Meu especial agradecimento aos meus pais que
sempre me apoiaram e me incentivaram em
minhas
decisões.
Agradeço
também
aos
professores, em especial ao meu orientador
Márcio S. Segui e ao coordenador do curso Athos
Pastore.
2
Sumário
1
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 6
1.1
2
Pecuária Brasileira ......................................................................................................6
ANATOMIA DO APARELHO REPRODUTOR MASCULINO ................................................................ 8
2.1
BOLSA ESCROTAL..................................................................................................8
2.2
TESTÍCULOS.............................................................................................................9
2.3
CONDUTOS EXCRETORES ..................................................................................10
2.4
EPIDÍDIMOS ...........................................................................................................10
2.5
DUCTO DEFERENTE .............................................................................................12
2.6
AMPOLAS DE HENLE ...........................................................................................13
2.7
GLÂNDULAS ACESSÓRIAS.................................................................................13
2.7.1 Próstata .................................................................................................................13
2.7.2 Glândulas Vesiculares ..........................................................................................14
2.7.3 Glândulas bulbo-uretrais ou glândulas de Cowper ..............................................14
2.7.4 Glândulas Uretrais................................................................................................14
3
2.8
PÊNIS .......................................................................................................................14
2.9
PREPÚCIO ...............................................................................................................16
ANATOMIA DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO .................................................................. 16
3.1
OVÁRIOS.................................................................................................................16
3.2
TROMPAS DE FALÓPIO ou TUBAS ....................................................................17
3.3
ÚTERO .....................................................................................................................17
3.4
VAGINA...................................................................................................................17
3.5
VESTÍBULO VULVAR E VULVA PROPRIAMENTE DITA ..............................17
3.6
GLÂNDULAS ANEXAS E ÓRGÃOS VESTIGIÁRIOS .......................................18
3.6.1 GLÂNDULAS MAMÁRIAS ..............................................................................18
3.7
FIXAÇÃO, IRRIGAÇÃO E INERVAÇÃO DOS ÓRGÃOS REPRODUTORES..18
3
4
ENDOCRINOLOGIA DA REPRODUÇÃO .............................................................................................. 20
4.1
HORMÔNIOS DA ATIVIDADE REPRODUTIVA ...............................................20
4.1.1 Hormônios Hipofisários .......................................................................................20
4.1.2 HORMÔNIO LUTEINIZANTE (LH) .................................................................21
4.1.3 HORMÔNIO FOLÍCULO-ESTIMULANTE (F.S.H.)........................................22
4.2
Hormônios Sexuais ...................................................................................................22
4.2.1 ANDRÓGENOS ..................................................................................................22
4.2.2 ESTRÓGENOS....................................................................................................23
4.2.3 INIBINA...............................................................................................................23
4.2.4 PROGESTERONA ..............................................................................................24
5
FISIOLOGIA DO APARELHO REPRODUTOR MASCULINO E FEMININO...................................... 25
5.1
GAMETOGÊNESE ..................................................................................................25
5.1.1 Espermatogênese..................................................................................................25
5.1.2 ESPERMATOCITOGÊNESE .............................................................................26
5.1.3 ESPERMIOGÊNESE...........................................................................................26
5.1.4 ESPERMIAÇÃO..................................................................................................27
5.1.5 ESPERMATOZÓIDE ..........................................................................................27
5.1.6 Ciclo Espermático ................................................................................................27
5.1.7 EJACULAÇÃO....................................................................................................28
5.1.8 Ovulogênese .........................................................................................................28
6
ESTAÇÃO DE MONTA ............................................................................................................................ 30
6.1
Objetivos ...................................................................................................................31
6.2
Emprego da estação de monta...................................................................................34
6.3
Vacas na estação de monta........................................................................................35
6.4
Touros na estação de monta ......................................................................................37
6.5
Estação de novilhas...................................................................................................40
6.6
Estação de outono .....................................................................................................42
6.7
Métodos alternativos de desmame para melhorar a eficiência reprodutiva ..............43
4
6.7.1 Mamada interrompida e amamentação controlada...............................................44
6.7.2 Desmama precoce ................................................................................................44
7
8
6.8
Inseminação Artificial...............................................................................................45
6.9
Diagnóstico de Gestação...........................................................................................46
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................ 49
5
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Cronograma mensal das principais atividades de manejo, para o período de monta
de três meses (novembro a janeiro), no Brasil Central......................................................33
Tabela 2- Custo anual de um matriz vazia ................................................................................34
Tabela 3- Principais causas de baixa fertilidade ou infertilidade identificadas em touros usados
em rebanhos no Brasil .......................................................................................................38
6
1
1.1
INTRODUÇÃO
PECUÁRIA BRASILEIRA
Com o aumento da exportação da carne bovina brasileira, objetivando atender ao
mercado externo, a pecuária brasileira vem sofrendo uma grande modernização e tecnificação.
