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CBO 70 Anos
70 anos de CBO!
Ensino, valorização profissional e defesa da saúde
ocular são os pilares que sustentam o CBO
Em continuidade às comemorações dos 70 anos de existência do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, o JORNAL OFTALMOLÓGICO JOTA ZERO publica nesta edição os depoimentos de
mais dois presidentes e integrantes do Conselho de Diretrizes e Gestão (CDG) da entidade:
Carlos Augusto Moreira (gestão 1983-1985) e Elisabeto Ribeiro Gonçalves (gestão 2003-2005).
“S
Carlos Augusto Moreira
empre me dediquei à área universitária e Curitiba era pobre
de atividades acadêmicas. Como nunca fui tímido, comecei
a frequentar eventos no Rio de Janeiro e em
São Paulo. Montei as primeiras reuniões de
oftalmologia em Curitiba e, pouco a pouco, fui
colocando a cidade no mapa dos eventos e da
Oftalmologia Brasileira. Eu e Saly começamos a
fazer amizades em eventos e
cursos, entre os quais Renato de Toledo, Rubens Belfort
Junior e Newton Kara José.
Fui convidado pelo professor
Renato a integrar uma das
comissões do CBO, embora
durante a eleição eu fosse
integrante da chapa que se
opôs a ele. Sempre gostei de
política e, no fim da gestão
de Werter Duque Estrada,
fui candidato e presidente do
CBO. Estava com a carreira
montada e não tive problemas maiores. Minha candidatura foi decidida no Aeroporto de Congonhas, numa
reunião em que Newton
Kara José, Rubens Junior e
eu estávamos esperando um
vôo qualquer e discutindo os
Jornal Oftalmológico Jota Zero | Maio/Junho 2011
problemas da especialidade. Percebemos que
havia grande identidade entre nós e sugeri que
montássemos uma chapa para concorrer à diretoria do CBO. Os dois me olharam, olharam
entre si e decretaram: “vai você que é o mais
velho”.
É desta forma que Carlos Augusto Moreira
conta como chegou ao CBO. Sua carreira na
universidade e na profissão (esta iniciada no
consultório de seu pai na acanhada Curitiba
de meados do século XX) é brilhante. Recebeu
o Prêmio Julio Einz, conquistado por ter feito
todo curso com destaque e obtido residência
de oftalmologia na Argentina, período em que
fez amigos e contatos com os oftalmologistas
daquele país; foi aprovado nos concursos para
Doutor, Livre Docente e Professor Titular de
Oftalmologia na Universidade Federal do Paraná e conquistou o posto de Professor Titular de
Oftalmologia da Faculdade Evangélica do Paraná; fundou os cursos de especialização em
Oftalmologia e residências médicas oftalmológicas da Universidade Evangélica do Paraná e
do Hospital de Olhos do Paraná (do qual também é fundador); foi presidente da Associação
Paranaense de Oftalmologia e foi homenageado por várias entidades de subespecialidades e
pelo CBO; recebeu a medalha Gradle, da Associação Pan-Americana de Oftalmologia... a lista
é longa e nem sempre Carlos Augusto Moreira
está disposto a desfiá-la inteira, embora tenha
CBO 70 Anos
A família Moreira: em pé Hamilton, Carlos Augusto e
Júnior; sentadas Luciane, Saly e
Ana Tereza (esposa de Júnior)
duas coisas que sempre faz questão de destacar: foi presidente do Conselho Brasileiro de
Oftalmologia na gestão 1983-85 e todos em
sua família são médicos oftalmologistas.
Sobre o CBO diz: “julgo o título de presidente do CBO o maior que consegui e do qual
tenho o maior respeito e honra. Tive como
orientador a pessoa do Professor Renato de
Toledo, a quem devo muito por sua grande
capacidade e orientação. Também quero enfatizar os nomes de Newton Kara José e de
Rubens Belfort Junior, que me apoiaram e
trocaram comigo horas de sua atividade para
me tornar mais capaz para a função”.
E sobre a família: Saly queria fazer Otorrinolaringologia, mas optou pela Oftalmologia.
Casamos em 1957 e dois anos depois nasceu
o Júnior. Três anos depois, em 1962, nasceu o
Hamilton e oito anos depois, a temporã, Luciane.
Por um caminho ou por outro, todos chegaram
na Oftalmologia, cada um com brilho próprio.
