N°20 – NOVEMBRO-DEZEMBRO DE 2015 CARRO AUTÔNOMO O FUTURO CHEGOU! Como fazer mais com menos? Diálogo Livros-brancos: antecipar as exigências locais p.4 Estratégia/explicação p.6 RU: função primordial Destaque p.14 Destaques SALÃO DE FRANKFURT SALÃO ITS EM BORDEAUX Os grandes nomes da indústria automotiva tinham encontro marcado com os protagonistas do setor de eletrônica embarcada no ITS (Intelligent Transport Systems), salão mundial de tecnologias inovadoras para automóveis, realizado este ano em Bordeaux, na França. A PSA, que levou para o evento suas mais recentes tecnologias nessa área, fez uma demonstração espetacular, indo de Paris a Bordeaux (cerca de 590 km) com um carro autônomo. 5 - 9 de outubro de 2015 PRIMEIRAS VITÓRIAS DA PEUGEOT EM RALLY-RAIDS Mesmo após o final do Rally Dakar 2015, as equipes Peugeot Sport continuam com o pé no acelerador. A melhor prova é a dobradinha conquistada no China Silk Road Rally, realizado no início de setembro, com as vitórias de Stéphane Peterhansel/Jean-Paul Cottret e Cyril Despres/ David Castera ao volante de veículos Peugeot 2008 DKR15+. Mas, a estrada ainda é longa até o Dakar 2016: o Peugeot 2008 DKR16, apresentado em setembro e vencedor de duas etapas no Rally do Marrocos com Carlos Sainz/Lucas Cruz, está em plena fase de desenvolvimento. Falando em Marrocos, foi lá que a tripulação Sébastien Loeb/ Daniel Elena estreou no Team Peugeot Total, que agora está completa para o Dakar 2016 - o mais inigualável e imprevisível dos ralis. Outubro de 2015 2 PLANETA / n°20 Ao lado de mais de mil expositores, a Citroën, a Peugeot e a DS apresentaram seus mais recentes modelos no salão de Frankfurt 2015, ressaltando os pontos fortes e a personalidade própria de cada marca: o Peugeot 308 GTi by Peugeot Sport, o Peugeot 308 R HYbrid, o novo DS 4 e o DS 4 Crossback, além do DSV-01, desenvolvido para a Fórmula E pela DS Virgin Racing. Sem esquecer os carros-conceito Fractal, CITROËN Cactus M, Aircross e DS 4 Crossback Concept, que seduziram os mais de 900 mil visitantes com sua identidade e a incomparável experiência automotiva que oferecem. 17 a 27 de setembro de 2015 CONTRATO PERMANENTE PARA 300 TEMPORÁRIOS A PSA e o ManpowerGroup firmaram uma parceria inovadora com o objetivo de consolidar a trajetória profissional de 300 trabalhadores de unidades industriais da PSA Peugeot Citroën. Até o final de 2015, 100 funcionários temporários passarão a ter contrato permanente com a Manpower para trabalhar na fábrica de Sochaux. A meta é que 100 novos contratos sejam assinados em 2016 para a unidade de Mulhouse, e que outros 100 trabalhadores sejam efetivados em 2017 em outras fábricas. 14 de setembro de 2015 2° TÍTULO DE CAMPEÃO MUNDIAL FIA WTCC PARA A CITROËN Com uma pole position e duas vitórias no circuito de Xangai, a CITROËN manteve o título de Campeã Mundial FIA WTCC*. Yves Matton, diretor da Citroën Racing, fez questão de agradecer aos quatro pilotos, José María López, Yvan Muller, Sébastien Loeb e Ma Qing Hua, bem como aos colaboradores do centro técnico que, segundo ele, são “indissociáveis dessa vitória internacional”. *Aguardando publicação oficial dos resultados pela FIA. Setembro de 2015 PRÊMIO DA FUNDAÇÃO Éric Garret, que trabalha como operador UEP na chaparia de Sochaux, fez muito bem em apresentar, para os Prêmios da Fundação, a associação na qual ele atua - a SINAPS -, que promove a inserção de jovens por meio de atividades físicas e esportivas. Graças a vocês, funcionários e internautas que elegeram essa associação como a sua preferida, a SINAPS poderá adquirir cadeiras adaptadas a pessoas com mobilidade reduzida, a fim de proporcionar a crianças com deficiência a experiência de uma corrida a pé. Setembro de 2015 De http://www.fondation-psa-peugeot-citroen.org/fr/ mecenat-handicap/la-course-a-pied-pour-tous/ A MARCA DS CHEGA AO IRÃ A DS assinou um acordo com o Grupo ARIAN para a importação, comercialização