1 GABRIELA BITTENCOURT RAMOS DA SILVA JANAINA FAGUNDES ANÁLISE MORFOLÓGICA DA DISTRIBUIÇÃO ARTERIAL DO PALATO EM PACIENTES DENTADOS E EDENTADOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Prof. Emerson Alexandre Sgrott. Itajaí, (SC) 2010 2 FOLHA DE APROVAÇÃO 3 AGRADECIMENTOS Agradecemos a Deus, por ter nos concedido o dom da vida e da inteligência. Agradecemos aos nossos pais sem os quais não teríamos conseguido alcançar esta vitória. Agradecemos aos nossos amigos cuja participação na nossa formação foi fundamental. Agradecemos ao nosso orientador, professor Emerson Alexandre Sgrott, pela sabedoria em orientar e pelos conhecimentos transmitidos. 4 SUMÁRIO ARTIGO................................................................................................................. 05 REVISÃO DE LITERATURA................................................................................. 19 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS...................................................................... 28 ANEXO................................................................................................................... 31 5 ARTIGO 6 Análise morfológica da distribuição arterial do palato em pacientes dentados e edentados. Morphological Analysis of the arterial distribution of the palate in dentate and edentulous patients. Gabriela Bittencourt Ramos da Silva1 Janaina Fagundes1 Emerson Alexandre Sgrott2 Endereço do autor responsável Emerson Alexandre Sgrott Rua Felipe Schmidt, 31 88350-075–Brusque– SC Fone: (47)- 3044-1020 E-mail: [email protected] 1 Acadêmicas do Curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí; bolsistas de Iniciação Científica. Email: [email protected]; [email protected]. 2 Mestre e Doutor em Ciências - Anatomia pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP; Doutorando em Odontologia - Prótese Dentária - Centro de Pesquisas Odontológicas; Membro efetivo da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor; Especialista em Prótese Dentária pela Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI; Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial - Universidade Federal de São Paulo Brasil/Universidade de Gottemburg - Suécia; Programa de Estágios: Department of Psychology and Orofacial Pain Center, University of Kentucky, College of Dentistry, Lexington, USA. Supervisão Prof. J.P. Okeson; Programa de Estágios: Department of Oralfacial Pain, University of Jonkoping, Department of Dentistry, Jonköping, Suécia. Supervisão Prof. J.P. Okeson; Programa de Estágios: Department of Oralfacial Pain, University of Jonkoping, Department of Dentistry, Jonköping, Suécia. Supervisão Prof. Gunnar Carlson; Pesquisador associado à Universidade Federal de São Paulo/ Escola Paulista de Medicina. E-mail:[email protected]. 7 Análise morfológica da distribuição arterial do palato em pacientes dentados e edentados. Morphological Analysis of the arterial distribution of the palate in dentate and edentulous patients. Resumo: Objetivo: Investigar a anatomia dos vasos da mucosa palatina, utilizando um método que revela toda a arborizacao arterial. Materiais e Métodos: Para o referido estudo, foram utilizados seis cadáveres de ambos os sexos, jovens e adultos, dentados e edentados, fixados em solução formalina a 10%, pertencente ao Laboratório de Anatomia, Disciplina de Anatomia Descritiva e Topográfica da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, onde as amostras foram dissecadas, diafanizadas e injetadas com uma solução de Látex tingido com corante de tintas Suvinil®, da cor vermelha. Resultados: Integraram a pesquisa 6 palatos incluindo 3 edentados e 3 dentados. Pode-se observar através dos gráficos e tabelas que não ocorre variação significativa entre a distribuição arterial do palato em pacientes dentados e edentados, tendo em vsta que há uma escassez na literatura odontológica em relação a estudos que busquem esta descrição tão detalhada quanto a anatomia vascular do palato. Conclusão: Através da análise dos gráficos e tabelas, pode-se observar que não ocorre variação significativa entre a distribuição arterial do palato em pacientes dentados e edentados. Palavras Chave: Anatomia; Diafanização; Palato; Vascularização. Abstract: Objective: To investigate the anatomy of the vessels of the palatine mucosa, using a method that reveals the entire arborization pressure. Materials and Methods: For this study, we used six cadavers of both sexes, young and adult dentate and edentulous fixed in 10% formalin solution, belonging to the Laboratory of Anatomy, Department of Descriptive and Topographic Anatomy, University of Vale Itajaí – UNIVALI, where the samples were dissected, cleared and injected with a solution of Latex dyed with dye inks Suvinil ®, the color red. Results: Integrating research palates including 6 3 3 edentulous and dentate. It can be observed through the graphs and tables that no significant variation occurs between the 8 arterial distribution of the palate in patients with teeth and edentados, considering that there is a shortage in the dental literature for studies that seek this description as detailed as the vascular anatomy of the palate. Conclusion: Through the analysis