UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” CÂMPUS EXPERIMENTAL DE ITAPEVA RAFAEL DOS SANTOS PRODUÇÃO DE POLPA SOLÚVEL A PARTIR DE Eucalyptus urograndis Itapeva – SP 2011 RAFAEL DOS SANTOS PRODUÇÃO DE POLPA SOLÚVEL A PARTIR DE Eucalyptus urograndis Trabalho de Graduação apresentado no Câmpus Experimental de Itapeva – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como requisito para conclusão do curso de Engenharia Industrial Madeireira. Orientador: Prof. Dr. José Cláudio Caraschi Itapeva – SP 2011 Santos, Rafael dos S436a Produção de polpa solúvel a partir de Eucalyptus urograndis – Rafael dos Santos – Itapeva, 2011 76 f.; il. Trabalho de Graduação do Curso Engenharia Industrial Madeireira apresentado ao Câmpus Experimental de Itapeva – UNESP, 2011 Orientador: Prof. Dr. José Cláudio Caraschi Banca examinadora: Prof. Dr. Ricardo Marques Barreiros; Profª. Drª. Glaucia Aparecida Prates Inclui bibliografia 1. Pré-hidrólise. 2. Polpa solúvel. 3. Antraquinona. 4. Polpação Kraft. 5. Alfa-celulose. 6. Eucalyptus urograndis. I. Título. II. Itapeva - Curso de Engenharia Industrial Madeireira. CDD 676 Ficha catalográfica elaborada pela biblioteca da UNESP – Câmpus Experimental de Itapeva - SP UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” CÂMPUS EXPERIMENTAL DE ITAPEVA PRODUÇÃO DE POLPA SOLÚVEL A PARTIR DE Eucalyptus urograndis RAFAEL DOS SANTOS ESTE TRABALHO DE GRADUAÇÃO FOI JULGADO ADEQUADO COMO PARTE REQUISITO PARA A OBTENÇÃO DO DIPLOMA DE GRADUADO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL MADEIREIRA APROVADO EM SUA FORMA FINAL PELO CONSELHO DE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL MADEIREIRA BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. José Cláudio Caraschi Orientador – Câmpus Experimental de Itapeva/UNESP Prof. Dr. Ricardo Marques Barreiros Câmpus Experimental de Itapeva/UNESP Prof. Dr. Glaucia Aparecida Prates Câmpus Experimental de Itapeva/UNESP Ao Senhor Deus altíssimo pela sabedoria e cuidado constante e à minha família pela longa caminhada ao meu lado. AGRADECIMENTOS Sobre todas as coisas, a Deus pela sua benignidade para comigo e minha família, nos escolhendo e separando para viver em sua plena comunhão. Aos meus pais Ramires e Benedita sou eternamente grato pelo apoio incondicional, pela presença e participação efetiva em minha formação ética e profissional, pelo carinho e amor concedido, enfim, por serem meus maiores referenciais. Aos meus irmãos Fernanda, Ricardo e Vanessa e cunhados Adilson e Márcia, os quais sempre estiveram ao meu lado, dando-me apoio em todos os momentos e circunstâncias da vida. Sou grato também por meus sobrinhos João Pedro, Vitória, Rebeca, Rayssa e Raquel, os quais são herança do Senhor para nossa família. Ao professor José Cláudio Caraschi por tanta paciência e dedicação, sempre nos auxiliando de modo surpreendente, não somente na orientação deste trabalho, mas ao longo de toda a graduação. Agradeço a todos meus colegas de estudo nos mais diversos níveis de escolaridade por onde passei, especialmente aos amigos de graduação Felipo e Rodrigo, os quais foram como meus irmãos ao longo destes últimos anos. Aos amigos colaboradores da Lwarcel Celulose que tanto me auxiliaram, contribuindo significativamente em minha formação, em especial ao caro amigo Cesar, o qual fora um dos meus grandes incentivadores ao longo desta jornada. A todos os professores que de alguma forma um dia me ajudaram realizar as melhores escolhas. A todos os colaboradores do Câmpus da UNESP de Itapeva por toda ajuda propiciada nestes anos. A todos que de alguma forma contribuíram para alcance deste mérito. “Mostre-me alguém que nunca enfrentou qualquer dificuldade ou oposição e lhe mostrarei alguém cuja vida é apenas superficial” Ron Mehl RESUMO A madeira do gênero Eucalyptus ocupa um lugar de destaque em relação a outras fontes de celulose, devido a sua composição química, seu baixo custo, abundância e disponibilidade. A obtenção de celulose solúvel se dá basicamente a partir de três etapas: pré-hidrólise da madeira seguida de polpação e finalmente do processo de branqueamento. Na produção de polpa solúvel, é necessária uma etapa de pré-tratamento para a remoção de hemiceluloses. Dentre os processos de polpação química, o processo Kraft é o mais extensivamente utilizado para produção de polpas celulósicas a partir de eucalipto, na presença ou não de aditivos. O uso de antraquinona no processo de polpação tem como principais finalidades aumentar a taxa de deslignificação bem como proteger a polpa quanto à degradação das cadeias de polissacarídeos. O processo de branqueamento ECF consiste na purificação da polpa por meio de agentes de branqueamento, excetuando-se o cloro elementar. A celulose solúvel é uma polpa de elevado teor de α-celulose e pureza destinada à produção de derivados de celulose como carboximetilcelulose, nitrocelulose e celulose microcristalina. A fabricação de um determinado produto, bem como a sua aplicação final, é determinada pelas propriedades químicas da polpa. O presente trabalho teve como finalidade produzir polpa celulósica com número kappa em torno de 9 destinada à produção de polpa solúvel, de modo a avaliar o uso da antraquinona (AQ) no processo Kraft em função das propriedades químicas das polpas obtidas. Visou-se ainda desenvolver uma tecnologia de branqueamento eficaz para a produção de celulose solúvel de alta pureza e qualidade. A pré-hidrólise foi realizada em autoclave rotativa laboratorial durante 30 minutos a 170ºC na razão água:madeira 3,5:1 (L:kg). Os cozimentos Kraft/AQ foram realizados em autoclave rotativa laboratorial variando-se inicialmente a carga de álcali ativo (10, 13, 16 e 19%) a uma sulfidez de 25%, objetivando-se obter polpa com número kappa de 9±1. Determinada a carga de álcali ativo variou-se em um segundo momento a carga de sulfidez (5, 10, 15, 20 e 25%), novamente mantendo-se as demais condições constantes e objetivando obter polpa com número kappa próximo de 9, sendo o álcali ativo aplicado de 17,4%. Após cada cozimento, analisou-se o licor de polpação, determinaram-se o número kappa da polpa, rendimentos bruto e depurado e teor de rejeitos. O processo de branqueamento foi realizado em banho termostatizado segundo as condições de cada estágio, sendo as sequências utilizadas: D0EPD1D2 e D0EPD1P. O processo de pré-hidrólise proporcionou rendimento de 86,85%. A madeira pré-hidrolisada apresentou redução de cerca de 40% quanto ao teor de hemiceluloses inicial, atingindo teores de cerca de 9% (em massa) em relação à matéria-prima inicial seca, enquanto que o teor de celulose praticamente não foi afetado. O cozimento ao álcali ativo de 17,4% e sulfidez de 8,8% apresentou rendimento depurado de 48,63% e teor de rejeitos de 0,17%, sendo que o rendimento com base na massa inicial de madeira foi de 42,24%. Já o branqueamento com etapa final realizada com ClO2- atingiu alvura de 83,85%ISO, sendo o teor de Į-celulose final da polpa de 97,11%. Palavras-chave: Pré-hidrólise, Polpa solúvel, Antraquinona, Polpação Kraft, Alfa-celulose, Eucalyptus urograndis. ABSTRACT The wood of the gender Eucalyptus occupies a prominence place in relation to other cellulose sources, due to its chemical composition, its low cost, abundance and availability. The dissolving pulp obtaining occurs basically starting from three stages: prehydrolysis of the wood following by cooking and finally by the bleaching process. In the dissolving pulp production is necessary a pretreatment stage for the hemicelluloses removal. Among the chemical cooking processes, the Kraft process is the most used for cellulosic pulps production starting from eucalyptus, in the additive presence or not. The anthraquinone uses in the pulping process has as main purposes increasing the delignification rate as well as protecting the pulp regarding the degradation of the polysaccharide chains. The ECF bleaching process consists of the purification of the pulp through bleaching agents, being excepted the elementary chlorine. The dissolving pulp is a pulp of high α-cellulose content and purity destined to the cellulose derivatives production as carboxymethyl cellulose, nitrocellulose and microcrystalline cellulose. The production of a certain product, as well as its final application, is determined by the chemical properties of the pulp. The present work had as purpose producing cellulosic pulp with kappa number around 9 destined to the production of dissolving pulp in way to evaluate the use of the anthraquinone (AQ) in the Kraft process according to the chemical properties of the obtained pulps. It has been still intended developing an effective technology of bleaching for the high purity and quality dissolving pulp production. The prehydrolysis was accomplished in laboratory rotational autoclave for 30 minutes at 170ºC in the water:wood rate 3,5:1 (L:kg). The Kraft/AQ pulping were accomplished in laboratory rotational autoclave being initially modified the active alkali load (10, 13, 16 and 19%) at sulfidity of 25% being aimed at obtaining pulp with 9±1 kappa number. Determined the active alkali load the sulfidity load in a second moment was modified (5, 10, 15, 20 and 25%), again maintaining the other conditions constant and aiming at obtaining pulp with kappa number close to 9, being the active alkali applied of 17,4%. After each pulping, the cooking liquor was analyzed, it was determined the pulp kappa number, raw and purified yields and reject rate. The bleaching process was accomplished in thermostatic bath according to the conditions of each stage, being the used sequences: D0EPD1D2 and D0EPD1P. The prehydrolysis process provided yield of 86,85%. The prehydrolysed wood presented reduction of about 40% regarding to the initial hemicelluloses content, reaching rates of about 9% (in mass) in relation to the initial dried raw material, while the cellulose content practically was not affected. The pulping with active alkali of 17,4% and sulfidity of 8,8% presented purified yield of 48,63% and reject rate of 0,17%, the yield based on the initial mass of wood was of 42,24%. The bleaching with final stage accomplished with ClO2reached whiteness of 83,85%ISO, being the final pulp Į-cellulose content of 97,11%. Key-words: Prehydrolysis, Dissolving pulp, Anthraquinone, Kraft pulping, Alpha-cellulose, Eucalyptus urograndis. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Mecanismo de oxi-redução da AQ na polpação alcalina. ......................................... 8 Figura 2: Reação de estabilização da celulose em processos alcalinos na presença de AQ. ..... 8 Figura 3: Peneira classificatória utilizada. ............................................................................ 19 Figura 4: Autoclave utilizada para a realização dos processos de pré-hidrólise e cozimento. 21 Figura 5: (a) depurador laboratorial e (b) tela de inox de 150 mesh utilizados nos processos de depuração e lavagem das polpas. ................................................................... 23 Figura 6: Banho-maria termostatizado utilizado para a realização de todos os estágios de branqueamento.............................................................................................. 26 Figura 7: Equipamento utilizado para a aferição das alvuras das polpas................................ 29 Figura 8: Equipamento analisador de fibras (FQA)............................................................... 30 Figura 9: Curva de deslignificação: Álcali ativo x número kappa. ........................................ 35 Figura 10: Curva de deslignificação: Sulfidez x número kappa............................................. 36 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Características necessárias às polpas utilizadas para dissolução. ............................. 9 Tabela 2: Aplicações de polpa solúvel em função de suas propriedades................................ 10 Tabela 3: Condições do processo de pré-hidrolise. ............................................................... 20 Tabela 4: Condições das polpações Kraft e Kraft/AQ da madeira pré-hidrolisada................. 22 Tabela 5: Condições gerais do processo de branqueamento. ................................................. 25 Tabela 6: Caracterização física do Eucalyptus urograndis.................................................... 31 Tabela 7: Composição química da madeira “in natura”. ...................................................... 