Ao falar de sua gestão na presidência do
CBO reafirma que sempre foi ligado, “com entusiasmo”, ao ensino e à melhoria da formação
do médico oftalmologista no Brasil. “Procurei
de todas as formas fazer com que os cursos
de especialização em Oftalmologia fossem
credenciados pelo CBO e procurassem realizar um programa discutido e melhorado por
uma “Comissão de Ensino”. Sempre lutei para
que classe fosse respeitada pelas autoridades
e que o médico oftalmologista fosse protegido
da ação dos mercantilistas que usam a nossa
especialidade. Neste rol de pessoas estão os
que exercem atividades oftalmológicas ilegalmente que são específicas dos médicos oftalmologistas e que rebaixam a carreira oftalmológica procurando corromper os verdadeiros
profissionais através de possíveis ganhos com
o seu desvirtuamento”.
Já ao analisar a realidade atual da instituição que presidiu há mais de 25 anos, é
enfático: “Não sei se é a melhor das instituições que lideram as especialidades médicas
no Brasil, mas certamente está entre as melhores. Vejo realizações obtidas com esforço
e seguindo aqueles princípios éticos, altruísticos e calcadas nas possibilidades práticas
da nossa especialidade. Tenho, entretanto,
certeza íntima que o fulgurante brilho das riquezas não deve preponderar e que ninguém
conseguirá manter sozinho a nossa instituição
vigorosa e sólida. São os principais elementos
procurados por nós - formação médica, valorização do médico oftalmologista, defesa da
saúde ocular da população - os pilares que
impedem a queda. Só direções democráticas
no CBO, que ouvem e discutem as resoluções
e os desejos de cada um e da coletividade
oftalmológica, podem ser relevantes para o
Conselho Brasileiro de Oftalmologia”, concluiu Carlos Augusto Moreira.
Julgo o título de
presidente do
CBO o maior que
consegui e do qual
tenho o maior
respeito e honra
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Casa simples ou templo
suntuoso: o CBO é de todos
Somos sempre um pouco menos do que pensávamos. Raramente, um pouco mais (Cecília Meireles)
Elisabeto Ribeiro Gonçalves
JOTA ZERO - Trace sua trajetória pessoal
até tornar-se presidente do CBO
ELISABETO RIBEIRO GONÇALVES - Nada de especial. Iniciei-me acidentalmente na
defesa profissional em 1997, ao ser convidado
para participar da eleição da nova diretoria da
Associação dos Médicos Oftalmologistas de
Minas Gerais (AMO-MG). O então presidente,
o colega e amigo Márcio Guimarães, indicou-me para a presidência, sem consulta prévia e
sem me dar a chance de discordar. Fui eleito.
Até então, nunca havia me envolvido com essas questões, de modo que sai eleito sem ter a
mínima noção do que deveria ou poderia fazer.
Bem, quem está na chuva é pra se molhar.
A partir daí, junto com colegas da diretoria,
fomos nos inteirando dos problemas comuns
a todos e descobrimos, de repente, que eles
eram mais graves do que poderíamos imaginar.
A AMO-MG deu sua colaboração, participou
ativamente dos movimentos reivindicatórios
da categoria oftalmológica, buscando,
sempre, soluções de interesse do médico oftalmologista. Foi uma época
então em que participei também da
diretoria da Associação Médica de
Minas Gerais, quando tomei conhecimento de que as dificuldades não eram
só nossas, dos oftalmologistas, mas de
todos os médicos.
JOTA ZERO - Por que
decidiu tornar-se presidente do CBO?
ELISABETO RIBEIRO
GONÇALVES – Não
me decidi ser presidente. Auscultei um grupo
de colegas e amigos,
discutimos uma série de
questões relativas a uma
Jornal Oftalmológico Jota Zero | Maio/Junho 2011
eventual candidatura e as chances de sucesso antes que me apresentasse candidato. Isso por volta de 1999, quando deixei a AMO. A
pergunta melhor seria: por que eu pensei ou
quis ser presidente do CBO? Bem, primeiro
porque tinha, de igual maneira que todos os
médicos oftalmologistas brasileiros, plenas
condições de levar meu nome à apreciação
dos colegas. Segundo, porque acreditava
que minha experiência aqui em Minas Gerais
poderia ser útil em termos de Brasil. Terceiro,
porque o que sempre me moveu, me estimulou, foi a vontade de ser útil ao Colega, associando-me ao trabalho de tantos outros para
tentar remover ou minimizar, pelo menos, os
entraves ao exercício da nossa especialidade.
Costumo repetir que nada me sobe à cabeça.
É claro que sei que é uma missão honrosa
(não obstante repleta de sacrifícios) presidir
o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, pelo
simples fato de ele, o CBO, representar e
congregar os oftalmologistas brasileiros e
trabalhar desinteressadamente por todos
nós. Não usei “desinteressadamente” à toa.