of graphs and tables, we can observe that there is significant variation between the arterial distribution of the palate in dentate and edentulous patients Through the analysis of graphs and tables, we can observe that there is significant variation between the arterial distribution of the palate in dentate and edentulous patients. Keywords: Anatomy ; Clearing; Palate; Vascularization. Introdução As artérias que irrigam o palato são ramos que penetram no interior da mucosa palatina, rica em tecido ceratinizado. Estas encontram-se na região posterior em número de duas, as palatinas maiores, e duas anteriores, as nasopaltinas, podendo esta última ser única 8. A artéria palatina maior chega a região pelo forame palatino maior; e a nasopalatina, entra na região pelo canal incisivo. A artéria palatina maior é o maior vaso de importância cirúrgica da região que irriga grande parte do palato, situando-se num sulco ósseo escavado a pouca distância da margem alveolar, acompanhada pelo nervo palatino maior 3. Dirigindo-se para diante, a artéria envia ramos mediais e laterais. A incisão dos abscessos palatinos que se originam na altura do primeiro molar, nunca deve ser feita por uma incisão transversal, mas sim, no sentido anteroposterior. A incisão deve ser feita o mais próximo possível do bordo livre da gengiva, sem atingir o abscesso. O bordo cortante do bisturi deve ser dirigido para fora e para cima e não em linha reta para cima. Quando essas manobras são lembradas, esta se evitando a lesão acidental da artéria palatina. Quando a artéria é seccionada, é quase impossível estancar a hemorragia pelo simples pinçamento arterial, ou por tamponamento e algumas vezes é necessário fazer a ligadura da artéria carótida externa 19. Deve ser observada também a anatomia deste vaso em incisões na mucosa do palato a fim de remover tecido conjuntivo utilizado em enxertias de mucosa, em cirurgias estéticas 9 periodontais. Este vaso tem profundidade variável, podendo encontrar-se muito próximo do osso palatino e maxila, bem como apresentar ramos próximos á superfície da mucosa, o que requer cuidados especiais em enxertos do palato. O enxerto deverá compor-se de epitélio e uma fina camada de tecido conjuntivo adjacente 12. Cirurgias de reconstruções ósseas e após fratura e enxertia óssea requerem também o conhecimento destes vasos, já que em alguns momentos o cirurgião irá se valer desta distribuição para unir a mucosa, bem como acessar a região do palato que representam o assoalho da cavidade nasal 5. Por último, é de grande valia o conhecimento da anatomia vascular do palato em cirurgias para o fechamento de comunicações buconasais, em especial em casos de lábio leporino.4. Sendo assim, preocupados com a gama de acessos e a necessidade de conhecer a anatomia destes vasos, a proposta desta pesquisa foi investigar a anatomia vascular da mucosa palatina, utilizando um método que revela toda a arborização arterial, diafanizando, clareando todos os tecidos da mucosa, mantendo somente as artérias infiltradas com látex vermelho, descrevendo-as em cada região topográfica do palato, bem como suas conexões bilaterais, calibres e anastomoses. Materiais e Métodos O projeto referente a esta pesquisa foi submetido à avaliação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Vale do Itajaí - SC, obtendo parecer favorável de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde com o processo de número 284/09. Para o referido estudo, foram utilizados seis cadáveres de ambos os sexos, jovens e adultos, dentados e edentados, fixados em solução formalina a 10%, pertencente ao 10 Laboratório de Anatomia, Disciplina de Anatomia Descritiva e Topográfica da Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Para a dissecação e remoção da mucosa do palato, foram utilizados os seguintes materiais: pinça anatômica, tesoura castroviejo, pinça adson, tesoura reta 12 centímetros, bisturi lâmina 15 e 22 e descolador de Molt. Para o aprimoramento das dissecações foi utilizado um microscópio operatório com aumento 40X da marca Df Vasconcelos e um Paquímetro Starret®. Para a diafanização foram utilizados: Becker 1 litro, agitadores de vidro, alcoômetro Gay-Lussac, pinça anatômica, solução de KOH (hidróxido de potássio) e soluções de álcool (70%,80%,90% e absoluto). No recebimento do corpo, doado para a instituição, foi preparada uma solução de látex tingido com corante de tintas Suvinil®, da cor vermelha. Com o cadáver ainda fresco, foi realizada uma incisão na região do trígono femoral e localizado a artéria femoral. Na artéria canulada foram injetados dois litros da solução de látex vermelho preenchendo todos grandes vasos arteriais. Após a injeção do látex, foi feita uma incisão intra-sulcular na mucosa interna do palato acompanhando a margem de cada dente superior. Após isto, foi feita uma incisão transversal na região do palato mole, ligado os dois hámulos pterigóideos e no sentido diagonal, do hámulo a cada túber, chegando até a incisão intra-sulcular dos dentes.Desta forma, toda a mucosa palatina está isolada, restando somente seu descolamento do osso.Com o descolador de Molt, removemos a mucosa palatina de forma total e acondicionamos numa solução neutra. Com a peça