UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ESPECIALIZAÇÃO latu sensu PRODUÇÃO E REPRODUÇÃO EM BOVINOS TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES EM BOVINOS, SUPEROVULAÇÃO, COLHEITA, SELEÇÃO E IMPLANTAÇÃO DOS EMBRIÕES Paulo Ramos da Silva Rio de Janeiro, nov. 2007 PAULO RAMOS DA SILVA Aluno do Curso de Especialização latu sensu Produção e Reprodução em Bovinos TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÔES EM BOVINOS. SUPEROVULAÇÃO, COLHEITA, SELEÇÃO E IMPLANTAÇÃO DOS EMBRIÕES Trabalho monográfico de conclusão do curso de Especialização latu sensu Produção e Reprodução em Bovinos (TCC), apresentado à UCB como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Produção e Reprodução em Bovinos, sob a orientação do Prof. Dr. Domingos de Faria Junior Rio de Janeiro, nov. 2007 TRANSFERÊNCIA DE EMBRIÕES EM BOVINOS, SUPEROVULAÇÃO, COLHEITA, SELEÇÃO E IMPLANTAÇÃO DOS EMBRIÕES Elaborado por Paulo Ramos da Silva Aluno do Curso de Especialização latu sensu Produção e Reprodução em Bovinos Foi analisado e aprovado com grau: ................................... Rio de Janeiro, ____ de _______________ de ______. ___________________________ Membro ___________________________ Membro ___________________________ Professor Orientador Presidente ii Rio de Janeiro, nov. 2007 Dedico este trabalho aos meus Pais, meus avós e minha tia, que não mediram esforços para me ajudar na conclusão deste curso de especialização. iii Agradecimentos Á minha família, pelo apoio e pela ajuda; Ao Prof. Dr. Domingos de Faria Junior, que me orientou na realização deste trabalho. A todos amigos e colegas que de forma direta ou indireta me ajudaram. E principalmente a Deus, que nos deu capacidade e inteligência para iv realizar sonhos e alcançar nossos objetivos. RESUMO A técnica de transferência de embriões (TE) foi um grande avanço nas biotecnologias ligas a reprodução animal, sendo utilizada como importante instrumento na seleção de animais com alto valor genético e econômico. A técnica promove a multiplicação deste material genético e aumenta a freqüência gênica de características desejáveis, explorando com grande intensidade a capacidade genética de cada animal. Isto é possível graças ao processo de superovulação, o que permite a produção de vários embriões de um mesmo acasalamento, e a possibilidade de serem realizadas várias coletas ao ano, permitindo uma variação muito grande de acasalamentos, acelerando assim o processo de seleção dos animais. ABSTRACT Embryo transference bovine technics, was a great advance in the animal reproduction biotechnology, been used how an important mode in the animals selection, and multiplication of genetic material. With the superovulation programme, who will produce many ovule, many products in one bout. With this technics is possible do sundry products with diferents crossing during the year, accelerating the system of animal selection. v SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 7 2. HISTÓRICO ....................................................................................................... 8 3. SELEÇÃO DA DOADORA ................................................................................. 8 3.1. SINAIS CLÍNICOS E REPRODUTIVOS.................................................................... 9 3.2. CONTROLE SANITÁRIO EFETIVO ........................................................................ 9 3.3. GENÉTICA ...................................................................................................... 9 3.4. NÍVEL DE RESPOSTA À SUPEROVULAÇÃO ......................................................... 10 4. SUPEROVULAÇÃO ......................................................................................... 10 4.1. TIPOS E DOSAGEM DE HORMÔNIOS...................................................... 12 4.1.1. ECG (ou PMSG)................................................................................... 