XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO
Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
ADOÇÃO DO SISTEMA DE FRANQUIA NO
SETOR ALIMENTÍCIO: UM ESTUDO DE
VIABILIDADE ECONÔMICA FINANCEIRA
Rafael Ribeiro Gaia (Unifran)
[email protected]
Gabriela Azevedo Motta (Unifran)
[email protected]
Hernani Mazier Junior (Unifran)
[email protected]
Silvana Salomao (Unifran)
[email protected]
Quando se realiza um investimento, os riscos e incertezas fazem parte de seu
projeto, e conhecer sua viabilidade econômica antes de executá-lo pode
evitar a perda de dinheiro e orientar a melhor escolha quando existe mais de
uma opção. Dentre os investimentos em negócios, o ramo de franquias se
mostra promissor por apresentar menores riscos e incertezas, devido testes já
terem sido efetuados pelo franqueador, o que lhe proporciona know-how das
experiências já vividas. Entre os ramos de franquias, o setor alimentício vem
se destacando como uma oportunidade vantajosa e lucrativa, se mostrando
uma boa escolha, pois tem alcançado índices consecutivos de crescimento no
país. Este estudo de caso foi realizado em uma rede de franquia de sanduíche
de cachorro quente e tem por objetivo demonstrar, através dos indicadores
financeiros de lucratividade (VPL), rentabilidade (TIR) e tempo de retorno do
investimento (payback), se a franquia é viável ou não. Após os cálculos, os
indicadores financeiros apontaram um VPL de R$ 9.920,20, uma TIR de 21%
a.a. e um payback de 3,11 anos. Em correspondência aos resultados dos
indicadores financeiros, pode-se inferir que o investimento nesta franquia se
mostrou promissor e viável economicamente.
Palavras-chave: Viabilidade econômica, Análise Econômica, Franquia
Alimentícia
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1. Introdução
Antes de se escolher um investimento, é imprescindível conhecer possíveis riscos e
retornos, pois o mercado oferece diferentes oportunidades em diversos segmentos. As
empresas e os investidores devem realizar uma análise da viabilidade econômica do
investimento em questão, para nortear as suas escolhas, que podem ser um investimento em
um negócio novo, uma ampliação nas dependências físicas ou a inauguração de uma filial,
todavia mesmo sabendo da relevância da análise são poucos os que a realizam.
Lapponi (2000) orienta que antes de investir é de suma importância conhecer o
mercado, saber que existem mercados com mais riscos que outros, o local onde será investido,
a taxa mínima de atratividade (TMA), o tempo para reaver o capital investido e
consequentemente a quantia ganha pelo investimento. Alguns métodos podem auxiliar para se
realizar uma boa análise como o valor presente líquido (VPL), a taxa interna de retorno (TIR)
e o tempo necessário para reaver o montante que foi investido (PayBack).
O mercado de franquias vem se mostrando uma boa oportunidade de investimento,
porém para tentar se prevenir uma análise de viabilidade econômica deve ser realizada para
ajudar a direcionar as intenções de investimento em um momento em que as incertezas são
grandes, porém se feito de forma planejada, pode tornar tudo mais fácil como observa
Andrade (2008).
Dessa forma o objetivo desse trabalho é realizar a análise econômica de uma franquia
na área de alimentação, mostrando sua viabilidade econômica com a utilização da
metodologia de estudo de caso, pois serão utilizados os dados já existentes, em uma situação
real, para realizar a análise, com abordagem qualitativa e dados quantitativos objetivando a
