04/12/2011
Língua Portuguesa Instrumental com Redação
Caderno de prova
Este caderno, com oito páginas numeradas sequencialmente, contém cinco questões de Língua Portuguesa
Instrumental e a proposta de Redação.
Não abra o caderno antes de receber autorização.
Instruções
1.Verifique se você recebeu mais dois cadernos de prova.
2.Verifique se seu nome, seu número de inscrição e seu número do documento de identidade estão
corretos nas sobrecapas dos três cadernos.
Se houver algum erro, notifique o fiscal.
3.Destaque, das sobrecapas, os comprovantes que têm seu nome e leve-os com você.
4.Ao receber autorização para abrir os cadernos, verifique se a impressão, a paginação e a numeração
das questões estão corretas.
Se houver algum erro, notifique o fiscal.
5.Todas as respostas e o desenvolvimento das soluções, quando necessário, deverão ser apresentados
nos espaços apropriados, com caneta azul ou preta.
Não serão consideradas as questões respondidas fora desses espaços.
Informações gerais
O tempo disponível para fazer as provas é de cinco horas. Nada mais poderá ser registrado após o término
desse prazo.
Ao terminar, entregue os três cadernos ao fiscal.
Nas salas de prova, não será permitido aos candidatos portar arma de fogo, fumar, usar relógio digital
ou boné de qualquer tipo, bem como utilizar corretores ortográficos líquidos ou similares.
Será eliminado do Vestibular Estadual 2012 o candidato que, durante a prova, utilizar qualquer
instrumento de cálculo e/ou qualquer meio de obtenção de informações, eletrônicos ou não, tais como
calculadoras, agendas, computadores, rádios, telefones, receptores, livros e anotações.
Será também eliminado o candidato que se ausentar da sala levando consigo qualquer material de
prova.
Boa prova!
Língua Portuguesa Instrumental com Redação
Previsões de especialistas
A mídia nos bombardeia diariamente com as previsões de especialistas sobre o futuro. Esses
experts mais erram do que acertam, mas nem por isso deixamos de recorrer a eles sempre
que o horizonte se anuvia. Como explicar o paradoxo?
5
10
Uma boa tentativa é o recém-lançado livro do escritor e jornalista Dan Gardner. As passagens
mais divertidas do livro são sem dúvida aquelas em que o autor mostra, com exemplos e
pesquisas científicas, quão precária é a previsão econômica e política.
Num célebre discurso de 1977, por exemplo, o então presidente dos E.U.A., Jimmy Carter,
ancorado nos conselhos dos principais experts do planeta, conclamou os americanos a reduzir
drasticamente a dependência de petróleo de sua economia, porque os preços do hidrocarboneto
subiriam e jamais voltariam a cair, o que inevitavelmente destruiria o “American way”1. Oito
anos depois, as cotações do óleo despencaram e permaneceram baixas pelas duas décadas
seguintes.
Alguém pode alegar que Gardner escolhe de propósito alguns exercícios de futurologia que
deram errado apenas para ridicularizar a categoria toda.
15
Para refutar essa objeção, vamos conferir algumas abordagens do problema.
Em 1984, uma revista britânica pediu a 16 pessoas que fizessem previsões sobre taxas de
crescimento, câmbio, inflação e outros dados econômicos. Quatro dos entrevistados eram exministros de finanças; quatro eram presidentes de empresas multinacionais; quatro, estudantes
de economia de Oxford; e quatro, lixeiros de Londres. Uma década depois, as predições foram
20 contrastadas com a realidade e classificadas pelos níveis de acerto. Os lixeiros terminaram
empatados com os presidentes de corporações em primeiro lugar. Em último, ficaram os
ministros – o que ajuda a explicar uma ou outra coisinha sobre governos.
A razão para tantas dificuldades em adivinhar o futuro é de ordem física. Nós nos habituamos a
ver a ciência prevendo com enorme precisão fenômenos como eclipses e marés. Só que esses
25 são sistemas lineares ou, pelo menos, sistemas em que dinâmicas impostas pelo caos podem
ser desprezadas. E, embora um bom número de fenômenos naturais seja linear, existem muitos
que não o são. Quando o homem faz parte da equação, pode-se esquecer a linearidade.
Nossos cérebros também trazem de fábrica alguns vieses que tornam nossa espécie presa fácil
para adivinhos. Procuramos tão avidamente por padrões que os encontramos até mesmo onde
30 não existem. Temos ainda compulsão por histórias, além de um desejo irrefreável de estar no
controle. Assim, alguém que ofereça numa narrativa simples e envolvente a previsão do futuro
pode vendê-la facilmente a incautos. Não é por outra razão que oráculos, profecias e augúrios
estão presentes em quase todas as religiões.
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Como diz Gardner, “vivemos na Idade da Informação, mas nossos cérebros são da Idade da
Pedra”. Eles não foram concebidos para processar o papel do acaso, no cerne do conhecimento
científico atual. Nós continuamos a tratar as falas dos especialistas como se fossem auspícios2
divinos. Como não poderia deixar de ser, frequentemente quebramos a cara.