12 4.1.2 .FSH ...................................................................................................... 12 4.2. PROTOCOLOS PARA SUPEROVULAÇÃO............................................... 13 5. COLHEITA DOS EMBRIÕES........................................................................... 14 5.1. LOCAL .......................................................................................................... 15 5.2. PREPARAÇÃO DA DOADORA............................................................................ 16 5.3. MATERIAIS PARA COLETA ............................................................................... 16 6. BUSCA DOS EMBRIÕES ................................................................................ 17 7. AVALIAÇÃO DOS EMBRIÕES ........................................................................ 17 7.1. CATEGORIAS ............................................................................................ 18 7.1.2. Mórula Compacta ................................................................................. 19 7.1.3. Blastocisto Inicial .................................................................................. 19 7.1.5. Blastocisto Expandido .......................................................................... 20 7.1.6. Blastocisto em Eclosão ........................................................................ 21 7.1.7. Blastocisto Eclodido ............................................................................. 21 7.2. QUALIDADE............................................................................................... 21 8. SELEÇÃO DAS RECEPTORAS ...................................................................... 22 9. TRANSFERÊNCIA OU IMPLANTAÇÃO DOS EMBRIÕES.............................. 23 10. CRIOPRESERVAÇÃO DOS EMBRIÕES....................................................... 24 10.1. CONGELAÇÃO ........................................................................................ 24 10.2. DESCONGELAÇÃO ................................................................................. 25 vi 11. CONCLUSÃO................................................................................................. 26 12. BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 27 7 1. INTRODUÇÃO Os índices reprodutivos e produtivos da pecuária brasileira estão muito abaixo do desejado. Os aumentos na produção de leite e carne, nas últimas décadas, ocorreram, em parte muito mais devido à expansão das áreas exploradas e aumento do efetivo de rebanho do que pelo aumento real da produtividade. Quanto mais maximizada for a produção, através da utilização de biotecnologias como inseminação artificial, sincronização estral, transferência de embriões e fecundação in vitro, tanto maior será a exigência de eficiência reprodutiva (NEVES et al., 2002). A transferência de embriões (T.E.) é técnica que visa aumentar o número de descendentes de uma fêmea durante a sua vida. Devido ao período de gestação dos bovinos ser de ± 275 dias e aos problemas pós parto, só conseguimos de cada vaca no máximo um bezerro a cada ano, isso com trabalho e controle reprodutivo excelente. Com a TE pode-se obter vários produtos ao ano. A técnica em si, consiste na administração de hormônio folículo estimulante FSH (hormônio hipofisário) possibilitando que a doadora produza várias ovulações, num processo denominado de superovulação . Em função do importante papel econômico e social dos rebanhos zebuínos na pecuária brasileira e do interesse nacional e internacional na aquisição e multiplicação de animais de elevado valor genético, o mercado de embriões cresceu bastante nos anos noventa (FONSECA et al., 2001). Cabe ressaltar que a T.E., por si só, não promove o melhoramento genético de nenhuma raça, ela apenas multiplica o material genético de uma doadora e do reprodutor utilizado. Desse modo, nos critérios utilizados para a escolha de uma doadora, além do econômico, sanitário e reprodutivo, deve 8 estar obrigatoriamente, o valor genético que o animal representa para o criatório, em particular, e para toda a raça em geral. 