CAPA
F
Longe do
IDEAL
ROGÉRIO NEVES
Pesquisa do Idec verifica que os maiores bancos do país ainda engatinham quando
o assunto é Responsabilidade Social Empresarial. A maioria se limita a seguir
os parâmetros obrigatórios por lei para as políticas adotadas em relação aos
consumidores, trabalhadores e critérios socioambientais para financiamentos
oi-se o tempo em que o consumidor considerava apenas o preço na hora de escolher um produto ou serviço. Hoje, a preocupação com as práticas das empresas em
relação ao meio ambiente e à sociedade tem
influenciado na hora da compra. No entanto, a
falta de informação faz com que nem sempre o
consumidor consiga privilegiar as companhias
socialmente responsáveis. Para ajudar nessa tarefa, o Idec pesquisou as políticas de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) de um dos
principais setores da economia: os bancos.
A pesquisa avaliou as políticas adotadas
pelas seis maiores instituições financeiras do
país, de acordo com dados do Banco Central,
em relação aos consumidores, trabalhadores e
critérios socioambientais para a concessão de
financiamentos. Os bancos analisados foram:
Banco do Brasil (BB), Bradesco, Caixa Econômica Federal (CEF), HSBC, Itaú Unibanco e
Santander. A maioria deles atingiu a classificação “regular”. As exceções foram Banco do
Brasil, que alcançou a nota “bom”, e HSBC,
que por não ter respondido ao questionário
enviado pelo Idec, recebeu a classificação
“muito ruim”. “A preponderância da classificação “regular” deve-se ao fato de as políticas
bancárias se limitarem ao cumprimento da lei,
enquanto o que se espera de uma empresa
responsável é que adote princípios e assuma
práticas que vão além da legislação”, salienta
Mariana Ferraz, advogada do Idec responsável
pela pesquisa.
No caso do Banco do Brasil, que atingiu a
melhor marca na avaliação, suas respostas
apontam para o início de um entendimento do
que se espera de um banco responsável. No
entanto, vale ponderar que a instituição dá
ainda os primeiros passos nesse sentido, visto
que alçou à categoria “bom” por apenas 0,1
ponto de vantagem em relação à classificação
regular (veja a tabela com o resultado final da
pesquisa na coluna ao lado).
Vale ressaltar também que a análise se baseou nas respostas dadas pelos próprios bancos, e com exceção do tema “consumidores”,
não foi observado se as práticas das instituições condizem com o discurso (saiba mais
sobre a metodologia no quadro Como foi feita a
pesquisa, à página 16). Contudo, a atribuição de
nota acima de regular exigia a demonstração
de políticas além das meramente exigidas por
lei e da apresentação de evidências que comprovassem as afirmações.
Ranking da pesquisa de
Responsabilidade Social Empresarial
Bancos
Ranking
Resultado
Banco do Brasil
3,10
Bom
CEF
2,70
Regular
Bradesco
2,46
Regular
Santander
2,46
Regular
Itaú Unibanco
2,34
Regular
HSBC
0,24
Muito ruim
Classificação:
Muito ruim – de 0 a 1
● Ruim – de 1,01 a 2
●
Regular – de 2,01 a 3
Bom – de 3,01 a 4
● Muito bom – de 4,01 a 5
●
●
CONSUMIDOR: O DISCURSO
E AS PRÁTICAS
O respeito ao consumidor é um dos grandes
pilares da RSE. Para saber se os bancos têm tal
ideia institucionalizada, esse foi um dos subtemas abordados no bloco consumidor do questionário enviado pelo Idec. As perguntas buscaram verificar as políticas de monitoramento
das reclamações dos consumidores, as metas de
melhoria do atendimento, o tempo de espera
nas filas das agências bancárias, assim como os
mecanismos de segurança ao consumidor e de
responsabilização do banco por furtos e roubos.
Nesse tema, o mais mal colocado foi o Santander, cujas respostas sobre os monitoramentos do Sistema de Atendimento ao Consumidor
(SAC) e da ouvidoria foram consideradas insuficientes. Também contribuíram para a má avaliação a falta de iniciativas para informar ao
público as metas de redução de queixas e de
tempo de espera nas filas e no call center.
