Discurso de José Pedro Aguiar-Branco Líder da Bancada Parlamentar do PSD Lisboa, 19 de Novembro de 2009 1 Senhor Presidente, Senhor Ministro, Senhoras e Senhores Deputados, Não há memória de um conflito social como este – entre o governo e os professores - na história de Portugal após o 25 de Abril. O que aconteceu na educação, nos últimos dois anos não foi um problema. Não foi uma sucessão de problemas… Não foi sequer um conflito meramente corporativo como o governo nos quis fazer crer. O que aconteceu na educação foi uma crise. Uma crise institucional da maior gravidade. Uma crise com a mesma dimensão e importância da crise que atormenta a nossa economia. 2 O que vimos e ouvimos dizer sobre educação nos últimos dois anos devia envergonhar qualquer cidadão. Sobretudo o que tem responsabilidades a nível politico. Como foi possível deixar chegar as coisas a este ponto? Como foi possível desmotivar milhares e milhares de professores? Como foi possível prejudicar milhares e milhares de alunos? Como foi possível desassossegar milhares e milhares de famílias? Como foi possível tanta insensibilidade ao vento gélido que soprava da sociedade? 3 Senhoras e Senhores Deputados, Para lidar com esta crise havia dois caminhos possíveis. Agitar? Ficar pela mera agitação como fizeram, e continuam a fazer, alguns partidos à nossa direita e à nossa esquerda, com mais ou menos frenética intensidade mas sempre com inconsequentes resultados… Ou resolvê-la? Resolvê-la passando, em definitivo, uma página triste da nossa história recente. Foi o que sempre quisemos fazer. Foi o que sempre estivemos disponíveis para fazer. É o que finalmente temos a oportunidade de fazer. Com a maioria absoluta nas mãos deste parlamento nenhum professor, nenhum aluno, nenhum pai, nenhum português 4 compreenderia que este debate acabasse sem que esta crise fosse definitivamente resolvida. O País exige que assim seja. Qualquer outro resultado seria inadmissível. Não vamos deixar que isso aconteça. Esta crise acaba aqui e acaba agora. Ao longo dos últimos dois anos assumimos, na educação, um papel construtivo e pró activo. Infelizmente, e por responsabilidade do Partido Socialista, sem hipótese de êxito nesta Assembleia. Com esta nova configuração parlamentar fizemos o que nos competia e voltamos a dar uma oportunidade ao Partido Socialista. 5 Definimos, há três semanas, um roteiro com o objectivo de desbloquear o impasse que existia. Debatemos com outros partidos com representação na Assembleia, tendo em vista uma solução tão consensual quanto possível. Ouvimos e analisámos as preocupações e recomendações dos sindicatos e das associações mais representativas do sector. Elaboramos o projecto de resolução que abre a porta à solução. Este é um dia para abdicar de pequenas vitórias, pequenos preconceitos e grandes teimosias. 6 O projecto que aqui apresentamos, não é um projecto do PSD. É um projecto que corresponde à soma de centenas de contributos. Não é, tão pouco, um instrumento partidário. É a chave da solução. Da solução que todos exigem desta Assembleia. A solução que garante a alteração do Estatuto da Carreira Docente e a extinção da divisão entre professores titulares e não titulares. A solução que garante um novo modelo de avaliação, radicalmente diferente do que está, ainda, em vigor. 7 A solução que garante um enquadramento transitório e que assegura aos professores que ainda não participaram no 1º ciclo avaliativo, não sejam penalizados na progressão da sua carreira. É o projecto que garante o regresso da paz às nossas escolas Senhor Ministro dos Assuntos Parlamentares, Depois deste exemplo na educação pedia-lhe que transmitisse uma mensagem aos seus colegas de governo. Em vez de, permanentemente, atacarem os deputados. Ouçam os deputados. Em vez de permanentemente atacarem o Parlamento. Ouçam o Parlamento. 8 A maioria absoluta está nesta Assembleia. O PSD será intransigente na fiscalização das acções deste governo e particularmente, nesta fase, do Ministério da Educação. Propusemos a constituição de um grupo de trabalho na Comissão de Educação e estaremos atentos ao respeito do prazo de 30 dias para a boa execução das recomendações formuladas na resolução que esperamos venha a ser aprovada. Não toleraremos desvios na aplicação desta proposta. Não toleraremos mais equívocos num sector tão decisivo como a educação. 9 Não permitiremos que as coisas voltem a chegar ao ponto onde chegaram. Está em causa o activo mais precioso de qualquer país: a dos seus recursos humanos. Sabemos que a Ministra da Educação chegou há pouco tempo a este governo… mas este governo não tem um passado na educação. Este governo tem um cadastro na educação. Não há por isso lugar a qualquer benefício da dúvida. A crise acaba aqui. A crise acaba hoje. Disse. 10