2. HISTÓRICO A primeira transferência de embriões (TE) com sucesso foi realizada em 1951 na Universidade de Cornell, nos Estados Unidos (KANAGAWA et al., 1995), sendo que a primeira transferência de embriões foi feita em coelhos, no ano de 1891. No decorrer destes anos, a técnica foi se aprimorando, sendo que no início, os procedimentos eram quase todos cirúrgicos. Com a evolução da técnica, os procedimentos foram sendo simplificados e, hoje em dia quase não se utiliza mais a cirurgia. Outro evento que possibilitou o grande salto para o desenvolvimento da técnica foi a descoberta das propriedades crioprotetoras do glicerol, no início da década de 50, o que possibilitou a congelação dos embriões excedentes. Em coseqüência disso, houve grande difusão de material genético através de sêmen e embriões congelados que passaram a ser comercializados. Também a técnica de congelação de embriões evoluiu muito, sendo que hoje temos a técnica da transferência direta, utilizando o etilenoglicol . Quase 90% das transferências de embriões com finalidade comercial em todo mundo, são feitas em bovinos (leiteiros e de corte). São nessas espécies que as técnicas estão mais desenvolvidas (CARDELLINO & OSÓRIO, 1999). 3. SELEÇÃO DA DOADORA O uso de biotécnicas intensificadoras das taxas reprodutivas tem como principal conseqüência, devido ao uso de menor número de pais para a 9 formação das próximas gerações, uma significativa mudança nas freqüências gênicas das populações. Se essas técnicas se utilizarem de material genético de alta e comprovada qualidade, um expressivo aumento no ganho genético será obtido (Ferraz, et al. 2001). O primeiro passo para iniciar um programa de T.E. é a seleção das doadoras que podem ser vacas ou novilhas, devendo ser os melhores animais da criação no caso dos animais já existentes no plantel, ou aquisições de animais com boa avaliação genética. Um critério importante, na compra de doadora, é optar sempre que possível por novilhas, ou no caso de vacas provadas, que elas tenham um histórico reprodutivo onde não conste nenhum problema, apresentado filhos com bom desempenho de produção. Estes animais devem possuir as características que queremos transmitir aos descendentes. Existem alguns critérios que devemos considerar e avaliar para selecionar uma receptora como: 3.1. Sinais clínicos e reprodutivos: A performance reprodutiva das matrizes doadoras está relacionada profundamente aos resultados e dá-se preferência aos animais com fertilidade comprovada, regularidade no intervalo entre cios, ausência de patologias uterinas e ovarianas. 3.2. Controle sanitário efetivo: Deve ser rígido, com exames frequêntes de brucelose e tuberculose, além de testes regulares de IBR, BVD e leptospirose. Esse controle deve ser realizado tanto na doadora quanto na receptora. 3.3. Genética: deve prevalecer a orientação técnica rigorosa aos acasalamentos, uma vez que os produtos devem ser melhorados em 10 relação aos progenitores. O teste de progêne constitui o principal papel na seleção de doadoras e touros para o programa de T.E. (NICOLAU, 2001) 3.4. Nível de resposta à superovulação: A variação do número de embriões após diferentes tratamentos superovulatórios tem sido atribuída a fatores individuais, utilizando tratamentos idênticos, dão obtidas respostas altamente variáveis. (Prado, 2005). 