já fixada no formol, iniciou-se o processo de desidratação que consiste em banhos de álcool, iniciando pelo de concentração 70% e aumentando 10% desta concentração de 3 em 3 dias até chegar no álcool absoluto. Para verificar a concentração da solução é 11 utilizado o alcoômetro de Gay-Lussac. Após a retirada da peça da solução de álcool absoluto, emergimos esta em solução KOH a 10% causando a diafanização da peça, tornando a mucosa totalmente transparente, deixando a mostra os vasos palatinos injetados em látex vermelho. Retiramos a peça desta solução e colocamos em glicerina. Após a diafanização foram avaliados: o número de artérias que a mucosa palatina apresenta; o calibre das artérias palatinas maiores na sua origem e ramos finais; o número de anastomoses existentes entre as duas artérias palatinas maiores; o calibre das anastomoses entre as duas artérias palatinas maiores; o número de anastomoses existentes entre artéria palatina maior direita com a artéria nasopalatina; o número de anastomoses existentes entre artéria palatina maior esquerda com a artéria nasopalatina; o calibre das anastomoses entre cada artéria palatina maior com a artéria nasopalatina; a presença de ramos da artéria palatina maior na região de mucosa que recobre o osso alveolar palatino direito e a presença de ramos da artéria palatina maior na região de mucosa que recobre o osso alveolar palatino esquerdo. Desenvolvimento Os dados foram comparados quanto à presença, lado e vaso envolvido na pesquisa comparando em dentados e edentados e seguem nas tabelas e gráficos a seguir: 12 Dentados Palato 1 Direito Esquerdo 3 2 Questões 1-Número de artérias que a mucosa palatina apresenta: 2-Calibre das artérias palatinas maiores na sua origem e ramos finais: 1,4 3-Número de anastomoses entre as duas artérias palatinas maiores: 1 4-Média do calibre das anastomoses entre as duas artérias palatinas maiores: 0,4 5-Anastomoses existentes entre artéria palatina maior direita com a artéria nasopalatina: 1 6-Anastomoses existentes entre artéria palatina maior esquerda com a artéria nasopalatina: 1 7-Média do calibre das anastomoses entre a artéria palatina maior com a artéria nasopalatina: 0,5 8-Presença de ramos da artéria palatina maior na região de mucosa que recobre o osso alveolar palatino direito: 5 8-Presença de ramos da artéria palatina maior na região de mucosa que recobre o osso alveolar palatino esquerdo: Tabulação dos dados referentes aos palatos dentados. (em milímetros) 1,3 0,7 Palato 2 Direito Esquerdo 3 1 1,2 1,6 1,1 6 2 0,2 0,5 1 2 1 1 0,5 0,4 5 4 Palato 3 Direito Esquerdo 2 2 0,4 1,3 0,5 3 3 3 13 Edentados Palato 4 Direito Esquerdo 1 3 Questões 1-Número de artérias que a mucosa palatina apresenta: 2-Calibre das artérias palatinas maiores na sua origem e ramos finais: 1,4 3-Número de anastomoses entre as duas artérias palatinas maiores: 2 4-Média do calibre das anastomoses entre as duas artérias palatinas maiores: 0,3 5-Anastomoses existentes entre artéria palatina maior direita com a artéria nasopalatina: 1 6-Anastomoses existentes entre artéria palatina maior esquerda com a artéria nasopalatina: 1 7-Média do calibre das anastomoses entre a artéria palatina maior com a artéria nasopalatina: 0,5 8-Presença de ramos da artéria palatina maior na região de mucosa que recobre o osso alveolar palatino direito: 4 8-Presença de ramos da artéria palatina maior na região de mucosa que recobre o osso alveolar palatino esquerdo: Tabulação dos dados referentes aos palatos edentados. (em milímetros) 1,5 0,5 Palato 5 Direito Esquerdo 2 1,8 1,6 1,2 4 4 0,3 0,3 1 1 2 1 0,4 0,6 5 3 Palato 6 Direito Esquerdo 2 0,6 1,1 0,3 7 4 4 14 Gráfico 1 Gráfico 1: Gráfico das médias de cada questão divididas em dentado e edentado e com diferenciação por lado. Gráfico 2 Gráfico 2: Gráfico das médias de cada questão dividida em dentado e edentado, sem diferenciação por lado. 15 Pode-se observar através dos gráficos e tabelas que não ocorre variação significativa entre a distribuição arterial do palato em pacientes dentados e edentados. Assim, procuramos mencionar os nossos próprios resultados, e dentro do possível, comparar com a literatura pertinente ao assunto. Vários autores (NEWMAN,TAKEL E CARRANZA 2004; HADDAD ET AL 2007; HARDIANTO,ZHANG E ZHANG 2007) enfatizam a importância do conhecimento da vascularização arterial palatina em cirurgias de remoção de tecido conjuntivo para enxertias de mucosa em cirurgias periodontais estéticas, reconstruções ósseas, fechamentos de comunicações buconasais, implantodontia dentre outras. Madeira (2001) cita em sua pesquisa algumas diferenças entre a maxila dentada e a maxila edentada, porém neste estudo não foram observadas diferenças entre a vascularização arterial das amostras. Concordamos também com Sicher e Dubrul (1977) e Figun e Garino (1994) que em seu estudo afirmam que a artéria palatina anterior penetra na cavidade bucal através do buraco palatino ou forame palatino maior, situado do lado lingual do último dente molar superior e no bordo entre a lâmina interna do osso alveolar e o teto da cavidade bucal. Figún e Garino (1994) afirmaram que a artéria palatina maior é o maior vaso e de importância cirúrgica da região que irriga grande