e serviço pós-venda da marca no Irã. A filial ATI MOTOR, responsável pela execução do contrato - em vigor a partir do final de 2015 -, seguirá os rigorosos padrões da marca DS. Dentro de alguns meses, uma DS Store abrirá as portas em Teerã, seguindo o exemplo da primeira DS Store da região Oriente Médio/África, inaugurada em Túnis no dia 1° de outubro. Outubro de 2015 PLANETA / n°20 3 Diálogo “Concretamente, como poderíamos gastar ainda menos?” A INOVAÇÃO FRUGAL, CONCEITO QUE VEM CONQUISTANDO TERRENO ENTRE OS GRANDES NOMES DA INDÚSTRIA MUNDIAL, E CUJA IMPORTÂNCIA CARLOS TAVARES RESSALTOU DESDE QUE CHEGOU À EMPRESA, consiste em encontrar soluções para as necessidades do cliente a partir dos recursos disponíveis, de maneira rápida e barata. Mas, concretamente, como implementar esse princípio em uma empresa bem estruturada, com despesas rigorosamente controladas? É possível encontrar novas fontes de economia usando a criatividade? "Como mais com Yannick Bézard, Diretor de Compras da PSA “Precisamos gastar de maneira mais inteligente” Yannick Bézard 4 PLANETA / n°20 "A inovação frugal se organiza em torno de seis princípios fundamentais (leia o box), entre os quais se destaca «Fazer mais com menos». O objetivo é reutilizar e misturar tecnologias e soluções existentes, ou simplesmente contemplar soluções mais baratas do que as que são geralmente empregadas. Os profissionais da Diretoria de Compras fazem esse trabalho todos os dias. A função deles é encontrar o melhor equilíbrio possível entre a necessidade apresentada pelo cliente interno e as ofertas disponíveis no mercado - seja para contratar serviços de comunicação ou adquirir maquinário e matérias-primas para a produção. No entanto, ainda temos alguma margem para investir de maneira mais otimizada e inteligente, em particular em áreas não diretamente gerenciadas pelo setor de Compras. No mês de março passado, foi criado o Comitê Estratégico «Smart Spending» (Gastos Inteligentes), e fui nomeado por Carlos Tavares para coordenar essa equipe. O Comitê tem três objetivos: alcançar um nível «justo necessário» para as despesas, a fim de obter 30 milhões de euros ao ano de economias adicionais; analisar as despesas que raramente são verificadas, em particular por razões de delegação de autoridade; e aumentar o nível de exigência da rentabilidade dos diversos serviços, tanto internos como externos. Ainda estamos dando os primeiros passos, mas algumas medidas fazer menos?" implementadas já estão rendendo economias significativas. Podemos citar, por exemplo, a elaboração de um catálogo de fornecedores que pode ser consultado diretamente pelo cliente, cobrindo o abastecimento de material industrial com valor inferior a mil euros. Essa medida divide por dois o custo de uma encomenda clássica. Outro exemplo é a negociação de um contrato mundial para a padronização das instalações de robôs, indispensável à implementação do sistema full kitting (veja a edição n° 19 da revista Planeta). Por último, começamos a refletir sobre o valor agregado que poderia ser gerado por parcerias estratégicas focadas na terceirização de operações que não fazem parte das atividades centrais do Grupo. Ainda há muito o que fazer nessa área, e estamos longe de explorar todo o nosso potencial com os recursos disponíveis. A inovação frugal é, ao mesmo tempo, uma questão de processo e de estado de espírito. Um grupo de trabalho da rede de mulheres da PSA (Women Engaged for PSA) está desenvolvendo um trabalho muito interessante de promoção desse conceito no âmbito do Grupo. Graças a exemplos identificados em diversos setores da empresa, elas têm mostrado que é possível ser criativo e inovador para agregar valor, sem grandes investimentos". OS SEIS PRINCÍPIOS DE BASE DA INOVAÇÃO FRUGAL 1. Buscar oportunidades nas adversidades Diante dos obstáculos do dia a dia (restrições regulamentares, crise econômica, escassez de recursos, etc.), demonstrar paciência, perseverança e capacidade para aproveitar as oportunidades, transformando restrições em diferenciais, fazendo com que joguem a nosso favor e improvisando soluções ao longo do processo, graças a uma visão diferenciada e ações rápidas. 