Em 2006 o Brasil foi o maior exportador de carne do mundo, segundo pesquisa feita pelo
Departamento de Agricultura dos EUA, publicada no Anuário da ANUALPEC 2007. O Brasil
embarcou 2,100 milhões de toneladas em equivalente carcaça, sendo 1,592 milhões de
toneladas como carne in natura e 508 milhões de industrializadas. Em receita, as exportações
garantiram ingressos no País de US$ 2,457 bilhões.
Atualmente o Brasil conta com um rebanho de aproximadamente 160 milhões de
cabeças de gado, das quais cerca de 68 milhões são vacas em reprodução. Dessas vacas cerca
de 95% são cobertas por monta natural e apenas 5% por inseminação artificial, realçando a
importância do manejo reprodutivo em uma fazenda (ANUALPEC, 2007 - FNP).
A pecuária brasileira, que foi desenvolvida ao longo das últimas décadas baseada na
rusticidade e fertilidade das raças zebuínas, ainda apresenta médias zootécnicas baixas para os
padrões modernos. Contudo, poderá rapidamente alcançar índices compatíveis com os dos
países mais desenvolvidos, tornando-se um expoente na produção e exportação de carne
bovina. Com o uso das tecnologias existentes e disponíveis, é possível realizar uma
transformação significativa nos meios e processo de produção, alcançando assim altos índices
7
de produtividade e qualidade pecuária, assegurando dessa forma o atendimento pleno e
anseios dos consumidores (Luchiari Filho, 2000).
Atualmente o Brasil possui mais de três milhões de pecuaristas, gerando mais de oito
milhões de empregos diretos e indiretos. Em algumas regiões a pecuária de corte é a única
fonte de renda. E é importante lembrar que além da produção direta da carne, a pecuária
também gera empregos no setor de transportes, curtumes e produtos veterinários.
8
2
ANATOMIA DO APARELHO REPRODUTOR MASCULINO
O aparelho reprodutor masculino tem como funções a produção, armazenamento e
transporte de espermatozóides, bem como a produção de hormônios e das secreções seminais.
2.1
BOLSA ESCROTAL
A bolsa escrotal é derivada da pele, sendo uma dobra cutânea de localização
subinguinal no bovino. Essa bolsa escrotal é dividida em dois compartimentos, cada qual
contendo um testículo. Ela é longa e pendular, com um colo bem definido.
A bolsa escrotal possui as seguintes camadas (MIES FILHO, 1987):
Pele: é lisa, elástica e fina, recoberta com pelos finos e curtos, sendo suprida de
glândulas sebáceas e sudoríparas. A pele ou escroto é formada pela derme e epiderme.
Túnica dartos: tem coloração avermelhada e está intimamente aderida à pele, exceto
dorsalmente. Esta túnica consiste em um tecido fibro-elástico e muscular que contribui para a
divisão da bolsa escrotal em duas lojas. A túnica dartos desempenha um papel importante no
sistema termo-regulador do testículo, propiciando condições adequadas a uma função
espermatogênica normal.
Túnica fibrosa: é uma invaginação da Fascia transversalis, sendo que possui uma
porção inguinal e outra subinguinal, esta compreendendo a funicular e a epidídimo testicular.
Das túnicas internas esta é a mais resistente.
Músculo cremaster externo: origina-se no orifício interno do canal inguinal, é estriado
e se fixa na parte externa da túnica vaginal. O cremaster participa ativamente no mecanismo
de termo-regulação testicular.