32 Tabela 8: Caracterização química da madeira pré-hidrolisada............................................... 33 Tabela 9: Resultados das análises químicas da polpa marrom obtida às condições determinadas (base na polpa marrom). .......................................................... 37 Tabela 10: Propriedades da polpa celulósica marrom. .......................................................... 38 Tabela 11: Solubilidade da polpa marrom em diversas concentrações de álcali. ................... 38 Tabela 12: Dimensões de fibras da polpa marrom. ............................................................... 39 Tabela 13: Resultados da evolução da alvura após cada etapa de branqueamento. ................ 40 Tabela 14: Indicadores de qualidade do processo após cada estágio. .................................... 41 Tabela 15: Resultados das análises de viscosidade após cada etapa do processo produtivo. .. 42 Tabela 16: Solubilidade das polpas branqueadas em diversas concentrações de álcali. ......... 43 Tabela 17: Dimensões de fibras das polpas finais branqueadas............................................. 44 Tabela 18: Custo dos reagentes químicos utilizados no branqueamento................................ 45 Tabela 19: Custo total do processo de branqueamento para as duas sequências de branqueamento empregadas........................................................................... 45 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Į-Celulose Alfa celulose ABTCP Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel ABRAF Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas AHQ Antrahidroquinona AQ Antraquinona BRACELPA Associação Brasileira de Celulose e Papel ECF Elemental Chlorine Free E. grandis Eucalyptus grandis E. urograndis Eucalyptus urograndis E. urophylla Eucalyptus urophylla FAO Food and Agriculture Organization FQA Analisador de Qualidade de Fibra – Fiber Quality Analizer GP Grau de Polimerização IMA Incremento Médio Anual ISO International Stantardization Organization SBS Sociedade Brasileira de Silvicultura TAPPI Technical Association of the Pulp and Paper Industry TRS Total de Enxofre Reduzido – Total Reduced Sulphur LISTA DE SÍMBOLOS % Por cento ou porcentagem ° Grau mm Milímetro ºC Graus Celsius g/cm³ Grama por centímetro cúbico NaOH Hidróxido de sódio Na2S Sulfeto de sódio g/mol Grama por mol H2S Sulfeto de hidrogênio CH3SH Metil mercaptana CH3SCH3 Dimetilsulfeto CH3SSCH3 Dimetildissulfeto SOX Óxidos de enxofre NOX Óxidos de nitrogênio mL/g Mililitro por grama °GE Alvura em grau na escala GE %ISO Alvura em porcentagem na escala ISO cP Centipoise S18 Solúveis em NaOH 18% AOX Compostos organoclorados Cl2 Cloro elementar ClO2- Dióxido de cloro kg/t Quilograma por tonelada L:kg Relação litros:quilograma a.s. Absolutamente seco min Minuto D0 Primeiro estágio com dióxido de cloro EP Extração alcalina com H2O2 D1 Segundo estágio com dióxido de cloro D2 Terceiro estágio com dióxido de cloro P Estágio convencional com H2O2 H2SO4 Ácido sulfúrico H2O2 Peróxido de hidrogênio S5 Solúveis em NaOH 5% S10 Solúveis em NaOH 10% a. s. Absolutamente Seco AA Álcali ativo cm³/g Centímetro cúbico por grama t Tonelada Ș Viscosidade [Ș] Viscosidade intrínseca SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...................................................................................................... 1 2. OBJETIVOS........................................................................................................... 2 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................ 3 3.1. O gênero Eucalyptus ........................................................................................ 3 3.1.1. O híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla ............................... 4 3.2. Antraquinona (AQ) .......................................................................................... 5 3.3. Polpa solúvel ................................................................................................... 8 3.4. Processo de pré-hidrólise ............................................................................... 11 3.5. Polpação Kraft ............................................................................................... 13 3.6. Branqueamento de polpa celulósica................................................................ 15 3.6.1. Considerações gerais sobre branqueamento ............................................. 15 3.6.2. Processo de branqueamento de celulose .................................................. 16 4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL .................................................................. 19 4.1. Caracterização física dos cavacos................................................................... 20 4.2. Processo de pré-hidrólise da madeira.............................................................. 20 4.3. Análise química dos cavacos.......................................................................... 21 4.4. Processos de polpação Kraft e Kraft/AQ ........................................................ 22 4.5. Análise química da polpa marrom .................................................................. 24 4.6. Processo de branqueamento ........................................................................... 25 4.6.1. Condições gerais do processo de branqueamento..................................... 25 4.6.2. Branqueamento com dióxido de cloro (D) ............................................... 27 4.6.3. Extração alcalina com peróxido de hidrogênio (EP) ................................. 27 4.6.4. Branqueamento com peróxido convencional (P)...................................... 28 4.7. Caracterização das polpas branqueadas .......................................................... 28 4.7.1. Análise das polpas branqueadas............................................................... 28 4.7.2. Alvura e reversão de alvura ..................................................................... 29 4.7.3. Viscosidade intrínseca e grau de polimerização ....................................... 29 4.7.4. Dimensões de fibras – comprimento, largura e teor de finos .................... 30 4.7.5. Análise de custo de reagentes de branqueamento..................................... 30 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................... 31 5.1. Caracterização física da madeira (cavacos)..................................................... 31 5.2. Caracterização química da madeira ................................................................ 31 5.3. Processo de pré-hidrólise ............................................................................... 33 5.4. Polpação química Kraft e Kraft/AQ ............................................................... 34 5.5. Caracterização química da polpa celulósica marrom....................................... 37 5.6. Processo de branqueamento ........................................................................... 40 5.6.1. Análise dos custos de reagentes............................................................... 44 6. CONCLUSÕES.................................................................................................... 46 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 47 1 1. INTRODUÇÃO O Brasil é um grande produtor de celulose, destacando-se mundialmente, ante a crise financeira que assolou as nações, com uma produção recorde de celulose de 12,7 milhões de toneladas em 2008, passando assim da sexta para a quarta posição no ranking dos maiores produtores mundiais de polpa celulósica. Em contrapartida, a produção de polpa solúvel é extremamente reduzida, uma vez que até o ano de 2008 o país possuía uma capacidade instalada de aproximadamente 500 mil toneladas (BRACELPA, 2009a; BRACELPA, 2009b). Do ponto de vista tecnológico, qualquer matéria-prima fibrosa é passível de ser utilizada na produção de celulose. Porém, quando analisada sob o aspecto econômico uma série de fatores devem ser levados em consideração, tais como: porcentagem de fibras, características anatômicas, morfológicas, físicas e químicas, quantidade disponível em local de fácil acesso, possibilidade de regeneração a prazos curtos, custos relativamente baixos, existência de mercado para o tipo de celulose a ser produzida, etc. Atualmente, a fonte mais importante para a produção de celulose são as fibras de madeiras de eucalipto e pinus, sendo que o Brasil tem sua produção baseada fundamentalmente nas folhosas e desponta entre os países com melhor qualidade tecnológica e edafoclimática para o cultivo do eucalipto. Dentre as polpas celulósicas tem-se a polpa solúvel, um material destinado à produção de celulose de alta pureza e a seus possíveis derivados. A produção de polpa solúvel consiste basicamente em tratar qualquer material lignocelulósico de modo a obter-se um material homogêneo, quanto à distribuição da massa molar, elevado nível de pureza e baixos teores de hemiceluloses e lignina. 2 2. OBJETIVOS Este trabalho teve como objetivo geral desenvolver metodologias científicas mais adequadas à preparação da polpa celulósica pré-hidrolisada, destinada à produção de polpa solúvel com elevada pureza e qualidade, a partir da madeira de Eucalyptus urograndis, um produto alternativo de alto valor agregado com inúmeras aplicações. Como objetivos específicos, destacam-se: • Determinar as melhores condições de cozimento Kraft/AQ do material pré-hidrolisado com o intuito de produzir polpas com número kappa próximo de 9, elevado rendimento, baixos teores de lignina e hemiceluloses, além de mínima degradação de celulose; • Avaliar os cozimentos em função do rendimento e caracterizar a polpa marrom obtida da otimização das condições de cozimento, quanto as suas propriedades com relação à alvura, número kappa, viscosidade e grau de polimerização; • Caracterizar quimicamente a polpa marrom quanto aos teores de holocelulose, celulose, hemiceluloses e lignina (solúvel e insolúvel), de modo a compará-las entre si; • Avaliar e comparar as seqüências de branqueamento propostas quanto ao rendimento, qualidade e propriedades, em função das sequências de branqueamento empregadas para a obtenção de polpas branqueadas com alvura superiores a 85% ISO. 3 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA No Brasil, a história dos materiais celulósicos para papel começa em 1790, quando o botânico português Frei José Mariano da Conceição Velloso, publica no Rio de Janeiro a sua "Flora Fluminensis", indicando espécies capazes de uso na produção de papel. Em 1809, Frei Velloso, oficiando ao Ministério Real, anexa uma amostra de papel feito de embira e anuncia planos para a fabricação futura de papel alvejado (BRACELPA, 2007). Outras referências ao uso de materiais celulósicos para fabricação de papel, no século XIX, indicam a utilização (bem sucedida), na Bahia e no Rio de Janeiro, de troncos de bananeira, pita e gravatá (BRACELPA, 2007). A produção industrial de celulose, no Brasil, a partir do pinheiro, inicia-se no Paraná, em Monte Alegre, no início dos anos 40, pelos processos Sulfito e Soda/Enxofre, instalandose a primeira fábrica pelo processo Kraft na década de 50. A produção em grande escala de celulose de eucalipto pelo processo Kraft foi iniciada no Estado de São Paulo em 1957, estabelecendo-se o caminho para a grande etapa de industrialização da celulose que, em aproximadamente meio século, levou o Brasil à posição de 4° produtor do mundo (BRACELPA, 2007; BRACELPA, 2009b). 