HÉLIO SCHWARTSMAN
Adaptado de www1.folha.uol.com.br, 30/06/2011
1
2
2
“American way”: estilo americano de vida
auspícios: prenúncios, presságios
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2ª fase Exame Discursivo
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O texto de Hélio Schwartsman distingue fenômenos que podem ser previstos com precisão
de outros que não o podem.
Apresente um exemplo do texto para os fenômenos do primeiro tipo e outro para os
fenômenos do segundo tipo.
Depois, aponte o que, para o autor, distingue os dois tipos de fenômeno.
A fim de reforçar seu ponto de vista acerca do tema abordado, o autor emprega argumentos
do tipo indutivo, ou seja, usa um fato ou dado particular para dele extrair conclusões gerais.
Identifique, no texto, dois exemplos de fatos ou dados particulares empregados para reforçar
a ideia geral do texto.
Vestibular Estadual 2012
2ª fase Exame Discursivo
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Ode1 para o futuro
Falareis de nós como de um sonho.
10 E as tempestades, as desordens, gritos,
Crepúsculo dourado. Frases calmas.
violência, escárnio4, confusão odienta5,
Gestos vagarosos. Música suave.
primaveras morrendo ignoradas
Pensamento arguto . Sutis sorrisos.
nas encostas vizinhas, as prisões,
2
5 Paisagens deslizando na distância.
Éramos livres. Falávamos, sabíamos,
e amávamos serena e docemente.
as mortes, o amor vendido,
15 as lágrimas e as lutas,
o desespero da vida que nos roubam
- apenas uma angústia melancólica,
Uma angústia delida3, melancólica,
sobre a qual sonhareis a idade de ouro.
sobre ela sonhareis.
E, em segredo, saudosos, enlevados6,
falareis de nós - de nós! - como de um sonho.
JORGE DE SENA
www.letras.ufrj.br
ode: tipo de poema
arguto: capaz de perceber as coisas mais sutis
3
delida: apagada
4
escárnio: desdém, menosprezo
5
odienta: que inspira aversão, ódio
6
enlevados: maravilhados, extasiados
1
2
As imagens positivas presentes na 1ª estrofe do poema, como Frases calmas (v. 2), opõem-se
às imagens negativas da 3ª estrofe, como confusão odienta (v. 11).
Explique a que se referem as imagens positivas da 1ª estrofe e a que se referem as imagens
negativas da 3ª estrofe.
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2ª fase Exame Discursivo
Língua Portuguesa Instrumental com Redação
No poema, observa-se uma tentativa de interlocução entre o eu poético e as pessoas do futuro.
Identifique a marca linguística que revela essa tentativa de interlocução. Em seguida, indique
a quem o eu poético se refere com o emprego do pronome “nós”.
QUINO
http://rosapinkgabriela.blogspot.com
Na tira de Quino, a personagem Mafalda e o pai dela entendem a expressão o ano que vem de
maneiras diferentes, a partir de pontos de vista distintos.
Explicite o ponto de vista de cada personagem em relação a o ano que vem.
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2ª fase Exame Discursivo
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Os textos desta prova tratam da relação do homem com o futuro, tema que ganha foco específico no
fragmento abaixo, extraído de uma entrevista com o historiador Eric Hobsbawn.
Há uma diferença entre esses movimentos de jovens educados nos países do Ocidente, onde,
em geral, toda a juventude é fenômeno de minoria, e movimentos similares de jovens em países
islâmicos e em outros lugares, nos quais a maioria da população tem entre 25 e 30 anos. Nestes
países, portanto, muito mais do que na Europa, os movimentos de jovens são politicamente
muito mais massivos e podem ter maior impacto político. O impacto adicional na radicalização
dos movimentos de juventude acontece porque os jovens hoje, em período de crise econômica,
são desproporcionalmente afetados pelo desemprego e, portanto, estão desproporcionalmente
insatisfeitos. Mas não se pode adivinhar que rumos tomarão esses movimentos. Mas eles só,
eles pelos seus próprios meios, não são capazes de definir o formato da política nacional e todo
o futuro. De qualquer modo, devo dizer que está a fazer-me perguntas enquanto historiador, mas
sobre o futuro. Infelizmente, os historiadores sabem tanto sobre o futuro quanto qualquer outra
pessoa. Por isso, as minhas previsões não são fundadas em nenhuma especial vocação que eu
tenha para prever o futuro.
ERIC HOBSBAWN
Adaptado de http://historica.me
PROPOSTA DE REDAÇÃO
A fala do historiador Eric Hobsbawn também apresenta uma reflexão sobre o futuro e suas
possibilidades, relacionando o tema à ação da juventude, tradicionalmente considerada o futuro
próximo das sociedades.
A partir da leitura dos textos e de suas elaborações pessoais sobre o tema, redija um texto
argumentativo em prosa, com no mínimo 20 e no máximo 30 linhas, em que discuta a seguinte
questão:
É possível, para a juventude de hoje, alterar o futuro?
Utilize o registro padrão da língua e atribua um título ao seu texto.
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2ª fase Exame Discursivo
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2ª fase Exame Discursivo
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Rascunho
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2ª fase Exame Discursivo
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