Há algum tempo, um ilustre Colega e amigo
perguntou-me quanto eu ganhava para presidir o CBO. Claro que nada, nem um centavo.
Nem eu, nenhum presidente e nenhum dos
muitos colegas que compõem as diversas comissões de assessoria do CBO. Não deixa de
ser curioso o grau de desinformação do colega e mais curioso se isso refletir uma convicção generalizada. A partir do meu trabalho
e de tantos companheiros na AMO, passei
a olhar com mais curiosidade e interesse o
trabalho de nossas entidades médicas e,
em especial, o do CBO. O CBO tem uma
quantidade enorme de compromissos com o
oftalmologista e a sociedade: formação especializada, educação continuada, realização de
Congressos, valorização do exercício profis-
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sional, promoção da saúde ocular do nosso
povo. O compromisso social é ponto de honra
dos oftalmologistas e do CBO que os representa. A lista vai bem mais longe e o colega
não tem ideia como essas tarefas implicam
tempo, dedicação e trabalho do CBO. A diretoria do CBO nunca está parada. Sempre
há muita coisa a fazer, muitos nós a serem
desatados, estorvos a serem ultrapassados e
nem sempre o colega tem conhecimento da
verdadeira magnitude do trabalho que esses
compromissos demandam. Não estou fazendo a defesa gratuita do CBO, mesmo porque
entendo que tudo isso é uma obrigação, e não
um favor de todos que se envolveram (ou se
envolvem) com nosso Conselho.
JOTA ZERO - Qual a imagem do CBO como aluno do Curso de especialização e
como médico militante.
ELISABETO RIBEIRO GONÇALVES - Gostei do “militante”, mas deixa pra lá. Deixe-me
confessar-lhe uma coisa: até 1998 (terminei
meu Curso de Especialização no Hospital
São Geraldo em 1970) eu sempre fui absolutamente alheio aos problemas ligados ao
exercício da especialidade. Nunca tomei
conhecimento das dificuldades que entravam esse exercício. Significa que mesmo
“médico militante” eu vivi anos e anos (27)
distante deste aspecto quase sindical da
nossa profissão. A AMO foi uma escola, sem
férias. Ao lado de outros ilustres e combativos colegas (Wagner Duarte Batista, Luiz
Roberto Melo de Oliveira, Marcelo Costa e
outros) passei a enxergar a outra margem
do rio, do rio oftalmológico que, por desinformação, imaginava sereno e remansoso. Mas,
voltando a sua pergunta: como aluno do
Curso de Especialização do Professor Hilton Rocha eu tomei conhecimento do CBO
quando, ao final dos três anos, fiz a prova
para obtenção do título de especialista. Meu
título vem assinado pelo então presidente do
CBO, Doutor. Geraldo Vicente de Almeida e
pelo atual presidente, à época secretário-geral, Dr. Paulo Augusto de Arruda Mello.
Recebido o título, esqueci-me do CBO. Só
a partir de 1998, como já lhe disse, passei
a olhar o CBO como uma instituição importante, indispensável mesmo, capaz de representar e assegurar os interesses (culturais
e profissionais) dos oftalmologistas. Nesse
momento, então, olhei retrospectivamente
a trajetória do nosso Conselho Brasileiro
de Oftalmologia e entusiasmei-me com o
trabalho, a dedicação, o desvelo de tantas
diretorias e comissões passadas. A década
de noventa marca também, como costumo
dizer, o final da era da inocência do exercício
da Oftalmologia. Até então vivíamos quase
que só da clínica privada, com ínfima participação do paciente conveniado. Entre nós
e nossos clientes não existia mais ninguém.
Ninguém para, como hoje, determinar o que
pode ou não deve ser feito, exigir relatórios
cansativos, glosar nossas contas, retardar a
prestação de contas, ameaçar de descredenciamento e outros mimos tão a gosto
dos gestores. Ao final do expediente não
havia a cansativa tarefa de assinar uma
montanha de papéis e guias: sua secretária
repassava-lhe o montante dos seus honorários e tudo se encerrava ali. Hoje, não temos
noção de nossa produção, pois o nosso
rico dinheirinho fugiu completamente do
nosso controle, nossos honorários chegam
até nós atrasados e defasados, a depender
da vontade de pessoas que você nunca as
viu mais gordas...
A diretoria do CBO
nunca está parada.
Sempre há muita coisa
a fazer, muitos nós
a serem desatados,
estorvos a serem
ultrapassados e nem
sempre o colega tem
conhecimento da
verdadeira magnitude
do trabalho que
esses compromissos
demandam.