4. SUPEROVULAÇÃO Denomina-se superovulação ao aumento do número fisiológico de ovulações próprias da espécie, provocada mediante a administração de gonadotrofinas. No bovino, se considera que houve resposta ao tratamento quando se produzem mais de duas ovulações. A superovulação deve ser complementada com um regime ótimo de inseminação artificial, utilizando sêmen de excelente qualidade (CABODEVILA & TORQUATI, 2001). O hormônio folículo estimulante (FSH) tem função essencial no desenvolvimento dos folículos. O uso de FSH exógeno para induzir a superovulação é baseado nessa função fisiológica. Folículos em vários estágios de desenvolvimento estão normalmente presentes nos ovários, em qualquer tempo. Grupos consecutivos de folículos pequenos crescem, maturam e se degeneram ou ovulam. O FSH estimula o crescimento dos folículos pequenos. FSH exógeno reverte a atresia de folículos acima de 1,7mm. O hormônio luteinizante (LH) estimula a produção de andrógenos na teca interna. Andrógenos tecais são usados como precursores para a produção de estrógenos pelas células granulosas que foram estimuladas pelo FSH (BÉNYEI & BARROS, 2000). 11 O crescimento dos folículos ovarianos em bovinos ocorre em padrão denominado ondas de crescimento folicular, onde em um ciclo há normalmente a emergência de duas ou três ondas de crescimento folicular. Durante o ciclo estral uma onda de folículos emerge entre os dias 1 e 3 após o estro. São geralmente, em torno de 10 a 50 folículos neste grupo com o tamanho de 2 à 3mm cada. Nos dias subseqüentes, parte desses folículos crescem para 4 à 6mm, sendo que 2 à 5 folículos maiores do grupo continuarão a crescer enquanto que os outros regridem. Neste grupo de folículos pelo menos um continuará a crescer e se torna dominante, momento este denominado divergência, após isso essa onda na maioria das vezes inicia sua atresia (MOREIRA, 2002). Estes folículos a mais que se tornam “ovulatórios” pertencem a uma onda de desenvolvimento, e normalmente sofrem atresia. Com a indução hormonal fornecemos também a estes folículos condição para ovular. Não utilizamos hormônios visando a ovulação dos mesmos; a onda pré-ovulatória de LH que provocaria a ovulação de um folículo único no caso de um ciclo normal, é suficiente para induzir a ovulação de todos os que estiverem em condições para tal, após o processo de indução hormonal. Independente do tipo ou dose do hormônio utilizado, os mesmos não desenvolvem os folículos que já sofreram atresia, ou seja, o protocolo de superovulação deve ser iniciado numa fase da onda de desenvolvimento folicular onde o folículo dominante não tenha provocado o início da atresia dos folículos subordinados. O crescimento folicular pode ser sincronizado com diferentes drogas tal como progesterona, estradiol, uma combinação de progesterona e estradiol, 12 GnRH. O emprego de progesterona ou progestágenos em doses elevadas pode suprimir o suporte de LH para o folículo dominante induzindo assim atresia do folículo (THATCHER et al., 2001). 4.1. TIPOS E DOSAGEM DE HORMÔNIOS 4.1.1. ECG (ou PMSG): Trata-se de um hormônio denominado Gonadotrofina Coriônica Eqüina. É obtido do soro de éguas entre o 40o e o 100o dia de gestação e possui ação semelhante ao FSH e LH na mesma molécula. Atualmente não é muito utilizado devido os problemas de hiperestimulação (age por muito tempo devido a meia vida muito longa) e dos efeitos indesejáveis do LH, que pode provocar uma luteinisação prematura dos folículos antes da ovulação. A dose recomendada é uma única aplicação, do 9o ao 11o dia do ciclo e a aplicação de prostaglandina (PGF) dois dias mais tarde. 4.1.2 .FSH: É a preparação hormonal mais utilizada na superovulação de bovinos. A maioria dos produtos disponíveis hoje no mercado é de origem suína, sendo extraída da hipófise dos mesmos obtidos em matadouros. Um dos maiores problemas enfrentados por quem usa este produto é a variação existente entre as partidas, pois parece que os fabricantes não conseguiram padronizar a potência biológica destes hormônios de origem animal, problema este que será solucionado com a produção em laboratório deste produto (NICOLAU, 2001). Outro problema desta preparação comercial é que existe uma “contaminação” do FSH pelo LH que também é produzido pela hipófise do 13 suíno, possui uma semelhança estrutural com o FSH sendo difícil à separação de ambos. Como já foi dito um excesso de LH pode causar uma luteinisação precoce dos folículos. A literatura considera a relação