contribuição para pessoas e empresas que tem intenção de investir em oportunidades de
negócio no ramo de franquias alimentícias.
1. Referencial Teórico
1.1 Análise Econômica
Borges (2012) indica que analisar uma viabilidade econômica se define em ajudar o
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investidor a avaliar o plano de investimento a ser realizado, demonstrando a viabilidade ou
inviabilidade do projeto, que significa estimar e analisar as perspectivas de desempenho
financeiro da empresa/produto resultante do projeto. Oliveira (1982) salienta que a realização
de uma boa análise econômica pode ajudar a criar um cenário antes que esse venha a
acontecer, para que possa se anteceder as decisões.
O grande benefício desse tipo de análise é conseguir visualizar através de projeções e
números, o real potencial de retorno do investimento em questão e, portanto, decidir se as
premissas estão interessantes e se o projeto deve ir adiante ou não. Um estudo de viabilidade
econômica e financeira deve ser realizado sempre que um novo projeto esteja em fase de
avaliação. Esse projeto pode ser tanto a expansão do seu negócio quanto a própria abertura da
empresa (Borges, 2012).
Antes de realizar a análise da viabilidade econômica é necessário escolher os métodos
auxiliares para a tomada de decisão. Como afirma Casaroto Filho & Kopittke (2010), somente
um estudo econômico pode confirmar a viabilidade de projetos tecnicamente corretos e assim
as escolhas de ferramentas devem ser feitas.
Para analisar o valor do capital em épocas de pagamentos diferentes utiliza-se o
método do Valor Presente Líquido (VPL), que Oliveira (1982) aborda brevemente como o
transporte para a data zero dos fluxos de caixa, sejam recebimentos ou desembolsos.
A taxa de retorno mínima será encontrada através do método da Taxa Interna de
Retorno (TIR) que deve ser comparada com a taxa mínima da atratividade (TMA) que é a
taxa que se deixa de ganhar por não investir em outro projeto. Casaroto Filho & Kopittke
(2010) explicam que os investimentos com TIR maior que a TMA é considerada rentável e
são passíveis de análise.
O Payback analisa o prazo para o retorno do capital e os efeitos da decisão, Lapponi
(2000) define esse método como o tempo necessário para recuperar o capital investido, a
partir do fluxo de caixa estimado do projeto do investimento.
A seguir serão apresentadas com maiores detalhes essas definições:
1.2 Valor presente líquido
O Valor Presente Líquido (VPL) é o valor presente dos investimentos subtraído dos
desembolsos, descontados a uma taxa igual ao custo de oportunidade da empresa ou taxa
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mínima de atratividade. Se o resultado for positivo, o projeto estará agregando ou retornando
valor à empresa e economicamente pode ser considerado potencialmente viável (FREZATTI,
2007; OLIVEIRA, 1982).
Segundo Neto & Martins (1988) o valor presente líquido (VPL) é obtido pela
diferença entre o valor presente dos benefícios líquidos de caixa, previstos para cada período
do horizonte de duração do projeto e o valor presente do investimento.
Ao analisar um fluxo de caixa referente à determinada alternativa, existem vários
valores envolvidos, ora como receitas, ora como desembolsos. A somatória algébrica de todos
os valores envolvidos, trazidos ao instante inicial ou instante zero, considerando uma taxa
comparativa, terá o VPL, como demonstra a equação 1 (HIRSCHFELD, 2000).
Onde:

