RELATÓRIO E CONTAS 2007 INTRODUÇÃO Ao dar cumprimento a uma das obrigações legais previstas nos Estatutos, apresentamos aos nossos associados, no presente documento, uma súmula das mais relevantes actividades desenvolvidas no decurso do ano de 2007. O ano a que nos reportamos registou, tal como o anterior, factos históricos marcantes para o incremento e solidez da Instituição, devidamente referidos nos capítulos seguintes. ALARGAMENTO DA ÁREA DE ACÇÃO GEOGRÁFICA Há já muitos anos que temos vindo a sentir uma premente necessidade de integrar outras zonas geográficas, na nossa área de acção. Este anseio encontra-se directamente associado a um conjunto diverso de factores e sobretudo à preocupação de ver crescer a nossa Caixa de uma forma sustentada e sustentável, consolidando a sua hegemonia patrimonial, de molde a poder fazer face à concorrência cada vez mais presente, até mesmo em locais onde outrora eram quase da exclusividade do Crédito Agrícola. De entre outros destacamos: A redução significativa nos rendimentos das explorações agrícolas, sempre expostas às aleatoriedades climatéricas e não só; A consequente redução da Família Agrícola, do número de explorações e o seu abandono; O decréscimo no rendimento dos agricultores de 5% face a 2006 (3º país da União Europeia onde mais caiu), segundo o seu gabinete estatístico, o Eurostat; O êxodo da população rural para os grandes centros urbanos, na procura de outros meios de sobrevivência. Segundo as mais recentes estatísticas, só na margem sul do Tejo existem mais de 40.000 Alentejanos. Ponderados e bem avaliadas todas estas e outras realidades, houve que procurar novos mercados com maior potencial de negócio, pelo que conseguimos finalmente, em 2007, alcançar o desiderato de alargar a nossa área de acção aos concelhos de Setúbal e Sesimbra. Em consequência deste processo foi adoptada a nova denominação para Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Costa Azul, CRL. ENQUADRAMENTO MACROECONÓNIMO A conjuntura económico-financeira actual está fortemente afectada pela quebra do mercado imobiliário nos EUA e pela crise financeira daí decorrente, exacerbada pelo fenómeno dos empréstimos subprime. Apesar de no conjunto de 2007 o crescimento económico global ter sido ainda bastante expressivo, na evolução do quarto trimestre foram já manifestos os efeitos da crise, verificando-se fortes desacelerações, nomeadamente nos EUA e em alguns países da Zona Euro, havendo o receio de que a economia americana entre em recessão, provocando uma quebra acentuada no crescimento a nível global. As expectativas negativas para a economia americana advêm da quebra do mercado imobiliário – já esperada, residindo as incertezas apenas no seu ritmo, extensão e profundidade –, a qual foi intensificada pela excessiva expansão dos empréstimos para compra de habitação a clientes de alto risco, onde começaram a surgir elevadas taxas de incumprimento. Nestas circunstâncias, o BCE interrompeu o ciclo de subidas das suas taxas de referência, e recorreu mesmo a várias intervenções para injectar liquidez no mercado, que ao nível do mercado interbancário permitiram a redução das taxas nos diversos prazos para níveis mais “normais”. É de esperar que os mercados se mantenham bastante tensos durante boa parte do corrente ano, e que só paulatinamente a situação se normalize dado que a crise financeira actual é na verdade profunda e preocupante. Assim, não é provável que o BCE venha a subir as suas taxas de referência nos tempos mais próximos, até porque, se o fizesse, estaria a reforçar as pressões para a subida do euro em relação ao dólar e outras divisas, criando dificuldades adicionais à competitividade internacional das economias europeias, tanto mais que a Reserva Federal americana já procedeu nos últimos tempos a diversas reduções da sua taxa de referência, reduzindo-a para 3% no final de Janeiro (contra 5,25% em Julho de 2007, na altura em que a crise se declarou). No crédito à habitação verificou-se um certo abrandamento do forte ritmo de expansão que vinha evidenciando nos últimos anos, tendo a componente mais dinâmica no financiamento a particulares, sido o crédito pessoal para consumo e outros fins. As taxas de juro médias quer dos depósitos quer dos diferentes tipos de crédito têm vindo a subir, em linha com a evolução das taxas de referência do BCE e das taxas interbancárias. É de esperar que a persistência da crise conduza a uma concorrência ainda mais forte na captação de recursos, mas que, em contrapartida, se verifique uma atenuação da pressão concorrencial no lado do crédito, pois as principais instituições nossas concorrentes tenderão a enfrentar maiores condicionalismos e condições mais onerosas no mercado de capitais, de que estão dependentes para o refinanciamento das suas operações de crédito, por operarem com rácios de transformação acima de 100% - nalguns casos, bastante superiores. Neste contexto, no entanto, é crucial para o Crédito Agrícola defender a sua base de depósitos, mesmo com algum sacrifício temporário da rentabilidade. ENVOLVENTE DO NEGÓCIO Mesmo condicionados por tudo quanto ficou atrás descrito e demais factores concorrenciais, igualmente importantes, a nossa Instituição continua a ser excedentária em recursos, ao inverso da restante Banca. A nossa Caixa, sempre atenta à realidade envolvente do negócio e optando por uma política financeira prudencial, demonstrou mais uma vez