máxima permitida entre FSH e LH seja de 5:1. A dose utilizada varia de acordo com o produto comercial, porém cabe ao técnico adequar a dose e o produto à cada animal em questão, infelizmente não existem padrões para a utilização dos mesmos nas diferentes raças existentes no país. Na tabela abaixo estão relacionados os principais produtos a base de FSH disponíveis no mercado nacional. Nome Laboratório Dosagem / Animal Schering 25 a 40 mg comercial FSH-p Plough FOLLTROPIN Leivas Leite 12 a 18 mg SUPER – OV Tyler (EUA) 75 UI OVAGEN ICP 12 a 18 mg PLUSET Serono 200 a 400 UI 4.2. PROTOCOLOS PARA SUPEROVULAÇÃO Existem diversos protocolos de superovulação, utilizando o cio natural ou em qualquer fase do ciclo estral. No cio natural inicia-se o tratamento préovulatório entre 8 à 12 dias após a manifestação do estro, coincidindo com o início da segunda onda folicular. Realizam-se 8 aplicações de FSH com intervalos de 12 horas, para aumentar o recrutamento dos folículos. No terceiro 14 dia da superovulação realizam-se 2 aplicações de prostaglandina com o intuito da luteólise do corpo lúteo, para que haja redução da progesterona e conseqüente pico de LH, correndo assim a ovulação (BÓ, 2002). Como se segue o protocolo abaixo. Protocolo 1 Dia Manhã 0 Estro Tarde 10 FSH 11 FSH 12 FSH 13 FSH 14 Cio FSH FSH FSH + PGF2α FSH IA 15 IA A introdução do benzoato de estradiol em protocolos de superovulação tem a função de suprimir o desenvolvimento folicular e sua resposta em tratamentos superovulatórios, sendo mais eficaz quando combinado com aplicação intramuscular de progesterona (P4) intramuscular na introdução de implante vaginal, CIDR®3, ou auricular, CRESTAR®4, de progesterona. Segue o protocolo abaixo. (Prado, 2005) Protocolo 2 Dia Manhã Tarde 0 4 P4 + E2 FSH ? CIDR FSH 5 FSH 6 FSH FSH FSH + PGF2α 7 FSH ? CIDR FSH 8 Cio 9 IA IA 5. COLHEITA DOS EMBRIÕES Os embriões bovinos, destinados a um programa de TE são obtidos por métodos não cirúrgicos. Sua recuperação e transferência com êxito dependem de vários fatores. Entre estes fatores estão: A vitalidade, pois os embriões precisam ser resistentes para suportarem a colheita do trato genital da doadora, a avaliação “in-vitro” e a transferência 15 para a doadora, passando meios e temperaturas variadas. O método utilizado na colheita dos embriões é o circuito fechado com fluxo descontínuo. Neste método se utiliza um cateter de duas vias, um tubo em “Y”de PVC estéril (Sonda de Foley), uma bolsa com líquido de lavagem (PBS de Dulbecco) e um filtro coletor de embriões estéril. A sonda de Foley utilizada é a de uso humano, devido ao seu baixo custo em relação ao de uso animal. Esta sonda possui vários tamanhos onde sua utilizada de acordo com o diâmetro da luz cervical. (Prado, 2005). A colheita de embriões bovinos é feita através de uma lavagem uterina, com auxílio da referida sonda instalada no corpo do útero. O líquido para coleta dos embriões é introduzido e recuperado do útero por gravidade e, posteriormente, filtrado (CNPT.EMBRAPA, 2001). É uma etapa relativamente simples do programa de TE que realmente depende do técnico. Envolve equipamento adequado, boa contenção da doadora, e sobre tudo sensibilidade e o conhecimento do profissional, executando os procedimentos com segurança e tranqüilidade. O processo de coleta tem algumas exigências: 5.1. Local: O local da coleta deve ser coberto, dispor de eletricidade, água corrente, possuir um tronco adequado para contenção da doadora e principalmente possuir uma condição boa de higiene. 16 5.2. Preparação da doadora: Primeiramente é feita a higienização da região perineal doadora com água, sabão e um anti-séptico,. Após a higiene é feita uma anestesia epidural baixa com Lidocaína (5 ml), que provocará uma paralisia nas contrações retais facilitando a manipulação dos equipamentos e do útero, além de auxiliar na contenção. 