Introdução
A Região Administrativa de Madureira é composta de treze bairros e, segundo
dados da prefeitura, apresenta uma taxa de urbanização de 97%. Esta taxa
pode ser traduzida na carência de espaços verdes ou áreas livres: menos de
1 m2 por habitante.
O Parque Madureira se tornou uma das maiores áreas públicas de lazer da cidade do Rio de
Janeiro. A vegetação ou as áreas verdes nas cidades são fundamentais para recuperação de
áreas degradadas, para ambiência de espaços de contemplação e passeio, para melhoria do
microclima local e na criação de valores cênicos da paisagem. Dado o contexto urbano em que
o parque está inserido a importância do componente vegetal, em todos os aspectos citados, é
ainda maior.
Partindo do princípio que a educação e conscientização ambiental é um quesito indispensável
na formação e exercício da cidadania, foram projetados um jardim sensorial, um pequeno jardim
botânico de espécies arbustivas e herbáceas, e através de placas explicativas os usuários têm
informações botânicas e/ ou de uso das espécies notáveis.
O gráfico abaixo mostra a distribuição das espécies de árvores. A família das leguminosas,
incluindo as suas três subfamílias (Caesalpinoidea, Mimoidea e Papilionoidea) como nas
formações florestais naturais no Brasil, é a melhor representada.
Sapindacea 3%
Sterculiacea 6%
Myrtacea 9%
Anacardiacea 6%
Melastomataceae 3%
Bignoniacea 18%
Malvacea 3%
Lytracea 3%
O elenco de espécies que compõe a vegetação do parque Madureira, além da criação de valores
estéticos para os usuários, foi selecionado com base nos seguintes critérios:
Bixacea 3%
• Plantas nativas ou bem adaptadas às condições climáticas locais
Boraginacea 3%
• Essências que contribuam para recuperação ambiental da região, através não só de espaços
sombreados, mas também pela atração da fauna, com ênfase na avifauna.
Lecythidacea 3%
• Espécies rústicas, pouco exigentes quanto ao tipo de solo e de irrigação.
Leguminosae 40%
• Um conjunto, árvores, arbustos e herbáceas, que requeira pouca manutenção
Este documento tem por objetivo fazer uma breve descrição das árvores e palmeiras
selecionadas para compor o plantio do parque Madureira.
A tabela a seguir mostra as espécies de árvores - em ordem alfabética de família e de palmeiras
(família Arecaceae).
Família
Nome
Origem
Família
Nome
Origem
Anacardiacea
Tapirira guianensis
N
N
Schinus terebinthifolius N
Leguminosae
Caesalpinoidea
Caesalpinia ferrea
Anacardiacea
Arecacea
Carpentaria acuminata E
Senna macranthera
N
Arecacea
Cyrtostachys renda
E
Leguminosae
Caesalpinoidea
Arecacea
Dictyosperma album
E
As informações ecológicas das espécies foram obtidas através da obra de Lorenzi e de listas
de ocorrência de espécies de diversos autores.
Dypsis decary
E
Caesalpinia
echinata
N
Arecacea
Leguminosae
Caesalpinoidea
Arecacea
Dypsis locubensis
E
Além disto foram consultados técnicos da Fundação Parques e Jardins do Rio de Janeiro e hortos
especializados em produção de árvores e palmeiras, no sentido de verificar a viabilidade de
fornecimento das mudas dentro das especificações adequadas.