9
Túnica vaginal: tem natureza serosa e é proveniente do peritônio. É constituída de duas
camadas, sendo uma parietal, que forma a face interna da túnica fibrosa e outra visceral, que
recobre intimamente o testículo, o epidídimo e estruturas do cordão.
2.2
TESTÍCULOS
São em número de dois, sendo que cada testículo apresenta duas faces, dois bordos e
dois pólos. Esse órgão tem forma ovóide, localiza-se dentro da bolsa escrotal e está suspenso
pelo cordão espermático.
As faces laterais, direita e esquerda, são livres e convexas. O bordo anterior é recoberto
parcialmente pela cabeça do epidídimo e o bordo posterior serve de inserção ao corpo do
epidídimo. A extremidade ou pólo superior está recoberto pela cabeça do epidídimo e o pólo
inferior pela cauda epididimária. No pólo superior há a inserção do cordão espermático.
Os testículos estão revestidos pela túnica albugínea, formada de tecido conjuntivo
elástico. Os testículos são divididos incompletamente pelo mediastino ou corpo de Highmore
(MIES FILHO, 1987), onde estão as vias de excreção intratesticulares. Deste tecido
conjuntivo irradiam as trabéculas principais, dividindo o parênquima testicular em várias e
virtuais lojas (SISSON et al, 1982).
A inervação testicular é feita pelo nervo espermático externo, que nasce no Gânglio
Mesentérico Posterior. O nervo espermático irá acompanhar a artéria espermática e se dividir
para inervar o testículo. Os nervos do epidídimo e da bolsa escrotal têm fibras colinérgicas e
também adrenérgicas (SALISBURY, 1978).
Os testículos são formados por duas unidades funcionais, sendo uma os túbulos
seminíferos onde ocorre a espermatogênese e a outra o tecido intersticial com função
10
endócrina. Este tecido intersticial é representado pelas células de Leydig e por tecido
conjuntivo frouxo.
O suprimento sangüíneo é feito pela artéria espermática, muito longa e sinuosa ao
longo do cordão espermático. Esta artéria espermática tem início a partir da costa abdominal,
próxima à origem da artéria mesentérica caudal (SISSON et al., 1982).
O retorno venoso é feito pela veia espermática. É importante lembrar que a artéria e a
veia espermática encontram-se fortemente enroladas, formando o plexo pampiniforme. Este
plexo tem papel fundamental na termorregulação testicular, pois o retorno venoso pode
ocasionar uma queda de aproximadamente 4ºC na temperatura do sangue da artéria
espermática (SETCHELL, in COLE et al, 1984).
Esta termorregulação é fundamental para a ocorrência da gametogênese.
2.3
CONDUTOS EXCRETORES
Dentro dos testículos existe um enorme conjunto de túbulos, denominados túbulos
seminíferos. A confluência destes túbulos forma os túbulos retos. E por sua vez, o conjunto de
túbulos retos é conhecido como rede testis ou rede de Haller.
Os túbulos retos vão até a cabeça do epidídimo, dando origem ao ducto eferente, que se
prolonga para formar o conduto epididimário, sendo que este por sua vez, desemboca no ducto
deferente, já na cauda epididimária. A partir da cauda do epidídimo, o ducto deferente segue
em direção à pelve, abrindo-se na uretra pelviana.
2.4
EPIDÍDIMOS
É um órgão par, estando unido à porção medial do testículo. O epidídimo é formado
basicamente pelo conduto epididimário (COLE et al, 1984).
11
Anatomicamente, o epidídimo é dividido em cabeça, corpo e cauda. A cabeça forma
uma estrutura plana aplicada sobre o pólo superior do testículo, sendo que em seguida temos o
corpo do epidídimo que segue até o pólo oposto, dando origem a cauda epididimária, sendo
esta a porção mais detectável a palpação.
Histologicamente temos três regiões no ducto epididimário, mas estas não coincidem
com as regiões anatômicas citadas anteriormente (MICANDER, 1957 in HAFEZ, 1988).
Sendo assim, temos na porção inicial um epitélio alto, com esteriocílios retos e longos, que
quase obliteram a luz do órgão. Na porção média os esteriocílios são menores com uma luz do
órgão mais ampla. No segmento terminal existem esteriocílios curtos com uma luz bastante
ampla e preenchida por espermatozóides livres.
