&RQWUDWR%1'(6),1(3)8-% $UUDQMRVH6LVWHPDV3URGXWLYRV/RFDLVHDV1RYDV3ROtWLFDVGH 'HVHQYROYLPHQWR,QGXVWULDOH7HFQROyJLFR (VWXGRV(PStULFRV 1RWD7pFQLFD $UUDQMR3URGXWLYR7r[WLO9HVWXiULRGR9DOHGR,WDMDt6& 5HQDWR5DPRV&DPSRV 6tOYLR$QW{QLR)HUUD]&iULR -RVp$QW{QLR1LFRODX (Universidade Federal de Santa Catarina) &RODERUDGRUHV Geraldo Teixeira Vargas Jeanine Batschauer Janaina R.Scheffer &RRUGHQDomRGRV(VWXGRV(PStULFRV Arlindo Villaschi Filho Renato Ramos Campos Marina Honório de Souza Szapiro Cristina Ribeiro Lemos &RRUGHQDomRGR3URMHWR José Eduardo Cassiolato Helena Maria Martins Lastres Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – IE/UFRJ Rio de Janeiro, Dezembro de 2000. Ë1',&( 2 ,QWURGXomR BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB &DUDFWHUtVWLFDVGDLQG~VWULDWr[WLOYHVWXiULR BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB 1.1. Natureza do processo produtivo ____________________________________________ 10 1.2 Características da mudança estrutural e do padrão de concorrência _________________ 14 1.3 Contexto internacional____________________________________________________ 17 1.4 Contexto nacional _______________________________________________________ 20 3HUILOGR$UUDQMR3URGXWLYR7r[WLO9HVWXiULRGR9DOHGR,WDMDt6& BBBBBBBBBBBBBBBBBB 2.1 Origem e desenvolvimento ________________________________________________ 26 2.2 Os principais agentes do segmento produtivo __________________________________ 27 2.3 Instituições de coordenação________________________________________________ 34 2.3.1 Acib, Sintex e Prefeitura Municipal de Blumenau ___________________________ 34 2.3.2 Outras instituições do arranjo: sindicatos patronais, sindicatos de trabalhadores e serviços de apoio _________________________________________________________ 36 2.4 Infra-estrutura educacional ________________________________________________ 37 2.5 Infra-estrutura tecnológica_________________________________________________ 38 2.6. Infra-estrutura física _____________________________________________________ 39 2.7. Interação entre os agentes, formas de cooperação e estratégias competitivas _________ 42 'HVHQYROYLPHQWRGHFDSDFLWDomRWHFQROyJLFD BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB 3.1 Fontes de informação e formas de capacitação tecnológica _______________________ 44 3.2 Esforços internos às empresas para capacitação tecnológica ______________________ 46 3.3 Fluxos tecnológicos e interações com agentes externos à empresa para capacitação tecnológica________________________________________________________________ 49 3.4. Outras externalidades ____________________________________________________ 53 7UDMHWyULD5HFHQWHGR$UUDQMR BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB 4.1. Desempenho recente do arranjo ____________________________________________ 56 4.2. Impactos das mudanças estruturais na década de 90 ____________________________ 58 4.3. Efeitos sobre as estratégias empresariais _____________________________________ 60 4.4. Fluxos dos investimentos diretos externos nos anos 90 __________________________ 63 4.5 Principais fontes de financiamento freqüentemente utilizadas pelas empresas locais ___ 64 4.6. Influência do Mercosul e obstáculos para relações cooperativas ___________________ 68 ±3ROtWLFDV3~EOLFDVH3HUVSHFWLYDVSDUDR$UUDQMR BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB 5.1 A potencialidade do arranjo e reflexos sobre a competitividade____________________ 70 5.2 Propostas recentes de política para a cadeia têxtil-vestuário no Brasil _______________ 76 5.3 Propostas de políticas para o arranjo _________________________________________ 79 5.3.1 Estruturar o sistema de conhecimento e intensificar os fluxos de informação tecnológica. _____________________________________________________________ 80 5.3.2 Desenvolvimento de sinergias no sistema de produção do arranjo local __________ 81 3 5.3.3. Manter e ampliar a principal externalidade local: a qualificação da mão-de-obra e criação de emprego. _______________________________________________________ 84 5HIHUrQFLDV%LEOLRJUiILFDV BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB /LVWDGH6LJODV BBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBBB $UUDQMR3URGXWLYR7r[WLO9HVWXiULRGR9DOHGR,WDMDt6& ,QWURGXomR 4 5HQDWR5DPRV&DPSRV 6tOYLR$QW{QLR)HUUD]&iULR -RVp$QW{QLR1LFRODX As estratégias dos SOD\HUV globais na indústria de vestuário, conforme destaca Gereffi (1999) a partir da noção de cadeias globais de FRPPRGLWLHV, afetaram fortemente o conjunto da cadeia têxtil-vestuário. Uma desverticalização das empresas em relação às fases de produção tem correspondido a uma re-verticalização em relação às fases de comercialização em termos de marcas e cadeias de lojas. A desverticalização da produção foi reflexo do desenvolvimento tecnológicos em fibras artificiais e sintéticas, no avanço tecnológico dos equipamentos de tecelagem possibilitando aumentos de produtividade e flexibilidade para o uso de fibras sintéticas e artificiais, que constrastaram fortemente com a antiga verticalização da fiação e tecelagem a partir de fibras naturais. A flexibilidade na produção combinou-se com a possibilidade de reduzir custos de mão-de-obra, pela deslocalização das fases mais intensivas em mão-de-obra para regiões/países de baixos salários, e articulou-se com o rápido atendimento de demandas específicas em constantes mudanças. Neste contexto, o desenvolvimento das tecnologias de informação possibilitaram a administração logística de redes de empresas organizadas em mercados regionais, no âmbito dos blocos econômicos de comércio. Por outro lado, com o incremento da diferenciação de produtos, através da agregação de valor, como forma de superar as limitações da demanda, a marca tornou-se um forte atributo da concorrência que se combinou com o desenvolvimento de novas formas de organização da comercialização em mercados nos quais as economias de escala fortalecem o poder de barganha dos grandes varejistas. É neste contexto que ocorre a re-verticalização nas fases de comercialização através do controle de marcas pelos grandes varejistas, ou da expansão de cadeias de lojas dos grandes produtores têxteis-vestuários. Essa re-verticalização assume também novas formas organizacionais, como as redes de franquias. Em qualquer dos casos se apresenta a formação de redes como o elemento central que rearticula as relações entre os diversos segmentos da cadeia produtiva. Essas novas características do padrão de concorrência implicam em articulações além fronteiras nacionais, bem como na existência de agentes organizadores que podem estar localizados em fases diferenciadas da cadeia têxtil-vestuário, que controlam as marcas (próprias ou licenciadas) e que tem capacidades de controle logístico de redes de empresas. Este padrão concorrencial que se estabelece no comércio mundial, exigem condições de competitividade além daquelas determinadas por baixos níveis salariais e por políticas de comércio exterior e taxa de câmbio. Tais condições se relacionam às capacidades das empresas e às características locais que possibilitem nos termos de Gereffi (1999) um “industrial XSJUDGLQJ”, definido como “um processo de melhoramento da habilidade da firmas ou de uma economia para deslocar-se para nichos econômicos mais lucrativos e/ou intensivos em habilidades e tecnologia.” Considerando diferentes níveis para analisar as possibilidades do XSJUDGLQJ, Gereffi (1999) destaca no nível da firma as mudanças para produtos mais complexos, mais caros e capacidade de atender grandes pedidos. No nível das relações entre as empresas, acentua a necessidade da flexibilidade da produção para a diferenciação de produtos. No nível das condições locais e nacionais, a capacidade de criar relações que intensifiquem as interações dentro de espaços locais e nacionais entre os diferentes segmentos da cadeia para frente e para trás. Neste nível, as condições de capacidade competitiva dependem das possibilidades de no âmbito das grandes redes internacionais, inserir-se não apenas como montador de peças importadas (esquemas associados a características de zonas de processamento das exportações) 5 na figura de faccionistas das grandes redes, mas como um local cujas intensas interações interfirmas permitam que este torne-se um produtor de serviços completos (IXOOSDFNDJH VXSSO\) e integre-se, desta forma, às redes globais. Destaca-se neste caso a capacidade local de produção, tanto pela intensas interações que estimulem o conjunto dos diversos segmentos da cadeia no local, quanto o nível tecnológico da base produtiva. No nível local, agregando-se as habilidades na capacidade de produção à capacidade de desenvolver GHVLJQ e de estabelecer uma cadeia de comercialização global de uma marca, é possível avançar para um RULJLQDO EUDQG QDPH PDQXIDFWXULQJ No nível das regiões econômicas (entendendo-as como os blocos de comércio) o XSJUDGLQJ implicaria no estabelecimento de “ uma divisão intra-regional do trabalho que incorpora todas as fases da cadeia de FRPPRGLW\ desde a oferta de matérias-primas, produção, distribuição e consumo” . A realização do XSJUDGLQJ depende das bases organizacionais das cadeias que podem se estabelecer no comércio mundial e são basicamente determinadas pelas relações que se estabelecem com o agente organizador da cadeia (o comprador, o importador). Dependendo das características deste agente, se é um grande varejista, um grande produtor, ou administrador de marca (PDUNHWHUV), os fluxos de informações e o potencial de aprendizagem associados a eles podem proporcionar o XSJUDGLQJ da firma e do local, na medida em que exigem maiores ou menores habilidades dos fornecedores. Gereffi (1999) associa uma trajetória evolutiva com base na experiência dos blocos econômicos liderados pelos EUA, Japão e União Européia, que se expressaria numa sucessão de agentes organizadores das cadeias mundiais. O impacto das cadeias de descontos (JC Penney) foi estimular a capacidade dos fornecedores asiáticos de atender grandes volumes de produção. No caso da liderança das lojas de departamento, melhorou a capacidade de fornecer produtos mais caros e de melhor qualidade, deslocando a liderança das cadeias de descontos para regiões produtoras de menor custo. A análise deste autor destaca, por um lado as condições locais para as possibilidades do XSJUDGLQJ industrial, que não se reduzem a fatores de custo e disponibilidade de fatores, mas às interações entre os agentes de forma a criar e a explorar as externalidades locais, por outro lado a ênfase nestas interações evidencia os fluxos de informações e as possibilidades de aprendizagem que podem decorrer destas externalidades locais. No entanto, na tentativa de identificar as trajetórias locais e nacionais, enfatiza o papel determinante do agente coordenador das cadeias mundiais, tornando as interações uma via de mão única, na qual o dinamismo local é reflexo e sem autonomia. Essa determinação acaba por criar uma trajetória única para as possibilidades de desenvolvimento locais, uma vez que o potencial de aprendizagem resulta apenas da forma de inserção local no comércio mundial. Desta forma, fragmenta a natureza interativa dos processos de aprendizagem e do próprio processo inovativo, submetendo ambos ao desequilíbrio das capacidades tecnológicas dos agentes envolvidos, ou seja, elimina implicitamente a dimensão incremental da inovação resultante do processo inovativo, que atribui aos absorvedores de inovações uma ação criativa que implica em capacidade tecnológica. Nesta visão, o desenvolvimento de capacitação tecnológica é fundamentalmente a absorção de equipamentos e técnicas disponíveis repassadas pelo agente líder da cadeia. Se considerar, entretanto, que as possibilidades de aprendizagem local têm múltiplas determinações e evidentemente interagem também com os agentes externos, as diversas estratégias dos agentes locais estabelecem interações que configuram os espaços locais junto às diversas características destes ambientes, como tipos de agentes segundo sua posição na cadeia, habilidades já estabelecidas, qualidade da mão-de-obra local etc. Neste sentido, a noção de arranjo produtivo local procura captar estas configurações, compreendendo que há determinações de natureza setorial, cultural, social e especificidades dadas pelas características do setor produtivo e das estruturas de mercado, que condicionam as 6 mudanças locais, as estratégias tecnológicas, organizacionais e de crescimento dos diversos agentes. A ênfase da análise privilegia as possibilidades locais de construção das interações e seus constrangimentos externos, ao mesmo tempo em que reconhece a possibilidades da ação inovadora dos agentes refletir-se sobre a dimensão estrutural na qual estes estão inseridos. Nestas condições, o desenvolvimento de capacitação tecnológica dentro de arranjos produtivos locais é muito mais que a absorção de tecnologias disponíveis estimuladas pelas relações com os compradores. Gereffi (1999) destaca um novo padrão de concorrência nos mercados internacionais fortemente influenciados por redes globais no âmbito dos grades blocos regionais de comércio, com efeitos sobre a localização da produção mundial, os fluxos de comércio e criando especializações locais com graus diferenciados de capacitação tecnológica, dada a forma de sua inserção neste mercado mundial. Nesta perspectiva analítica, a cadeia de têxtil-vestuário na Ásia indica a seguinte trajetória: construção de redes de produção local integradas, relacionadas aos compradores externos, à internacionalização da cadeia na região da Ásia, à coordenação das cadeias compradoresvendedores por diferentes tipos de redes de comércio, e à regionalização da cadeia dentro da Ásia1. Por outro lado, para o caso dos países da América Latina, o desenvolvimento desta cadeia não foi pautado por uma inserção no comércio mundial que determinasse uma trajetória dirigida por compradores externos, como no caso asiático. Na América Latina o desenvolvimento foi voltado para o mercado interno, com níveis elevados de integração vertical, com base na produção a partir de fibras naturais, e com especializações regionais. Numa trajetória deste tipo, foram relativamente fracas as interações entre os agentes, além dos fluxos comerciais. Foram limitados também os fluxos de informação tecnológica e as possibilidades de desenvolvimentos de OLQNDJHV para frente e para trás, de forma a poder criar uma ampla divisão social do trabalho que estimulasse a especialização e as complementaridades. As possibilidades de absorção de tecnologias incorporadas em equipamentos amplamente difundidos ocorreram por ciclos ao longo do desenvolvimento da indústria e a absorção de tecnologias organizacionais não foram estimuladas em um ambiente macroeconômico de elevada instabilidade monetária e em condições de reduzidos custos da mão-de-obra. Neste caso, as competências desenvolvidas formaram estruturas específicas, que passaram a confrontar-se com as grandes mudanças recentes no paradigma tecnológico e nos mercados mundiais, em condições específicas de um ambiente macroeconômico nacional e de políticas de comércio exterior que afetaram as condições de crescimento do setor. A capacidade de reação a estas condições adversas, no contexto da formação do bloco de comércio Mercosul, relacionou-se a combinação de estratégias de modernização das empresas com políticas específicas que alteraram o grau de exposição do setor à concorrência internacional e permitiram condições de financiamento para a compra de equipamentos e as alterações nas condições de demanda com as políticas de estabilização monetária. Neste processo de reação, são ainda pouco conhecidas as especificidades das diversas condições locais, dadas as especializações regionais características desta indústria no Brasil. Por outro lado, aspectos marcantes do novo padrão de concorrência, que se desenha no mercado mundial, como a formação de redes de empresas que condiciona a inserção no mercado mundial, bem como a experiência de aglomerações regionais da indústria em países com significativa participação no 1 Tratou-se, portanto, da transição de uma expansão das habilidades locais de produção, desenvolvida a partir da sua posição de faccionista numa cadeia global, para a criação de habilidades no desenvolvimento de GHVLJQ e capacidade de coordenação logística, com base na mudança do agente líder que ao exigir produtos diferenciados proporcionou as condições para criar as capacidades locais de oferecer IXOOSDFNDJH VXSSO\, que posteriormente evoluíram para sistemas do tipo RULJLQDO EUDQG QDPH PDQXIDFWXULQJ O último estágio desta trajetória evolutiva foi a intensa divisão inter-regional do trabalho dentro do bloco de comércio. 7 mercado mundial, como a Itália, sugerem que as interações no âmbito de aglomerações locais são fatores decisivos que podem ter importante determinações nas condições de competitividade. Neste trabalho objetiva-se analisar as possibilidades de desenvolvimento do arranjo produtivo têxtil-vestuário no Vale do Itajaí em Santa Catarina no Sul do Brasil, com ênfase nas condições para a capacitação tecnológica dos diversos agentes. As modificações no padrão de concorrência, as características do mercado mundial e as mudanças tecnológicas recentes, são elementos que afetam as possibilidades do arranjo local em estudo dadas as características específicas deste arranjo produtivo. A referência analítica é a noção de arranjos produtivos locais, que privilegia a compreensão das interações entre os agentes do sistema produtivo e entre estes e as instituições de diversos tipos para o desenvolvimento das capacidades de inovação num ambiente local determinado, considerando as características do conhecimento no âmbito das interações de um sistema produtivo que define uma determinada dinâmica tecnológica. A amostra de empresas foi selecionada tendo como base o Cadastro da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - Fiesc. Foi definida uma amostra de 40 empresas localizadas nos 08 (oito) principais municípios das Regiões do Vale do Itajaí (Blumenau, Brusque, Timbó, Pomerode, Indaial e Gaspar) e do Alto Vale (Rio do Sul) e o município de Jaraguá do Sul. Seguiu-se, então, a seguinte estratificação para a amostra: Grandes empresas (com mais de 1000 empregados), Médias empresas (mais de 100 até 1000 funcionários) e Pequenas empresas (até 100 empregados). Como o arranjo produtivo divide-se em dois principais segmentos: vestuário e têxtil, a amostra de empresas foi distribuída da seguinte maneira, segundo os segmentos: (a) grandes empresas: foram selecionadas 10 empresas, sendo 6 têxteis e 4 de vestuário; (b) médias empresas: foram selecionadas 10 empresas, sendo 4 têxteis e 6 de vestuário; e, finalmente, (c) pequenas empresas: foram selecionadas 20 empresas, sendo 5 têxteis e 15 de vestuário. Para a seleção das empresas, segundo a distribuição descrita, escolheram-se as empresas com maior número de empregados. Como se observou, uma concentração das maiores empresas nos municípios de Blumenau, Brusque e Jaraguá do Sul, optou-se pela distribuição das pequenas empresas nos municípios menos contemplados na amostra, ou seja: Gaspar, Indaial, Pomerode, Rio do Sul e Timbó. Há, na região, importantes instituições voltadas às atividades específicas do setor têxtilvestuário, tais como, centros de pesquisa, treinamento, serviços tecnológicos, sindicatos patronais e de trabalhadores, entre outros. Selecionou-se, então, 13 das principais instituições locais (ver quadro 01), através de informações coletadas na Fiesc e no Sindicato das Indústrias Têxteis de Blumenau - Sintex. A pesquisa de campo foi realizada no período compreendido entre 10 de maio e 4 de junho do corrente ano, incluindo as entrevistas nas empresas e nas instituições. O agendamento das entrevistas com as empresas foi feito via contato telefônico (e fax) com diretores e/ou gerentes ligados às atividades de produção, planejamento e financeira, e os questionários e roteiros de entrevistas foram aplicados pelos próprios autores do trabalho, realizando, quando possível, visitas às instalações fabris. Por motivos diversos não foi possível entrevistar todas as empresas selecionadas na amostra, algumas foram substituídas e em alguns casos a política da direção da empresa de não permitir a divulgação de seus dados inviabilizou a entrevista. Já nas instituições, em geral, as entrevistas foram agendadas sem maiores dificuldades. 8 Quadro 1: Instituições entrevistadas para a pesquisa de campo Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Instituição Tipo Município Data Furb - Depto. Química Ensino Blumenau 17/5 Furb – Instituto de Pesquisa Pesquisa Blumenau 17/5 Tecnológica Senai Treinamento Rio do Sul 19/5 STI – Vestuário Sindical Blumenau 1/6 Acib Fundação Blum.Estudos Têxteis/Cepetex Senai - Centro Internacional de Negócios Senai - Centro de Tecnologia do Vestuário Furb – Instituto de Pesquisas Sociais STI – Fiação Assoc. Emp. Blumenau 1/6 Entrevistado Nelson Budach Eduardo Deschamps Jacir Luiz Lenzi Júlio José Rodrigues Nelson Santiago Pesquisa Blumenau 2/6 Mario Richat Apoio Trans.Com. Blumenau 2/6 Arlindo Schultz Treinamento Blumenau 2/6 Antonio Demo Pesquisa Sindical 7/6 Walmor Schocheti 13/6 Osmar Zimermam Senai - Centro do Vestuário e Estilo Treinamento Blumenau Blumenau Jaraguá do Sul Senai - Laboratório Químico e Físico Pesquisa Têxtil STI - Vestuário Sindical 14/6 Newton Saloman Brusque 15/6 Adécio Gamba Brusque 15/6 Marli Fonte: Fiesc e Sintex Após o início da pesquisa de campo, com a análise de resultados parciais de informações coletadas, observou-se que a estratificação inicial da amostra necessitava de uma reordenação para melhor adequação dos resultados da pesquisa. Assim, a nova estratificação para a amostra ficou estabelecida da seguinte forma (ver quadro 02): grandes empresas (com mais de 500 empregados), médias empresas (de 100 até 499 funcionários) e pequenas empresas (até 99 empregados). A composição da amostra abrangeu 36 empresas distribuídas da seguinte maneira: grandes: 14 empresas, sendo 10 têxteis e 4 de vestuário; médias: 07 empresas, sendo 2 têxteis e 5 de vestuário; e pequenas: 15 empresas, sendo 5 têxteis e 10 de vestuário. 9 Quadro 2: Número de empresas pesquisadas segundo segmento, porte e município Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas Grandes Médias Total Pequenas +500 100 a 499 Munícipio 0 a 99 empregados empregados empregados Vestuári Vestuári Vestuári Vestuári Têxtil Têxtil Têxtil Têxtil Geral o o o o Blumenau 6 2 2 6 4 10 Brusque 2 Gaspar 1 1 1 1 3 2 5 1 2 1 3 4 1 2 1 3 2 2 4 Indaial 2 Jaraguá do Sul 1 Pomerode 1 1 1 1 Rio do Sul 2 1 2 2 4 1 3 1 3 4 2 2 19 36 Timbó TOTAL 2 10 4 2 5 5 10 17 Fonte : Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas A representatividade da amostra pode ser observada na tabela 01, cujos dados, apesar de não permitirem uma comparação direta, proporcionam uma referência para dimensionar o valor do faturamento, o volume de produção e o número de empregados da amostra. Tabela 1: Faturamento, número de empregados e volume de produção no Brasil, Santa Catarina, Vale do Itajaí e Amostra Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina (1998 - 1999) '$'26 Faturamento (US$ 1000 FOB) Empregados (n°) Volume de Produção (toneladas) Brasil (1998) Santa Catarina (1998) Vale do Itajaí * (1998) Amostra (1999) 25.000.000 2.300.000 1.850.000 714.000 1.544.376 87.000 45.000 26.693 2.400.000 ND 219.000 170.000 Fonte: - Sintex, 1999 - Pesquisa de campo - Amostra de 36 empresas * Dados do Sintex (Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e do Vestuário de Blumenau) que incluem os valores das empresas associadas. A área geográfica de atuação do sindicato, inclui as seguintes cidades: Apiúna, Ascurra, Benedito Novo, Blumenau, Dona Emma, Doutor Pedrinho, Gaspar, Ibirama, Indaial, José Boiteaux, Massaranduba, Pomerode, Presidente Getúlio, Rio dos Cedros, Timbó, Victor Meirelles e Witmarsum. Portanto, com foco nos arranjos produtivos locais e considerando-se as alterações estruturais recentes, objetiva-se com este trabalho compreender a natureza do processo de aprendizagem tecnológica e seus impactos sobres as condições de competitividade na aglomeração de empresas têxtil-vestuário do Vale do Itajaí em Santa Catarina, localizado no Sul do Brasil. Para tanto o trabalho divide-se em cinco capítulos além desta introdução, sendo que no primeiro capítulo apresenta-se as características da dinâmica tecnológica e de mercado do setor produtivo têxtil- 10 vestuário, identificando as mudanças recentes nos mercados mundiais e um breve relato dos principais aspectos que caracterizam o setor no país. No capítulo 2, apresenta-se o perfil do arranjo produtivo local em análise, destacando os seus agentes e as interações entre os mesmos, com o objetivo de identificar sua trajetória de crescimento e condições atuais. No capítulo 3, analisam-se os processos de aprendizagem tecnológica e, no capítulo 4, o desempenho recente do arranjo e suas possibilidades e perspectivas frente às mudanças recentes na economia brasileira e mundial. Conclui-se o estudo no capítulo 5, avaliando-se o estágio atual de desenvolvimento do arranjo, suas possibilidades de inserção nos mercados nacional e internacional, indicando-se políticas específicas para seu desenvolvimento. &DUDFWHUtVWLFDVGDLQG~VWULDWr[WLOYHVWXiULR A indústria têxtil-vestuário constitui um segmento composto de várias etapas produtivas interrelacionadas. Cada etapa apresenta especificidade própria e contribui para o desenvolvimento do produto posterior. Esta indústria passou por processos de reestruturação produtiva e de mudança organizacional que modificaram o seu padrão de concorrência e provocaram mudanças na produção e comercialização no cenário mundial. Estas transformações ocorreram na indústria têxtil-vestuário brasileira nos anos 90. O objetivo neste capítulo é discutir os aspectos citados e seus resultados. Para tanto, serão caracterizadas as etapas da cadeia produtiva têxtil-vestuário, apontado seus aspectos principais e características do regime tecnológico. Em segundo, serão apresentadas as características da mudança estrutural e do padrão de concorrência ressaltando a dinâmica do processo de reestruturação produtiva e os elementos que ditam a concorrência em nível mundial. Seguirá destacando-se a movimentação de recursos no comércio internacional têxtil-vestuário. E, finalmente, serão tratadas as variáveis que explicam o comportamento da indústria têxtil-vestuário nacional – unidades produtivas, produção, emprego, financiamento, exportação e importação. 1DWXUH]DGRSURFHVVRSURGXWLYR A indústria têxtil-vestuário tem por finalidade transformar matérias-primas - naturais e química em fios e tecidos para que possam ser utilizados na fabricação de outros produtos (Ribeiro, 1984). Nesta indústria, existe uma divisão do trabalho interna pautada pelas características do processo produtivo, onde o produto de uma etapa produtiva constitui insumo para a etapa seguinte, estendendo-se até que as necessidades finais de diferentes consumidores sejam atendidas – pessoal, doméstico, industriais e usos especiais (Garcia,1994). Para o desenvolvimento do processo produtivo têxtil-vestuário, forma-se uma cadeia produtiva composta por uma rede de inter-relações entre as várias etapas de um sistema industrial, com a presença de segmentos que atuam à montante e à jusante de sua estrutura produtiva. Os segmentos à montante são compostos por produtores de matéria-prima, insumos auxiliares e máquinas e equipamentos. Destacam, a EDFNZDUG, as relações com os fornecedores de matériasprimas para a produção de fibras de origem natural e artificial. Para a obtenção da primeira, ocorrem relações com o setor primário através da produção de lã, pêlos ou crinas de animais e do caule, folha e sementes de plantas. Enquanto para a obtenção da segunda, ocorrem relações com segmentos produtivos encarregados de extração de matérias-primas naturais em fibras celulósicas e de relações com a indústria petroquímica produtora de subprodutos do petróleo, que resultam em fibras sintéticas. Para a utilização de insumos auxiliares no processo produtivo mantêm relações com a indústria química produtora de corantes, resinas, cloro etc., destinados a compostos para tingimentos. Para a utilização de máquinas e equipamentos, a indústria mantém relações com o setor produtor de bens de capital em seu segmento de máquinas-ferramentas, que fornece itens para fases ou operações específicas das etapas da produção, bem como com o 11 segmento produtor de equipamentos em geral, que produz instrumentos para auxiliar e assessorar o processo produtivo têxtil-vestuário. Os segmentos à jusante,referem-se às relações da indústria têxtil-vestuário com o setor terciário através da rede de distribuição e de comercialização dos produtos. Destacam-se, a XSZDUG, as relações com os segmentos que promovem o escoamento e a comercialização da produção, podendo ser considerados de fontes primária e secundária. Na fonte primária de fornecimento, são consideradas as empresas que comercializam ou que desenvolvem especificações de produção diretamente a partir de seus produtos ou através de terceiros, enquanto a fonte secundária refere-se a empresas atacadistas, varejistas, arrematadores e importadores que adquirem tecidos de fontes primárias ou de outras fontes, para, em seguida, vendê-las no mercado (Braga Jr., 1999). No âmbito do processo produtivo têxtil-vestuário, são consideradas as seguintes fases: fiação, tecelagem, malharia, não-tecidos, acabamentos e confecção, conforme a figura 1. Na primeira etapa – fiação – ocorre o processamento industrial das fibras têxteis naturais e químicas procedentes de outros segmentos produtivos em fios com diferentes espessuras e com distintas resistências. O processo industrial de produção de fios diferencia-se por tipo de fibra. A produção de fios a partir da fibra natural ocorre através de processo em que as fibras são postas numa mesma direção formando filas, que estiradas, torcidas e prendidas uma à outra por atrito, resultam em fios com diâmetro predeterminado (Azevedo, 1997). Enquanto a produção de fios a partir da fibra artificial ocorre através de operações que transformam substância química pastosa em filamentos que são endurecidos através de operação de solidificação que atendem especificações físico-químicas diferenciadas. Têm sido recorrentes as misturas das fibras naturais e artificiais na fase de fiação possibilitando a produção de fios mistos que são utilizados para a diversificação de produtos à indústria têxtil (Garcia, 1994). A produção de tecidos ocorre a partir do processo de entrelaçamento de fios que resultam em tecidos – planos e malhas – e não-tecidos. Cada tipo exige um processo técnico distinto. Constitui a tecelagem a etapa de produção onde o processo técnico de produção realizado por teares possibilita o entrelaçamento de fios em ângulos retos que resulta em tecidos planos. A malharia, por sua vez, constitui a etapa de produção onde os tecidos de malhas são resultantes de processos técnicos de laçadas de fios incompletas que se interpenetram. Enquanto, a produção de não-tecidos ocorre através do processo técnico de agrupamento de fibras, que são unidas por fricção, costura ou colagem (Rodrigues, 1997 e Garcia, 1994). 