HIGIENE DO TRABALHO IV
AULA 1 – INTRODUÇÕES AOS CONCEITOS DE PRESSÃO
ATMOSFÉRICA
Introdução
Os seres humanos vivem, naturalmente, dentro de uma faixa estreita de
parâmetros ambientais. Fora desses limites, sensações agradáveis ou não
poderão ocorrer, decorrentes direta ou indiretamente das grandes diferenças
das propriedades físicas do meio líquido em relação ao aéreo.
Uma das profissões que envolve riscos físicos relacionados às variações
de pressões é a de mergulho. À medida que descemos no mar e a profundidades
cada vez maiores, a pressão da água aumenta. Quanto maior for a profundidade
maior será o peso do fluido que está acima do trabalhador e, portanto, maior
será a pressão.
A pressão atmosférica pode ser entendida como o resultado do peso da
atmosfera produzindo uma determinada força sobre a superfície terrestre.
São chamadas de pressões anormais aquelas que se encontram em
ambientes com pressão acima ou abaixo da normal. A pressão a qual estamos
submetidos é a de 1 atm. Esta pressão atua em todas as direções e sentidos e em
quase todas as estruturas, incluindo o nosso corpo, que transmite pressão
naturalmente e é exposto à mesma pressão. Seus efeitos são, assim,
neutralizados e, por isso, geralmente ignoramos a presença da pressão
atmosférica.
Pressão Relativa (Prel.) - É toda pressão além da atmosférica. Pode ser
chamada de:
Pressão Hidrostática (PHid) – pressão relativa na água. É a
resultante do peso da água agindo sobre um corpo nela mergulhado.
Quanto maior a profundidade, maior a pressão hidrostática. A cada 10m,
temos um aumento de 1 ATM.
Pressão
Manométrica
(Pman)
–
pressão
relativa
em
compartimentos fechados. Se uma pressão é de 200 ATM, isso significa
que são 200 ATM acima da pressão atmosférica.
Portanto:
Ao nível do mar a pressão absoluta é de: 1 ATM
Quando mergulhamos e atingimos

10 m a pressão absoluta é de: 2 ATM

20 m a pressão absoluta é de: 3 ATM

30 m a pressão absoluta é de: 4 ATM

40 m a pressão absoluta é de: 5 ATM
e assim sucessivamente.
Concluímos que a cada 10 metros que descemos, a pressão aumentará de
uma atmosfera (ATM).
Para entender os riscos inerentes de trabalhos hiperbáricos, é necessário o
conhecimento quanto às leis da Física, os aspectos biofísicos de líquidos e gases
e a fisiologia do corpo humano.
Lei Dos Gases
Os gases estão submetidos a três fatores que estão intimamente
relacionados entre si: temperatura, pressão e volume. Quando exposto às
diferentes pressões e temperatura, seu comportamento é explicado pela teoria
da energia cinética dos gases, que estabelece que: “A energia cinética de
todos os gases, a uma dada temperatura, é a mesma”.
Para qualquer gás, se o número de impactos ou a força de impacto variar,
haverá alteração na pressão. Se a temperatura aumentar, haverá um acréscimo
na velocidade das moléculas que resultarão em impactos de maior força e
frequência, aumentando a pressão. Se a temperatura diminuir, a velocidade das
moléculas será mais lenta, diminuindo a força e frequência dos impactos,
consequentemente a pressão será menor.
A variação do volume também altera a pressão. Reduzindo o volume, o
número de impactos aumentará consequentemente, sua pressão será maior. Se
aumentarmos o volume consequentemente a pressão diminuirá.
De acordo com a Teoria Cinética dos Gases, a mudança em um dos
fatores (volume, temperatura e pressão) resultará em alteração dos outros
fatores.
Leis Dos Gases Envolvidas no Mergulho
Lei de Boyle
Descrita pelo Britânico Robert Boyle (1627-1691) que se destacou pelos
seus trabalhos no âmbito da física e da química.
“Se a temperatura permanece constante, o volume de um gás
variará inversamente com a pressão absoluta.”
Lei de Charles Também conhecida como lei de Gay-Lussac, é a lei dos gases perfeitos.
Afirma que, a uma pressão constante, o volume de uma quantidade
constante de gás aumenta proporcionalmente com a temperatura.
“A pressão absoluta e o volume de um gás variam, cada um,
diretamente com sua temperatura absoluta.”
Lei de Dalton
O químico e físico Inglês John Dalton descreve que:
“A pressão exercida por uma mistura de gases é igual à soma das
pressões parciais de cada gás na mistura”
Lei de Henry
Publicada em 1803, pelo químico Inglês William Henry, esta formulação
equaciona a solubilidade dos gases em líquidos:
“A quantidade de gás que dissolve num meio líquido, a uma
determinada temperatura, é diretamente proporcional à pressão
do gás sobre o líquido”.
Aspectos Biofísicos de Líquidos e Gases
Flutuabilidade
A força de flutuabilidade de um líquido depende da sua densidade. A
densidade
da
água
doce
é
menor
que
da
água
salgada,
consequentemente, o mergulhador tende a flutuar mais na água
salgada.
A
água
salgada
aumenta
a
flutuabilidade
em
aproximadamente 3%.
Luz e visão
A visão subaquática é o maior problema para o mergulhador sobre um
corpo nela mergulhado. Quando estamos abaixo do nível do mar vemos
efetivamente uma imagem criada pela reflexão da luz ao incidir sobre
os objetos. Diversos fatores podem influenciar a capacidade do
mergulhador em enxergar e interpretar imagens. Os principais são:

Turvação – a presença de partículas na água obscurece a
visão, obstruindo os raios luminosos.

Difusão – Espalhamento dos raios luminosos ao entrar na
água.

Absorção – propriedade que altera a cor e a intensidade da
luz. A Luz absorvida é transformada em calor.