2. Fazer mais com menos Como os recursos são caros, e como nossa meta é que os produtos sejam acessíveis a todos, contemplar a reutilização e a mistura de tecnologias e soluções existentes, bem como o compartilhamento dos ativos das empresas. 3. Pensar e agir de forma flexível Questionar as certezas e improvisar com base no conhecimento da realidade de campo, em vez de planificar. Trilhar vários caminhos na busca de um mesmo objetivo, com rapidez e flexibilidade. Falhar quantas vezes for preciso, mas controlando os custos. 4. Caminhar rumo à simplicidade Recomeçar do zero e dedicar tempo ao consumidor, a fim de atender a suas necessidades, mais do que a seus desejos. Desenvolver soluções “suficientemente satisfatórias” e práticas, com número reduzido de funções. 5. Integrar categorias marginalizadas e os excluídos Milhões de cidadãos excluídos (em razão de sua classe social, deficiência, etc.) representam milhões de clientes potenciais. Considerar novos mercados (ex. celulares especiais para deficientes visuais). 6. Seguir o coração Agir com paixão, intuição e empatia. Libertar-se de indicadores quantitativos e agir em função de suas convicções, graças a uma relação direta e autêntica com o consumidor. De Digite “frugalité” (frugalidade) no espaço de busca do Live’in e leia uma entrevista com Ravi Najou, um dos teóricos da frugalidade inteligente, além de exemplos concretos de aplicação desse princípio no Grupo. PLANETA / n°20 5 Estratégia/explicação LIVROS-BRANCOS DA QUALIDADE ANTECIPAR AS EXIGÊNCIAS LOCAIS Para garantir sucesso nas vendas, os veículos do Grupo devem atender a Normas locais e às exigências dos clientes, mas sempre respeitando a estratégia de plataformas industriais do Grupo e sua política modular. Como equacionar tantos parâmetros importantes? Benoît Granier, coordenador do Referencial de Concepção Mundo, sugere algumas respostas. Faz muito tempo que os veículos são desenvolvidos dentro de uma perspectiva mundial? A questão existe há muito tempo, mas o modelo foi realmente estruturado, pela primeira vez, em 2005, em colaboração com as equipes que trabalham na China e na América Latina. Na época, a Europa era considerada uma referência, e o resto do mundo era deixado de fora. Tomemos o exemplo do Citroën C4 Cactus: comercializado em junho de 2014, ele foi desenvolvido principalmente para a Europa, segundo o guia de especificações inicial; em seguida, foi lançada uma versão com eixo traseiro reforçado para países como a Ucrânia, onde as estradas são ruins. Fazendo as contas, vemos que é um procedimento caro. Desde que ingressou na empresa, Carlos Tavares, com o plano «Back in the Race», vem insistindo na importância de termos uma visão mundial das necessidades. Atualmente, todos os novos projetos são cuidadosamente analisados para verificar a adequação em relação às necessidades das seis regiões em que estamos presentes. De que forma o conceito de desenvolvimento de veículos evoluiu? Em setembro de 2014, criamos uma série de “Livros-brancos”, sendo um para cada região. Nesse “dossiê”, sintetizamos diversos documentos técnicos que já existiam BENOIT GRANIER, Coordenador do Referencial de Concepção Mundo 6 PLANETA / n°20 no Grupo: dados sobre a legislação de cada país, normas relacionadas ao meio ambiente e às infraestruturas, e o “Referencial de Concepção Mundo”, a partir do qual estabelecemos uma lista de exigências de cada região e coordenamos as ações na forma de projeto. Com isso, a cada etapa do processo de desenvolvimento, as exigências são verificadas e, se necessário, avaliadas por uma comissão que reúne responsáveis pelo projeto, pela Qualidade do Grupo