que uma gestão ponderada, sólida e coerente, redunda e reforça a confiança depositada pelos nossos associados e clientes. São disso prova evidente os elementos que a seguir se indicam, nas rubricas mais relevantes do negócio, para os quais já contribuíram também os valores representativos dos novos balcões de Setúbal e Santana. RECURSOS (D.O./D.P./Poupanças) O crescimento dos Recursos em 10,4% correspondeu a um incremento de 28,0 milhões de euros, totalizando um valor acumulado próximo dos 300 milhões de euros. CRÉDITO CONCEDIDO O volume do Crédito Concedido que atingiu o montante global de 213 milhões de euros, praticamente manteve os valores do ano anterior, posicionou o Rácio de Transformação em 71% (79% em 2006). OUTRAS APLICAÇÕES O diferencial resultante destas duas últimas rubricas, redundou em excedentes que foram aplicados na Caixa Central (por força das regras do SICAM) totalizando no fim de 2007, 121 milhões de euros (86 milhões de euros em 2006). CRÉDITO VENCIDO O crédito em incumprimento registou uma redução significativa relativamente ao ano anterior, fixando-se em 1,7 milhões de euros, contrariando as piores estimativas geradas pelos recentes maus anos agrícolas a contra ciclo do que aconteceu com a restante Banca, onde esta rubrica conheceu acréscimos bem significativos. É igualmente de enaltecer o esforço desenvolvido pelos nossos associados, utilizadores de crédito, que procuraram cumprir com as suas obrigações para com a Instituição, sem o que, estes valores não teriam sido atingidos. APOIO À AGRICULTURA Na vasta gama dos serviços de apoio prestados à Família Agrícola, relevam-se: a elaboração de 1.071 processos de candidatura das Ajudas ao Rendimento, tendo sido captado por essa via um montante global próximo dos 15 milhões de euros; no SNIRB foram efectuados 21.322 registos e mantidas actualizadas as 50 pastas permanentes, em conformidade com as normas legais em vigor; no SNIRA deu-se continuidade aos registos das explorações e apoio à legalização das mesmas. VOLUME DE NEGÓCIOS O Volume de Negócios global da Caixa ultrapassou 642 milhões de euros, correspondendo a um acréscimo de mais de 52 milhões de euros (8,9%). RÁCIOS ESTRUTURAIS Em matéria de rácios estruturais/prudenciais, encontram-se bastante acima dos valores referenciados pelo Banco de Portugal, dos quais destacamos o Rácio de Solvabilidade de 19% (18% em 2006). PRODUTOS FORA DO BALANÇO Neste capítulo, registaram-se em algumas variáveis, taxas de crescimento significativas, fruto do bom trabalho realizado pela equipa comercial da Caixa, posicionando-a como habitualmente na primeira linha de referência, relativamente aos volumes de negócio alcançados. CARTEIRA DE SEGUROS (CA Seguros e CA Vida) Este vertente de negócio nos seus diversos ramos, vem demonstrando de ano para ano incrementos negociais significativos e franca melhoria na qualidade nos serviços prestados, que posicionam as respectivas Companhias como parceiros certos para protegerem pessoas e bens, assegurando igualmente complementos de reforma e assistência na saúde, aspectos considerados fundamentais em qualquer Família. Os Seguros de Ramos Reais totalizaram 3,1 milhões de euros e os Seguros de Vida, atingiram 5,6 milhões de euros, representando no conjunto uma taxa de crescimento de 10%. CA Gest; CA Dealer; CA Consult Durante o ano de 2007 deu-se continuação, nesta área, ao desenvolvimento do negócio ascendendo o seu volume a 9,7 milhões de euros e registando um acréscimo de 4,9%. RESULTADOS DO EXERCÍCIO O exercício de 2007 registou mais uma vez um resultado histórico, fruto de diversas medidas conjuntas e congregadas de uma racional e sustentada gestão, contenção adequada das despesas, melhoria da margem complementar bem como a recuperação de alguns créditos totalmente provisionados. PROPOSTA DE DISTRIBUIÇÃO DE RESULTADOS Propomos então que o resultado do exercício de 2007, constante das peças contabilísticas em anexo, de € 6.928.223,22 (seis milhões novecentos e vinte e oito mil duzentos e vinte e três euros e vinte e dois cêntimos), tenha a seguinte distribuição: Para RESERVA LEGAL ....................... € 1.385.659,22 Para RESULTADOS TRANSITADOS ….. € 463.064,00 Para RESERVA ESPECIAL .................. € 5.079.500,00 CONCLUSÃO E AGRADECIMENTOS Tudo quanto a Caixa Agrícola da Costa Azul representa aos mais diversos níveis do Grupo Crédito Agrícola, resulta de um trabalho conjunto e da estreita colaboração de uma vasta equipa, cuja principal preocupação, ao longo dos anos, é optimizar e consolidar a estrutura patrimonial da Instituição, melhorando e alargando por essa via o nível de prestação de serviços, pelo que nos cabe então registar aqui o nosso vivo agradecimento público a todos quantos, mais de perto, colaboraram connosco, ajudando de algum modo a engrandecer, melhorar e divulgar a imagem da Caixa, destacando-se os restantes Órgãos Sociais, no seu apoio permanente, os nossos Trabalhadores, pela sua dedicação e zelo demonstrados na execução das tarefas que lhes estão acometidas e os mais diversos Serviços Públicos, com os quais nos relacionamos e que sempre têm demonstrado um louvável espírito de entreajuda e prestimosa colaboração. Em capítulo próprio, apresentaremos os mapas - Balanço e Demonstração de Resultados - referentes ao exercício de 2007. Santiago do Cacém, 21 de Fevereiro de 2008 A DIRECÇÃO Jorge Nunes António Gamito Calado Pinela António Gonçalves Mateus Vilhena