VPL = valor presente líquido de um fluxo de caixas da alternativa.

n = número de períodos envolvidos em cada elemento da série de receitas e desembolsos
do fluxo de caixa.

Fn = cada um dos diversos valores envolvidos no fluxo de caixa e que ocorrem em n.

i = taxa de juros comparativos ou taxa mínima de atratividade.
Laponni (2000) apresenta um critério de aceitação do projeto que é definido mediante
a aplicação das seguintes equações:
 VPL ≤ 0, significando que se a soma de todos os retornos do projeto na data zero
for igual ou menor que 0 o projeto não deve ser aceito.
 VPL > 0, significando que se a soma de todos os retornos do projeto na data zero
for maior que o investimento inicial, então o VPL do projeto está propício a ser
aceito;
1.3 Taxa mínima de atratividade
Ao desejar investir uma quantia, são comparados os prováveis resultados que serão
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proporcionados com os de outros investimentos disponíveis, assim a taxa de juros que o
dinheiro investido irá proporcionar deverá ser superior a uma taxa prefixada com a qual se
deve realizar a comparação. A taxa de juros prefixada é chamada de Taxa Mínima de
Atratividade (TMA) ou Taxa Mínima Atrativa de Retorno (TMAR). (HIRSCHFELD, 2000).
Segundo Clemente & Souza (2012) a taxa mínima de atratividade é a taxa de
desvalorização imposta a qualquer ganho futuro por não estar disponível imediatamente e é
evidente que a mesma oportunidade de investimento, avaliada sob certo horizonte de
planejamento, pode mostra-se viável ou inviável dependendo da taxa mínima de atratividade.
Segundo Ferreira (2012) a TMA é formada por três índices o risco do negócio, o custo
de oportunidade e a liquidez do negócio onde a análise destes três índices que podem variar
de formam independente de projeto para projeto.
1.4 Taxa interna de retorno
A Taxa Interna de Retorno (TIR) é muitas vezes chamada de taxa de retorno de um
fluxo de caixa descontado, taxa interna de retorno ou taxa verdadeira de retorno
(HIRSCHFELD 1998).
A taxa interna de retorno consiste na taxa de desconto que faz com que o VPL seja
zero, essa taxa faz com que as entradas futuras de caixa se igualem ao desembolso inicial do
projeto (FREZATTI 2007; CASAROTTO E KOPITTKE 2010).
Para calcular a TIR, Borges (2012) apresenta a equação 2:
Onde:
 Investimento Inicial = ao desembolso realizado na data zero.
 Ft = fluxo de caixa de cada período.
 t = número de períodos envolvidos em cada elemento da série de receitas e
desembolsos do fluxo de caixa.
Utilizando a TIR como critério de se determinar a escolha do projeto, este é viável
quando a taxa interna do projeto for maior do que TMA (taxa mínima de atratividade), se a
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TIR for menor do que a TMA o projeto não é viável, não deve ser realizado. Isso assegura à
empresa que o retorno do investimento tem que ser igual ou maior do que o retorno mínimo
exigido por ela, considerando, por exemplo, uma taxa mínima de atratividade como sendo o
custo do capital de uma determinada empresa (HIRSCHFELD, 2000).
1.5 Payback
Segundo Frezati (2007), payback corresponde ao período de tempo necessário para
que a empresa recupere, por meio de entradas de caixa, o investimento inicial do projeto. O
Payback é uma maneira simples e objetiva de avaliação de investimento, pois ela irá dizer
quando haverá a recuperação do capital investido.
Kassai et al (2000) confirmam que o payback é o período de recuperação de um
investimento e consiste na identificação do prazo em que o montante de dispêndio de capital
efetuado seja recuperado por meio dos fluxos líquidos de caixa gerados pelo investimento.
Para o cálculo do payback, podem ser usadas duas equações, uma para fluxo de
entradas de caixa idênticas e outra para entradas diferentes (HIRSCHFELD, 2000).

Séries idênticas têm-se a equação 3:
Onde:


PB = payback.

Investimento = Desembolso inicial
Já para séries diferentes temos a equação 4:
Onde:

PB = Payback.

Ano = Último ano que o saldo do projeto ainda está negativo.

Saldo = o último valor do saldo antes da virada de negativo para positivo.