e pela Qualidade da região em questão. Na fase de validação do projeto, a região deve ter aprovado as principais especificações, ou seja, as características que têm um impacto forte para o cliente. Passada essa etapa, fica mais difícil... Quais as perspectivas futuras dos “Livros-brancos”? Atualmente, as principais exigências das regiões são geralmente examinadas com base em um país importante. Por exemplo: na Europa, pelo prisma das exigências do mercado alemão; na América do Sul, segundo critérios do Brasil ou da Argentina. Mas, dentro de uma mesma região, pode haver realidades muito diferentes, por exemplo entre Índia e Japão. Com o tempo, as exigências serão mais bem definidas, mesmo se prevalece o princípio de que um veículo deve ser o mais “genérico” possível. Além disso, vamos ampliar as exigências para outros aspectos, integrando a questão do grupo motopropulsor a partir do final de 2015 e a tributação em 2016. Esse trabalho de aperfeiçoamento dos livros-brancos é coordenado em uma Obeya Mundo, que reúne, uma vez por semana, profissionais de todos os setores abrangidos pelas diretorias de Pesquisa e Desenvolvimento, Qualidade, Regiões e Produtos. “O TRABALHO É BASEADO EM DIVERSAS FONTES DE INFORMAÇÃO” MATHIEU CHAPERON, Responsável pelo RCM “Desde fevereiro de 2015, o Referencial de Concepção Mundo lista as exigências de cada região para todos os projetos de veículo, com ênfase em 11 especificações principais para cada região. Esse trabalho mobiliza diversas fontes de informações: o RETEX de projetos precedentes, feedbacks sobre qualidade, diversas avaliações de campo, informações fornecidas pelo marketing e perfis de missão existentes. Graças a esse documento, medimos as expectativas dos clientes, o peso dos equipamentos disponíveis na satisfação global, os aspectos em que há descompasso e as especificidades que não se encontram em outras regiões. Para constar desse Referencial, as exigências devem ser claras e passíveis de orçamento, além de permitirem modificações na concepção para alcançar o nível mínimo exigido pelo mercado”. “NOSSA NECESSIDADE FOI ATENDIDA” ANTOINE ARTUR, Representante Qualidade DMOA “Com a criação da região Oriente Médio / África (DMOA) e de seu respectivo livro-branco, nossas necessidades específicas estão sendo realmente levadas em conta. Nossa primeira preocupação foi a relação entre ar-condicionado e desempenho, um equilíbrio delicado numa região quente: é necessário tanto uma boa potência no arranque (para acelerar numa rotatória, por exemplo) como o uso intensivo do ar-condicionado, visto que a temperatura pode chegar a 57 °C. A solução encontrada, desenvolvida em novembro de 2014 no Catar, foi imediatamente adotada e começou a ser industrializada em março de 2015 nos países em questão. Todas as exigências da região Oriente Médio / África são analisadas cuidadosamente e avaliadas pelo Grupo, que decide integrá-las ou não. Para nós, o fim de uma visão puramente europeia dos produtos significa a garantia de veículos que atendem perfeitamente às necessidades dos clientes locais”. PLANETA / n°20 7 Dossiê 8 PLANETA / n°20 INOVAÇÃO O CARRO AUTÔNOMO JÁ ESTÁ NAS ESTRADAS… Um carro que nos levará, sem motorista, para qualquer lugar? Essa é uma das apostas da PSA Peugeot Citroën. As equipes de desenvolvimento têm trabalhado duro e os jornalistas que testaram o veículo parecem impressionados. Que tal dar uma volta no carro do futuro? PLANETA / n°20 9 Dossiê “ESTAREMOS PRONTOS PARA O CARRO AUTÔNOMO” Desde que o Google entrou em campo, e desde que a PSA deu início aos testes em estrada aberta na França, em julho deste ano, o carro autônomo nunca pareceu tão perto da realidade. No entanto, será preciso aguardar mais alguns anos antes de vê-lo chegar ao mercado. Vincent Abadie, Mestre especializado em sistemas de auxílio ao motorista (ADAS) e em carros autônomos, explica como o Grupo está se preparando para o veículo