Folclore A palavra folclore vem do inglês “folk-lore” e significa sabedoria popular. Este termo apareceu pela primeira vez numa carta enviada por Willian Thoms à revista “The Atheneum”, de Londres (Inglaterra), que a publicou em 22/08/1845. Em comemoração ao surgimento da palavra, instituiu-se o Dia do Folclore – comemorado em 22 de agosto, em todo o mundo. No Brasil, a data é comemorada desde agosto de 1965. O folclore é a expressão do pensar, agir e sentir das sociedades humanas e abrange os costumes tradicionais, superstições, cantos, festas, indumentárias, lendas, crenças e artes transmitidas a cada geração. Para a maioria dos estudiosos, podemos agrupar essas manifestações folclóricas em oito categorias: música e dança, festas populares, usos e costumes, crendices e religiosidades, artesanato, brinquedos e brincadeiras infantis, linguagem e literatura oral. As manifestações incluídas neste grupo abrangem as danças típicas e bailados, como as congadas, a quadrilha, o bumba-meu-boi, os guerreiros, a capoeira, o fandango e outros. E ainda os ritmos musicais – frevo (Pernambuco), maxixe e samba (Rio de Janeiro) e rancheira (Rio Grande do Sul) -, os instrumentos musicais populares, como o berimbau, o tamborim, a cuíca, e também o repentismo. Congadas A congada é uma dança popular adaptada da “Canção de Rolando”, uma epopeia francesa que chegou ao Brasil trazida pelos padres jesuítas, que a utilizavam para catequizar os índios. Na época do Brasil Colônia era dançada em todo o país, das capitanias localizadas ao norte até as do sul. Hoje ainda é uma dança tradicional, sobretudo em algumas cidades do interior de Minas Gerais e em alguns Estados da região Nordeste. Quadrilha A quadrilha é uma dança de salão de origem francesa que, no Brasil, passou a ser dançada também ao ar livre, durante as festas juninas. Chegou ao país no início do século 19, com a vinda da Corte Real Portuguesa e com as várias missões culturais francesas que aqui estiveram. Sua aceitação foi instantânea. Logo se tornou obrigatória em todos os saraus elegantes, no Rio de Janeiro e nas demais províncias. Por ter um forte apelo popular, a quadrilha acabou conquistando a grande parcela da população que apreciava as festas juninas. Foi assim que se incorporou aos festejos de Santo Antônio, São Pedro e São João. Fandango Antes de se tornar popular e de provocar uma grande discriminação por parte das elites, que chamavam seus praticantes de “vadios fandangueiros”, o fandango frequentou palácios e movimentou as festas da aristocracia brasileira. Também conhecido por marujada, atualmente, o fandango é um bailado tradicional das regiões Nordeste, Sudeste e Sul, onde é dançado individualmente ou aos pares, com acompanhamento de instrumentos musicais, como as violas. No litoral paulista, de acordo com os passos, é dividido em dois grupos: fandango rufado ou batido e fandango bailado ou valsado. Suas danças recebem diversos nomes: andorinha, anu-rachado, anu-velho, chamarrita, chimarrete, gracinha, marrafa, manjericão, tontinha, tirana, tiraninha, pagará, monada, vilão de lenço, vilão de agulha e mandado. Bumba-meu-boi O bumba-meu-boi nasceu, provavelmente, no Maranhão. É um pequeno drama em que o dono do boi, um homem branco, vê um negro roubar o animal porque sua mulher, grávida, está com vontade de comer língua. O boi é morto, mas, em seguida, é preciso ressucitá-lo. Essa é a tarefa do pajé. O drama é dividido em três categorias: o boi-de-matraca, o boi-de-ilha e o boide-orquestra. O mais expressivo é o de matraca, do qual todos os acompanhantes participam, batendo pares de matracas. De longe, ouve-se o barulho das matracas, dos grandes pandeiros, dos chocalhos e da cantoria. Já o boi-de-ilha (Zabumba) é mais lento, de acentuado sabor africano, sendo acompanhado por atabaques e tantãs. O boi-de-orquestra não é tão puro e apresenta influências modernas. O bumba-meu-boi do Maranhão é o mais rico de todo o Brasil. Os participantes passam todo o ano preparando as vestes para os festejos, que acontecem no mês de junho. No traje típico do vaqueiro do boi maranhense nota-se a influência dos três grupos que deram origem aos brasileiros: índios, negros e brancos. Cavalhadas Surgidas na Idade Média, as cavalhadas são tradicionais em Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Alagoas. No passado, reuniam grandes fazendeiros, que vestiam ricamente seus animais para o desfile de cavaleiros, corridas e jogos (argolinha), sempre acompanhados por um conjunto musical. Hoje são festas