Entrada = a próxima entrada após a virada de negativo para positivo.
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1.6 Franquias
O conceito de franquia nasceu na idade média, quando a Igreja Católica passou a
conceder licenças ou franquias a senhores de terras para a coleta de impostos. O termo
franchising
surgiu
em
1851,
nos
Estados
Unidos,
devido
a
um
fabricante
de máquinas de costura abrir o mercado para conceder licenças comerciantes independentes.
Em 1898, a General Motors expandiu sua rede de pontos de venda dos carros por ela
produzidos, através do uso de franquias, era o inicio das chamadas concessionárias. Em 1899,
a Coca-Cola criou a primeira franquia de produção, através de licenças para empresários
interessados em produzir e comercializar seus refrigerantes (RIBEIRO, 2009).
Silva (2010) explica que o aumento do sistema aconteceu após o final da Segunda
Guerra Mundial, quando milhares de americanos retornaram para os EUA determinados a
abrir seus próprios negócios.
O termo franchising tem a mesma essência do termo franquia, porém é mais utilizado
no mercado internacional, sendo assim os dois termos terão a mesma definição. Segundo
Valmari (2013) franchising/franquia consiste em replicar, em diversos locais ou mercados,
um mesmo conceito de negócio, ou seja: uma loja, uma clínica, um hotel, um restaurante, uma
oficina mecânica, uma locadora de DVDs, uma escola, uma lavanderia ou ponto de coleta de
encomendas expressas, entre outros nichos de mercado.
Segundo Silva (2010) franquia é um sistema onde o franqueador autoriza o franqueado
a explorar os direitos do uso da sua marca, produtos ou serviços, sistema de operação e
gestão, dentro de um mercado pré-definido. O SEBRAE (2010) orienta que antes de optar por
uma franquia, é fundamental que o empreendedor tenha uma visão geral dos aspectos que
envolvem o negócio, para tomar as decisões corretas, evitando futuras decepções, que os
acordos estabelecidos em contrato, entre franqueador e franqueado devem ser muito bem
estudados e esclarecidos, pois a maioria dos problemas entre as duas partes podem ser
evitadas neste momento.
2. Contextualização sobre o setor de franquias
Segundo Ribeiro et al (2013), o Brasil alcançou o posto de quarto maior mercado
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mundial como franqueador, com mais de noventa por cento deste total representado por
marcas nacionais e muitas já estão presentes no exterior. O gráfico 2, apresenta a evolução da
quantidade de redes franqueadoras no Brasil, no período de 2001 a 2012, segundo a
ABF(Associação Brasileira de Franchising) (2012).
Gráfico 2: Crescimento de redes franqueadoras
Redes Franqueadoras no Brasil
3000
2426
2000
1000
814 971
600 650 678
1379
1013 1197
1643
1855 2031
0
Redes Franqueadoras
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
Fonte: Adaptado de Ribeiro et al, 2013.
O gráfico 2 apresenta o crescimento de redes franqueadas pelo Brasil, tendo
um aumento do ano de 2011 para o de 2012 de quase 20%.
O crescimento do faturamento do sistema de franquias entre os anos de 2001 e
2012 está presente no gráfico 3, segundo a ABF (2012).
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Gráfico 3: Crescimento do faturamento do sistema de franquias
120000
Faturamento em bilhões R$
103.291
100000
88.855
75.987
80000
63.120
55.032
60000
40000
28.000 29.044
25.000
31.639
35.820
39.810
46.039
20000
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Fonte: ABF (2012).
O gráfico 3 demonstra que entre os anos de 2001 a 2012 o faturamento do sistema de
franquias vem crescendo, do ano de 2011 para 2012 esse crescimento foi de 16,25%, o que
acentua que o mercado de franquias se mostra um bom investimento.
Gráfico 4: Franquias por ramo de negócio
Fonte: ABF, 2012.
No gráfico 4 observa-se que o setor de alimentação teve 21% do faturamento
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geral das franquias no Brasil, ficando atrás apenas do setor de negócios serviços e outros
varejos, tornando-se o ramo de alimentação um negócio atrativo aos olhos dos investidores.
3. Método de Pesquisa
De acordo com Yin (2005), o método estudo de caso tem caráter empírico, e investiga
contextos atuais e reais, levando em consideração o fato de que as fronteiras entre onde o
contexto está inserido e o fenômeno, que é extraído de várias fontes de evidências, não são
definidas de forma clara.
Neste contexto o estudo de caso, pretende analisar a viabilidade econômica da abertura
de uma franquia, e assim, o estudo pretende analisar os dados referentes a vendas e os custos
com o investimento da abertura de uma loja de shopping, para analisar seu retorno financeiro
e ajudar os investidores a optarem pela melhor escolha de investimento.
Segundo Godoy (1995) os tipos de abordagens subdividem-se em: qualitativa e
quantitativa. Segunda a abordagem qualitativa, um fenômeno deve ser analisado de forma
integrada, pois ele pode ser compreendido com mais clareza dentro do âmbito no qual ele faz
