N°20 – NOVEMBRO-DEZEMBRO DE 2015
CARRO AUTÔNOMO
O FUTURO
CHEGOU!
Como fazer
mais com menos?
Diálogo
Livros-brancos: antecipar
as exigências locais
p.4
Estratégia/explicação
p.6
RU: função primordial
Destaque
p.14
Destaques
SALÃO DE FRANKFURT
SALÃO ITS EM
BORDEAUX
Os grandes nomes da indústria automotiva
tinham encontro marcado com os protagonistas do setor de eletrônica embarcada
no ITS (Intelligent Transport Systems),
salão mundial de tecnologias inovadoras
para automóveis, realizado este ano em
Bordeaux, na França. A PSA, que levou
para o evento suas mais recentes tecnologias nessa área, fez uma demonstração
espetacular, indo de Paris a Bordeaux (cerca
de 590 km) com um carro autônomo.
5 - 9 de outubro de 2015
PRIMEIRAS VITÓRIAS DA
PEUGEOT EM RALLY-RAIDS
Mesmo após o final do Rally Dakar 2015, as
equipes Peugeot Sport continuam com o pé no
acelerador. A melhor prova é a dobradinha conquistada no China Silk Road Rally, realizado no
início de setembro, com as vitórias de Stéphane
Peterhansel/Jean-Paul Cottret e Cyril Despres/
David Castera ao volante de veículos Peugeot
2008 DKR15+. Mas, a estrada ainda é longa até o
Dakar 2016: o Peugeot 2008 DKR16, apresentado
em setembro e vencedor de duas etapas no Rally
do Marrocos com Carlos Sainz/Lucas Cruz, está
em plena fase de desenvolvimento. Falando em
Marrocos, foi lá que a tripulação Sébastien Loeb/
Daniel Elena estreou no Team Peugeot Total, que
agora está completa para o Dakar 2016 - o mais
inigualável e imprevisível dos ralis.
Outubro de 2015
2
PLANETA / n°20
Ao lado de mais de mil expositores, a Citroën, a Peugeot e a DS
apresentaram seus mais recentes modelos no salão de Frankfurt
2015, ressaltando os pontos fortes e a personalidade própria de
cada marca: o Peugeot 308 GTi by Peugeot Sport, o Peugeot 308 R
HYbrid, o novo DS 4 e o DS 4 Crossback, além do DSV-01, desenvolvido para a Fórmula E pela DS Virgin Racing. Sem esquecer os carros-conceito Fractal, CITROËN Cactus M, Aircross e DS 4 Crossback
Concept, que seduziram os mais de 900 mil visitantes com sua
identidade e a incomparável experiência automotiva que oferecem.
17 a 27 de setembro de 2015
CONTRATO PERMANENTE
PARA 300 TEMPORÁRIOS
A PSA e o ManpowerGroup firmaram uma parceria
inovadora com o objetivo de consolidar a trajetória profissional de 300 trabalhadores de unidades
industriais da PSA Peugeot Citroën. Até o final de
2015, 100 funcionários temporários passarão a ter
contrato permanente com a Manpower para trabalhar na fábrica de Sochaux. A meta é que 100
novos contratos sejam assinados em 2016 para a
unidade de Mulhouse, e que outros 100 trabalhadores sejam efetivados em 2017 em outras fábricas.
14 de setembro de 2015
2° TÍTULO DE CAMPEÃO MUNDIAL
FIA WTCC PARA A CITROËN
Com uma pole position e duas vitórias no circuito de Xangai,
a CITROËN manteve o título de Campeã Mundial FIA WTCC*.
Yves Matton, diretor da Citroën Racing, fez questão de agradecer aos quatro pilotos, José María López, Yvan Muller,
Sébastien Loeb e Ma Qing Hua, bem como aos colaboradores
do centro técnico que, segundo ele, são “indissociáveis dessa
vitória internacional”.
*Aguardando publicação oficial dos resultados pela FIA.
Setembro de 2015
PRÊMIO DA FUNDAÇÃO
Éric Garret, que trabalha como operador UEP
na chaparia de Sochaux, fez muito bem em
apresentar, para os Prêmios da Fundação, a
associação na qual ele atua - a SINAPS -, que
promove a inserção de jovens por meio de atividades físicas e esportivas. Graças
a vocês, funcionários e internautas que elegeram essa associação como a sua
preferida, a SINAPS poderá adquirir cadeiras adaptadas a pessoas com mobilidade reduzida, a fim de proporcionar a crianças com deficiência a experiência
de uma corrida a pé.