Dypsis lutescens
N
Peltophorum
dubium
N
Arecacea
Leguminosae
Caesalpinoidea
Arecacea
Hyophorbe vercha
E
Ptychosperma elegans E
Chleoroleucon
tortum
N
Arecacea
Leguminosae
Mimoidea
Arecacea
Ptychosperma
macarthurii
E
Leguminosae
Mimoidea
Inga laurina
N
Arecacea
Roystonea oleracea
E
Leguminosae
Papilionoidea
Erythrina speciosa
N
Arecacea
Syagrus oleracea
N
N
Syagrus romanzoffiana N
Leguminosae
Papilionoidea
Bauhinia forficata
Arecacea
Arecacea
Veitchia merrillii
E
Erythrina verna
N
Arecacea
Wodyetia bifurcata
E
Leguminosae
Papilionoidea
Bignoniacea
Jacaranda cuspidifolia
N
Lythracea
Lafoensia
glyptocarpa
N
Bignoniacea
Tabebuia chrysotricha
N
Malvacea
Chorizia speciosa
N
Bignoniacea
Tabebuia heptaphylla
N
N
Dentre as espécies de árvores utilizadas 100% são nativas do Brasil, da Mata Atlântica “latu
senso”, ou seja, não só da mata pluvial atlântica, mas também das matas de restinga, das matas
decíduas e semidecíduas. Já entre as palmeiras, os arbustos e as plantas herbáceas foram
admitidas espécies exóticas, porém bem adaptadas ao clima local, uma vez que existe uma
dificuldade real no mercado na produção e fornecimento de espécies nativas, e mais ainda,
com o porte necessário para garantia do desenvolvimento das mudas.
Bignoniacea
Tabebuia impetiginosa
N
Melastomataceae Tibouchina
granulosa
Bignoniacea
Tabebuia roseo alba
N
Myrtacea
Psidium catleyanum
N
Bignoniacea
Tabebuia serratifolia
N
Myrtacea
Eugenia brasiliensis
N
Bixacea
Bixa orellana
N
Myrtacea
Eugenia uniflora
N
Boraginacea
Cordia superba
N
Sapindacea
Sapindus saponaria
N
Foram plantadas cerca de 1200 espécies de grande porte, sendo 800 árvores e 400 palmeiras
e selecionadas 33 espécies de árvores distribuídas em 13 famílias e 14 espécies de palmeiras.
Lecythidacea
Lecythis pisionis
N
Sterculiacea
Pterigota brasiliensis N
Sterculiacea
Sterculia chicha
METODOLOGIA
Foi realizado um levantamento bibliográfico envolvendo: estudos sobre recuperação
de áreas urbanas degradadas, manuais de arborização urbana de São Paulo e do Rio
de Janeirom, legislação recente do Rio de Janeiro referente ao tema e trabalhos sobre espécies
vegetais que atraem avifauna.
RESULTADOS
O componente vegetal do parque é composto basicamente de espécies de porte arbóreo e
áreas gramadas. Em alguns casos foram usados elementos arbustivos e outros herbáceos com
o objetivo de criar determinado ambiente e marcar acessos.
No projeto de paisagismo do parque, além do aspecto estético, a maior preocupação recaiu
sobre o conforto ambiental. Esta região é mais seca do que a faixa litorânea da cidade e mais
quente também. Desta forma, buscou-se distribuir a vegetação de grande porte de maneira
a proteger as áreas de estar e de jogar. As palmeiras foram plantadas já adultas e bem
desenvolvidas de forma a promover ambientes sombreados imediatamente após o plantio.
Leguminosae
Caesalpinia
Caesalpinoidea peltophoroides
N
N
Espécies de grande porte que serão utilizadas no Parque Madureira. As palmeiras pertencem a família Arecacea. A 3ª coluna
indica se a espécie é nativa (N) ou exótica(E).
ANACARDIACEA
Esta família tem distribuição tropical e
subtropical. No Brasil ocorrem cerca de
70 espécies, algumas bem populares
entre nós, como a mangueira (Mangifera
indica) e o cajueiro (Anacarium occidentale). No parque serão utilizadas duas
espécies desta família: a Tapirira guianensis, espécie que ocorre em quase
todas as formações florestais do Brasil, e
a aroeira vermelha (Schinus terebinthifolia), espécie amplamente utilizada como
aromática e medicinal.
LEGUMINOSAE
Detalhe do fruto de
Tapirira guianensis
Detalhe do fruto de
Schinus terebinthifolia
Caesalpinia echinata –
Pau Brasil
Detalhe da flor de
Bauhinia forficata
As duas espécies atraem aves e os frutos da Tapirira guianensis alimenta também saguis e macacos.
A mais importante característica desta
família é a capacidade que seus elementos têm de fornecer nitrogênio para
o solo, através da associação de um
fungo com suas raízes, enriquecendo
o solo.
ARECACEA
As palmeiras se diferenciam das demais plantas pelo seu aspecto característico. É considerada uma das famílias
mais antigas, com cerca de 120 milhões
de anos. Hoje existem no Brasil cerca
de 200 espécies. Devido aos seus valores estéticos, aliados ao fato de serem
relativamente fáceis de transplantar em
idade adulta, estas plantas são amplamente utilizadas no paisagismo. Além
disto, as folhas de algumas palmeiras
são utilizadas pelas aves para construção de ninhos.
Para o parque Madureira foram selecionadas 14 espécies de palmeiras. Devido
a temperatura local, era muito importante
que o parque fosse inaugurado já com
ambientes sombreados. Assim, as palmeiras estão sendo plantadas no parque
já formadas, algumas com 14 metros de
altura, como as palmeiras Imperiais (Roystonea oleracea).
Senna macranthera
Chleoroleucom totum
Caesalpinia ferrea–
Pau Ferro
Peutophorum dubium
Roystonea oleracea
Mirindiba-rosa
Esta família, da qual fazem parte os Jacarandás (Jacaranda) e os Ipês (Tabebuia),
está muito bem representada no Brasil
em geral , com cerca de 350 espécies,
e no Rio de Janeiro em particular pelo
valor ornamental das suas espécies.
Detalhe do ramo
Paineira-rosa
Detalhe das flores
A paineira rosa (Chorizia - Ceiba speciosa) é uma árvore de grande porte e
vistosas flores rosa. Devido ao armazenamento de água, seu tronco apresenta
um alargamento característico, sendo
por este motivo chamada de barriguda
em algumas regiões do Brasil. No interior dos seus frutos as sementes ficam
envoltas em paina, utilizada para fazer
estofados. A resina e a casca têm propriedades medicinais.
MELASTOMATACEAE
Ipê rosa
Ipê amarelo
Tibouchina granulosa
Detalhe das flores
Esta família apresenta cerca de 1.000
espécies no Brasil, sendo uma representante importante da flora brasileira.
A espécie utilizada no parque será a
Quaresmeira (Tibouchina granulosa),
que recebe este nome devido a floração, roxa ou rosa exuberante, na época
da quaresma.
MYRTACEA
BIXACEAE
Detalhe da Eugenia
brasiliensis
Bixa orellana
Psidium catleyanum
A espécie desta família utilizada no parque é a Cordia superba. Árvore de pequeno porte e flores brancas é bastante
rústica e ocorre nas matas de restinga e
nas demais formações da mata atlântica.
Família muito bem representada no Brasil, com cerca de 1.000 espécies. Entre
as árvores mais conhecidas destacamse a goiabeira (Psidium guajava) e o eucalipto. As espécies selecionadas para
o paisagismo do parque foram: Psidium
catleyanum, Eugenia brasiliensis (Grumixama) e Eugenia uniflora (Pitangueira).
As três espécies são indicadas para reflorestamento visando recuperação de
áreas degradadas devido principalmente aos seus frutos, que são forte atratativo para avifauna.
SAPINDACEA
Detalhe da flor e
dos frutos
BORAGINACEAE
Esta família está representada por
aproximadamente 100 espécies que
ocorrem na sua maioria na região amazônica. A espécie utilizada no parque,
Lecythis pisonis, ocorre na mata atlântica. Árvore de grande porte podendo
chegar a 30 metros de altura, apresenta
frutos característicos da família em forma de cuia, sendo um de seus nomes
populares “ cuia de macaco”. Estes frutos além de utilizados como peças artesanais, alimentam a fauna e tem propriedades medicinais.
MALVACEA
* Essa espécie não se adaptou ao local e
acabou sendo substituída posteriormente.
No parque serão plantadas uma espécie
de Jacarandá e cinco de Ipê. Estes se diferenciam pelo seu porte e floração.
LECYTHIDACEAE
As espécies selecionadas para o parque
são encontradas facilmente no mercado,
são rústicas, a maioria proporciona sombra o ano todo e apresentam valores
ornamentais importantes, além de flores
e / ou frutos atrativos para as aves. Muitas têm propriedades medicinais, como
Bauhinia forficata, utilizada no tratamento auxiliar de diabetes entre outros usos.
Esta família apresenta cerca de 150 espécies no Brasil. A mirindiba-rosa (Lafoensia glyptocarpa) é uma espécie
tropical bastante rústica e ornamental,
indicada para a arborização urbana e recuperação de áreas degradadas.
BIGNONIACAE
Esta família apresenta apenas 5 espécies no Brasil, mas foi utilizada no
parque devido a sua rusticidade e seu
valor ornamental. As sementes da Bixa
orellana, também conhecida como urucum, produzem corantes vermelhos e
alaranjados utilizados pelos índios para
pinturas corporais.
Para nós brasileiros a mais emblemática das Leguminosas é a Caesalpinia
echinata, ou Pau Brasil, árvore que deu
nome ao país.
LYTHRACEA
Syagrus romanzoffiana
Dentre as espécies nativas mais comuns podemos destacar Syagrus oleracea (gariroba) e o jerivá (Syagrus
romanzoffiana) pelo amplo uso no paisagismo, além de seus frutos atrativos
para as aves.
A palavra Ipê deriva do tupi - casca, ou
árvore de casca, assim como a palavra
tabebuia - pau que flutua ou pau de formiga. Os nomes das espécies de Tabebuia podem ser relacionados a cor da
floração: T. chrysotricha – chrysos - dourado; T. roseoalba - flores branco rosadas. Em algumas espécies o nome está
relacionado a características das folhas,
como T. serratifolia, T. heptaphylla, ou
ainda pelo seu uso como planta medicinal, como T. impetiginosa - usada contra
sarna - impetigo. Esta espécie é chamada também de pau d’arco pelo fato da
sua madeira se prestar a construção de
arcos de caça.
Esta família é composta o três subfamílias: Leguminosae Caesalpinoidea, Leguminosae Mimoidea e Leguminosae Papilionoidea. Alguns autores consideram as
subfamílias como famílias independentes. Este grupo de plantas é o melhor
representado, em termos de números
de espécies, nas formações florestais da
mata atlântica. Uma destas subfamílias
por exemplo, a Leguminosae Papilionoidea, ou família Fabaceae apresenta
1500 espécies no Brasil.
Sapindus saponaria
Detalhe da árvore
Esta família possui espécies muito
populares no Brasil , como o Guaraná
(Paulínia cupanea) e a Lichia (Litchi chinensis). A espécie Sapindus saponaria
foi selecionada devido a sombra densa qua proporciona e ao seu crescimento rápido.
STERCULIACEA
Cordia superba
Detalhe das flores
Sterculia chicha –
detalhe dos frutos
Lecythis pisonis
Detalhe do fruto
Pterigota brasiliensis
As duas espécies elencadas no plantio
do parque foram recentemente colocadas dentro da família Malvacea. Neste
trabalho, que é apenas descritivo, mantivemos Pterigota brasiliensis e Sterculia chicha na família original devido a
característica comum destas árvores.
Árvores de grande porte e copas colunares, ambas indicadas para o reflorestamento visando a recuperação de
áreas degradadas.
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Introdução A Região Administrativa de Madureira é composta de