3.1. O gênero Eucalyptus No Brasil, a produção de celulose a partir de madeiras de eucaliptos está apoiada em umas poucas espécies de valor indiscutível e suficientemente reconhecido pelas indústrias do ramo. Entre outras razões, isso se deve de um lado aos estudos pioneiros das indústrias mais antigas e, de outro, ao melhor desenvolvimento destas espécies no campo (BARRICHELO; BRITO, 1976). Um fator importante na competitividade da indústria de celulose é a seleção de árvores para formação de florestas homogêneas que possibilitem a produção de polpa celulósica com alto rendimento industrial, baixo custo e elevada qualidade tecnológica. No Brasil, os programas de melhoramento florestal das empresas nacionais de celulose e papel destacam-se no cenário mundial pelos excelentes resultados alcançados na área de melhoramento genético 4 de algumas espécies do gênero Eucalyptus, alcançando os mais elevados níveis mundiais de incremento médio anual – IMA (GOMIDE et al., 2003). Em função das pressões ecológicas e da distância do mercado consumidor das madeiras nativas, os eucaliptos apresentam-se atualmente como uma das melhores opções para suprir este mercado no Brasil. Com a grande ascensão na década passada da indústria de celulose, as áreas de reflorestamento atingiram enormes proporções. Somente com o eucalipto, o Brasil possui cerca de 3.600.000 hectares reflorestados (SBS, 2007; ABRAF, 2008). Na área de melhoramentos, iniciou-se há alguns anos o trabalho com híbridos, tentando-se obter novas espécies com as melhores características de cada genitor, buscandose, segundo Carvalho e Nahuz (2001), vencer problemas comuns de determinadas espécies. No gênero Eucalyptus o mais conhecido é o híbrido Eucalyptus urograndis. 3.1.1. O híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla Fruto da hibridização entre o Eucalyptus grandis Hill (ex Maiden) e do Eucalyptus urophylla S.T. Blake, o Eucalyptus urograndis reúne características interessantes inerentes a cada um de seus genitores, propiciando-o assim destaque entre os diversos híbridos atualmente utilizados. Dentre as características que se destacam nos genitores do E. urograndis, temos, segundo Carvalho (2000) apud Alzate (2004), plantas com um bom crescimento, característica esta oriunda do E. grandis, além de um leve aumento da densidade da madeira bem como melhorias no rendimento e propriedades físicas da celulose, as quais são propiciadas por características do E. urophylla. O Eucalyptus grandis é uma espécie nativa do norte de Nova Gales do Sul e da costa sul de Queensland, na Austrália. Distribui-se principalmente entre as latitudes 26 a 32° Sul e altitudes de 0-300 m e se adapta muito bem em regiões com precipitação entre 1000 e 1750 mm e temperaturas médias máximas entre 29 e 32°C e médias mínimas entre 5 e 6 °C (FAO, 1981). Já o Eucalyptus urophylla possui duas variedades distintas, sendo uma de casca fibrosa, folhas lanceoladas com uma cauda bastante pronunciada, nativa de algumas ilhas 5 orientais do arquipélago de Sonda: Timor, Flores, Adonara, Lomblem, Plantar, Alor e Wetar, situadas ao norte da Austrália, entre 7-10° de latitude sul, de altitudes elevadas (acima de 1000 m). Esta foi a variedade utilizada por Blake para descrever e classificar a espécie; a outra variedade desta espécie possui casca lisa em diferentes proporções do fuste e folhas com forma e tamanho variáveis (MARTIN; COSSALTER, 1975; SCANAVACA JUNIOR, 2001; ALZATE, 2004). De acordo com Mora e Garcia (2000), o E. grandis supera qualquer outra espécie em incremento volumétrico em condições ambientais adequadas, sendo a mais plantada no Brasil pela sua plasticidade genética, e muito utilizada na obtenção de híbridos e para clonagem de árvores selecionadas. No entanto, esses autores também afirmaram que o interesse pelo E. urophylla surgiu no Brasil nos últimos anos, depois de comprovada sua alta resistência ao agente causador do cancro do tronco, sendo indicada na substituição do Eucalyptus grandis em áreas mais susceptíveis ao mesmo. A esse respeito, Ruy (1998) afirma que se estimam no Brasil 600.000 ha plantados com esta espécie e seus híbridos e que o híbrido Eucalyptus grandis x urophylla tem-se constituído na base da silvicultura clonal brasileira. Bassa (2006) ressalta que os híbridos de Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla se destacam no cenário florestal brasileiro, pelo crescimento rápido, com ciclos de corte entre 6 e 7 anos de idade e por uma boa performance na produção de celulose e papel. Segundo a autora, estas características foram obtidas através de avanços tecnológicos na área de silvicultura e da seleção de populações, famílias e indivíduos superiores, de tal modo que se alcançou uma elevada produção de madeira, em torno de 40 a 50 m³/ha/ano. Não obstante, tem-se ainda que o Eucalyptus urograndis apresenta boa qualidade da madeira, com rendimentos em polpa celulósica entre 50 e 54% e densidade básica da madeira em torno de 0,500 a 0,520 g/cm³. 3.2. Antraquinona (AQ) A AQ (C14H8O2) caracteriza-se por ser um composto orgânico, de massa molar 208,23 g/mol, apresentando coloração amarela, cristalina em agulhas rombiformes, temperatura de fusão 286°C, temperatura de ebulição 379,8°C, densidade 1,438 g/cm³ e baixa pressão de 6 vapor. É insolúvel em água e em muitos solventes orgânicos. Na forma reduzida é solúvel em álcali e dispersa bem em líquidos de mesma densidade. A partir dos anos 1970 a antraquinona começou a ser investigada quanto a sua ação como catalisador para a fabricação de celulose. Entretanto, por alguns anos, a utilização de AQ na indústria de celulose destinada à fabricação de papéis para embalagem de gêneros alimentícios foi proibida pelo governo americano, que caracterizava-a como um produto químico pouco conhecido e de possíveis efeitos maléficos ao homem. Em 1980, foi liberado o emprego da AQ com uma pureza mínima de 98%, como aditivo para a fabricação de celulose destinada a materiais de embalagens de gêneros alimentícios conforme Busnardo et al. (1982) apud Jerônimo et al. (2000a). A utilização de AQ como aditivo auxiliar na polpação de madeiras vem desde 1977. A AQ é considerada como um catalisador redox da polpação alcalina com grande capacidade de aumentar a taxa de deslignificação seletiva de materiais lignocelulósicos quando utilizada em proporções bastante pequenas. Atualmente considera-se que a AQ é eficiente não só em acelerar a velocidade de deslignificação, como também em aumentar o rendimento de polpa através da estabilização de grupos terminais dos polissacarídeos, além disso, melhora as propriedades da polpa, elimina ou reduz problemas de poluição do ar, com a redução na emissão de compostos reduzidos de enxofre (TRS) bem como outros (ALMEIDA; SILVA, 2003; JERÔNIMO et al. 2000b; MILANEZ, 2003; SILVA et al., 2000; SILVA et al., 2001). Permite ainda a utilização de baixa sulfidez no processo Kraft ou até mesmo a eliminação dos compostos de enxofre, como no processo soda, sem prejuízos apreciáveis na qualidade da celulose. No trabalho realizado por Fraga et al. (2002), verificou-se melhorias na eficiência no processo de polpação soda do Pinus taeda com a adição de AQ, tornando o rendimento e a qualidade da polpa semelhante ao do processo Kraft. A dose de AQ dependerá de suas aplicações específicas, a faixa utilizada vai de 0,001 a 0,25% com base em material seco. Segundo Jerônimo et al. (2000b), a utilização de AQ no cozimento Kraft nas proporções de 0,05 e de 0,10% para sulfidez zero de AQ na produção de polpa de Eucalyptus saligna apresentaram bons resultados, proporcionando redução da sulfidez do processo sem perdas da qualidade da polpa final produzida e também não afetou no processo de branqueamento das polpas. Segundo Khristova et al. (2006), o emprego de AQ em 4 diferentes processos de polpação alcalina de quatro espécies de eucalipto do Sudão proporcionou uma aceleração da deslignificação e aumento do rendimento de polpa para todas as espécies e cozimentos avaliados. 7 Além da polpação de madeiras, a AQ vem também sendo utilizada como aditivo na polpação alcalina de bagaço de cana-de-açúcar, kenaf, bambu, palha de arroz, línter de algodão, etc., ou seja, todo material lignocelulósico que possa ser processado em meio alcalino (CARASCHI, 1997; EL-ASHMAWY et al., 1984; KHRISTOVA et al.,2006; SADAWARTE et al., 1982; WANG et al., 1987; WANG; PATT, 1989). As reações da AQ durante os processos Soda e Kraft consistem basicamente na oxidação dos polissacarídeos da madeira e na hidrólise de ligações éteres da lignina. O mecanismo proposto para a ação da AQ está baseado no fato que a AQ oxida os grupos terminais redutores dos polissacarídeos (carboidratos), resultando na estabilização da glicose e impedindo a reação de peeling (despolimerização terminal) da celulose e das hemiceluloses, especialmente no início do cozimento. A forma oxidada da AQ é, então, reduzida a antrahidroquinona (AHQ), impedindo a hidrólise alcalina dos polissacarídeos durante o cozimento (Figura 1). Em seguida, AHQ volta a ser oxidada à AQ pela ação de fragmentos ativos de lignina removida e solubilizada durante o cozimento alcalino, e então a AQ se encontra novamente disponível para oxidar outros polissacarídeos, dando continuidade ao ciclo de oxi-redução (LIMA et al., 1994; LÖWENDAHL; SAMUELSON, 1978a; LÖWENDAHL; SAMUELSON, 1978b; GIERER et al., 1979; FLEMING et al., 1978; WANG; PATT, 1989). Esta conversão de AHQ em AQ reduz os terminais ativos da lignina, podendo causar a clivagem das ligações β-arila da estrutura da lignina, inibindo a reação de polimerização ou combinações das ligninas degradadas (FLEMING et al., 1978; GIERER et al., 1979), isto é, a ação da AQ sobre a lignina é explicada pela reação de hidrólise das ligações ß-éter, ocasionando a formação de fragmentos de lignina de menor massa molecular, o que resulta em uma intensificação da taxa de deslignificação e remoção desta (GOMIDE et al., 1980; GOMIDE; OLIVEIRA, 1979 apud JERÔNIMO et al. , 2000b). Este ciclo é repetitivo de uma maneira catalítica, a qual se explica o grande efeito de uma pequena quantidade de aditivo. 8 OH O O O Forma oxidada AQ Forma reduzida AHQ Figura 1: Mecanismo de oxi-redução da AQ na polpação alcalina. Este sistema redox vem explicar o aumento de rendimento pela estabilização dos carboidratos através da oxidação dos grupos terminais dos açúcares redutores dos carboidratos (celulose e hemiceluloses) para a forma de ácidos aldônicos (Figura 2), e a redução do número kappa pelo aumento da deslignificação. H 2COH Cel O H 2 CO H OH O O AQ OH OH O OH (1) Cel O O OH OH OH CH 2 OH Celulose OH O O CH 2 O H Ácido aldônico H OH extremo redutor, C (1) RO OH O ligação hemiacetal R' Figura 2: Reação de estabilização da celulose em processos alcalinos na presença de AQ. 3.3. Polpa solúvel A introdução do tratamento de pré-hidrólise da madeira antes da polpação Kraft tornou possível a produção de polpa para dissolução (ou também denominadas, polpa solúvel ou celulose solúvel) por este processo. A polpa solúvel diz respeito à polpa de celulose de elevado grau de pureza e teor de Įcelulose (a Į-celulose é a porção de matéria insolúvel em solução aquosa de NaOH 17,5%) acima de 85%, baixo teor de hemiceluloses, baixíssimo teor de lignina residual, extrativos e elementos minerais, além de uma distribuição uniforme da massa molar. A Tabela 1 resume as características mínimas necessárias à polpa de celulose utilizada para dissolução. 9 Tabela 1: Características necessárias às polpas utilizadas para dissolução. Teor de alfa-celulose >93% Teor de lignina <0,1% Teor de pentosanas <5% Teor de extrativos em etanol:tolueno <0,5% Teor de cinzas <0,2% Teor de sílica <0,05% Alvura Viscosidade >88°GE ou 85% ISO 10 a 20 cP Fonte: FOELKEL et al. (1979); SIXTA (2006). Essa polpa de celulose é empregada para a produção de diferentes produtos, tais como celulose microcristalina, raiom e de inúmeros derivados de celulose, como acetato de celulose, etilcelulose, nitrato de celulose e carboximetilcelulose, conforme determinado por suas propriedades. A fabricação de um determinado produto, bem como a sua aplicação final, são também determinadas pelas propriedades da polpa empregada. Na fabricação de acetato de celulose, por exemplo, é exigida polpa solúvel com viscosidade intrínseca na faixa de 500 a 700 mL/g e alvura acima de 90 %ISO. A pureza química é a principal característica que deve ter uma polpa para dissolução. A pureza da polpa solúvel é expressa por meio da solubilidade da polpa celulósica em hidróxido de sódio (NaOH) à concentração de 18% (S18). A fração insolúvel compreende a majoritariedade na celulose, enquanto que a porção solúvel compreende a maioria das hemiceluloses bem como o grau de degradação das cadeias de celulose. Valores baixos de S18 indicam alta pureza da celulose, ou seja, elevado teor de alfa-celulose. Já altos valores de S18 implicam em baixos rendimentos na derivatização e na qualidade dos derivados obtidos a partir da mesma. A partir da caracterização química é possível se ter uma indicação útil da viabilidade de determinada polpa solúvel para finalidade desejada, seja ela para fabricação de raiom, acetato, nitrato ou qualquer outro derivado de celulose. A Tabela 2 apresenta de modo sucinto, diferentes possíveis aplicações a polpas solúveis em função de suas propriedades. 