mais populares. Modinha A modinha era o “veículo do amor” no fim do século 19 e, ainda hoje, sobrevive entre os românticos. Apesar de possuir raízes eruditas, passou por um processo de folclorização. Como raramente os cantores sabem quem é o autor de uma modinha, que é transmitida oralmente, ela vai sofrendo modificações na letra, música e ritmo, tornando-se propriedade do povo que a toma por sua. Repentismo O repentismo tem sua origem nas quadras (espécie de versos) portuguesas usadas em Cana Verde, na região do Moinho. Segue uma estrutura bem simples: tira-se o refrão e a seguir cada pessoa “joga” uma quadra, que pode ser decorada ou de improviso. Exemplo: “Ó minha caninha verde Ó minha verde caninha Eu não vou na sua casa Pra você não ir na minha.” Com o decorrer do tempo surgiram outros estilos de refrão: “Eu vi o sol Vi a lua clariá Eu vi meu bem Dentro do canaviá.” Aboio O aboio é o canto mágico improvisado do vaqueiro-guia, que tem o poder de guiar toda a boiada usando só as vogais. O vaqueiro parece hipnotizar o gado, que vai seguindo, acompanhando, em silêncio, e respondendo apenas com o mugido. Essa manifestação folclórica de raiz pura só pode ser apreciada nos campos, mas há também o aboio em quadras e sextilhas – um folguedo mais urbano. Existe ainda a chamada toada de aboio – uma canção que fala das aventuras do vaqueiro. Exemplo: “Me chamo Téo Azevedo Fui criado no sertão A viola é minha vida O aboio, minha canção.” Festas populares As festas populares brasileiras, em sua maioria, referem-se à comemoração dos “Dias Santos”, que se transformam em verdadeiros espetáculos folclóricos. Em Minas Gerais, e na maioria dos Estados brasileiros, são famosas as festas juninas em homenagem a Santo Antônio, São Pedro e São João, e as encenações da Paixão de Cristo durante a Semana Santa. Festas juninas A origem das festas juninas remonta a milhares de anos, quando os homens começaram a sair das cavernas e formaram uma sociedade de pastores e agricultores. Para sobreviver, eles precisavam da fertilidade da terra, de condições benéficas do clima, da natureza e da proteção de uma divindade que comandava tudo. Por isso, eles faziam preces de agradecimento, pedidos e invocações, com gestos, rituais e símbolos, aos quais, depois, foram adicionando palavras. Daí, surgiram as danças rituais e coreográficas, transformadas nas Festas da Fertilidade. Essas festas aconteciam na época da colheita, durante o inverno no Hemisfério Norte, no mês de junho. Foram os romanos que deram um nome a elas – Junônias -, em homenagem à deusa Juno, que é a “deusa-mãe, esposa universal, símbolo do amor conjugal, da fidelidade e da fertilidade, protetora das esposas e dos casais. Festas juninas em BH É provável que o antigo Curral Del Rey, mais tarde transformado na capital mineira, já realizasse festas juninas. Há relatos de que o arraial tinha uma típica festa com foguetes, fogueira, levantamento de mastro e fogos de artifício e que, ao som de uma banda, os habitantes dançavam a quadrilha. Um dos relatos, de Raul Tassini, no livro “Verdades históricas e pré-históricas de Belo Horizonte/Curral Del Rey”, descreve uma quadrilha: “essas diversões punham em polvorosa a vida pacata do arraial. Senhores e senhoras respeitáveis deixavam suas casas, muitos deles transfigurados, para a contradança. Vestiam-se de velhos uns, de velhas outras, a fim de mais à vontade se distraírem. Esses velhotes e essas velhotas, simuladas, metidas em meio às moças e rapazes, alegravam, por horas seguidas, o monótono arraial.” Passados mais de 100 anos, as festas juninas continuam sendo uma das mais tradicionais manifestações folclóricas de Belo Horizonte, levando milhares de pessoas às escolas, praças e outros locais onde são realizadas. Festas de agosto As chamadas “Festas de Agosto”, tradição religiosa de Montes Claros, surgiram no início do século 19. Trata-se de um cortejo que percorre as ruas da cidade, colorindo-as com os trajes do Senhor Imperador do Divino, dos príncipes, princesas, catopês, marujos e caboclinhos. Os catopês são um tipo de congado, de tradição africana, que mistura elementos da monarquia portuguesa e do catolicismo com costumes habituais. Em Montes Claros, louvam em seus cantos a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Divino Espírito Santo, reis, imperadores e festeiros. A marujada é um bailado popular muito antigo, em que se dramatizam as lutas portuguesas na época das grandes navegações, com ênfase para a reconquista (vitória dos cristãos sobre os muçulmanos). As apresentações acontecem em praça pública e integram vários personagens, como o General, Capitão, Inglês, Padre, Rei Mouro, Infante do Marrocos, Capitão-de-Mar-eGuerra, Cristãos e Mouros. No Brasil, esta dança recebe diversos nomes: Maruja, barca, Nau-catarineta, Barquinha, Fragata, Fandango, Chegança de Mouros e Chegança de Marujos. Os caboclinhos são uma “folgança” popular de origem indígena. São constituídos por 10 a 15 pares de crianças, de sete a dez anos, vestidos como os índios; figuras adultas com excesso de roupas; a Cacicona e a MamãeVovó, dois personagens representados por homens travestidos de mulher; e porta-bandeiras e músicos usando trajes de passeio. Usos e Costumes Fazem parte desta categoria folclórica as comidas típicas de cada região, como, por exemplo, o arroz com pequi e a couve com angu (Minas Gerais), o vatapá, o caruru e a galinha-de-xinxim (Bahia), o pato no tucupi (Pará), a carne de sol (Rio Grande do Norte), a moqueca e a torta capixaba (Espírito Santo) e o churrasco (Rio Grande do Sul). Crendices e Religiosidade Envolvem os sinais e indícios (quebrar espelho é sinal de desgraça, coceira na mão é sinal de dinheiro), os maus agouros (sexta-feira 13, gato preto), os mitos e lendas (mula-sem-cabeça), lobisomem) e crendices religiosas (o candomblé baiano e a macumba carioca). Mitos Lobisomem É um mito universal, registrado na Itália, Grécia, Espanha, Portugal, China, Japão e países africanos. De acordo com a crendice, o lobisomem é um filho que nasceu depois de a mãe ter gerado sete filhas. A partir de 13 anos, ele começa a sair no período noturno, sendo que, entre meia-noite e duas da manhã, visita sete cemitérios, sete castelos, sete outeiros e sete encruzilhadas, virando um monstro. Depois pode voltar à forma humana. A lenda também conta que, para acabar com o lobisomem, basta feri-lo. Mas, se a pessoa se manchar com o sangue do monstro, também se transformará em lobisomem. Curupira Considerado o protetor dos animais e da mata, o mito Curupira provavelmente veio da Ásia. É um ente fantástico: anão, cabelos vermelhos, pés ao inverso, com calcanhares para frente. Povoa o imaginário da população de norte a sul do Brasil e de outros países, como Venezuela, Colômbia e Bolívia, onde ganha outros nomes. Em 1560, foi mencionado pelo padre José Anchieta, que lhe atribuía os feitos de correr atrás dos índios, dar-lhes pancadas e até matá-los. Por isso, os indígenas costumam deixar penas de aves, abanadores e flechas pelo caminho onde passam, para que o Curupira não lhes faça mal. Boitatá De norte a sul, do nordeste à região central, o boitatá é um dos primeiros mitos registrados no Brasil. O padre José de Anchieta descrevia assim: “existem fantasmas que vivem junto ao mar e aos rios e chamam-se baetatá (coisa de fogo). Vê-se apenas um facho de luz correndo e matando os índios, como fazem os curupiras. Não sei o que possa ser.” Couto de Magalhães escreveu que o boitatá também protege a caça e é “cobra-de-fogo”. Tem semelhanças com outros mitos da França, Alemanha, Inglaterra, Portugal e Estados Unidos. Mão-de-ouro É um mito ligado ao período do Ciclo do Ouro, que tem por função guardar as minas. Já foi relatado no Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul. Saci-pererê O saci-pererê é um capetinha de uma perna só que “bole” em tudo, sempre cria confusões e espanta os idosos. Suas estórias são muito antigas e remontam ao século 18. Podem ter surgido a partir da lenda do “Fradinho-da-MãooFurada”, pertencente ao folclore português. No Brasil, as diabruras do saci-pererê incorporaram as de outros mitos, sobretudo as do curupira, e causam pavor às gentes de todas as regiões. De acordo com a crendice popular, para prender um saci basta possuir um rosário de contas, emborcar uma peneira com habilidade ou rezar o credo. A lenda também diz que o saci não faz malandragem com quem usa um bentinho com dentes de alho descascado, no pescoço. Artesanato Há muito tempo os índios brasileiros já dominavam o segredo da fabricação de potes de barro, onde armazenavam os alimentos. Essa cerâmica popular é uma das mais expressivas manifestações do artesanato brasileiro. Pode ser encontrada em qualquer ponto do país, mas se destaca, principalmente, nas regiões Norte (Ilha de Marajó e Amazonas), Nordeste (Bahia e Pernambuco) e Sudeste (Minas Gerais e São Paulo). A cerâmica pode ser utilitária (inclui potes, talhas, moringas, bilhas, panelas e outros recipientes que se destinam ao uso diário) ou figuritiva (imagens de santos, de animais e pessoas, com sentido religioso ou servindo apenas como decoração). O artesanato, porém, não é somente a cerâmica. Abrange a tecelagem, os bordados, as rendas e bilros, o vestuário, esculturas, móveis e objetos talhados na madeira, forjados no ferro, vivificados na pedra ou feitos a partir das mais variadas fibras. Brinquedos e brincadeiras infantis Os brinquedos de roda, músicas, canções (Marcha Soldado, Terezinha de Jesus e Atirei o pau no Gato) e jogos infantis fazem parte do folclore nacional. Infelizmente, estão caindo no esquecimento, sobretudo nas grandes cidades onde foram substituídos pela televisão, pelo computador e pelos jogos eletrônicos. A moderna pedagogia consagrou o jogo como uma poderosa e salutar arma educativa, pois, brincando, forma-se o caráter da criança. Mas é importante distinguir entre os tipos de jogos. Brinquedos são aqueles em que não há disputa (brincar de boneca, cata-vento, papagaio, pular corda) ou são os próprios objetos de recreação. Já os brincos ou brincadeiras são os jogos disputados, que provocam o desejo de vitória (bolinha de gude, amarelinha, futebol, finca). Outra importante fonte de educação infantil são as rodas, uma das primeiras manifestações do espírito associativo das crianças. Elas são muito usadas na transmissão das tradições de um povo através de gerações. Brincadeiras Boca-de-Forno – brincadeira em que as crianças se reúnem em roda. A mais desembaraçada dirige o grupo e vai fazendo as perguntas, que são respondidas por todos, em conjunto. - Boca de forno, - Forno. - Tirai um bolo? - Bolo. - Se eu mandar? - Vai. - Se não for? - Apanha. - Menos eu, que sou o gavião-de-penacho. Quantos bolos? - Cinco. - De pai (com força)? Ou de mãe (devagar)? Ou de passarinho (beliscando)? Ou de cobra (cutucando)? Ou de sal (finge que bate)? - De mãe. - Sr. Rei mandou dizer que fosse ali na esquina, ajoelhasse em frente ao poste e rezasse uma Ave-Maria. A partir da ordem, todas as crianças saem correndo para cumprir a sentença, que varia de coisas simples até atos impossíveis de serem praticados. Comadre tem Louça – crianças assentadas na calçada. Maria, que está a uns 20 metros de distância, aproxima-se, manquejando, e pergunta: - Comadre, tem louça? Uma das crianças responde: - Chega perto que não ouço. - Ei comadre, você tem pimentinhas verdes pra arranjar? - Tenho. Entra aí pro quintal e apanha. - E os cachorros? - Não tem cachorro, não. A senhora pode entrar sem medo. Depois do diálogo, Maria vai passando pelas outras crianças da roda. Quando dá as costas, todas se levantam e avançam sobre ela, latindo como cachorro. Ela corre e aquela que a alcançar vai ser a “comadre tem louça”. Cabra-cega – Faz-se a roda. Uma das crianças está no centro com os olhos vendados por um lenço. Outra começa o diálogo: - Cabra-cega! - Que é? - De onde veio? - Vim da serra. - O que é que trouxe? - Cravo e canela. - Me dá um tiquinho? - Não dou não. Não chega nem pros meus filhos... - Então, fogo nela. Em seguida, todas as crianças começam a bulir com a cabra-cega. Uma puxa-lhe o cabelo, outra, o vestido e outra lhe dá um abraço. A criança com os olhos vendados procura agarrar as mais afoitas. Quem se deixar pegar, será a nova cabra-cega. Véia Quereca – é um brinquedo feito por meninos da seguinte maneira: fura-se uma cabaça; veste-se a cruz com um vestido velho; coloca-se a cabeça, com uma vela acesa, no topo da cruz. Em seguida, um menino agarra na velha e sai pelas ruas, à noitinha, acompanhado pelos outros, que vão gritando: “Óia a véia quereca Óia a véia quereca No meio da rua Ela toma torrado No caco da cuia Ela pita, ela masca No meio da rua. Óia a véia careca Óia a véia quereca Óia a véia quereca Que toca rebeca Ela canta, ela dança Ela faz lambança Ela toca no sino Ela pega o menino Óia a véia quereca.” Linguagem Esta categoria abrange os fenômenos da linguagem popular. São exemplos de mímica, os apelidos, anedotas, gírias e ditas populares, como: “Quem não tem cão, caça com gato”, “Quem nasce lagartixa nunca chega a jacaré”, “Sol e chuva, casamento da viúva. Chuva com sol, casamento do espanhol”, “Filho de peixe, peixinho é.” Literatura Oral Engloba os desafios ao som da viola, os testamentos lidos no Sábado de Aleluia, na hora de queimar o Judas, os abecês dos cantadores do Nordeste, em que cada verso começa com uma letra do alfabeto, as quadrinhas referentes a questões amorosas, conselhos, regras de bem viver, culinária e homenagem a santos e os versos sem métrica e rima dos poetas populares.