5.3. Materiais para coleta: Cateter de Foley, meio PBS de Dulbecco, mangueiras de silicone com “ Y ” para conexão no cateter, filtros, ambos esterelizados, além de placas de tomcat, seringa de 20 ml, agulhas 4x10 (epidural), pipetador automático ou seringa de insulina para manipular os embriões, placas de Petri (de vidro esterelizadas ou descartáveis) grandes e pequenas, meio SFB (soro fetal bovino) para “lavagem” dos embriões, paillet para envasamento, aplicador e bainha 0,25mm para implantação dos embriões. 5.4. Procedimento da coleta: Antes de introduzir a sonda, esta deve ser enxaguada com solução de lavagem uterina (PBS). Isto ajuda a lubrificar e eliminar as impurezas que poderiam ficar retidas depois da esterilização com óxido de etileno, que possui ação embriotóxica. Após a anestesia epidural, é feita a limpeza do reto, em seguida é introduzido o cateter de Foley e inflado o balão logo após o final do colo do útero, com o cateter em posição correta libera-se o PBS de Dulbecco até encher os cornos, faz-se uma massagem para movimentar o líquido e drena-se pela mangueira que está ligada ao filtro, não deixando o filtro esvaziar completamente, porém o líquido não pode encostar na tampa do filtro. Podemos também desprezar o líquido do lavado dentro de um recipiente graduado (1000 ml ou mais) para verificar se todo líquido que foi utilizado foi eliminado. É muito importante não deixar líquido no útero. Se a 17 lavagem ocorreu de maneira correta e sem problemas, o balão é esvaziado e o cateter retirado. 6. BUSCA DOS EMBRIÕES A busca é realizada com o auxílio de um Estereomicroscópio (lupa com aumento de 40x a 60x). Após a coleta se deixa apenas o mínimo de PBS necessário no filtro, que deve ser cuidadosamente lavado com mais PBS, epositando em seguida, o líquido em uma placa de Petri, esperar alguns minutos para a sedimentação dos embriões no fundo da placa para iniciar a busca e manipulação dos embriões com auxílio da lupa e do Tomcat. Simultaneamente devem estar preparadas as placas de Petri pequenas com soro fetal, onde são depositados todos os embriões encontrados, sendo necessária três passagens nos embriões pelo soro fetal. Após o terceiro banho os embriões são avaliados e classificados antes da implantação. 7. AVALIAÇÃO DOS EMBRIÕES Na avaliação morfológica de um embrião são considerados os seguintes critérios sobre as estruturas: Forma esferóide; Simetria dos blastômeros; Aparência clara e nítida dos blastômeros; Tonalidade escura e uniforme; Uniformidade da membrana celular; Proporcionalidade entre o embrião e o espaço perivitelíneo; 18 Integridade da zona pelúcia; Ausência de vacúolo no embrião e fragmentos celulares no espaço perivitelíneo; Ausência de fragmentos celulares aderidos à zona pelúcida; Compactação dos blastômeros entre si. As estruturas encontradas devem ser transferidas para outro recipiente, procurando-se mantê-las sempre agrupadas, pois a avaliação se torna mais apurada com a comparação entre as estruturas encontradas. A avaliação morfológica é muito, subjetiva, e cada profissional acaba desenvolvendo critério próprio de avaliação, pois nem sempre as estruturas que se encontram na literatura são iguais às estruturas encontradas na prática. Os embriões podem ser classificados por categorias e por qualidade de acordo com a SBTE (Sociedade Brasileira de Transferência de Embriões). 7.1. CATEGORIAS De acordo com a SBTE: 7.1.1. Mórula - Mo - Apresenta-se como uma massa de células com separação nítida entre os blastômeros, e ocupa quase a totalidade do espaço perivitelino. 19 Figura 2: Mórula – Fonte : SBTE 7.1.2. Mórula Compacta - Mo - Os blastômeros estão agregados entre si, formando uma massa compacta de células e ocupam cerca de 70% do espaço perivitelino. Figura 2: Mórula compacta – Fonte: SBTE 7.1.3. Blastocisto Inicial - Bi - Nesta fase pode ser observado o início da blastocele. Começa a ocorrer a diferenciação entre trofoblasto e botão embrionário. 