10 Tabela 2: Aplicações de polpa solúvel em função de suas propriedades. Faixa requerida S18 (%) [Ș] (mL/g) Aplicações 1,5 – 2,0 Acetato (plástico) 2,0 – 2,5 Filamento de alta tenacidade, acetato (filtro) e nitrocelulose 2,8 – 3,2 Éter 3,2 – 3,6 Filamento têxtil 3,6 – 4,0 Filamento de raiom e celofane 250 – 700 Éter de celulose 500 – 700 Acetato de celulose 500 – 600 Filamento de alta tenacidade e nitrocelulose 450 – 600 Filamento têxtil 350 – 550 Fibra de raiom e celofane Fonte: MANHÃES; LIMA (2001). Além destes parâmetros gerais de qualidade, há diversas propriedades da polpa como grau de cristalinidade, distribuição da massa molar, área superficial específica da fibra e porosidade, que influenciam a acessibilidade de químicos à polpa e assim, consequentemente, na sua reatividade (nos processos posteriores envolvendo derivatização) (MANHÃES; LIMA, 2001). Quanto à produção de polpa solúvel só são registradas três empresas no Brasil, duas em São Paulo e uma na Bahia, que comercializam o produto, apesar do volume quase total ser exportado. A capacidade total instalada até o ano de 2008 era em torno de 500 mil toneladas por ano (BRACELPA, 2009b). As polpas solúveis foram produzidas durante muito tempo por madeiras de coníferas (fibra longa) e por “línter” do algodão (fibra curta). As madeiras de coníferas, pelo fato de serem homogêneas e conterem menos pentosanas, eram as madeiras preferidas para esta finalidade. Atualmente as folhosas, especialmente algumas espécies de eucaliptos têm se constituído numa das principais fontes de matéria-prima para polpas solúveis de fibras curtas. Entretanto, devido à grande diversidade de espécies existentes, é difícil considerá-la como fornecedora de madeira bem definida para a produção deste tipo de celulose. Aliado a isto, a facilidade de consegui híbridos entre muitas espécies colabora também para a desuniformidade de suas madeiras e suas características. Tendo em vista esses fatores, devese pesquisar a melhor espécie de acordo com as suas características, para o fim que se deseja. 11 As polpas solúveis podem ser obtidas por um processo de pré-hidrólise aquosa seguido dos processos de polpação e branqueamento. 3.4. Processo de pré-hidrólise O processo de pré-hidrólise consiste em tratar a madeira ou qualquer outro material lignocelulósico a temperaturas elevadas, com água ou com ácido mineral diluído (ácido clorídrico, ácido sulfúrico ou solução aquosa de dióxido de enxofre) (RICHTER, 1955). Segundo Kerr (1976), a maioria das instalações industriais utiliza apenas água para a préhidrólise. De acordo com Rydholm (1967), até 1950 as polpas solúveis eram produzidas inteiramente pelo processo sulfito. O processo de pré-hidrólise, como primeira etapa do cozimento kraft, foi introduzido por Richter em 1930 e posteriormente desenvolvido na Alemanha durante a Segunda Guerra, quando a primeira unidade industrial foi instalada. As condições de pré-hidrólise são da maior importância desde que a polpação tenha como objetivo um produto caracterizado por um teor elevado de alfa-celulose, o que depende de uma hidrólise dos grupos nativos das pentosanas (hemiceluloses). A severidade da préhidrólise determinará o grau de remoção por solubilização das pentosanas neste estágio e, por polpação subseqüente, das pentosanas parcialmente degradadas. Os principais fatores da pré-hidrólise que irão definir o comportamento da madeira pré-hidrolisada no cozimento alcalino são: acidez da solução hidrolisante, a temperatura e o tempo de permanência a temperatura de pré-hidrólise. Logicamente, outros fatores associados à matéria-prima como, espécie de madeira, densidade, dimensões dos cavacos e a relação madeira:água, também podem influenciar nos resultados da pré-hidrólise (LIMA; ASSUMPÇÃO, 1982; SAAD et al., 1985). A água a temperatura ambiente ou mesmo a quente (100ºC) solubiliza pequenas quantidades de substâncias denominadas de extrativos da madeira, cerca de 1 a 2%, dependendo logicamente, da madeira em questão. A partir de 100ºC, a solubilização de certas substâncias constituintes da madeira aumenta consideravelmente. Em temperaturas altas, na faixa de 150º a 180ºC, a água provoca a hidrólise das ramificações das cadeias principais das hemiceluloses, como as ramificações de ácido urônicos e de grupos acetilas. Como resultado, 12 a fase líquida é enriquecida com ácidos orgânicos (ácido glucurônicos, galacturônicos e acético), conseqüentemente, o pH do meio cai para faixa de 3 a 4,5 e passa a ocorrer a hidrólise ácida de hemiceluloses, amido, extrativos, lignina e de uma pequena fração da celulose. A celulose é mais resistente do que outros componentes da madeira, mas não é totalmente imune ao ataque ácido. Na faixa de temperaturas de 100º a 225º C, ela começa a hidrolisar e solubilizar parcialmente em água, com a velocidade dependente do pH. Já a lignina sofre fragmentação na pré-hidrólise e torna-se suscetível à ação dos álcalis devido à despolimerização acompanhada ou não com outros componentes da madeira, permanecendo sua maior parte nos cavacos. Um dos problemas que ocorrem com madeiras com alto teor de lignina é a sua condensação no material pré-hidrolisado, o que dificulta os processos subseqüentes, deslignificação e branqueamento das polpas. Com relação ao tempo de permanência a máxima temperatura de pré-hidrólise, sua influência é semelhante ao efeito da temperatura. De acordo com Lima e Assumpção (1982), as variáveis tempo e temperatura de pré-hidrólise influenciam acentuadamente o rendimento da pré-hidrólise aquosa do Eucalyptus saligna além da remoção de pentosanas, e com influência menos intensa na remoção da lignina, da celulose e ainda em algumas características da madeira pré-hidrolisada, como solubilidade em etanol-benzeno e em soda 1%. Segundo os mesmo autores, à medida que as condições de pré-hidrólise são mais enérgicas, temperaturas mais elevadas e maior tempo de reação, a extração dos componentes da madeira torna-se mais pronunciada e a acidez do licor de pré-hidrólise aumenta. Resultados semelhantes foram obtidos por Lima e Gama (1976) na pré-hidrólise aquosa do Eucalyptus saligna. A pré-hidrólise com água em altas temperaturas é o método predominante (KERR, 1976; MEZZOMO et al., 1997; COSTA et al., 1997). Usualmente água e vapor são injetados sobre o material e a hidrólise é rápida (1/2 a 1 hora). Quanto mais alta a temperatura menor é o pH, pois a hidrólise é mais eficiente e o tratamento mais rápido. Não se pode, entretanto, aumentar indefinidamente a temperatura em função de problemas de degradação de celulose e de polimerização da lignina, que fica então mais difícil de posteriormente ser removida. O rendimento na pré-hidrólise mostra que uma quantidade apreciável da madeira é dissolvida apenas com água quente. Madeiras coníferas dão 85 a 90% de rendimento e de folhosas 70 a 85% (FOELKEL et al., 1979). As madeiras de folhosas apresentam menores 13 rendimentos pelo fato delas serem mais facilmente hidrolisadas com água quente porque possuem mais grupos ácidos. 3.5. Polpação Kraft O processo de polpação química ou cozimento é o mais extensivamente utilizado para produção de diferentes tipos de polpas. Nos processos de polpação química, a madeira é tratada com reagentes químicos específicos que degradam tanto hemiceluloses como lignina, produzindo derivados solúveis no licor de cozimento. Na polpação química através do processo Kraft utiliza-se uma solução quente (cerca de 170ºC) denominada de licor branco, rica em hidróxido de sódio (NaOH) e sulfeto de sódio (Na2S), a qual atua na deslignificação da madeira. Como resultado do cozimento da madeira, tem-se a polpa celulósica e o licor negro, rico em álcali e matéria orgânica dissolvida da madeira, como residual. Esse licor deve passar por um processo de recuperação, em que, ao final, é convertido novamente em licor branco e utilizado em um novo processo de digestão (OSSES, 1991 apud MOURA et al., 2002). Segundo Fengel e Wegener (1989), o processo Kraft gera uma polpa de excelente qualidade. Os agentes deslignificantes do processo Kraft são os íons hidroxila (OH−), sulfeto (S2-) e hidrossulfeto (HS−). Seu licor de cozimento é constituído de solução aquosa concentrada de hidróxido de sódio e sulfeto de sódio e o processo é realizado a temperaturas elevadas (160oC - 190oC). Atualmente a obtenção de polpa celulósica de eucalipto é quase totalmente através do processo alcalino sulfato (Kraft), processo este que consiste na degradação da lignina e conseqüente separação das fibras, deixando nas mesmas principalmente a celulose e as hemiceluloses para serem usadas para a fabricação de papel (PINHO; CAHEN, 1981 apud ARAUJO, 2004). O processo Kraft apresenta grandes vantagens sobre os demais processos de polpação, tais como adaptação a todos os tipos de madeira, produção de polpas de alta qualidade com excelentes propriedades de resistências e um eficiente sistema de recuperação de reagentes químicos e energia (GOMIDE et al., 1980). 14 Uma das características principais do processo Kraft é a alta qualidade de celulose obtida. Essa qualidade é avaliada basicamente pelo teor de lignina residual, número kappa, grau de degradação dos carboidratos (através da viscosidade) e propriedades físico-mecânicas. Porém, essas características podem sofrer alterações de acordo com algumas variáveis do processo como a carga alcalina, tempo e temperatura de deslignificação, entre outros (KRAMER, 1999; SILVA, 1994 apud JERÔNIMO, 1997). No que diz respeito ao sistema de recuperação química do processo Kraft (que é outra das principais vantagens apresentadas por este processo), temos que ao longo do processo o licor negro que sai do digestor é levado a um sistema de evaporadores de múltiplo efeito para que o mesmo aumente sua concentração de sólidos, o qual é então concentrado e queimado em caldeiras de recuperação. Os sais fundidos (denominados smelt) resultantes são tratados e retornam à rota produtiva de celulose na forma de licor branco (NaOH e Na S), dando a este 2 processo uma importante característica de recuperação dos sais inorgânicos utilizados, sendo as etapas envolvidas correlacionadas de forma a atribuir ao processo uma natureza cíclica (ASSUMPÇÃO et al., 1988; RIBEIRO, 2007). O processo Kraft tem apresentado muitas vantagens sobre outros processos de polpação, além da inigualável qualidade do produto. Porém, tal processo apresenta, particularmente, dois inconvenientes que têm se constituído em fortes incentivos para uma contínua melhoria do processo: pressões econômicas e ambientais. No que diz respeito ao fator econômico tem-se buscado aperfeiçoar o processo de polpação seja pela redução da carga de reagentes utilizada, seja pela redução do tempo gasto na etapa de deslignificação da madeira pelo licor. Quanto às pressões ambientais, é conhecida a forte carga de poluentes que são gerados pelas indústrias de polpa. Ao longo do tempo tornou-se prática obrigatória a redução nesta carga de poluentes, porém sem perda na qualidade da polpa produzida. O mercado consumidor, interno ou externo, cada vez mais exigente, impõe a regra da ótima qualidade do produto, mas sem grandes impactos ambientais para sua produção. De acordo com Jerônimo et al. (2000a) o odor é o principal problema ambiental de fábricas de celulose, e o processo Kraft apresenta como característica emissões aéreas poluentes, que incluem tanto produtos malcheirosos, como também material particulado. As principais contribuições para o típico odor das fábricas são os gases de enxofre reduzidos (TRS), sendo constituídos por sulfeto de hidrogênio (H2S), metil mercaptana (CH3SH), dimetilsulfeto (CH3SCH3) e dimetildissulfeto (CH3SSCH3), além dos óxidos de enxofre (SOX), e os óxidos de nitrogênio (NOX). Os particulados são constituídos na maior parte por 15 sulfato e carbonato de sódio ou cálcio. Tanto o sulfeto de hidrogênio, como os sulfetos orgânicos, são extremamente mal cheirosos e detectados pela sensibilidade olfativa em níveis de ppb de acordo com Foelkel et al.(1983). Em busca do atendimento destas exigências um novo conceito surgiu na indústria de celulose Kraft, o uso de aditivos, sendo a antraquinona (AQ) um desses aditivos e que tem ocupado lugar de destaque (ALMEIDA; SILVA, 2003; FRANCIS et al., 2006; PACINI, 1980; SANTOS; SANSÍGOLO, 2002). 