parte do palato, percebemos em nosso estudo que a afirmação é evidente; obtendo uma média de calibre da amostra dentado direto:1,2mm ;dentado esquerdo 1,4mm; edentados direto 1,4mm e edentados esquerdo 1,4mm. Devido à aproximação das artérias ao periósteo a manipulação to tecido palatino é considerada relativamente segura, de acordo com Sgrott e Moreira (2010). Conclusão 16 Pode-se observar através dos gráficos e tabelas que não ocorre variação significativa entre a distribuição arterial do palato em pacientes dentados e edentados. Vale lembrar que há uma escassez na literatura odontológica em relação a estudos que busquem esta descrição tão detalhada quanto a anatomia vascular do palato. É de grande valia que se realizem estudos posteriores a este, com o objetivo de avaliar a vascularização maxilar, para que assim o cirurgião dentista possa realizar os procedimentos necessários para cada caso com mais segurança para o paciente. Referências 1. Bell WH. Revascularization and bone healing after anterior maxillary osteotomy: a study using adult rhesus monkeys. J Oral Surg.1969; 27; 249-55. 2. Consolaro, A. et al. Lesões necróticas na disjunção palatina: explicação e prevenção. R. Dental. Press. Ortodon. Ortoped. Facial.2009;14(5):20-26. 3. Figún ME, Garino RR. Anatomia odontológica funcional e aplicada. Medicina Panamericana, 1994; 3:192. 4. Haddad AS, Odontologia para pacientes com necessidades especiais. Santos.2007: 723. 5. Hardianto YJ A, Zhang ZY, Zhang CP. Reconstruction of a palatomaxillary defect with vascularized iliac bone combined with a superficial inferior epigastric artery flap and zygomatic implants as anchorage. Int. j. oral maxillofac. surg.2007; 36: 854-57, 17 6. Jacobs R. et al. Neurovascularization of the anterior jaw bonés revisited using highresolution magnetic resonance imaging. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol.Oral Radiol. Endod.2007; 103: 683-93. 7. Johnson DR, Moore WJ. Anatomia para estudantes de odontologia. Guanabara Koogan.3;1999. . 8. Luz HP, Sgrott EA. Anatomia da cabeça e do pescoço.UNIVALI. 2005; 155. 9. Madeira MC. Anatomia da face: bases anátomo-funcionais para a prática odontológica. 3: Sarvier.2001: 51. 10. Morita K, Iwasa T, Imaizume F, Negishi A, Omura K. A case of maxillary duplication with a soft palate reconstruction using a foream flap. Int. j. oral maxillofac. surg.2008; 37(9):862-65. 11. Mraiwa N. et al. The nasopalatina canal revisited using 2D and 3D CT imaging. Dentomaxillofacial Radiology.2004;33:396-02. 12. Newman MG, Takel, GH, Carranza FA. Periodontia clínica. Guanabara Koogan, 2004. 9:762. 13. Oliveira HW, Dielbold E, Silva AMM. Avaliação da região maxilar em imagens de TC por raios X para o uso em implantodontia e cirurgia bucomaxilofacial. Rev. Canal Científico.2006. 18 14. Pinjala RK, Josh IS, Rammurti S. Traumatic pseudoaneurysm of the internal maxillary artery. Eur. j. vasc. endovasc. Surg.2007; 14(5):54-55. 15. Reiser GM, Bruno JF, Mahan PE, Larkin LH. The subepithelial connective tissue graft palatal donor site: Anatomic considerations for surgeons. Int. J. Periodontic Restorative Dent.1996;16(12):130-37. 16. Sarukawa S. et al. Immediate maxillary reconstruction after malignant tumor extirpation. Eur. j. surg. oncol.2007; 33:.518-23. 17. Schmidt BL. Maxillary reconstruction using zygomaticus implants. Atlas oral maxillofac. surg. clin. North. Am.2007; 15:.43-49. 18. Sgrott EA, Moreira RS. Anatomia Aplicada à Implantodontia. Santos.2010:190-94. 19. Sicher, Dubrul EL. Anatomia bucal. 6.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1977;511. 20. Toledo LJF. et al. Anatomia mesoscópica das artérias e nervos do palato mole. Rev. Unimar Cienc.1993;1: 19 REVISÃO DE LITERATURA 20 Bell (1969) foi pioneiro em discutir a revascularização e cicatrização óssea em segmentos osteotomizados na maxila. Estudou as osteotomias em macacos Rhesus, concluindo que havia cicatrização óssea por união primária por volta da sexta semana pós-operatória. Esta revascularização do segmento osteotomizado da maxila acontece devido à manutenção do pedículo lateral e da integridade dos tecidos do palato mole, os quais recebem irrigação das anastomoses das artérias faríngea ascendente e palatina menor, mesmo quando a artéria palatina descendente for lesionada. Sicher e Dubrul (1977) afirmaram que a artéria palatina anterior penetra na cavidade bucal através do buraco palatino, que está situado do lado lingual do último dente molar superior e no bordo entre a lâmina interna do osso alveolar e o teto da cavidade bucal. Dirigindo-se para diante, a artéria envia ramos mediais e laterais. A incisão dos abscessos palatinos que se originam na altura do primeiro molar, nunca deve ser feita por uma incisão transversal, mas sim, no sentido anteroposterior. A incisão deve ser feita o mais próximo possível do bordo livre da gengiva, sem atingir o abscesso. O bordo cortante do bisturi deve ser dirigido para fora e para cima e não em linha reta para cima. Quando essas manobras são lembradas, está se evitando a lesão acidental da artéria palatina. Quando a artéria é seccionada, é quase impossível estancar a hemorragia pelo simples pinçamento arterial, ou por tamponamento e algumas vezes é