CÂMARA MUNICIPAL DE LAGOS ATRIBUIÇÃO DE MEDALHA DE MÉRITO MUNICIPAL – GRAU PRATA Entidade Agraciada: Amélia Taquelim Gonçalves (Casa de Doces Regionais) A Casa de Doces Regionais “Amélia Taquelim Gonçalves”, fundada em 1935 pelo casal Gonçalves, José Francisco e Amélia Taquelim, especializou-se no fabrico e comercialização de doces regionais em amêndoa e figo, alcançando notoriedade quer pelos seus Morgados, premiados em vários certames, quer pelos afamados Dom Rodrigo. Ao longo dos tempos a reputação conquistada atraiu clientes de todos os estratos sociais e económicos, registando a visita de figuras destacadas da vida social e política nacional, sobretudo aquando da realização de grandes eventos que tiveram Lagos por palco, como as comemorações dos centenários em 1940 (Fundação da Nacionalidade em 1140 e Restauração de 1640), as comemorações Henriquinas em 1960, e a visita de governantes, candidatos e celebridades ao longo dos anos 70 e 80. Inicialmente a empresa adotou o nome “Pastelaria Lacobrigense" e teve as suas primeiras instalações na Rua Infante de Sagres, 78 - 1º. Mais tarde transferiu-se para a Rua Cândido dos Reis, número 32, e no final dos anos 40 para a Rua Porta de Portugal, Nº13, 1º; e a partir de 1964 para as atuais instalações sitas no Nº 27 da mesma rua, aí funcionando sob o Alvará Nº 199/1964 emitido pela Câmara Municipal de Lagos nesse ano. Comemorando 80 anos de atividade na área da pastelaria fina e tradicional e da comercialização e consequente divulgação da arte de fazer doces, quer os de remota origem conventual quer resultantes da síntese popular que muitas doceiras algarvias foram aprimorando ao longo dos tempos, nesta casa também se terão aperfeiçoado algumas receitas e adotado soluções que garantiram a longevidade da qualidade dos seus produtos. A atividade da Casa Amélia Taquelim Gonçalves não se esgotou na doçaria tradicional já que a sua dinâmica comercial não se cingiu exclusivamente a essa tipologia de produtos, resultando também do reconhecimento da importância na diversificação. A atestar essa aposta na variedade e na modernização, releva o facto de ter sido das primeiras empresas, em Portugal, a instalar as máquinas de gelado soft da marca Esquimo, no ano de 1964, abastecidas por produção própria, a que acrescentou nos anos 90 os gelados de cuvete, também de produção própria. Página 1 de 3 Nos anos 60 foi a única gelataria de Lagos a fazer as delícias de miúdos e graúdos, satisfazendo o deleite de apreciar o gelado, essa invenção dos antigos egípcios, segundo alguns historiadores, dos persas ou dos chineses, segundo outros, invenção transportada para a Europa pelos árabes e eficazmente melhorada pelos florentinos do séc. XVI que transpuseram a diferença entre sorvete e gelado e estabilizaram o conceito do gelado que chegou até aos nossos dias. O engenho e a criatividade dos responsáveis pela empresa afigura-se como uma constante ao longo dos tempos, em particular o desempenho de José Francisco Gonçalves, quer na recolha de receitas e na inovação dos seus produtos como nas criação das formas singulares dos próprios bolos, quer no desenho de embalagens e recipientes sugestivos, práticos e de suporte à mensagem publicitária da marca registada ATG - como o copo de 1969, os calendários e outros brindes publicitários -, a introdução do quadrado de papel de alumínio para embrulhar o Dom Rodrigo, a criação de caixas de papel rendilhado para embalar os produtos, etc. Atualmente, as suas instalações industriais seguem uma filosofia herdeira do fabrico artesanal, mantendo essa ligação com os saberes que presidiram à sua fundação, e estão devidamente licenciadas, possuindo todas as acreditações e controles exigidos pelas normas vigentes. Em suma, a Casa de Doces Regionais Amélia Taquelim Gonçalves, afirma-se como uma empresa de sucesso que labora uma atividade não somente do ramo alimentar mas, também, concretizadora de uma importante vertente do património imaterial da região, pelo que representa um valor assinalável e ativo da dinâmica e do pulsar lacobrigense, motivo que a faz merecer a distinção ora proposta. Considerando que: É antiga a tradição dos Municípios portugueses homenagearem as individualidades e entidades que, pela sua atividade, pelo exemplo maior, história de vida, obras, estudos, contributo para o progresso do conhecimento, para o engrandecimento da Cultura, por feitos desportivos e por virtudes, se destacam na comunidade, sendo de justo merecimento o reconhecimento público por parte da Câmara Municipal, da Assembleia Municipal e dos munícipes; Tenho a honra de propor à Digníssima Câmara Municipal: 1 – A atribuição da Medalha de Mérito Municipal – Grau Prata à Casa de Doces Regionais Amélia Taquelim Gonçalves, em atenção, homenagem e reconhecimento à longevidade e assinalável contributo que esta empresa prestou à preservação e divulgação dos saberes e fazeres tradicionais Página 2 de 3 na área da doçaria, à valorização desse património cultural imaterial, ao desenvolvimento do comércio e da economia local, promovendo ao longo destes 80 anos, através dos seus bolos e demais produtos/serviços, a cidade e o concelho de Lagos e despertando junto dos visitantes saborosas recordações e ligações afetivas a este destino turístico. Esta atribuição pretende igualmente homenagear todos os estabelecimentos que, ao longo dos anos, conseguiram sobreviver aos sucessivos ciclos de expansão e recessão da atividade económica, graças à qualidade dos seus produtos e serviços, à empatia gerada com o cliente, à capacidade de renovação e inovação, contribuindo assim para a construção de uma identidade e para a diferenciação da paisagem e da oferta comercial local. 2 – Tal distinção consubstanciar-se-á na atribuição de uma medalha com as características previstas no n.º 2 do artigo 11.º do Regulamento de Concessão de Condecorações pela Câmara Municipal de Municipal de Lagos, bem como de diploma correspondente. 3 – A entrega da Medalha de Mérito Municipal será efetuada na Sessão Solene do próximo Dia do Município, em local e hora a anunciar. Paços do Concelho Séc. XXI, 16 de Setembro de 2015. A Presidente da Câmara Municipal, Maria Joaquina Matos Página 3 de 3