de amanhã. O senhor já dirige um carro autônomo? A tecnologia já está pronta? Vincent Abadie: Sim, a tecnologia de condução automatizada já funciona. Como divulgamos no início de outubro, na ocasião do salão ITS World Congress sobre carros inteligentes, um Citroën C4 Picasso viajou de Paris a Bordeaux com quatro ocupantes, sem que o motorista pegasse no volante – embora, no âmbito dessa experiência, fosse preciso manter a atenção na estrada e estar a postos para retomar o controle se necessário. Para dizer a verdade, ainda estamos na fase de protótipo e devemos galgar várias etapas até obter um carro realmente autônomo (confira os “cinco níveis de autonomia”, 10 PLANETA / n°20 página 16). O veículo autônomo é uma das três prioridades estratégicas de inovação da PSA. Por isso, estamos mobilizando todos os recursos para que ele se torne realidade. Como nosso objetivo é também fazer com que essas tecnologias cheguem ao maior número de pessoas, temos trabalhado na otimização do preço de custo. O lançamento dos sistemas ADAS e do carro autônomo foi planejado por etapas e de forma transversal, abrangendo todos os veículos do Grupo. Do ponto de vista técnico, é preciso adotar uma abordagem progressiva para o carro autônomo, pois devemos garantir a solidez e a segurança do funcionamento dos sistemas, antes de equipar veículos de série. Segurança: mesmo não sendo autônomo, o carro conectado monitora automaticamente a segurança CARRO-À-INFRAESTRUTURA A partir de 2015, os centros de controle instalados nas estradas francesas passaram a ser automaticamente informados sobre eventuais incidentes, graças ao serviço e-call que equipa os veículos Peugeot, Citroën e DS. Com isso, os outros motoristas também são prevenidos de riscos potenciais, por meio dos painéis luminosos presentes nas estradas. Em relação aos concorrentes, como estamos posicionados? V. A.: Entramos nessa corrida para sermos os primeiros a comercializar o carro autônomo, o que deve acontecer por volta de 2020. Aliás, fomos o primeiro fabricante a realizar testes em estrada aberta na França. No cenário atual, nossos concorrentes, em particular as marcas de luxo, já comercializam algumas funções de auxílio ao motorista que abrem caminho para a condução automatizada, como auxílio em engarrafamentos e para permanência na faixa de rolamento. Nos próximos três anos, a PSA pretende lançar no mercado essas tecnologias e alcançar assim a concorrência. Nosso objetivo é chegar a 2020 no mesmo nível dos melhores fabricantes de automóveis, com a comercialização de diversas funções avançadas de NÚMERO 515 Estimativa, em bilhões de dólares, do valor do mercado de carros autônomos em 2035 (estudo realizado pela AT Kearney). CARRO-A-CARRO No futuro, os outros veículos também fornecerão informações úteis sobre o ambiente viário. Por exemplo, um veículo poderá ser informado pelo veículo à sua frente sobre a presença de um pedestre na pista, preparando assim a frenagem automática com toda segurança. automatização do veículo (em estacionamento e na estrada), bem como a primeira função de condução automatizada em engarrafamentos. Qual a estratégia desenvolvida para que estejamos prontos a partir de 2020? V. A.: Para concretizar nossos projetos, construímos todo um ecossistema com base em parcerias: • Primeiramente, com nossos parceiros do setor automotivo na França, participamos do projeto “Veículo Autônomo”, no âmbito do plano Nova França Industrial. Esse projeto reúne todas as ações pré-competitivas desenvolvidas nos grupos de trabalho dos protagonistas do setor, ou nos institutos tecnológicos VEDECOM e System-X. Nesses grupos, refletimos sobre temas relacionados a mudanças normativas e jurídicas, segurança no funcionamento e pesquisas sobre tecnologias do futuro. • Em seguida, a PSA lançou uma Cátedra professoral em 2014, com dois parceiros importantes: Valeo e Safran. O objetivo é contribuir para o