Refração – o encurvamento de um raio luminoso, quando
ele passa de um meio para o outro.
Fenômeno da Refração
Reflexão – a volta do raio luminoso que atinge a superfície da água,
para a atmosfera. Alguns são absorvidos pela água enquanto outros são
refletidos, dependendo do ângulo de incidência.
Propagação
som
do A velocidade média do som debaixo da água é de 1.400 m/s, bem maior
que a velocidade no ar que é de 340 m/s.
• Benefícios – os sons são ouvidos a uma distância muito maior na
água do que no ar.
• Dificuldades – não é fácil a localização da fonte sonora dentro da
água como na superfície.
Transferência de Os mergulhadores se sujeitam às condições de frio semelhantes às
calor
regiões polares. Provavelmente a maioria dos mergulhos em águas
geladas é conduzida em lagos onde a temperatura da água geralmente
atinge 4,4º C. Quando o mergulhador está exposto a temperaturas
excessivamente baixas as perdas de calor ocorrem de várias formas.
Um mergulhador sem roupas adequadas perde calor para a água por
convecção e condução direta do corpo para a água.
Anatomia e Fisiologia
É imprescindível para o homem subaquático o conhecimento da fisiologia
e anatomia de alguns órgãos e aparelhos relacionados com o mergulho.
Vias Aéreas: são os canais por onde passam o ar atmosférico até chegar aos
pulmões, englobando as seguintes estruturas:
• Fossas nasais,
• Faringe,
• Laringe,
• Traquéia,
• Brônquios
• Pulmão.
Pulmões: são dois órgãos de consistência esponjosa, situados no tórax.
Os alvéolos pulmonares são percorridos por uma densa rede de vasos
capilares. Através das delgadas paredes dos alvéolos, o sangue elimina o
CO2 e recebe oxigênio. São órgãos frágeis, sujeitos à infecção por
microorganismos ou outros danos. Nos adultos, os pulmões apresentam
cor cinza escuro, devido ao acúmulo de poeira.
Fenômenos Mecânicos da Respiração: a inspiração resulta do aumento
da caixa torácica, e a expiração se dá quando o tórax volta ao tamanho inicial.
Estes movimentos do tórax são o resultado da contração e relaxamento de
certos músculos, principalmente do diafragma.
Volumes Pulmonares
Ar circulante: o volume de ar que entra e sai dos pulmões em cada movimento
respiratório normal, seu valor é calculado em torno de 500 ml.
Ar complementar: volume de ar que entra nos pulmões numa inspiração
forçada máxima, seu valor é de 1500 ml.
Capacidade inspiratória: volume de ar circulante associado ao ar
complementar.
Ar reserva: Volume de ar que abandona os pulmões resultante de uma
expiração forçada máxima, após uma inspiração normal, sendo igual a 1500 ml.
Ar residual: Volume de ar que jamais deixa os pulmões, mesmo após uma
expiração forçada.
Capacidade Média: é igual ao volume de ar que podemos liberar durante uma
expiração forçada, após uma inspiração também forçada. Nos indivíduos
normais é de 3500 ml, e em indivíduos treinados pode chegar à 5500 ml.
Capacidade vital = ar circulante + ar complementar + ar residual
Cavidades da Face (Seios Faciais)
As cavidades da face estão ligadas ao nariz por meio de canais diminutos. Os
seios são cavidades da face e do crânio, submetidas a variações de pressão, que
em caso de inflamação acarreta problemas ao mergulhador.
Fenômenos Químicos da Respiração
Nas hemácias encontramos a hemoglobina, que ao nível dos alvéolos
pulmonares, combina-se com o oxigênio, estabelecendo uma ligação instável,
quando o sangue atinge os tecidos, esta ligação é quebrada e o CO2 vai para as
células.
Ao nível celular, ocorre a respiração celular ou combustão dos alimentos
com consumo de O2 e a produção de CO2 e H2O.
Fisiologia do Aparelho Circulatório
A circulação no corpo humano é do tipo fechado, isto é o sangue corre
dentro de vasos fechados.
Chamamos de sístole ao movimento de contração do coração e de
diástole, aos movimentos de dilatação do miocárdio.
A uma sístole auricular, segue-se uma diástole dos ventrículos e a cada
sístole ventricular, segue-se a uma diástole das aurículas. Este ciclo se sucede a
razão de 72 vezes por minuto, no adulto.
Quando este ritmo aumenta temos taquicardia e no caso inverso
bradicardia.
Fisiologia do Aparelho Auditivo
O aparelho auditivo é composto por 3 ouvidos, que são:

Ouvido Externo – cuja função é captar as ondas sonoras, sendo
constituído pelo pavilhão da orelha, continuando pelo canal auditivo
externo, onde encontramos as glândulas ceruminosas. A membrana do
tímpano separa o ouvido externo do ouvido médio.

Ouvido médio – é uma cavidade chamada caixa do tímpano, que
transmite vibrações sonoras para o ouvido interno, com o qual entra em
contato por meio da janela oval.

Ouvido interno – encontra-se cheio de líquidos com terminações do
nervo auditivo. É também denominado labirinto e compreende os canais
semicirculares, o utrículo e o caracol. Este conjunto é de suma
importância para a manutenção do nosso equilíbrio.
AULA 2 – PRESSÕES ANORMAIS DE MERGULHO
Introdução
As atividades profissionais desenvolvidas em ambientes hiperbáricos
estão se mostrando bastante promissoras, principalmente no que se refere à
exploração de minérios e fontes de energia.
Duas vertentes de trabalho são descritas: o mergulho em grandes
profundidades e uso do ar comprimido em câmaras hiperbáricas com a
finalidade terapêutica.
Este assunto tem como objetivos descrever profissões que atuam nessas
condições e os riscos envolvidos, expondo a legislação vigente para o trabalho
com ar comprimido e apresentar as principais patologias relacionadas ao
ambiente pressurizado.
Tipos de Mergulho
O Mergulho pode ser classificado de várias formas:

Quanto ao grau de profundidade e oxigênio inalado:
o mergulho
com
gás
comprimido:
mergulho
raso.
Profundidade de até 50 metros. É o limite para a utilização do gás
comprimido.
o Mergulho com mistura respiratória artificial (MRA):
mergulho fundo. Profundidade maior que 50 metros. É usada uma
mistura respiratória, composta de hélio e oxigênio (HeO2).