O questionário também buscou saber quais
os procedimentos adotados pelas instituições
em relação a produtos e serviços bancários,
como as regras para abertura e fechamento de
contas; a existência de condutas que configuram a chamada venda casada (contratação de
um produto ou serviço condicionada à contratação de outro); e se os consumidores são
informados da mudança dos valores de tarifas,
por exemplo. Também foram pesquisadas as
políticas dos bancos para a cobrança de dívidas, como a consideração do contexto socioeconômico dos clientes em débito, para a concessão de crédito (empréstimos, cartão de crédito, cheque especial etc.), além da existência de
práticas para evitar o endividamento. No quesito concessão de crédito o Bradesco foi o mais
mal colocado, pois suas respostas foram insufiRevista do Idec | Maio 2011
15
CAPA
“A preponderância da
classificação ‘regular’
deve-se ao fato de as
políticas bancárias
se limitarem ao
cumprimento da lei”
Mariana Ferraz, advogada do Idec
do discurso dos bancos. Também
foram levadas em conta as práticas
das instituições, levantadas pela pesquisa realizada pelo Idec ao longo de
um ano e também das reclamações
feitas ao Banco Central e das registradas pelo Sistema Nacional de
Informações sobre a Defesa do Consumidor (Sindec). A pesquisa, cujo
resultado final foi publicado em
março do ano passado na REVISTA DO
IDEC (edição no 141), avaliou as
condições para a abertura e a manutenção de conta corrente e a concessão de crédito pessoal nos dez
maiores bancos do país, entre os quais
os seis que integram o atual levantamento. Para isso, pesquisadores abriram contas nas instituições bancárias,
fizeram movimentações básicas e
tomaram empréstimos, a fim de verificar o cumprimento da legislação.
Mas o resultado foi alarmante: ao longo do processo, o Santander cumpriu
apenas 38% das normas; o HSBC,
40%; o Banco do Brasil, 50%; e o
Bradesco, a Caixa Econômica Federal
e o Itaú, 69%.
Considerando as respostas dadas
pelos bancos sobre suas políticas com
os consumidores e a análise das práticas, todos receberam classificação
Como foi feita a pesquisa
A pesquisa foi realizada com o apoio da instituição holandesa Oxfam Novib, e sua
metodologia foi desenvolvida em parceria com as seguintes organizações: Amigos da
Terra, Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT),
Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), Departamento
Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e Instituto
Observatório Social.
Foram enviados questionários a cada um dos bancos com perguntas sobre suas
políticas em relação aos consumidores e trabalhadores, e também sobre os critérios
socioambientais para a concessão de financiamentos.
Em relação aos consumidores, especificamente, a avaliação levou em conta, além
do discurso dos bancos, suas práticas. Para isso, foram considerados os resultados da
pesquisa feita pelo Idec ao longo do ano passado e também os dados de reclamações
feitas ao Banco Central e as registradas pelo Sindec, que reúne queixas feitas aos
Procons de todo o país sobre o setor. Para a formulação da nota atribuída a cada
banco no bloco Consumidores, a avaliação das práticas teve 60% de peso, e as
respostas das instituições ao questionário, 40%. No ranking final, que considera os
três temas avaliados, os resultados de políticas com consumidores respondem por
40% da pontuação; os com trabalhadores, 30%; e os critérios socioambientais para
financiamento, também 30%.
16
Revista do Idec | Maio 2011
“regular”, com exceção do HSBC, que
foi considerado “muito ruim” porque
além de não ter respondido ao questionário, seu índice de descumprimento da legislação foi alto, de acordo com a pesquisa anterior. No entanto, vale ressaltar o abismo entre o discurso e a prática por parte de todos os
bancos. Embora a pesquisa do ano
passado não tenha avaliado exatamente os mesmos quesitos que o
questionário atual, verifica-se que o
desempenho de todas as instituições
fica aquém do declarado. As falhas na
conduta com os consumidores se evidenciam também nos números do
Sindec, que mostram que o setor é
um dos que mais recebem reclamações. Veja na tabela à página 17 o resultado do tema consumidores.
RESPONSABILIDADE
COMEÇA “EM CASA”
A responsabilidade social dos bancos deve se manifestar também na
esfera interna da organização, isto é,
nas políticas de relacionamento com
os funcionários. Além das leis nacionais, as instituições também precisam respeitar, no mínimo, os acordos internacionais dos quais o país é
signatário, como a Declaração da OIT
sobre Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho. No tema trabalhadores, a pesquisa avaliou questões
como o respeito à liberdade sindical,
as condições de trabalho oferecidas
aos bancários e a extensão de benefícios aos trabalhadores terceirizados.
No quesito liberdade sindical, o
questionário buscou verificar a política de negociação com as entidades
representativas dos trabalhadores, o
respeito aos acordos coletivos, entre
outros aspectos. Apenas o Banco do
Brasil e o Itaú receberam a classificação “bom”, e os demais ficaram no
patamar “regular”. Vale ressaltar que
nenhuma instituição passou de regular na questão de uso de interditos
proibitórios – recurso jurídico que
coíbe o direito de greve. O pior caso é
o da CEF, que respondeu apenas
“informação não disponível”, sem
esclarecer se utiliza ou não esse instru-
Consumidores
Banco
BB
Bradesco
CEF
Itaú
Santander
HSBC
Relacionamento com
o consumidor
Bom
Bom
Regular
Bom
Regular
NR
Procedimentos
adotados em relação
a produtos e serviços
Regular
Regular
Regular
Regular
Bom
NR
Política para a
cobrança de dívidas
Bom
Bom
Regular
Bom
Regular
NR
Concessão de crédito
Bom
Ruim
Regular
Bom
Regular
NR
Publicidade abusiva
Regular
Bom
Muito ruim
Ruim
Ruim
NR
AVALIAÇÃO FINAL
(questionário e práticas)
Regular
Regular
Regular
Regular
Regular
NR e
Muito ruim
NR = não respondeu
mento. “Essa prática é considerada
antissindical, e por isso não deveria ser
adotada em nenhuma hipótese”,
destaca Mariana Ferraz.
No que se refere à concessão de
benefícios além dos direitos legais a
trabalhadores diretos e indiretos, apenas as respostas do Banco do Brasil e
da CEF receberam a classificação
“bom”; o restante dos bancos ficou na
categoria “regular”. As duas instituições também se destacam positivamente na avaliação das condições de
trabalho, que questionou metas de
venda e produção, doenças ocupacionais, programas para a prevenção
de problemas de saúde e programas
de reciclagem profissional. Apesar de
todos os bancos declararem adotar o
Código de Ética e Conduta, só o Bradesco recebeu a classificação “bom”,
porque aponta que seu código é voltado para todos os trabalhadores – diretos, terceirizados e colaboradores; já o
Santander recebeu avaliação “ruim”,
pois sua resposta não deixou clara a
participação de todas as áreas na elaboração do código de ética.
Para saber se os bancos adotam
políticas de diversidade e inclusão
social em seu quadro de trabalhadores, foram levadas em consideração
a diferença salarial entre homens e
mulheres; os critérios adotados em
processo de seleção; a política para a
promoção da diversidade; as políticas
para inibir as práticas discriminatórias; e a contratação de trabalhadores com deficiência.
Veja à página 18 a tabela com os
resultados do tema trabalhadores.
CRITÉRIOS LIMITADOS
A Responsabilidade Social Empresarial não deve se limitar exclusivamente às práticas internas dos bancos,
mas também se ocupar dos impactos
causados pelas empresas que estes
financiam. “Se a empresa utiliza práticas danosas ao meio ambiente ou à
sociedade, ao financiá-la, o banco
está, indiretamente, apoiando tais atitudes. Das atividades de um banco, o
financiamento é o que tem maior
potencial de impacto no que se refere
à RSE”, ressalta Mariana Ferraz.
Com isso em mente, a pesquisa
avaliou os critérios estabelecidos
pelos bancos para a concessão de
financiamentos em importantes setores da economia brasileira: agropecuária, pesca, manejo florestal, combustíveis, mineração e hidrelétricas. O
levantamento investigou se os bancos
possuem critérios socioambientais
específicos para cada setor financiado,
se adotam medidas para induzir seus
clientes a evitar impactos ao meio
ambiente, e se respeitam os princípios de conduta estabelecidos em
acordos internacionais.
Fora a avaliação dos critérios
socioambientais em setores específicos, também foram avaliados os
impactos das atividades financiadas
nas mudanças climáticas. Para isso,
levou-se em conta a existência de
relatórios sobre emissões de gases de
efeito estufa decorrentes das atividades do próprio banco, bem como
das atividades financiadas; compromissos de redução de emissão de gases de efeito estufa; política de priorização e incentivo aos investimentos
em energias renováveis e programas
de eficiência energética, entre outras
questões. Com exceção do Itaú, as
demais instituições afirmam ter relatórios de suas próprias emissões,
mas não das atividades financiadas.