financiamento de projetos de pesquisa em renomados laboratórios internacionais (Berkeley, Jiao Tong e EPFL), bem como facilitar a transferência de tecnologia do setor militar para o setor automotivo, principalmente em matéria de estratégia de comando e tecnologias de geolocalização. • Além disso, no campo da pesquisa, mobilizamos também nosso sistema de OpenLAB, rede de laboratórios científicos criada em 2010, que nos oferece acesso constante a profissionais especializados de alto nível. • Por último, mantemos uma parceria dedicada com o CTAG, instituto tecnológico espanhol, para o desenvolvimento de IHM (Interfaces HomemMáquina) para carros autônomos. Isso porque uma das chaves do sucesso do veículo autônomo é dispor de uma IHM adaptada e intuitiva. PLANETA / n°20 11 Dossiê FOI DADA A LARGADA Embora ainda esteja engatinhando, o mercado de carros autônomos atrai um grande número de candidatos. Desde outubro de 2010, com o anúncio espetacular de que o Google tinha desenvolvido um sistema de condução autônoma, tanto os grandes nomes da indústria automotiva como os novatos do setor têm investido pesado na inovação. Cada fabricante avança em um ritmo diferente. Enquanto, no começo de outubro, a PSA fez o trajeto Paris-Bordeaux com um Citroën C4 Picasso totalmente autônomo, a Renault está prestes a testar o seu ZOE ZE Next Two em estrada. Paralelamente, a Volvo vem desenvolvendo o projeto “Drive Me” sobre interfaces homem-máquina e tecnologias dedicadas aos futuros carros autônomos. Já a Audi apresentou, em meados deste ano, uma versão autônoma do modelo A7, que rodou cerca de 900 km em estrada aberta. Por fim, depois de o S 500 Intelligent Drive ter percorrido 100 km em modo autônomo em 2013, a Mercedes apresentou este ano o protótipo F-015, que prioriza o conceito de espaço e vida itinerante. Quanto aos novatos do setor, os gigantes do Vale do Silício estão avançando a toda velocidade. Os veículos Google Self-Driving Car já percorreram cerca de 2 milhões de quilômetros. A Tesla vai em breve mostrar uma nova versão semiautomática do Model S, enquanto a Apple pretende apresentar o projeto Titan, seu carro elétrico autônomo, em 2019. Outras empresas de alta tecnologia, principalmente francesas, também estão na corrida - como a AKKA (com o modelo urbano Link&Go) e a Navya (Arma) -, desenvolvendo seus próprios protótipos. Por último, na Holanda a Easy Smile vai lançar o WEpod, carro autônomo sem volante nem pedais. A guerra já começou! ALGUNS DESAFIOS ANTES DE SAIR POR AÍ… • Legislação: A Convenção de Viena, base do Código de Trânsito dos países europeus, estipula que o motorista deve manter o controle do veículo em todas as circunstâncias. Além disso, proíbe terminantemente o uso de telefone ao volante. A PSA, juntamente com outros fabricantes, está negociando com as autoridades para que esses artigos sejam modificados até 2017. • Pirataria: Nos Estados Unidos, alguns hackers já conseguiram, por pura provocação, assumir o controle de carros autônomos. Mesmo se esse tipo de veículo é programado para evitar erros humanos - causa de 80% dos acidentes -, é preciso garantir segurança absoluta para o carro autônomo. PARTICIPE DESSA AVENTURA! Com a decisão da PSA de investir no desenvolvimento do carro autônomo - um dos principais vetores de inovação do Grupo -, a DRD (Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento) constituiu uma equipe dedicada para idealizar as soluções técnicas que permitirão a realização do projeto. Portanto, se você tem conhecimentos em mecatrônica, eletrônica e sensores, ou no desenvolvimento de estratégias de controle / comando, e se tiver vontade de participar dessa aventura, envie o seu CV e uma carta de apresentação (ou suas perguntas) para [email protected]. Embarque nessa! 