3.6. Branqueamento de polpa celulósica 3.6.1. Considerações gerais sobre branqueamento A principal finalidade do branqueamento de polpa celulósica é obter uma polpa de alvura adequada para as exigências de mercado, através da remoção ou modificação de alguns componentes da polpa não-branqueada, incluindo, principalmente, a lignina e os seus produtos degradados, os ácidos hexenurônicos, os extrativos e os íons metálicos. O branqueamento deve ser realizado, preferencialmente, com um mínimo de degradação da polpa, representado pela perda de viscosidade e/ou rendimento, mínimo consumo de reagentes químicos, mínina formação de grupos carbonilas e carboxilas, bem como menor impacto ao meio ambiente por meio das emissões gasosas, bem como efluentes líquidos. Portanto, um processo de branqueamento, seja ele convencional, ECF (Livre de Cloro Elementar – Elemental Chlorine Free) ou TCF (Totalmente Livre de Cloro – Totally Chlorine Free), requer um conjunto de características, visando primordialmente produzir polpas de alvura aceitável no mercado. Nos processos convencionais de branqueamento, uma porção significativa de cloro elementar combina diretamente com a lignina, formando os compostos organoclorados (AOX) e dioxinas que são compostos tóxico-mutagênicos presentes nos efluentes de fábricas de celulose que utilizam o cloro elementar como agente de branqueamento. Este fato gerou um aumento das pressões por parte de organizações protetoras do meio ambiente, governamentais ou não. Porém, devido ao impacto ambiental causado pelos compostos 16 formados com estes agentes, há uma tendência crescente no sentido de substituí-los, pelo menos parcialmente, por outros compostos que causem um menor impacto ambiental (NAVARRO, 2004; VENTORIM, 1998). Associando-se à etapa de branqueamento da polpa celulósica com a questão ambiental, as pesquisas têm levado à remoção do cloro elementar e de compostos de cloro das tradicionais seqüências de branqueamento pelo seu efeito deletério ao meio ambiente, em especial devido à formação de dioxinas. Costa et al. (1997) relatam que a indústria de celulose tem sofrido contínuas mudanças tecnológicas para conciliar restrições ambientais e rápidas mudanças nas demandas de um mercado cada vez mais competitivo, uma vez que o mercado de celulose tem requerido não somente qualidade e preços baixos, como também exigido processos de produção que sejam menos impactantes ao meio ambiente. Uma das principais modificações é observada na etapa de branqueamento incluindo o uso de seqüências alternativas, como é o caso da substituição do estágio de cloração pela aplicação de dióxido de cloro (ClO2-), parcial ou integramente. Quando integralmente, este tipo de branqueamento passou a ser denominado “livre de cloro elementar” ou ECF, isto é, passou-se a não utilizar o gás cloro (Cl2) como agente alvejante de pasta ou polpa celulósica, mas permitindo o uso do dióxido de cloro (ClO2-). 3.6.2. Processo de branqueamento de celulose Reeve (1989) define o processo de branqueamento como um processo físico-químico aplicado às fibras celulósicas, visando aumentar a sua alvura e também promover maior limpeza e pureza nas polpas celulósicas, de modo a melhorar as suas qualidades e propriedades. O branqueamento tem por objetivo melhorar as propriedades da pasta celulósica a ele submetida (DANILAS, 1988). A celulose pura é branca, porém a polpa celulósica obtida após o cozimento da madeira é colorida devido à presença de lignina modificada e a menores proporções de extrativos, materiais degradados, íons metálicos, entre outros. Dependendo do tipo de madeira e do tipo de processo de cozimento da madeira, a cor desta polpa varia desde marrom escuro até o branco amarelo (creme). De acordo com este fato, evidencia-se a importância de se 17 branquear a polpa celulósica modificando-a quimicamente, a fim de reduzir suas características de absorção de luz a partir de reações da lignina com reagentes químicos branqueadores, no qual a lignina é oxidada, fragmentada por hidrólise e ionizada, tornando-se solúvel em soluções aquosas para assim serem removidas (D’ALMEIDA, 1978). O branqueamento com remoção dos materiais coloridos normalmente é feito em vários estágios, cada um consistindo da mistura da polpa com reagentes químicos, da permanência da mistura em reatores adequados e da lavagem da polpa após a reação, a fim de remover as substâncias solubilizadas. A aplicação de um reagente alvejante a polpa recebeu o nome de estágio (SINGH, 1979). Porém, a experiência mostrou que não é conveniente branquear a polpa celulósica a altos níveis de alvura em um único estágio, surgindo assim os processos de multiestágios. O branqueamento multiestágio pode ser definido como sendo o tratamento com alvejantes químicos da polpa celulósica em etapas sucessivas, entremeadas muitas vezes com extrações alcalinas. Segundo Reeve (1989), alia-se ao processo de branqueamento outros fatores ou variáveis, que são as condições utilizadas em cada estágio do processo. Dentre esses fatores, têm-se: a faixa de temperatura, o tempo de reação, o tipo e a concentração dos reagentes químicos aplicados, a consistência da pasta e o pH do meio reacional. De acordo com Singh (1979), para se obter bons resultados utiliza-se uma combinação otimizada de reagentes, aplicados em etapas seqüenciais, que definem uma seqüência de estágios ou simplesmente “seqüência” de branqueamento que compõem atualmente o que se denomina “processo de branqueamento”. Segundo Danilas (1988), a quantidade de reagentes químicos aplicados em cada estágio do processo de branqueamento é usualmente expressa em pontos percentuais tomados sobre a massa seca de polpa expressa normalmente em quilogramas do reagente aplicado sobre tonelada (kg/t) de massa de polpa seca. A consistência refere-se ao teor de massa seca na suspensão da polpa, expressa em pontos percentuais. O tempo de reação ou de retenção é o tempo de contato entre as fibras da polpa e o reagente. A eficácia do tratamento é avaliada pelo ganho de alvura obtido na pasta, pela redução da viscosidade e pelo consumo de reagente químico durante o processo. A temperatura deve ser a ideal para favorecer a reação e promover economicidade em termos de consumo de reagentes químicos e energia. O pH deve ser estabelecido em função da acidez ou alcalinidade para fornecer à reação o máximo do reagente ativo. 18 A característica da polpa não branqueada, evidenciada pelo número Kappa, determina as condições em que se deve operar o branqueamento, ou seja, determina a quantidade e a natureza dos agentes químicos empregados no processo. Portanto, tal fator, indiretamente, tem importantes implicações na natureza dos efluentes a serem gerados na produção de polpas branqueadas. 19 4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL Este trabalho foi realizado no Laboratório de Celulose e Papel do Câmpus Experimental da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP – Unidade de Itapeva. Foi utilizada como matéria-prima a madeira de eucalipto (Eucalyptus grandis x Eucalyptus urophylla) na forma de cavacos industriais. Os cavacos foram classificados em peneiras com aberturas de 32x32 mm e 16x16 mm conforme a norma SCAN-CM 40:95 (Figura 3), sendo aproveitado o material retido entre as peneiras. Manualmente, eliminaram-se cascas e nós. Após classificação, os cavacos foram secos ao ar, com o objetivo de atingir um teor de umidade uniforme, estável e homogeneizado. Figura 3: Peneira classificatória utilizada. Em seguida, os cavacos foram acondicionados em sacos de polietileno e colocados em ambiente refrigerado para evitar variação em seu teor de umidade, bem como o ataque de microorganismos. 20 4.1. Caracterização física dos cavacos Os cavacos foram caracterizados quanto a sua densidade aparente e básica. A densidade básica foi determinada como especificado nas normas ABTCP M14/70 e TAPPI T 258 om-94. A densidade aparente foi determinada segundo a norma SCAN-CM 46:92, a partir dos cavacos. 4.2. Processo de pré-hidrólise da madeira Os cavacos de eucalipto foram submetidos ao processo de pré-hidrólise em água segundo as condições apresentadas na Tabela 3, visando melhorar as características da matéria-prima no que diz respeito à remoção das hemiceluloses com a mínima perda de celulose (SANTIAGO; CARASCHI, 2008). Tabela 3: Condições do processo de pré-hidrolise. Massa de cavacos (g a.s.) 150 Relação água:madeira (L:kg) 3,5:1 Tempo até a temperatura máxima (min) 90 Tempo de pré-hidrólise (min) 30 Temperatura máxima (°C) 170 A pré-hidrólise em água foi realizada num digestor Regmed (autoclave tipo AU/EV) rotativo laboratorial, aquecido eletricamente e dotado de 4 reatores individuais com capacidade de 1,5 litros cada (Figura 4). 21 Figura 4: Autoclave utilizada para a realização dos processos de pré-hidrólise e cozimento. 4.3. Análise química dos cavacos Para a caracterização química, primeiramente os cavacos “in natura” e os cavacos pré-hidrolisados foram reduzidos à serragem em moinho do tipo Willey e em seguida a serragem foi classificada para obtenção da fração 40/60 mesh, que é a fração recomendada segundo as normas TAPPI T 264 cm-97 e TAPPI T 257 cm-85 para análise química. A partir desta fração, foram efetuados os procedimentos padrão de caracterização química, discriminados a seguir: 9 Teor de extrativos totais (TAPPI T 204 om-94); 9 Solubilidade em NaOH 1% (TAPPI T 212 om-98); 9 Solubilidade em NaOH 5% (TAPPI T 235 cm 00); 9 Teor de cinzas (TAPPI T 211 om-93); 9 Teor de lignina insolúvel (TAPPI T 222 om-98); 9 Teor de lignina solúvel (método relatado por Goldschmidt (1971) e baseado na 9 norma TAPPI T 249 cm-85); 9 Teor de holocelulose (TAPPI T19 m-54); 22 9 Teor de celulose (solubilidade em NaOH 17,5%); 9 Teor de hemiceluloses por diferença entre o teor de celulose e holocelulose. As determinações das características químicas da madeira foram realizadas através de três análises independentes. 4.4. Processos de polpação Kraft e Kraft/AQ Os cavacos pré-hidrolisados foram inicialmente submetidos a diferentes condições de polpação Kraft, visando obter o melhor rendimento de polpa e menor consumo de reagentes com número kappa em 9±1. Os cozimentos Kraft foram realizados num digestor Regmed rotativo laboratorial, aquecido eletricamente e dotado de 4 reatores individuais com capacidade de 1,5 litros cada (Figura 4, p. 21). Foram realizados 4 cozimentos à sulfidez de 25% simultaneamente, utilizando diferentes cargas de álcali ativo (10, 13,16 e 19%), expressas em NaOH, para estabelecer a curva de deslignificação da madeira pré-hidrolisada. Num segundo momento, os cavacos pré-hidrolisados foram novamente submetidos a diferentes condições de polpação Kraft/AQ (sendo adicionados 0,1% de antraquinona), visando obter o melhor rendimento de polpa e menor consumo de reagentes com número kappa em 9±1, sendo desta vez o álcali ativo mantido constante à condição inicialmente estabelecida. Foram realizados 4 cozimentos simultaneamente, utilizando diferentes cargas de sulfidez (0, 5, 10, 15, 20 e 25%) expressas em NaOH. Cabe ressaltar que foram necessárias várias bateladas de polpação para que se estabelecesse toda a curva de deslignificação bem como se obtivesse massa de polpa suficiente para a caracterização e posterior branqueamento. Outros parâmetros utilizados para as polpações Kraft e Kraft/AQ são apresentados na Tabela 4, mantidos constantes para todos os cozimentos. Tabela 4: Condições das polpações Kraft e Kraft/AQ da madeira pré-hidrolisada. Massa de cavacos (g a.s.) 150 Relação licor:madeira (L:kg) 4:1 Tempo até a temperatura máxima (min) 90 Tempo de cozimento (min) 60 Temperatura máxima (oC) 160 Antraquinona (%) 0,1 23 Ao final de cada cozimento, o digestor foi resfriado pela drenagem do licor negro e as polpas foram depuradas em depurador laboratorial (Figura 5a) dotado de placa com fendas de 0,2 mm. Em seguida as polpas foram lavadas com água à temperatura ambiente, utilizando tela de aço inox de 150 mesh (Figura 5b). A polpa celulósica, após lavagem, desfibramento e depuração, foi desaguada em centrífuga, a uma consistência de cerca de 35%, e, depois de desagregação, foi armazenada em saco de polietileno para análises posteriores. (a) (b) Figura 5: (a) depurador laboratorial e (b) tela de inox de 150 mesh utilizados nos processos de depuração e lavagem das polpas. Os cozimentos foram analisados quanto ao rendimento (bruto e depurado), teor de rejeitos, análise do licor quanto ao pH final e teor de sólidos (segundo a norma TAPPI T 650 om-99), além de número kappa, segundo a norma TAPPI T 236 om-99. Os cozimentos com variação no álcali ativo (inicialmente) e na sulfidez (posteriormente) foram de fundo exploratório para determinar, através de curvas de deslignificação da madeira pré-hidrolisada em função do número kappa da polpa, as cargas de álcali ativo e sulfidez necessárias, dadas as demais condições constantes, buscando-se em cozimento Kraft/AQ semelhante número kappa em torno de 9,0±1. 