Setembro de 2015
De
http://www.fondation-psa-peugeot-citroen.org/fr/
mecenat-handicap/la-course-a-pied-pour-tous/
A MARCA DS CHEGA AO IRÃ
A DS assinou um acordo com o Grupo ARIAN para
a importação, comercialização e serviço pós-venda
da marca no Irã. A filial ATI MOTOR, responsável
pela execução do contrato - em vigor a partir do
final de 2015 -, seguirá os rigorosos padrões da
marca DS. Dentro de alguns meses, uma DS Store
abrirá as portas em Teerã, seguindo o exemplo da
primeira DS Store da região Oriente Médio/África,
inaugurada em Túnis no dia 1° de outubro.
Outubro de 2015
PLANETA / n°20
3
Diálogo
“Concretamente, como poderíamos
gastar ainda menos?”
A INOVAÇÃO FRUGAL, CONCEITO QUE VEM
CONQUISTANDO TERRENO ENTRE OS GRANDES
NOMES DA INDÚSTRIA MUNDIAL, E CUJA
IMPORTÂNCIA CARLOS TAVARES RESSALTOU DESDE
QUE CHEGOU À EMPRESA, consiste em encontrar
soluções para as necessidades do cliente a partir
dos recursos disponíveis, de maneira rápida e
barata. Mas, concretamente, como implementar
esse princípio em uma empresa bem estruturada,
com despesas rigorosamente controladas? É
possível encontrar novas fontes de economia
usando a criatividade?
"Como
mais com
Yannick Bézard, Diretor de Compras da PSA
“Precisamos gastar
de maneira mais
inteligente”
Yannick Bézard
4
PLANETA / n°20
"A inovação frugal se organiza em
torno de seis princípios fundamentais
(leia o box), entre os quais se destaca
«Fazer mais com menos». O objetivo é
reutilizar e misturar tecnologias e
soluções existentes, ou simplesmente
contemplar soluções mais baratas do que
as que são geralmente empregadas.
Os profissionais da Diretoria de
Compras fazem esse trabalho todos os
dias. A função deles é encontrar o melhor
equilíbrio possível entre a necessidade
apresentada pelo cliente interno e as
ofertas disponíveis no mercado - seja
para contratar serviços de comunicação
ou adquirir maquinário e matérias-primas
para a produção.
No entanto, ainda temos alguma
margem para investir de maneira mais
otimizada e inteligente, em particular em
áreas não diretamente gerenciadas pelo
setor de Compras. No mês de março
passado, foi criado o Comitê Estratégico
«Smart Spending» (Gastos Inteligentes), e
fui nomeado por Carlos Tavares para
coordenar essa equipe. O Comitê tem três
objetivos: alcançar um nível «justo
necessário» para as despesas, a fim de
obter 30 milhões de euros ao ano de
economias adicionais; analisar as
despesas que raramente são verificadas,
em particular por razões de delegação de
autoridade; e aumentar o nível de
exigência da rentabilidade dos diversos
serviços, tanto internos como externos.
Ainda estamos dando os primeiros
passos, mas algumas medidas
fazer
menos?"
implementadas já estão rendendo
economias significativas. Podemos citar,
por exemplo, a elaboração de um
catálogo de fornecedores que pode ser
consultado diretamente pelo cliente,
cobrindo o abastecimento de material
industrial com valor inferior a mil euros.
Essa medida divide por dois o custo de
uma encomenda clássica. Outro exemplo
é a negociação de um contrato mundial
para a padronização das instalações de
robôs, indispensável à implementação do
sistema full kitting (veja a edição n° 19 da
revista Planeta).
Por último, começamos a refletir sobre
o valor agregado que poderia ser gerado
por parcerias estratégicas focadas na
terceirização de operações que não
fazem parte das atividades centrais do
Grupo. Ainda há muito o que fazer nessa
área, e estamos longe de explorar todo o
nosso potencial com os recursos
disponíveis. A inovação frugal é, ao
mesmo tempo, uma questão de processo
e de estado de espírito. Um grupo de
trabalho da rede de mulheres da PSA
(Women Engaged for PSA) está
desenvolvendo um trabalho muito
interessante de promoção desse conceito
no âmbito do Grupo. Graças a exemplos
identificados em diversos setores da
empresa, elas têm mostrado que é
possível ser criativo e inovador para
agregar valor, sem grandes
investimentos".