necessário fazer a ligadura da artéria carótida externa. Toledo Filho et al. (1993) realizaram uma pesquisa utilizando dezesseis amostras fixadas em solução de formalina a 10% no qual se observou que a artéria palatina maior apresentou-se simples ou dupla; a dupla foi denominada anterior e posterior , emitindo ramos para o palato mole; quanto à origem, essa artéria pode ocorrer ao nível do limite superior do canal palatino ou no seu interior. As artérias palatinas maiores, exceto em um caso, e as artérias palatinas menores apresentaram relação ântero-posterior. Figún e Garino (1994) explicaram que a artéria palatina maior chega à região pelo forame palatino maior, e a nasopalatina, entra na região pelo canal incisivo. A artéria palatina maior é o maior vaso e de importância cirúrgica da região que irriga grande parte do palato, situando-se num sulco ósseo escavado a pouca distância da margem alveolar, acompanhada pelo nervo palatino maior. 21 Reiser et al. (1996) estudaram a localização da artéria palatina maior, pois estavam preocupados com a escolha de áreas doadoras de mucosa para enxertos gengivais. A partir dos pré-molares e molares, entre a junção esmalte-cemento e o sulco ósseo palatino, por onde passa a artéria palatina maior, consideraram a distância variável de 7 a 17 mm. Foram estabelecidos no estudo os seguintes parâmetros: quando o palato tiver a abóboda alta ou em forma de “U”, a artéria estaria em média, a 17 mm da junção amelocementária; nos casos médios, a artéria estaria em média a 12 mm da junção amelocementária; quando o palato for raso, a distância seria, em média, de 7 mm. A artéria palatina maior emerge do forame palatino maior, percorre em direção anterior do palato, paralelo aos dentes posteriores e na altura dos caninos, angula-se em sua direção. Segundo Johnson e Moore (1999) o esqueleto do palato duro é fornecido pelos processos palatinos das maxilas e pelos processos horizontais dos ossos palatinos. Sua face oral é coberta pela túnica mucosa revestida por epitélio escamoso estratificado. A partir da região do forame palatino maior para frente, até os dentes caninos, a túnica mucosa do palato recebe sua inervação sensitiva do nervo palatino maior; após emergir do forame palatino maior, o nervo corre para frente ao longo de uma linha curvada situada aproximadamente na metade do caminho entre a margem gengival do palato e a linha mediana do palato. Ele se situa próximo do osso, frequentemente em um sulco distinto, situado na lâmina submucosa da zona intermediária. O nervo palatino maior também carrega fibras pós-ganglionares parassimpáticas provenientes do gânglio pterigopalatino para as glândulas palatinas. A túnica mucosa situada na região incisiva do palato duro é inervada pelo nervo nasopalatino, que emerge no palato duro através da fossa incisiva. O suprimento sanguíneo de todo o palato duro é fornecido pela artéria palatina maior. Este vaso emerge do forame palatino maior e passa para frente, lateral ao nervo nomeado correspondente, situado na submucosa na zona intermediária do palato. Ela continua para frente, em direção à região incisiva, e passa através da fossa incisiva para suprir uma pequena área da túnica mucosa dentro da cavidade do nariz. Afirmam também que o palato pode ser dividido em duas partes de estrutura e função diferentes. Anteriormente está o palato duro, que forma a partição entre as cavidades do nariz e da boca. O palato mole está preso à margem posterior do palato duro e se projeta posteriormente na faringe, separando suas partes nasal e oral. O esqueleto do palato mole é formado pela aponeurose 22 palatina fibrosa, à qual estão presos numerosos músculos. O palato mole é, assim, altamente móvel e seus movimentos são importantes, impedindo que alimento e bebida entrem na parte nasal da faringe e no nariz durante o ato da deglutição. A lâmina submucosa do palato duro varia em espessura de uma região do palato para outra e está completamente ausente em algumas áreas. Esta variação produz as zonas, que são facilmente reconhecíveis na boca do indivíduo vivo. Menciona também que a artéria maxilar entra na fossa pterigopalatina através da fissura pterigomaxilar. Ela passa através da fossa e depois através da fissura orbital inferior para entrar na órbita, onde é conhecida como artéria infraorbital. A terceira parte da artéria maxilar dá origem aos ramos palatino, nasal e faríngeo que acompanham os ramos correspondentes do gânglio pterigopalatino. Também dá origem à artéria do canal pterigóide, que ocorre posteriormente através do canal para suprir a parte nasal da faringe e a cavidade timpânica. Quando a artéria maxilar entra na fossa pterigopalatina, dá origem ao ramo alveolar superior posterior, que ocorre com os ramos correspondentes do nervo maxilar para suprir os dentes posteriores superiores e estruturas adjacentes. A artéria alveolar superior posterior pode dar origem a um ramo bucogengival considerável, que corre para frente na face posterior e depois na face anterior da maxila, abaixo do processo zigomático, pode alcançar a região infraorbital, onde pode anastomosar-se com a artéria infraorbital. Geralmente está acompanhada por uma veia que é tributária da veia facial. Segundo