12 Figura 1 - Cadeia têxtil-vestuário Agricultura Pecuária Fibras Naturais Beneficiamento Fibras Artificiais Produtos Químicos Máquinas Ferramentas Máquinas Têxteis Produtos Químicos Tecelagem Fiação Fibras Sintéticas Malharia Acabamento Não Tecidos Componentes Distribuição Confecção Comércio Design Fonte: ARPAN e TOYONE (1984); RODRIGUES(1997) A etapa seguinte do processo produtivo constitui-se no acabamento onde se executa o beneficiamento aos materiais têxteis objetivando transformá-los, a partir do estado cru em artigos brancos, estampados e acabados. São executadas operações técnicas, respeitando as características físico-químicas dos materiais têxteis, que conferem conforto, durabilidade e propriedade ao produto têxtil. O beneficiamento é, em face das características de cada tipo de atividade, classificado em primário, secundário e terciário. No beneficiamento primário realizase atividade de remoção de impurezas decorrente do processo de fabricação e prepara-se o material têxtil para as operações seguintes. No beneficiamento secundário ocorrem as atividades de tingimento e de estampagem, tornando os materiais têxteis coloridos e com desenho, respectivamente. Enquanto, no beneficiamento terciário são executadas atividades por meio de tecnologias específicas que procuram fornecer ao material têxtil estabilidade dimensional, características especiais, etc. (Braga Jr., 1999). Por fim, na etapa de confecçãosão realizadas as fases de criação de moda, desenvolvimento de GHVLJQ e elaboração de moldes que constituem roteiros para o corte e a montagem dos tecidos de utilidades diversas no mercado. Os produtos confeccionados são utilizados em consumo doméstico (revestimento de pisos, paredes e artigos de cama, mesa e banho etc.), produtos industriais (feltros para limpeza, filtros industriais, embalagens, revestimento para móveis e veículos etc.), uso especiais (aplicação ao meio ambiente, confecção de roupas especiais, construção de balões) e vestuário (roupas em geral). Destes segmentos, a utilização de produtos têxteis confeccionados para vestuário é a mais representativa, pois constitui um segmento que agrega um número significativo de produtores, apresenta-se intensivo em mão-de-obra, possui processo de produção dinâmico em face das mudanças de moda e está em constante processo de desenvolvimento de GHVLJQ. 13 O ambiente em que se desenvolve a tecnologia na indústria têxtil-vestuário, apresenta estabilidade em seu padrão tecnológico, cuja continuidade em seu desenvolvimento decorre de forma incremental. Os problemas técnicos e econômicos relacionados a produtos e processos são solucionados através de aperfeiçoamento de procedimentos, refinamento de habilidades e aumento do conhecimento. Em sua trajetória, a tecnologia tem seguido algumas rotas de solução conforme o segmento produtivo, tal como segue: a) no segmento de fiação: desenvolvimento de espessura e resistência de fios, atendimento à especificações físico-químicas, diferenciação de fibras; b) no segmento de tecelagem; aumento da velocidade, redução de perdas com manutenção, maior facilidade na gravação de parâmetros estabelecidos dos teares; c) no setor de acabamento: redução do consumo de energia, melhora da conservação, maior controle ambiental, controle de temperatura da água e da variação na composição da mistura química para tingimento, d) no setor de confecções: melhorias nos moldes de base com diversos tamanhos, planos de corte, integração de operações e ampliação e flexibilidade das operações etc. Tais ocorrências apresentam seu dinamismo tecnológico, em muito relacionado, ao setor fornecedor de tecnologia, tendo em vista que esta indústria caracteriza-se pela dominação dos fornecedores da indústria de bens de capital, os quais desenvolvem e aprimoram suas máquinas e equipamentos. Porém, o ambiente tecnológico em que se situa a indústria têxtil-vestuário, também é afetado pelo dinamismo da indústria química, cuja vinculação com setores baseados em ciência possibilita melhorias nas performances de fibras, corantes, fixadores, tintas etc., repercutindo-se na indústria em análise. A forma como se processa o desenvolvimento tecnológico indica a existência de baixas condições de oportunidade tecnológica na indústria têxtil-vestuário. Para que fossem altas condições, requeriam-se altos investimentos em atividades inovativas, as variedades tecnológicas não poderiam ser reduzidas, o conhecimento adquirido ser aplicado a um leque maior de produtos básicos e o progresso na ciência para a natureza deste produto deveria ser ativo. Porém, tais requisitos não se verificam nas intensidades citadas, logo as inovações ocorrem de forma incremental em muito relacionadas a melhorias e aperfeiçoamento de produtos existentes. Por sua vez, a indústria têxtil-vestuário se caracteriza pelo elevado grau de imitação. As possibilidades de proteção das inovações e a proteção dos lucros que são provenientes das inovações são baixas e reduzidas. Dado que o conhecimento tecnológico é difundido, há estabilidade no paradigma tecnológico e os processos de aprendizagem são ativos entre as empresas, as formas de proteção como as patentes, os segredos, as curvas de aprendizagem, o OHDGWLPH etc., são insuficientes para garantir por muito tempo a apropriabilidade dos resultados dos processos inovativos. Dentro deste contexto, a tacitividade é reduzida. O conhecimento que sustenta o desenvolvimento tecnológico é em grande parte padronizado, codificado, simplificado, onde publicações, formulários, licença, manuais etc. constituem importantes formas de transmissão do conhecimento. Além disso, os tipos informais de conhecimento, como o específico e o tácito, que ocorrem através das pessoas, não encontram grandes obstáculos para transmissão, tendo em vista não requerem domínio de conhecimento complexo. Logo, a tacitividade reduz-se na capacidade de promover adaptação incremental, de produto e processo, de fontes externas de inovações. Diante destas considerações, ganha importância nesta indústria os processos de aprendizagem tecnológica postos nas formas de aprender fazendo, usando e interagindo. &DUDFWHUtVWLFDVGDPXGDQoDHVWUXWXUDOHGRSDGUmRGHFRQFRUUrQFLD 14 A indústria têxtil-vestuário passou, nas últimas décadas, por transformações que alteraram seu padrão de concorrência em nível mundial. Determinantes tradicionais de competitividade fundados em disponibilidade de matérias-primas, baixos salários, prolongados incentivos fiscais, política cambial favorecida etc., foram perdendo espaço para os fatores dinâmicos que resultaram em aumento da relação capital/produto, crescimento da mão-de-obra qualificada, avanços na fabricação de produtos mais sofisticados, fortalecimento da cooperação inter-firmas em níveis vertical e horizontal, maior flexibilidade produtiva frente às mudanças no ambiente econômico, aumento da diversificação dos tipos de tecidos produzidos, maior proximidade com o consumidor final, eliminação de perdas etc. Como resultante último, intensificou-se a concorrência nos mercados, com empresas buscando obter informações de forma rápida no intuito de subsidiar o processo de formulação de estratégias que permita obter vantagens sobre seus concorrentes. A dinâmica do processo de reestruturação produtiva que toma conta da indústria nas últimas décadas, levou a modificações nas máquinas e equipamentos para a indústria têxtil-vestuário que alteraram o processo produtivo nas etapas de produção. A presença de novas tecnologias incorporadas nas máquinas e equipamentos para fiação, tecelagem, malharia, acabamento e confecção através da incorporação de componentes de base microeletrônica integram sistemas (produtivos), transmitem informações (departamentos), controlam o processamento (coletar, registrar e armazenar informações relativas à operação do sistema) etc. A introdução de inovações nos equipamentos de tecelagem através do microcomputador acoplado ao tear efetua e controla a seqüência de cores, ligamento do tecido, quantidade de batidas no comprimento do tecido, local de rompimento de fios, reparação da trama rompida, alteração da densidade da trama, sistema de lubrificação etc. Da mesma forma, inovações nos equipamentos para acabamento decorrentes da utilização de componentes microeletrônicos resultam em maior controle na velocidade das passageiras, temperatura da água, variações na composição química para tingimento, controle de estiragem do tecido, homogeneização de tingimento etc. (Garcia, 1994). O movimento de reestruturação produtiva, que toma conta da indústria em muitos países nas duas últimas décadas, foi estimulado através de políticas de apoio. Foram elaboradas políticas industrial e tecnológica voltadas a fomentar o desenvolvimento de setores ofertadores de tecnologia e de insumos à indústria têxtil-vestuário, bem como criadas condições que estimulavam a demandas de produtos destes segmentos. Nos países da OCDE, ocorreram políticas de apoio ao desenvolvimento tecnológico para os segmentos químicos produtores de fibras e tecidos artificiais e sintéticos e de bens de capital e eletroeletrônico produtores de máquinas e equipamentos para a indústria têxtil-vestuário. Enquanto em muitos países em desenvolvimento, foram elaborados programas de financiamento para aquisição de máquinas e equipamentos no intuito de reestruturar o parque produtivo têxtil-vestuário interno. Com isto, estes últimos passaram a agregar as vantagens existentes de baixo custo da mão-de-obra com investimentos em máquinas e equipamento com alta tecnologia. Neste contexto, a indústria têxtil-vestuário tornou-se mais capital-intensiva trazendo a elevação da produtividade física das máquinas e equipamentos e conseqüente redução da quantidade de trabalhadores. Esta característica é distinta por etapas do processo produtivo, sendo mais capitalintensiva nas etapas de fiação, tecelagem e acabamento do que na confecção onde as especificidades desta fase produtiva conduzem a maior contingente de trabalhadores no processo produtivo. Como conseqüência da maior participação do capital na atividade produtiva, foram eliminadas várias operações nas etapas do processo produtivo e aumentaram-se os níveis de utilização dos equipamentos e de qualificação dos trabalhadores. Neste sentido, várias operações 15 desapareceram com a introdução do tear a jato, os filatórios a rotores RSHQHQG, sistema CAD/corte etc. Assim como, para reduzir os custos do capital e de produção as máquinas e equipamentos passaram a operar em maior tempo possível, implicando em aumento de turnos de trabalho e de horas trabalhadas. Da mesma forma, para operar os novos sistemas produtivos integrados passaram a exigir trabalhadores com maiores qualificações em conhecimentos gerais resultando em redução da mão-de-obra não-qualificada, elevação do grau de escolaridade e aumento de horas/treinamento/trabalhador/ano nas empresas. As inovações organizacionais acompanharam as mudanças de ordem tecnológica, com empresas alterando o perfil administrativo através da introdução de técnicas modernas de gestão e de controle de qualidade. A adoção de técnicas tais como controle estatístico de processo, círculo de controle de qualidade, células de produção, MXVW LQ WLPH, NDQEDQ etc., tem contribuído para o aumento da eficiência produtiva através do melhor aproveitamento do tempo e redução de perdas, diminuição dos custos operacionais e administrativos, maior controle do processo produtivo, aumento do fluxo de informação interna etc. Os avanços na informática e nas comunicações possibilitaram a interligação das ações das várias áreas de atuação das empresas produção, engenharia, administração e gerência. Com isso, os processos decisórios passaram a ser mais rápidos e com capacidade de formular estratégias para mercados mais sensíveis às mudanças de gosto dos consumidores e em espaços que concorrentes têm dificuldades de entrar. Diante da incorporação de inovações no processo produtivo e mudanças organizacionais, o padrão de organização da produção tornou-se mais flexível. A produção realizada em grandes plantas industriais com volume de produção significativo, lote mínimo de cor e de estamparia, reduzido grau de especialização na cadeia produtiva etc., foi substituída pela produção realizada em plantas industriais menores com máquinas e equipamentos que permitem com baixo custo, reprogramar, redesenhar e introduzir mudanças nas ordens de produção. Esta característica temse constituído num dos fatores de determinantes da competitividade no âmbito empresarial, pois possibilita o atendimento de encomenda específica de mercado, permite capacidade de resposta às rápidas mudanças de moda e tendência no mercado, proporciona redução dos custos de manutenção de estoques, promove a especialização em etapas da cadeia produtiva, proporciona a ampliação da diferenciação dos produtos, entre outros aspectos favoráveis. O padrão de produção flexível tem contribuído para as empresas diversificaremseus produtos. O processo de diversificação dos tipos de tecidos produzidos em lotes de produção menores tem possibilitado às empresas atenderem diferentes faixas de mercado, do mais tradicional ao segmento específico do mercado. Da mesma forma, tem possibilitado o segmento de vestuário a criação de novos itens ou novas tendências explorando novos nichos de mercado, bem como se constituído em atributo para não competir em mercados de produtos de menor valor agregado. Esta característica do padrão produtivo têxtil atual tem possibilitado empresas de fugirem do processo de imitação existente na indústria e garantirem, por maior tempo, margem de lucro extraordinário, sobretudo quando este processo ocorre através da utilização de novos tecidos e materiais (Garcia, 1994). Um exemplo, a esse aspecto, ocorre com as indústrias têxteisvestuários norte-americanas e européias, que procuram se especializar em nichos de mercados mais lucrativos, explorando a diferença de qualidade aberta pelas novas fibras químicas e pelos novos processos produtivos (Gorini, 2000). É da característica do processo produtivo têxtil-vestuário apontar para a formação de linhas de especialização produtiva. Contribui para esta ocorrência, a existência de heterogeneidade produtiva expressa em níveis tecnológicos distintos entre empresas. Os equipamentos e os conhecimentos técnicos necessários apresentando-se de forma distinta por empresas. Da mesma forma, contribui o fato da concorrência não ocorrer em torno de um mercado geral, mas em torno de produtos específicos. As empresas se especializam em linhas de produtos como tecidos 16 pesados, médios, leves, planos ou malhas, em que são considerados a textura, largura, composição dos fios, conteúdo das fibras etc. Com o acirramento da concorrência no mercado, empresas procuram definir as áreas de especialização e, dentro destas, caminharem para a produção de artigos com maior nível de sofisticação, visando explorar parcela do mercado para consumidores com maior poder aquisitivo, onde a qualidade do produto é fator determinante da demanda. Enquanto outras empresas beneficiadas pelos baixos custos de produção e aproveitando espaços de mercado, se especializam em artigos de menor valor agregado, onde o preço constitui, em primeiro plano, instância determinadora da demanda. Contudo, este processo não é estanque, pois, empresas se esforçam em caminhar do segundo para o primeiro padrão de inserção no mercado. Empresas estabelecidas no Continente Asiático - Coréia do Sul e Taiwan -, num primeiro momento, beneficiaram-se dos baixos custos da mão-de-obra para penetrar em mercados de produtos menos sofisticados, porém, em seguida, com o processo de reestruturação produtiva interna e o encarecimento da mão-de-obra, começaram a projetar em direção a produtos com maior valor agregado. Com o encarecimento da mão-de-obra nestes locais, passaram a instalar unidades industriais em outros países deste Continente - Singapura, Indonésia, China - para continuarem a fabricação de produtos têxteis-vestuários de menor sofisticação explorando os benefícios dos custos de produção reduzidos. No objetivo de aumentar a participação no mercado consumidor, empresas induzem o consumo de determinados produtos recorrendo ao recurso da marca acoplado ao PDUNHWLQJ sofisticado, como procuram captar as variações nos gostos dos consumidores antecipando os lançamentos de produtos em relação aos concorrentes, através de eficiente sistema de informação. Ao utilizar a marca como estratégia de mercado, as empresas buscam ter maior identificação com o consumidor, através do desenvolvimento de um estilo, qualidade e serviços próprios distinto de outros concorrentes. Procuram explorar a característica de lealdade do consumidor à marca para estabelecer suas estratégias ofensivas. Da mesma forma procuram buscar, de forma cada vez mais rápida a obtenção de informações sobre mudança de mercado, através de participação em feiras, congressos, seminários, consultorias, agências etc., em contextos nacionais e internacionais. Tem se tornado importante para o sucesso concorrencial da indústria têxtil-vestuário não apenas a competitividade da empresa isolada, mas a eficiência de todas as empresas pertencentes à cadeia têxtil. Como a extensão da cadeia produtiva é longa, passando por várias etapas, da produção a postos de venda, tem sido recorrente a formação de rede de cooperação entre as empresas. A cooperação tem conduzido o estreitamento de relações entre as empresas produtoras, empresas fornecedoras e clientes. Tem-se verificado a formação de redes compostas de ateliês de GHVLJQ, fornecedores de fibras e de outras matérias-primas, tecelagens, confecções e grandes cadeias varejistas, em que a logística de toda cadeia passa a ser otimizada através do sistema de informatização – HOHFWURQLFGDWDLQWHUFKDQJH e HIILFLHQWFRQVXPHUUHVSRQVH (Gorini, 2000). Esta forma de integração de cooperativa de empresas tem reduzido os estoques intermediários, diminuído as perdas decorrentes da liquidação de estoques, exigido maior de planejamento para compra de produtos, possibilitado desenvolvimento tecnológico conjunto, aumentado a capacidade de resposta empresarial para atender às variações na quantidade demandada e às variações nas preferências dos consumidores (Castro Garcia, 1996). Por sua vez, a formação de rede de cooperação não se limita ao espaço nacional, existem interligações entre diferentes tipos de empresas em agrupamentos ou nós industriais que atravessam as fronteiras do país e do setor têxtil-vestuário. Este processo tem ocorrido dada a importância do comércio inter-blocos econômicos (Nafta - Estados Unidos e México) mas não se limita somente a este espaço (União Européia e as regiões do Norte da África e Sul da Ásia). Um 17 exemplo deste tipo de arranjo são empresas, nacionais e estrangeiras, que atuam em todos os segmentos da cadeia – fibras, têxtil, vestuário, varejista - como agentes organizadores realizando investimentos em determinado país com o intuito de intensificar a competitividade da cadeia produtiva por meio de encadeamentos com os principais produtores e varejistas. Cita-se, neste particular, os investimentos realizados no México em todos os elos da cadeia têxtil-vestuário pelos grandes grupos econômicos, sobretudo norte-americanos. Outro exemplo, ocorre na reunião de processos produtivos entre países que cruzam fronteiras nacionais. Empresas de um país exportam tecidos pré-cortados e matérias-primas para empresas localizadas em outros países, para a confecção e re-exportação para o primeiro país exportador com benefícios fiscais, financeiros e outras condições de acesso. Exemplos desta ocorrência estão se processando entre empresas localizadas nos Estados Unidos e do México e entre as localizadas na Europa Central e as das União Européia (Gereffi, 1999). Destaca-se também, na configuração do padrão de concorrência atual, a expansão das cadeias de varejistas de descontos e lojas de departamento para outros países, desempenhando a função de colocação de produtos importados naquele mercado e adquirindo mercadorias fabricadas no local para posterior colocação em suas lojas no exterior, podendo utilizar ou não marca própria (Gherzi, 1999). Tais varejistas estão ampliando sua fatia de mercado visando à consolidação e globalização dos espaços em que atuam, beneficiando-se das economias de escala de suas atividades de varejo como volume de compras, forma de comercialização, administração de espaço de vendas etc. Cita-se, como exemplo, as empresas Carrefour, C&A, Marks & Spender, Walmart, Zara, Gap, Benetton etc. (Gherzi, 1999). Estes novos condicionantes do padrão de concorrência vêm contribuindo para atenuar a dinâmica do processo de desverticalização nas grandes empresas. Esperava-se, num primeiro momento, que o processo de reestruturação levaria à forte fragmentação do setor, porém as características e as especificidades técnicas do processo produtivo foram demonstrando o limite de um processo de desverticalização nesta indústria. Em que pese a desverticalização das grandes empresas tenha ocorrido no segmento de confecção com resultados favoráveis, o mesmo não se pode afirmar com relação a outras etapas – fiação, tecelagem e acabamento -, dado que o domínio tecnológico em certas fases do processo, nível de qualificação do terceirizado, questionamento sobre a redução de custos de transações etc. não tem permitido que este processo ocorra de forma ampla e profunda. Em que pese mudanças no padrão de concorrência da indústria têxtil-vestuário, a utilização de cotas de exportação, sobretaxas de importaçãorestrição a certos produtos etc., são ainda comuns no comércio mundial. Países ampliam, renovam e revêem seus sistemas de proteção. Muitas das decisões são tomadas em acordos internacionais, reforçando o consenso em torno desta prática. Nos Estados Unidos, somente 13 de 750 cotas foram derrubadas e apenas 6% das importações ficaram livres de restrições, enquanto na União Européia, para confeccionados, apenas 14 de 219 cotas foram eliminadas e liberalizaram-se menos de 5% de seu mercado têxtil para concorrentes externos (Castro Garcia, 1996; Gorini, 2000). Tal procedimento decorre do objetivo de conter o crescimento das vendas dos países em desenvolvimento e em incentivo para a reestruturação da indústria têxtil doméstica em ambiente de mudança no padrão de produção internacional. &RQWH[WRLQWHUQDFLRQDO No comércio internacional têxtil, o montante de recursos movimentados em exportações têxteis cresceu significativamente nas duas últimas décadas, passando de US$ 54.990 milhões em 1980 para US$ 155.280 milhões em 1997, conforme a tabela 2. O UDQNLQJ dos maiores países exportadores mundiais praticamente manteve-se igual entre um período e outro, com exceção da Holanda e Suíça, que perderam posições. Porém destaca-se o crescimento das exportações dos 18 países China, Coréia do Sul, Taiwan, Turquia e Paquistão. Os países do Sudoeste Asiático elevaram a participação individual no comércio exportador mundial para próximo de 10% no ano de 1997. No tocante às exportações de confeccionados, o montante de recursos movimentado em exportações segue a mesma trajetória dos têxteis, passando de US$ 40.590 milhões em 1980 para US$ 176.610 milhões em 1997. Neste tipo de produto têxtil, os tradicionais maiores exportadores mundiais Itália, Estados Unidos e Alemanha foram superados pela China. Além deste último país, o UDQNLQJ registrou a inclusão de outros que não constavam na lista dos maiores no primeiro período considerado – Turquia, Tailândia e Indonésia. Tabela 2: Exportações de produtos têxteis e de confeccionados mundiais - 1980 e 1987 Têxteis Confeccionados 1980 1997 1980 1997 País US$ US$ US$ US$ % % % Milhões Milhões Milhões Milhões Alemanha 6.296 11,4 13.053 8,4 2.882 7,1 7.289 % 4,1 Bélgica 3.550 6,5 7.010 4,5 999 2,5 China 2.540 4,6 13.828 8,9 1.625 4,0 31.803 18,0 Coréia do Sul 2.209 4,0 13.346 8,6 2.949 7,3 4.192 2,4 3.757 6,8 9.193 5,9 1.290 3,2 8.672 4,9 729 1,8 2.294 5,7 5.345 3,0 875 2,2 4.664 11,5 9.329 5,3 4.910 2,8 2.904 1,6 Estados Unidos Finlândia França 3.432 6,2 7.214 4,6 Holanda 2.259 4,1 Hong Kong 1.771 3,2 14.602 9,4 Índia 1.145 2,1 4.936 3,2 Indonésia Itália 4.158 7,6 12.901 8,3 Japão 5.117 9,3 6.750 4,3 4.594 3,0 5.618 3,6 Paquistão Reino Unido 3.108 5,7 Suíça 1.521 2,8 4.584 11,3 14.851 8,4 1.878 4,6 5.281 3,0 Tailândia Taiwan 3.770 1.775 3,2 Turquia 12.731 8,2 3.352 2,2 2.430 6,0 6.697 3,8 Subtotal 42.638 77,5 129.128 83,1 27.199 67,2 105.043 57,3 Mundo 54.990 100,0 155.280 100,0 40.590 100,0 176.610 100,0 Brasil 654 1,2 1.022 0,7 138 1,2 248 0,1 Fonte: WTO e Werner International apud: Gorini (2000) 19 No tocante às importações do setor têxtil, os dois principais mercados mundiais, no período 1990-97, foram a União Européia e os Estados Unidos. Em 1997, ambos representavam 44% do total das importações têxteis mundiais, conforme a tabela 3. Para a importação de produtos confeccionados, a União Européia e os Estados Unidos constituem os maiores demandadores de importados, no período 1992 - 1996, alcançando 78,6% e 72.4% do total mundial em 1992 e 1996, respectivamente, conforme tabela 4. Neste quadro, os principais fornecedores da União Européia, foram Turquia e China e o comércio intra-europeu, enquanto os principais fornecedores para os Estados Unidos foram China e México. Dois registros devem ser feitos: primeiro, o crescimento do volume de importações na União Européia, com ênfase no comércio intra-bloco; e, segundo, as importações provenientes de outros países situados fora do bloco foram de países com tradição em fornecimento de produtos de baixo valor agregado. Tabela 3: Maiores importadores do setor têxtil, ordenados pela média do período 1995/97 1990/97 Países em US$ Anos 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 União Européia 27.696 29.631 31.485 27.639 30.443 31.926 31.564 38.663 Estados Unidos 16.212 16.255 19.351 20.064 22.465 24.936 26.773 31.889 Hong Kong n.d. 7.553 n.d. 17.173 20.285 22.480 23.197 23.661 China n.d. n.d. 9.901 8.977 12.012 14.468 15.829 16.341 Japão n.d. 10.202 10.292 9.971 12.666 14.865 15.029 13.816 Coréia do Sul 3.408 2.991 3.835 3.694 4.660 5.602 5.473 n.d Canadá 3.314 3.370 3.012 3.561 3.800 4.355 4.439 5.203 Suíça n.d. n.d. 3.589 2.919 3.087 3.372 3.192 2.889 México n.d. n.d. 1.279 2.870 3.017 2.735 3.533 n.d Taiwan 1.787 2.463 2.563 2.434 2.831 3.015 3.093 n.d Turquia 1.069 892 1.215 1.582 1.591 2.594 2.699 3.485 Singapura n.d. n.d. n.d. 2.693 2.839 2.990 2.785 2.829 Polônia n.d. n.d. 596 n.d. 4.065 2.633 2.862 n.d Indonésia 1.406 1.691 2.009 1.893 2.075 2.521 2.546 2.204 Austrália 1.852 1.908 n.d. 1.924 2.227 2.296 2.396 2.430 466 568 552 1.209 1.313 2.025 2.212 2.325 Demais Países 2.830 7.880 11.347 13.030 17.397 22.515 25.038 14.915 Total Mundial 60.040 85.404 101.026 121.633 146.773 165.328 172.660 160.650 Brasil Fonte: Trains/Unictad. Apud: Gorini (2000) Elaboração : Funcex Obs.: n.d. = valor não disponível. O total anual tende a ser subestimado devido aos valores não disponíveis 20 Tabela 4:: Maiores importadores de confeccionados, por países e grupo de países - 1992/96 Anos Anos em US$ milhões % Países 1992 1993 1994 1995 1996 1992 1996 Estados Unidos 32.951 35.605 38.643 41.367 43.317 25,5 26,9 Canadá 2.433 2.510 2.518 2.689 2.544 1,9 1,6 Japão 11.191 12.588 15.265 18.758 19.672 8,5 12,2 53,1 45,5 27.790 23.851 24.784 28.503 29.537 21,2 18,4 41.809 36.645 38.705 41.502 43.682 31,9 27,2 União Européia (15) 69.599 60.496 63.489 70.005 73.219 Importações Intra Importações Extra a Austrália 885 987 1.134 1.262 1.411 0,7 0,9 Noruega 1.375 1.198 1.292 1.419 1.381 1,0 0,9 Suíça 3.563 3.326 3.469 3.821 3.731 2,7 2,3 China 439 552 622 969 1.044 0,3 0,6 Coréia 270 360 694 1.073 1.507 0,2 0,9 Outros 8.469 8.948 9.901 12.042 13.015 6,5 8,1 100 100 Total b 131.175 126.570 137.027 153.405 160.84 1 Fonte: US Internacional Trade Commission (1999) apud: Gorini (2000) a Resultado da subtração das importações da confeccionados intra-Européia, publicado pela WTO, do total das importações de confeccionados da União Européia, publicado pelas Nações Unidas b Excluídos reexportados de Hong Kong A participação do Brasil no comércio mundial têxtil-vestuário diminui, tanto em exportações têxteis como em exportação de confeccionados. Em termos relativos, no segmento têxtil passou de 1,2% em 1980 para 0,7% em 1997, e nos confeccionados passou de 0,3% para 0,1%, respectivamente, em que pese ter aumentado o montante absoluto de recursos movimentados nestes dois itens. No âmbito das importações, o volume movimentado foi insignificante, se comparado com os maiores importadores, porém sua participação é crescente em termos de recursos movimentados, sobretudo a partir de 1993 e 94, alcançando US$ 2.324 milhões em 1997, quando em 1990 os gastos com importações não passavam de US$ 500 milhões (Gorini, 2000). &RQWH[WRQDFLRQDO A indústria têxtil-vestuário brasileira passou por transformações nos anos 90. O setor trafegou de uma situação fortemente protegida até o final dos anos 80, para uma exposição elevada à concorrência externa no mercado doméstico. As alíquotas de importação de produtos têxteisvestuários foram significativamente reduzidas e sem qualquer plano de reestruturação industrial. Esta ocorrência coincidiu com a forte expansão dos países asiáticos no mercado internacional de artefatos têxteis-vestuários e com quadro recessivo no mercado doméstico, dificultando a capacidade de respostas das empresas que estavam voltadas para a demanda interna. As 21 empresas foram obrigadas a se reestruturarem dentro de um ambiente de concorrência, procurando inicialmente realizar medidas destinadas à sobrevivência, para depois se empreenderem em movimentos de modernização e expansão da capacidade produtiva. No curso deste movimento, somente cerca de cinco anos após o processo de abertura, foram tomadas medidas de caráter emergencial, como a elevação parcial de certas alíquotas de importação para produtos concorrentes, redução da tarifa de importação para alguns bens de capital, crédito fiscal para exportação e linha de financiamento específica para reestruturação setorial. Sob este quadro, a indústria têxtil-vestuário no Brasil, nos anos 90, reduziu sua participação na geração de valor agregado industrial e mostrou-se modesto em comparação com a taxa de crescimento de outros países de desenvolvimento tardio. A participação na geração do valor agregado era de 2,6% em 1990 e reduziu-se para 1% no final da década. A taxa de crescimento da produção mostrou-se distinta no interior dos segmentos da cadeia produtiva, sendo menor nas etapas iniciais e maior na final. A taxa acumulada no período de 1990 a 1990 foi de: 10% para fios (média de 1% a.a.), tecidos planos 3% (média de 0,3% a.a.), malhas 30% (média de 2,9% a. a.) e confeccionados 84% (média de 7% a.a.). Por sua vez, o consumo da população expandiu, de 8,27 k/ha para 9,50 k/ha, motivado pela estabilidade dos preços da economia, processo de reestruturação e concorrência externa (Gorini, 2000). A despeito destas ocorrências, o Brasil ainda se constitui num dos maiores produtores mundiais de fios/filamentos, tecidos e malhas. A produção de 1.261 mil ton de fios/filamentos, 837 mil ton de tecidos e 430 mil ton de malha o coloca entre os 10 maiores produtores mundiais. Além disso, destaca-se como grande produtor (8a. posição no UDQNLQJ mundial) e consumidor mundial de fibra natural – algodão -, expressas pelas quantidade de 1.261 mil ton em 1997 e 1.049 mil ton em 1999, respectivamente. Esta condição faz a fibra natural – algodão –representar 68% do consumo total de fibras consumidas no país. Em consonância, o país não apresenta representatividade em fibras manufaturadas – artificiais e sintéticas – no mercado mundial, situando-se em 1,1% da produção mundial. O processo de reestruturação produtiva concomitante ao de abertura econômica implicou em mudanças no número de unidades produtivas e no volume de emprego, reforçando a característica do padrão de produção mundial em ser mais intensivo de capital no início e mais intensivo em mão-de-obra no final da cadeia produtiva. Entre 1990 e 1999, reduziram-se em 25% as unidades industriais, dos segmentos de tecidos, malhas e acabamento, enquanto o segmento de confecção, cuja especificidade do processo produtivo aponta para baixa barreira à entrada, aumentou em 13%, O impacto sobre o emprego foi intenso, cujo volume declinou em 67% no conjunto têxtil – fiação, tecelagem, malhas e acabamento – e 9% na confecção ao final dos 90.(Gorini, 2000) Os dados do ano de 1999 apontaram o número expressivo de confecções em unidades produtivas, emprego, valor da produção, importação e exportação em relação a outras fases da cadeia produtiva têxtil-vestuário (ver tabela 05). 