24 4.5. Análise química da polpa marrom A polpa obtida das variações das cargas de álcali ativo e sulfidez (curva de deslignificação em função do número kappa), denominada polpa marrom ou não-branqueada, foi caracterizada quanto a sua composição química e propriedades físico-químicas, segundo as normas padrões e os procedimentos analíticos a seguir: 9 Teor de umidade (ABNT, NBR 9656); 9 Teor de cinzas (TAPPI T 211 om-93); 9 Teor de lignina insolúvel (TAPPI T 222 om-98); 9 Teor de lignina solúvel (método relatado por Goldschmid (1971) e baseado na norma TAPPI T 249 cm-85); 9 Teor de holocelulose (TAPPI T19 m-54); 9 Teor de α-celulose - solubilidade em NaOH 17,5% (TAPPI T 203 cm-99); 9 Teor de hemiceluloses (por diferença entre o teor de holocelulose e celulose); 9 Número Kappa (TAPPI T 236 om-96); 9 Formação de folha para medição de alvura (TAPPI T 205 sp-95); 9 Alvura (TAPPI T 452 om-98); 9 Viscosidade intrínseca e Tappi (ABCP C 9/72, método de acordo com a norma TAPPI T 230 om-99, SCAN – C 15:62); 9 Dimensões de Fibras (TAPPI T 271 om-98). Todas as análises de caracterização das polpas celulósicas foram realizadas através de três análises independentes, a não ser quando especificado. 25 4.6. Processo de branqueamento 4.6.1. Condições gerais do processo de branqueamento A polpa de celulose não-branqueada foi submetida ao processo de branqueamento ECF por duas diferentes seqüências, a fim de avaliar as propriedades finais de cada polpa em função da seqüência de branqueamento empregada. As condições gerais de cada estágio de branqueamento estão descritas na Tabela 5. Tabela 5: Condições gerais do processo de branqueamento. Condições de branqueamento Estágios Consistência, % Temperatura, o C Tempo, min. pH inicial pH final D0 10 60 30 --- 2,5-3,0 EP 10 70 60 12 --- D1 10 70 180 --- 3,5-4,0 D2 10 70 180 --- 4,5-5,0 P 10 95 120 11,5 --- De modo geral, independentemente do estágio realizado, tem-se os seguintes procedimentos: - Por meio de estudos prévios de branqueamento de pequenas porções de polpas (miniamostras), foram determinadas as cargas de reagentes respectivas a cada estágio, visando-se atingir a faixa de pH (inicial ou final) requerido, conforme estabelecido na Tabela 5; - A partir da massa seca de polpa a branquear em determinado estágio, bem como da concentração dos químicos, realizou-se o cálculo dos volumes de reagentes e de água necessários; - Posteriormente, foram misturados os reagentes ao volume de água e adição, à temperatura ambiente, da solução resultante juntamente da polpa em um saco de polietileno, sendo sequencialmente realizada uma completa homogeneização da massa, de modo a se alcançar a melhor condição para a reação dos agentes branqueadores sobre a polpa; 26 - Fechado o saco de polietileno contendo a massa, este foi submetido ao aquecimento, por meio de um forno microondas, de tal forma que a temperatura determinada ao estágio em questão fosse rapidamente alcançada, e assim, este foi encaminhado a um banho de vapor termostatizado já pré-aquecido na temperatura de reação desejada (Figura 6); Figura 6: Banho-maria termostatizado utilizado para a realização de todos os estágios de branqueamento. - Ao final do tempo do estágio, o conteúdo do saco era transferido para um saco de tecido (nylon) através do qual possibilitava-se o recolhimento do licor residual de branqueamento para posteriores análises; - Ao final de cada etapa a polpa, foi lavada com água destilada a uma razão de 9 m³ por tonelada de polpa (absolutamente seca) e acondicionada em sacos de polietileno sob refrigeração, sendo a massa resultante aferida e uma pequena amostra recolhida para o cálculo do teor de umidade e consequente absolutamente seco. Foram propostas duas diferentes combinações de estágios (seqüências) de branqueamento, as quais são: a) D0EPD1D2: (D0) dióxido de cloro – (EP) extração alcalina com peróxido de hidrogênio – (D1) dióxido de cloro – (D2) dióxido de cloro; b) D0EPD1P: (D0) dióxido de cloro – (EP) extração alcalina com peróxido de hidrogênio – (D1) dióxido de cloro – (P) peróxido de hidrogênio. 27 Ao final de cada estágio foi-se analisado o efluente (licor residual) e a polpa resultantes. O efluente foi analisado quanto ao pH para o acompanhamento do processo (condições da realização do estágio). Cada estágio foi conduzido com duas repetições. As amostras de polpas foram analisadas quanto à alvura, viscosidade intrínseca e número kappa. Foi determinado também, em cada estágio e ao final do processo, o rendimento (base em polpa não-branqueada) do branqueamento. 4.6.2. Branqueamento com dióxido de cloro (D) Os estágios com dióxido de cloro (D0, D1 e D2) foram efetuados de acordo com as condições apresentadas na Tabela 5. Para o estágio D0 foi utilizado (com base em estudos preliminares, como descrito no sub-índice 4.6.1.) uma carga de NaOH de 3,5 kg/t, visando o término da reação na condição desejada (pH final entre 2,5 e 3,0), sendo a carga de dióxido de cloro empregada de 30 kg/t. Já para o estágio D1 (também com base em estudos preliminares) foi utilizado uma carga 20 kg/t de ClO2-, além 0,75 kg/t de H2SO4, buscando o término da reação com pH entre 3,5 e 4,0 para as duas sequências, cujas etapas antecessoras foram uma extração alcalina com peróxido (EP). Para o último estágio de dioxidação (D2), foi utilizada uma carga de 10 kg/t, sendo necessária a utilização de 2 kg/t de NaOH, para a adequação do pH exigido para a melhor condição do processo. As cargas de dióxido de cloro foram calculadas como cloro ativo, utilizando-se diversos valores preliminares de fator kappa (FK) para levantar a melhor condição do estágio D0 e posteriormente convertidas em cargas aproximadas (em termos de kg/t). 4.6.3. Extração alcalina com peróxido de hidrogênio (EP) Conforme estabelecido na Tabela 5, o tratamento de extração alcalina com peróxido de hidrogênio foi efetuado baseado em um pH inicial 12, sendo este estabelecido a partir de 28 uma carga de NaOH de 10 kg/t, uma vez que a carga de peróxido de hidrogênio empregada foi de 3 kg/t, já que este estágio é antecedido em por uma etapa ácida realizada com dióxido de cloro (D0). 4.6.4. Branqueamento com peróxido convencional (P) O estágio de branqueamento com peróxido de hidrogênio foi realizado seguindo as condições gerais pré-estabelecidas na Tabela 5, sendo a carga de NaOH otimizada para um pH inicial de 11,5. A carga de H2O2 empregada foi de 8 kg/t, exigindo deste modo uma carga de 7,5 kg/t de NaOH para adequação do pH inicial. 4.7. Caracterização das polpas branqueadas As polpas branqueadas, através das duas sequências multiestágio, foram avaliadas quanto a sua composição química e propriedades físico-químicas segundo as normas padrões e através de três análises independentes, a não ser quando especificado. 4.7.1. Análise das polpas branqueadas As polpas branqueadas (celulose solúvel) foram caracterizadas procedimentos analíticos a seguir: 9 Teor de umidade (ABNT, NBR9656); 9 Solubilidade em NaOH 5% (S5) (ISO 692: 1982); 9 Solubilidade em NaOH 10% (S10) e 18% (S18) (TAPPI T 235 om-00); 9 Teor de cinzas (TAPPI T 211 om-93); 9 Teor de α-celulose (TAPPI T 203 cm-99); 9 Formação de folha para medição de alvura (TAPPI T 205 sp-95). conforme 29 4.7.2. Alvura e reversão de alvura As polpas branqueadas foram analisadas quanto à alvura (Air Dry – AD) segundo a metodologia TAPPI T 452 om-98 e a partir de um equipamento Datacolor (Figura 7). Figura 7: Equipamento utilizado para a aferição das alvuras das polpas. 4.7.3. Viscosidade intrínseca e grau de polimerização A viscosidade intrínseca fornece indicadores, paralelamente à remoção da lignina, para avaliar o grau de degradação da celulose ocorrida durante o processo de branqueamento. A viscosidade intrínseca ([η]) da polpa não-branqueada e das polpas branqueadas resultantes foram determinadas de acordo com as normas TAPPI T 230 os-76 e SCAN – C 15:62. O grau de polimerização médio (GP) foi calculado a partir dos valores de [η], por meio da relação proposta por Inmergut, Shurtz e Mark (SCAN-C15:62) que correlaciona GP e [η] de amostras de celulose, segundo a expressão GP0,905 = 0,75x[η]. 30 4.7.4. Dimensões de fibras – comprimento, largura e teor de finos As dimensões das fibras da polpa marrom e das polpas branqueadas resultantes de cada sequência foram determinadas utilizando-se o equipamento Fiber Quality Analyser (FQA) da marca OpTest Equipament Inc. (Figura 8) e segundo a norma TAPPI T 271 om-98. Figura 8: Equipamento analisador de fibras (FQA). 4.7.5. Análise de custo de reagentes de branqueamento O custo do branqueamento para as diversas sequências empregadas foi calculado com base nos valores (os quais são contabilizados em US$/kg de reagente) dos reagentes (H2SO4, NaOH, H2O2 e ClO2- como Cl2) e nas dosagens aplicadas (dadas em kg de reagente/t de polpa a.s.) em cada estágio. O custo total de reagentes para cada sequência de branqueamento será determinado por meio da somatória do produto entre o custo e a dosagem dos reagentes empregados. 31 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Caracterização física da madeira (cavacos) A madeira de Eucalyptus urograndis, usada neste experimento na forma de cavacos, apresentou as características físicas que são apresentadas na Tabela 6. Tabela 6: Caracterização física do Eucalyptus urograndis. Densidade “in natura” Pré-hidrolisada Básica (g/cm³) 0,451 0,464 Aparente* (g/cm³) 0,230 0,263 * Os cavacos “in natura” e pré-hidrolisado apresentavam umidade de 12%. Madeiras de Eucalyptus sp. em geral, podem variar a densidade básica de 0,300 a 0,800 g/cm3 segundo Foelkel et al. (1992), no entanto, para a produção de polpa é recomendado o uso de madeiras cujas densidades básicas estejam entre 0,450 a 0,550 g/cm3 (FONSECA et al., 1996; WEHR, 1991). Tanto Carvalho e Nahuz (2001) quanto Bassa (2006), encontraram uma densidade básica de 0,50 g/cm³ para o híbrido Eucalyptus grandis x urophylla em seus trabalhos. Essa pequena diferença entre os valores encontrados pode ser explicada por diversos fatores inerentes a cada experimento, como tipo de amostragem, localização do plantio de origem da madeira, idade das árvores, entre outras. 5.2. Caracterização química da madeira Os resultados encontrados para a composição química da madeira utilizada são mostrados na Tabela 7, sendo que todos os percentuais são em relação à madeira absolutamente seca. As análises de holocelulose, celulose, hemiceluloses e lignina residual (insolúvel e solúvel) foram realizadas livres de extrativos. 32 Os extrativos são importantes no estudo da madeira para a produção de celulose e papel, em razão, principalmente do consumo de reagentes químicos, perda de rendimento, inibição de reações, incrustação de materiais na polpa e nos equipamentos, corrosão, podendo também causar certa dificuldade no branqueamento (BACKHAUS, s. d. apud FERREIRA et al., 1997). Tabela 7: Composição química da madeira “in natura”. Procedimento Analítico Teor (%) Extrativos totais 2,11 Cinzas 0,20 Solúveis em NaOH 1% 8,18 Solúveis em NaOH 5% 10,62 Holocelulose 74,71 / 76,32* Celulose 50,85 / 51,95* Hemiceluloses 23,85 / 24,37* Lignina Insolúvel 24,04 / 24,56* Lignina Solúvel 2,25 / 2,30* Lignina Residual 26,29 / 26,86* * Em relação à madeira livre de extrativos totais. Gomide et al. (2005) estudaram a composição química de 13 clones comerciais de espécies do gênero Eucalyptus, provenientes de empresas florestais brasileiras e obtiveram resultados variando entre 27,5 e 31,7% para teor de lignina total, 1,76 e 4,13% para teor de extrativos e 64,5 a 70,2% para teores de holocelulose. Nesse aspecto o trabalho mostrou coerência com a literatura. A quantidade de extrativos é equivalente a encontrada por Bassa (2006), no entanto nas amostras estudadas pela autora, a quantidade total de holocelulose (69%) é inferior a encontrada nesse trabalho, já Carvalho e Nahuz (2001), encontraram valores de holocelulose (aproximadamente 74%), celulose e hemiceluloses mais próximos, no entanto para esses autores o teor de extrativos foi superior. 33 5.3. Processo de pré-hidrólise O processo de pré-hidrólise a 170º C durante 30 minutos (fator H 670) apresentou rendimento de 86,85%, próximo ao encontrado por Mezzomo (1996) para a madeira de Eucalyptus urograndis que foi de 89,94%. O licor do processo de pré-hidrólise apresentou densidade de 1,01 g/cm3, teor de sólidos de 3,21% e pH de 3,03. Como pode ser observado, o licor residual do processo de pré-hidrólise tem caráter ácido, uma vez que altas temperaturas provocam a hidrólise e a degradação de ramificações das cadeias principais das hemiceluloses (ramificações de ácidos urônicos e de radicais acetil), desta forma o licor residual é enriquecido de ácidos orgânicos como ácidos glucurônicos, galacturônicos e acético (FOELKEL et. al, 1979). Já através do teor de sólidos podemos observar quão eficaz a hidrólise foi já que os sólidos representam orgânicos que foram dissolvidos no processo. O teor de sólidos encontrado é similar ao encontrado por Foelkel et. al (1979), o qual foi de 3,61%. Os resultados da caracterização química do material pré-hidrolisado são apresentados na Tabela 8. Tabela 8: Caracterização química da madeira pré-hidrolisada. Procedimento Analítico Teor (%) Extrativos em tolueno:etanol (2:1) 9,76 Cinzas 0,14 Solubilidade em NaOH 1% 20,38 Solubilidade em NaOH 5% 17,39 Holocelulose 67,91 / 69,58* Celulose 58,89 / 60,34* Hemiceluloses Lignina Insolúvel Lignina Solúvel Lignina Total 9,02 / 9,24* 20,75 / 21,26* 1,70 / 1,74* 22,45 / 23,00* * Dados referentes ao material pré-hidrolisado livre de extrativos. 34 Verifica-se, a partir da comparação dos dados das Tabelas 7 e 8, que o teor de hemiceluloses no material decresceu de 23,85% para 9,02%, ou seja, uma remoção de aproximadamente 37,8% das hemiceluloses da madeira, o qual acarretou um aumento relativo (cerca de 15,8%) no teor de celulose, passando de 50,85% para 58,89%, o que mostra que o processo de pré-hidrólise foi muito eficaz, praticamente não havendo perda de celulose. O alto teor de extrativos no material pré-hidrolisado se dá ao fato de parte da lignina ter sido degradada e solubilizada no solvente orgânico, o que acarretou um alto valor nesta análise, assim como observado por Foelkel et. al (1979). 5.4. Polpação química Kraft e Kraft/AQ Foram realizados vários cozimentos a 160°C durante 60 minutos (fator H 507), inicialmente com sulfidez fixada em 25% e variação do álcali ativo em 10, 13, 16 e 19% e, posteriormente, fixado o álcali ativo, a sulfidez foi variada nas proporções de 5, 10, 15, 20 e 25%. Os cozimentos utilizados para a determinação da carga de álcali ativo não foram adicionados de antraquinona. Quanto aos cozimentos utilizados de fundo exploratório para a determinação da sulfidez, todos foram adicionados de 0,1% de antraquinona (AQ). Após os cozimentos determinou-se o número kappa das polpas resultantes. A partir da determinação do número kappa, em função de cada concentração de álcali ativo utilizado, foi possível estabelecer a curva de deslignificação apresentada na Figura 9, a partir da qual pôdese estabelecer (visando número kappa de aproximadamente 9), a partir da equação da reta de um polinômio de ordem 2 aproximado aos resultados do processo de cozimento, o álcali ativo de 17,4%. 35 Figura 9: Curva de deslignificação: Álcali ativo x número kappa. De modo semelhante, após os cozimentos Kraft adicionados de AQ variando-se a sulfidez, determinou-se o número kappa das polpas resultantes e, a partir do número kappa em função de cada concentração da sulfidez, foi possível estabelecer agora a curva de deslignificação apresentada na Figura 10. A partir da equação da reta de um polinômio de ordem 2 aproximado aos resultados do processo de cozimento, foi determinada, novamente visando-se número kappa de aproximadamente 9, a carga de sulfidez necessária, a qual foi estabelecida em 8,8% como sendo ideal ao processo. 36 Figura 10: Curva de deslignificação: Sulfidez x número kappa. O rendimento das polpas Kraft/AQ às diversas concentrações de sulfidez com base na madeira inicial foi de 41,29% em média, superior àquele encontrado por Mezzomo (1996) para polpa Kraft obtida a partir de madeira pré-hidrolisada de Eucalyptus urograndis, que foi de 37,17%. Tal diferença pode ser explicada pela origem da madeira, situações edafoclimáticas, diferentes condições de cozimento etc. Foelkel et. al (1979) encontraram um rendimento final para a transformação da madeira de Eucalyptus saligna em polpa Kraft préhidrolisada de 35,4%, sendo esta diferença explicada tanto pela desigualdade de espécie de madeira analisada quanto pelas condições de pré-hidrólise e cozimento as quais as madeiras foram submetidas. O cozimento realizado com álcali ativo de 17,4% e à sulfidez de 8,8% apresentou rendimento depurado de 48,63%, rendimento bruto de 48,8%, teor de rejeitos de 0,17% e rendimento (base na madeira inicial) de 42,24%, além de polpa com número kappa 8,82. O licor residual de cozimento foi analisado quanto ao teor de sólidos e pH. Se tratando do teor de sólidos obteve-se um resultado esperado (15,58%), sendo este praticamente independente das cargas de álcali e sulfidez. Já o pH final da reação para as diversas polpas praticamente não variou, mostrando-se satisfatório para todas as condições, uma vez que 37 baixos valores desta análise poderiam representar uma precipitação da lignina. O pH final da polpa obtida do cozimento à 17,4% de álcali ativo e 8,8% de sulfidez foi de 12,92. 5.5. Caracterização química da polpa celulósica marrom A caracterização química da polpa celulósica é de suma importância, haja vista que através desta é possível se avaliar a eficiência do processo. A polpa obtida da polpação às condições determinadas (AA=17,4%, S=8,8% e AQ=0,1%) foi avaliada quimicamente quanto aos teores de lignina residual, holocelulose, Į-celulose e hemiceluloses. Os resultados das análises dos teores de lignina, holocelulose, celulose e hemiceluloses estão apresentados na Tabela 9. Tabela 9: Resultados das análises químicas da polpa marrom obtida às condições determinadas (base na polpa marrom). Procedimento Analítico (%) Polpa marrom Lignina Solúvel 0,75 Lignina Insolúvel 1,38 Lignina Residual 2,13 Holocelulose 98,90 Į-Celulose 98,49 Hemiceluloses 0,41 O resultado do teor de holocelulose é similar ao encontrado por Rosa et al. (2006) para a celulose marrom Kraft/AQ de Eucalyptus grandis pré-hidrolisado que foi de 98,8%. Já para os teores de celulose (Į-celulose) e hemiceluloses (pentosanas) foram encontrados resultados relativamente expressivos, uma vez que o valor do teor de celulose da polpa submetida às condições de álcali e sulfidez determinadas, que representa o grau de pureza da mesma, foi de 98,49%, ante a 93,2%, encontrado por Foelkel et. al (1979) para polpa Kraft pré-hidrolisada e, não obstante, o teor de hemiceluloses em média situou-se em 0,41% ante aos 2,2% apresentados pelos mesmos autores. 38 Os resultados inerentes à qualidade da polpa celulósica obtida no processo de polpação Kraft/AQ aos níveis de sulfidez e álcali ativo determinados neste trabalho são apresentados na Tabela 10. Tabela 10: Propriedades da polpa celulósica marrom. Procedimento Analítico AA=17,4%; S=8,8%; AQ=0,1%* Número kappa 8,82 Alvura (%ISO) 30,31 Alvura (°GE) 31,02 Viscosidade intrínseca (cm³/g) 788,14 Viscosidade (cP) 23,86 Grau de polimerização médio 1155 Massa molar média (g/mol) 187122 * Condições do cozimento: AA – Álcali Ativo; S – Sulfidez; AQ – Antraquinona. A alvura está intimamente ligada ao número kappa, o qual apresenta relação direta com o teor de lignina residual na polpa (FOELKEL; BARRICHELO, 1975 apud JERÔNIMO, 1997). A polpa obtida apresentou alvura de 30,31%ISO, ligeiramente menor (se tratando de polpa marrom) que o valor encontrado por Mezzomo (1996) que foi de 34,35%ISO. No entanto, o autor encontrou para o E.urograndis submetido a um álcali ativo de 22%, sulfidez de 30% e sem utilização de AQ, um número kappa de 11,31. Neste aspecto tem-se que o presente estudo apresenta significativa melhora uma vez que a menores cargas de álcali e sulfidez obteve-se maior efetividade na deslignificação da madeira e, por conseguinte, menores valores de número kappa, apresentando, portanto, a efetividade do uso da antraquinona no processo de cozimento. Quanto ao grau de polimerização o valor encontrado de 1155 está na mesma faixa dos valores relacionados à polpa marrom. A Tabela 11 apresenta os resultados obtidos das análises de solubilidade às diferentes cargas de hidróxido de sódio. Tabela 11: Solubilidade da polpa marrom em diversas concentrações de álcali. Solubilidade em NaOH (%) Retenção em NaOH (%) 5% 10% 18% R10% R18% 1,37 3,77 3,64 96,23 96,36 39 De acordo com D’Almeida (1988), para o caso de polpas oriundas de folhosas, o teor solubilizado em hidróxido de sódio à concentração de 5% é basicamente a representação do teor de xilanas (hemiceluloses predominantes nas madeiras de folhosas). Tratando-se de uma polpa pré-hidrolisada destinada à dissolução, temos que o valor encontrado para tal análise está coerente, uma vez que o tratamento ácido de pré-hidrólise remove grande parcela das hemiceluloses inicialmente existentes na madeira e por fim, com o processo de cozimento, estas são quase totalmente extinguidas da polpa. Ainda de acordo com D’Almeida (1988), a média entre as porcentagens de materiais resistentes ao álcali 18% (R18%) e 10% (R10%) resulta, aproximadamente, no teor de Įcelulose presente na amostra. Deste modo, temos que o teor aproximado de Į-celulose presente na polpa marrom utilizada neste experimento situa-se em 96,3%, o que é um resultado expressivo tratando-se ainda de polpa marrom e bastante similar quando comparado ao valor obtido para a análise do teor de Į-celulose (apresentado na Tabela 9). Na Tabela 12 são apresentados os resultados da análise de fibras realizada para a polpa marrom obtida do cozimento ao álcali ativo de 17,4%, sulfidez de 8,8% e adicionado de 0,1% de antraquinona. Tabela 12: Dimensões de fibras da polpa marrom. N° de Fibras Comprimento Analisadas (mm) Largura (ȝm) 20705 0,78 16,53 Finos* Coarseness (%) (mg/100 m) 11,28 6,44 *São considerados finos fibras cujo comprimento é inferior a 0,2 mm. Observando os resultados apresentados na Tabela 12, podemos constatar, de acordo com Guay et al. (2005), que os resultados situam-se dentro do esperado para polpas oriundas de madeiras de eucalipto, sendo o teor de finos apresentado pela polpa marrom obtida neste trabalho inferior ao apresentado pelos mesmos autores. 