12 PLANETA / n°20 • Resistência psicológica: Segundo Thierry Le Hay, Diretor de Inovações e Sistemas Embarcados da PSA Peugeot Citroën, as pesquisas com clientes mostram que a ideia vem sendo muito bem recebida e é vista como uma evolução natural. • Custo: A tecnologia embarcada, embora use muitas técnicas existentes no mercado, ainda tem um custo elevado, em razão da grande quantidade de sensores e outras características do sistema. É também preciso duplicar as principais funções do veículo para o caso de uma falha, a fim de garantir a segurança durante o tempo necessário para que o motorista assuma o controle. Tudo isso tem um impacto considerável no custo global, ao passo que o objetivo da PSA é oferecer um carro autônomo barato, a fim de ampliar o potencial de vendas. • Responsabilidade em caso de acidente: A divisão da responsabilidade entre o motorista e o fabricante é uma questão de extrema importância no desenvolvimento do carro autônomo. O tema vem sendo discutido pelos representantes do setor automotivo na França, com a participação de juristas e seguradoras, com vista à modificação dos sistemas de gestão de sinistros. ELES EXPERIMENTARAM O volante gira sozinho e as manobras são suaves. Um dos passageiros até adormeceu - prova de que tinha plena confiança! O uso do modo autônomo do C4 Picasso foi como uma sessão de relaxamento, com toda segurança. CARLOS TAVARES, Presidente da Diretoria da PSA Peugeot Citroën LAURENT MEILLAUD, jornalista automotivo da rádio France Bleu Touraine A impressão é de estar diante de uma criança que aprende a andar e às vezes precisa de assistência. Quando a sinalização na pista é menos nítida, sentimos pequenos movimentos de viés (…). A experiência é sensacional e a tecnologia, cada vez mais real. Fiz um teste nas imediações de Vélizy. Senti que havia um certo nervosismo à minha volta, mas achei que o teste, em si, foi seguro e sereno. Muito convincente! FRANÇOIS TARRAIN, Auto Plus. PLANETA / n°20 13 Destaque RESPONSÁVEL POR UNIDADE FUNÇÃO PRIMORDIAL PARA UM BOM DESEMPENHO O Responsável por Unidade (RU) é o primeiro elo da cadeia de gerenciamento de equipes. Uma função global que alia diálogo, autonomia e gosto por desafios. Com a palavra, dois RU. Quais são as qualidades de um bom RU? VLADIMIR ZELENAK, Responsável por Unidade (Trnava) Vladimir Zelenak (Trnava): Para mim, tem que gostar de se comunicar, pois a relação com as equipes é primordial. Às vezes, tenho que usar de psicologia para resolver certas situações difíceis, mas sem deixar de lado o know-how técnico para poder reagir rápido. Thibaut Coussedière (Poissy): No dia a dia, faço tudo para manter um bom entrosamento entre nós. É isso que motiva as pessoas. Dou muita ênfase também à cultura do desempenho, que busco incutir nas equipes. É indispensável para que possamos cumprir os objetivos diários de produção e qualidade. “Resolver os problemas diretamente, trabalhar junto com as equipes para encontrar as melhores soluções”. Vladimir Zelenak Quais são os pontos fortes do seu trabalho? V. Z.: Gosto de colocar a mão na massa, resolver os problemas diretamente, trabalhar junto com as equipes para encontrar as melhores soluções. Minha função tem uma dimensão global, visto que sou responsável pela rentabilidade de um setor da linha, o que significa que devo garantir segurança, produção e qualidade. T. C.: O que mais me motiva é a gestão do pessoal. Gosto da dimensão humana do trabalho, de coordenar e contribuir para a evolução dos colaboradores. Outro ponto importante é o desafio de cumprir os objetivos, dia após dia, sejam quais forem as dificuldades. Quais os seus maiores motivos de orgulho? V. Z.: Meu maior orgulho foi contribuir para o crescimento de novos RU, graças ao programa de coaching que realizamos. Durante 18 meses tivemos a oportunidade de trocar experiências, foi muito proveitoso. T. C.: Minha principal satisfação foi contribuir para a evolução profissional dos colaboradores. Os monitores passaram a ser RU, os operadores se tornaram monitores... É muito gratificante identificar bons profissionais, incentivá-los e ajudá-los a galgar novos degraus. 