20 Figura 3: Blastocisto inicial – Fonte: SBTE 7.1.4. Blastocisto - Bl - Ocorre uma evidente diferenciação entre células do trofoblasto e botão embrionário. Figura 4: Blastocisto – Fonte : SBTE 7.1.5. Blastocisto Expandido - Bx - O embrião ocupa todo o espaço perivitelino. O líquido da blastocele empurra o trofoblasto contra a membrana pelúcida. 21 Figura 5: Blastocisto expandido – Fonte: SBTE 7.1.6. Blastocisto em Eclosão - Bn - Início da saída da membrana pelúcida. 7.1.7. Blastocisto Eclodido - Be - O embrião está completamente livre da membrana pelúcida. Figura 7: Blastocisto eclodido – Fonte: SBTE 7.2. QUALIDADE Além das categorias os embriões também são separados pela qualidade. 22 7.2.1. Embrião I (excelente): é o embrião ideal, esférico. Os blastômeros estão bem agregados entre si e sua forma bem definida e homogênea e nenhuma célula extrusa. 7.2.2. Embrião II (Bom): existem poucas imperfeições sem importância com poucas células extrusas. Pode haver pequena alteração na forma e na coloração dos blastômeros e/ou presença de vesículas. 7.2.3. Embrião III (Regular): algumas células apresentam forma e coloração heterogênea, porém coesos. Células extrusas e a blastocele com algumas vesículas. 7.2.4. Embrião IV (Pobre): forma e coloração heterogênea, distinção celular confusa, degeneração e extrusão evidentes e grande número de vesículas. 7.2.5. Embrião Degenerado - Dg: grande desorganização celular; coloração tendendo a negra; sem forma definida. 7.2.6. Não fecundado - Nf: somente granulações. Sem nenhum contorno celular. 8. SELEÇÃO DAS RECEPTORAS As receptoras são de importância fundamental no processo de transferência de embriões, pois são elas que farão com que o embrião implantado se desenvolva durante o período da gestação. Deverão ser selecioadas de modo a ter grande possibilidade de parto sem complicações. E amamentação adequada do bezerro, propiciando o máximo de desenvolvimento do bezerro nesta fase. As receptoras utilizadas são, 23 normalmente, novilhas girolandas ou oriundas de cruzamento industrial (zebu x europeu). Normalmente utilizamos dois tipos de receptoras, sendo o primeiro tipo mais utilizado o das girolandas, que são animais dóceis, com boa produção leiteira e, dependendo da região, encontradas com facilidade. O segundo tipo de receptora mais utilizada são os animais meio-sangue, resultantes do cruzamento do nelore com alguma outra raça. Normalmente as raças mais encontradas e utilizadas com bons resultados são as meio-sangue simental, pardo suíço, etc. Estes animais têm como vantagem a facilidade de parto, por se tratar de animais grandes, boa produção de leite, e dependendo da região, encontradas com facilidade. Todas as receptoras devem apresentar exame negativo para tuberculose e brucelose, e também ser regularmente vacinadas contra leptospirose e IBR, dependendo do esquema de vacinação adotado na região. 9. TRANSFERÊNCIA OU IMPLANTAÇÃO DOS EMBRIÕES. Hoje em dia a transferência propriamente dita se dá de forma prática e rápida, sem necessidade de procedimento cirúrgico, como era feito inicialmente. O processo atual é semelhante ao procedimento de IA (Inseminação Artificial) utilizando os seguintes materiais: palhetas de 0,25 mm, seringa de 1 ml com adptador para palheta, aplicador com bainhas para palheta 0,25 mm, camisa sanitária, seringa de 10 ml, agulha 40x16 e xilocaína para anestesia epidural. 24 O procedimento é muito semelhante ao processo de IA. O embrião é envasado na palheta com PBS, depois monta-se a palheta na bainha e colocase o aplicador, enquanto se monta o aplicador a receptora já foi anestesiada e teve o reto limpo, a epidural é utilizada para facilitar a manipulação do útero pois diminui as contrações retais. O embrião é implantado no corno uterino epilateraltiver com Corpo Lúteo bem desenvolvido, ou seja, do lado que tenha o ovário com folículo ovulado, devendo ainda se avaliar o tamanho deste CL, que é critério utilizado para determinar a dispensa da receptora, devendo,para tanto existir animais reservas para a substituição. 10. CRIOPRESERVAÇÃO DOS EMBRIÕES. 