40 5.6. Processo de branqueamento Para cada estágio de branqueamento, foram determinadas a viscosidade e a alvura da polpa resultante. Os dados de alvura para cada estágio estão expressos na Tabela 13. Já os indicadores de processo são mostrados na Tabela 14. Tabela 13: Resultados da evolução da alvura após cada etapa de branqueamento. Polpa D0 Estágios EP D1 D2 / P marrom DEPDD / DEPDP 30,31 36,26 53,50 75,31 83,85 / 84,46 Observando a Tabela 13 podemos constatar que o tratamento ácido do estágio inicial de dioxidação não acrescentou muitos pontos em alvura à polpa. Este comportamento pode ser explicado pelo fato de, tratando-se de uma polpa pré-hidrolisada o teor de hemiceluloses na massa é muito reduzido, propiciando deste modo praticamente a inexistência de ácidos hexenurônicos (HexA’s) – os quais são formados durante o processo de polpação a partir dos ácidos 4-O-metil-glucurônicos presentes nas cadeias laterais das xilanas (hemiceluloses predominantes nas folhosas) – e, sendo assim, praticamente todo número kappa apresentado ao final do cozimento diz respeito à lignina residual, a qual é dificilmente extraída e alvejada. Podemos ainda verificar que a alvura-objetivo final que era de polpas com alvura acima de 85%ISO não fora plenamente alcançada, mostrando-nos assim que o processo de branqueamento precisa de adequações, principalmente se os derivados a que a polpa será destinada exigirem alta alvura. Porém, em contrapartida, podemos dizer que as polpas obtidas são passíveis de serem utilizadas para processos de derivatização cuja alvura esteja em um plano secundário, sendo mais importantes fatores como faixa de viscosidade e pureza adequados. Com relação às seqüências de branqueamento empregadas, verificou-se que o uso de peróxido de hidrogênio no estágio final levou a obtenção de uma alvura superior, quando comparado à polpa cujo estágio final fora com dióxido de cloro, sendo este fato explicado pelo maior potencial de alvejamento do peróxido ante ao dióxido de cloro, mesmo perante uma menor carga aplicada (no último estágio foram aplicados 8 kg/t de H2O2 ante a 10 kg/t de ClO2-). Cabe ressaltar que um fator que pode ter favorecido a eficiência do peróxido de hidrogênio com relação a alvura obtida, deve-se ao provável baixo teor de metais da polpa, já 41 que estes comprometeriam este reagente, uma vez que meios reacionais que apresentam metais proporcionam uma degradação prematura do H2O2. Tabela 14: Indicadores de qualidade do processo após cada estágio. Estágios D0 EP D1 D2 P 3,25 - Reagente Consumido (%) 99,57 91,23 99,19 99,35 - Rendimento (%) 98,80 99,17 99,59 98,81 - pHfinal DEPDD pHfinal DEPDP 2,37 2,37 10,21 10,21 2,53 2,53 - 10,58 Reagente Consumido (%) 99,57 91,23 99,19 - 99,61 Rendimento (%) 98,80 99,17 99,59 - 98,87 Analisando-se a Tabela 14 pode-se verificar que o processo inicial de dioxidação (D0) foi conduzido de modo adequado, sendo o pH final da reação muito próximo da faixa esperada, já que este fora otimizado (a partir de mini-amostras) para pH final entre 2,5-3,0. Este acompanhamento do pH final do meio reacional visa assegurar a melhor condição à ação do reagente sobre a polpa, garantindo assim que a etapa ocorra de modo efetivo. Quanto ao estágio de extração alcalina com peróxido de hidrogênio (EP), podemos verificar que o consumo do reagente apresentou-se um pouco baixo. Entretanto este comportamento da polpa pode ser justificado pelo alto grau de pureza da mesma, sendo deste modo baixo o teor de material degradado que reagiria nesta extração (o estágio de extração alcalina atua como uma purificação da polpa, “limpando-a” do estágio antecessor). Com relação aos rendimentos, podemos observar que em todos os estágios estes situaram-se em elevados patamares, certificando-nos assim da eficiência de cada processo, sendo a alvura crescente ao passo que a degradação da polpa manteve-se em níveis aceitáveis (salvo após o estágio final de peroxidação), como podemos observar através da viscosidade das polpas após cada estágio (Tabela 15). Com relação aos rendimentos cabe ainda observar que levando-se em conta todo o processo de produção (pré-hidrólise, polpação e branqueamento) da polpa solúvel, temos que com base na madeira inicialmente utilizada o rendimento para a sequência DEPDD foi de 40,73% e de 40,75% para a sequência DEPDP, resultados estes considerados expressivos quando se tratando de polpa solúvel. 42 Tabela 15: Resultados das análises de viscosidade após cada etapa do processo produtivo. Procedimento Polpa D0 EP D1 D2 / P Analítico marrom Viscosidade 788,14 536,40 777,05 725,23 Viscosidade (cP) 23,86 11,93 23,49 19,51 16,09 / 8,17 GP médio 1155 755 1137 1054 906 / 582 intrínseca (cm³/g) Massa molar média (g/mol) 187122 122318 184216 170690 632,77 / 424,15 146811 / 94363 Verifica-se após o processo de branqueamento, que as cadeias de celulose das polpas sofrem uma degradação, isto pode ser observado pela comparação da viscosidade da polpa marrom em relação às viscosidades das polpas branqueadas. A partir da evolução apresentada na Tabela 15 pode-se observar quão seletivo é o reagente dióxido de cloro, que embora ao final não tenha propiciado a maior alvura dentre as duas sequências empregadas, proporcionou em contrapartida, uma viscosidade praticamente duas vezes superior em relação à sequência cujo peróxido foi empregado como estágio final. Com relação aos resultados apresentados após o estágio inicial de dioxidação (D0), os quais não seguem a tendência natural esperada, estes podem ser justificados pelo fato de neste estágio ocorrer uma grande degradação de lignina ainda presente na polpa marrom, sendo esta modificada e fragmentada durante o estágio. Pelo fato do conteúdo de lignina que reage neste estágio ainda ser alto, a lavagem concernente a este estágio não é suficientemente eficaz quanto à remoção dos componentes degradados (em sua maioria lignina degradada, além de uma pequena porção de carboidratos que foram susceptíveis às reações com o dióxido de cloro). A sequência DEPDP embora tenha alcançada alvura mais elevada não é adequada para a produção de polpa solúvel uma vez que sua viscosidade encontra-se abaixo dos mínimos usualmente exigidos para a utilização na derivatização (FOELKEL et al. 1979; SIXTA, 2006). Entretanto, quando observamos a Tabela 2 (MANHÃES; LIMA, 2001) podemos notar que mesmo a polpa submetida ao processo de peroxidação como estágio final poderia ser empregada na produção de éter de celulose. 43 Com relação à polpa obtida da sequência DEPDD, embora não tenha atingido a alvura mínima de 85%ISO, é passível de ser utilizada para a produção de polpa destinada à derivatização. Tal afirmação pode ser feita com base na possibilidade de adequação do processo de branqueamento, de modo que a alvura seja superior a 85%ISO, não significando, entretanto, em “desclassificação” da polpa por viscosidades inferiores, pois mesmo que para a obtenção de alvuras superiores fossem necessários estágios mais rígidos (com cargas de reagentes superiores), certamente a polpa ainda apresentaria qualidades mínimas necessárias, uma vez assegurada a seletividade do reagente dióxido de cloro. Na Tabela 16 são apresentados os resultados para as análises de solubilidade em hidróxido de sódio a diversas concentrações para as duas polpas branqueadas obtidas. Tabela 16: Solubilidade das polpas branqueadas em diversas concentrações de álcali. Solubilidade em NaOH (%) Retenção em NaOH (%) Condição 5% 10% 18% R10% R18% DEPDD 2,53 4,18 3,23 95,82 96,77 DEPDP 10,01 12,03 11,74 87,97 88,26 Observando a Tabela 16 podemos constatar que o processo envolvendo o estágio P como estágio final de branqueamento fora extremamente degradante, solubilizando boa parte da celulose presente na polpa. Isto pode ser notado quando comparamos as duas sequências realizadas entre si bem como quando recorremos ao teor de Į-celulose que a polpa marrom apresentou, o qual foi de 98,49% (Tabela 9). Novamente, recorrendo-se à Tabela 2 (MANHÃES; LIMA, 2001), podemos observar que de fato a polpa obtida da sequência DEPDP situa-se fora da faixa de utilização para a produção dos mais diferentes derivados, mesmo para a produção de éter de celulose, o qual exige solubilidade em NaOH 18% (S18) entre 2,8 e 3,2%. Entretanto esta alta solubilidade em S18 pode ser entendida devido a degradação da polpa e não a presença de hemiceluloses, as quais são consideradas impurezas à polpa solúvel. Embora a sequência DEPDD não tenha atingido um nível de alvura aceitável (>85%ISO), podemos mais uma vez constatar que esta sequência, mediante a adequações no processo, é passível de ser utilizada para branquear a polpa solúvel obtida às condições determinadas neste trabalho, pois além de apresentar solubilidade em NaOH 18% dentro da faixa requerida para diversos derivados, a polpa obtida desta sequência apresentou um teor de Į-celulose de 97,11%, o qual demonstra quão pura é a polpa obtida. 44 Na Tabela 17 são apresentados os resultados obtidos para as análises das fibras das polpas branqueadas pelas duas sequências. Tabela 17: Dimensões de fibras das polpas finais branqueadas. Finos* Coarseness (%) (mg/100 m) 15,67 12,83 5,95 15,83 13,82 5,91 N° de Fibras Comprimento Analisadas (mm) Largura (ȝm) DEPDD 20132 0,75 DEPDP 26364 0,75 Sequência *São considerados finos fibras cujo comprimento é inferior a 0,2 mm. Analisando-se os resultados obtidos nesta análise podemos concluir que a degradação causada pelo peróxido de hidrogênio afeta as ligações entre fibras da polpa, tornando as cadeias de celulose menores, o que é representado pela brusca queda da viscosidade. Entretanto, quando se analisando morfologicamente, podemos constatar que tanto comprimento e largura das fibras, quanto teor de finos e coarseness pouco são alteradas pelo processo de branqueamento (independentemente da sequência empregada), podendo isso ser verificado comparando-se as Tabelas 12 e 17. 5.6.1. Análise dos custos de reagentes Assim como em qualquer atividade comercial e industrial, no processo de branqueamento de polpa celulósica visa-se um ponto ótimo entre a qualidade do produto e a viabilidade econômica do processo. Diante disto, foi realizado o cálculo de custos com reagentes (a partir da Tabela 18), de modo que o custo do branqueamento (por tonelada a.s. de celulose) pelas duas sequências empregadas foram contabilizados e comparados entre si. 45 Tabela 18: Custo dos reagentes químicos utilizados no branqueamento. Reagente US$/kg - 2,59 H2 O2 0,42 NaOH 0,74 H2SO4 0,18 ClO2 A Tabela 19 apresenta o custo final para branquear uma tonelada de celulose, a partir de cada uma das sequências de branqueamento estudadas. Tabela 19: Custo total do processo de branqueamento para as duas sequências de branqueamento empregadas. Sequência US$/t a.s. DEPDD 168,98 DEPDP 150,45 Como já explanado ao longo dos resultados, temos que a sequência DEPDD por questões qualitativas é evidentemente mais adequada à produção de polpa solúvel branqueada a partir da polpa marrom obtida neste trabalho, embora seu custo de produção seja superior ao da sequência DEPDP. Embora o reagente dióxido de cloro seja economicamente mais impactante devido ao seu maior custo relativo, este reagente é extremamente adequado ao branqueamento de polpa celulósica como indicado pela literatura, o que pôde ser comprovado por meio dos resultados neste trabalho apresentados. 46 6. CONCLUSÕES A partir dos resultados obtidos e mediante aos objetivos previamente traçados concluiu-se que: 9 O processo de pré-hidrólise foi bastante eficiente, com alta remoção de hemiceluloses sem afetar o teor de celulose na madeira. A pré-hidrólise proporcionou um decréscimo do teor de hemiceluloses da ordem de 40%, ocasionando deste modo um aumento relativo do teor de Į-celulose na madeira. 9 A partir das curvas de deslignificação estabelecidas a priori entre número kappa e álcali ativo, e posteriormente entre número kappa e sulfidez, determinou-se que as cargas de álcali ativo de 17,4% e sulfidez de 8,8% adicionadas de 0,1% de antraquinona são ideais para se obter uma polpa com número kappa de aproximadamente 9, possibilitando deste modo diminuir impactos ambientais negativos, obtendo-se ainda polpa solúvel de alta qualidade ao menor consumo possível de reagentes. 9 A utilização da antraquinona é de suma importância para o alcance de níveis significativos de deslignificação sem que se afetem as propriedades físico-químicas das polpas quando da utilização de menores álcali ativo e sulfidez. 9 O rendimento final, levando-se em conta os processos de pré-hidrólise, polpação (para a polpa obtida a um álcali ativo de 17,4% acrescida de 0,1% de antraquinona e sulfidez de 8,8%) e branqueamento (cuja sequência empregada fora DEPDD), com base na madeira inicial foi de 40,73%, valor este considerado superior aos esperados para a produção de polpa solúvel. 9 Embora a polpa obtida da sequência cujo estágio final é um estágio de dioxidação tenha obtido qualidade suficiente para a aplicação em derivados de celulose, no que diz respeito à viscosidade e principalmente à pureza, temos que não foram obtidos expressivos valores de alvura. Entretanto, pode-se propor em trabalhos posteriores uma otimização ao processo de branqueamento aqui utilizado, tanto através da modificação das condições dos estágios de branqueamento aplicados, bem como pela inserção de possíveis outros estágios. 47 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAF. Anuário estatístico da ABRAF: ano base 2007 / ABRAF, 90p. Brasília, 2008. ABTCP. Métodos de Ensaio. São Paulo. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA TÉCNICA DE CELULOSE E PAPEL. 1993. ALMEIDA, J. M.; SILVA, D. J. Avaliação técnica do uso de antraquinona na polpação Kraft e suas perspectivas econômicas. In: CONGRESSO ANUAL DE CELULOSE E PAPEL, 36. 2003, São Paulo. Anais... São Paulo: ABTCP. 9p. ALZATE, S. B. A. Caracterização da madeira de árvores de clones de Eucalyptus grandis, E. saligna e E. grandis x urophylla. 2004. 133 f. Tese (Doutorado) - Tecnologia de Produtos Florestais, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2004. ARAUJO, R. H. 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