14 PLANETA / n°20 THIBAUT COUSSEDIÈRE, Responsável por Unidade (Poissy) Que tipo de dificuldade vocês enfrentam no dia a dia? V. Z.: Vejo dois tipos de dificuldade: as questões ligadas à fabricação (anomalias ou problemas técnicos) e as questões ligadas às equipes (ausências, férias, etc.). Em caso de absenteísmo, preciso reagir rápido para garantir o funcionamento de todos os postos. Posso pedir aos operadores que façam horas extras, ou mobilizar os operadores polivalentes para substituir os ausentes. T. C.: Os casos de absenteísmo são raros na minha equipe. A maior parte dos problemas vem da linha, como falhas de manutenção ou no abastecimento. Se a logística emperra, as peças não chegam a nós, o que às vezes provoca interrupções na linha. Que importância tem o seu trabalho para o sistema industrial? V. Z.: Trata-se de uma função de alto valor agregado para a fábrica, pois o RU é o principal responsável pela produção dos veículos (em termos de volume e qualidade). Além disso, é uma ponte entre os diretores e os responsáveis pela fabricação. Esse papel de intermediário é primordial. T. C.: O RU é um elo essencial dentro da fábrica, visto que garante o cumprimento dos objetivos em termos de produtividade, qualidade e segurança. É o primeiro degrau de gestão de pessoas, mas não é o menos importante. “Gosto da dimensão humana do trabalho, de coordenar e contribuir para a evolução dos colaboradores”. Thibaut Coussedière Como vocês vislumbram a sua carreira no futuro? V. Z.: Sou RU há cinco anos, depois de ter sido monitor também durante cinco anos. Agora, gostaria de mudar de função e assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento de um novo projeto em Trnava. Por isso, vou passar vários meses na França, em Vélizy, para receber treinamento. T. C.: Entrei na PSA em 2003. Trabalhei como operador durante seis anos, como monitor durante três e há cinco anos sou RU. Trabalhei muito para chegar aqui, com muita dedicação pelos 33 membros da minha equipe. Atualmente, minha meta é evoluir na escala de gestão de pessoas. Gostaria de viajar para o exterior a fim de treinar operadores. De Veja também o depoimento de Blanca Rodriguez, RU em Vigo, na Espanha. http://bit.ly/1PPMSYX PLANETA / n°20 15 Infográfico O CARRO AUTÔNOMO COMO FUNCIONA? A direção é automatizada, graças a uma série de sensores CÂMERAS DIGITAIS GPS COMANDOS AUTOMATIZADOS: ACELERAÇÃO, FRENAGEM E DIREÇÃO RADARES SISTEMA DE DIREÇÃO OS CINCO NÍVEIS DE AUTOMATIZAÇÃO RADARES BENEFÍCIOS PARA OS CLIENTES Maior segurança ao dirigir, mais serenidade para o motorista NÍVEL 5: mind off Condução automatizada sem motorista NÍVEL 4: mind off Condução automatizada em situações definidas, sem controle do motorista, sem retomada do controle pelo motorista NÍVEL 3: eyes off APROVEITAR MELHOR O TEMPO DO TRAJETO Condução automatizada em situações definidas, sem controle do motorista, com retomada do controle pelo motorista se necessário GARANTIR MAIS SEGURANÇA AOS DESLOCAMENTOS Necessidade de mudança na legislação NÍVEL 2: eyes on Sistemas de auxílio à direção que controlam a dinâmica longitudinal e lateral do veículo REDUZIR AS SITUAÇÕES DE MONOTONIA AO VOLANTE NÍVEL 1: eyes on Presença de sistemas de assistência, como o acc (adaptive cruise control) FACILITAR AS MANOBRAS DE ESTACIONAMENTO NÍVEL 0: eyes on Nenhuma função é automatizada A PARTIR DE 2018, LANÇAMENTO DAS PRIMEIRAS FUNÇÕES DE CONDUÇÃO AUTÔNOMA NOS VEÍCULOS DO GRUPO Diretoria de publicação: B. Blaise – Redatores-chefes: B. Aussel, C. Candeiller – Ilustrações e coordenação: J. Stehlin - Edição PSA Peugeot Citroën – 11/2015 – Fotografias: F. Barthout, Comunicação fábrica de Trnava, M. Chaperon, M. Dupont Sagorin, M. Ech Charqi, A. Le Gouguec, J. Lejeune, LoveIt, Mediateca DS, Mediateca Citroën, Mediateca Peugeot, D. Pizzalla, A. Reyre, J. Stehlin, Realização: