Central de Balanços Informação às Empresas MÉTODOS DE ANÁLISE E CONCEITOS UTILIZADOS 1. A análise dos aspectos económicos e financeiros dos diferentes períodos de vida de uma empresa tem como finalidade avaliar e interpretar a evolução e situação patrimonial da mesma. Através dos valores patentes no Balanço e na Demonstração de Resultados as peças base da análise económicofinanceira será possível extrair um conjunto de informações acerca da capacidade de uma empresa gerar fundos, do seu equilíbrio financeiro, da sua rentabilidade e da forma como se processou a obtenção dos resultados. Sendo, normalmente, este o material de base disponível aos analistas externos, é reconhecida a sua insuficiência para quem quer realizar um estudo mais profundo e pormenorizado, para o qual seria necessário recorrer a outros documentos contabilísticos e extra -contabilísticos. Com o propósito de realçar as relações com significado económico e/ou financeiro entre contas ou agregados de contas da empresa, existem diferentes métodos, dos quais a técnica dos rácios é o instrumento de análise mais utilizado. Apesar das reservas que normalmente são formuladas a este tipo de procedimento, há que reconhecer a sua utilidade como instrumento analítico de "leitura", permitindo mais facilmente a compreensão dos números, essencial quer para a análise temporal da empresa, quer para a comparação com outras empresas do mesmo sector de actividade. Só nesta dupla perspectiva dinâmica e estática é que se podem tirar ilações relevantes que com o mero uso de valores absolutos dificilmente seriam evidenciadas. 2. Uma das lacunas tradicionais deste tipo de análise é a ausência de um referencial adequado. Aqui, a informação intrínseca de cada indicador é complementada com o enquadramento temporal e sectorial da empresa. Assim, a evolução é visualizada pela observação dos três últimos exercícios, o que permite, além do mais, aligeirar a influência de fenómenos de natureza transitória. O seu enquadramento sectorial é conseguido pelo confronto com a média de uma amostra retirada do universo das empresas com a mesma CAE (Classificação de Actividades Económicas). Deste modo resulta uma diferença, para mais ou para menos, de cujo significado poderíamos ser levados a avaliar imediatamente pela sua grandeza e sentido, sem curar da dispersão de valores no seio do sector, e esquecendo que uma mesma média é compatível com uma infinidade de situações quanto à variabilidade intra sectorial. Naturalmente, um mesmo desvio será tanto mais significativo quanto mais homogéneo (ou menos disperso) se apresentar o sector: se, por exemplo, em determinado intervalo na vizinhança da média se localizam 70% das empresas, o facto da empresa em observação não se encontrar nesse intervalo assume maior relevância que no caso de aí se situarem apenas 20% das empresas. Daí a necessidade de uma medida de dispersão que permita relativizar, em cada indicador, o desvio encontrado entre a empresa e o sector. Para esse efeito, e pelas propriedades estatísticas de que goza, tomamos o chamado desvio padrão. Um valor reduzido para esta grandeza significa que o indicador a que respeita não se afasta, na generalidade das empresas da amostra, muito da sua média. Como regra, diferenças entre o indicador e a sua média superiores a dois desvios padrão podem considerar-se bastante significativas. 3. Serão expostas, em breves linhas, e por ordem alfabética, as definições daqueles indicadores ou agregados cujo significado não se apreenda directamente da leitura dos resultados, ou cujo conteúdo, por razões de operacionalidade e insuficiência de informação de base, se afaste ligeiramente, aqui ou ali, do sentido correntemente adoptado. 3.1. Activo Maneável É definido como o conjunto das Disponibilidades e dos Créditos de curto prazo, ou seja, do Activo disponível e do realizável. Pág. 1 de 3 Central de Balanços Informação às Empresas 3.2. Autofinanciamento (Cash-Flow) Define-se Autofinanciamento como a soma dos Resultados líquidos com as Amortizações e Provisões do exercício. 3.3. Custos de Estrutura Correspondem aos custos que não podem ser facilmente alterados a curto prazo em resposta a variações do volume de produção. São obtidos pela soma das rubricas: Encargos com pessoal, Fornecimentos e Serviços externos, Amortizações e Provisões do exercício, Impostos, Encargos financeiros e Outros custos operacionais. Os fornecimentos e serviços externos são considerados custos variáveis nos sectores em que o peso dos Subcontratos é elevado (CAE: 451, 452, 6024, 63 e 744). 3.4. Custos Variáveis Considera-se a soma de Compras e Variação de existências de mercadorias e matérias-primas, subsidiárias e de consumo. De acordo com o referido no ponto anterior, os Fornecimentos e serviços externos podem ser considerados nesta classe de custos. 3.5. Despesas Correntes Encargos de natureza orgânica e não excepcional que originam desembolsos. Correspondem à soma das seguintes rubricas: Compras, Fornecimentos e serviços externos, Impostos, Encargos com pessoal, Encargos financeiros e Outros custos operacionais. 3.6. Encargos Financeiros Trata-se do valor líquido, ou seja dos Encargos financeiros deduzidos dos Proveitos financeiros. 3.7. Fundo de Maneio Mede-se pela diferença entre Capitais permanentes e o Activo imobilizado ou, visto noutra óptica, pela diferença entre o Activo circulante (Disponibilidades + Créditos a curto prazo + Existências) e as Exigibilidades a curto prazo. 3.8. Margem Bruta É a diferença entre a Produção (tal como definida em 3.13) e os Custos variáveis (ver 3.4). 3.9. Meios Libertos Totais Soma do Autofinanciamento (conforme 3.2) com os Encargos financeiros (3.6) e o Imposto sobre o rendimento. 3.10. Necessidades de Fundo de Meneio Soma das Existências com os Créditos a curto prazo (excepto os valores de Sócios, accionistas e associados) deduzida das Exigibilidades a curto prazo (excepto os valores de Empréstimos Obtidos e de Sócios, accionistas e associados). 3.11. Passivo Financeiro Define-se como a soma dos Empréstimos obtidos de curto prazo (onde são incluídos os débitos por compra de Imobilizado) com o total do Exigível de médio e longo prazo. 3.12. Ponto Crítico Define-se Ponto Crítico como o nível da Produção em que a Margem Bruta (3.8) iguala os Custos de Estrutura (3.3). Pág. 2 de 3 Central de Balanços Informação às Empresas 3.13. Produção Considerou-se Produção o conjunto de: Vendas, Prestação de serviços, Subsídios destinados à exploração, Trabalhos para a própria empresa e Variação de produtos acabados e em curso de fabrico. 3.14. Proveitos Acessórios Define-se como a soma dos Proveitos suplementares com Outros proveitos operacionais. 3.15. Receitas Correntes Soma das rubricas: Vendas, Prestação de serviços e Subsídios à exploração. Nos sectores de cicio de exploração longo (CAE: 281, 282, 283, 351, 45 e 742) inclui-se ainda a Variação de produtos acabados e em curso de fabrico. 3.16. Rendibilidade do Activo Define-se como quociente dos Resultados líquidos + Encargos financeiros + Imposto sobre o rendimento pelo Activo líquido da empresa. Mede a remuneração dos capitais, próprios e alheios, à disposição da empresa. 3.17. Resultado Económico de Exploração Diz respeito à actividade normal da empresa, calculando-se a partir da Margem Bruta (3.8), adicionando-lhe os Proveitos acessórios de exploração e deduzindo os Custos de estrutura (3.3) à excepção dos Encargos Financeiros. 3.18. Resultado de Exploração Obtém-se a partir do Resultado económico de exploração (conforme 3.17), deduzindo-lhe os Encargos financeiros (conforme 3.6). 3.19. Tempo Médio de Cobrança Designa o número médio de meses que a empresa leva a realizar os créditos sobre clientes. Depende dos prazos de pagamento que concede e do maior ou menor recurso ao desconto bancário. É estimado pelo quociente de Clientes (incluindo Letras a receber) pelo valor mensal de Vendas + Prestação de Serviços + Subsídios à exploração. Nos sectores de cicio de exploração longo, o denominador inclui ainda a Variação de produtos acabados e em curso de fabrico. 3.20. Tempo Médio de Existências Indica o número de meses em que, em média, são renovadas as existências. Nas empresas comerciais e de serviços é igual ao quociente entre as Existências e os Custos variáveis mensais. Nas empresas industriais considera -se o quociente entre as Existências e o valor mensal do Custo de produção (Custos variáveis + Encargos com pessoal + Fornecimentos e serviços externos). 3.21. Tempo Médio de Pagamento Prazo que, em média, é concedido à empresa para pagamento das suas compras de bens e serviços. Considera-se o quociente das rubricas Fornecedores e Letras a pagar pelo valor mensal das Compras + Fornecimentos e Serviços externos. Pág. 3 de 3