Madeira (2001) o nervo palatino transmite a sensibilidade proveniente da mucosa do palato duro desde a região do canino até o limite anterior do véu palatino. Seus filetes nervosos penetram no forame palatino maior e no interior do canal palatino maior recebem fibras dos nervos palatinos menores oriundos do véu palatino, por meio dos forames do mesmo nome e ramos nasais posteriores inferiores que inervam as porções posteriores da cavidade do nariz e septo nasal. A união destes três nervos do canal palatino maior forma um tronco denominado nervo palatino. Próximo à extremidade superior, o nervo palatino atravessa, na maioria das vezes, o gânglio pterigopalatino sem, entretanto, manter relações funcionais com ele. O nervo nasopalatino, proveniente da mucosa da região anterior do palato duro, localizado entre canino e incisivo central e da mucosa da região anterior do septo nasal alcança a fossa incisiva, atravessando o forame incisivo e percorre o septo nasal em direção superior e posterior até o teto desta cavidade. Na maxila as modificações de edentados mais comuns são as seguintes: 23 1. O forame incisivo pode ser encontrado próximo à superfície lingual do rebordo residual; 2. A espinha nasal anterior fica muito próxima do rebordo residual; 3. O palato ósseo deixa de ser arqueado e torna-se aplainado e mais raso; 4. Um toro palatino pode surgir e, seguindo suas dimensões, demandar remoção cirúrgica; 5. A crista zigomaticoalveolar pode alcançar o próprio rebordo residual; 6. O hámulo pterigóide pode fazer saliência abaixo do nível da crista residual; 7. O seio maxilar amplia-se pela reabsorção de suas paredes; o soalho pode ficar muito próximo do rebordo residual e deiscências podem aparecer devido à sua delgadez; 8. A tuberosidade da maxila, às vezes, é muito grande e baixa, devido à perda precoce dos molares inferiores e longa retenção dos superiores, que continuam a erupcionar levando consigo o processo alveolar. No entender de Mraiwa et al. (2004) o canal nasopalatino pode apresentar variações anatômicas importantes, tanto no que diz respeito à morfologia e dimensões. Para evitar possíveis complicações durante procedimentos cirúrgicos, como a colocação do implante, uma observação cuidadosa pré-operatória é necessária. Imagem transversal pode ser usada para determinar a morfologia do canal e as dimensões e para avaliar a largura anterior do osso para a colocação do implante. No estudo foram utilizados um material de 34 escaneamentos CT espiral para planejamento pré-operatório de colocação de implantes na maxila. Uma varredura foi realizada com uma exposição e um protocolo padrão de posicionamento do paciente. Imagens 2D e 3D TC helicoidal foram cuidadosamente examinadas para a localização, morfologia e as dimensões do canal nasopalatino por dois observadores independentes. A comparação foi feita entre 2D e 3D.O canal nasopalatino aparece tipicamente como um canal com uma média (desvio padrão (SD)), comprimento de 8,1mm. Sua abertura palatal é o forame incisivo, com uma média (SD) interno de 4,6mm. Ao nível do assoalho nasal frequentemente 2 (morfologia Y canal), mas às vezes 3 ou 4 aberturas podem ser observados. Em casos especiais, o canal mostrou-se como um cilindro com uma única abertura nasal. A média (DP) largura máxima da estrutura do canal nasopalatino ao nível do assoalho nasal foi de 4,9mm. A largura bucopalatal da mandíbula, anterior ao canal foi de 7,4mm. A interpretação da morfologia do canal foi significativamente diferente quando comparado a observação da imagem 2D com uma estratégia de observação 2D/3D combinado. No entanto, as medições dimensionais do canal não foram significativamente diferentes para um 2D e uma abordagem combinada 2D/3D. 24 Newman, Takel e Carranza (2004) destacaram que deve ser observada também a anatomia da artéria palatina maior em incisões na mucosa do palato a fim de remover tecido conjuntivo utilizado em enxertias de mucosa, em cirurgias estéticas periodontais. Este vaso tem profundidade variável, podendo encontrar-se muito próximo do osso palatino e maxila, bem como apresentar ramos próximos à superfície da mucosa, o que requer cuidados especiais em enxertos do palato. O enxerto deverá compor-se de epitélio e uma fina camada de tecido conjuntivo adjacente. Luz e Sgrott (2005) afirmaram que as artérias que irrigam o palato são ramos que penetram no interior da mucosa palatina, rica em tecido ceratinizado. Estas encontram-se na região posterior em número de duas, as palatinas maiores e duas anteriores, as nasopalatinas, podendo esta última ser única. Conforme Oliveira, Diebold e Silva (2006), o uso de implantes na substituição de dentes perdidos tem sido uma prática convencional na odontologia dos tempos modernos. A colocação de implantes na maxila pode ocasionar a perfuração da região do seio maxilar, pela base do implante ou mesmo a penetração do implante no conduto nasoalveolar, o que poderá provocar desconforto ao paciente e comprometimento da integração do implante com o osso do maxilar. A tomografia computadorizada por raios X fornece a imagem de estruturas vasculonervosas e ósseas com alta resolução, tornando-a o método mais preciso na prática implantodológica evitando assim insucessos. Para Haddad et al. (2007) é de grande valia o conhecimento da anatomia vascular do palato em cirurgias para o fechamento de comunicações buconasais, em especial em casos de lábio leporino. Hardianto, Zhang e Zhang (2007) afirmaram que cirurgias de reconstruções ósseas e após fratura e enxertia óssea requerem também o conhecimento destes vasos, já que em alguns momentos o cirurgião irá se valer desta distribuição para unir a mucosa, bem como acessar a região do palato que representam o assoalho da cavidade nasal. Para evitar complicações em cirurgias, no entender de Jacobs et al. (2007), a dimensão da variabilidade da localização do forame nasopalatino deve ser levada em consideração principalmente na colocação de implantes em região de incisivos centrais, onde os ramos do canal nasopalatino se ramificam para a esquerda; e a direita, colocar um implante nestas regiões se torna arriscado demais. 25 Considerando-se que a neurovascularização é muito complexa e variável, recomenda-se cuidado e planejamento para evitar complicações cirúrgicas como hemorragias. Segundo Pinjala, Josh e Rammurti (2007), pseudoaneurismas são causados pela ruptura de artérias com extravasamento de sangue. A compressão perivascular óssea forma uma parede para o aneurisma. Esta parede gradualmente se expande e pode romper. É raro ver um pseudoaneurisma da artéria maxilar interna. Eles são usualmente associados com fraturas do ramo da mandíbula. Aneurismas da artéria maxilar interna podem ocorrer em qualquer parte do seu curso, mas é muito raro ver pseudoaneurismas no início do segmento da artéria maxilar interna sem a fratura do ramo da mandíbula; estes ocorrem geralmente quando há a fratura do corpo da mandíbula e maxila. Neste trabalho foi descrito o pseudoaneurisma traumático da artéria maxilar interna. Um motorista de 25 anos caiu de um carro em alta velocidade e feriu sua face. O cirurgião plástico fixou as fraturas de mandíbula e do lado esquerdo da maxila com um arco e arames dentais. Depois de 15 dias um inchamento pulsante foi notado na região parótida direita com um fluido liberado pelo olho direito. O paciente recebeu antibióticos de largo espectro e estava impossibilitado de abrir a boca devido à dor. O ortopantograma mostrou que a fixação dos ossos fraturados estava intacta. O angiograma MR e o angiograma digital mostraram um grande pseudoaneurisma na junção da artéria maxilar interna e na artéria temporal. Não houve comunicações com o lado oposto. Dois rolos fibrosos foram dispostos no ramo do pseudoaneurisma. As pulsações anormais desapareceram e a dor acalmou-se. O aneurisma trombosou. Após o procedimento a recuperação foi tranquila. Na literatura, há esporádicas publicações sobre aneurisma da artéria maxilar interna. O aneurisma pode ser causado por trauma, fraturas faciais, aspiração de objetos pontiagudos, osteotomias mandibulares e infecções. Alguns pacientes com câncer, após a radioterapia de face desenvolvem o aneurisma traumático da artéria maxilar interna. Pacientes com esta patologia podem apresentar dor, inchamento pulsante na região parótida com o nervo facial paralisado, epistaxes e sangramento oral ou de garganta dependendo do quadro de evolução do aneurisma. Neste paciente o inchaço foi notado 15 dias após a fixação das fraturas faciais. Escaneamento duplo, angiograma MR, angiograma espiral CT e angiograma digital foram usados no diagnóstico. Terapias endovasculares são métodos de preferência de tratamento com o mínimo de morbidez e eles mantêm a 26 integridade da artéria maxilar interna em alguns casos. Intervenções cirúrgicas são mais traumáticas e o nervo facial pode ser injuriado. Quando os métodos endovasculares falharem, a cirurgia pode ser considerada. Sarukawa et al. (2007) tiveram como objetivo avaliar todas as malignidades para maxilectomia para formular indicações e métodos de reconstrução maxilar imediata. Foram analisadas todas as maxilectomias para ressecção completa de tumores realizada a partir de 1992 a 2003, no Hospital Nacional de Câncer, Chiba, Japão. Os dados clínicos finais foram obtidos nos prontuários dos pacientes. Para cada maxilectomia, que registrou a pré-condição cirúrgica (álcool ou tabaco, cirurgia prévia ou quimioterapia/ radioterapia, e estádio clínico), detalhes cirúrgicos (perda sanguínea, e tempo cirúrgico), e pós-cirúrgico (complicações, terapia adjuvante, recorrência tumoral e do estado de ingestão via oral e voz). Os resultados foram: a média de perda total de sangue foi de 848 ml e 71 pacientes morreram dentro de dois anos após a cirurgia. Para defeitos tipo III do assoalho orbital, malha de titânio, osso vascularizado ou cartilagem foram utilizados para a reconstrução, mas a taxa de complicações pós-operatórias, não diferem entre titânio autoenxerto. Portanto, para reconstruir defeitos do assoalho orbital é recentemente utilizado apenas titânio. Para defeitos tipo I ou II, usamos autoenxerto apenas para determinados casos. Os autores concluíram que se deve preconizar por realizar cirurgia reconstrutiva menos invasiva após ressecção de tumor maxilar maligno devido à alta perda sanguínea. Schmidt (2007) analisou que a reconstrução maxilar após ressecção representa um dos maiores