parte. Para isso, é necessário que o pesquisador vá a campo buscar informações e dados,
considerando os pontos de vista relevantes, neste contexto as pesquisas corriqueiras são o
estudo de caso, pesquisa ação, observação participante e pesquisa participante.
Neste trabalho será utilizada a abordagem qualitativa com dados quantitativos, pois
serão qualificados os resultados estudados e serão utilizados bancos de dados de históricos de
vendas para estipular valores futuros e este estudo não pretende abordar o trabalho e como ele
é realizado, sendo relevante apenas o resultado de vendas que ele gera, para modelar os dados
necessários para a análise financeira.
O estudo de caso será abordado durante seis meses sendo de 01 de fevereiro de 2014 a
30 de julho de 2014, onde serão levantados os dados através de estudos em setores
responsáveis e em arquivos de históricos da empresa. Os dados colhidos serão tratados e
formatados de forma a apresentarem melhor compreensão.
4. Viabilidade econômica de uma franquia alimentícia
4.1 Apresentação da franquia
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A ideia do ramo de atuação desta franquia teve inspiração na cidade do Rio de Janeiro,
onde morava o proprietário da rede e o consumo de sanduíches tipo hotdog’s é muito comum,
porém a rede teve a inauguração de sua primeira loja de rua na cidade de Franca interior de
São Paulo seguida da abertura de mais duas lojas-shopping e loja de rua com salão de festas.
A loja comercializa sanduíches tipo hotdog’s compostos por ingredientes típicos de cada
região do país.
A localização das franquias leva em consideração o fluxo de pessoas, principalmente
do público alvo, a estrutura física do prédio, a proximidade com fornecedores, a proximidade
com o centro de distribuição dos materiais personalizados da rede e o fácil acesso a
estacionamento, onde a franquia estudada se localiza no shopping de Franca/SP, possuindo
oito funcionários, dividindo entre três setores, cozinha, montagem e caixa.
4.2 Apresentação dos dados
Os dados foram coletados na loja que a rede possui no shopping, no período de 01 de
janeiro de 2014 à 30 de junho de 2014, sendo um período de seis meses.
As informações foram feitas através de estudos realizados dentro da empresa e
fornecidos pelos respectivos responsáveis de cada área do projeto, como observado na tabela
9.
Tabela 8: Gastos com investimento em capital de giro, do ponto comercial e de obra.
INVESTIMENTOS
Investimento com capital de giro
Produto
Embalagens
Matéria-Prima (Salsicha, milho e etc)
Material de uso (Grampo, luvas e etc)
Total investido com capital de giro
Investimento do ponto comercial
Investimento de obra
Total investido
Quant.
14000
1
1
Custo Unit.
R$
0,18
R$ 4.780
R$ 2.700
Custo Total
R$
2.520
R$
4.780
R$
2.700
R$
10.000
R$
6.000
R$
52.000
R$
68.000
Fonte: Empresa estudada, 2014.
Na tabela 8 observam-se os investimentos utilizados para capital de giro que engloba
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os gastos com matéria prima inicial materiais de embalagens e material de uso, compra do
ponto que é um valor aproximado da negociação do ponto com a administradora do local e o
investimento de obra que são as reformas e adaptações necessárias devido a exigências da
franquia e problemas na estrutura.
Na tabela 9 está o valor gasto com investimento operacional que contém os gastos com
utensílios, equipamentos, mobiliário entre outros.
Tabela 9: Investimento Operacional.
INVESTIMENTO OPERACIONAL
Setores
Cozinha
Marcenaria
Montagem
Ponto de Venda
Equipamentos Mesanino
Total investido
Custo Total
R$
R$
R$
R$
R$
R$
32.705
5.050
16.300
17.280
14.000
85.335
Fonte: Empresa estudada, 2014.
Na tabela 9 observa-se que os gastos estão divididos entre os setores que são: cozinha,
marcenaria, montagem, ponto de venda e equipamentos mezanino para facilitar a
compreensão de onde são investidos os gastos com investimento operacional.
4.3 Aplicação dos métodos de viabilidade econômica
A tabela 10 apresenta um resumo de todos os investimentos realizados para a abertura
da loja de shopping:
Tabela 10: Total dos investimentos em uma loja de shopping.
INVESTIMENTOS - LOJA DE SHOPPING
Investimento de operacional
Investimento capital de giro
Investimento do ponto comercial
Investimento em obra
Total investido
R$
R$
R$
R$
R$
85.335
10.000
6.000
52.000
153.335
Fonte: Empresa estudada, 2014.
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Na tabela 10 visualizam-se de forma resumidas os custos com investimento
para inaugurar a loja.
Através do seu histórico de vendas, e estudos estimados, a rede disponibiliza
um fluxo de caixa do período de cinco anos que está demonstrado na tabela 11 a baixo, o qual
se toma como ideal.
Tabela 11: Fluxo de caixa estimado da franquia no período de cinco anos.
FLUXO DE CAIXA
Ano
Fluxo
0
1
2
3
4
5
-R$
R$
R$
R$
R$
R$
153.335
36.000
50.400
60.000
63.000
63.000
Fonte: Empresa estudada, 2014.