O epidídimo tem várias funções, sendo que destacamos a sua função absortiva,
secretora, de maturação, de reservatório e função espermatológica.
Quanto a sua função absortiva, sabe-se que os segmento inicial e médio apresentam
grande poder de absorção, sendo que as secreções epididimária e testicular são absorvidas
constantemente pelo epidídimo (HAFEZ, 1988). O epitélio dos túbulos eferentes é capaz de
remover partículas de sua luz, inclusive espermatozóides.
Quanto a função secretora, pode-se dizer que a secreção epididimária auxilia na
manutenção da viabilidade das células espermáticas. As secreções podem manter a viabilidade
dos espermatozóides durante a armazenagem (HAFEZ, 1988).
A função de maturação é vista durante a passagem dos espermatozóides através do
órgão, sendo que ocorrem importantes alterações físicas e citoquímicas, além de um aumento
na capacidade motora e fertilizante dos espermatozóides (HAFEZ, 1988).
12
A função de reservatório é desempenhada principalmente pela cauda do epidídimo que
pode armazenar aproximadamente 79% das reservas espermáticas extragonadais. Os
epidídimos de touros adultos podem armazenar até 74,1 x 103 espermatozóides, o que equivale
à produção de 3,6 dias pelos testículos. E da reserva espermática extragonadal de carneiros,
sabe-se que 15% está na cabeça epididimária, 4% no corpo e 68% na cauda do epidídimo
(HAFEZ, 1988).
Finalmente temos a função espermatofágica, sendo que os epidídimos eliminam
espermatozóides com defeitos morfológicos ou não ejaculados. Esta eliminação ocorre pela
absorção das células indesejáveis.
2.5
DUCTO DEFERENTE
Os ductos deferentes vão possibilitar o transporte dos espermatozóides da cauda do
epidídimo até a uretra. Estes ductos também irão estocar espermatozóides (NOAKES, 1992).
O ducto deferente deixa a cauda epididimária e mantém-se em uma alça separável do
resto do cordão espermático. Tem diâmetro pequeno e inicia-se com um percurso sinuoso, mas
na parte caudal do funículo espermático torna-se mais reto.
Os ductos deferentes alcançam a porção caudal da bexiga urinária, ficando sobrepostos
pelas glândulas vesiculares, formando as ampolas de Henle. Os ductos passam então, pelo
corpo da próstata e terminam, medialmente aos ductos das glândulas vesiculares (SISSON et
al, 1982), penetrando na uretra pélvica no colliculus siminalis (HAFEZ, 1988).
13
2.6
AMPOLAS DE HENLE
Formam-se por um aumento de tamanho da mucosa na porção terminal do ducto
deferente. As ampolas formam-se a partir de um espessamento dos ductos deferentes, que em
sua porção terminal são providos de glândulas tubulares ramificadas.
As ampolas têm paredes musculares que expelem o sêmen dos ductos deferentes para
dentro da uretra, auxiliando na ejaculação (HAFEZ, 1988).
2.7
GLÂNDULAS ACESSÓRIAS
Como glândulas acessórias temos a próstata, as glândulas vesiculares, as glândulas
bulbo-uretrais ou glândulas de Couper e as glândulas uretrais.
Sabe-se que no momento da ejaculação, as secreções da próstata, das glândulas
vesiculares e das glândulas bulbo uretrais, são enviadas para dentro da uretra, onde se
misturam com suspensão de espermatozóides e secreções dos ductos deferentes.
2.7.1 PRÓSTATA
É um órgão único, situado sobre a uretra pélvica, formando um “colar” (MIES FILHO,
1987).
A secreção prostática irá participar na formação do plasma seminal e constitui-se de
ácido cítrico, zinco, citratos, cloretos, fosfatos, fosfatase ácido e bicarbonato (MIES FILHO,
1987).
Esta glândula tem coloração amarela claro e é dividida em corpo e numa parte
disseminada. O corpo é a porção externa lobulada, sendo uma pequena massa que abrange a
superfície dorsal do colo da bexiga e o início da uretra. A parte disseminada é mais interna e
distribui-se ao longo da uretra pélvica (SISSON et al, 1982).