desafios para a reconstrução da região oral e maxilar. Várias técnicas reconstrutivas estão disponíveis, incluindo a construção de uma prótese obturadora, retalhos locais, e retalhos microvasculares. Foram analisados neste estudo, nove pacientes com ressecções maxilares extensas, que foram reconstruídos com uma combinação de 28 zigomáticos e 10 implantes endosseos padrão. Os resultados foram que não houve diferença na qualidade dos pacientes reconstruídos com um retalho microvascular e nas reconstruídas com uma prótese obturatora. Dez dos dezoito pacientes que foram reconstruídos com um retalho livre eram incapazes de usar uma prótese. Os autores concluíram que ficou demonstrado que o implante zigomático e os implantes endosseos padrão oferecem um método confiável para manter, apoiar e estabilizar um obturador maxilar após ressecção maxilar. 27 Segundo Morita et al. (2008), a reconstrução total ou subtotal do palato mole para defeitos orofaríngeos o qual inclui o pós-cirúrgico e defeitos congênitos, apresenta a dificuldade cirúrgica como um desafio. A insuficiência do véu palatino no presente caso é causada pela quase completa deficiência do palato mole, sugerindo que uma cirurgia convencional de faringe com pedaços mucocutâneos localizados não produzirão resultados favoráveis em termos de pós-operatório e contrações nos pedaços de enxertos na faringe. Neste caso, a reconstrução do palato mole usando cortes do antebraço vascularizados, acompanhado pela flexibilidade com relação ao tamanho e adequada espessura dos enxertos pode ser proveitosa. De acordo com Consolaro et al. (2009), o palato é irrigado anteriormente pela artéria esfenopalatina e posteriormente pelas artérias palatinas maior e menor. Na altura do canino, essas artérias podem anastomosar. Na parte anterior, a artéria esfenopalatina emerge do forame incisivo, cuja localização pode ser clinicamente reconhecida a partir da papila incisiva. Na parte posterior do palato, emerge a artéria palatina maior do forame palatino maior. Este forame localiza-se aproximadamente entre o segundo e terceiro molares. Logo na sua saída há um sulco por onde a artéria palatina maior percorre em direção anterior. Muitas vezes, nas margens desse sulco formam-se verdadeiras cristas ósseas. Esse local de emergência da artéria palatina maior pode ser percebido a palpação. Nessa região tem-se, a irrigação sanguínea secundária por parte da artéria palatina menor, que emerge dos forames palatinos menores e bem posteriormente localizados. As duas principais artérias do palato duro são do tipo terminal ou arboriforme. Apesar de eventuais anastomoses na altura dos caninos, se alguma redução do fluxo acontecer em uma das artérias, a isquemia provocada não será devidamente compensada por outros vasos e pode levar a região isquêmica à necrose. Segundo Sgrott e Moreira (2010), três artérias são responsáveis pela nutrição do palato, duas de origem posterior, as artérias palatinas maiores, e uma anterior, a nasopalatina. Estas se distribuem muito próximas ao periósteo, tornando a manipulação deste tecido relativamente segura. Apresentam ramos que permitem uma interconexão entre elas. A artéria alveolar superior posterior, que é um vaso sanguíneo bastante calibroso, mostra um trajeto que contorna a convexidade da tuberosidade do maxilar. Dirigindo-se para baixo e para frente, está intimamente relacionada com o osso e seu periósteo. Ao longo da tuberosidade do maxilar, a artéria alveolar superior fornece vários ramos que entram juntamente com os nervos 28 alveolares superiores posteriores, nos canais alveolares superiores. A artéria palatina descendente é um dos ramos terminais da artéria maxilar e nasce na fossa pterigopalatina. Descendo pelo sulco pterigopalatino e, depois, pelo canal do mesmo nome, a artéria palatina descendente atinge a cavidade bucal, através do forame palatino maior. O ramo principal da artéria palatina descendente que emerge através do forame palatino maior é denominado artéria palatina maior, que se dirige anteriormente, do forame palatino maior para a submucosa do palato duro, em um sulco entre o processo alveolar. A artéria palatina maior fornece numerosos ramos para a membrana mucosa e as glândulas do palato duro e a gengiva na face lingual do processo alveolar superior. Os ramos gengivais da artéria palatina anastomosamse com os ramos gengivais das artérias alveolares superiores. A parte terminal da artéria palatina maior, o ramo nasopalatino, alcança o forame incisivo, entra na cavidade nasal, onde se anastomosa com ramos septais da artéria esfenopalatina. 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BELL, W.H. Revascularization and bone healing after anterior maxillary osteotomy: a study using adult rhesus monkeys. J Oral Surg, Chicago, v.27, p.249-255, abr., 1969. CONSOLARO, A. et al. Lesões necróticas na disjunção palatina: explicação e prevenção. R. 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Unimar Cienc., Marília, v.1, 1993. 31 ANEXO 32 33 UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA GABRIELA BITTENCOURT RAMOS DA SILVA JANAINA FAGUNDES ANÁLISE MORFOLÓGICA DA DISTRIBUIÇÃO ARTERIAL DO PALATO EM PACIENTES DENTADOS E EDENTADOS Itajaí,(SC) 2010