OS SEIS PRINCÍPIOS DE BASE
DA INOVAÇÃO FRUGAL
1. Buscar oportunidades nas adversidades
Diante dos obstáculos do dia a dia (restrições regulamentares, crise econômica,
escassez de recursos, etc.), demonstrar paciência, perseverança e capacidade para
aproveitar as oportunidades, transformando restrições em diferenciais, fazendo
com que joguem a nosso favor e improvisando soluções ao longo do processo,
graças a uma visão diferenciada e ações rápidas.
2. Fazer mais com menos
Como os recursos são caros, e como nossa meta é que os produtos sejam
acessíveis a todos, contemplar a reutilização e a mistura de tecnologias e soluções
existentes, bem como o compartilhamento dos ativos das empresas.
3. Pensar e agir de forma flexível
Questionar as certezas e improvisar com base no conhecimento da realidade de
campo, em vez de planificar. Trilhar vários caminhos na busca de um mesmo
objetivo, com rapidez e flexibilidade. Falhar quantas vezes for preciso, mas
controlando os custos.
4. Caminhar rumo à simplicidade
Recomeçar do zero e dedicar tempo ao consumidor, a fim de atender a suas
necessidades, mais do que a seus desejos. Desenvolver soluções “suficientemente
satisfatórias” e práticas, com número reduzido de funções.
5. Integrar categorias marginalizadas e os excluídos
Milhões de cidadãos excluídos (em razão de sua classe social, deficiência, etc.)
representam milhões de clientes potenciais. Considerar novos mercados
(ex. celulares especiais para deficientes visuais).
6. Seguir o coração
Agir com paixão, intuição e empatia. Libertar-se de indicadores quantitativos e
agir em função de suas convicções, graças a uma relação direta e autêntica com o
consumidor.
De
Digite “frugalité” (frugalidade) no espaço de busca do Live’in e leia uma entrevista com Ravi Najou,
um dos teóricos da frugalidade inteligente, além de exemplos concretos de aplicação desse princípio
no Grupo.
PLANETA / n°20
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Estratégia/explicação
LIVROS-BRANCOS DA QUALIDADE
ANTECIPAR AS EXIGÊNCIAS
LOCAIS
Para garantir sucesso nas vendas, os veículos do Grupo devem atender a Normas
locais e às exigências dos clientes, mas sempre respeitando a estratégia de
plataformas industriais do Grupo e sua política modular. Como equacionar tantos
parâmetros importantes? Benoît Granier, coordenador do Referencial de
Concepção Mundo, sugere algumas respostas.
Faz muito tempo que os veículos são
desenvolvidos dentro de uma perspectiva
mundial?
A questão existe há muito tempo, mas o modelo foi realmente estruturado, pela primeira vez, em 2005, em colaboração
com as equipes que trabalham na China e na América Latina.
Na época, a Europa era considerada uma referência, e o resto
do mundo era deixado de fora. Tomemos o exemplo do
Citroën C4 Cactus: comercializado em junho de 2014, ele foi
desenvolvido principalmente para a Europa, segundo o guia
de especificações inicial; em seguida, foi lançada uma
versão com eixo traseiro reforçado para países como
a Ucrânia, onde as estradas são ruins. Fazendo as
contas, vemos que é um procedimento caro. Desde
que ingressou na empresa, Carlos Tavares, com o
plano «Back in the Race», vem insistindo na importância de termos uma visão mundial das necessidades. Atualmente, todos os novos projetos são
cuidadosamente analisados para verificar a adequação em relação às necessidades das seis regiões
em que estamos presentes.
De que forma o conceito de
desenvolvimento de veículos evoluiu?
Em setembro de 2014, criamos uma série de
“Livros-brancos”, sendo um para cada
região. Nesse “dossiê”, sintetizamos diversos documentos técnicos que já existiam
BENOIT GRANIER,
Coordenador do Referencial
de Concepção Mundo
6
PLANETA / n°20
no Grupo: dados sobre a legislação de cada país, normas
relacionadas ao meio ambiente e às infraestruturas, e o
“Referencial de Concepção Mundo”, a partir do qual estabelecemos uma lista de exigências de cada região e coordenamos as ações na forma de projeto. Com isso, a cada etapa do
processo de desenvolvimento, as exigências são verificadas
e, se necessário, avaliadas por uma comissão que reúne responsáveis pelo projeto, pela Qualidade do Grupo e pela
Qualidade da região em questão. Na fase de validação do
projeto, a região deve ter aprovado as principais especificações, ou seja, as características que têm um impacto forte
para o cliente. Passada essa etapa, fica mais difícil...
Quais as perspectivas futuras dos
“Livros-brancos”?
Atualmente, as principais exigências das regiões são geralmente examinadas com base em um país importante. Por
exemplo: na Europa, pelo prisma das exigências do mercado
alemão; na América do Sul, segundo critérios do Brasil ou da
Argentina. Mas, dentro de uma mesma região, pode haver
realidades muito diferentes, por exemplo entre Índia e Japão.
Com o tempo, as exigências serão mais bem definidas, mesmo se prevalece o princípio de que um veículo deve ser o mais
“genérico” possível. Além disso, vamos ampliar as exigências
para outros aspectos, integrando a questão do grupo motopropulsor a partir do final de 2015 e a tributação em 2016.
Esse trabalho de aperfeiçoamento dos livros-brancos é coordenado em uma Obeya Mundo, que reúne, uma vez por
semana, profissionais de todos os setores abrangidos pelas
diretorias de Pesquisa e Desenvolvimento, Qualidade, Regiões
e Produtos.
“O TRABALHO
É BASEADO
EM DIVERSAS
FONTES DE
INFORMAÇÃO”
MATHIEU CHAPERON,
Responsável pelo RCM
“Desde fevereiro de 2015, o Referencial de Concepção Mundo lista
as exigências de cada região para todos os projetos de veículo, com
ênfase em 11 especificações principais para cada região. Esse
trabalho mobiliza diversas fontes de informações: o RETEX de
projetos precedentes, feedbacks sobre qualidade, diversas
avaliações de campo, informações fornecidas pelo marketing e
perfis de missão existentes. Graças a esse documento, medimos as
expectativas dos clientes, o peso dos equipamentos disponíveis na
satisfação global, os aspectos em que há descompasso e as
especificidades que não se encontram em outras regiões. Para
constar desse Referencial, as exigências devem ser claras e passíveis
de orçamento, além de permitirem modificações na concepção
para alcançar o nível mínimo exigido pelo mercado”.
“NOSSA
NECESSIDADE FOI
ATENDIDA”
ANTOINE ARTUR,
Representante Qualidade DMOA
“Com a criação da região Oriente Médio / África (DMOA) e de seu
respectivo livro-branco, nossas necessidades específicas estão sendo
realmente levadas em conta. Nossa primeira preocupação foi a
relação entre ar-condicionado e desempenho, um equilíbrio
delicado numa região quente: é necessário tanto uma boa
potência no arranque (para acelerar numa rotatória, por exemplo)
como o uso intensivo do ar-condicionado, visto que a temperatura
pode chegar a 57 °C. A solução encontrada, desenvolvida em
novembro de 2014 no Catar, foi imediatamente adotada e
começou a ser industrializada em março de 2015 nos países em
questão. Todas as exigências da região Oriente Médio / África são
analisadas cuidadosamente e avaliadas pelo Grupo, que decide
integrá-las ou não. Para nós, o fim de uma visão puramente
europeia dos produtos significa a garantia de veículos que
atendem perfeitamente às necessidades dos clientes locais”.
PLANETA / n°20
7
Dossiê
8
PLANETA / n°20
INOVAÇÃO
O CARRO
AUTÔNOMO
JÁ ESTÁ NAS
ESTRADAS…
Um carro que nos levará, sem motorista, para
qualquer lugar? Essa é uma das apostas da PSA
Peugeot Citroën. As equipes de desenvolvimento
têm trabalhado duro e os jornalistas que
testaram o veículo parecem impressionados.
Que tal dar uma volta no carro do futuro?
PLANETA / n°20
9
Dossiê
“ESTAREMOS
PRONTOS PARA
O CARRO AUTÔNOMO”
Desde que o Google entrou em campo, e desde que a PSA deu início aos testes em estrada
aberta na França, em julho deste ano, o carro autônomo nunca pareceu tão perto da
realidade. No entanto, será preciso aguardar mais alguns anos antes de vê-lo chegar ao
mercado. Vincent Abadie, Mestre especializado em sistemas de auxílio ao motorista (ADAS) e em
carros autônomos, explica como o Grupo está se preparando para o veículo de amanhã.
O senhor já dirige um carro autônomo?
A tecnologia já está pronta?
Vincent Abadie: Sim, a tecnologia de condução automatizada
já funciona. Como divulgamos no início de outubro, na ocasião do salão ITS World Congress sobre carros inteligentes,
um Citroën C4 Picasso viajou de Paris a Bordeaux com quatro
ocupantes, sem que o motorista pegasse no volante – embora, no âmbito dessa experiência, fosse preciso manter a atenção na estrada e estar a postos para retomar o controle se
necessário. Para dizer a verdade, ainda estamos na fase de
protótipo e devemos galgar várias etapas até obter um carro
realmente autônomo (confira os “cinco níveis de autonomia”,
10
PLANETA / n°20
página 16). O veículo autônomo é uma das três prioridades
estratégicas de inovação da PSA. Por isso, estamos mobilizando todos os recursos para que ele se torne realidade. Como
nosso objetivo é também fazer com que essas tecnologias
cheguem ao maior número de pessoas, temos trabalhado na
otimização do preço de custo. O lançamento dos sistemas
ADAS e do carro autônomo foi planejado por etapas e de
forma transversal, abrangendo todos os veículos do Grupo.
Do ponto de vista técnico, é preciso adotar uma abordagem
progressiva para o carro autônomo, pois devemos garantir a
solidez e a segurança do funcionamento dos sistemas, antes
de equipar veículos de série.
Segurança: mesmo não sendo autônomo, o carro conectado monitora
automaticamente a segurança
CARRO-À-INFRAESTRUTURA
A partir de 2015, os centros de controle instalados nas
estradas francesas passaram a ser automaticamente
informados sobre eventuais incidentes, graças
ao serviço e-call que equipa os veículos Peugeot,
Citroën e DS. Com isso, os outros motoristas também
são prevenidos de riscos potenciais, por meio dos
painéis luminosos presentes nas estradas.
Em relação aos concorrentes, como estamos
posicionados?
V. A.: Entramos nessa corrida para sermos os primeiros a comercializar o
carro autônomo, o que deve acontecer por volta de 2020. Aliás, fomos
o primeiro fabricante a realizar testes em estrada aberta na França. No
cenário atual, nossos concorrentes, em particular as marcas de luxo, já
comercializam algumas funções de auxílio ao motorista que abrem caminho para a condução automatizada, como auxílio em engarrafamentos
e para permanência na faixa de rolamento. Nos próximos três anos, a PSA
pretende lançar no mercado essas tecnologias e alcançar assim a
concorrência.
Nosso objetivo é chegar a 2020 no mesmo nível dos melhores fabricantes
de automóveis, com a comercialização de diversas funções avançadas de
NÚMERO
515
Estimativa, em bilhões de dólares, do valor
do mercado de carros autônomos em 2035
(estudo realizado pela AT Kearney).
CARRO-A-CARRO
No futuro, os outros veículos também fornecerão
informações úteis sobre o ambiente viário. Por exemplo,
um veículo poderá ser informado pelo veículo à sua frente
sobre a presença de um pedestre na pista, preparando
assim a frenagem automática com toda segurança.
automatização do veículo (em estacionamento e na estrada), bem como
a primeira função de condução automatizada em engarrafamentos.
Qual a estratégia desenvolvida para que estejamos
prontos a partir de 2020?
V. A.: Para concretizar nossos projetos, construímos todo um ecossistema
com base em parcerias:
• Primeiramente, com nossos parceiros do setor automotivo na França,
participamos do projeto “Veículo Autônomo”, no âmbito do plano Nova
França Industrial. Esse projeto reúne todas as ações pré-competitivas
desenvolvidas nos grupos de trabalho dos protagonistas do setor, ou nos
institutos tecnológicos VEDECOM e System-X. Nesses grupos, refletimos
sobre temas relacionados a mudanças normativas e jurídicas, segurança
no funcionamento e pesquisas sobre tecnologias do futuro.
• Em seguida, a PSA lançou uma Cátedra professoral em 2014, com dois
parceiros importantes: Valeo e Safran. O objetivo é contribuir para o
financiamento de projetos de pesquisa em renomados laboratórios
internacionais (Berkeley, Jiao Tong e EPFL), bem como facilitar a transferência de tecnologia do setor militar para o setor automotivo, principalmente em matéria de estratégia de comando e tecnologias de
geolocalização.
• Além disso, no campo da pesquisa, mobilizamos também nosso sistema
de OpenLAB, rede de laboratórios científicos criada em 2010, que nos
oferece acesso constante a profissionais especializados de alto nível.
• Por último, mantemos uma parceria dedicada com o CTAG, instituto
tecnológico espanhol, para o desenvolvimento de IHM (Interfaces HomemMáquina) para carros autônomos. Isso porque uma das chaves do sucesso
do veículo autônomo é dispor de uma IHM adaptada e intuitiva. PLANETA / n°20
11
Dossiê
FOI DADA A LARGADA
Embora ainda esteja engatinhando, o mercado
de carros autônomos atrai um grande número de
candidatos. Desde outubro de 2010, com o anúncio
espetacular de que o Google tinha desenvolvido um
sistema de condução autônoma, tanto os grandes
nomes da indústria automotiva como os novatos do
setor têm investido pesado na inovação. Cada fabricante
avança em um ritmo diferente. Enquanto, no começo
de outubro, a PSA fez o trajeto Paris-Bordeaux com um
Citroën C4 Picasso totalmente autônomo, a Renault
está prestes a testar o seu ZOE ZE Next Two em estrada.
Paralelamente, a Volvo vem desenvolvendo o projeto
“Drive Me” sobre interfaces homem-máquina e
tecnologias dedicadas aos futuros carros autônomos. Já
a Audi apresentou, em meados deste ano, uma versão
autônoma do modelo A7, que rodou cerca de 900 km
em estrada aberta. Por fim, depois de o S 500 Intelligent
Drive ter percorrido 100 km em modo autônomo em
2013, a Mercedes apresentou este ano o protótipo
F-015, que prioriza o conceito de espaço e vida
itinerante. Quanto aos novatos do setor, os gigantes
do Vale do Silício estão avançando a toda velocidade.
Os veículos Google Self-Driving Car já percorreram
cerca de 2 milhões de quilômetros. A Tesla vai em breve
mostrar uma nova versão semiautomática do Model S,
enquanto a Apple pretende apresentar o projeto
Titan, seu carro elétrico autônomo, em 2019. Outras
empresas de alta tecnologia, principalmente francesas,
também estão na corrida - como a AKKA (com o modelo
urbano Link&Go) e a Navya (Arma) -, desenvolvendo
seus próprios protótipos. Por último, na Holanda
a Easy Smile vai lançar o WEpod, carro autônomo
sem volante nem pedais. A guerra já começou!
ALGUNS DESAFIOS ANTES DE SAIR POR AÍ…
• Legislação: A Convenção de Viena, base
do Código de Trânsito dos países europeus,
estipula que o motorista deve manter o controle do veículo em todas as circunstâncias.
Além disso, proíbe terminantemente o uso
de telefone ao volante. A PSA, juntamente com outros fabricantes, está negociando com as autoridades para que esses
artigos sejam modificados até 2017.
• Pirataria: Nos Estados Unidos, alguns
hackers já conseguiram, por pura provocação,
assumir o controle de carros autônomos.
Mesmo se esse tipo de veículo é programado
para evitar erros humanos - causa de 80%
dos acidentes -, é preciso garantir segurança
absoluta para o carro autônomo.
PARTICIPE DESSA AVENTURA!
Com a decisão da PSA de investir no desenvolvimento do carro autônomo
- um dos principais vetores de inovação do Grupo -, a DRD (Diretoria de
Pesquisa e Desenvolvimento) constituiu uma equipe dedicada para idealizar
as soluções técnicas que permitirão a realização do projeto. Portanto, se
você tem conhecimentos em mecatrônica, eletrônica e sensores, ou no
desenvolvimento de estratégias de controle / comando, e se tiver vontade
de participar dessa aventura, envie o seu CV e uma carta de apresentação (ou
suas perguntas) para [email protected]. Embarque nessa!
12
PLANETA / n°20
• Resistência psicológica: Segundo Thierry
Le Hay, Diretor de Inovações e Sistemas
Embarcados da PSA Peugeot Citroën, as pesquisas com clientes mostram que a ideia vem
sendo muito bem recebida e é vista como uma
evolução natural.
• Custo: A tecnologia embarcada, embora
use muitas técnicas existentes no mercado,
ainda tem um custo elevado, em razão da
grande quantidade de sensores e outras
características do sistema. É também preciso
duplicar as principais funções do veículo
para o caso de uma falha, a fim de garantir
a segurança durante o tempo necessário para que o motorista
assuma o controle. Tudo isso tem um impacto considerável no
custo global, ao passo que o objetivo da PSA é oferecer um
carro autônomo barato, a fim de ampliar o potencial de
vendas.
• Responsabilidade em caso de acidente: A divisão da responsabilidade entre o
motorista e o fabricante é uma questão de
extrema importância no desenvolvimento
do carro autônomo. O tema vem sendo discutido pelos representantes do setor automotivo na França, com a participação de juristas e seguradoras,
com vista à modificação dos sistemas de gestão de sinistros.
ELES EXPERIMENTARAM
O volante gira sozinho e as
manobras são suaves. Um dos
passageiros até adormeceu - prova
de que tinha plena confiança! O uso
do modo autônomo do C4 Picasso
foi como uma sessão de relaxamento,
com toda segurança.
CARLOS TAVARES,
Presidente da
Diretoria da PSA
Peugeot Citroën
LAURENT MEILLAUD,
jornalista automotivo da rádio France Bleu Touraine
A impressão é de estar diante de
uma criança que aprende a andar e
às vezes precisa de assistência. Quando a
sinalização na pista é menos nítida,
sentimos pequenos movimentos de viés
(…). A experiência é sensacional e a
tecnologia, cada vez mais real.
Fiz um teste nas imediações
de Vélizy. Senti que havia
um certo nervosismo à minha
volta, mas achei que o teste,
em si, foi seguro e sereno.
Muito convincente!
FRANÇOIS TARRAIN,
Auto Plus.
PLANETA / n°20
13
Destaque
RESPONSÁVEL POR UNIDADE
FUNÇÃO PRIMORDIAL
PARA UM BOM DESEMPENHO
O Responsável por Unidade (RU) é o primeiro elo da cadeia de gerenciamento de equipes.
Uma função global que alia diálogo, autonomia e gosto por desafios. Com a palavra, dois RU.
Quais são as qualidades de um bom RU?
VLADIMIR ZELENAK,
Responsável por Unidade (Trnava)
Vladimir Zelenak (Trnava): Para mim, tem que gostar de se
comunicar, pois a relação com as equipes é primordial. Às vezes,
tenho que usar de psicologia para resolver certas situações difíceis,
mas sem deixar de lado o know-how técnico para poder reagir
rápido.
Thibaut Coussedière (Poissy): No dia a dia, faço tudo para manter um bom entrosamento entre nós. É isso que motiva as pessoas. Dou muita ênfase também à cultura do desempenho, que
busco incutir nas equipes. É indispensável para que possamos
cumprir os objetivos diários de produção e qualidade.
“Resolver os problemas
diretamente, trabalhar junto
com as equipes para encontrar
as melhores soluções”.
Vladimir Zelenak
Quais são os pontos fortes do seu trabalho?
V. Z.: Gosto de colocar a mão na massa, resolver os problemas
diretamente, trabalhar junto com as equipes para encontrar as
melhores soluções. Minha função tem uma dimensão global, visto
que sou responsável pela rentabilidade de um setor da linha, o que
significa que devo garantir segurança, produção e qualidade.
T. C.: O que mais me motiva é a gestão do pessoal. Gosto da
dimensão humana do trabalho, de coordenar e contribuir para a
evolução dos colaboradores. Outro ponto importante é o desafio
de cumprir os objetivos, dia após dia, sejam quais forem as
dificuldades.
Quais os seus maiores motivos de orgulho?
V. Z.: Meu maior orgulho foi contribuir para o crescimento de
novos RU, graças ao programa de coaching que realizamos.
Durante 18 meses tivemos a oportunidade de trocar experiências,
foi muito proveitoso.
T. C.: Minha principal satisfação foi contribuir para a evolução
profissional dos colaboradores. Os monitores passaram a ser RU,
os operadores se tornaram monitores... É muito gratificante identificar bons profissionais, incentivá-los e ajudá-los a galgar novos
degraus.
14
PLANETA / n°20
THIBAUT COUSSEDIÈRE,
Responsável por Unidade (Poissy)
Que tipo de dificuldade vocês enfrentam no dia a
dia?
V. Z.: Vejo dois tipos de dificuldade: as questões ligadas à fabricação
(anomalias ou problemas técnicos) e as questões ligadas às equipes
(ausências, férias, etc.). Em caso de absenteísmo, preciso reagir rápido para garantir o funcionamento de todos os postos. Posso pedir
aos operadores que façam horas extras, ou mobilizar os operadores
polivalentes para substituir os ausentes.