Será utilizado este fluxo para efetuar os cálculos de viabilidade econômica da
franquia. A rede estipula que nos primeiros anos devido à falta de conhecimento do público
alvo o fluxo de caixa seja menor, e assim, a realização de promoções e divulgação o fluxo de
caixa aumente e se torne mais constante com o passar dos anos.
Para os cálculos a taxa mínima de atratividade considerada é de 18%. a.a., este
valor é um padrão estabelecido pela rede, com base no risco, na lucratividade e na
rentabilidade do projeto.
Tabela 12: Resultado do calculo da TIR.
Calculo da TIR
Ano
Fluxo de caixa
0
-R$153.334,50
1
R$36.000,00
2
R$50.400,00
3
R$60.000,00
4
R$63.000,00
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5
R$63.000,00
TIR =
21% a.a.
Fonte: Empresa estudada, 2014.
Na tabela 12 apresenta o fluxo de caixa estimado pela empresa no período de
cinco anos, tendo para estes dados uma TIR de 21% a.a.
Tabela 13: Cálculo do payback.
Ano
Fluxo de caixa
Saldo
0
-R$153.334,50
-R$153.334,50
1
R$
36.000,00
-R$117.334,50
2
R$
50.400,00
-R$66.934,50
3
R$
60.000,00
4
R$
63.000,00
R$56.065,50
5
R$
63.000,00
R$119.065,50
-R$
6.934,50
Fonte: Empresa estudada, 2014.
Na tabela 13 temos um fluxo de caixa resultando em um saldo anual, o
momento em que esse saldo vira de negativo para positivo, tendo o retorno daquilo que foi
investido, mas o período exato desse retorno é no momento em que o saldo se torna zero, este
é o payback do projeto que neste caso é de 3 (três) anos.
4.4 Resultados
O VPL que é o valor presente dos investimentos subtraído dos desembolsos,
descontados a uma taxa igual ao custo de oportunidade, serve para demonstrar no momento
inicial antes do investimento, se a projeção deste será lucrativa, nula e resultará em prejuízo,
um VPL > 0, significa que o projeto é lucrativo e o investimento é vantajoso, o contrário
acontece pro VPL< 0.
O VPL deste projeto resultou em R$ 9.920, sendo este valor a diferença entre
o investimento e as entradas do fluxo de caixa, que foram trazidas para a data zero
considerando a TMA, portanto como o VPL apresentou um valor maior do que 0 (zero).
A TIR do projeto de 21%a.a. é maior do que a TMA de 18% a.a., tornando o projeto
mais lucrativo do que a taxa mínima de atratividade.
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Para franquias deste porte o mercado estima, levando em consideração casos já
existentes, um payback entre três e cinco anos. Para a franquia em estudo o payback é de 3
(três) anos.
5. Considerações finais
Neste trabalho observou-se a importância de se realizar uma análise da viabilidade
econômica de um projeto antes de se investir, para identificar os riscos e incertezas que este
projeto apresenta e a possível lucratividade ou prejuízo que este pode gerar, porque assim
pode-se decidir se os riscos são atrativos a ponto de superar os riscos que o projeto apresenta.
Com as ferramentas utilizadas os dados são trazidos para o momento inicial e assim os
resultados podem ser analisados antes de o investimento ser realizado, tornando assim
possível o levantamento e analise se os resultados obtidos com o investimento realizado
posteriormente são interessantes para o investidor, tais como, se a taxa é rentável e suficiente,
se o tempo para retorno do investimento está de acordo com a necessidade e se VPL traz
algum lucro em determinado período.
Neste contexto as três variáveis em estudo se mostraram vantajosas, obtendo um lucro
considerando o fluxo de caixa futuro trazido à data do investimento, uma taxa maior do que a
taxa mínima de atratividade em um tempo médio de retorno dentro do ideal. Conclui-se que o
projeto é economicamente viável, levando em consideração o prazo de cinco anos, sendo o
investimento na franquia vantajoso.
Todavia deve ressaltar que todos os dados são uma estimativa, podendo haver variação
de caso para caso, todavia estes dados servem para nortear as previsões para se alcançar o
cenário demonstrado neste trabalho.
O estudo realizado pretende contribuir para empresas e investidores que pretendem
realizar investimentos em novos negócios ou até mesmo investimentos para expansão que um
estudo realizado antes do investimento pode diminuir perdas e nortear decisões. Contribui
também para aqueles interessados em abrir uma franquia a conhecerem um pouco do
mercado, as vantagens e desvantagens deste mercado que demonstram grande crescimento no
cenário nacional.
Por fim este estudo teve o objetivo de trazer dados reais de uma empresa real para
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Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
utilizar ferramentas aprendidas na graduação a fim de analisar os resultados sem
interferências de interesses pessoais, e assim, contribuir de forma a despertar o interesse de
mais pessoas sobre o assunto, mostrando a utilidade e importância destas ferramentas.
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adoção do sistema de franquia no setor alimentício: um