Além disso, nenhum deles apresenta
metas de redução das emissões internas e tampouco das externas.
No setor agropecuário e de pesca, a
pesquisa revela que os bancos não
adotam critérios socioambientais além
dos obrigatórios. Na agropecuária, um
dos poucos destaques positivos é que
todas as instituições afirmam verificar
se a atividade ocorrerá em área de proteção ambiental, e o Banco do Brasil e
o Bradesco informam ter medidas de
incentivo à adoção de políticas ambientais por parte das empresas financiadas, como o cuidado no uso de
Guia on-line
Como desdobramento da pesquisa, o Idec lançou no fim
de abril o site Guia dos Bancos Responsáveis — <www.
guiadosbancosresponsaveis.org.br>, que reúne os resultados do levantamento de forma simples e didática.
A ferramenta permite que o internauta verifique o desempenho de seu banco e o compare com o das demais
instituições em cada um dos temas avaliados na
pesquisa. O consumidor também pode manifestar sua
insatisfação com as práticas adotadas por seu banco enviando um “cartão amarelo” a
ele. O site traz ainda informações sobre como migrar para outro banco.
REPRODUÇÃO
cientes e não demonstraram que o
banco tenha políticas responsáveis para a oferta e a concessão de crédito.
A adoção de medidas para evitar
publicidades abusivas foi o item do
bloco consumidores em que os bancos se saíram pior. O mais mal avaliado foi a CEF, que recebeu a classificação “muito ruim” porque disse apenas que a informação sobre esse assunto não estava disponível, sem
qualquer explicação. O Itaú e o Santander receberam a classificação
“ruim”, pois não apresentaram políticas claras e detalhadas para evitar a
concretização das práticas abusivas,
tampouco demonstraram o monitoramento de seus meios de publicidade.
A avaliação final das políticas com
consumidores, no entanto, foi além
Revista do Idec | Maio 2011
17
PESQUISA
CAPA
PIZZAS
Os bancos respondem
Banco
BB
Bradesco
CEF
Itaú
Santander
HSBC
Liberdade sindical
Bom
Regular
Regular
Bom
Regular
NR
Código de ética
Regular
Bom
Regular
Regular
Ruim
NR
Direitos e benefícios
Bom
Regular
Bom
Regular
Regular
NR
Condições de trabalho
Bom
Regular
Bom
Regular
Regular
NR
Diversidade e inclusão social
Regular
Regular
Ruim
Bom
Regular
NR
AVALIAÇÃO FINAL
Bom
Regular
Regular
Regular
Regular
NR
NR = não respondeu
agrotóxicos e a redução das emissões
de gases poluentes e de efeito estufa.
Na mineração o quadro também é
problemático: nenhum banco faz
exigências de padrões para a prevenção de acidentes. Sobre o cumprimento da legislação local e do
respeito aos direitos indígenas e aos
direitos humanos, as respostas foram
genéricas e pouco consistentes.
Em relação a financiamentos de
hidrelétricas, os bancos afirmam exigir ferramentas de mitigação de risco
dos potenciais problemas ambientais
e sociais envolvidos num projeto de
barragem, mas não apresentam instrumento específico para a avaliação
dos projetos. Já no setor de combustíveis, também fica claro que os
bancos cobram apenas requisitos
genéricos para padrões socioambientais de gestão de resíduos no setor. E
no caso do manejo florestal, o Banco
do Brasil e o Santander informaram
vedar investimentos em empresas ou
governos que se encontram direta ou
indiretamente envolvidos com desmatamento, práticas de corte ilegal,
que prejudicam as comunidades locais, e que operam em zonas proibidas. O Bradesco e o Itaú também
afirmam adotar essa prática, mas ela é
limitada a determinado valor de financiamento. Além disso, esses bancos não especificam outras formas de
verificar as condições das empresas
que financiam, senão por meio de
consulta a informações públicas.
O resultado da pesquisa no bloco
financiamento revela um cenário
preocupante, com a declaração de
políticas limitadas ao cumprimento
estrito da lei, sem a formulação de
regras próprias e mais rigorosas que
evitem, de fato, o incentivo financeiro a atividades pouco ou nada
sustentáveis. Por isso, todos os bancos receberam a avaliação “ruim”,
com exceção do Banco do Brasil, que
alcançou a marca “regular”. Confira
na tabela abaixo os resultados desse tema.