22 Tabela 05: Dimensões do setor têxtil-vestuário - Brasil - 1999 Fases do processo produtivo Descrição Fiação Tecelagem Malharia Confecção Unidades Produtivas 389 439,00 2.863 17.378 Empregados 84.566 96.911 112.331 1.204.148 Produção (Mil ton) 1,355 840 414 8,2 Bi (peças) Valor da Produção (US$ Bilhões) 4,1 6,9 3,1 22,7 Importações (US$ Milhões) 361 162 45 189 Exportações (US$ Bilhões) 169 180 22 398 Saldo (US$ milhões) -192 18 -23 209 Importações (Mil t) 144 32 12 26 Exportações (Mil t) 38 42 2 41 Saldo (Mil t) -106 10 -10 15 Parcela das Exportações Produção (ton)a - % 2,8 5,0 0,5 0,01 1.461 830 424 n.d. 9,9 3,9 2,8 n.d. Parcela das Exportações Produção (US$) - % 4,1 2,6 0,7 1,8 Consumo Aparente (US$ Bilhões) 4,3 6,9 3,1 22,5 8,4 2,4 1,4 0,8 Consumo Aparente (Mil ton) Parcela das Importações Consumo Aparente (ton) - % Parcela das Importações Consumo Aparente (US$) - % Fonte: Iemi. Elaboração BNDES DSXG Gorini (2000) Obs.: Fiação inclui fios, filamentos e linhas, consumo aparente = produção + importações + A exportação de 41 mil t de confeccionados corresponde a cerca de 990 mil peças a Os investimentos em modernização e expansão da estrutura produtiva têxtil-vestuário foram significativos a partir de 1994. A conjugação da política de apreciação cambial, redução da alíquota de importações para máquinas e equipamentos e linhas de financiamento de longo prazo para o setor estimulou o processo de reestruturação produtiva. Estimativas apontam investimentos na cadeia produtiva têxtil-vestuário da ordem de US$ 6 bilhões, sendo que o BNDES se responsabilizou pelo financiamento de cerca de US$ 2 bilhões, com maior concentração dos recursos para a região Sudeste, conforme tabela 06. Estudo aponta que 62% dos investimentos foram para máquinas e equipamentos, tendo os equipamentos importados representado parcela de 36% do total (Gorini e Martins, 1998). Neste processo, o quadro de defasagem tecnológica do setor alterou. No setor de fiação, máquinas de fusos que tinham idade média de 15,4 anos em 1990, passaram para 9,3 anos em 1999; no setor de tecelagem, máquinas de tear de pinça de 9,7 anos para 6,1 anos e máquinas de tear a jato de ar de 3,9 anos para 1,0 ano; no setor de malharia, as máquinas de circular de 9,8 anos para 7,3 anos; e no setor de confecção, máquinas de costura overloque de 8,3 anos para 2,5 anos, entre as principais (Gorini, 2000). 23 Tabela 06: Evolução dos desembolsos do sistema BNDES ao setor têxtil-vestuário, segundo região - - Brasil - 1990/2000 em US$ milhões Anos Região 2000 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 Total a Norte _ _ 0,13 0,03 _ Nordeste 17,02 6,04 23,34 31,45 58,30 Sudeste 49,38 59,33 48,06 44,17 47,90 _ _ 0,03 0,01 _ _ 0,20 132,0 77,09 98,47 50,02 93,59 33,69 621,10 9 84,23 41,64 182,15 248,00 141,74 22,87 969,47 118,5 33,11 41,66 69,04 29,52 25,39 522,61 8 _ Centro-Oeste 1,74 2,68 2,52 0,33 0,72 4,80 0,15 0,62 0,70 0,36 14,62 120,1 103,4 104,3 109,0 161,4 339,7 151,9 322,9 367,7 264,8 2.128,0 Total 82,31 6 5 4 1 9 0 9 3 7 5 0 Sul 52,02 35,40 30,29 33,03 54,57 Fonte: BNDES DSXG Gorini(2000) a Até junho A produção da indústria têxtil-vestuário brasileira tem como principal objetivo atender o mercado interno, sendo o mercado externo utilizado para compensar momento de retração na economia interna. Como nos anos 80 e 90 ocorreram momentos de retração da demanda interna, grandes empresas direcionaram parte de sua produção para o mercado internacional. Esta estratégia foi apoiada por fontes de financiamentos nacional e internacional e pelas condições favoráveis de acumulação através das políticas de incentivos e benefícios fiscais à exportação, que possibilitaram modernizar a estrutura produtiva com a aquisição de novas tecnologias que adequaram os produtos têxteis exportados aos requerimentos de qualidade do mercado internacional (Atem, 1989 apud Castro Garcia, 1996). Este procedimento da indústria têxtil-vestuário nacional contribuiu para o país manter posição superavitária até 1994 na balança comercial, mas a partir de 1995 o quadro reverte-se conduzindo a déficit permanente até o final da década, conforme a figura 2. As exportações apresentaram queda acumulada da ordem de US$ 1 bilhão, enquanto as importações contribuíram para o saldo comercial alcançasse déficit da ordem de US$ 2,4 bilhão na década. Os principais produtos exportados foram tecidos, malhas e confecções de algodão perfazendo um total de 60% do total e os importados foram fibras têxteis e filamentos com um total de 55% em 1999. Dentre os fatores que levaram à ocorrência de crescentes déficits na balança comercial, destacam-se: a) importação de algodão em condições favoráveis de pagamento; b) câmbio apreciado por longo período; c) crescimento da importação de fios sintéticos, tecidos planos e malhas beneficiadas motivado pela redução dos impostos de importação; d) crescimento do comércio intrablocos econômicos (Nafta, União Européia); e crescimento da participação de países concorrentes diretos no mercado externo (Turquia) em determinados produtos têxteis (cama, mesa e banho). A desvalorização cambial em janeiro de 1999 deverá provocar modificações no comportamento futuro da balança comercial, a manter os resultados dos cinco primeiros meses de 2000, quando as exportações registraram crescimento de 29% e as importações queda de 25%, em relação ao mesmo período de 1999 (Gorini, 2000). 24 Figura 2: Comércio exterior de produtos têxteis - Brasil - 1991/1999 3.000.000,0 2.500.000,0 2.000.000,0 1.500.000,0 1.000.000,0 500.000,0 206.948,8 80.551,8 (500.000,0) Importações Exportações Saldo 954.953,2 609.624,3 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999(433.132,6) (809.911,4) (843.603,6) (1.018.689,1) (1.151.359,1) (1.000.000,0) (1.500.000,0) $QRV Fonte: Gorini,2000 A distribuição das exportações e importações brasileiras têxteis-vestuários por bloco econômico apresentou o crescimento das relações com o Mercosul nos anos 90 (ver tabela 07). Do volume de recursos movimentados com o comércio externo em 1999, 39% das exportações e 28% das importações foram decorrentes de relações mercantis com os países que compõem este bloco regional. No âmbito das exportações, a Argentina constituiu o principal parceiro comercial individual e no tocante às importações, todos os países deste bloco têm aumentado suas vendas para o Brasil (Gorini e Siqueira, 1998). A magnitude destes percentuais em relação aos dos demais blocos, indica que as empresas brasileiras estão adotando estratégias ofensivas visando aumentar suas relações comerciais com a Argentina, Uruguai e Paraguai, como forma de aproveitar das condições institucionais estabelecidas nos acordos em favor do comércio regional e como resposta às dificuldades de penetrarem em outros mercados em face do crescimento do comércio intra-blocos regionais (Nafta e União Européia). Tabela 07: Destino das exportações e importações têxteis-vestuários brasileiras por bloco econômico - 1996 e 1999 Exportações Importações País 1996 1999 1996 1999 EUA 18 22 13 12 União Européia 16 14 13 15 Ásia 6 6 16 28 Mercosul 31 39 30 28 Outros 29 19 28 17 Total 100 100 100 100 Fonte: Gorini(2000) e Gorini e Siqueira(1998) 25 Nestes termos, a indústria têxtil-vestuário brasileira, nos anos 90, passou por transformações estruturais que refletiram na sua performance. A indústria reduziu o quadro de defasagem tecnológica através da realização de investimentos em máquinas e equipamentos mais atualizados. Porém, diante do comportamento irregular da demanda doméstica, da orientação da política comercial externa desfavorável e da política cambial apreciativa, a indústria apresentou taxas de crescimento da produção modesta no geral e irregular em seus sub-segmentos. Em sua relação com o mercado externo, enquanto as exportações apresentaram trajetória decrescente, as importações cresceram significativamente, sobretudo a partir do segundo qüinqüênio desta década, conduzindo o país a um saldo negativo na balança comercial têxtil-vestuário. Neste processo, cresceu a importância do fluxo de mercadoria entre o Brasil e os demais participantes do Mercosul, em detrimento de outros blocos regionais. Em síntese, sobre as características da indústria têxtil-vestuário, pode-se concluir: a) O processo produtivo têxtil-vestuário é composto por etapas - fiação, tecelagem, acabamento e confecção - com características específicas que impõem uma dinâmica própria à indústria. Cada etapa apresenta um processo produtivo próprio, envolvendo operações específicas que produzem insumos para a etapa seguinte e assim sucessivamente até o produto final, o qual é dirigido para diferentes consumidores pessoal, doméstico, industriais e usos especiais; b) O padrão de concorrência da indústria têxtil-vestuário está passando por modificações, resultado de transformações que estão se processando tanto no âmbito da produção como em mudanças que estão ocorrendo no mercado. As transformações estruturais têm promovido mudanças no preço, na qualidade, na diferenciação e na especialização dos produtos têxteis-vestuário. Porém, as recentes mudanças organizacionais estão indicando um novo patamar concorrencial em que estão presentes arranjos que envolvem empresas, países e blocos regionais. A recente formação de redes de cooperação, constituição de agentes organizadores da cadeia de produção e a adoção de estratégia ofensiva pelos varejistas e lojas de departamento em escala mundial, são exemplos do novo padrão de competição que está se estabelecendo no setor têxtil-vestuário; c) O comércio de produtos têxteis-vestuários cresceu significativamente nos últimos 20 anos, porém manteve-se sem grandes alterações nos líderes de maiores exportadores, destacando-se o crescimento da participação dos países produtores do Sudoeste Asiático. Já no âmbito das importações, os dois principais mercados consumidores continuaram sendo a União Européia e os Estados Unidos; d) Os resultados para a indústria têxtil-vestuário do Brasil na década de 90 indicaram que este segmento produtivo reduziu a participação no valor agregado e a taxa de crescimento mostrou-se modesta no geral e distinta entre os segmentos da cadeia produtiva. A indústria empreendeu forte processo de reestruturação produtiva, em parte financiada pelo BNDES. Alguns resultados apontaram para a redução de unidades fabris, diminuição do emprego, forte elevação das importações globais, e elevação dasexportações para o Mercosul. 3HUILOGR$UUDQMR3URGXWLYR7r[WLO9HVWXiULRGR9DOHGR,WDMDt6& 26 A evolução histórica do setor têxtil-vestuário viabilizou em grande parte o desenvolvimento da região do Vale do Itajaí em Santa Catarina, criando uma série de especificidades que hoje se configuram como vantagens competitivas locais. Com o desenvolvimento da cadeia têxtilvestuário foram criadas no local um conjunto de instituições, associações, sindicatos etc. que favoreceram, e que vem colaborando internamente na geração de competitividade, através de interação entre estes diversos agentes. O desenvolvimento da infra-estrutura local também foi fundamental para o suprir as necessidades do setor, destacando-se aspectos como educação, desenvolvimento tecnológico e infra-estrutura física. O objetivo deste capítulo é identificar esse conjunto de agentes e suas interações. Para tanto serão abordados os principais aspectos da evolução histórica do arranjo. Em seguida, caracterizar-se-á os principais agentes do setor (aqui consideradas as empresas produtoras e seus fornecedores) e as principais instituições de coordenação. Também será descrita a infra-estrutura da região com relação a aspectos como educação, tecnologia e infra-estrutura física. Finalmente, serão tratadas algumas das formas de interação existentes entre os diversos agentes do arranjo. 2ULJHPHGHVHQYROYLPHQWR As primeiras unidades fabris têxteis em Santa Catarina localizaram-se no Vale do Itajaí, em fins do século XIX, criadas por iniciativas de artesões e operários de origem européia que emigraram, em grande quantidade da Alemanha, em conseqüência das crises econômicas e transformações políticas institucionais. Estes imigrantes eram de origem urbana e com formação operária, comercial, industrial e intelectual, o que contribuiu para a criação das empresas nesta região (Mamigonian, 1965 :396). Em seus primórdios, a indústria têxtil-vestuário desenvolveu, amparada em uma significativa divisão social do trabalho regional, onde a existência de pequenos produtores agrícolas independentes e outros incipientes segmentos industriais compravam e vendiam produtos, insumos e instrumentos de trabalho associados à produção. As empresas nasceram pequenas e tiveram que superar dificuldades colocadas pelo contexto em que se situavam, como: dependência de matérias-primas, falta de recursos financeiros para maiores investimentos, insuficiência de energia, dificuldades de comercializar com outros mercados. Porém, foram expandindo suas atividades adquirindo algodão do Nordeste do país ou importando de outros países através de vinculações diretas com casas de importação e exportação, reduzindo a dependência de capital, ora exercendo a figura de banqueiro ou participando da criação de banco local (Banco Regional de Blumenau 1907), participando de projetos voltados a promover a disponibilidade de energia elétrica em substituição à energia hidráulica (Blumenau 1909 e Brusque 1913) e mantendo relações com os empresários do setor de comércio varejista e atacadista e com empresários da navegação de cabotagem, através dos portos de Itajaí e São Francisco (Cunha, 1992:21-29 e Ceag, 1980 :157-168) No curso de seu desenvolvimento, as empresas não perderam sua relação com o exterior. Sempre mantiveram contato com a Alemanha, através de visitas periódicas de seus proprietários para atualização tecnológica e para aquisição de máquina e equipamentos modernos. Assim como, procuravam enviar descendentes - filhos e parentes - para o exterior com o objetivo de fazerem cursos de aprendizagem e aperfeiçoamento para aplicação posterior na indústria têxtil-vestuário da região. Durante a política de valorização do café, que ocorreu até fins dos anos 20, a indústria têxtilvestuário do Vale do Itajaí se beneficiou dos efeitos de garantia da renda para o complexo cafeeiro, exportando seus produtos para os estados produtores - São Paulo e Rio de Janeiro. Da 27 mesma forma, desenvolveu-se nos limites impostos pelo processo de substituição de importações a partir dos anos 30, beneficiando-se dos momentos de política cambial favorável para adquirir matérias-primas, teares e outros equipamentos no exterior, e nos períodos de restrição cambial aproveitou-se da capacidade produtiva existente para atender o mercado interno, dadas as barreiras à importação de produtos têxteis concorrentes e equipamentos para esta indústria (Bossle, 1988:71-136). Durante os anos 50 e 60, as empresas têxteis-vestuários não foram afetadas negativamente com o direcionamento da política econômica nacional, que privilegiou um modelo de desenvolvimento voltado ao fortalecimento das indústrias de bens duráveis no país. Neste período, a indústria têxtil-vestuário da região do Vale do Itajaí já havia atingido um nível de especialização em produtos de qualidade e com versatilidade produtiva que possibilitava atender diferentes faixas do mercado consumidor nacional (Castro, 1977: 139). O contínuo crescimento da indústria foi possibilitando maior inserção no desenvolvimento nacional que, para atender sua demanda, levando, nos anos 70, a adotarem estratégia de instalação de unidades fabris próximas dos principais mercados consumidores – São Paulo -, e em locais que ofereciam vantagens e benefícios fiscais – Rio Grande do Norte e Pernambuco. Dentre as empresas que adotaram estes procedimentos destacam-se a Hering ( 1976), SulFabril (1979) Teka (1980) e Artex (1980). Para fazer frente a estes projetos de investimentos, várias empresas incentivadas pela reforma no mercado de capital abriram seu capital no intuito de captar recursos de longo prazo no mercado acionário, principalmente a Hering e a Teka, bem como foram incentivadas a demandarem recursos externos para suas inversões. Por seu turno, um conjunto de medidas adotadas nos anos 70 e com vigência em parte até os anos 80 contribuiu para o desenvolvimento industrial têxtil-vestuário na região do Vale do Itajaí, em especial as grandes empresas que obtiveram recursos e condições de elevar a escala de produção e destinar parte significativa da produção para o mercado externo. Dentre estes programas, destacaram-se a criação de programas de investimentos de âmbito regional e nacional, com fortes subsídios à formação de capital - Finame, Procape, Fundesc - e as políticas de promoção à exportação através de incentivos ficais e financeiros - crédito de IPI, financiamento de bancos oficiais para exportação. No curso destes acontecimentos, foi-se multiplicando o surgimento de empresas têxteis nas localidades de Blumenau, Brusque, Gaspar, Indaial, Timbó e Jaraguá do Sul, cuja trajetória de crescimento conduziu a constituição do maior aglomerado industrial têxtil-vestuário do sul do país e o terceiro maior produtor nacional. Assim, das principais empresas pioneiras do século XIX, Hering (1880), Karsten (1882) e Renaux (1892), surgiram nos anos 1900 empresas de destaque como a Cremer (1935), Teka (1936), Artex (1936), Sulfabril (1947), Dudalina (1957), Marisol (1964) e Malwee (1968). Sendo que, atrelado a este movimento, na região do Vale do Itajaí criaram-se inúmeras pequenas e médias empresas que se beneficiavam das sinergias existentes colocadas em termos de um contingente de trabalhadores com conhecimentos têxteis, baixo volume de capital requerido à entrada na indústria para pequenos empreendimentos, tecnologia conhecida e difundida etc. 2VSULQFLSDLVDJHQWHVGRVHJPHQWRSURGXWLYR O arranjo local caracteriza-se por empresas produtivas, quase que exclusivamente do ramo têxtilvestuário, com fornecimento externo da principal matéria prima - o algodão, da maior parte dos equipamentos, das fibras e tecidos sintéticos e da maior parte dos insumos químicos. O arranjo, portanto, é formado pelo conjunto dos segmentos mais específicos da cadeia têxtil-vestuário, à base de algodão, ou seja, fiação, tecelagem, tinturaria, acabamento e confecção. Os principais 28 produtos são artigos de vestuário (camisetas de malha, agasalhos de moleton, pijamas, camisas pólo, bermudas, blusas, linha íntima masculina e feminina etc.), tecidos planos e de malha, artigos felpudos (toalhas e roupões), artigos de cama e mesa (lençóis, travesseiros, colchas, edredões, toalhas de mesas, cortinados etc.), fios (linhas de algodão para crochê e bordado, cadarços etc.) produtos têxteis hospitalares (compressas e ataduras de gaze, fraldas de tecido, esparadrapo etc.), fitas elásticas e etiquetas tecidas. O arranjo têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, distribui-se entre 32 municípios, sendo que cerca de 80% das empresas localizam-se nos 8 principais municípios mencionados anteriormente. De acordo com o cadastro da Fiesc, o número total estimado de empresas é de 374, das quais 130 pertencentes ao ramo têxtil e 244 ao ramo de vestuário, havendo muitas empresas de médio e grande portes com atividades nos dois ramos. Desse conjunto total, 69 empresas possuem 100 ou mais empregados, com as restantes 305 empresas empregando menos de 100 pessoas (ver tabela 08); mais da metade das empresas (cerca de 217 empresas) possui menos 20 empregados, enquanto que existem 11 empresas com mais de 1000 empregados, na maioria com mais de uma planta produtiva. A quase totalidade das empresas é de capital local e de gestão familiar. Apenas recentemente, com a crise financeira ocorrida nos anos 90, algumas poucas empresas passaram a ser controladas por proprietários externos ao arranjo. Tabela 08: Empresas segundo segmento, número de empregados e município Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina 2000 Indústria Têxtil Indústria de Vestuário Municípios Até 100 100 a 1000 + de 1000 Até 100 100 a 1000 + de 1000 Brusque 39 7 1 47 46 3 0 49 Total de Empresa s 93 Blumenau Jaraguá do Sul Gaspar 21 8 3 32 35 9 2 46 78 14 5 0 19 28 6 2 36 55 2 0 1 3 21 2 0 23 26 Rio do Sul 3 1 0 4 20 1 0 21 25 Timbó 0 1 0 1 13 1 0 14 15 Indaial 3 0 0 3 7 1 0 8 11 Pomerode 4 0 1 5 2 3 0 5 10 Outros 12 3 1 16 35 7 0 42 58 Total 98 25 7 130 207 33 4 244 374 empregados empregados empregados Total empregados empregados empregados Total Fonte: Fiesc - Banco de dados Telefiesc, primeiro semestre de 1999 A divisibilidade das atividades na cadeia têxtil-vestuário (fiação, tecelagem, acabamento e confecção) possibilita uma estrutura produtiva fragmentada e uma estrutura industrial com grande diversidade de tamanho das unidades produtivas e diferentes graus de integração vertical das empresas. As diferentes possibilidades de uso dos produtos, que são de consumo final, e a característica dos processos competitivos que estimulam a diferenciação, acentuam a diversidade de produtos nesta indústria. Estas características do processo produtivo e as especificidades históricas na formação da indústria nesta região, que determinaram um elevado grau de integração vertical das empresas, caracterizam um aglomerado de empresas com pouca complementaridade local. Na última década, a desverticalização ocorreu de forma incipiente, não estimulando a divisão do trabalho no interior do aglomerado de empresas, fazendo com que as 29 relações de trocas passassem a se estabelecer com fornecedores e consumidores nacionais ou internacionais externos ao aglomerado inicial de empresas. O grau de integração vertical das etapas básicas da cadeia produtiva (fiação, tecelagem, acabamento e confecção) observado na pesquisa de campo é variável de acordo com o produto dominante (ver tabela 09). Mais da metade das empresas produz artigos de vestuário, seja realizando somente confecção (principalmente as pequenas empresas), seja integrando tecelagem e confecção (em geral, malharias de porte variado). Em seguida, há empresas de médio e grande portes que integram toda a cadeia produtiva, ou seja, fiação, tecelagem, acabamento e confecção. São, em geral, empresas que produzem artigos de cama/mesa/banho e artigos hospitalares, onde a etapa de confecção (toalhas, lençóis, fraldas) é mais simplificada do que a confecção de vestuário. Frações menores de empresas da amostra realizam apenas a tecelagem (caso de etiquetas e fitas elásticas) ou apenas a fiação (linhas de bordado, crochê). Finalmente, há um conjunto de empresas que realizam a tradicional integração entre fiação e tecelagem para a produção de tecidos planos. Tabela 09: Grau de integração das empresas Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Número de Empresas Grau de Integração do Produto dominante processo produtivo Total Grandes Médias Pequenas Fiação - acabamento Fiação - tecelagem acabamento Fiação - tecelagem acabamento confecção Tecelagem acabamento Tecelagem acabamento confecção Somente confecção Total 1 0 1 2 Linhas 2 0 3 5 Tecidos planos 2 2 6 10 Cama, mesa, banho, hospitalar 1 2 0 3 Etiquetas e fitas elásticas tecidas 3 2 4 9 Vestuário (malha) 5 1 0 6 Vestuário 14 7 14 35 Fonte: pesquisa de campo Amostra de 36 empresas De forma geral, há uma tendência à desverticalização, que já está em marcha e que depende do tipo de produto da empresa. As empresas que integram as diferentes etapas do processo produtivo, o fazem normalmente de forma parcial. Normalmente, as etapas de tinturaria e acabamento são realizadas pela empresa que realizou a tecelagem, mas há também casos de especialização nestas duas etapas. Por outro lado, há baixo grau de complementaridade local entre empresas especializadas em etapas centrais da cadeia produtiva, sendo muito freqüente a compra de fios e tecidos de fornecedores nacionais externos ao arranjo, particularmente por parte das empresas de maior porte. Entretanto, mais de 60% das pequenas confecções adquirem tecidos no próprio arranjo local. Então, observa-se que parte do movimento de desverticalização deu-se para fora do arranjo, com algumas notáveis exceções: a produção de etiquetas e de fitas elásticas por parte de empresas especializadas, que vendem para empresas locais e também para 30 empresas externas; a terceirização da costura para pequenas facções locais; e o fornecimento de aviamentos e embalagens e, em menor grau, o fornecimento de produtos químicos No que se refere aos fornecedores de máquinas e equipamentos, não há produtores importantes localizados no arranjo. Na pesquisa de campo, observou-se que apenas 11 das 36 empresas compraram no local equipamentos auxiliares para acabamento, tinturaria, estamparia e corte. A grande maioria dos equipamentos básicos como teares, equipamento para bordado, máquinas de costura, ramas, etc., são de origem nacional e principalmente externa. Quanto ao fornecimento de insumos químicos, das 10 empresas que declararam comprar insumos químicos produzidos no local do arranjo, apenas três adquiriam mais de 80% desses insumos no arranjo, todas as demais adquiriam menos de 30% no local. Esse dado sinaliza a pouca importância dos produtores locais de insumos químicos para a indústria (ver tabela 10). Tabela 10: Origem dos principais insumos Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Tamanho da empresa e Insumos (%) localização do Fios de Tecidos de Aviamentos e Insumos Algodão fornecedor algodão algodão embalagens químicos Empresas pequenas 100 100 100 Total Fornecedor local 12 62 80 Fornecedor nacional 38 3 20 85 Fornecedor externo Empresas médias Total Fornecedor local 100 100 100 100 100 - - 10 100 47 Fornecedor nacional 100 95 90 - 53 Fornecedor externo Empresas grandes Total Fornecedor local - 5 - - - 100 100 100 100 100 - - - 73 35 Fornecedor nacional 43 95 100 27 57 Fornecedor externo 57 5 - - 8 Fonte: Pesquisa de campo Amostra de 36 empresas Com base no número especial da revista Textília (1998) que publicou o Guia QPQ99 (Quem Produz o Que na Indústria Têxtil), pode-se obter a localização dos principais produtores de insumos para as diversas fases da cadeia têxtil-vestuário. A síntese apresentada no quadro 03 mostra na coluna local o número de produtores localizados nos municípios que formam o arranjo produtivo em estudo e na coluna nacional o número de produtores localizados em outras regiões do território nacional. Considerou-se os fornecedores de matérias-primas/ fiação, os fornecedores de serviços, como o acabamento e beneficiamento, os fornecedores de máquinas equipamentos e acessórios, fornecedores de produtos químicos e de outros serviços como consultoria de diversos tipos. Observa-se que entre as categorias de fornecedores desta amostra o maior número de fornecedores localizados no arranjo são os prestadores de serviços de beneficiamento e acabamento (tratados nesta pesquisa como integrantes da cadeia têxtil-vestuário e não como fornecedores). Os fornecedores de fios e de produtos químicos estão basicamente localizados 31 fora do arranjo. O fornecimento de acessórios, máquinas e equipamentos, produtos químicos e serviços, como será tratado em seguida, basicamente é de caráter complementar. Quanto aos equipamentos e máquinas estrangeiras, o processo de importação se dá em grande parte por intermédio dos diversos representantes instalados na região. As máquinas e equipamentos importados, por possuírem tradição e um elevado nível de tecnologia incorporado, são os mais requisitados pelas empresas de médio e grande porte. Esta segmentação se deve, é claro, devido também aos altos custos para a compra do equipamento e dado pela maior escala que estas empresas possuem. Há várias formas de financiamento dos equipamentos importados, sendo muito utilizadas as cartas de crédito que são oferecidas pelas próprias empresas estrangeiras, pois é um recurso de compra atraente devido às menores taxas de juros aplicadas. A assistência técnica dos equipamentos estrangeiros é oferecida com técnicos treinados localmente (normalmente são pessoas com passagem pela indústria têxtil-vestuário) ou treinados na matriz no exterior. As peças são encontradas localmente, a não ser algumas mais críticas, as quais os representantes possuem, ou em estoque, ou providenciam via sistema ágil de entrega junto à empresa matriz estrangeira. Um fato importante captado na pesquisa com empresas fornecedoras é que o VRIWZDUH incorporado aos equipamentos pode ser atualizado da própria matriz no exterior diretamente ao usuário via rede informatizada, o que permite uma eficiente manutenção em situações de pane nos equipamentos. Alguns representantes também fornecem aos seus clientes, além do treinamento para utilização dos equipamentos (com manuais em português) o treinamento também para a manutenção básica dos equipamentos e soluções de problemas menores. Parece-nos que este sistema de assistência técnica funciona bem, pois observou-se na pesquisa de campo que grande parte das empresas optam pela importação de máquinas e equipamentos, mesmo com a existência de similares nacionais. Ou seja, mesmo que o fornecedor local ou nacional tenha a vantagem da proximidade com o cliente, os fornecedores externos, através de seus representantes, conseguem, de maneira eficiente, superar o problema da distância com uma assistência via representantes locais. 32 Quadro 03: Distribuição de fornecedores conforme etapas do processo produtivo do setor têxtil-vestuário e sua localização - Brasil, 2000. Fases do processo produtivo Localização Local $ 0DWpULDSULPDHILDomR Naciona l Fibras não contínuas 1.1 Fibra natural 1 1.1.1 Animal 1.1.2 Vegetal 1.2 Fibra química 1.2.1 Artificial 1.2.2 Sintético Fiação 2.1 Fio fiado de fibra pura 2.1.1 Natural 2.1.2 Artificial 2.1.3 Sintético 2.2 Fio fiado com mistura de 2 fibra 2.3 Fio químico de filam.contínuo 2.3.1 Artificial 2.3.2 Sintético Multifilamento 2.3.3 Sintético Monofilamento 2.4 Linha de Costura %HQHILFLDPHQWRH % DFDEDPHQWR Uso Próprio 1 Terceiros Fio Tecido 2 Malha Confecção Preparação Tinturaria 3 Estamparia Tratamentos Especiais 4 Laboratório & 6HUYLoRV Consultoria 1 Laboratório Informática/Automação Fonte: Textília, dez/98 1 1 10 2 21 7 45 3 9 38 3 27 2 1 17 Fases do processo produtivo 0iTXLQDHTXLSDPHQWRVH DFHVVyULRVGHSURGXomR Extrusão de fibra artif.e 1 sintét. Preparação de fiação e 2 fiação 3 Texturização e retorção 4 Preparação da tecelagem 5 Tecelagem plana 6 Tecelagem de malharia 7 Não tecido 8 Tecelagem de fita 9 Linha de costura Beneficiamento/Acabament o 10.1 Preparação 10 10.2 Tinturaria Local ' Naciona l 5 16 1 1 1 1 2 8 10 5 12 7 1 1 1 9 12 10.3 Estamparia 1 10 10.4 Tratamentos especiais 1 9 1 24 11 Equip.auxiliares/ Outros ( 3URGXWRV4XtPLFRV 6 Fio 1 33 14 Tecido 1 35 Malha 1 34 Confecção Fibra Química Fio Fiado Preparação Tinturaria Corante Pigmento Estamparia Resina Amaciante Enzima Químico Básico 1 1 1 1 1 1 1 1 30 33 32 33 32 6 3 28 20 28 18 9 1 5 3 3 3 4 3 5 5 4 6 4 31 47 25 28 31 10 55 52 31 50 49 3 16 3 2 3 Localização 2 1 1 1 33 Os fornecedores locais de máquinas e equipamentos se concentram na produção principalmente de acessórios e produtos que não possuem grandes complexidades tecnológicas incorporadas. Mas, deve-se destacar que estes acessórios, máquinas e equipamentos produzidos localmente são importantes no sentido de que complementam ou possibilitam a adequação da produção às especificações de cada cliente (sendo que alguns destes clientes são grandes empresas têxteis), além da proximidade, o que no caso destes produtos fornecidos é uma vantagem. Alguns exemplos da produção local são as máquinas de serigrafia, aparelhos para máquinas de costura, tesouras pneumáticas, equipamentos para tingimento que, embora sejam de maior porte, são produtos com tecnologia bastante difundida e sem muita complexidade técnica para sua produção (ver quadro 03). Estes produtores, na maioria pequenas empresas, captam sua mão-deobra no próprio setor têxtil-vestuário, onde nos últimos anos o desemprego ou a mobilidade da mão-de-obra foi bastante significativa2. Dentro desta massa de trabalhadores estão pessoas com muitos anos de experiência em grandes empresas, como a Hering, Sulfabril, Teka, entre outras, o que favorece a confiabilidade das empresas usuárias nos produtos oferecidos localmente. Algumas destas empresas fornecedoras não possuem treinamento formal, normalmente não é feita a documentação dos processos, não há laboratórios para o desenvolvimento de novos produtos, dado que trabalham quase que exclusivamente sob encomenda. O aprendizado se dá, então, em grande parte, no processo de produção, nas trocas de informações com seus clientes e com seus fornecedores complementares3. As máquinas e equipamentos utilizados por estas empresas são em grande parte usados nacionais ou importados. Pode-se concluir que os atores do segmento produtivo relevantes para o arranjo são apenas as empresas que pertencem às diversas fases da cadeia produtiva, com diferentes graus de integração. Deve-se observar também que entre os agentes produtivos, diversas empresas do segmento podem ser consideradas como fornecedoras para o arranjo, ao mesmo tempo em que produzem bens para consumo final no âmbito da cadeia produtiva. Tratam-se das tecelagens que também produzem tecidos com fios de terceiros para outros agentes do arranjo, das tinturarias, e das produtoras de etiquetas, elásticos, e linhas. Estes agentes serão tratados neste estudo como empresas do segmento da cadeia e não como fornecedores. Suas relações dentro do arranjo serão estudadas sob o enfoque das estratégias de integração ou de terceirização. Uma fonte importante de criação de complementaridade é a possibilidade de contratação de serviços especializados pelas empresas locais, criando demanda local para a sustentabilidade destes serviços. As observações pela pesquisa de campo indicaram que o elevado nível de integração combinada com um grau reduzido de terceirização não estimula a especialização local. Estes movimentos são diferentes segundo o porte das empresas. As grandes empresas, com algumas exceções, terceirizam pouco. Já as pequenas empresas demandam uma quantidade maior de serviços e insumos locais. Demandam serviços de confecção (facção), de tinturaria, e de tecelagens. Uma estratégia de produção, com o objetivo de reduzir custos que é bastante freqüente entre as pequenas empresas, é a compra do fio (principalmente de unidades produtivas localizadas fora do arranjo) o envio do fio para uma tecelagem produzir o tecido (no local do arranjo ou próximo a ele), a remessa do tecido para uma tinturaria realizar o acabamento (no local do arranjo ou próximo a ele), e a confecção da roupa pela pequena empresa , combinada com a contratação de serviços de confecção dentro do arranjo. Como se percebe, há relações que 2 Deve-se destacar que o número de empresas fornecedoras locais não chega a ser expressivo, de modo que ocupa pequena parcela da mão-de-obra dispensada na reestruturação dos últimos anos pelas empresas têxteis ou de vestuário. 3 Este processo de troca de informações com os clientes e fornecedores será melhor discutido mais adiante. 34 podem estimular a complementaridade dentro do arranjo num circuito que não inclui as grandes empresas. Como a maior parte da produção do arranjo é de bens finais de consumo, os grandes canais de comercialização da produção são as lojas de varejo, em geral de terceiros. Duas formas de transação com o varejo são muito utilizadas: mais de 85% das empresas de todos os tamanhos realiza vendas sob encomenda, intermediadas por vendedores e representantes comerciais; e, igualmente, a maioria das empresas, em especial as de maior porte, realizam vendas diretas a grandes varejistas (ver tabela 11). As lojas próprias são uma forma de comercialização de alguma importância, especialmente para as empresas pequenas (35% delas utilizam esse canal), enquanto que os escritórios de exportação possuem importância apenas para poucas empresas de grande e médio portes. Dessa forma, a construção de rede de lojas de varejo exclusivo, próprias ou franqueadas, é uma iniciativa ainda restrita a pequeno número de empresas, ou a uma fração minoritária da produção das grandes empresas. A maior parte das empresas utiliza-se, na verdade, dos canais de varejo tradicionais.. Tabela 11: Principais canais de comercialização adotados pela empresa Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina 2000 Empresas (%) Forma de Grandes Médias comercializaçã Sem Pouco Importante Muito Sem Pouco Importante Muito o importância importante importante importância importante importante Pequenas Sem importância Pouco importante Importante Muito importante Sob encomenda - 7,7 7,7 84,6 14,3 - - 85,7 - - 7,1 92,9 Lojas Próprias 91,7 - - 8,3 71,4 - - 28,6 50,0 14,3 14,3 21,4 Grandes Varejistas 14,3 - 57,1 28,6 28,5 - 42,9 28,6 30,8 7,7 38,4 23,1 Escritórios de Exportação 50,0 33,3 - 16,7 85,7 - 14,3 - 91,7 - 8,3 - Fonte: pesquisa de campo Amostra de 36 empresas ,QVWLWXLo}HVGHFRRUGHQDomR $FLE6LQWH[H3UHIHLWXUD0XQLFLSDOGH%OXPHQDX A Acib, criada em 1898, paralelamente à formação da indústria têxtil-vestuário no Vale do Itajaí, tem como objetivo estimular e incentivar o desenvolvimento das atividades industrial e comercial em Blumenau, incentivando e coordenando ações de forma isolada e em parceria com outras instituições em projetos econômicos e em demandas políticas de interesse de seus associados. O Sintex, criado em 1952 por empresários têxteis e do vestuário da região do Vale do Itajaí, tem como objetivo a representação das indústrias do setor perante as autoridades e poderes constituídos e exercer atribuições diversas, como celebrar acordos, convenções, contratos coletivos e prestar serviços gerais – cursos, seminários, orientação jurídica, entre outros. Enquanto a Acib conta com 800 associados, sendo que cerca de 20%, (160 empresas) são representantes da indústria têxtil, o Sintex congrega 42 empresas têxteis de forte representatividade econômica no arranjo produtivo têxtil-vestuário. Apesar de instituições distintas, existe uma forte ligação entre as ações da Acib e do Sintex para projetos de desenvolvimento de interesse da indústria têxtil-vestuário. Dentre as principais ações realizadas, destacam-se a participação em: a) criação do Aterro Sanitário Industrial com o objetivo de reduzir o impacto no meio ambiente causado com dejetos industriais, em que teve a participação das principais empresas têxteis-vestuários da região neste projeto; b) intermediação de demanda junto ao poder público estadual para criação do Prodec- 35 têxtil, programa de financiamento para ampliação da estrutura industrial, com recursos para aquisição de novas tecnologias; c) criação do curso superior de moda na Universidade Regional de Blumenau - Furb e do curso técnico em vestuário no Serviço de Aprendizagem Industrial Senai, com o objetivo de formação de mão-de-obra qualificada; d) criação do Centro Internacional de Negócios – CIN voltado a criar núcleo de empresas exportadoras, oferecendo informações e serviços sobre o mercado internacional, sobretudo para PMEs têxteis-vestuários; e) esforços para envolvimento do segmento têxtil-vestuário no Projeto Empreender voltado para o desenvolvimento de atividades cooperativas entre pequenos estabelecimentos produtivos; e f) promoção de eventos na área têxtil-vestuário como feiras, congressos, seminários. Destaca-se a realização de duas feiras anuais pelo Sintex, a Fematex (Feira Internacional de Materiais para Indústria Têxtil e de Confecção) e a Texfair do Brasil (feira têxtil-vestuário internacional dos setores de cama, mesa, banho, decoração, confeções e malharia). Tais instituições têm dedicado atenção para estudos de natureza técnica no arranjo têxtilvestuário. Em 1996, contrataram, com outras associações, o Instituto Alemão de Desenvolvimento -IAD – para realizar estudo da competitividade da indústria catarinense, da qual o arranjo da região foi um dos temas abordado, bem como, em 1999 realizaram seminário de avaliação com grupos de trabalho por segmento industrial, do qual participou o setor em análise. No Sintex há um departamento destinado a acompanhar, junto à ABNT, o andamento de processos que envolvem produtos têxteis, dando sugestões e promovendo debates sobre a normatização de produtos do setor. Dentre as preocupações recentes da Acib e do Sintex, encontra-se o desenvolvimento do projeto de criação de um parque tecnológico. Este projeto está centralizado em duas áreas: uma, para criação de empresas de base tecnológica, e outra, de uma incubadora de projetos novos com foco em alta tecnologia. O projeto está atualmente em compasso de espera, devendo ser retomado no curto prazo. Outro ator que desenvolve ações na coordenação do arranjo produtivo têxtil-vestuário é a Prefeitura Municipal de Blumenau - PMB. Além da provisão de infra-estrutura e serviços, alguns projetos específicos para o setor são desenvolvidos pela PMB, como o projeto de cooperativas de faccionistas, coordenado pela Secretaria do Trabalho, Renda e Desenvolvimento voltado à estimular a criação de cooperativas de trabalhadores no segmento de facção. A PMB promove reuniões em bairros, firma convênios para aquisição de equipamentos e insumos etc. Deve-se mencionar ainda a criação de uma Câmara da Moda no âmbito do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social da Prefeitura Municipal de Blumenau, criada em 1999, coordenada pelo Senai com a participação do Senac, da Furb, do Sebrae, da Acib, do Sintex, do CDL, da Secretaria do Trabalho, Renda e Desenvolvimento da Prefeitura de Blumenau e de representante do Núcleo de Profissionais da Moda. São objetivos da Câmara da Moda, entre outros, criar o Selo de Qualidade Blumenau, criar o Prêmio Blumenau )DVKLRQ, elaborar um projeto de PDUNHWLQJ integrado, e estabelecer um calendário de feiras e eventos. Esta entidade, que resulta de uma articulação de várias organizações locais, parece apresentar potencial para realizar ações estratégicas para o setor, voltadas para o aspecto considerado em muitas avaliações dos órgãos locais como o mais deficiente do arranjo, qual seja, a possibilidade de transformar o principal município do arranjo num pólo criador e lançador de moda. As relações inter-institucionais são bastante intensas dentro e fora do arranjo. No caso do Sintex, é marcante a participação de seus representantes em outras entidades como os Conselhos Municipais da Prefeitura Municipal de Blumenau, da Câmara da Moda, do Fórum de Desenvolvimento Regional do Médio Vale do Itajaí, diversas câmaras da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - Fiesc, da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, da Associação Brasileira do Vestuário - ABV e da Associação Brasileira da Indústria Têxtil - Abit. Neste último caso, é expressiva a participação de empresários locais na direção das comissões setoriais da Abit, como as de comércio exterior, confecções e cama, mesa e banho. 36 2XWUDV LQVWLWXLo}HV GR DUUDQMR VLQGLFDWRV SDWURQDLV VLQGLFDWRV GH WUDEDOKDGRUHV H VHUYLoRVGHDSRLR Há no arranjo, além do Sintex, outros 4 sindicatos patronais com influência local e com um número bastante expressivo de empresas associadas, são eles: o Sindicato da Indústria da Fiação e Tecelagem de Brusque e Itajaí, o Sindicato da Indústria do Vestuário de Brusque, o Sindicato da Indústria do Vestuário de Jaraguá do Sul e o Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem, Confecções e do Vestuário do Alto Vale do Itajaí. Existem no arranjo têxtil-vestuário sindicatos de trabalhadores divididos por tipo de segmento produtivo nos principais municípios em estudo. Os sindicatos de trabalhadores da indústria de fiação e tecelagem são separados dos da indústria do vestuário. Nos anos 90, estes sindicatos tiveram que acompanhar o conjunto de mudanças econômicas e se adequarem aos novos condicionantes do ambiente econômico existentes na indústria têxtil-vestuário, em particular, e na economia do país, em geral. Como os processos de abertura econômica e de reestruturação produtiva levaram empresas a se posicionar de forma diferente com as relações de trabalho em oposição a procedimentos anteriores, os sindicatos tiveram que se adequar a novas regras. Ganhos obtidos no passado foram revistos e novas posturas foram requeridas. Até início dos anos 90, conseguiram através de negociações elevar o piso médio salarial dos trabalhadores - em torno de 3 salários mínimos -, porém com o processo de demissões, flexibilização das relações de trabalho, surgimento de novas formas de produção, redução do número de filiados etc., a partir desta data, tiveram que negociar mudanças tais como o fim do piso salarial, que hoje encontra-se em torno de 1 e ½ salário mínimo, redução de benefícios adquiridos, flexibilidade na jornada de trabalho em vez de redução etc. Entre os sindicatos existem programas de capacitação e treinamento de trabalhadores com recursos do Fat – Fundo do Amparo ao Trabalhador e em parceria com a Fetiesc – Federação dos Trabalhadores da Indústria de Santa Catarina. Participam de ações cooperativas com Sebrae, Sine - Sistema Nacional de Emprego - e Banco do Brasil S.A. para viabilizar financiamento de equipamentos de baixo valor. Fazem parte do Conselho Municipal de Emprego do qual participam várias instituições em discussões sobre alternativas para se gerar emprego e renda. Empreendem-se em atividades assistenciais – serviços médicos, odontológicos e jurídicos, tendo em vista a redução ou a inexistência de benefícios sociais das empresas. Procuram se envolver em projetos de conscientização política com palestras, seminários, mini-cursos. Têm-se envolvido, sobretudo, os Sindicatos do Vestuários de Blumenau e Brusque em discussões sobre as condições de trabalho das facções onde o grau de informalidade é acentuado. Da mesma forma, se envolvem em solução para empresas do setor não fecharem suas atividades e resultarem em desemprego na região, como o Sindicato da Fiação e Tecelagem de Blumenau. Em geral, os sindicatos não participam de estudos de natureza técnica sobre as condições de desenvolvimento regional, com exceção do Sindicato de Fiação e Tecelagem que, em 1997, participou de estudo sobre desemprego e alternativas de trabalho, com a Furb, visando identificar as alternativas encontradas pelos desempregados têxteis-vestuários. Entendem que estudos desta natureza são importantes, porém em face de limitações de recursos e gastos com outras atividades, preferem dedicar esforços para aumentar a capacidade competitiva do arranjo local através de envolvimentos em cursos de capacitação e treinamentos de trabalhadores de forma isolada ou com outras entidades e participarem em conselhos que discutem emprego e renda para o setor têxtil-vestuário. Pretendem dar continuidade a estas ações e sugerem como política, maior apoio institucional em projetos desta natureza. 37 O Centro Internacional de Negócios - CIN foi criado pela Fiesc, com participação de outros atores do arranjo, em 1998, com o objetivo de oferecer serviços na área internacional para empresas que desejam exportar e importar, participar em missões e feiras internacionais, obter informações de cursos no exterior, ter informações tecnológicas, promover condições de investimentos e transferência tecnológica. Estes serviços dirigem-se preferencialmente para pequenas e médias empresas, tendo em vista as grandes empresas terem departamentos internos ligados à área internacional. Dentre os principais demandantes dos serviços oferecidos, está a indústria têxti-vestuário que tem recorrido ao CIN para obter informações sobre imposto de importação, oportunidades de negócios, cadastro de empresas no exterior, formação de núcleo de exportadores etc. No presente, uma ação envolvendo o CIN e a Acib, criou um Núcleo Têxtil congregando 15 pequenas empresas que estão obtendo informações na área internacional e fazendo rodadas de negociações com empresários argentinos visando exportar seus produtos para aquele mercado. Esta experiência está se repetindo em outras localidades, envolvendo empresários do arranjo produtivo têxtil-vestuário, como por exemplo, o consórcio de empresas para exportação criado no município de Brusque. ,QIUDHVWUXWXUDHGXFDFLRQDO O Senai possui centros educacionais nas localidades de Blumenau, Brusque, Jaraguá do Sul, Rio do Sul e Timbó, onde realizam-se cursos de curta duração (costura, risco e corte, modelagem, manutenção de máquinas de costura, CAD para confecção etc.) e de longa duração (técnico têxtil e técnico em vestuário). Os cursos de curta duração são de treinamento e aperfeiçoamento com carga horária variando entre 45 a 160 hs. e ocorrem tanto nas instalações do Senai, como nas dependências das empresas têxteis. O curso técnico têxtil é realizado em Blumenau e Brusque e o de vestuário em Blumenau, Jaraguá do Sul e Rio do Sul. Ambos os cursos técnicos têm a duração de 4 semestres, sendo 1 semestre de estágio supervisionado e possuem carga horária entre 1.800 e 2.400 horas, sendo que o curso técnico de modas recebe suporte operativo do Instituto Europeu de 'HVLJQ da Itália. Informações obtidas junto à direção dos cursos técnicos, mostram a evolução do número de matrículas: 2o. semestre de 1999 registro de 185 alunos e 1o semestre de 2000 registro de 324, acréscimo de 75,1%. Os alunos formados nestes cursos técnicos são, em média, 90% absorvidos pelas empresas têxteis da região do Vale do Itajaí, e o restante são autônomos ou atuam em outras região de SC. A Furb, através do Centro de Ciências Humanas e da Comunicação, oferece o curso de bacharelado em moda, com habilitação em estilo industrial. Este curso realiza-se em convênio com o Senai e encontra-se em andamento, com sua terceira turma. São oferecidas 40 vagas, até então semestral, porém a partir deste ano o ingresso será anual. Conta este curso com uma carga horária de 2,895 horas aula, divididas em formação geral básica e específica, devendo a primeira turma formar-se em julho de 2001. Atualmente, existem cerca de 97 alunos matriculados e grande parte possui vinculação profissional com o setor têxtil-vestuário, porém tem-se verificado crescimento de alunos proveniente de outras áreas de atuação profissional. A Furb possui, também, os cursos de graduação em química com área profissionalizante em química têxtil e engenharia química. O primeiro, criado em 1996, a partir do curso tradicional de química, oferece 25 vagas semestrais e conta atualmente com 70 alunos matriculados. Os alunos são, em sua maioria, egressos de cursos técnicos e vinculados à indústria têxtil-vestuário. O segundo, criado em 1997, com duração de 5 a 6 anos, oferece 50 vagas semestrais e possui na grade curricular uma disciplina ligada às operações desta indústria. Conta atualmente com 254 alunos distribuídos nos períodos matutino e noturno, sendo que neste último existem alunos vinculados à atividade do setor. ,QIUDHVWUXWXUDWHFQROyJLFD 38 Neste conjunto de atores do arranjo, foram consideradas as seguintes instituições: (1) A universidade local, Furb, mantém cursos ligados diretamente à indústria têxtilvestuário, como o de Química, e Moda e Estilismo, e o curso de Engenharia Química, que ministra cadeira específica na área têxtil. Além destes cursos, a Furb mantém o Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT -, que realiza algumas pesquisas relacionadas ao setor. Na medida em que são ainda incipientes as atividades de pesquisa tecnológica para a indústria têxtil-vestuário, é conveniente analisar esta instituição como um agente de atuação na área de ensino. (2) A Fundação Blumenauense de Estudos Têxteis - FBET - foi fundada em 1969 por quatro grandes empresas têxteis-vestuários locais. Possui laboratórios para análise das fibras de algodão e, em 1989, criou o Centro de Pesquisa Têxtil – Cepetex - em associação com a Furb e o Senai, que consiste basicamente de um laboratório para análise de fios. A FBET/Cepetex é um agente que presta importantes serviços tecnológicos para as empresas têxteis-vestuários locais, de outras regiões do país e do Mercosul. Além de ensaios físicos de fibras e fios têxteis, mantêm programas de aferição interlaboratorial na área de fios e fibras, atendendo aproximadamente 70 fiações sediadas no país e no Mercosul. Tem realizado trabalhos em colaboração com a Embrapa, CNPA, Fundação Mato Grosso, Institutos Agronômicos de São Paulo e do Paraná, voltados para o desenvolvimento de novas variedades de sementes de algodão, procurando atender às necessidades exigidas pelos novos equipamentos das fiações. (3) O Centro Tecnológico do Vestuário - CTV do Senai-Blumenau, criado recentemente, pretende ampliar a oferta de serviços tecnológicos para as empresas, ao lado da criação de cursos ligados à área tecnológica. Este centro tem desenvolvido vários programas de cooperação, como o projeto que envolve o Senai de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, com o Instituto Europeu de 'HVLJQ da Itália, que tem como objetivo o desenvolvimento de recursos humanos para o curso de estilismo nas áreas de desenho de moda, desenvolvimento de tendências de moda e projetos de coleções. Também realiza programas de cooperação com entidades canadenses e alemãs na área de meio ambiente para a formação de laboratórios e realização de cursos no Brasil, com técnicos daqueles países. São intensas suas relações com os agentes locais, como a Furb, no desenvolvimento do curso superior de moda e nas parcerias com diversas empresas têxteis para os cursos de técnico têxtil. (4) O Laboratório de Ensaios Físicos e Químicos Têxteis do Senai, Brusque, presta importantes serviços tecnológicos para as empresas nacionais e da região, É credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia – Inmetro - para ensaios em gramatura de tecidos, determinação do título de fios, análise qualitativa e quantitativa de fibras, fios e tecidos. Como se percebe, este conjunto de instituições realiza principalmente a prestação de serviços tecnológicos. Os dois agentes mais importantes para o setor têxtil local são os laboratórios da FBET/Cepetex e do Senai, do Município de Brusque. O impulso inicial para o desenvolvimento destes serviços foram as exigências de qualidade nos produtos exportados e posteriormente as exigências de normas de certificação de qualidade. Os equipamentos existentes nestes laboratórios são bastante heterogêneos, no que se refere à sua atualização tecnológica. Encontram-se equipamentos atualizados em ambos os laboratórios, ao lado de equipamentos mais antigos. A qualificação dos técnicos não se expressa em uma titulação formal elevada, mas principalmente na grande experiência adquirida ao longo dos anos. Deve-se considerar também que iniciativas recentes, como a criação do CTV em Blumenau e dos cursos de Química Têxtil e de Moda e Estilismo pela Furb, poderão estimular de forma significativa a pesquisa tecnológica no âmbito do arranjo. 39 No que se refere à infra-estrutura interna das empresas, as unidades de P&D nas grandes empresas estão mais voltadas para o desenvolvimento de produtos na área de moda e criação. As empresas utilizam os serviços tecnológicos dos laboratórios do FBET/Cepetex e do Senai de Brusque com intensidade, em decorrência não mantêm uma infra-estrutura laboratorial interna. Deve-se observar também que os fornecedores de insumos químicos, que em sua grande maioria não estão localizados no arranjo, proporcionam importantes informações tecnológicas no que se refere à utilização de insumos, principalmente nas etapas de acabamento e tingimento. Ocorrem contatos com centros de tecnologia localizados fora do arranjo. O Centro de Tecnologia da Indústria Química Têxtil - Cetiqt do Senai, no Rio de Janeiro, por exemplo, é uma referência tecnológica importante para o arranjo no que se refere aos serviços tecnológicos, e principalmente para a formação de pessoal. Desta forma, os fluxos de informação tecnológica com origem externa ao arranjo são importantes e complementam-se com as articulações das empresas com seus fornecedores internacionais de equipamentos. Alguns acordos com instituições européias realizadas pelos FBET/Cepetex, Senai-Brusque e CTV do SenaiBlumenau, também estabelecem possibilidades de desenvolvimento tecnológico a partir de fontes externas. O desenvolvimento tecnológico no segmento de tecelagem é caracterizado pelo avanço na velocidade dos teares, automação de suas operações, bem como pela utilização de fibras químicas e celulósicas e, no setor de acabamento, os avanços estão sendo marcados pela automação no controle dos processos, temperatura, programação de cores e novos insumos químicos. Nestas condições, e observando as características da infra-estrutura tecnológica existente, pode-se concluir que existem condições mínimas para as inovações em processo condicionadas às características da dinâmica tecnológica da indústria, que é dada pela absorção de inovações geradas por fontes externas à indústria. No entanto, a infra-estrutura existente, se, por um lado, pode apoiar esse fluxo de informações externas, por outro não demonstra capacidade suficiente para liderar e estimular avanços internos que ampliem a capacidade de absorção. No que se refere ao desenvolvimento de produto, no qual aparentemente, mais do que nos processos, as empresas centram seus esforços inovativos (através de investimentos para desenvolver criação e estilo), a infra-estrutura tecnológica institucional do arranjo é mais limitada, pois os esforços nesta área são ainda recentes e se expressam na criação dos cursos de tecnologia do vestuário pelo Senai-Blumenau, Jaraguá do Sul e Rio do Sul e de modas e estilismo pela Furb, ambos nos últimos dois anos. ,QIUDHVWUXWXUDItVLFD O Vale do Itajaí, em Santa Catarina possui atualmente uma população de aproximadamente 1 milhão de pessoas (21% da população do Estado). A população próxima a Blumenau, incluindo este município, é predominantemente urbana, ocupada principalmente em atividades do setor terciário. A renda SHUFDSLWD média da região está entre US$ 4.310,00, quase o dobro da média nacional, e responde por cerca de 28% do ICMS arrecado no Estado (Blumenau Vitrine Nacional, 2000). Na região encontram-se dois portos para transportes de produtos. O Porto de São Francisco do Sul fica localizado próximo à região do Vale do Itajaí, possui quatro berços de atracação com calado variando entre 5 e 10 m, movimentando produtos como granéis, madeiras, papel, têxteis etc. O Porto de Itajaí localiza-se no Vale do Itajaí e possui 5 berços de atracação com um calado de 90m, movimentando produtos como os têxteis, contêineres frigoríficos, madeira, máquinas, motores etc.(ver quadro 04 abaixo) 40 Quadro 04: Descrição dos principais portos de Santa Catarina Municípios Características Itajaí São Francisco do Sul 160 Km, Br 101/Rod. 52 Km, SC 470, Rod. Dist. de Blumenau Jorge Lacerda, SC 413/BR Jorge Lacerda 280 Cargas gerais, Cargas gerais, containers, Atividade principal containers, Cont. cont. congel., granel sól. e congel., granel líq. liq. Linhas No momento não há No momento não há linhas reg.nacionais linhas regulares regulares Linhas reg. Argentina, Chile, Argentina, Chile, Uruguai América Latina Colômbia, Uruguai Imbituba 216 Km, Rod. Jorge Jacerda/BR 101 Cargas gerais, containers, granel sól. e líq. Uma linha (Hiper Modal) Argentina, Chile, Uruguai Fonte: Blumenau Vitrine Nacional, 2000 Há uma série de rodovias federais e estaduais importantes na região do Vale do Itajaí para o escoamento de seus produtos. Abaixo segue uma breve descrição das principais rodovias e no quadro 05 são identificadas a distância do município de Blumenau a algumas capitais brasileiras. %5Com uma extensão de 465,9 km no Estado, a rodovia faz a ligação entre os Estados do Paraná , Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Por estar implantada ao longo do litoral do Estado, permite fácil acesso a todos os portos - São Francisco do Sul, Itajaí, Imbituba e Laguna. %5 Com 311,9 km, corta longitudinalmente o Estado acessando os Estados vizinhos do Paraná e Rio Grande do Sul. %5 Rodovia pavimentada que corta transversalmente o Estado, desde o Porto de São Francisco do Sul até a fronteira com a Argentina, constituindo-se numa opção de acesso ao Porto de São Francisco do Sul, por via rodoviária. %5Faz a ligação do Noroeste do Rio Grande do Sul, do Planalto e do Médio e Alto Vale do Itajaí em Santa Catarina com o Porto de Itajaí, atravessando uma região altamente industrializada do Estado. Com 358,9 km de extensão, totalmente pavimentados, tem origem na cidade de Itajaí e estende-se até a divisa com o Rio Grande do Sul. 6& - Esta rodovia liga os municípios de Blumenau e Guaramirim, sendo que às suas margens há uma grande área destinada à implantação de um distrito industrial. Quadro 05 - Distância do município de Blumenau à capitais brasileiras selecionadas &LGDGHV 'LVWkQFLDGH%OXPHQDX Porto Alegre 590 Km Florianópolis 139 Km Curitiba 261 Km São Paulo 656 Km Rio de Janeiro 1.096 Km Fonte: Blumenau Vitrine Nacional, 2000 Em Blumenau está instalado o aeroporto Quero-Quero, com capacidade somente para aviões menores, em grande parte executivos. Já no município de Navegantes, localiza-se um aeroporto com estrutura para aviões maiores e maior movimentação de passageiros e produtos (ver Quadro 06) 41 Quadro 06 - Descrição dos aeroportos localizados próximos à região do Vale do Itajaí Santa Catarina Municípios &DUDFWHUtVWLFD V Florianópolis Navegantes Blumenau Dist. de 130 Km, Rod. Jorge 54 Km, Rod. Jorge Lacerda, e 5 Km, SC - 413 Blumenau Lacerda, BR 101 BR 101 Categoria Internacional Doméstico Aeronaves Todas Todas (até Boeing 727/737) Caract. da Pista I. Asfalto - 2.300x45 II. Concreto - 1.500x45 Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro Buenos Aires, Montevidéu Linhas reg. nacionais Linhas reg. internacionais I. Asfalto - 1.700x45 Regional Jatos Executivos, Turbo Hélice I. Asfalto 1.400x45 Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro Fonte: Blumenau Vitrine Nacional, 2000 A linha do Gasoduto Brasil/Bolívia corta 5 municípios da região, são eles: Blumenau, Pomerode, Timbó, Indaial e Gaspar, destacando que o processo de distribuição do gás já está em andamento e, em algumas empresas têxteis, como a Karsten e Artex, já está instalado. O gás natural será futuramente também distribuído para os setores comercial e residencial. Esta fonte de energia é mais barata, possibilitando uma redução dos gastos em até 25%, destacando-se que elimina grande parte dos problemas ambientais (Blumenau Vitrine Nacional, 2000). Na região há uma subestação de energia elétrica com capacidade para o fornecimento de 250.000 KW, sendo que atualmente grande parte desta capacidade está ociosa. Em Blumenau há uma grande concentração de bancos, sendo 33 bancos e 62 agências bancárias se configurando como o centro financeiro da região. O complexo da Proeb instalado em Blumenau possui 18 mil metros quadrados de área coberta com capacidade para 24.500 pessoas destinado à realização de eventos diversos, destacando-se importantes feiras do setor têxtil-vestuário como a Texfair, Febratex e Expotêxtil entre outras. Conforme a tabela 12, constata-se que na opinião das empresas entrevistadas, a infraestrutura básica no que se refere à área para instalação de empreendimentos industriais, energia elétrica e telecomunicações é satisfatória, não sendo apontado sobre estes fatores alguma restrição importante à atividade do setor têxtil-vestuário, somente com relação às estradas da região, principalmente no que se refere à rodovia BR-470, o qual ainda não é duplicada, recebendo assim uma avaliação negativa principalmente por parte das grandes empresas. Por outro lado, a infra-estrutura apontada na tabela 12 não chega a ter uma qualidade excepcional, destacando-se as telecomunicações possuem a melhor avaliação dos agentes do arranjo produtivo. 42 Tabela 12: Avaliação da provisão de infra-estrutura física e serviços públicos na região Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas (%) ,QIUD(VWUXWXUD Grandes Médias Pequenas Insuficiente Satisfatória excepecional Insuficiente Satisfatória excepecional Insuficiente Satisfatória Excepecional 7,14 57,15 35,71 28,57 42,84 28,57 25,00 58,34 16,66 Energia elétrica 14,28 64,30 21,42 14,28 71,44 14,28 21,42 64,30 14,28 Estradas 42,85 42,85 14,30 28,57 57,15 14,28 21,42 78,58 - Telecomunicações 7,14 57,15 35,71 14,30 42,85 42,85 14,28 57,15 28,57 Área para instalação de empreendimentos industriais Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas ,QWHUDomRHQWUHRVDJHQWHVIRUPDVGHFRRSHUDomRHHVWUDWpJLDVFRPSHWLWLYDV A divisibilidade dos processos produtivos, os diversos graus de integração vertical das empresas, a diversidade de produtos e as diferentes localizações dos mercados consumidores, bem como a localização externa ao arranjo dos fornecedores de equipamentos, insumos e matérias-primas e a existência de centros de treinamento, serviços tecnológicos e universidades dentro e fora do arranjo, estabelecem uma teia de interações entre os agentes, tanto através de trocas comerciais, quanto de fluxos de informações tecnológicas. A natureza do padrão de concorrência, baseado em preço e diferenciação, não estimula relações de cooperação entre as empresas da cadeia têxtil-vestuário. As relações que ocorrem são predominantemente de natureza comercial, considerando que as pequenas empresas terceirizam atividades de tecelagem e acabamento, proporcionando demanda para médias empresas do arranjo e fora dele ( conforme comentado no item 2.2). As características dos processos produtivos e das formas de concorrência típicas da indústria juntamente com as formas como desenvolvem-se os processos de desverticalização e terceirização estimulam pouco os processos cooperativos no âmbito do arranjo. No entanto, as interações entre os diversos agentes proporcionam formas de desenvolvimento de capacitação tecnológica que podem, junto com os esforços internos às empresas criar um ambiente local que amplie as condições de competitividade das empresas dos arranjos. Esses aspectos serão analisados no item 3 deste relatório. O que se destaca neste momento são as relações que as empresas estabelecem com os agentes de coordenação do arranjo. Quanto às relações com as entidades associativas e sindicatos, as grandes e médias empresas consideram importante e muito importante as formas de interação através da realização de cursos, seminários e eventos e feiras. Nestes casos, aproximam-se da metade as empresas que realizam esta interação com uma freqüência regular. A maior regularidade na freqüência das relações e a maior importância são atribuídas às relações com os sindicatos para negociação coletiva. Isto indica que a ação das entidades que poderiam ter um papel de coordenação do arranjo, limita-se, ou às relações mais tradicionais dadas pela natureza das instituições, como no caso dos sindicatos, ou às atividades de caráter mais eventual, como o caso de feiras e eventos promovidos pelas associações. De qualquer forma, é considerado importante pelas empresas as interações mais informais, como os contatos e trocas de informações. No que se refere às pequenas empresas, um pouco mais que a metade delas interagem com as associações e 43 sindicatos, quer através de relações informais para troca de informações, quer através de ação conjunta para desenvolvimento de recursos humanos (ver tabelas 13 e 14). Tabela 13: Formas de intercâmbio das grandes e médias empresas com os sindicatos e associações, em nível local nos últimos cinco anos Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina 2000 % Empresas segundo grau de % Empresas segundo a freqüência importância )RUPDVGHLQWHUDomR Realização de eventos/feiras Cursos e seminários Negociações coletivas Apoio na aquisição de insumos Contatos e troca de informações Sem importância Pouco importante Importante Muito importante inexistente eventual regular intensa 33,33 5,57 33,33 27,77 29,41 23,52 47,07 - 23,53 11,76 52,95 11,76 18,75 37,50 43,75 - 5,26 10,52 36,84 47,38 5,55 11,11 66,68 16,66 86,68 6,66 6,66 - 92,31 - 7,69 - 35,29 11,76 52,95 - 26,66 40,02 26,66 6,66 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 19 empresas Tabela 14: Evolução das relações de cooperação das pequenas empresas com os diversos atores do arranjo local nos últimos cinco anos Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina 2000 % Pequenas empresas segundo as formas de cooperação $WRUHVGR$UUDQMR Ensaios Troca de Ações conjuntas Ações conjuntas Ações conjuntas Não Outros 3URGXWLYR p/desenvolv.e Informações RH Marketing desenho/estilo melhoria produtos Clientes 20,00 53,33 26,67 - 26,67 20,00 - Concorrentes 46,67 33,33 6,67 6,67 - - 6,67 Fornecedores de Insumos Fornecedores de equipamentos Centros tecnológicos 26,67 40,00 53,33 6,67 - - 6,67 40,00 33,33 33,33 - 6,67 - - 73,33 20,00 - - - - - Universidades 80,00 13,33 - 6,67 - - - Sindicatos e associações 46,67 26,67 - 20,00 - - - Órgãos públicos 60,00 20,00 - 6,67 - - - Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 15 empresas Sobre o perfil do arranjo produtivo pode-se concluir que: a) Há grande heterogeneidade entre os agentes do segmento produtivo no que se refere ao tamanho e ao grau de integração vertical das empresas. b) Considerando-se o grau de verticalização das grandes empresas e a pouca interação entre as empresas da cadeia no âmbito do arranjo, não identificou-se uma empresas âncora ou um agente coordenador no segmento produtivo que estimule o arranjo. 44 c) A principal matéria-prima consumida no arranjo é o algodão e os principais produtos são as confecções (com importante participação de confeccionados de malhas), tecidos de malha, artigos de cama, mesa e banho e insumos para a cadeia, como fios e etiquetas, além de produtos hospitalares. d) Não estão localizados no interior do arranjo os principais fornecedores de matériaprima, fios, máquinas e equipamentos. Há entretanto, dentro do arranjo, a produção de equipamentos complementares. e) A especialização e complementaridade dentro do arranjo é pouco acentuada. Deve-se ressaltar o desenvolvimento de segmentos da cadeia, como o setor de acabamento (tinturaria) que começa a oferecer serviços que podem ampliar a especialização. f) As instituições de coordenação tem importante participação na criação de externalidades dentro do arranjo. g) A prestação de serviços tecnológicos atende aspectos importantes das necessidades da cadeia, através de testes laboratoriais químicos e físicos, com ampliação recente para a área de GHVLJQ e moda em apoio ao segmento de confecções. No entanto não há uma entidade que caracterize uma instituição-ponte para a transferência de tecnologia. Mas a instalação do CTV do Senai em Blumenau e a instalação de um curso de química têxtil podem indicar possibilidades para desenvolvimento de agentes com aquela característica. h) A infra-estrutura educacional voltada para a cadeia têxtil-vestuário atinge todos os níveis de formação, desde o treinamento até o nível superior, e com especializações recentes em moda e química têxtil. i) Não foram identificados gargalos importantes na infra-estrutura física, com certa restrição devido às condições da rodovia BR-470. 'HVHQYROYLPHQWRGHFDSDFLWDomRWHFQROyJLFD Neste capítulo, analisam-se as formas como se desenvolvem os processos inovativos, considerando a interatividade e direção dos fluxos de informação, os esforços tecnológicos, as formas de cooperação entre as empresas e entre estas e as instituições de tecnologia, de maneira a identificar os processos de aprendizagem tecnológica. Para tanto, serão observadas, neste arranjo produtivo têxtil-vestuário, as fontes de informação tecnológica e as formas de capacitação tecnológica no intuito de apontar a origem – interna e externa - e como se processa o desenvolvimento de incorporação de novas tecnologias. Em seguida, serão apontados os esforços internos às empresas para capacitação tecnológica, destacando os gastos e perspectivas em P&D, e as características do treinamento da mão-de-obra, em termos de local e horas. Seguirá com a discussão dos fluxos tecnológicos e interações com os agentes externos, ressaltando as especificidades dos fluxos tecnológicos, como ocorrem e afetam as relações de cooperação entre as empresas e fornecedores e empresas e instituições de pesquisa e ensino. E, por fim, serão discutidas as vantagens de localização consideradas relevantes pelas empresas pesquisadas como externalidades positivas, ressaltando. )RQWHVGHLQIRUPDomRHIRUPDVGHFDSDFLWDomRWHFQROyJLFD Considerando-se a dinâmica dos processos inovativos nas indústrias produtoras de bens de consumo corrente, que implica em maior capacidade de absorção de novas tecnologias geradas em setores “ externos” à indústria, a análise dos resultados da pesquisa quanto às fontes de informação para a inovação e às formas de introdução de inovações mostra resultados coerentes com a literatura sobre o tema. Independentemente do tamanho da empresa, para os três estratos aqui considerados os clientes e os fornecedores são as principais fontes de informação para a inovação. As relações com ambos ocorre através de contatos que possibilitam troca de 45 informações entre os agentes. As relações com os clientes situa-se, em primeiro lugar, num ordenamento que considerou a freqüência das respostas importante e muito importante. Esse mesmo ordenamento indicou a troca de informações com fornecedores como segunda fonte mais importante. A terceira fonte mais importante difere segundo o tamanho: as grandes indicaram a participação em congressos e feiras realizadas no exterior, e as médias e pequenas indicaram a informação fornecida pelos produtores de equipamentos. As grandes, quer por sua capacidade financeira, quer por sua experiência com o mercado externo, procuram observar diretamente nos centros mundiais as mudanças recentes, enquanto que as pequenas e médias participam com mais freqüência de feiras realizadas no país. As publicações especializadas são consideradas fontes menos relevantes para as empresas (ver quadro 07). Quadro 7: Principais fontes de informação para o desenvolvimento de novas tecnologias consideradas importante e muito importante Indústria têxtil/vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas Ordenamento Grandes Médias Pequenas 1o Troca de informações com clientes Troca de informações com clientes 2o Troca de informações com fornecedores Troca de informações com fornecedores Troca de informações com fornecedores 3o Congressos e feiras comerciais e industriais Aquisição de novos equipamentos do setor realizadas no exterior oriundo de fornecedores externos Aquisição de novos equipamentos oriundos de fornecedores externos 4o Aquisição de novos equipamentos oriundo de fornecedores externos Departamento de P&D de empresa na região Congressos e feiras comerciais e industriais do setor realizadas no País 5o Publicações especializadas Congressos e feiras comerciais e industriais do setor realizadas no País Publicações especializadas Troca de informações com clientes Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas No que se refere às formas de desenvolvimento ou incorporação de tecnologia, para todos os estratos de tamanho, a aquisição de máquinas compradas no mercado internacional é a principal forma de absorver inovações. Para as grandes empresas, os laboratórios de P&D são a segunda forma em importância. Para as médias, os laboratórios de P&D e as unidades de produção da empresas posicionam-se em quarto e terceiro lugares. No caso das pequenas, as unidades de produção posicionam-se em terceiro lugar como forma de incorporar inovações. A incorporação de novas tecnologias através da cooperação com fornecedores e clientes ocupa posição mais destacada nas médias e pequenas empresas do que nas grandes (ver quadro 08). 46 Quadro 8: Principais formas de desenvolvimento de incorporação de novas tecnologias consideradas importante e muito importante Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas Ordenamento Grandes Médias Pequenas 1o Aquisição de máquinas compradas no Aquisição de máquinas compradas no mercado internacional mercado internacional 2o Em laboratórios de P&D da empresa Em cooperação com fornecedores de insumos Em cooperação com empresa usuárias 3o Em cooperação com fornecedores de insumos Nas unidades de produção da empresa Nas unidades de produção da empresa 4o Em cooperação com empresa usuárias Em laboratórios de P&D da empresa Em cooperação com fornecedores de equipamentos 5o Em cooperação com fornecedores de equipamentos Em cooperação com fornecedores de insumos Em cooperação com fornecedores de equipamentos Aquisição de máquinas compradas no mercado internacional Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas Estes dados sugerem que, dada a dinâmica do processo inovativo na indústria, os esforços das empresas do arranjo produtivo têm duas dimensões. A primeira é o esforço para acompanhar, por um lado as mudanças na moda e preferência dos consumidores e, por outro lado, os avanços tecnológicos nos fornecedores de equipamentos e insumos. A segunda é o esforço interno às empresas para a capacitação tecnológica capaz de permitir a absorção das inovações de fontes externas, que se traduz, ou em laboratórios de P&D e que afeta o desenvolvimento de produto, ou em atividades desenvolvidas no decorrer da produção dentro das próprias unidades produtivas. A primeira dimensão configura um padrão que independe do tamanho das empresas, pois a troca de informações com clientes e fornecedores é a principal fonte de informação para todas as empresas e a aquisição de máquinas importadas é também a principal forma de incorporação de tecnologia por todas as empresas. Neste caso, as práticas de cooperação com clientes e fornecedores ocorrem em todas as empresas, com alguma variação em relação ao tamanho, pois as médias e pequenas parecem priorizar esta forma de incorporação (cooperação com clientes e fornecedores de insumos ocupam o segundo lugar no ordenamento nestas classes de tamanho), enquanto nas grandes, estas formas ocupam o terceiro e quarto lugares. É a segunda dimensão, a relativa ao esforço interno, que indica praticas diferenciadas por tamanho de empresas. Nestes casos, os esforços inovativos nas grandes empresas se traduzem em estruturas organizacionais mais formalizadas, com os departamento de P&D. Nas médias, as práticas inovativas no espaço da produção predominam em relação à existência de estruturas organizacionais específicas para P&D, que entretanto também existem. Nas pequenas, esta estrutura é inexistente, apesar de ocorrerem também esforços internos que se realizam nas unidades de produção da empresa. (VIRUoRVLQWHUQRVjVHPSUHVDVSDUDFDSDFLWDomRWHFQROyJLFD Nos anos 90, ocorreram aumentos significativos nos gastos em P&D para 47,05% das empresas (considerando as 17 empresas grandes e médias que responderam ao quesito). Em torno de 30 % das empresas aumentaram de forma mais moderada seus gastos com P&D. As perspectivas futuras para os próximos cinco anos são principalmente de ampliação moderada destes gastos (para 41,17% das empresas) e aproximadamente 30% delas pretendem realizar uma ampliação mais significativa dos gastos em P&D (ver tabela 15). Estes gastos, no ano de 1999, situaram-se na média de 1,8% do faturamento das empresas. Outro aspecto relevante da dimensão interna às empresas dos processos de capacitação tecnológica é o esforço de treinamento da mão-de-obra. Em torno de 60 das empresas, 47 independente de seu tamanho, considera parcialmente adequada a qualidade da mão-de-obra e 80% delas pretendem intensificar a qualificação (ver tabela 16). Esse esforço de treinamento segundo o indicador horas por trabalhador no período de um ano é, para aproximadamente 52% das grandes e médias empresas, de 11 até 40 horas anos. No caso das pequenas, o esforço é menor, pois além de 46,.6% não responderem o quesito, em 26% delas o valor é de até 20 horas por trabalhador/ano (ver tabela 17). Tabela 15 : Gastos atuais em P&D, sua evolução e perspectivas futuras Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas Grandes e Médias Em relação a 1990 qual foi a variação do indicador P&D/Fat. % das empresas - aumentou significativamente 47,05 - houve um pequeno aumento 29,41 17,64 - não aumentou - reduziu 5,88 Perspectivas para gastos em P&D ( em relação ao faturamento bruto) nos próximos cinco anos - permanecer nos níveis atuais 29,41 - ampliar moderadamente 41,17 - ampliar significativamente 29,41 - reduzir 0,00 P&D % Médio % do gasto em P&D em relação ao faturamento bruto em 1999 P&D/Fat 1,80 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 19 empresas Tabela 16: Avaliação e perspectivas da qualificação da mão-de-obra Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas (%) Avaliação Grandes e Médias Pequenas Adequada 42,85 40,00 Parcialmente adequada 57,14 60,00 Manter o nível atual 14,28 20,00 Intensificar a qualificação Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas 85,71 80,00 Perspectivas 48 Tabela 17: Esforço atual de treinamento Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas Esforço atual de treinamento % do Grandes e Médias Pequenas Classes Hor/Trab/Ano Total Nulo 6 28,57 7 % do Total 46,67 Até 10 2 9,52 3 20,00 11 - 20 4 19,05 1 6,67 21 -30 3 14,29 2 13,33 31-40 4 19,05 2 13,33 41-50 1 4,76 0 0,00 + 50 1 4,76 0 0,00 Total 21 100,00 15 100,00 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas O local de treinamento mais utilizado pelas grandes e médias empresas é a própria empresa e as instituições locais. Nas pequenas, esses locais são menos utilizados, pois nelas o esforço de treinamento é menor. A maioria das pequenas empresas nunca utilizou instituições nacionais ou estrangeiras localizadas fora do arranjo e, entre as grandes e médias, 68,4% nunca promoveram treinamento de seus funcionários em instituições internacionais. A importância do local, na prática corrente das empresas, como espaço importante para sustentar processos de capacitação da mão-de-obra, parece possibilitar a criação de sinergias internas ao arranjo que são significativas na criação de externalidades locais. Essa prática é reforçada por associação com as instituições do Senai que realizam cursos dentro das unidades produtivas das empresas. Considerando a importância das fontes externas às empresas e ao arranjo para o desenvolvimento de capacitação tecnológica, deve-se chamar atenção para o pouco reflexo disso nas atividades de treinamento. No entanto, este fato pode indicar também que as instituições locais realizam a mediação com as fontes externas e disponibilizam essas informações para as empresas que não precisam então de contatos diretos com instituições localizadas fora do arranjo para o treinamento de seus funcionários (ver tabela 18). Estes comentários devem ser relacionados às qualidades da mão-de-obra local, conforme observa-se adiante. 49 7DEHOD3ULQFLSDLVORFDLVGHWUHLQDPHQWRHIUHTrQFLDGHXWLOL]DomR ,QG~VWULDWr[WLOYHVWXiULRGR9DOHGR,WDMDt6DQWD&DWDULQD % Empresas segundo grau de utilização Locais de Grandes e Médias Pequenas treinamento Nunca Pouco Muito Único Nunca Pouco Muito Único Na empresa Em instituições do local Em instituições nacionais Em instituições localizadas no exterior 4,76 14,28 80,96 - 13,33 40,01 26,66 20,00 - 47,61 52,39 - 38,46 46,16 15,38 - 30,00 55,00 15,00 - 83,34 8,33 8,33 - 68,43 31,57 - 91,67 8,33 - - - Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas )OX[RV WHFQROyJLFRV H LQWHUDo}HV FRP DJHQWHV H[WHUQRV j HPSUHVD SDUD FDSDFLWDomR WHFQROyJLFD Identificados os esforços internos às empresas para a capacitação tecnológica, e considerando as características dos processos inovativos da indústria, tais como as fontes de informação para a inovação e as formas de desenvolvimento e incorporação de novas tecnologias, e as relações que se estabelecem entre os agentes, conforme indicado no item 2.7, procura-se analisar as possibilidades de interação entre os diversos agentes do arranjo no que se refere ao desenvolvimento de capacitação tecnológica. Trata-se, portanto, de identificar os fluxos de informação para o desenvolvimento e incorporação de novas tecnologias e as condições externas às empresas para esse desenvolvimento. Há um importante fluxo de origem externa ao arranjo no que se refere às relações com os fornecedores de equipamentos, de insumos, da matéria prima básica e de fios. Estas relações implicam na formação de um fluxo de informações tecnológicas de origem externa ao arranjo e, no caso dos produtores de equipamentos, de origem externa ao país. Tais fluxos afetam as possibilidades de desenvolvimento das capacitações tecnológicas para inovações em processos. As exportações também proporcionam um fluxo de informações tecnológicas com origem externa ao país que afeta o arranjo. No caso do mercado nacional, este fluxo origina-se, principalmente, nas grandes redes de varejos. Esses fluxos afetam as capacidades tecnológicas para o desenvolvimento de produtos. Os impactos destes fluxos sobre as empresas do arranjo ocorrem de maneira diferenciada, segundo o porte das empresas. Para as grandes e médias, as referências externas ao país são mais acessíveis e importantes. Para as pequenas empresas, o mercado nacional é a principal referência. No entanto, as formas de relações com fornecedores e clientes são equivalentes para todas as empresas independente de seu tamanho. Para as grandes, médias e pequenas empresas as relações com fornecedores de insumos ou equipamentos foram crescentes nos últimos cinco anos, na forma de troca informal de informações e também na realização de ensaios para desenvolvimento e melhoria de produtos. As ações conjuntas para o desenvolvimento de moda e estilo foram mais relevantes para as grandes e médias empresas. As relações com fornecedores sob a forma de assistência técnica no processo produtivo tiveram, nos últimos cinco anos, um 50 desenvolvimento mais restrito que as anteriores para as grandes e médias empresas e pouco significado para as pequenas (ver tabelas 19 e 14). Tabela 19: Evolução das relações de cooperação das grandes e médias empresas com seus fornecedores de insumos e equipamentos em nível local nos últimos cinco anos Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 % Empresas segundo a evolução das relações Atividades cooperativas Forte Diminuiç Estável Aument Forte aumento diminuição ão o Troca de informações 76,47 23,53 Ensaios para desenvolvimento e melhoria de produtos Assistência Técnica no processo produtivo Ações conjuntas para capacitação de RH Ações conjuntas em desenho e estilo - - 5,55 61,12 33,33 - 5,90 29,41 41,17 23,52 - 7,15 71,43 21,42 - 7,15 - 42,86 42,84 7,15 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 19 empresas No que se refere às relações das empresas com as instituições que prestam serviços tecnológicos e as universidades, que poderiam ter um maior conteúdo de informações tecnológicas, estas são relativamente fracas. Pouco menos que a metade das grandes e médias empresas mantêm relações de freqüência apenas regular com estas instituições, principalmente, para a realização de testes e certificação e, em segundo lugar, para o desenvolvimento de novos produtos. As relações com uma frequência mais intensa está principalmente associada às atividades de caracterização e seleção de matérias-primas. Neste caso, as instituições estão localizadas no arranjo, mas também os serviços das localizadas fora do arranjo são demandados. No caso das pequenas empresas, entre 70 e 80% delas não mantêm qualquer relação com estas instituições e quando o fazem restringem-se principalmente à troca de informações. A principal demanda das empresas a estas instituições, que na maioria dos casos também desenvolvem atividades de ensino, como as universidades e os laboratórios ligados ao Senai, é para formação e treinamento de pessoal. (ver tabelas 20 e 14). 51 Tabela 20: Formas de intercâmbio das grandes e médias empresas com os centros de pesquisa, universidades e instituições afins em nível local nos últimos cinco anos Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 % Empresas segundo a % Empresas segundo a origem freqüência Formas de Interação No Exterior Local e no País No país e no Exterior inexistente eventual regular intensa - 25,00 - 60,00 - 40,00 - 16,66 33,35 16,66 33,33 - 45,46 9,09 36,36 9,09 53,86 15,38 7,69 23,07 - 13,33 26,66 46,68 13,33 60,00 20,00 - 20,00 - 6,67 50,02 16,66 - 16,66 16,66 45,46 18,18 27,27 Local Desenvolvimento de novos produtos Desenvolvimento de novos processos Testes e certificação Treinamento de pessoal Aproveitamento de resíduos industriais Caracterização e seleção de matérias-primas No País 50,00 25,00 87,50 - 12,50 - - 36,36 - - 66,67 26,66 9,09 27,28 36,36 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 19 empresas Como pôde-se observar nas entrevistas, o principal motivo das grandes e médias empresas não se relacionarem com as universidades e unidades de prestação de serviços tecnológicos para demanda de informações tecnológicas ou de atividades conjuntas para desenvolvimento de inovações, é a existência de outras fontes de informação que são consideradas mais importantes pelas empresas, como os fornecedores de insumos e equipamentos (100% das médias e 80% das grandes empresas entrevistadas consideraram esse quesito importante para explicar a falta de interação com as universidades). Outros motivos apontados pelas médias empresas, estão relacionados à qualificação das instituições locais considerada insuficiente para certas questões ou mesmo a auto-suficiência das empresas quanto às suas necessidades tecnológicas. Para as grandes, a contratação de consultoria tecnológica localizada no país ou no exterior também substitui a demanda por serviços das universidades locais ou próximas ao local do arranjo (ver tabela 21). Quanto à evolução recente das relações de cooperação das empresas com outros agentes do arranjo, a ênfase no aumento destas interações nos últimos cinco anos ocorreu principalmente com os clientes e fornecedores de insumos, no entanto, o aumento da relação com estes mesmos agentes localizados fora do arranjo foi muito mais significativo. Deve-se destacar que as aquisições recentes de equipamentos possibilitaram também um crescente aumento das relações com os fornecedores de equipamento externos ao arranjo. Nos últimos cinco anos, houve também um aumento nas relações com as centros de pesquisa e universidades localizadas no arranjo e com menos intensidade um aumento das relações com centros de pesquisa e universidades localizadas fora do arranjo (ver tabela 22). 52 Tabela 21: Motivos da não interação das grandes e médias empresas com universidades e centros de pesquisa Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas (%) Grandes Médias Motivos As instituições locais não possuem a infra-estrutura e qualificação necessárias para atender as necessidades de P&D da empresa A empresa possui uma infra-estrutura própria voltada para as atividades de P&D A empresa conta com fornecimento externo de informações tecnológicas Através da matriz e/ou outras unidades do mesmo grupo Através dos fornecedores de insumos e equipamentos Através de outras consultorias tecnológicas no país Através de outras consultorias tecnológicas fora do país Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas Sem importância Pouco Importante Importante Muito Importante Sem importância Pouco Importante Importante Muito Importante - 33,3 50,0 16,7 - 25,0 50,0 25,0 - 33,3 33,3 34,0 25,0 - 25,0 50,0 - 50,0 16,7 33,3 33,3 - 33,3 33,4 75,0 - 25,0 - 100,0 - - - 20,0 - 60,0 20,0 - - 100,0 - 40,0 20,0 40,0 - 75,0 25,0 - - 40,0 - 60,0 - 75,0 - 25,0 - 53 Tabela 22: Localização dos atores com os quais a empresa estabeleceu relações e cooperação nos últimos cinco anos e intensidade das relações Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina 2000 % Empresas grandes e médias que estabeleceram relações no arranjo Empresas e instituições Intensidade das relações Forte diminuição Diminuição Estável Aumento Forte aumento Clientes 6,25 31,25 50,00 12,50 Concorrentes 30,76 15,38 38,48 7,69 7,69 Fornecedores de insumos 20,00 60,00 20,00 Fornecedores de 8,33 50,00 41,67 equipamentos Centros tecnológicos 6,25 56,25 31,25 6,25 Universidades 7,69 7,69 46,16 38,46 Sindicatos e Associações 12,50 56,25 18,75 12,50 Órgãos públicos 21,42 42,87 28,57 7,14 % Empresas grandes e médias que estabeleceram relações externas ao arranjo Clientes 73,69 26,31 Concorrentes 15,38 23,07 53,86 7,69 Fornecedores de insumos 31,25 43,75 25,00 Fornecedores de 25,00 56,25 18,75 equipamentos Centros tecnológicos 18,18 36,36 36,36 9,10 Universidades 40,00 40,00 20,00 Sindicatos e Associações 37,50 37,50 12,50 12,50 Órgãos públicos 20,00 10,00 30,00 40,00 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 19 empresas 2XWUDVH[WHUQDOLGDGHV As vantagens de localização consideradas importantes e muito importantes pelas empresas pesquisadas são um indicador das possíveis externalidades locais. Como se percebe pela tabela 23, tais vantagens relacionam-se, em primeiro lugar, à qualidade da mão-de-obra local, assim considerada pela maioria das empresas pesquisadas nos diversos estratos de tamanho. A segunda é a infra-estrutura disponível, no caso das grandes e médias e, no caso das pequenas a segunda importante vantagem continua relacionada às características da mão-de-obra, qual seja a sua disponibilidade. Esta externalidade é a mais referenciada como importante e muito importante em terceiro lugar pelas grandes e médias empresas. O custo da mão-de-obra é uma vantagem destacada como importante e muito importante por 57% da médias e 49% das pequenas e das grandes. Esses dados indicam basicamente que as características da mão-de-obra e a infraestrutura física são as principais externalidades proporcionadas pelo arranjo. As possibilidades de interação com os fornecedores, os clientes e as universidades ou centros de pesquisa são externalidades também mencionadas, mas com menos ênfase que as referidas anteriormente. 54 Tabela 23: Vantagens para a empresa com relação à localização Indústria têxtil/vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas (%) Externalidades Grandes Sem importância Pouco importante Importante Médias Muito importante Sem importância Pouco importante - - Importante Muito importante Sem importância Infra-estrutura disponível (física e de serviços) - 7,69 53,90 38,41 Disponibilidade de mão-de-obra - 21,42 28,57 50,01 14,29 28,57 28,57 28,57 23,08 Qualidade da mão-deobra - Custo da mão-de-obra Existência de programas governamentais Proximidade com universidades e centros de pesquisa Proximidade com os fornecedores de insumos Proximidade com os clientes/consumidores - Pequenas Pouco importante Importante Muito importante 71,43 28,57 8,33 33,33 41,68 16,66 - 38,46 38,46 28,57 71,43 0,00 14,28 28,57 57,15 7,14 14,28 21,42 57,16 7,14 42,87 35,71 14,28 28,57 14,30 42,85 14,28 28,57 28,57 21,46 21,42 50,02 21,42 21,42 7,14 71,43 - 14,28 14,29 85,72 - 14,28 - 35,73 14,28 35,71 14,28 28,57 14,28 42,87 14,28 64,30 7,14 21,42 7,14 21,42 21,42 35,74 21,42 14,28 14,28 28,57 42,87 50,02 7,14 21,42 21,42 14,28 42,87 28,57 14,28 42,86 28,57 - 28,57 50,02 14,28 14,28 21,42 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas / Um exame mais detalhado das vantagens relacionadas ao perfil da qualificação da mão-de-obra, segundo um ordenamento pelo número de empresas que considera tais vantagens importante e muito importante, indica que o conhecimento prático na produção e a disciplina são as principais vantagens da mão-de-obra, segundo a maioria das empresas. A iniciativa na resolução de problemas e a capacidade para aprender novas qualificações situam-se num segundo grupo de vantagens, no caso da maioria das empresas do arranjo (ver tabela 24). 55 Tabela 24: Vantagens/desvantagens com relação ao perfil de qualificação da mão-de-obra Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas (%) Vantagens/ Grandes Médias Pequenas desvantagens Sem importância Pouco importante Importante Muito importante Sem importância Pouco importante Importante Muito importante Sem importância Pouco importante Escolaridade formal de 1o. e 2o. graus - 28,57 42,86 28,57 - 57,15 28,57 14,28 Escolaridade em nível superior e técnico - 21,42 42,87 35,71 - 28,57 57,15 14,28 23,07 30,76 30,76 Conhecimento prático e/ou técnico na produção - - 42,85 57,15 Disciplina - - 50,00 50,00 14,28 Iniciativa na resolução de problemas - 14,28 57,15 28,57 14,28 14,28 42,87 28,57 7,14 21,42 50,02 Capacidade aprender qualificações - 14,28 57,15 28,57 para novas - - - 38,47 46,15 - 57,15 42,85 7,14 - 57,15 28,57 7,14 14,28 64,30 14,30 42,85 42,85 - Muito importante Importante 7,14 50,01 28,57 50,01 15,3 8 15,4 1 35,7 1 14,2 8 21,4 2 21,4 2 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas Nestes termos, acerca do desenvolvimento de capacitação tecnológica do arranjo produtivo pode-se concluir: a) As principais fontes de informação para inovação são originárias das relações que se firmam com clientes e fornecedores para todos os estratos de tamanho de empresas; b) As formas de desenvolvimento ou incorporação de tecnologias consideradas importantes e muito importante foram, tanto para as grandes como para as pequenas e médias empresas, no âmbito dos fornecedores as aquisições de máquinas e equipamentos adquiridos no mercado internacional e, no contexto dos clientes, os esforços em acompanhar as mudanças na moda, estilo e preferência dos consumidores; c) Os laboratórios de P&D assumem importância enquanto forma de desenvolvimento de inovações para as grandes empresas que possuem estruturas organizacionais mais formalizadas, enquanto as médias e pequenas empresas procuram recorrer mais às unidades de produção, sobretudo pequenas empresas; d) Os esforços internos das empresas para capacitação tecnológica concentraram–se em gastos em P&D nos anos 90 e em treinamento da mão-de-obra. Mais da metade das grandes e médias empresas proporcionaram cursos de treinamento aos seus trabalhadores entre 11 a 40 horas ano na própria empresa ou em instituições locais. As perspectivas são de que tanto os gastos em P&D como os esforços para treinamento da mão-de-obra poderão ser aumentados nos próximos anos; e) O principal fluxo de informação tecnológica é externo e ocorre de forma distinta por tamanho de empresas. Enquanto para as grandes e médias empresas as relações que ocorrem externas ao país são consideradas mais importantes, para as pequenas, o mercado nacional constitui sua principal referência. Tais relações mostraram-se crescentes nos últimos anos e projetam continuidade de trajetória ascendente para o futuro; f) As relações com instituições que prestam serviços tecnológicos e Universidades são consideradas relativamente fracas para as médias e grandes empresas que demandam fundamentalmente serviços tecnológicos – testes, ensaios e certificação. As pequenas 56 empresas não mantém relações com estas instituições e quando fazem realizam na forma de obtenção de informações. Tais instituições desempenham importante papel como locais de formação e treinamento de mão-de-obra para estas empresas; g) Por fim, registra-se a ocorrência de externalidades locais postas em termos da existência de infra-estrutura disponível, tanto física como em prestação de serviço e da qualidade e disponibilidade da mão-de-obra, para todas as empresas. A importante vantagem local com a mão-de-obra fundamenta-se no conhecimento prático, disciplina no trabalho e na capacidade de aprender novas qualificações. 