Quanto ao tempo:
o Mergulho Simples: é aquele realizado após um período maior
que 12 horas de outro mergulho;
o Mergulho Repetitivo: é aquele realizado antes de decorridas 12
horas do término de outro mergulho;

Quanto ao tipo de equipamento:
o Mergulho autônomo: é aquele no qual a fonte de respiração é
transportada pelo mergulhador;
o Mergulho dependente: é aquele no qual a fonte respiratória
está na superfície, e chega ao mergulhador através de uma
mangueira integrante do "umbilical".
o Mergulho com umbilical ligado diretamente a superfície:
o mergulhador está preso a superfície, pela linha de vida. Somente
permitido em mergulho até 50 metros;
o Mergulho com Sino Aberto (Sinete): campânula com a parte
inferior aberta e provida de estrado, de modo a abrigar e permitir
o transporte de no mínimo dois mergulhadores da superfície ao
local de trabalho. Deve possuir sistema próprio de comunicação,
suprimento de gases de emergência e vigias que permitam a
observação de seu exterior. É permitido em mergulhos de até 90
metros;
o Mergulho com Sino de Mergulho (fechado): Câmara
hiperbárica especialmente projetada para ser utilizada em
trabalhos submersos, com a mesma pressão do ambiente de
trabalho. É uma campânula fechada, utilizada para transferir os
mergulhadores, sob pressão, entre o local de trabalho e a câmara
de descompressão de superfície;
Equipamentos de Proteção
Aqualung
ou Aparelho mais utilizado para a prática do mergulho profissional e amador,
cilindro
funciona com ar comprimido, normalmente. O cilindro é constituído
basicamente de um reservatório de ar comprimido submetido à alta pressão
(150 a 200 atmosferas), torneira e válvula de regulagem. Pode ser fabricado
em duro-alumínio e aço carbono.
Válvulas
Permitem a redução de pressão do ar, dentro da garrafa. Podem ser simples
Reguladoras
e de duplo estágio.
Máscaras faciais
Variam de acordo com os diversos fabricantes. São fabricadas de borracha
sintética ou de silicone. Podem ser transparentes, pretas ou coloridas.
Quanto menor o volume interno, maior o seu campo visual e melhor se
adaptam a sua face, melhor será a máscara. Existem três tipos: ovalada, de
nariz moldado com visor único e de nariz moldado com duplo visor.
Snorkel,
Tubo bocal para a respiração na superfície, utilizando tanto em mergulho
respirador ou tubo
livre (apnéia) ou com equipamento autônomo.
Faca
Único equipamento que o mergulhador usa para a sua proteção. As facas
devem ser colocadas em dois lugares, na perna ou no cinto. A faca deve ser
alcançada pelas duas mãos.
Luva
Tem a função de proteger as mãos. Há luvas de PVC e de neopreme que são
grossas, dão uma boa vedação, mas tiram bastante a sensibilidade do
mergulhador. As luvas de algodão são mais finas, mas deixam penetrar
espinhos de ouriços.
Colete
equilibrador
Equipamentos para manter o mergulhador numa condição de neutralidade a
ou qualquer profundidade. Utilizados também como salva-vidas, já que em
de compensação
situações críticas de emergência, pode ser utilizado para auxiliar na volta à
superfície.
Nadadeiras
Quase 100% do deslocamento do mergulhador depende das nadadeiras. As
mãos só são utilizadas para uma brusca mudança de direção.
Cinto
Segurança
de Equipamento que deixa o mergulhador com flutuabilidade neutra ou com a
que ele precisa. Podem ser de nylon, de borracha ou de chumbo e pesam em
geral 0,5, 1 ou 2 kg.
Roupas
de 1. Roupa molhada: Usada em mergulho livre e de caça. É apresentada de
Mergulho
várias formas e espessuras (as mais comuns são de 3 e de 5 mm)
2. Roupa Seca: Usada em mergulho profissional
3. Roupa com circulação de água quente: Usada em mergulho profissional
em águas profundas
As roupas de mergulho possuem três funções básicas:
4. Proteção contra o frio;
5. Proteção contra animais marinhos e contra cortes
6. Salva vidas, pois possuem flutuabilidade positiva, a qual é compensada
com o cinto lastro.
Lanterna
Dois fatores devem ser levados em conta: o foco e as lâmpadas.
Quanto ao foco, pode ser:
7. Divergente: para uso noturno.
8. Convergente: para uso diurno.
Quanto às lâmpadas, podem ser de halogênio ou criptônio, pois são mais
fortes que as normais.
Bandeira
de Sempre deve estar hasteada na embarcação ou local de mergulho. Pode ser
Mergulho
de cor vermelha com uma faixa branca atravessada em diagonal ou a
bandeira Alfa das cores azul e branco (oficial).
Relógio
Indispensável em mergulhos autônomos ou sem comunicação com a
superfície.
Bússola
Usada em alguns tipos de mergulho para orientação subaquática.
Profundímetro
Há quatro tipos, que levam em consideração a precisão e a ordem de
solicitação: Capilar; Tubo de Bourdon; Óleo; Eletrônico.
AULA 3 – EFEITOS DA VARIAÇÃO DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA
Introdução
Os espaços naturais que contém ar em nosso corpo são os seios da face, o
ouvido médio, as vias aéreas, os pulmões e o aparelho digestivo. Para manter
uma pressão interna uniforme, igual à pressão externa, dentro dos espaços
aéreos do corpo, deve ocorrer uma alteração apropriada na massa de dentro dos
espaços, ou então uma variação no volume dos espaços. Enquanto o ar puder
circular livremente entre os espaços e o meio ambiente, não surgirão problemas
médicos.
Barotraumas
Quando o indivíduo é submetido a uma diferença de pressão ambiente,
os efeitos sensíveis ocorrem nas cavidades recheadas de ar, como os pulmões e
os ouvidos.
Ao submetermos o organismo a um ambiente pressurizado, a Lei de
Boyle atrapalha (o volume de um gás é inversamente proporcional à pressão).
Todos nós já experimentamos alguns destes efeitos, como na descida de uma
serra ou mergulhando em uma piscina: a sensação de sentir os ouvidos
"abafados" revela que a pressão está aumentando sobre nosso corpo.
Barotrauma de Ouvido Médio: os ouvidos possuem uma região atrás
do tímpano, chamada de ouvido médio, que está cheia de ar para
funcionar como uma caixa acústica, com espaço para a vibração da
membrana do tímpano. Justamente por ser recheada de ar, está região é
vulnerável a variação de pressão. À medida que o mergulhador afunda, a
pressão da água aumenta e empurra o tímpano para dentro, provocando
dor; se o mergulhador não tomar nenhuma atitude, o tímpano poderá se
romper, causando barotrauma do ouvido médio. Para evitar esse tipo de
acidente, o mergulhador realiza manobra de Valsalva, mantém-se a boca
fechada e expira-se com um pouco de força. Sem opção de saída, o ar
caminha pela trompa de Eustáquio, canal membranoso que liga o ouvido
à garganta, e chega ao ouvido médio, preenchendo a cavidade e igualando
a pressão de dentro com a de fora. Caso a operação seja mal feita e o
tímpano pode se romper (o que só uma delicada cirurgia resolve). Essa
técnica deverá ser feita de modo suave, a fim de evitar problemas
maiores. Se, durante um mergulho acontecer obstrução dos canais que
ligam ao ouvido médio, e a pressão não for compensada, deverá ser
parada a manobra e tentar nova compressão.
Barotrauma Pulmonar: além do ouvido e outros espaços corporais
que contém ar, em condições hiperbáricas, ocorrem mudanças na
composição de gases dos pulmões. No caso do oxigênio, por exemplo,
quanto maior a pressão deste gás no pulmão, maior quantidade será
absorvida pelo sangue e dissolvida em todos os líquidos do corpo. Nos
pulmões e na árvore respiratória, uma estrutura rígida, a traqueia, vai se
ramificando em ramos cada vez menores até que bronquíolos terminam
formando os sacos alveolares. Estes mantêm grande quantidade de ar no
tecido pulmonar, que é bastante elástico. Na pressurização, o pulmão é
comprimido. Se o indivíduo estiver com a respiração contida (apneia) e a
pressão for excessiva, podem ocorrer lesões ao pulmão, caracterizando o
barotrauma pulmonar.
Apneia
É o bloqueio voluntário da inalação e expiração de gases. Também pode
ser involuntária. Quando ocorre acúmulo de dióxido de carbono no sangue (taxa
baixa de oxigênio), pode causar apagamento e consequentemente a morte.
Acarreta menor flutuabilidade e diminuição da pressão parcial do O2.
Seios da Face
Estão ligados às fossas nasais por meio e canais que, quando inflamados
ou obstruídos, dificultam o equilíbrio da pressão.
Aparelho Digestivo
O excesso de gases deve ser sempre eliminado já que o seu acúmulo no
intestino grosso gera uma hiper digestão gastrintestinal quando do retorno à
superfície.
Embolia Traumática pelo Ar
No mergulho com equipamento ou em câmaras hiperbáricas, o ar deve
ser inspirado na mesma pressão que o ambiente, permitindo que o tórax e os
pulmões tenham pressão suficiente para sua movimentação, vencendo a pressão
que a água ou ar-comprimido faz sobre o peito. Se o indivíduo, nestas condições,
respirar ar ou oxigênio sobre pressão e conter a respiração em apneia, no caso
de ocorrer uma despressurização súbita (como no mergulho, em uma subida
muito rápida à superfície), o pulmão será submetido a uma expansão súbita,
com grande aumento de sua pressão interna. Isto poderá ocasionar uma ruptura
de alvéolos, entrando ar no espaço pleural. Neste caso pode haver um colapso
do pulmão (pneumotórax), entrada de ar na membrana que reveste o coração
(pneumomediastino) o mesmo abaixo da pele do tórax e pescoço (enfisema
subcutâneo). Este acidente, muito grave, é denominado embolia traumática pelo
ar (E.T.A.).
ETA leve – tonteiras e mal estar.
ETA grave – tonteiras, desorientação, náuseas, tosse com escarro hemorrágico,
falta de ar, convulsões, e choque.
Doença Descompressiva (DD)
Frequente entre mergulhadores e embora o índice de mortalidade seja
baixo, o de morbidade é muito alto (mergulhador passa vários meses para se
recuperar, e as vezes é de caráter permanente). Ocorre com a formação de
bolhas de nitrogênio no sangue e nos tecidos.
DD leve – com dor em junta isolada, cansaço, vermelhidão de pele com coceira
e Ínguas.
DD grave – com perda de sensibilidade, vertigem, e sintomas respiratórios
graves.
AULA 4 – CÂMARAS DE DESCOMPRESSÃO
Câmaras de Descompressão
Uma câmara de descompressão, também conhecida como re-compressão
ou câmara de terapia de oxigênio hiperbólico, representa o aparelho mais
utilizado no mundo do mergulho. É um compartimento em que a pressão
atmosférica pode ser aumentada ou reduzida gradualmente. Isso permite que
um mergulhador consiga se reajustar à pressão normal após um trabalho
submerso sem a necessidade de realizar paradas descompressivas ainda debaixo
d’água. Quanto maior a pressão a que ficamos expostos, maior a absorção de
nitrogênio pelo nosso corpo. Nesse contexto, a câmara de descompressão atua
como um equipamento de proteção coletiva, principalmente quando são feitos
mergulhos em águas perigosas.
o Câmara Individual: é a mais simples, confortável e a mais eficaz. Com
essa câmara, o corpo inteiro pode ser imerso e provido com até 100% de
oxigênio. A pressão de ar é até 3 vezes maior que a pressão normal.
Consiste na inalação de certa quantidade de oxigênio puro por meio de
uma máscara e também pela absorção da pele ajudando, assim, a tirar o
nitrogênio do corpo e a saturar os órgãos com nitrogênio concentrado.
o Câmara Coletiva: oferece oxigênio terapêutico para uso de 6 até 12
pessoas ao mesmo tempo, mas é considerada menos eficaz que a
individual. Novamente, a mistura de oxigênio é inalada por meio de
máscaras.
o Câmera Tópica: utilizada em situações onde o paciente apresenta
graves feridas e danos que não estão respondendo aos tratamentos
normais. É descartável e vem em quatro unidades, duráveis para uma
semana. Parece um saco e pode ser facilmente ajustada em torno de uma
área do corpo. Possui a vantagem de poder ser utilizada nos domicílios,
permitindo que o tratamento seja feito em casa.
Câmaras de Trabalho
Para possibilitar a execução dos mergulhos de saturação foram
desenvolvidos os sistemas de saturação, constituídos, basicamente, de uma
câmara de vida (câmara habitável) e um sino fechado (câmara de transferência)
acoplável.
Os mergulhadores são pressurizados na câmara de vida até valores
próximos à pressão de trabalho, onde poderão permanecer durante vários dias,
podendo seguir para o trabalho, através do sino, sempre que necessário.
o Câmara de Vida: comporta de 4 a 8 mergulhadores. As instalações
sanitárias são localizadas nas respectivas antecâmaras. Nas câmaras, os
mergulhadores se alimentam, descansam e dormem nos intervalos dos
trabalhos na água, sendo avaliados, física e psicologicamente, durante o
confinamento. As câmaras estão dotadas de recursos para a instalação de
equipamentos médicos. São construídas para suportar pressões
equivalentes a 500m de água salgada ou criar ambientes de vácuo até
75% da pressão atmosférica ao nível do mar.
o Câmara de Trabalho: de formato cilíndrico, com 2,60m de diâmetro,
e posicionada na vertical, com 3,60m de altura, destina-se aos ensaios de
soldagem até a pressão equivalente a 500 metros de água salgada, sendo
dotada de penetradores que permitem a operação de manipuladores de
controle remoto ou equipamentos automáticos.
o Câmara Intermediária: permite a interligação das demais câmaras do
sistema, ligando-se à câmara de trabalho através de compartimento
especialmente projetado para evitar que a atmosfera eventualmente
poluída por gases de soldagem daquela câmara venha a contaminar as
demais.
AULA 5 – PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA NO MERGULHO
Introdução
Para
que
as
atividades
de
mergulho
sejam
bem-sucedidas,
é
imprescindível o cumprimento das normas e procedimentos de segurança.
O mergulhador deve seguir alguns itens para que seu trabalho não
ofereça riscos nem a possibilidade de ocorrência de acidentes.
o portar, obrigatoriamente, o seu livro de registro de Mergulhador –
LRM.
o apresentar o LRM, sempre que solicitado pelo órgão competente,
empregador, comandante ou supervisor.
o providenciar registros referentes a todas as operações de mergulho
em que tenha tomado parte, respondendo legalmente pelas
anotações efetuadas.
o informar ao supervisor de mergulho se está fisicamente inapto ou
se há qualquer outra razão pela qual não possa ser submetido à
condição hiperbárica.
o guardar os seus LRM, por um período mínimo de 5 anos, a contar
da data do último registro.
o comunicar ao supervisor as irregularidades observadas durante a
operação de mergulho.
o apresentar-se para exame médico, quando determinado pelo
empregador.
o assegurar-se, antes do início da operação, de que os equipamentos
individuais fornecidos pelo empregador estejam em perfeitas
condições de funcionamento.
o
Aspectos Legais
A legislação brasileira que regula os trabalhos desenvolvidos em
ambientes hiperbáricos teve seu início com a criação da Portaria nº 73 de 02 de
maio de 1959, que dispõe sobre o tempo útil de trabalho sobre tabela de
descompressão, mas tal norma fazia referencia apenas às operações do
escafandrista.
Atualmente as normas que regem as atividades submersas são:
1) Trabalhos Submersos, item 2 do Anexo 6 da NR-15, instituída pela Portaria
3214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego, com a redação dada pela
Portaria 24, de 14 de setembro de 1983.
13. Item 1.3.2: “O trabalhador não poderá sofrer mais de uma
compressão num conteúdo de 24 horas.”
14. Item 1.3.4: “A duração do período de trabalho sob ar comprimido
não deverá ser superior a 8 horas em pressões de trabalho de 0 a 1,0
kgf/cm2; a 6 horas em pressões de trabalho de 1,1 a 2,5 kgf/cm2; e a 4
horas, em pressão de trabalho de 2,6 a 3,4 kgf/cm2.”
15. “Item 1.3.9: “Junto ao local de trabalho deverão existir instalações
apropriadas à Assistência Médica”, à recuperação, à alimentação e à
higiene individual dos trabalhadores sob ar comprimido”.
16. Item 1.3.13: “Para efeito de remuneração, deverão ser computados
na jornada de trabalho, o período de trabalho, o tempo de compressão,
descompressão e o período de observação médica”.
17. Item 1.3.14: “Em relação à Supervisão Médica para o trabalho sob ar
comprimido deverão ser observadas essas seguintes condições:”

Sempre que houver trabalho sob ar comprimido, deverá ser
providenciada a assistência por médico qualificado, bem como local
apropriado para atendimento médico;

Todo empregado que trabalhe sob ar comprimido deverá ter uma
ficha médica onde deverão ser registrados os dados relativos aos
exames realizados;

Nenhum empregado poderá trabalhar sob ar comprimido, antes de
ser examinado por médico qualificado, que atestará, na folha
individual, estar essa pessoa apta para o trabalho;

O candidato considerado inapto não poderá exercer a função
enquanto permanecer sua inaptidão para esse trabalho. • Item 1.3.16:
Se algum dos trabalhadores se queixar de mal-estar, dores no ouvido
ou na cabeça, a compressão deverá ser imediatamente interrompida, e
o encarregado reduzirá gradualmente a pressão da campânula até que
o trabalhador se recupere e não ocorrendo a recuperação, a
descompressão continuará até a pressão atmosférica, retirando-se,
então, a pessoa e encaminhando-a ao serviço médico”.
Tabelas
As tabelas para mergulhos, de uso corrente no país, convertidas as
unidades métricas, são as seguintes:
1. Tabela Padrão de Descompressão com ar;
2. Tabela de Limites sem Descompressão;
3. Tabela de Tempo de Nitrogênio Residual;
4. Tabela de Descompressão na Superfície, usando Oxigênio;
5. Tabela de Descompressão na Superfície, usando ar.
OBS.: As tabelas 1,2 e 3 encontram-se disponíveis nas páginas 94 a 98 da
apostila e serão necessárias para a resolução de exercícios.
Definição de Alguns Termos
Profundidade
É a profundidade máxima atingida durante o mergulho medida em
metros ou pés. Caso não tenha na tabela, usar a próxima maior.
Deixou a superfície (DS)
É a hora que o mergulhador começou a mergulhar (imergir).
Deixou o fundo (DF)
É a hora que o mergulhador deu início a sua subida.
Chegou na superfície (CS) É a hora que o mergulhador chega na superfície (emerge).
Tempo
real
de
fundo É o tempo percorrido desde DS até DF.
(TRF)
Tempo total de fundo É o tempo durante o qual o organismo do mergulhador assimila
(TTF)
nitrogênio. Frequentemente igual ao TRF. No caso de mergulho
repetitivo e alguns outros onde usamos os procedimentos especiais o
TRF fica diferente do TTF. É o TTF que usamos para o cálculo da
descompressão e caso não encontramos na tabela, utilizamos o
próximo maior.
Tempo
total
descompressão (TTD)
de É o tempo percorrido desde DF até CS. Durante este tempo, o
organismo do mergulhador elimina nitrogênio.
Tempo total de mergulho É o tempo percorrido desde DS até CS ou a soma de TRF com TTD.
(TTM)
Parada
para É um determinado tempo em que o mergulhador deverá ficar em
descompressão
uma determinada profundidade com a finalidade de eliminar o
excesso de gases inertes que estão dissolvidos em seu organismo (no
caso do mergulho raso é o nitrogênio).
Esquema
de É o esquema profundidade/TTF utilizado para acharmos na tabela a
descompressão
descompressão necessária para um determinado mergulho. Nem
sempre é semelhante ao mergulho realizado (ver procedimentos
especiais).
Intervalo
de
superfície É o tempo que o mergulhador passa na superfície entre dois
(IS)
mergulhos.
Mergulho simples
É qualquer mergulho realizado com intervalo de superfície maior
que 12 horas. Pode ser com ou sem paradas para descompressão.
Mergulho repetitivo ou É qualquer mergulho realizado com intervalo de superfície menor
sucessivo
que 12 horas.
Nitrogênio residual
É a quantidade de nitrogênio (acima do normal) dissolvida nos
tecidos dos mergulhadores após sua chegada à superfície. Levando
no máximo 12 horas para ser eliminada.
Tempo
de
nitrogênio É a quantidade de nitrogênio residual que ainda resta dissolvido no
residual (TNR)
organismo do mergulhador na hora que vai DS em um mergulho
repetitivo, já transformado em tempo (minutos) e em relação à
profundidade máxima que se programou atingir no novo mergulho.
Letra de grupo repetitivo É uma letra relacionada com um mergulho, utilizada para calcular o
(LGR)
TNR de um mergulho repetitivo. Representa a quantidade de
nitrogênio residual que se tem após um determinado mergulho.
Quanto mais próximo do início do alfabeto, menor a quantidade de
nitrogênio que ela representa. Se o mergulhador chega à superfície
com uma certa letra, à medida que o IS aumenta, a letra do novo
grupo vai mudando até chegar no início do alfabeto. Após 12 horas
não se tem mais nitrogênio residual e nem letra.
Velocidade de descida
É velocidade ideal de descida. Deve ser em torno de 21 metros por
minuto.
Velocidade de subida
É a velocidade que devemos utilizar para subir e deve ser 18 metros
por minuto. Não devemos desrespeitar esta velocidade porque ela
faz parte do TTD.
Utilizando as Tabelas

Tabela Padrão de Descompressão
Argumentos de Entrada:
• Profundidade: a próxima maior existente na tabela;
• Tempo de fundo: o próximo maior existente na tabela.
Dados obtidos:
• Profundidade das paradas de descompressão;
• Tempo para chegar à primeira parada;
• Tempo em cada parada, e tempo total de descompressão;
• Letra designativa do grupo de repetição.
Velocidade de Subida:
• 18m/min (60 pés/min).
Exemplo:
Estabelecer os procedimentos de descompressão para o
mergulho abaixo:
Profundidade: 43 m; DS: 12:00 h; DF: 12:37 h
Solução:
Argumento de Entrada
Profundidade 43 m entra com a próxima maior, isto é, 45 m.
Tempo de fundo: 12:37 - 12:00 = 00:37, entra-se com 40 minutos.
O esquema é 45m/40min.
Procedimentos:
o Deixar o fundo na velocidade de subida de 18m/min.
o Parar aos 9 m por 5 minutos, subir para 6 m.
o Parar aos 6 m por 19 minutos, subir para 3 m.
o Parar aos 3 m por 33 minutos e subir à superfície. Caso o
mergulho seja em menos de 12h, o grupo de repetição será o N.

Tabela De Limites Sem Descompressão
Argumentos de entrada:
• Profundidade próxima maior;
• Tempo de fundo próximo maior.
Dados obtidos:
• Máximo tempo de fundo sem descompressão para a profundidade de
mergulho;
• Letra designativa do grupo de repetição para os mergulhos sem
descompressão.
Velocidade de Subida:
• 18m/min.
Exemplo:
Qual o tempo de fundo máximo para que um mergulho a 17
metros seja sem descompressão? Qual o grupo de repetição
caso se faça o mergulho com um tempo de fundo de 21 min?
Solução
Argumentação de Entrada
Profundidade 17 m - entra-se com 18m
Tempo de Fundo - 21 min – entra-se com 25 min.
Dados Obtidos
Máximo tempo de fundo sem descompressão para a profundidade de
18m igual a 60 min;
Grupo de repetição para 25 minutos igual a “E”.
Procedimento para Descompressão
Subir do fundo até a superfície na velocidade constante de 18m/min.

Tabela de Tempo de Nitrogênio Residual
Primeira etapa:
Argumentos de Entrada:
• Grupo de repetição do mergulho anterior;
• Intervalo de superfície.
Dados obtidos:
• Novo grupo de repetição.
Segunda etapa:
Argumentos de Entrada:
• Novo grupo de repetição;
• Profundidade do novo mergulho.
Dados Obtidos:
• Tempo de nitrogênio residual a ser somado ao tempo real de
fundo do novo mergulho.
Exemplo:
Tendo sido realizado o mergulho do exemplo anterior, foi
necessário realizar um novo mergulho à profundidade de 14 m
que se iniciou 1 hora após o término do mergulho anterior.
Com que TNR, se iniciou o segundo mergulho? Quais os
procedimentos caso o tempo real de fundo desse novo
mergulho seja de 80 minutos?
Solução
Argumentos de Entrada
Grupo de Repetição anterior – E.
Intervalo de superfície igual a 60 minutos, portanto entre 0:55 e 1:57.
Dados Obtidos:
Novo grupo de repetição.
Segunda Etapa:
Novo Grupo de Repetição – D
Profundidade do novo mergulho = 14m, entra-se com 15m.
Dados Obtidos: TNR = 29 MINUTOS.
Se o tempo real de fundo desse novo mergulho for de 80
minutos, o tempo a ser considerado, para estabelecer a
descompressão, será igual a soma com o TNR encontrado.
Assim será:
80 + 29 = 109 minutos.
O esquema de descompressão será então 15m/110 minutos.
AULA 6 – PRESSÕES ANORMAIS – TRABALHOS DIVERSOS
Ar Comprimido
O ar comprimido é uma importante forma de energia, que em diversas
atividades produtivas complementa ou substitui com vantagens a energia
elétrica. Por incrível que pareça, sua utilização está mais próxima de nós do que
você imagina. Seu uso mais comum é encontrado nos pneus. No posto de
gasolina ou no borracheiro, por exemplo, uma bomba elétrica chamada de
compressor enche um bujão de ar soltando o ar comprimido para dentro do
pneu. Depois de um tempo, o compressor volta a carregar o bujão de ar. O ar
comprimido serve para manter um carro em movimento. Faz com que o pneu
absorva os buracos e segure o carro nas curvas, mantendo a maciez do veículo e
o conforto dos passageiros.
Sua compressão é feita por meio de bombas, compressores e outros
aparelhos.
Trabalhos Em Tubulões De Ar Comprimido
O princípio de execução de fundações pneumáticas é manter, com ar
comprimido injetado, a água afastada do interior do tubulão ou caixão,
permitindo assim os trabalhos de escavação manual e concretagem. A injeção de
ar comprimido nos tubulões impede a entrada de água, pois a pressão interna é
maior que a pressão da água.
O material resistente abaixo da faca só deve ser retirado no fim, para que
seja evitada a fuga de ar. Pronta a base, deve-se vedá-la com argila ou nata de
cimento, de maneira a impermeabilizar o terreno a fim de evitar a perda de ar.
Procede-se, então, a concretagem.
O concreto é lançado através do cachimbo inferior 3. Com 2 fechado e 3
aberto, enche-se o cachimbo. Fecha-se 3 e abre-se 2, sendo o concreto lançado
no interior do tubulão.
Durante o lançamento de concreto, todos os trabalhadores ficam em
cima, até que se forme na base um certo lastro (camada), descendo em seguida,
a fim de compactá-lo.
A pressão do ar no interior do tubulão deve ser tal que contrabalance o
peso da coluna d’água e seja compatível com as condições de trabalho
suportáveis pelo organismo humano, razão pela qual a profundidade de um
tubulão é limitada a 35 metros abaixo do nível d’água.
Os tubulões de ar comprimido são encamisados com camisas de concreto
ou de aço. No caso de camisa de concreto, a cravação da camisa, abertura e
concretagem da base é feita sob ar comprimido, pois o serviço é feito
manualmente. Se a camisa é de aço, a cravação é feita a céu aberto com auxílio
de um bate estacas e a abertura e concretagem do tubulão são feitos a ar
comprimido.
A camisa representa uma segurança ao operário durante a descida
manual em um solo ruim e serve como apoio para a campânula, equipamento de
compressão e descompressão de ar que possibilita a atuação do poceiro abaixo
do nível da água.
‘A figura abaixo mostra uma seção de campânula empregada em funções
pneumáticas. Seu funcionamento pode ser esquematizado da seguinte forma:
Fecham-se as portas 1 e 2 e injeta-se ar por “B” até atingir a pressão
conveniente, isto é, até expulsar a água do tubulão.
Os operários entram por 6, fecham-se por 6 e 4 e injeta-se ar por A. No
instante em que a pressão na campânula igualar a pressão do tubulão, a porta 1
abre sobre a ação do próprio peso. Os operários que estavam na campânula
descem e iniciam a escavação. A terra escavada sobe à campânula por meio de
um guincho e a sua retirada consta das operações na letra no próximo item.
Fecha-se 5 e abre-se 4. A terra cai então por gravidade.
Os problemas durante a execução de tubulões a ar comprimido estão
relacionados à segurança dos operários durante a compressão e descompressão
da campânula. Por isso, esse tipo de fundação vem sendo adotado apenas para
construção de pontes, viadutos e obras com grandes carregamentos. O
engenheiro de obra deve estar atento aos procedimentos de entrada e saída de
ar do equipamento.
Para suportar a carga de 20 mil toneladas da ponte JK, em Brasília,
finalizada em dezembro de 2002, a empresa Consultrix utilizou tubulões a ar
comprimido devido à carga elevada e à presença de lençol freático na parte
superior do solo. Foram concretados blocos de 23 x 40 m para que a fundação
suportasse a estrutura e os arcos que envolvem a ponte, apoiando três deles em
cada extremidade.
AULA 7 – CONTAMINANTES DO AR COMPRIMIDO
Qualidade do Ar
Uma instalação de ar comprimido não precisa apenas fornecer ar na
pressão e vazão necessárias aos equipamentos consumidores. É preciso também
assegurar a qualidade. A umidade do ar da atmosfera está presente em forma de
água na rede do ar comprimido. Compressores nos quais óleo de lubrificação
tem contato com o ar em compressão sempre fornecem ar alguma contaminação
por óleo, sendo de difícil remoção.
Portanto, pode-se dizer que a qualidade do ar depende do tipo de
compressor e da existência de outros equipamentos para filtrar e/ou remover
substâncias indesejáveis. E a qualidade pode ser classificada em quatro níveis:
• Ar de respiração: hospitais, cilindros para mergulho, respiradores
industriais para trabalhos de pintura, jato de areia e similares.
• Ar de processo: indústria eletrônica, de alimentos, farmacêutica.
• Ar de instrumentos: laboratórios, pinturas e revestimentos.
• Ar industrial: ferramentas pneumáticas e de uso geral.
O ar ambiente é contaminado por partículas sólidas como:
o Poeiras,
o Microorganismos,
o Vapores d’água, fumaça de óleo diesel,
o Dióxido de carbono, monóxido de carbono,
o Óxido nitroso,
o Dióxido de enxofre, etc...
o Gás CO2
o Agravantes
o A pressão e a temperatura do ar comprimido, potencializam os
efeitos prejudiciais de todos os contaminantes, pois a redução
gradativa da temperatura ao longo da tubulação causa a
condensação de alguns contaminantes gasosos.
o Ao atingirem a fase líquida (condensado), esses contaminantes
estarão presentes no fluxo de ar sobre diferentes aspectos: desde
um filete condensado depositado nas partes inferiores da
tubulação e dos equipamentos, passando por pequenas gotas e
chegando até a aerossóis microscópicos, dispersos entre as
moléculas do ar comprimido.
O resultado de toda essa mistura de contaminantes é uma emulsão
ácida (corrosiva) e abrasiva!
Norma IS0-8573-1
A norma internacional ISO-8573-1 é a referência central sobre a
qualidade do ar comprimido para uso geral, não valendo para usos muito
particulares, como ar medicinal, respiração humana e alguns outros. A tabela a
seguir apresenta as classes de qualidade do ar comprimido em função dos seus
três contaminantes típicos: água, óleo e partículas sólidas.
Para a obtenção dos diferentes níveis de pureza do ar comprimido
(classes de qualidade), a ISO-8573 recomenda a seguinte sequência padrão de
equipamentos:
Efeitos do Ar Comprimido

Efeitos adversos à saúde humana: exposições rotineiras a níveis
toleráveis não apresentam efeito nocivo. O principal risco é decorrente da
permanência em locais sob alta pressão, em função da superexposição ao
oxigênio.

Principais Sintomas: inalação de ar em um ambiente à alta pressão,
como no mergulho submarino e na câmara hiperbárica, pode resultar em
sintomas similares à superexposição ao oxigênio puro.
Estes sintomas incluem formigamento dos dedos das mãos e dos pés,
sensações anormais, falta de coordenação motora. Pode haver aparecimento de
dores musculares. Se houver rápida descompressão, pode haver formação de
bolhas nos tecidos do corpo e circulação sanguínea, que podem causar dor nas
articulações e órgãos. Além disso, as bolhas podem bloquear o fluxo de sangue
para o cérebro e ser fatal. Pode ocorrer embolia traumática pelo ar, com
aumento da pressão intrapulmonar e ruptura alveolar.
Os compressores e demais equipamentos de geração, tratamento e
armazenamento de ar comprimido situam-se na categoria de
utilidades, tais como caldeiras, geradores, etc.
Assim, procure respeitar as seguintes orientações:
- Reserve uma sala específica para isso, separada das demais áreas
da empresa.
- O ruído emitido pelos equipamentos deve ser isolado do exterior.
- O ingresso na sala deve ser permitido apenas ao pessoal
autorizado, portando os EPI’s mínimos exigidos.
Download

RESUMO_HIGIENE DO TRABALHO IV