Critérios socioambientais para os financiamentos
Banco
BB
Bradesco
CEF
Itaú
Santander
HSBC
Mudanças climáticas
Regular
Ruim
Ruim
Muito ruim
Regular
NR
Agropecuária
Regular
Ruim
NA*
Ruim
Ruim
NR
Pesca
Regular
Ruim
NA*
Muito ruim
Muito ruim
NR
Mineração
Regular
Regular
NA*
Regular
Ruim
NR
Hidrelétricas
Regular
Regular
Regular
Regular
Regular
NR
Manejo florestal
Bom
Regular
NA*
Regular
Regular
NR
Combustíveis
Regular
Regular
NA*
Regular
Ruim
NR
AVALIAÇÃO FINAL
Regular
Ruim
Ruim
Ruim
Ruim
NR
*NA = não se aplica, pois a CEF afirma não atuar nesses setores
18
Revista do Idec | Maio 2011
NR = não respondeu
O Idec enviou carta com os resultados da
pesquisa aos seis bancos avaliados. O HSBC
foi o único que não se manifestou. Veja a
seguir as respostas resumidas:
Reforçou e esclareceu algumas de suas respostas ao
questionário, como a de que
o banco não faz uso de interditos proibitórios
[recurso jurídico que cerceia o direito de greve], mas sim que utiliza a negociação para
solucionar os conflitos trabalhistas.
Afirma que embora divirja do
resultado da pesquisa, ela
permitiu à instituição captar
as expectativas dos consumidores sobre o
assunto. Também informa que iniciou em
2010 um processo de reavaliação de sua
gestão socioambiental, a fim de aprimorar
suas práticas.
Fez críticas à metodologia
da pesquisa. Questionou,
por exemplo, a formulação das perguntas,
alegando que elas são insuficientes para a
qualificação das respostas, e também
reclamou da falta de clareza dos parâmetros adotados. Ressaltou ainda que a
avaliação do Idec sobre o banco é discrepante das refletidas em seu relatório de
sustentabilidade.
Salgadas
e gordurosas demais
Que pizza é uma
delícia, não há
dúvida, mas pesquisa
do Idec revela que
os produtos de cinco
marcas apresentam
quantidades
elevadas de sódio e
gorduras saturadas.
Portanto, devem
ser consumidos
com moderação
P
assado o Dia Mundial da Saúde,
celebrado em 7 de abril, algumas
iniciativas foram tomadas pelo governo brasileiro para melhorar a qualidade da alimentação dos cidadãos. Além
de assinar um acordo com a Associação
Brasileira de Supermercados (Abras) e a
Associação Brasileira da Indústria de
Alimentos (Abia) para diminuir, até
2020, a quantidade de sódio em 16 categorias de alimentos processados, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
anunciou também um plano de redução
de gorduras nesses produtos. E não é à
toa que a preocupação com os hábitos
alimentares tem aumentado. Segundo
dados da Organização Mundial da Saúde
(OMS), apenas as doenças cardiovasculares (enfartes, cardiopatias, derrames
cerebrais, entre outros) – muitas vezes
resultantes do consumo exagerado de sal
– provocam anualmente cerca de 17 milhões de mortes no mundo, ocupando a
primeira posição na lista de problemas de
saúde que mais matam.
Numa tentativa de alertar as pessoas a
respeito dessa questão e reverter o
quadro, a World Action on Salt and
Health (Wash) – grupo constituído por
profissionais de 81 países com o objetivo
de melhorar a saúde da população a partir da redução do consumo de sal – analisou 530 tipos de pizzas disponíveis em
cadeias de fast-food (como Pizza Hut,
Domino’s, Eagle Boys e Papa John’s) e em
supermercados de dez países (África do
Sul, Austrália, Canadá, Costa Rica, Estados Unidos, Finlândia, Japão, Malásia,
Ressalta que é signatário dos
Princípios do Equador, que
estabelecem parâmetros
de avaliação de riscos e
impactos socioambientais de projetos, e
que entende que eles são transversais e
atendem a diversas atividades, entre elas
os setores avaliados no tema critérios de
financiamentos.
Fez uma série de sugestões para a metodologia
da pesquisa e argumentou que a divulgação de emissões decorrentes das atividades financiadas é um trabalho muito
complexo e, por isso, entende que a
questão não deveria ter o mesmo peso que
a das emissões do próprio banco. Também
informou que definiu ações com o objetivo
de reduzir o número de reclamações dos
consumidores e resolver eventuais problemas com rapidez.
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