7UDMHWyULD5HFHQWHGR$UUDQMR Este capítulo analisa o desempenho do arranjo produtivo têxtil-vestuário na década do 90, de forma a identificar o impacto das políticas macroeconômicas recentes. Destacam-se as estratégias empresariais, as perspectivas de investimentos e as possibilidades apresentadas pela criação do Mercosul 'HVHPSHQKRUHFHQWHGRDUUDQMR O desempenho do arranjo produtivo têxtil-vestuário do Vale do Itajaí nos itens faturamento, mão-de-obra, exportação, importação e vendas para o mercado interno expressa particularidades específicas que refletem, em menor e maior grau, os impactos decorrentes das transformações que este segmento produtivo deparou nos anos 90. Ofaturamento da indústria têxtil-vestuário de SC não apresentou evolução crescente em seu total ao longo da década de 90, registrando comportamento de queda entre 1990/93 e de estabilidade de 1994/98. No início da década, a indústria têxtil estadual chegou a registrar queda acentuada de 48% no valor em relação ao registrado em 1990, e a partir de 94 o valor permaneceu estável em torno de US$ 2,3 bilhões/ano, próximo ao do início da década, US$ 2,5 bilhões (Schulz, 1999 p. 63). O movimento de estabilidade, a partir de 1994, no valor do faturamento total em nível estadual, foi seguido pela amostra de empresas selecionadas do arranjo produtivo têxtil-vestuário em estudo, com o faturamento total não evidenciando ascendência de crescimento anual, mantendo-se ao redor de R$ 1,2 bilhões/ano (ver tabela 25). Este desempenho aponta que as empresas da amostra não registraram perdas significativas nos níveis de faturamento. No tocante à evolução da mão-de-obra empregada nos anos 90, registra-se que a indústria têxtilvetuário estadual apresentou evolução decrescente no número de empregados até 1997, chegando a registrar queda em torno de 13.000 empregos entre 1994/97. Porém, este setor voltou a contratar mão-de-obra, a partir de 98, evidenciando sinais de início de uma trajetória favorável para o emprego têxtil-vestuário (Schulz, 1999 p. 63) Este comportamento também foi verificado para a amostra de empresas selecionadas para o estudo do arranjo produtivo têxtil-vestuário, o número de empregados por ano decresce, chegando a redução de 1/3 de seu total em 1998 em relação a 1990, porém mostra sinais de recuperação a partir de 1999(ver tabela 25). No âmbito das exportações, a performance da indústria têxtil-vestuário de SC, apresenta movimentos ascendentes entre 1991/93 e decrescente de 1994/98, à exceção de 1997, quando ocorre pequena reversão do ciclo. Estudo realizado com dados do Sintex – Blumenau, sobre o comportamento das exportações no Vale do Itajaí no segmento dos produtos cama, mesa e banho, observa que, enquanto entre 1991/98, as exportações brasileiras cresceram 61.0%, com um crescimento anual de 7,0%, as exportações do Vale do Itajaí cresceram 25,3%, com apenas 3,2% a.a., e a participação das exportações desta região em relação às exportações brasileiras 57 decresceu de 68,7% para 53,3%. Este mesmo estudo aponta tendência declinante no segmento de confecções, com as exportações da região, a partir de 1994, chegando a representar 55,2% das exportações catarinenses, quando outrora esta representatividade era de 94,9%, assim como decresce a participação em relação às exportações brasileiras de 68,4% para 48,9% (Schulz, 1999, p. 74-76). Esta redução é acompanhada, no presente estudo, pelas empresas selecionadas do arranjo produtivo têxtil-vestuário, onde se constatou trajetória de declínio no percentual para o mercado externo, com o final da década registrando menos de 10% em 1998, quando outrora chegara a 20,5% em 1993 (ver tabela 25). Tabela 25: Faturamento, empregados, capacidade instalada e vendas Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina 1990 - 1999 Capacidade Faturamentoa Empregados Vendas Instalada Anos Merc. Merc. Valor (mil R$) Preços de 1999 Variação (%) Nº Empresas 1990 762.270,9 0,0 15 1991 745.873,2 -2,1 16 1992 726.274,0 -2,6 18 1993 1.059.154,1 46,0 19 1994 1.162.141,6 9,7 25 1995 1.139.153,8 -2,0 26 1996 1.211.355,0 6,3 28 1997 1.236.566,3 2,0 28 1998 1.227.974,5 -0,7 29 1999 1.283.718,3 4,5 29 Número 32.49 7 30.65 9 30.76 4 30.42 7 29.60 5 25.55 4 24.90 5 22.71 0 21.95 1 26.69 3 Variação (%) Nº Empresas 0,0 22 -5,6 22 0,3 23 -1,1 23 -2,7 25 -13,7 27 -2,5 29 -8,8 29 -3,3 29 21,6 36 Toneladas 144.510,1 1 132.877,1 1 140.048,1 1 137.644,8 3 135.552,2 3 130.768,9 2 152.890,4 4 165.269,0 7 170.717,7 6 185.986,2 1 Nº Empresas Nº Empresas Interno/Vol. Prod. (%) Externo/Vol. Prod. (%) 10 91,4 8,6 13 10 87,7 12,3 14 10 80,4 19,6 16 10 79,5 20,5 17 10 84,6 15,4 20 10 87,9 12,1 22 12 89,0 11,0 24 13 89,3 10,7 24 13 90,7 9,3 25 14 88,3 11,7 25 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas valores deflacionados pelo IPA têxtil No contexto das importações, observa-se o estudo realizado com dados do Sintex, que a indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí manteve estabilizada a demanda por matérias-primas, insumos e equipamentos no período de 1991/93, porém a partir de 1994, em face de moeda nacional estar sobrevalorizada e condições de pagamentos favoráveis, tornou-se vantajosa a demanda externa por esses itens. Segundo esta fonte, no primeiro período, as importações de matérias-primas e insumos situaram-se em US$ 34 bilhões a.a. em média, mas alcançaram o valor médio de US$ 68,2 milhões a.a., no segundo período (Schulz, 1999, p. 74-76). Este mesmo procedimento ocorreu em relação às importações de equipamentos a partir de 94, segundo registro da pesquisa de campo realizada com as empresas do arranjo produtivo têxtil-vestuário do Vale do Itajaí. Cresceram as aquisições de equipamentos, sobretudo pelas grandes e médias empresas, amparadas não só pelas condições favoráveis citadas mas também pelos programas estadual e federal de incentivo à reestruturação do parque fabril. Em correspondência, constatou-se para o 58 conjunto destas empresas selecionadas aumento da capacidade instalada anual, sobretudo a partir de 1996 (ver tabela 25). Mesmo considerando a redução da participação das exportações de SC, do Vale do Itajaí e da amostra de empresas do arranjo produtivo têxtil-vestuário em estudo, certas empresas grandes procuraram manter suas vendas para o exterior, algumas até com cerca de 50% do valor produzido em exportação, enquanto outras procuraram reduzir substancialmente e eleger o mercado interno como prioritário por certo momento, algumas que chegaram a deter 30% da produção para exportação reduziram para menos de 10% a produção para o mercado externo. Porém, evidências mostraram que, em face da estabilização dos preços na economia, nova adequação das tarifas de importação para os produtos têxteis-vestuários e prolongada política de valorização cambial, as empresas em média procuraram dedicar-se, em grande parte de sua produção, para o mercado interno. Segundo estrato de tamanho de empresas selecionadas do arranjo produtivo têxtil-vestuário em estudo, as pequenas dedicam 90,5, as médias 96,0% e as grandes 83,9% da produção para o mercado interno (ver tabela 26). Tabela 26: Demonstrativo dos principais indicadores da indústria têxtil-vestuário Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina 2000 Empresas Indicadores Grandes Valores Médios Faturamento bruto (R$) Médias Qtd Valores Médios 99.629.126,92 12 13.642.045,60 Pequenas Qtd Valores Médios Qtd 4 2.584.663,77 13 No de empregados 1.784 12 303 4 57 13 Faturamento/empregado 55.846 12 45.023 4 45.345 13 Volume de produção (ton) 14.711,34 11 882,67 3 306,59 11 Produtividade Destino mercado interno (%) Destino mercado externo (%) 8,25 11 2,91 3 5,38 11 83,88 11 96,00 3 90,55 11 16,12 11 4,00 3 9,45 11 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas ,PSDFWRVGDVPXGDQoDVHVWUXWXUDLVQDGpFDGDGH A indústria têxtil brasileira adentrou os anos 90 apresentando um conjunto de características que contribuíram para o atraso relativo em relação aos seus concorrentes internacionais. A indústria conviveu até então com uma política protecionista expressiva baseada em elevadas alíquotas de importação, que para alguns produtos ultrapassavam 100%, e por barreiras não-tarifárias, tais como, critérios de similaridade nacional e licença para importação; com baixos custos salariais em relação aos países desenvolvidos; e com um setor ofertador de equipamentos têxteis ausente em tecnologias avançadas. Com baixíssimo nível de exposição e fortemente direcionada para o mercado interno, a indústria desenvolveu-se sob defasagem tecnológica e ineficiente forma organizacional. A exceção a este padrão coube às poucas grandes empresas que procuraram derivar parte do faturamento do mercado internacional, que por força das exigências do mercado e das condições institucionais favorecidas procuram realizar atualização tecnológica na estrutura produtiva em busca de redução de custos e aumento da produtividade 59 Porém, o quadro alterou-se nos 90. A indústria têxtil-vestuário, a exemplo dos outros segmentos industriais, deparou-se com o processo de abertura econômica em que as alíquotas de importação foram fortemente reduzidas e as barreiras tarifárias foram eliminadas. No mesmo momento, a direção da política econômica de conteúdo recessiva voltada a estabilizar os preços da economia impactou o mercado interno, levando a redução da demanda para os produtos têxteis-vestuários e da capacidade financeira das empresas para enfrentarem este ambiente econômico. Diante desta conjugação de fatos, a indústria teve que tomar medidas visando se ajustar aos novos condicionantes, apresentando respostas diferentes por empresas e por sub-segmentos da cadeia produtiva, corroborada pelas características estruturais da própria indústria têxtil-vestuário. Em nível geral, pode-se fazer duas grandes divisões nos anos 90: 90/93 e 94/99. No primeiro período, o impacto da abertura econômica e o convívio com quadro econômico recessivo interno conduziram as empresas têxteis-vestuários a fazerem ajustes defensivos com o objetivo de redução de custos que permitissem manter em atividade. Os ajustes implementados foram cirúrgicos, abruptos e emergências visando à sobrevivência, sem privilégio de adoção de estratégias ofensivas. As empresas procuraram defender as margens de lucro, ter aversão ao risco e preservar negócios rentáveis. Para tanto, adotaram medidas defensivas nas formas de desativar unidades produtivas, enxugamento das estruturas administrativas, diminuição das linhas de produção, ampliação das importações etc. Porém, é no segundo período que as empresas têxteis-vestuários se depararam com um conjunto de ocorrência que contribuem para adotarem estratégias voltadas a promover forte reestruturação produtiva com o objetivo de modernizar e expandir a capacidade produtiva. Destacam-se as principais ocorrências: advento do Plano Real voltado à estabilização dos preços da economia, apreciação da moeda nacional em relação ao dólar, à revisão de tarifas de importação para certos produtos têxteis-vestuários, medidas de estímulo à demanda de máquinas e equipamentos importados e a implantação de uma política de financiamento a longo prazo para a reestruturação do parque produtivo setorial. Em conseqüência, num espaço que se prolongou até o final da década, as empresas compraram máquinas e equipamentos mais atualizados tecnologicamente, expandiram as plantas industriais, investiram em outras regiões, adquiriram matérias-primas qualificadas para seus processos de especialização produtiva, dedicaram-se a programas de treinamento e qualificação de mão-de-obra etc. Por sua vez, o impacto destas ocorrências foi diferenciado por tamanho de empresas, sendo que as pequenas empresas tiveram dificuldades de adotar estratégias reestruturantes em face da elevação dos preços das máquinas e equipamentos por conta da incorporação das novas tecnologias e da fragilidade financeira que se prolongava desde a abertura comercial e da retração do mercado interno, dificultando as decisões de investimento. Como respostas, procuraram encontrar meios fora das regras institucionais para manterem-se na atividade econômica, destacando-se o aumento da informalidade expressa pela precariedade das relações de trabalho, prática de sonegação fiscal, desconsideração com o meio ambiente etc. Os principais impactos do processo de reestruturação sobre o arranjo produtivo têxtil-vestuário local foram: fechamento da unidade de fiação em algumas empresas; ocorrência de processo de desverticalização, em parte do processo produtivo, como no segmento de fiação e confecção; aumento da participação de terceiros no total da produção em algumas empresas; orientação a elevar o valor agregado dos produtos; esforços para aumentar a qualificação dos trabalhadores através de cursos e treinamentos internos e externos; preocupação com a qualidade manifestada através de maior controle no processo produtivo e de relações próximas com fornecedores de insumos e equipamentos externos ao arranjo; preocupação com o GHVLJQ e com o desenvolvimento da marca como elementos de vantagem competitiva; política de enxugamento de pessoal e suprimento de níveis hierárquicos nos quadros funcionais; e implantação de novas 60 formas gerenciais e organizacionais que levaram à modernização e ampliação das plantas industriais, traduzindo em maior produtividade e competitividade para as empresas do arranjo produtivo têxtil-vestuário. O movimento de reestruturação conduziu, no arranjo produtivo, ao aumento do número de equipamentos com dispositivos eletrônicos, redução da idade média dos equipamentos, introdução de modernas técnicas organizacionais e de novos sistemas de informação, elevação do nível de qualificação da mão-de-obra, importância à infra-estrutura tecnológica com destaque para a presença de laboratórios de GHVLJQ e de aumento de gastos destinados a P&D, crescimento nas demandas por serviços tecnológicos para ensaios, testes etc., que, no conjunto, evidenciaram capacidade de resposta do arranjo à nova realidade de mercado. (IHLWRVVREUHDVHVWUDWpJLDVHPSUHVDULDLV Em consonância com esta dinâmica, as empresas pertencentes aos estratos pequeno, médio e grande, apontaram em sua maioria, como principal resposta por ordem de importância, a realização de estratégias voltadas à promoção de melhorias nos equipamentos e processos produtivos para se adequarem ao processo de abertura dos anos 90. Da mesma forma, com apenas variação de ordem nas respostas, apontaram como segunda e terceira ordens de importância à adoção de estratégias de introdução de inovação de produtos e inovação de processos (ver tabela 27). Tabela 27: Adequação da empresa ao processo de abertura nos anos 90 Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina 2000 Ordenamento das formas de adequação Formas de Adequação Empresas Empresas Empresas Grandes Médias Pequenas Promoveu importantes melhorias nos 1 1 1 equipamentos e processos produtivos Promoveu apenas mudança organizacional 6 5 6 Introduziu inovação de produto 2 3 2 Introduziu inovação de processo 3 2 3 Fez arranjos cooperativos com empresas e 7 7 7 instituições de pesquisa Capacitou internamente os recursos humanos 4 4 4 Empenhou-se no aprendizado tecnológico 5 6 5 Buscou outras formas de financiamento 8 7 8 Outros 9 9 A empresa não foi afetada e não alterou sua 10 estratégia Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas Em associação às medidas de melhorias nos equipamentos e processos produtivos e introdução de inovações de processos e produtos para enfrentarem o novo ambiente econômico, as empresas têxteis-vestuários têm adotado estratégias voltadas ao aprofundamento de área de especialização produtiva. Neste sentido, buscam reduzir o escopo de suas ações e concentrar esforços produtivos em poucas linhas de produto e para determinada faixa do mercado consumidor. Com isso definem a área de FRUHFRPSHWHQFH e se distinguem de concorrentes. Enquanto as pequenas e médias empresas buscam adotar estratégias voltadas à produção de artigos populares de menor 61 valor agregado, a partir das condições técnicas e organizacionais e de espaços livres de mercado, as grandes empresas buscam penetrar em nichos de mercado de produtos de maior valor agregado. Estas últimas têm como objetivo estratégico atuar em segmento de mercado que privilegie a qualidade, explorar o potencial da diferenciação de produtos, obter maior remuneração por produto e fugir dos competidores externos - Paquistão, Índia, China etc. - que concorrem com grandes quantidades de produtos têxteis-vestuários nos segmentos de menor valor agregado. Através da estratégia de especialização, as empresas procuram dedicar-se cada vez mais ao atendimento do seu mercado final, ofertando produtos com características próprias e procurando ser diferente de seus correntes no mercado. Em consonância com a estratégia de especialização em produtos com maior grau de sofisticação, as grandes empresas estão explorando a marca como estratégia de mercado. Buscam usar a marca como veículo para aumentar a penetração em nichos de mercado e obter maior identidade do consumidor aos seus produtos. As empresas possuem várias marcas voltadas para diferentes faixas do mercado consumidor, e lançam para cada marca várias coleções por ano. Isto exige capacidade de renovar, e inovar de forma continuada os produtos para estar presente com freqüência nos mercados com novidades. Para tanto, algumas empresas buscam fazer estudos do mercado em que desejam atuar, faixa etária do consumidor, classe social pertencente, principais preferências etc., para desenvolver um produto representado por uma marca que se ajuste a esse determinado consumidor. Para explorar a marca como estratégia de venda e fixação no mercado, determinadas empresas têm recorrido ao uso de personagens que exerçam fascínio e possam exercer influência sobre o consumidor no sentido de não só aumentar, mas também captar consumidores para seus produtos. Neste sentido, é comum a utilização da imagem de artistas, atletas, executivos etc., como meio para divulgar produtos têxteis-vestuários do arranjo. Em correspondência, procuram adotar estratégia de PDUNHWLQJ para divulgação de seus produtos, recorrendo às agências de publicidade especializadas. Da mesma forma, algumas empresas têm-se vinculado à marca com o sistema de distribuição de seus produtos. Para tanto, criam lojas próprias para explorar determinadas faixas do mercado, com isso o consumidor ganha opção de local para escolha específica de suas compras. Existem no arranjo empresas que possuem dezenas e até mais de 100 lojas próprias distribuídas no país. Atualmente as estratégias estão se voltando para a criação e expansão de loja específica para determinado tipo de consumidor. Para explorar a marca, certas empresas têm recorrido à estratégia de produzir através de licenciamento. Com as licenças de produção, identificam um filão do mercado e buscam focar suas ações que podem estender-se do licenciamento de marcas de linha popular, a linhas de produtos de luxo. Tal estratégia tem permitido muitas empresas entrarem em mercados externos que dificilmente teriam condições de entrar com marca própria. Da mesma forma, a produção de licenciados pelas empresas locais tem ocorrido a partir do aparecimento de grande número de novas marcas internacionais no mercado interno. Este procedimento tem-se mostrado crescente no arranjo produtivo e contribuído de forma significativa no faturamento das empresas. Porém, a adoção desta estratégia tem sido tomada com cautela em face de que algumas experiências têm demonstrado que nem sempre o licenciamento para produzir uma marca internacional garante bom negócio. Em correspondência ao processo de produzir com marcas de terceiros, tem-se verificado no arranjo produtivo, ações estratégicas de empresas voltadas a produzirem para JULIIHV internacionais de maior padrão de qualidade. Este processo diferencia-se do licenciamento comum de produzir, utilizando marcas para colocação em mercado que as empresas produtoras têxteis-vestuários desejarem. O atendimento das exigências de qualidade das JULIIHV internacionais tem sido, em muito facilitado, pelo processo de reestruturação produtiva levado a 62 cabo nesta década, que colocou, sobretudo as grandes empresas do arranjo em linha com o padrão produtivo internacional. Em geral, todas as grandes empresas têxteis-vestuários têm, recentemente, estabelecido contrato com JULIIHV americanas e/ou européias. Visando penetrar em diferentes mercados, as empresas estão adotando estratégias que visam melhorar o sistema de logística e distribuição. Para tanto, estão investindo em sistemas informatizados que permitem interagir as disponibilidades real ou programada de mercadorias com a venda em tempo real. Buscam integrar a logística interna com a distribuição externa de forma automatizada que permite o controle da entrega das mercadorias. Em nível interno, as empresas criam formas de operar até três turnos, dia e noite, e para a distribuição externa contam com serviços de transportes terceirizados que passam por avaliação de desempenho e garantem a continuidade dos contratos de parcerias. Tais procedimentos têm permitido muitas empresas atenderem um pedido de compra através de embarque da mercadoria em qualquer parte do país no mesmo dia. Com isso, superam dificuldades postas pelo tamanho do mercado interno, distribuição geográfica dos postos de venda, volatilidade do mercado consumidor, sazonalidade da produção – estação, coleção etc. que poderiam criar barreiras à obtenção de competitividade na comercialização dos produtos. As estratégias das empresas em favor da desverticalização mostram-se distintas por tamanho de empresas e por etapas do processo produtivo têxtil-vestuário. O quadro atual aponta que as grandes empresas, em sua maioria, mantêm-se integradas senão em toda a cadeia, mas em boa parte dela, sendo a confecção o sub-segmento onde ocorre forte desverticalização, porém não na totalidade. Neste sub-segmento existem grandes empresas que continuam intensificando o processo de desverticalização, enquanto outras acham que em face da produção ser cada vez mais especializada e em diferenciação constante, faccionistas não teriam condições de atender a estas exigências. Neste jogo, as estratégias das grandes empresas continuam em direção da desverticalização, com as relações contratuais sendo aperfeiçoadas em favor do maior controle da qualidade dos produtos terceirizados. Entende-se que as estratégias de desverticalização estão ocorrendo em maior intensidade no final da cadeia produtiva, em face do caráter capitalintensivo que assumiram as outras etapas produtivas, as especificidades técnico-produtivas que interligam as fases da cadeia produtiva exigir maior homogeneidade tecnológica entre as partes e a opção do empresariado de aproveitar as condições institucionais oferecidas para reestruturar a planta industrial de forma mais ampla possível. Um fato relevante que tem provocado mudança no direcionamento estratégico das empresas do arranjo produtivo têxtil-vestuário, é a possibilidade de aumentar a participação no comércio internacional a partir da desvalorização cambial ocorrida em janeiro de 1999. As empresas que reduziram, de forma significativa, a participação das exportações no faturamento a partir de 1994; outras que desativaram seus escritórios de representação comercial em outros países; e aquelas que até então não tinham participação no comércio internacional estão se reestruturando para terem atuação mais ativa neste mercado. Diante deste novo cenário, as empresas projetam expandir de 50 a 100% os níveis atuais de faturamento com exportação. As ações estratégicas têm variado entre empresas, desde montar filiais comerciais no exterior, contratar WUDGHUV, participar em feiras e eventos internacionais, reestruturar unidades fabris voltadas somente para exportação, fechar contratos com JULIIHV, refazer contatos etc. Esta estratégia está gerando um circulo virtuoso na cadeia produtiva com os fornecedores se beneficiando da tendência do crescimento das exportações com projeções de aumento das vendas de seus insumos, com o encarecimento das importações concorrentes e com a possibilidade de também se inserirem no mercado externo. Visando inserir as PMEs no comércio internacional, o CIN da Fiesc está formando consórcios de exportação, onde estas adquirem potencial de exportação a partir da otimização de esforços de 63 produção e comercialização. As empresas participantes deste projeto podem produzir para exportação produtos diferentes, bem como fabricarem produtos para serem vendidos com a mesma marca. As despesas com o envio de amostras, contratação de WUDGHUV, adequação jurídica, desembaraço alfandegário etc., são divididas entre seus participantes. Os resultados positivos obtidos com a primeira experiência de formação de consórcio, em que um número próximo de 100 empresas estive presente, têm estimulado outras PMEs a formularem estratégias neste sentido. A realização de esforços para aumentar a participação no mercado externo, tem sido acompanhada da estratégia de colocar a marca própria em outros mercados. A maior parte das exportações ocorre na forma SULYDWHODEHO, onde as empresas fazem produtos que usam a marca de terceiros. Dadas as maiores dificuldades de se penetrar em mercados internacionais mais exigentes, as empresas estão adotando a estratégia de colocar as marcas próprias no Mercosul. Esta estratégia soma-se às facilidades que o mercado regional possibilita em termos de redução de impostos, menores entraves burocráticos, manutenção de regras, atendimento em tempo hábil, bem como a facilidade de penetração publicitária, proximidade cultural etc. )OX[RVGRVLQYHVWLPHQWRVGLUHWRVH[WHUQRVQRVDQRV A reação das empresas produtivas do arranjo têxtil-vestuário ao fluxo de investimentos diretos externos situa-se em um movimento com três características não-excludentes: em primeiro lugar, afirmam que não foram afetadas por estes fluxos, em segundo lugar, procuraram capacitar-se para enfrentar concorrentes concentrando investimentos nas áreas de maior competência, e, em terceiro lugar, buscaram apoio em programas de fomento - financiamento e incentivo - à indústria (ver tabela 28). Por outro lado, a pesquisa registrou que duas empresas, de grande porte, passaram a ser controladas por agentes externos ao arranjo, sendo uma delas por empresa estrangeira. Tabela 28: Reação da empresa aos novos fluxos de investimento direto externo Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Ordenamento das reações Formas de Reação Empresas Empresas Empresas Grandes Médias Pequenas Fez associações com empresas nacionais - - - Fez associações com empresas multinacionais Concentrou investimentos em áreas de maior competência produtiva Buscou apoio em programas de fomento (financiamento, incentivos) à indústria Realizou projetos voltados a alianças tecnológicas com outras empresas Outras A empresa não foi afetada e não alterou sua estratégia - - - 2 1 2 3 2 3 - - 4 - 3 - 1 4 1 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas Pode-se afirmar que este último fato é isolado no âmbito do arranjo, uma vez que o investimento direto externo está concentrando suas estratégias ofensivas em outros setores da economia, tais como no setor de serviços, em particular nos segmentos que foram privatizados - telefonia, 64 energia etc. - e nos segmentos que estão sendo disputados pelos governos estaduais através da renúncia fiscal como o automobilístico, auto-peças etc. Por outro lado, as empresas estrangeiras do setor têxtil-vestuário não necessariamente precisam estabelecer unidades fabris no mercado interno para terem seus produtos adquiridos pelos consumidores, pois os processos de abertura e o de desregulamentação criaram e facilitaram as condições de acesso aos importados no mercado nacional. 3ULQFLSDLVIRQWHVGHILQDQFLDPHQWRIUHTHQWHPHQWHXWLOL]DGDVSHODVHPSUHVDVORFDLV As fontes de financiamentos de investimentos utilizadas pelas empresas do arranjo têxtilvestuário apresentam-se distintas por tamanho. As pequenas empresas consideram importante (35,7%) e muito importante (64,3%), o uso de recursos próprios em contraposição a outras fontes de financiamento. Preferem utilizar o autofinanciamento e não recorrer a financiamento de bancos públicos e privados ou tomar empréstimos externos. As médias e grandes empresas, por sua vez, fazem um PL[ de composição de fontes de financiamento, dando graus de importância distintos para os itens. O uso de recursos próprios é considerado muito importante para as grandes (53,8%), mas é considerado de pouca relevância para a média (42,8%), no mesmo sentido é revelado como fonte utilizada de muito importante os recursos externos para as grandes, esta forma é parcialmente reconhecida pelas empresas médias como muito relevante para os investimentos (28,6%). Cabe destacar, em especial, para as médias e grandes empresas têxteis-vestuários, o uso de financiamentos de bancos oficial comercial – Banco do Brasil S.A. e de desenvolvimento – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, Banco de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina - Badesc -, sobretudo deste último segmento bancário, cuja apreciação das empresas foi considerado muito importante (42,9% e 30,8% respectivamente) por estes extratos de empresas (ver tabela 29). Estas instituições financeiras são repassadoras de recursos dos programas específicos - Prodec, Proex, Programa de Investimentos/BNDES - promovidos pelos governos federal e estadual, cujas empresas médias (42,9%) e grandes (50,0%) são tomadoras principais (tabela 30). Tabela 29: Principais fontes de financiamento utilizadas pela empresa Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina 2000 Empresas (%) Fontes de Grandes Médias Pequenas Financiamento Recursos próprios Banco oficial comercial Banco oficial de desenvolvimento Bancos privados Recursos externos Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas Sem importante Pouco importante 7,7 - Importante Muito importante 53,8 - Pouco importante Importante Muito importante 53,8 38,5 14,3 42,8 14,3 28,6 53,8 23,1 23,1 23,1 Sem importância Pouco importante Importante Muito importante - - 35,7 64,3 - 61,5 30,7 7,8 57,1 - 42,9 46,1 30,8 42,8 - 14,3 42,9 61,5 7,7 7,7 23,1 - 42,9 14,3 61,5 7,7 7,7 23,1 - - 15,4 7,7 30,8 7,7 42,8 15,4 23,1 23,1 38,4 57,1 14,3 - - Sem importância 28,6 84,6 65 Tabela 30: Participação da empresa em programas específicos para o segmento promovido por diferentes âmbitos do Governo Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Itens Empresas (%) Grandes Médias Pequenas Não participaram/participam 50 57,1 86,7 Participaram/participam 50 42,9 13,3 Tipos de programas Quantidade de empresas Prodec - Têxtil 12 Proex 1 BNDES 2 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas A demanda por financiamento público do BNDES e Badesc - foi uma grande medida destinada a processos de reestruração produtiva. O BNDES, no período de maio de 96 a julho de 98, estabeleceu o Programa de Apoio à Modernização do Setor Têxtil, através de linha específica de crédito. Este recurso era destinado para investimento em imobilizado, treinamento de mão-deobra e capital de giro associado às máquinas e equipamentos. Por sua vez, os recursos do ProdecTêxtil do governo estadual referem-se ao programa, criado em 1997, voltado à incentivos com a postergação do recolhimento do ICMS, cobre até 75% do referido imposto por 10 anos de fruição do incentivo e 5 anos de carência para amortização desde que inserissem em programa de reestruração produtiva. No âmbito do Programa de Apoio ao Setor Têxtil desenvolvido pelo BNDES, o Estado de Santa Catarina constituiu o principal demandador de recursos em nível nacional. Foram 39 operações de crédito envolvendo recursos da ordem de US$ 64.914 mil. Estes valores são expressivos se comparado com os estados de Minas Gerais e São Paulo, considerados dois dos principais pólos têxteis-vestuários do país, que demandaram recursos da ordem de US$ 47.931 mil e US$ 37.711 mil, respectivamente. A participação de 29,84 % do total dos recursos indicou que as empresas têxteis-vestuários existentes em SC, e principalmente as situadas no arranjo produtivo em estudo, recorreram a financiamentos para reestruturação produtiva com o intuito de aumentarem as condições competitivas de forma a melhor se posicionarem no mercado concorrencial (tabela 31). 