14
Sabe-se que no touro o corpo da próstata é pequeno. No porco é grande e não visível
no carneiro (HAFEZ, 1988).
2.7.2 GLÂNDULAS VESICULARES
Nos ruminantes e suínos as glândulas vesiculares são compactas e lobuladas. É um
órgão par e que tem como função a secreção do líquido seminal que irá nutrir os
espermatozóides e manter o pH. Entre os componentes importantes na secreção das glândulas
vesiculares temos a frutose e o ácido cítrico (HAFEZ, 1988).
As glândulas vesiculares medem aproximadamente 10 cm de comprimento, 5 cm de
largura e 3 cm de espessura, em animais adultos (NOAKES, 1992).
2.7.3 GLÂNDULAS BULBO-URETRAIS OU GLÂNDULAS DE COWPER
É um órgão par, localizado dorsalmente à uretra, próximo a sua extremidade pélvica.
As glândulas de Cowper são responsáveis pela secreção prepucial pré-copulatória, o
que ocasiona o “gotejamento” no prepúcio de touros antes da monta. Esta secreção deixa a
uretra livre de urina e previamente lubrificada.
2.7.4 GLÂNDULAS URETRAIS
Estas glândulas são encontradas em touros e são comparáveis as encontradas no
homem, mas sua contribuição para o ejaculado bovino ainda não é bem definida (HAFEZ,
1988).
2.8
PÊNIS
É um órgão longo, que vai da arcada isquiática, onde se insere, até um pouco atrás do
umbigo. O pênis apresenta pouco tecido erétil, com exceção da sua raiz, o que lhe dá uma
15
firmeza notável, classificando-se como fibro-elástico. O pênis é formado pela raiz, o corpo e a
glande.
Logo atrás da bolsa escrotal o pênis forma uma curva em “S”, denominada de flexura
sigmóide ou “S” peniano. Essa estrutura se desfaz no momento da ereção, ou seja, quando o
pênis está exposto.
O pênis dos mamíferos possui três corpos cavernosos agregados ao redor da uretra. São
eles o corpus spongiosum penis, o corpus carvenosum penis e o corpus spongiosum glandis.
Nos ruminantes e suínos há um desenvolvimento intenso de um par de músculos lisos
retratores do pênis, com origem na região sacra ou coccígea da coluna vertebral, que são
capazes de controlar o efetivo comprimento do pênis atuando na flexura sigmóide (HAFEZ,
1988).
No touro a glande tem 7 a 8 cm de comprimento, é plana dorsoventralmente, com a
extremidade pontiaguda e retorcida. Há pequena quantidade de tecido erétil, o que limita o
aumento de tamanho do pênis durante a ereção (SISSON et al, 1982).
Existe uma capa de tecido fibroso, a túnica albugínea, que recobre grande parte do
órgão. No pênis existem três músculos, sendo o músculo bulboesponjoso, o músculo
isquiocavernoso e o músculo retrator do pênis. Os dois primeiros são músculos eretores,
enquanto o terceiro é retrator.
O pênis é irrigado basicamente pela artéria dorsal do pênis, derivada da artéria pudenda
interna, que por sua vez, deriva da artéria ilíaca interna. A inervação do pênis é feita pelo
nervo dorsal do pênis, e deriva do nervo pudendo (OSTROWSKI, 1987).
16
2.9
PREPÚCIO
O prepúcio é uma dobra cutânea abdominal, por onde se exterioriza o pênis. Nos
ruminantes e suínos a abertura do prepúcio é regulada pelo músculo cranial do prepúcio,
podendo apresentar um segundo mais caudal (HAFEZ, 1988).
No touro, nota-se a abertura do prepúcio a cerca de 5 cm caudalmente à cicatriz
umbilical. Nesta espécie a cavidade prepucial tem entre 35 e 40 cm de comprimento, sendo
revestido por epitélio estratificado e apresentando glândulas tubulares helicoidais (SISSON et
al. 1982).
3
ANATOMIA DO APARELHO REPRODUTOR FEMININO
O aparelho reprodutor feminino é formado pelos ovários e pelas vias genitais que são
as trompas de Falópio, o útero, a vagina, o vestíbulo e a vulva propriamente dita, além das
glândulas anexas e órgãos vestigiários.