T. C.: Os casos de absenteísmo são raros na minha equipe. A maior
parte dos problemas vem da linha, como falhas de manutenção ou
no abastecimento. Se a logística emperra, as peças não chegam a
nós, o que às vezes provoca interrupções na linha.
Que importância tem o seu trabalho para o
sistema industrial?
V. Z.: Trata-se de uma função de alto valor agregado para a fábrica,
pois o RU é o principal responsável pela produção dos veículos (em
termos de volume e qualidade). Além disso, é uma ponte entre os
diretores e os responsáveis pela fabricação. Esse papel de intermediário é primordial.
T. C.: O RU é um elo essencial dentro da fábrica, visto que garante
o cumprimento dos objetivos em termos de produtividade, qualidade e segurança. É o primeiro degrau de gestão de pessoas, mas
não é o menos importante.
“Gosto da dimensão humana
do trabalho, de coordenar e
contribuir para a evolução
dos colaboradores”.
Thibaut Coussedière
Como vocês vislumbram a sua carreira no futuro?
V. Z.: Sou RU há cinco anos, depois de ter sido monitor também
durante cinco anos. Agora, gostaria de mudar de função e assumir
a responsabilidade pelo desenvolvimento de um novo projeto em
Trnava. Por isso, vou passar vários meses na França, em Vélizy, para
receber treinamento.
T. C.: Entrei na PSA em 2003. Trabalhei como operador durante seis
anos, como monitor durante três e há cinco anos sou RU. Trabalhei
muito para chegar aqui, com muita dedicação pelos 33 membros
da minha equipe. Atualmente, minha meta é evoluir na escala de
gestão de pessoas. Gostaria de viajar para o exterior a fim de treinar
operadores.
De
Veja também o depoimento de Blanca Rodriguez, RU em Vigo,
na Espanha.
http://bit.ly/1PPMSYX
PLANETA / n°20
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Infográfico
O CARRO AUTÔNOMO
COMO FUNCIONA?
A direção é automatizada, graças a uma série de sensores
CÂMERAS
DIGITAIS
GPS
COMANDOS AUTOMATIZADOS:
ACELERAÇÃO, FRENAGEM
E DIREÇÃO
RADARES
SISTEMA DE DIREÇÃO
OS CINCO NÍVEIS
DE AUTOMATIZAÇÃO
RADARES
BENEFÍCIOS PARA OS CLIENTES
Maior segurança ao dirigir, mais serenidade
para o motorista
NÍVEL 5:
mind off
Condução automatizada sem motorista
NÍVEL 4:
mind off
Condução automatizada em situações definidas,
sem controle do motorista, sem retomada
do controle pelo motorista
NÍVEL 3:
eyes off
APROVEITAR MELHOR O TEMPO
DO TRAJETO
Condução automatizada em situações definidas,
sem controle do motorista, com retomada
do controle pelo motorista se necessário
GARANTIR MAIS SEGURANÇA
AOS DESLOCAMENTOS
Necessidade de mudança na legislação
NÍVEL 2:
eyes on
Sistemas de auxílio à direção que controlam
a dinâmica longitudinal e lateral do veículo
REDUZIR AS SITUAÇÕES
DE MONOTONIA AO VOLANTE
NÍVEL 1:
eyes on
Presença de sistemas de assistência,
como o acc (adaptive cruise control)
FACILITAR AS MANOBRAS
DE ESTACIONAMENTO
NÍVEL 0:
eyes on
Nenhuma função é automatizada
A PARTIR DE 2018, LANÇAMENTO DAS PRIMEIRAS FUNÇÕES DE CONDUÇÃO
AUTÔNOMA NOS VEÍCULOS DO GRUPO
Diretoria de publicação: B. Blaise – Redatores-chefes: B. Aussel, C. Candeiller – Ilustrações e coordenação: J. Stehlin - Edição PSA Peugeot Citroën – 11/2015 – Fotografias: F. Barthout, Comunicação fábrica de
Trnava, M. Chaperon, M. Dupont Sagorin, M. Ech Charqi, A. Le Gouguec, J. Lejeune, LoveIt, Mediateca DS, Mediateca Citroën, Mediateca Peugeot, D. Pizzalla, A. Reyre, J. Stehlin, Realização:
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