66 Tabela 31: Desembolsos do sistema BNDES no programa têxtil segundo unidades da federação -Brasil - 2000 Objetivo N. Operação Ceará Espírito Santo Minas Gerais Paraíba Piauí Paraná Rio de Janeiro Rio Grande do Sul Santa Catarina Sergipe São Paulo 7RWDO 15 01 19 02 03 05 07 20 39 05 23 139 Valor liberado US$ % do total 22.212.003,00 699.838,00 47.931.887,00 134.250,00 5.851.449,00 232.928,00 21.311.073,00 9.728.086,00 64.914.950,00 6.783.554,00 37.711.112,00 217.511.130,00 10,21 0,32 22,04 0,06 2,69 0,11 9,80 4,47 29,84 3,12 17,34 100,00 Fonte: BNDES - DEPLAN Para os próximos cinco anos, as empresas do arranjo produtivo têxtil-vestuário, no seu conjunto, pretendem investir, por ordem, primeiro em modernização de plantas já existentes, segundo em ampliação de plantas já existentes, e terceiro na implantação de nova fábrica. Destacam-se as perspectivas de investimentos das grandes e médias empresas, que amparadas pela maior capacidade de inserção no mercado, revelam como projetos prioritários, a expansão e a modernização da estrutura produtiva existente (92,8% e 50,0%) e a ampliação para elevar a capacidade (92,8% e 35,71% respectivamente). Enquanto as pequenas empresas pretendem prioritariamente investir em modernização de plantas já existentes (85,7%) com objetivos de redução de custo e/ou aumento da produtividade e ampliação da produção (66,7% e 63,6% respectivamente) (ver tabela 32). Tabela 32: Perspectiva dos investimentos da empresa para os próximos cinco anos Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas Formas de investimento Grandes Médias Pequenas Total Qtd % Qtd % Qtd % Qtd % Aquisição de plantas já existentes 3 21,43 0 - 1 7,14 4 11,43 Implantação de nova fábrica Modernização de plantas já existentes Ampliação para aumento da capacidade Total 4 28,57 1 7,14 4 28,57 9 25,71 13 92,86 7 50,00 12 85,71 32 91,43 13 92,86 5 35,71 0 - 18 51,43 14 7 14 35 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas Os objetivos dos investimentos para os próximos cinco anos, considerados como muito importantes, serão para melhoria na qualidade de produto para o mercado interno e adequação às exigências do mercado internacional (ver tabela 33). O primeiro bloco de preferências aponta que, para os próximos anos, investimentos serão para melhoria na qualidade do produto para 67 atender ao mercado interno. Esta intenção, colocada para todo o tamanho de empresas, reforça a vocação histórica da indústria têxtil-vestuário de continuar preferencialmente a produzir para o mercado doméstico. Por sua vez, a produção para o mercado externo, apesar de importante para a grande e média empresa, tem para a primeira, maior dimensão, razão pela qual existem esforços para se adequar às exigências do mercado internacional. No tocante às pequenas empresas, são poucas as que pretendem fazer investimentos para atender ao mercado externo. Tal postura está relacionada ao horizonte empresarial deste segmento, que em face do pequeno porte e da especialização produtiva voltada para produtos de menor sofisticação tecnológica, limita-se, em sua maioria, a adotar investimentos voltados para o mercado interno. A tradução destas perspectivas de investimentos em valores indica que as empresas têxteisvestuários da amostra pretendem investir o total de US$ 206,6 milhões de 2000 até 2004 (ver tabela 34). A trajetória de evolução dos investimentos evidencia expectativas distintas para as empresas que participam do arranjo produtivo têxtil-vestuário local. As maiores expectativas de gastos com investimentos ocorrem com as grandes empresas, amparadas, em muito, pela inserção nos mercados interno e externo. Estas expectativas podem se materializar em face da perspectiva de em renovar as condições de financiamento de longo prazo para o setor têxtilvestuário e do aquecimento dos mercados interno e externo ocasionado a partir da desvalorização cambial de 1999. Tabela 33: Objetivos dos investimentos da empresa nos próximos cinco anos Indústria têxtil/vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas (%) Objetivos dos Grandes Médias Pequenas Investimentos Sem importância Pouco importante Importante Muito importante Sem importância Pouco importante Importante Melhoria na qualidade do produto 7,7 - 38,5 53,9 - 14,3 para o mercado interno Adequação às exigências do - 23,1 76,9 14,3 28,6 14,3 mercado internacional Diversificação da 7,7 23,1 23,1 46,1 14,3 - 42,8 produção Ampliação da - 46,1 53,8 - 57,1 produção Controle ambiental (para atender a 15,4 - 46,1 38,5 57,1 14,3 14,3 legislação) Redução de custo/ aumento de - 15,4 84,6 - 28,6 produtividade Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas Muito importante Sem importância Pouco importante 85,7 - - 42,8 60 - Importante Muito importante 66,7 33,3 20 20 42,9 18,2 18,2 45,4 18,2 42,9 9,1 - 14,3 60 - 71,4 - - 27,3 63,6 10 30 33,3 66,7 68 Tabela 34: Estimativa dos investimentos da empresa para os próximos cinco anos Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina 2000 Valores em86 Estimativa dos investimentos Anos Empresas % do Médias Pequenas Total 7.648.000,00 24 2.464.233,00 2000 21.939.010,00 % do Total 68 2001 22.087.244,00 73 5.858.000,00 19 2.165.678,00 7 30.110.922,00 2002 38.519.687,00 83 5.858.000,00 13 2.194.078,00 5 46.571.765,00 2003 39.852.221,00 83 5.858.000,00 12 2.533.078,00 5 48.243.299,00 2004 41.232.610,00 83 5.858.000,00 12 2.630.078,00 5 Total 163.630.772,00 79 31.080.000,00 15 11.987.145,00 6 49.720.688,00 206.697.917,0 0 Grandes % do Total Total 8 32.051.243,00 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas ,QIOXrQFLDGR0HUFRVXOHREVWiFXORVSDUDUHODo}HVFRRSHUDWLYDV A formação do mercado regional - Mercosul - vem influenciando as estratégias das empresas que compõem o arranjo produtivo têxtil-vestuário. A criação deste mercado conduziu a maior acirramento concorrencial entre empresas, segundo as respostas da maioria das empresas, ocupando o segundo lugar entre as grandes, e terceiro lugar entre as médias e pequenas empresas, em grau de importância. Esta consideração tem levado as empresas, em todos os segmentos estudados, a adotar estratégia para ampliar a estrutura de vendas para os países participantes deste mercado. Esta estratégia assume maior importância, primeiro, para as grandes e pequenas, e segundo, para as médias empresas (ver tabela 35) Os obstáculos, considerados como muito importantes, que impedem maiores relações cooperativas entre as empresas que compõem o Mercosul, são a desarmonia entre as políticas macroeconômicas dos países e os entraves fiscais. Estes obstáculos de ordem macroeconômica foram citados em maior proporção pela grandes (75% e 75%) e pequenas ( 50% e 75%) em relação às médias empresas ( 20% e 0%, respectivamente). Cita-se, também, como obstáculo importante, as dificuldades de acesso às informações, sobretudo pelas grandes (71,4%) e pequenas (66,6%) (ver tabela 36). 69 Tabela 35: Influências do Mercosul sobre a estratégia da empresa Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Ordenamento das influências Influências Empresas Empresas Empresas Grandes Médias Pequenas Levou à formação de alianças cooperativas com empresas dos países do Mercosul, voltadas para 7 melhorias na produção Conduziu a um maior acirramento concorrencial com 2 3 3 empresas dos países do Mercosul Levou a empresa a realizar investimentos nos países 5 do Mercosul Levou a empresa a maior integração com empresas 6 4 4 locais na busca de maior especialização produtiva Levou a empresa a realizar esforços junto a governos em favor de tratamento mais eqüitativo às empresas 3 5 locais Levou a empresa a ampliar sua estrutura de vendas 1 2 1 para os países do Mercosul Considera que não houve influência importante 4 1 2 Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas Tabela 36: Principais obstáculos que impedem uma maior relação cooperativa entre a empresa e as empresas dos países do Mercosul Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas (%) Grandes Médias Pequenas Obstáculos Sem importância Pouco importante Importante Muito importante Sem importância Pouco importante Importante Muito importante Ausência de interesses 14,2 28,6 28,6 28,6 40,0 20,0 20,0 20,0 comuns de negócios Dimensão limitada do 28,6 28,6 42,8 - 60,0 40,0 mercado Dificuldades de acesso às - 28,6 71,4 - 60,0 - 20,0 20,0 informações de negócios Dificuldade de maior 100, aproximação com - 12,5 37,5 50,0 0 empresários de outros países Desarmonia entre as políticas macroeconômicas 25,0 75,0 40,0 40,0 20,0 dos países Sem importância Pouco importante Importante Muito importante 66,7 - - 33,3 66,7 - 33,3 - 33,3 - 66,7 - 33,4 - 33,3 33,3 25,0 - 25,0 50,0 Entraves fiscais - 12,5 12,5 75,0 80,0 20,0 - - 25,0 - - 75,0 Dificuldade na realização de acordos cooperativos com empresas de outros países - 50,0 33,3 16,7 80,0 20,0 - - 33,3 - 66,7 - Fonte: Pesquisa de Campo Amostra de 36 empresas Em síntese, as principais conclusões sobre a trajetória recente do arranjo são: 70 a) o faturamento das empresas têxteis-vestuários não apresentou evolução crescente ao longo da década, manteve-se estável de 1994 até 1999; b) a evolução da mão-de-obra mostrou forte trajetória decrescente até 1997 e passou a apontar sinais de recuperação a partir de1998; c) o comportamento das exportações do arranjo registrou crescimento entre 1991/93 e contínuo decréscimo até 1998 mas, a partir de 1999, passou a evidenciar sinais de recuperação. Já as importações mantiveram-se estabilizadas no período de 1991/93 e elevaram-se de forma significativa a partir de 1994; d) o mercado interno constituiu a principal referência das vendas das empresa têxteisvestuários nos anos 90, com aproximadamente 90% do volume produzido; e) a reação das empresas às mudanças estruturais na década de 90 pode ser dividida em 2 momentos, antes e após 1994, sendo que no primeiro realizaram-se ajustes defensivos e, no segundo promoveram reestruturação produtiva e mudanças organizacionais; f) os fluxos de investimento direto externo não afetaram as empresas do arranjo, sendo somente uma grande empresa adquirida por capitais externos; g) Empresas recorreram a programas de financiamentos oficiais, demandando recursos BNDES e do Prodec-têxtil para projetos de reestruturação produtiva; h) as principais estratégias das empresas pertencentes ao arranjo foram: introdução de inovações de produto e processo, aprofundamento da especialização produtiva, uso da marca como estratégia de vendas, melhoria nos sistemas de logística e distribuição e recentemente, redirecionamento de ações para o mercado externo; i) a formação do Mercosul vem influenciando as estratégias das empresas levando a ampliar a estrutura de vendas para este mercado, porém existem ainda dificuldades postas em desarmonia da política macroeconômica, entraves fiscais e dificuldades de acesso às informações. ±3ROtWLFDV3~EOLFDVH3HUVSHFWLYDVSDUDR$UUDQMR Considerando-se o perfil do arranjo produtivo da cadeia têxtil-vestuário, as características das interações entre os agentes nos processos de aprendizagem tecnológica e as mudanças recentes nos padrões de concorrência e na dinâmica tecnológica do setor, será apresentada neste capítulo, uma avaliação do arranjo em questão e suas possibilidades de manutenção/criação de vantagens competitivas dinâmicas. No item 1 serão discutidas as potencialidades identificadas na pesquisa, no item 2, discutirá-se as propostas recentes de política para a cadeia têxtil-vestuário no Brasil e no item 3, serão propostas políticas que possam estimular a capacitação tecnológica no âmbito do arranjo. $SRWHQFLDOLGDGHGRDUUDQMRHUHIOH[RVVREUHDFRPSHWLWLYLGDGH As principais características dos agentes da cadeia têxtil-vestuário mostraram que as grandes empresas com poucas exceções mantiveram-se integradas. De forma mais evidente nas etapas inicias da cadeia, pois a maioria das empresas continua possuindo unidades de produção dos fios. Uma das grandes empresas, em processo de mudança na propriedade do seu capital, passou a adquirir fios de terceiros, e outra desverticalizou completamente a produção de fios. As grandes produtoras de artigos de cama, mesa e banho, e as produtoras de tecidos planos mantiveram suas unidades de produção de fios. Também a maioria das grandes malharias não produz o fio, mas mantém a integração das fases de tecelagem, acabamento e confecção, com raras exceções, pois identificou-se uma grande produtora de vestuário de malha que apenas confecciona. Nas malharias, a confecção é parcialmente faccionada, mas com diferentes intensidades entre as 71 empresas e as que produzem apenas a malha mantêm suas unidades de acabamento. Também as grandes, que produzem produtos têxteis diversos, como produtos para uso hospitalar ou insumos para a cadeia, como etiquetas, também integram no mínimo a tecelagem e o acabamento. São as pequenas empresas que produzem artigos de vestuário que não são integradas, as médias, na sua maioria, também agrupam numa mesma empresa alguma atividade de acabamento do tecido antes da fase de confecção. Nestas condições, o arranjo produtivo é formado por empresas com graus diferenciados de integração e diversidades de tamanho, que abrangem a produção de uma grande gama de produtos têxteis e de confecções. No entanto, dadas as características da integração, diversos insumos produzidos no arranjo são para auto-consumo. Existem também produtores importantes de tecidos planos e são comercializados insumos como linhas e etiquetas, produtos diversos como bonés de tecidos e produtos hospitalares. Os produtos para consumo final, que mais se destacam, são os de cama mesa e banho, confecções de malhas e de outros tecidos. São poucos os fornecedores de equipamentos localizados no arranjo. Produzem principalmente equipamentos complementares, e há um grande número de representantes de fornecedores nacionais e de produtores internacionais dos principais equipamentos das diversas fases de produção, uma vez que a maioria desses bens é importada. Também os principais fornecedores de insumos químicos não se localizam no arranjo. Quanto aos serviços para produção, repete-se a realidade que decorre do grau de integração vertical das empresas no arranjo. Os serviços de acabamento dos tecidos planos, malhas e fios são realizados pelas próprias empresas. Mas atualmente já existem importantes fornecedores desses serviços no arranjo. A esse quadro de agentes do sistema produtivo, articulam-se outros conjuntos como as entidades de tecnologia, de educação e treinamento e de coordenação. As de tecnologia prestam importantes serviços tecnológicos com efeitos sobre a qualidade dos produtos. Os laboratórios para análises física e química de matérias primas e fios são os mais importantes, ao lado do recém-instalado CTV do Senai/Blumenau. A formação de mão-de-obra no nível técnico e a expansão recente para o nível superior indicam a formação de uma infra-estrutura de treinamento em expansão. As instituições de coordenação mais importantes articulam os empresários têxteis nos sindicatos do setor, além de uma associação industrial e comercial que não é específica para o setor mas tem grande influência na representação dos interesses locais. Estas instituições articulam-se entre si e também com as entidades associativas nacionais do setor, nas quais têm constante representação. O poder público local também realiza a função de articulador, que se combina com as ações das entidades associativas. Existem também fortes sindicatos dos trabalhadores em diversos municípios locais, principalmente em Blumenau. Considerando-se a heterogeneidade dos agentes do segmento produtivo, quanto ao tamanho e ao grau de integração vertical, a dinâmica no interior do arranjo não é caracterizada pela existência de uma empresa ou grupo de empresas que articule a ação produtiva dos agentes, nos moldes de uma empresa âncora ou um agente coordenador da cadeia na forma de rede de empresas. A presença de grandes empresas estimula externalidades, como a disponibilidade de mão-de-obra e sua qualidade, que é uma das principais externalidades do arranjo. A ação das grandes empresas articuladas às associações e sindicatos também cria externalidades como a realização de feiras e eventos que estimulam às demais empresas. Serviços tecnológicos existentes no arranjo decorreram da ação articulada das grandes empresas. Mas a especialização e a complementaridade ocorrem entre as médias e pequenas, que criam demanda para serviços e insumos diversos. 72 Nesse ambiente, quais as condições para o desenvolvimento de capacitação tecnológica ? As características do desenvolvimento tecnológico amplamente difundido em condições de acentuada codificação do conhecimento e com reduzido grau de complexidade do produto condicionam os avanços do progresso técnico incorporado em novos insumos e equipamentos, como o desenvolvimento das fibras artificiais e sintéticas, a incorporação da microeletrônica nos equipamentos e o desenvolvimento de tecidos especiais pela incorporação de avanços na indústria química. A capacidade de absorção destas inovações incrementais exige a manutenção de relações com os fornecedores e o desenvolvimento de processos de aprendizagem por interações que se combinam com a aprendizagem pelo uso e pelo fazer. As características da demanda impõem a diferenciação de produtos e segmentos de mercado como o de básicos, o de estações e o de moda, e fazem com que as relações com os clientes sejam fontes importantes para a inovação em produto. Nestas condições, a necessidade de contato face a face nas interações para a aprendizagem é mais reduzida e impõe-se a necessidade de sistemas ágeis para a comunicação entre os segmentos da cadeia de forma a responder com rapidez às variações nas condições de demanda. A capacidade tecnológica para controle dos processos de produção é decisiva, bem como a organização dos processos produtivos nas fases mais intensivas em mãode-obra localizada nos segmentos de confecções. Portanto, a incorporação de inovações organizacionais que proporciona controle da qualidade e flexibilidade na produção e rápida capacidade de resposta às variações de demanda, redefine fortemente as capacidades competitivas. Considerando-se estes condicionantes, as possibilidades de capacitação tecnológica no arranjo são fortemente afetadas pela manutenção de fluxos de informação tecnológica com origem externa ao arranjo. Quais sejam, os fornecedores de equipamentos e insumos. No caso dos equipamentos, a fonte é externa ao país. Neste caso, existem dentro do arranjo ações que podem manter esse fluxo de informações, como a realização freqüente de feiras e eventos. Destaca-se também que são expressivas as relações entre fornecedores de máquinas e equipamentos e as empresas locais na troca de informações tecnológicas. Tão importante quanto manter o fluxo de informações é criar as capacitações internas ao arranjo para a absorção das inovações. A habilidade da mão-de-obra é a principal externalidade do arranjo. O treinamento da mão-de-obra nas empresas de todos os tamanhos, a absorção de inovações organizacionais pelas grandes empresas e a mobilidade da mão-de-obra no interior do arranjo combinam-se com a aprendizagem pelo uso, que tornou-se mais intensa pela incorporação recente de novos equipamentos. Por outro lado, a fraca especialização, dadas as características da integração vertical, enfraquece os fluxos de informações internas entre os agentes. Estes fluxos de informações ainda são de natureza informal. Outra fonte importante de informação para a inovação em produto, é a relação com os clientes. As estratégias das grandes empresas, varejistas ou produtores internacionais, afetaram as relações dentro da cadeia mundial têxtil-vestuário, através da formação de redes de empresas com grande capacidade de articulação logística da produção, que extrapolaram os espaços nacionais e aumentaram as exigências de competências empresariais na comercialização. Marcas próprias, licenciamentos, sistemas de franquias e a produção para marcas de terceiros, ampliaram as possibilidades estratégicas de comercialização. Esse aspecto, que caracteriza uma importante mudança no padrão de concorrência, afeta a necessidade de capacitações tecnológica, na medida em que exige competência organizacional para controle de processos, absorção de sistemas de informação, capacidade de GHVLJQ, importantes para a desenvolver inovações em produtos na relação com grandes clientes. No caso do arranjo, também os grandes clientes não estão localizados na região. Mas pode-se observar que ocorre intensa relação das empresas com os clientes, e a inovação em produtos foi 73 considerada pelas empresas como a segunda forma de adequação às condições de abertura comercial do país. As relações com grandes clientes se manifestam na produção para marcas internacionais, e para JULIIHV diversas que estimulam a troca de informações para desenvolvimento de produtos. Também observou-se a utilização de serviços de consultoria internacional com este objetivo. No entanto, não foi possível identificar o grau de generalização dentro do arranjo da utilização de sistemas de informação como o IED/PDV (Sistema de Intercâmbio Eletrônico de Dados conectados com Pontos de Venda), mas há indicações de que algumas grandes empresas adotam sistemas de informações integrando produção e vendas. No que se refere às grandes empresas todas informaram a existência de esforços internos em P&D, com diferentes graus de estruturação. Estes esforços estão voltados basicamente para desenvolvimento de GHVLJQ e diferenciação de produtos. Considerando-se entretanto a facilidade de imitação, o desenvolvimento de inovação em produto pode ser realizado desde que existam canais de informação e agilidade nos processos de desenvolvimento de produtos. No âmbito do arranjo outras iniciativas recentes combinam-se positivamente com esse esforço das grandes empresas, quais sejam, a criação do curso superior de moda, do CTV, e da Câmara da Moda. Em resumo, ressalta-se que a proximidade física entre os agentes do arranjo e a complementaridade produtiva, que pode desenvolver-se no local, podem criar relações que proporcionem externalidades complementares à disponibilidade de mão-de-obra qualificada, que ainda é a mais importante no âmbito do arranjo. Os exemplos são a formação de escalas na demanda de serviços, a marca regional que afeta as possibilidades de venda, a circulação de informações especializadas. A aquisição de novos equipamentos principalmente pelas grandes e médias, permite um fluxo de informações que estimula inovações em processos no âmbito do arranjo. No que se refere ao desenvolvimento de produto, as recentes iniciativas de criação de cursos de moda e estilismo podem contribuir decisivamente para esta atividade. Destaca-se como ponto fraco a inexistência de pesquisa aplicada pelos laboratórios existentes no arranjo e as poucas interações com as empresas para esta atividade. Investimentos na modernização dos laboratórios poderiam criar condições para o desenvolvimento desta atividade. No entanto, a recente criação do curso de química têxtil deverá ter importantes reflexos futuros. A melhoria da infra-estrutura tecnológica poderá também interagir com o esforço interno das empresas que realizam pesquisa e desenvolvimento. Outro aspecto importante é a possibilidade de complementaridade que está desenvolvendo-se gradativamente no universo das médias e pequenas empresas. A avaliação das possibilidades de capacitação tecnológica num arranjo produtivo implicaria em distinguir a existência de sistemas de conhecimento que permitam não só a eficiência produtiva mas principalmente a capacidade para inovar. Para tanto, é útil a análise de Bell e Albu (1999) que distinguem entre sistemas de produção e sistemas de conhecimento, destacando que este último envolve os fluxos de conhecimentos, os estoques de conhecimentos e os sistemas organizacionais para promover as mudanças em produtos, processos ou na organização da produção. “ Os fluxos de conhecimento (dentro de um FOXVWHU) podem ocorrer das firmas para fora do sistema, entre as firmas (e outras instituições) dentro do sistema ou mesmo dentro das próprias firmas” (p.1723). Esses tipos de fluxos podem contribuir para a acumulação de estoques de conhecimentos que criam capacidades tecnológicas. O sistema de conhecimento pode manter a eficiência dos sistemas de produção estabelecidos, frente as variações nas características dos materiais, do trabalho e nas condições da demanda, ou pode estimular as capacidades inovativas para desenvolvimento de produtos, equipamentos, adoção de novos processos organizacionais através da criação de novos canais de fornecimento e distribuição. Mas o desenvolvimento de capacidades tecnológicas para inovar, mais do que para absorver inovações e manter a eficiência dos sistemas produtivo exige que: 74 a) as fontes internas às firmas para capacitação tecnológica deveriam ser o OHDUQLQJE\ GRLQJ LQYHVWLPHQW e o OHDUQLQJ E\ FKDQJLQJ muito mais que o OHDUQLQJ E\ GRLQJ, e que a melhoria das práticas produtivas através de tentativas e erro; b) as fontes internas ao arranjo para a capacitação tecnológica deveriam incluir, além da mobilidade da mão-de-obra, das atividades de treinamento, e da difusão de informações entre produtores e fornecedores, principalmente o desenvolvimento de habilidades especifica para selecionar e desenvolver novas tecnologias, a colaboração criativa entre as firmas, a existências de instituições de tecnologia e a colaboração entre firmas para desenvolvimento de produto e aperfeiçoamento de equipamentos; c) as relações com as fontes externas ao arranjo deveriam objetivar a busca de inovações, estabelecendo relações com os fornecedores que deveriam incluir a cooperação inclusive no desenvolvimento de projetos, bem como relações de cooperação tecnológica com instituições de tecnologia localizadas fora do arranjo. A base organizacional para sustentar esse sistema de conhecimento no que se refere à possibilidade de absorver tecnologias implicaria em avançar: a) do aproveitamento de externalidade “ passivas” , dada pela proximidade, para uma cooperação "ativa" e estruturada entre as firmas; b) de uma situação na qual os fluxos de conhecimento se realizam “ horizontalmente” entre firmas que produzem bens similares, para relações “ verticais” entre empresas de vários segmentos da cadeia e com os fornecedores; c) para a existência de centro de tecnologia com freqüentes interações com as firmas locais; d) para o desenvolvimento de interações significativas com as grandes firmas existentes no arranjo. Estes aspectos poderiam criar condições para transitar de uma base organizacional do sistema de conhecimento “ não estruturada e passiva” , para uma base “ estruturada, ativa e cooperativa” , capaz de criar condições para difusão do conhecimento dentro do arranjo (os autores mencionados identificam ainda um conjunto de outras condições para a existência de uma base organizacional de um sistema de conhecimento que crie as possibilidades de gerar conhecimento, que denominam de “ estruturado e aberto” ). No arranjo em questão há um conjunto de condições que pode indicar a existência de uma fase inicial de transição para um sistema de conhecimento estruturado, ativo e cooperativo como: a) os investimentos recentes que indicam as possibilidades de um OHDUQLQJ E\ GRLQJ LQYHVWLPHQW; b) os esforços internos às empresas para desenvolvimento de GHVLJQ; c) o desenvolvimento de especializações locais que pode estimular as relações verticais entre as empresas; d) as instituições coordenadoras que podem estimular atividades cooperativas; e) a existência no arranjo de instituições prestadoras de serviços tecnológicos que se podem transformar em centros de tecnologia; f) o desenvolvimento recente de instituições de treinamento de mão-de-obra, em nível superior, que pode desenvolver habilidades específicas para a absorção de novas tecnologias; g) A existência de grandes empresas ainda que com relações restritas dentro do arranjo; Como estas potencialidades expressam-se em vantagens competitivas capazes de sustentar sua inserção nos mercados internos e externos? As vantagens expressam-se no conjunto das potencialidades mencionadas e referem-se fundamentalmente às vantagens competitivas dadas 75 pelas externalidades para produção, ou seja: qualidade da mão-de-obra e sua mobilidade dentro do arranjo, nível tecnológico dos equipamentos, disponibilidade de serviços tecnológicos, intensas relações informais entre os agentes caracterizando a existência de um fluxo não estruturado de informações. A possibilidade de inserção deve ser considerada também pelo acúmulo de experiências nos mercados internacionais que, no entanto, é restrito às grandes empresas do arranjo e, em diversos casos, o mercado externo tem-se apresentado principalmente como alternativa às variações de demanda no mercado interno. Por outro lado, deve-se mencionar que os esforços de desenvolvimento de produto para os mercados de moda estão ainda em sua fase inicial, e não se traduziram ainda em significativas vantagens competitivas no que se refere às etapas de comercialização. Quanto às estratégias empresariais, pode-se observar que as empresas têxteis-vestuários reestruturaram seu parque produtivo nos anos 90, em resposta às mudanças no ambiente econômico. Como resultante, as empresas passaram dos ajustes defensivos voltados fundamentalmente à redução de custos nos primeiros anos da década, para modernização e ampliação da estrutura de produção nos anos seguintes. Muitas empresas passaram a produzir itens com maior valor agregado, a preocupar-se com o controle de qualidade nos processos produtivos, a intensificar a qualificação da mão-de-obra, a investir em GHVLJQ e em desenvolvimento de marca própria, a destinar montante considerável de recursos para P&D, entre as principais ocorrências. Estes procedimentos configuraram respostas positivas das empresas em seus processos de reestruturação e refletiram a capacidade das empresas do arranjo produtivo têxtil-vestuário de adequar-se às condições existentes num ambiente em mudança. Essa reação sinaliza possibilidades de inserção no mercado externo que estão condicionadas, por um lado, às estratégias das empresas - principalmente as grandes -, e por outro lado, evidentemente às condições determinadas pela cadeia global, na acepção de Gereffi (1999), ou seja, liderança de um agente articulador de redes inter-empresas, com relocalização da produção em diversos países e que se articulam dentro dos blocos regionais de comércio. Estas características dos mercados mundiais tendem a reduzir os espaços para inserção no comércio internacional. No entanto, as estratégias de inserção poderiam considerar, por um lado, as possibilidades de articulação no Mercosul, ainda restritas às estratégias de vendas e, por outro lado, os efeitos que a inserção das grandes empresas do arranjo nas cadeias globais poderiam provocar dentro do arranjo, intensificando as relações verticais que poderiam criar especializações locais. Considerando-se a fragmentação dos mercados e que nos seus diversos segmentos os níveis das barreiras à entrada são diferentes, existe a possibilidade de as empresas médias e pequenas ocuparem nichos de mercado. Nestes casos, a proximidade entre as empresas viabiliza a formação de consórcios locais. Em resumo, há vantagens competitivas no arranjo produtivo local, dadas pelo perfil do arranjo e pelas interações entre seus agentes para o desenvolvimento de capacitações tecnológicas, que sinalizam para diferentes possibilidades de inserção. Esta análise está focada nas externalidades que podem ser desenvolvidas no conjunto do arranjo para alavancar vantagens competitivas. Não se trata, portanto, de avaliações específicas das capacidades empresariais mas sim das potencialidades que a proximidade entre os agentes e suas formas de interação em processos de aprendizagem tecnológicas podem proporcionar para manter ou criar capacidade competitiva. Sob esse ponto de vista, a consolidação das potencialidades apontadas depende de ações coletivas para a construção de um sistema de conhecimento estruturado, ativo e cooperativo, conforme se discute no item final deste capítulo. 