10.1. CONGELAÇÃO A congelação de embriões é recurso utilizado o número de estruturas viáveis obtidas na colheita excede o de receptoras, não possibilitando a implantação de todos os embriões “a fresco”. Normalmente esses embriões excedentes são congelados quando apresentam classificação tipo I e II e zona pelúcida intacta. Na técnica de congelação convencional ou de equilíbrio, os embriões são colocados numa solução concentrada de glicerol (1,4M de PBS suplementado com BSA) a temperatura ambiente e mantido por 20 minutos para que ocorra o equilíbrio. Um embrião é colocado em uma palheta francesa de 0,25 ou 0,5 ml. Durante o processo de resfriamento, as palhetas sofrem a semeadura ou seeding (indução de cristalização, -4 a -7ºC), e o resfriamento é 25 continuado a uma taxa de 0,3 a 0,5ºC/min até -30ºC,quando os embriões bovinos são mergulhados no nitrogênio líquido (N2L). (Hafez, 2004) Esquema da disposição do embrião na palheta. Bucha Meio Ar Embrião + Meio Ar Meio Ar Meio Bucha 10.2. DESCONGELAÇÃO Na descongelação as palhetas contendo os embriões criopreservados são transferidas do tanque de estoque de nitrogênio e colocadas em banhomaria a 37 ºC e delicadamente agitadas na água até que o gelo tenha desaparecido. Quando descongelada a palheta, os embriões são retirados da mesma e depositados em uma placa de Petri, que contém solução de crioprotetor, onde podem ser facilmente observados com microscópio, contados e removidos com micropipeta. (Hafez, 2004). Os embriões devem ser re-hidratados por banhos em soluções de crioprotetores sucessivamente menos concentrados, para retirada dos mesmos interior do embrião. Após todo esse processo de descongelação e rehidratação dos embriões, eles estão prontos para serem transferidos. As concentrações de crioprotetor são demonstradas nas diluições abaixo: Solução 1 – PBS (BSA 0,4%) – 1 ml 10 ml Sol. Glicerol 10% - 6 ml Por 5 minutos Sol. Sacarose 1 M – 3 ml Solução 2 - – PBS (BSA 0,4%) – 4 ml 10 ml Sol. Glicerol 10% - 3 ml Por 5 minutos 26 Sol. Sacarose 1 M – 3 ml Solução 3 – PBS (BSA 0,4 %) – 7 ml 10 ml Sol. Sacarose 1 M – 3 ml Por 5 minutos O aquecimento rápido do processo de descongelação, limita a quantidade de crescimento de cristais de gelo o que em geral resulta na sobrevivência do embrião. Os embriões são sensíveis ao aquecimento rápido, presumivelmente como resultado de um grande estresse osmótico temporário que ocorre durante o aquecimento. Esse estresse ocorre na medida que o gelo e convertido em água livre, resultando na exposição temporária a uma solução que é hipertônica em relação ao interior das células. Os embriões devem absorver água de seu ambiente para permanecer em equilíbrio osmótico e para retornar ao seu volume isotônico normal. Uma vez que a maior parte das reações metabólicas é suspensa ou drasticamente reduzida durante a criopreservação, os embriões são bastante suscetíveis ao aquecimento ou choque de diluição nesse estágio. 11. CONCLUSÃO As técnicas de Transferência de Embriões (T.E.) e Superovulação (S.O.V.) se mostram muito eficientes na busca dos resultados desejados, como maior eficiência produtiva do rebanho, multiplicação do material e características genéticas desejadas, além de promover uma maior eficiência reprodutiva das fêmeas, conseguindo produzir mais de um bezerro por ano. 27 É uma técnica de fácil aplicação, no entanto requerem cuidados e critérios, como de seleção das doadoras, das receptoras, principalmente durante o processo de S.O.V. de implantação dos embriões colhidos e da congelação e descongelação das estruturas excedentes, pois os resultados podem não ser os desejados se esses critérios não forem seguidos É de extrema importância um profissional capacitado para aplicação da técnica, pois se a mesma for utilizada de forma errada vai causar grande perda genética e econômica. 12. BIBLIOGRAFIA ANDRADE, J.C.O.; OLIVEIRA, M.A.L.; SANTOS FILHO, A.S.; WISCHRAL, A.; LIMA, P.F.; SOUZA, D.M.B. 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