3.1
OVÁRIOS
Órgão par, localizado intra-abdominalmente, com função fundamental na reprodução
feminina. Os ovários possuem duas faces, sendo uma interna e outra externa, dois bordos,
sendo um livre e outro de inserção, e duas extremidades, uma anterior ou uterina e outra
posterior ou tubárica (MIES FILHO, 1987).
O ovário possui uma região cortical e outra região medular. A região cortical é que
contêm em seu interior os elementos fundamentais para o ciclo estral, que seriam os folículos
e corpo lúteo. Na região medular existe tecido conjuntivo de sustentação, vasos e nervos.
17
3.2
TROMPAS DE FALÓPIO OU TUBAS
São condutos que ligam os ovários aos cornos uterinos. A trompas estão fixadas ao
ligamento longo pela mesossalpinge e possuem três partes distintas: istmo, ampola e
infundíbulo.
As trompas conduzem o óvulo, quando imediatamente fora do ovário e também os
espermatozóides para o ato da fecundação.
3.3
ÚTERO
O útero inicia-se a partir das trompas e abre-se na vagina. É um órgão musculoso e
cavitário, que se desloca com facilidade devido ao desenvolvimento de seus órgãos de
sustentação, que são os ligamentos largos (MIES FILHO, 1987).
Segundo Lesbre (in MIES FILHO, 1987), os tipos de útero podem ser: simples, nos
primatas; bicórnios nas vacas, éguas, ovelhas, porca; duplo na coelha e unicórnio nas aves.
Nos animais de médio e grande porte pode-se dividir o útero em cornos, corpo e cólo
uterino.
3.4
VAGINA
A vagina, segundo MIES FILHO (1987), é um órgão tubular que vai do útero até a
prega transversal, localizada pouco antes do meato urinário.
No momento do coito, a vagina receberá o pênis, sendo que dependendo da espécie,
poderá ser o local da ejaculação ou apenas a comunicação com o colo do útero.
3.5
VESTÍBULO VULVAR E VULVA PROPRIAMENTE DITA
A vulva constitui-se da fenda vulvar e dos lábios que a limitam, sendo que o vestíbulo
é o conduto interno que vai da fenda vulvar até o meato urinário.
18
Não se pode esquecer que em vacas e porcas, logo atrás do meato urinário, existe o
divertículo sub-uretral, sendo uma depressão em fundo de saco (MIES FILHO, 1987).
3.6
GLÂNDULAS ANEXAS E ÓRGÃOS VESTIGIÁRIOS
As glândulas anexas das fêmeas não têm tanta importância como nos machos e são
elas: glândulas vestibulares menores e maiores, sendo estas também conhecidas como vulvovaginais.
Os órgãos vestigiários ou embrionários encontrados são: Hidatides, condutos de
Gartner (em vacas e porcas), sete ovarii, epoohoron e paroophoron.
3.6.1 GLÂNDULAS MAMÁRIAS
Também podem ser consideradas pertencentes ao aparelho reprodutor feminino, sendo
que possuem tamanho e constituição glandular variável de animal para animal, dependendo do
seu estágio reprodutivo.
A glândula mamária deve ter ligamentos bem inseridos e fortes, principalmente nos
animais de alta produção leiteira.
A glândula mamária irá produzir e liberar o leite, sob ação de hormônios e estímulos
externos.
3.7
FIXAÇÃO, IRRIGAÇÃO E INERVAÇÃO DOS ÓRGÃOS REPRODUTORES
Existe um ligamento comum, de sustentação, aos órgãos reprodutores, que os liga as
estruturas ósseas da coluna, por onde seguem também os vasos que irrigam a região, que é o
ligamento largo.
Existem ainda ligamento de ovário, trompa e útero como mesossalpinge, mesovário e
mesométrio.
19
O nervo pudendo e o plexo pélvico inervam a vagina. Os plexos uterinos e pélvicos
inervam o útero, sendo que os ovários e trompas são inervados pelo plexo renal e córtico.
Os vasos que nutrem os órgãos genitais são artéria útero-ovárica, derivada da aorta
posterior, a artéria uterina média e artéria pudenda interna. As veias ováricas deixam esses
órgãos (MIES FILHO, 1987).