3URSRVWDVUHFHQWHVGHSROtWLFDSDUDDFDGHLDWr[WLOYHVWXiULRQR%UDVLO 76 Não se fará aqui um levantamento exaustivo das políticas públicas que afetam a cadeia têxtilvestuário. No que se refere às políticas macroeconômicas e às políticas de financiamento, as mesmas já foram comentadas quando da avaliação do desempenho do arranjo nos anos 90, feita no capítulo anterior. Deve-se destacar contudo que desde meados dos anos 80, a articulação empresarial do setor com órgão governamentais já resultava em propostas de metas e programas para o setor como o Programa Setorial Integrado da Indústria Têxtil (1989) e o Subprograma de Qualidade e Produtividade da Cadeia Têxtil (SSQP/Câmara Setorial, 1991). Recentemente, políticas específicas para o setor, no que se refere ao comércio exterior, proporcionaram estímulos para importação de equipamentos e programas específicos de financiamento pelo BNDES. Além disso, o setor participa do Fórum de Competitividade do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. No nível estadual iniciativas como o ProdecTêxtil, já observadas anteriormente, e a existência da Câmara Setorial Têxtil na Fiesc, são elementos que proporcionam a constante possibilidade de elaboração de políticas para o setor. No nível municipal também existe a Câmara da Moda no Fórum Municipal de Desenvolvimento. O que se pretende comentar é o conjunto de sugestões recentes de diversas origens que estão balizando o debate atual sobre o setor. De forma geral, o conjunto de propostas de política para o desenvolvimento da cadeia têxtilvestuário no Brasil, desde o início dos anos 90, já apoiava-se numa visão sistêmica, realçando a necessidade de integração entre os segmentos da cadeia, a formação de consórcio de empresas e o estímulo à parceria e formação de redes. Acrescente-se a este fato, a já demonstrada capacidade de articulação dos empresários em órgãos de representação setoriais que proporcionaram programas setoriais, conforme mencionado anteriormente. No entanto a redução dos investimentos frente às políticas macroeconômicas, no contexto da forma em que se deu o processo de abertura, não estimulou a iniciativa privada a estratégias mais agressivas que incorporasse ações interativas. Também neste contexto, com raras exceções, as ações propostas para melhoria da competitividade adquiriram uma linha de defesa da indústria que se traduziram em medidas conjunturais para deter práticas predatórias da concorrência internacional. São várias as sugestões de políticas governamentais para aumentar a eficiência competitiva das empresas do arranjo têxtil-vestuário, cujo âmbito de atuação varia dependendo do tipo de política que deseja ser efetuada. Existem em algumas sugestões de políticas com uma maior concentração de respostas. Na categoria muito importante, são relevantes as sugestões de programa de capacitação profissional e treinamento (acima de 60%) de realização em âmbito local (acima de 55%) para todos os estratos de tamanho de empresas. No mesmo sentido, sugestões de melhorias na educação formal são consideradas muito importantes (acima de 45%), e cuja realização deve ser em âmbito local, sobretudo para as médias e grandes empresas (acima de 70%). Contudo, existem sugestões de políticas que devem ser realizadas além do espaço local. Os incentivos fiscais, são de forma unânime considerados muito importantes pelas empresas em geral (acima de 60%), bem como as linhas de crédito para P&D, importação e exportação (ver tabelas 37 e 38). 77 Tabela 37: Sugestões de políticas governamentais que poderiam contribuir para o aumento da eficiência competitiva das empresas do arranjo por grau de importância. Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas (%) Grandes Ações de Política Sem importância Pouco importante Programas de capacitação profissional e treinamento técnico - 7,1 Melhorias na educação formal (graus 1,2 ou3) - 7,1 Linhas especiais de crédito (P&D, Imp. ou exp.) - 7,1 Incentivos fiscais (P&D, Imp. ou exp.) - Melhoria da infra-estrutura de conhecimento - Melhoria da infra-estrutura física - 7,1 Importante Médias Muito importante Sem importância 28,6 64,3 14,3 50 Pouco importante Importante Pequenas Muito importante - 14,3 71,4 Sem importância Pouco importante 7,7 - Importante Muito importante 23,1 69,2 42,9 - - 57,1 42,9 15,4 15,4 23,1 46,1 35,7 57,2 - - 28,6 71,4 15,4 15,4 84,6 - - 14,3 85,7 50 7,6 38,5 38,5 - - 35,7 64,3 42,9 - 14,3 71,4 14,3 7,7 - 61,5 30,8 71,4 28,6 - 14,3 42,8 42,9 7,7 7,7 23,1 61,5 Fonte: Pesquisa de Campo/ Amostra de 36 empresas Tabela 38: Sugestões de políticas governamentais que poderiam contribuir para o aumento da eficiência competitiva das empresas do arranjo por âmbito. Indústria têxtil-vestuário do Vale do Itajaí, Santa Catarina - 2000 Empresas (%) Ações de Política Grandes Médias Pequenas Local Estadual Federal Local Estadual Federal Local Estadual Federal 55 35 10 78,6 21,4 - 100 - - 72,2 11,1 16,7 50 14,3 35,7 62,5 12,5 25 Linhas especiais de crédito (P&D, imp. ou exp.) 8,3 20,8 70,9 4,8 33,3 61,9 28,6 14,3 57,1 Incentivos fiscais (P&D, imp. ou exp.) 8,4 53,3 38,3 22,3 47,2 30,5 12,9 62,9 24,2 Melhoria da infra-estrutura de conhecimento 22,7 36,4 40,9 71,4 - 28,6 81,3 18,7 - Melhoria da infra-estrutura física 20,8 50 29,2 42,8 42,9 14,3 33,3 50 16,7 Programas de capacitação profissional e treinamento técnico Melhorias na educação formal (graus 1,2 ou 3) Fonte: Pesquisa de Campo/ Amostra de 36 empresas Estes resultados estão próximos do obtido com a pesquisa realizada pela empresa de consultoria internacional Gherzi Têxtil Organization com 52 empresários brasileiros do setor têxtil-vestuário sobre as prioridades para ações governamentais (Gherzi,1999). Apesar deste último estudo apontar a despreocupação com a melhoria na capacidade profissional e treinamento, as principais prioridades para as ações governamentais sugeridas concentram-se sobre itens que tratam sobre políticas fiscais e linhas de financiamento à semelhança das sugestões dos empresários têxteisvestuários do arranjo produtivo do Vale do Itajaí (ver tabela 39). Esta ocorrência, por sua vez, referenda a existência de uma identidade de recomendações de prioridades para a ação pública, não só nacional mas também local, sobre itens que deverão nortear o desenho de políticas de desenvolvimento para o segmento têxtil-vestuário no país. 78 Tabela 39: Prioridades para ações governamentais - Brasil, 1999. Prioridades % Estabilização das políticas governamentais 3,8 Combate à sonegação de impostos 3,8 Apoio a treinamento 4,6 Redução da burocracia 5,0 Melhoria das infra-estruturas 9,2 Revisão das políticas de importação 27,7 Repressão ao contrabando 29,2 Introdução de incentivos para investimento 31,9 Revisão da legislação trabalhista 41,1 Apoio à reestruturação do setor 45,8 Apoio às exportações 48,5 Análise das políticas fiscais 55,4 Fonte: Gherzi Têxtil Organisation , 1999. Estudo recente dos consultores internacionais Gherzi enfatizam, no que se refere à reestruturação da cadeia, a necessidade de investimentos em modernização para os próximos 5 anos, de forma distribuída entre o segmento de fibras artificiais e sintéticas, beneficiamento e vestuário. Os investimentos previstos nos segmentos de tecelagem e malharia são mais reduzidos. Também a ênfase na reestruturação do segmento de fibras é mencionada por Gorini (2000). Destaca-se também as medidas para promoção das exportações, para modernização das empresas, e para aumento da qualidade e diferenciação de produtos ao longo de toda a cadeia. No entanto, a ênfase tem-se deslocado para estratégias de acordos e parcerias; são exemplos, as recomendações para, no segmento de fibras químicas, incentivar alianças internacionais e acordos de produção para expandir a gama de produtos ofertados; no segmento de fibras longas, a proposta de estabelecer alianças estratégicas e acordos de distribuição com parceiros estrangeiros; no segmento de tecelagem, buscar parcerias com fabricantes de vestuário/marcas (JULIIHV) para produtos nos quais o Brasil tem vantagem estratégica (como o denim); no segmento de malharia, incentivar parcerias estratégicas e acordos de licenciamento; no segmento de beneficiamento, proporcionar incentivos para MRLQW YHQWXUHV para aquisição de NQRZKRZ (Gherzi, 1999). Também a ênfase nos processos cooperativos tem merecido destaque desde as propostas do Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira - ECIB para o completo têxtil-vestuário (Monteiro Bastos, 1993). Especificamente, para pequenas e médias empresas o estudo Gherzi destaca estratégias cooperativas voltadas para serviços gerais (tratamento de água por exemplo), compra de matérias-primas, treinamento de pessoal, estrutura logísticas (depósito, transportes), participação em feiras e exposições, contratação de serviços profissionais e instalação de produção em comum como o CAD/CAM. Das propostas existentes em nível nacional formuladas em Gherzi (1999), duas têm reflexos importantes para o desenvolvimento de arranjo produtivo em estudo, quais sejam, as propostas para o segmento de têxteis para o lar, que é parte importante do PL[ de produto do arranjo. Uma 79 delas refere-se de forma genérica a incentivar a cooperação entre as empresas de Santa Catarina em áreas nas quais podem haver grandes benefícios mútuos, como compras de matérias primas, importações de partes, peças e maquinaria e negociação de frete marítimo, a outra sugere a promoção do nome “ Blumenau” como centro internacional de artigos têxteis para o lar. Além destas, a proposta para estimular a adoção de estratégias de Resposta Eficaz ao Consumidor (modelo REC) pode provocar importantes interações no âmbito do arranjo como comenta-se no item seguinte. Como se percebe, o conjunto de propostas formuladas por consultorias, órgãos de classe e fóruns de governo, uma vez transformadas em políticas no nível do governo federal podem tornar-se importantes instrumentos para o desenvolvimento dos diversos segmentos dentro do arranjo produtivo. Além destas, deve-se destacar o conjunto já existente de programas de incentivo ao desenvolvimento tecnológico, ainda que não específico para o setor têxtil, mas que proporcionam estímulos para esta área, e são coordenados pelos seguintes órgãos: Finep, Ministério de Ciência e Tecnologia, Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, Sebrae e CNPQ. 3URSRVWDVGHSROtWLFDVSDUDRDUUDQMR A especificidade de propostas de políticas para estímulos a arranjos produtivos locais é dada pelo objetivo estratégico de criar as condições para que o conhecimento, que sustenta os processos inovativos para criar e manter vantagens competitivas dinâmicas, circule de forma estruturada, ativa e cooperativa. Isto implica em considerar as relações entre os agentes do sistema produtivo e das demais instituições que atuam na área de tecnologia, de educação e treinamento, associações, sindicatos e órgãos públicos que possam estimular processos de aprendizagem tecnológica. Neste sentido, além das trocas de bens e serviços e das informações que essas trocas proporcionam pelo fluxo de tecnologia que está incorporada nos bens e serviços (equipamentos e insumos, consultorias etc.), seja possível desenvolver também aqueles fluxos de informações relativos ao conhecimento e tecnologia que podem ser articulados fora das relações de mercado. Também a proximidade espacial entre os agentes pode estimular, através de contato face a face a troca de conhecimento tácito, advindo da experiência acumulada pelos agentes que é difícil de codificar e portanto de transferir. Considerando-se este foco, as propostas de política para a consolidação do arranjo produtivo, partem basicamente das potencialidades encontradas na análise do arranjo produtivo têxtilvestuário do Vale do Itajaí. A constatação de que há elementos básicos para desenvolver as interações entre os agentes dos diversos segmentos, conforme já mencionado neste relatório (capítulo 2), e considerando-se as especificidades dadas pelos processos produtivos e pelas características da dinâmica tecnológica da cadeia têxtil-vestuário (capítulo 1), bem como o nível e as características dos processos de aprendizagem existentes no arranjo (capítulo 3) permitem propor um conjunto de políticas que atende a estratégia básica de estimular as sinergias locais, tornando mais densa a cadeia produtiva local, intensificando as interações entre os agentes e ampliando os fluxos de informações tecnológicas a partir das potencialidades já existentes. Assim definida, esta estratégia tem por objeto o desenvolvimento do ambiente no qual atuam os diversos agentes do arranjo. Trata-se portanto de criar no âmbito do espaço físico dos agentes as condições para estimular as interações locais voltadas para processos de aprendizagem que ampliem e mantenham as capacitações tecnológicas destes agentes. Nestes termos, considera-se a possibilidade de desenvolver vantagens competitivas estruturais que afetam o arranjo em seu conjunto. 80 A referida estratégia pode ser desenvolvida através de programas agrupados em três eixos de ação, quais sejam: a) estruturar o sistema de conhecimento e intensificar os fluxos de informação tecnológica; b) desenvolver sinergias no sistema de produção, criando especializações e complementaridades; c) manter e ampliar a principal externalidade local : a qualificação da mão-de-obra. Para cada um destes eixos propõem-se um conjunto de ações conforme segue: (VWUXWXUDU R VLVWHPD GH FRQKHFLPHQWR H LQWHQVLILFDU RV IOX[RV GH LQIRUPDomR WHFQROyJLFD O objetivo é estimular os fluxos de informações dentro do arranjo produtivo, estruturando seu gerenciamento e criando articulações mínimas com base no melhoramento e na ampliação da infra-estrutura tecnológica existente para o desenvolvimento da capacitação tecnológica para inovação em processo, produtos e organizacionais. Por um lado, a infra-estrutura tecnológica no âmbito do arranjo possui diversas organizações que prestam serviços tecnológicos, que realizam formação e qualificação de mão-de-obra de nível superior, e uma instituição universitária que mantém curso de engenharia têxtil mas ainda com reduzido envolvimento direto com a cadeia têxtil-vestuário nas atividades de pesquisa. Por outro lado, não existe um Centro Tecnológico agregando estas funções e ao mesmo tempo realizando pesquisa ou apoiando explicitamente atividades inovativas. O objetivo das ações deste eixo estratégico é ampliar as ações dos órgãos de tecnologia existentes de forma a incluir explicitamente o monitoramento dos avanços no progresso técnico em processos, produtos e inovações organizacionais, criando possibilidades para estruturar as interações entre os agentes do setor produtivo e as instituições de tecnologia de forma a ampliar sua frequência e estimular a pesquisa. Propõem-se os seguintes projetos: 1. Gerenciamento das informações tecnológicas para inovações em processos na indústria têxtil: Descrição e objetivos: Criar no IPT da Furb um núcleo de monitoramento de informações sobre inovações em processo na indústria têxtil, articulado a redes internacionais de pesquisa na área. Informações como utilização de novos insumos, melhorias em equipamentos, calendários de feiras e eventos da indústria têxtil e de seus fornecedores etc., poderiam ser organizados e monitorados, colocando-a à disposição dos usuários locais. Desenvolvimento e órgãos coordenadores: Sob a coordenação do IPT, com a colaboração das direções dos Laboratórios do Senai/Brusque, do FBET/Cepetex, dos cursos de química têxtil e de engenharia de produção da Furb, para a elaboração de projeto a ser apresentado ao CNPQ e Finep. 2. Ampliação e melhoria dos laboratórios têxteis para prestação de serviços tecnológicos Descrição e objetivos: Considerando-se a existência de dois laboratórios com especializações definidas na área química Senai/Brusque na área física FBET/Cepetex, com grande experiência na prestação de serviços tecnológicos, o objetivo é reequipar os laboratórios, apoiar programas de capacitação em alto nível dos recursos humanos, como o de doutoramento em centros de excelência internacional, consolidar e ampliar sua participação em redes internacionais, e ampliar o acesso para as pequenas e médias empresas. 81 Desenvolvimento e órgãos coordenadores: Sob a coordenação conjunta da direção dos laboratórios e com o apoio do sistema estadual Fiesc/Senai, através da Câmara Setorial Têxtil, elaborar projeto a ser apresentado a Finep e CNPq. 3. Programa especial de apoio ao desenvolvimento de produto Considerando-se a diferenciação de produto e as novas estratégias de comercialização, como importantes elementos do atual padrão de concorrência na indústria, a possibilidade de criar condições locais para estimular esta atividade, torna-se uma necessidade básica para o desenvolvimento do arranjo local. Já estão ocorrendo iniciativas deste tipo no âmbito do arranjo, tanto nas instituições de tecnologia, quanto nas próprias empresas. O objetivo deste programa é buscar a consolidação de tais iniciativas no nível institucional e criar formas de apoio às estratégias empresariais que privilegiem o desenvolvimento de produto. Propõem-se para tanto : 3.1 Consolidar o Centro de Tecnologia do Vestuário Senai/Blumenau. Descrição e objetivos: Apoiar a direção do CTV/Senai Blumenau na consolidação do órgão como um centro de excelência em moda, estilismo e tecnologia de processos produtivos no segmento de confecções. Desenvolvimento e órgão coordenadores: Elaboração de projetos específicos a serem definidos pelo CTV para solicitação de financiamento. 3.2 Estimular os investimentos de P&D nas empresas Descrição e objetivos: Assessorar as empresas quanto ao uso de programas de financiamento já existentes para desenvolvimento de P&D, bem como propor adaptações dos programas existentes para atender as especificidades do setor têxtil como o financiamento do desenvolvimento de coleções, por exemplo, bem como o desenvolvimento de estruturas formais dentro das empresas para esta atividade. Desenvolvimento e órgãos coordenadores: Ação coordenada entre os sindicatos patronais da região e a Câmara Setorial Têxtil do sistema Fiesc, para levantamento das informações junto aos órgão públicos que dispõem de programas voltados para este objetivo, e divulgação às empresas. 3.3 Treinamento em gestão para desenvolvimento de produtos para pequenas e médias empresas: Descrição e objetivos: Este programa é voltado especificamente para as pequenas e médias empresas, uma vez que as mesmas não dispõem de recursos para investimentos no desenvolvimento de produtos. Desta forma, o objetivo do programa é proporcionar treinamento para empresários do setor voltado para estimular o desenvolvimento de ações permanentes nas empresas pequenas e médias em desenvolvimento de produtos. Desenvolvimento e órgãos coordenadores: Projeto a ser definido com a coordenação do CTV/Blumenau e do Sebrae, articulados com o curso de moda e estilismo e curso de administração da Furb. 'HVHQYROYLPHQWRGHVLQHUJLDVQRVLVWHPDGHSURGXomRGRDUUDQMRORFDO As interações para os processos de aprendizagem estão relacionadas tanto ao perfil do segmento produtivo do arranjo estudado, como a densidade da cadeia e as estratégias das empresas, quanto às características do ambiente local no que se refere à cultura comum e ao desenvolvimento no tempo de relações de confiança. A análise dos processos de aprendizagem no arranjo produtivo 82 evidenciaram potencialidades que podem ser ampliadas e falhas que podem ser corrigidas. A relativa pouca especialização em segmentos da cadeia, decorrente das estratégias de verticalização das grandes empresas e as fracas interações que tal fato proporciona, a ausência de importantes produtores de equipamentos e insumos no local, as maiores interações através da demanda por serviços entre as pequenas e médias empresas locais, são alguns exemplos. Considerando-se esta realidade, o objetivo deste eixo estratégico é tornar mais densa a cadeia no local, estimulando o desenvolvimento de especializações internamente ao arranjo para criar complementaridades que gerem externalidades locais e proporcionem, dada a proximidade dos agentes, por um lado a redução de custos de transação nestas interações e, por outro lado, relações cooperativas para os processos de aprendizagem tecnológica. Deve-se ter presente que, em grande parte, esses resultados dependem da própria estratégia dos agentes. Mas o que se destaca é que por existir laços culturais dados pelas características históricas do desenvolvimento deste arranjo, é possível estimulá-los e facilitar a adoção de estratégias baseadas na confiança e de natureza cooperativa, de forma a desenvolver relações mais permanentes entre os agentes do segmento produtivo que possam sustentar processos de aprendizagem tecnológica. As ações deste programa dependem basicamente da capacidade das instituições de coordenação que existem no arranjo de criarem condições extra-mercado para influenciar nas estratégias das empresas. Este aspecto diferencia este conjunto de ações daquelas proposta no eixo estratégico anterior que fundamentalmente afetava as instituições de tecnologia, de ensino e de treinamento. 1. Programa de estímulo ao desenvolvimento tecnológico dos fornecedores de equipamentos locais. Descrição e objetivos: O apoio ao desenvolvimento deste segmento poderia proporcionar um especialização local, cujas interações com as empresas têxteis e confecções locais estimulariam processos de aprendizagem tecnológica com impactos importantes sobre melhoramentos nos processos produtivos destas empresas. A proximidade com pólos tradicionais no Estado no segmento metal-mecânico é um importante elemento para alavancar vantagens competitivas com base em tecnologias de processos. O objetivo é ampliar a capacitação tecnológica dos produtores já existentes e explorar sinergias decorrentes da proximidade com o pólo metalmecânico da região de Joinville. Desenvolvimento e órgãos coordenadores: Aprofundamento dos estudos sobre o segmento de produtores de equipamentos têxteis no setor metal-mecânico na Região do Vale do Itajaí e regiões próximas, junto com estudos de mercado para identificação de oportunidades de investimentos na produção de equipamentos ou peças complementares que podem ser sustentadas pelas demandas local e nacional. Articulação através dos sindicatos patronais junto à Câmara Setorial Têxtil do sistema Fiesc para contatos com a câmara setorial especifica deste segmento no âmbito do sistema Fiesc. 2. Programa de estímulo ao desenvolvimento de empresas locais que prestam serviços de acabamento para o setor têxtil Descrição e objetivos: É grande a possibilidades de ampliar as sinergias locais a partir do desenvolvimento deste segmento no âmbito do arranjo. A ampliação da oferta destes serviços poderia estimular terceirização desta atividade de forma a aumentar a demanda, criando economias de escala e tornando mais densa a cadeia no interior do arranjo. Os efeitos para trás afetariam os setores produtores de equipamentos para tinturaria por exemplo, que são de menor complexidade tecnológica e já são produzidos no arranjo e em regiões catarinenses próximo ao Vale do Itajaí. Os efeitos para frente afetariam o segmento de confecções de menor porte que 83 demandam este tipo de serviço. As ações poderiam articular-se com estímulos a terceirização deste serviços em empresas maiores. Desenvolvimento e órgãos coordenadores: De forma semelhante à ação anterior seria necessário a realização de estudos prévios que poderiam ser articulados pelos sindicatos patronais, associações industriais e demais municípios da região. 3. Programas especiais de estimulo através da ação dos órgãos associativos e governamentais nos níveis federal, estadual e municipal para ampliação das interações locais. Conforme mencionado nos capítulos anteriores, as possibilidades de inserção nos mercados mundiais implicam a superação de diversas barreiras no nível da organização dos processos produtivos e de comercialização. Uma prática internacional freqüente tem sido a articulação em redes de empresas tanto para produção quanto para comercialização. Considerando o perfil do segmento produtivo do arranjo local, bem como as relações de confiança que tem se estabelecido parece existir um ambiente propício para estimular experiências deste tipo. Com vistas a estimular a formação de redes propõem-se duas linhas de ação, uma voltada para o desenvolvimento de uma experiência piloto para adoção do modelo Resposta Eficaz ao Consumidor, e outra para a formação de consórcios de pequenas empresas. 3.1 Implantação de projeto piloto de um modelo Resposta Eficaz ao Consumidor. Descrição e objetivos: O estudo sobre “ Desenvolvimento da competitividade da Indústria Brasileira de Têxteis e Vestuário" realizado em 1999 pelos Consultores Gherzi Têxtil Organisation, sugere a implantação de um projeto piloto para desenvolver o modelo de “ Resposta Eficaz ao Consumidor” pela formação de uma cadeia têxtil incluindo “ possivelmente 1 a 3 grandes varejistas, 3 a 5 confeccionistas, 5 a 10 fabricantes de tecidos” (pg.62). Considerando as características do arranjo produtivo do Vale do Itajaí, este poderia ser o local propício para o desenvolvimento de uma experiência deste tipo, articulando confeccionistas, malharias e fabricantes de tecidos a uma cadeia de distribuição já existente. Desenvolvimento e órgãos coordenadores: Um projeto deste tipo envolveria uma articulação estratégica entre empresas de grande porte através de consultoria especializada, com a participação de agentes de financiamento nos níveis federal e estadual, uma vez identificado o interesse das empresas participantes. Torna-se importante a ação das entidades associativas (sindicatos patronais) e da Câmara Setorial Têxtil do sistema Fiesc para iniciar o processo. 3.2 Consórcio de pequenas empresas Descrição e objetivos: O objetivo é estimular a formação de consórcio de pequenas empresas voltados para exportação e também para aquisição de insumos, equipamentos e serviços. Esta prática já é difundida em diversos países e no caso do arranjo já envolve um conjunto de pequenas empresas confeccionistas no Município de Brusque, para a exportação, (conforme Gazeta Mercantil de 30 de maio de 1999) em articulação com a Fiesc, através do CIN. Desenvolvimento e órgãos coordenadores: A realização deste projeto envolveria a avaliação da experiência já realizada e a ampliação para outras atividades, como a compra de insumos, equipamentos e serviços. Pode-se contar com a experiência de órgãos já existentes no arranjo como o CIN, no caso das exportações e a experiência do sistema Fiesc na promoção deste tipo de atividade. Os trabalhos iniciais envolveriam a definição de possíveis áreas de ação para os consórcios e a viabilidade de financiamento. 84 0DQWHU H DPSOLDU D SULQFLSDO H[WHUQDOLGDGH ORFDO D TXDOLILFDomR GD PmRGHREUD H FULDomRGHHPSUHJR A qualidade da mão-de-obra é considerada pelas empresas principal externalidade positiva local, sendo uma das características virtuosas apontadas a capacidade de aprender. Neste sentido, esforços devem ser feitos com o objetivo de explorar esta potencialidade para aumentar o nível de qualificação e proporcionar reprofissionalização dos trabalhadores para não atender os imperativos das mudanças tecnológicos e organizacionais, mas também capacitar para empreender em processos inovativos locais. Existem no arranjo infra-estrutura com condições de atender este requisito, pois o sistema Senai possui unidades de ensino nas localidades de Blumenau, Rio do Sul, Brusque e Jaraguá do Sul, em que são oferecidos cursos técnicos têxteisvestuários em várias modalidades. Existem também, nestas localidades, unidades de ensino superior que ofertam cursos para diferentes formações, contudo a única unidade que tem curso superior e disciplinas voltadas ao segmento têxtil-vestuário encontra-se, na Furb em Blumenau. No âmbito da geração de emprego, observa-se o crescimento do sistema faccionista no segmento de confecções a partir do processo de desverticalização que se desenvolve nas médias e grandes empresas. Esta atividade, por exigir baixo volume de capital e operações simples, tem possibilitado, de forma crescente, nova faceta da organização da produção têxtil-vestuário na região, e tem se constituído em fonte de oportunidade de permanência de trabalhadores nesta atividade, aproveitando dos conhecimentos e experiências adquiridas. O objetivo das ações deste eixo estratégico divide-se em 2 blocos: a) ampliar a oferta de cursos, aumentar a infra-estrutura física educacional, promover intercâmbio com instituições de ensino fora do arranjo, promover programa de qualificação de instrutores e docentes e promover interação entre instituição de ensino e as empresas locais; b) criar sistema de incentivo para a formação de facções e estabelecer regras ordenadoras das relações entre faccionistas e empresas. 1. Ampliação e melhoria da infra-estrutura e dos serviços educacionais Descrição: Apoiar programas de expansão de instalações, de criação de cursos técnicos e superiores, de requalificação profissional, aumentar a oferta de vagas em cursos existentes das instituições de ensino técnico e de nível superior presentes em diversas localidades no arranjo. Incentivar programas que busquem aumentar a interação entre as instituições de ensino e as empresas e outras instituições dentro e fora do arranjo, visando aumentar o intercâmbio de informações, troca de experiências, qualificação de docentes, estágios profissionalizantes e outras formas de treinamento. Desenvolvimento e órgãos coordenadores: Projetos a serem definidos com a participação dos sindicatos patronais, sindicatos dos trabalhadores, Senai, Furb, Sebrae, BNDES, e demais instituições de ensino superior, em que deverão estar presentes questões sobre necessidade do mercado, tipo de formação requerida, adequação de currículos escolares, infra-estrutura de informática, acervo de biblioteca, formas de intercâmbio, meios de divulgação e recursos financeiros. 2. Programa de organização do sistema de facção como forma de geração de emprego Descrição e objetivos: Criar mecanismos que organize o sistema faccionista em termos de geração e emprego, redução da informalidade, sistema de treinamento de faccionista, estímulo à formação de cooperativas e criação de mecanismo que evite ganhos oportunistas nas relações entre empresas e faccionistas. 85 Desenvolvimento e órgãos envolvidos: Elaboração de projetos coordenados pelos sindicatos patronais, prefeituras municipais e sindicatos de trabalhadores da indústria têxtil-vestuário voltados à organização e geração de emprego no sistema faccionista. 86 5HIHUrQFLDV%LEOLRJUiILFDV BASTOS, V. &RPSHWLWLYLGDGHGRFRPSOH[RWr[WLO Campinas: IE/UNICAMP-IEI/UFRJ-FDCFUNCEX, 1993. 72 p. (Estudo da Competitividade da Indústria Brasileira). BELL, M., ALBU, M. Knowledge systems and technological dynamism in industrial clusters in developing countries. :RUOG'HYHORSPHQWv. 27, n. 9, p. 1715-1734, 1999. 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