Os médicos oftalmologistas Cláudio
Chaves, Elisabeto Ribeiro Gonçalves e
Harbley Bicas e o vereador do Rio de
Janeiro, Fernando Gusmão (PC do B),
durante a entrega da Medalha Pedro
Ernesto a Ribeiro Gonçalves, em 2006
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JOTA ZERO – Qual a razão desta mudança tão drástica e tão ruim? Onde estão os
culpados?
ELISABETO RIBEIRO GONÇALVES Somos nós mesmos os responsáveis. Não
adianta atribuir a esse ou aquele a culpa de
nossas mazelas. O médico foi pouco a pouco
e por interesses variados, fazendo uma concessão atrás de outra e deu no que deu...
JOTA ZERO - Que concessões?
ELISABETO RIBEIRO GONÇALVES - Por
exemplo, a ilusão de multiplicar nossa clínica.
É possível que isso tenha acontecido: hoje temos salas de esperas lotadas e o bolso nem
tanto. É uma multiplicação fantasiosa, fora
dos eixos, pois o seu produto é sempre mais
trabalho. Hoje trabalhamos mais para ganhar
menos: são necessárias, pelo menos, sete
consultas de convênio para alcançarmos
os honorários de uma consulta privada. Eu
não consigo entender a matemática médica.
Bem, mas vamos ficar por aqui...
Assumi a presidência
do CBO com a única
intenção de valorizar
o colega e trabalhar
para suavizar-lhe o
fardo que significa,
hoje, exercer a
Medicina com ética,
competência respeito
ao cliente e
à sociedade
JOTA ZERO - Como começou a participar
das atividades do CBO?
ELISABETO RIBEIRO GONÇALVES - Oficialmente comecei em 1999, com a presidência de Marcos Ávila (1999-2001), quando
o assessorei como Coordenador de Defesa
Profissional. Fui vice-presidente na gestão de
Suel Abujamra (2002-2003) e presidente de
2003-2005, com o colega Hamilton Moreira na
vice-presidência. Ao terminar minha gestão,
automaticamente passei a integrar, como os
demais ex-presidentes, o Conselho de Diretrizes e Gestão (órgão de assessoramento da
presidência), na qualidade de membro vitalício.
Os presidentes que se seguiram a mim (Harley
Bicas, Hamilton Moreira e Paulo Augusto de
Arruda Mello) honraram-me com o convite e
a confiança para a Coordenadoria de Defesa
Profissional e Representatividade do CBO.
JOTA ZERO - Como foi sua gestão? Quais
as realizações e conquistas?
ELISABATO RIBEIRO GONÇALVES - Isto
é lá pergunta que se faça a um ex-presidente?
Como foi minha gestão? O que é que eu fiz ou
deixei de fazer? Não sei, esse é o tipo de julgamento, de avaliação que somente ao colega
cabe fazer. Mas uma coisa eu posso afirmar-
Jornal Oftalmológico Jota Zero | Maio/Junho 2011
-lhe: assumi a presidência do CBO com a única
intenção de valorizar o colega e trabalhar para
suavizar-lhe o fardo que significa, hoje, exercer a
Medicina com ética, competência e respeito ao
cliente e à sociedade. Aliás, isso também não
novidade. O combate à optometria não médica
se insere nessa filosofia de trabalho. Em 2005,
ao final de mandato, derrotamos dois projetos
de regulamentação da optometria. Em 2009 o
presidente Hamilton Moreira teve a oportunidade de derrotar mais um. Agora, em 2011, temos
mais dois desses projetos um no Senado e
outro na Câmara, aos quais o atual presidente,
Paulo Augusto, tem consagrado o melhor do
seu empenho e experiência para derrotá-los.
O combate à optometria é um desejo legítimo
do oftalmologista brasileiro, nem tanto com a
intenção de preservar a sua clínica (como seus
oficiantes levianamente apregoam), mas a de
salvaguardar a saúde ocular da cidadã e do cidadão brasileiros, que é a preocupação máxima
e vocacional de todos nós. Nunca me julguei
talhado, predestinado para dirigir o CBO, nem
com alguma virtude diferente das virtudes que
qualquer colega brasileiro tem. Assumi o CBO
com os méritos e defeitos, bem mais os segundos que os primeiros. Entendo que o CBO é a
“casa grande”, assobradada, de muitos cômodos, janelas e portas, em condições de abrigar,
confortavelmente, todos os anseios dos colegas. Abrigar os nossos problemas, discuti-los
com a experiência acumulada de setenta anos
e sugerir estratégias e ações para resolvê-los.
