% 3,99% 4,01% 4,05% 4,08% 4,44% 4,49% 4,52% 4,56% 4,60% 1,25% 1,86% 2,33% 2,56% 2,58% 2,82% 2,84% 2,87% 3,07% 3,10% 3,38% 3,41% 3,45% 3,48% 3,51% 3,82% 3,85% 3,88% 3,91% 3,95% Fonte: Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Anexo 2 - Retorno histórico do Ibovespa Ano 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2003 Ibovespa Anual 22.236,30 2004 17,8 26.196,25 2005 22,7 27,7 2006 26 30,3 32,9 2007 30,2 34,6 38,2 43,7 2008 11,1 9,4 3,9 -8,1 -41,2 2009 20,7 21,2 19,7 15,5 3,6 82,7 2010 17,6 17,6 15,7 11,7 2,8 35,9 1 2011 12,4 11,7 9,2 5 -2,9 14,8 -9 -18,1 2012 11,9 11,1 9 5,4 -0,9 12,9 -3,9 -6,2 7,4 2013 9,7 8,8 6,6 3,3 -2,2 8,3 -5 -6,9 -0,8 33.455,94 44.473,71 63.886,10 37.550,31 68.588,41 69.304,81 56.754,08 Fonte: BM&FBovespa, 2013. Café de la Provence 60.952,08 -8,3 55.910,37