Agora, o CBO nem sempre tem remédios prontos nas prateleiras de sua experiência. Em boa
parte esses remédios têm de ser formulados
no cadinho do embate, um pra cada problema
específico. Não é incomum o colega ter a sensação de que o CBO está parado, inerte, acomodado. Não, não é assim. Usualmente, por trás
da aparente inércia que aqui e acolá o colega
tem a sensação de perceber, uma efervescente
atividade está acontecendo. Mas as coisas não
são fáceis, as nossas leis são contraditórias,
podem dar guarida a interesses conflitante e as
instituições com as quais o CBO tem de se haver são muitas nos três planos do ente federativo e as visões dessas instituições ou de quem
as dirige nem sempre, por uma razão ou outra,
coincide com as nossas. Ou não têm a pressa
que nós temos. Muitas vezes entre a ação do
CBO e os resultados vai um tempo muito longo.
CBO 70 Anos
O colega nem imagina a trabalheira que dá ao
CBO, ao seu presidente, por exemplo, os frequentes périplos pelos gabinetes de Brasília,
incluindo a presidência, o Congresso, as Cortes
de Justiça, Ministérios e tantas outras repartições do intrincado emaranhado burocrático
da Capital Federal.
JOTA ZERO - Como vê a atuação do CBO
atualmente? Quais os principais desafios
que a entidade deve enfrentar?
ELISABETO RIBEIRO GONÇALVES - Com
bons olhos, claro. O CBO é uma das sociedades
de especialidades mais atuantes de quantas
são filiadas à Associação Médica Brasileira.
Não obstante ele ser dirigido por amadores (pelo menos eu me incluo nessa categoria), o CBO
tem um comportamento rigorosamente profissional quando trata de perseguir as três etapas
embutidas em seus compromissos: idealização,
programação e execução de políticas e estratégias. O CBO tem se destacado no profícuo
trabalho de honrar toda sua agenda estatutária:
congraçamento, ensino, educação continuada
e divulgação de conhecimentos, promoção da
saúde ocular e defesa profissional. Esse termo
“defesa profissional” não me agrada muito,
porque, nós oftalmologistas, nada fazemos de
mal, nem cometemos ilicitudes que requeiram
um apelo à nossa proteção. Talvez “promoção
do exercício profissional” seja mais fiel aos propósitos de nossas entidades médicas (e, em especial, do CBO) de afastar as pedras da jornada
normalmente exaustiva do médico.
JOTA ZERO - O que gostaria de deixar como mensagem final aos oftalmologistas?
ELISABETO RIBEIRO GONÇALVES - Nenhuma, Não me julgo em condições, com
conhecimento, vivência ou experiência para
deixar mensagens, palavras finais, conselhos,
orientações ou coisas que os valham. O oftalmologista brasileiro (entre os quais honrosamente me incluo) sabe muito bem navegar
e orientar-se sem a bússola canhestra deste
modesto colega. Já falei tanto... e me conforta
a esperança de que poucos percam tempo
com essa leitura. Mas, vá lá, a palavra final. O
Conselho Brasileiro de Oftalmologia é a casa
do oftalmologista e da Oftalmologia brasileira.
Pensem nele com desvelo, com confiança e
com a certeza de que o CBO, suas diretorias e
Elisabeto Ribeiro
Gonçalves
Comissões, não têm outro interesse que não o
da promoção e salvaguarda de nossas prerrogativas. O CBO nunca está parado, acomodado, indiferente. Façam suas críticas, apontem
as soluções que acharem melhor para nossa
especialidade. Isso é importante: o CBO pode
até dispensar o elogio, o aplauso, mas não a
crítica, o reparo, a sugestão. É bom repetir: o
CBO sempre está atento, trabalhando por nós,
mesmo quando você o imagina indiferente e
parado. Não vai nesse reconhecimento nenhuma sabujice de ex-presidente. Não porque
não é do meu estilo e nem acrescentaria nada
ao meu modesto currículo. O CBO é a casa
simples, de portas escancaradas, de mesa
permanentemente posta para degustar com
você o pão e o vinho da fraterna amizade,
do leal coleguismo. Venha ao CBO, procure
conhecê-lo, pois só se ama o que se conhece.
Venha de jaleco, de gravata, de sandálias, como você quiser. Mas venha. Você receberá, na
modéstia de sua sede, a mesma acolhida que
teria se visitasse um templo suntuoso, rico de
candelabros, adornos e pratarias.
o CBO tem um
comportamento
rigorosamente
profissional quando
trata de perseguir as
três etapas embutidas
em seus compromissos:
idealização,
programação e
execução de políticas e
estratégias
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