20
4
ENDOCRINOLOGIA DA REPRODUÇÃO
Os hormônios são substâncias produzidas por glândulas endócrinas em uma parte do
organismo e levadas pela corrente sangüínea ou linfática até outros órgãos alvo, onde
modificam a atividade destes órgãos. Os hormônios com ação e controle sobre os processos
reprodutivos são principalmente procedentes do hipotálamo, hipófise, gônadas e placenta
(HAFEZ, 1988).
No macho, a função reprodutiva é controlada pelo eixo hipotálamo – hipófise –
testículos, que são responsáveis pela formação e liberação de hormônios. Os testículos têm
duas principais funções, produzindo gametas e sintetizando hormônios esteróides.
Nas fêmeas, vários hormônios associam-se, garantindo o desenvolvimento do “tipo
feminino”, a maturidade gênito-mamária e a regulação do ciclo estral (DERIVAUX, 1987).
4.1
HORMÔNIOS DA ATIVIDADE REPRODUTIVA
4.1.1 HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS
A hipófise secreta ou armazena vários hormônios que atuam em diferentes partes do
organismo, sendo que muitos deles estão relacionados com a reprodução (MIES FILHO,
1987).
Os principais hormônios hipofisários que agem sobre o processo reprodutivo são
provenientes da Adeno-hipófise ou hipófise anterior.
O Hormônio Luteinizante (LH) e o Hormônio Folículo Estimulante (FSH) têm ação
fundamental na fisiologia de machos e fêmeas. Logicamente que existem vários outros
hormônios muito importantes para a atividade reprodutiva, sendo que todos agem em cadeia.
21
Para que os hormônios hipofisários sejam produzidos e liberados, deve haver um
estímulo a nível de hipotálamo, com a liberação dos “fatores hipotalâmicos”.
Esses “fatores hipotalâmicos” são conhecidos como Hormônios Liberadores de
Gonadotrofina (GnRh). Sendo assim, temos o Hormônio Liberador do hormônio luteinizante
(LHRH) que controla a produção de secreção do LH e do Hormônio liberador do hormônio de
secreção do LH, e do Hormônio folículo-estimulante (FSRH) que controla a produção e
secreção do hormônio folículo-estimulante (FSH).
O hipotálamo tem sua atividade regulada por fatores como idade, meio ambiente,
feedback hormonal, etc.
4.1.2
HORMÔNIO LUTEINIZANTE (LH)
O hormônio luteinizante age nas células intersticiais do testículo, ou seja, nas células
de Leydig, estimulando-as e fazendo-as produzir a Testosterona. O LH irá estimular as células
de Leydig, sendo que estas secretam a Testosterona. É importante lembrar que as células de
Leydig são fonte primária da Testosterona, mas também de Progesterona, estradiol e outros
andrógenos. Devido a seu estímulo nas células intersticiais esse hormônio também é
conhecido como I.C.S.H (intersticial-cell-stimulating-harmoc).
Nas fêmeas, o LH vai agir sobre o ovário previamente preparado pela ação do F.S.H.,
sendo que irá promover o rompimento do folículo maduro, ocasionando a ovulação e
posteriormente levando a formação do corpo lúteo.
O LH é uma glicoproteína hidrossolúvel (COLE et al, 1984) produzida por células
basófilas (MIES FILHO, 1987).
22
4.1.3
HORMÔNIO FOLÍCULO-ESTIMULANTE (F.S.H.)
O FSH é uma glicoproteína (COLE et al 184) produzida por células basófilas (MIES
FILHO, 1987).
Nas fêmeas o FSH age sobre os ovários promovendo o crescimento e maturação do
folículo.
Nos machos ainda não se tem de maneira bem definida a verdadeira ação do FSH.
Segundo MACDONALD (1989), sabe-se que esse hormônio age a nível das células de Sertoli
presentes nos túbulos seminíferos estimulando-as a produzir uma Proteína Transportadora de
Andrógenos (ABP). Essa ABP possibilita a entrada de testosterona no interior dos túbulos
seminíferos, proporcionando um ambiente essencial à gametogênese.
O FSH ainda parece agir na espermiação (HAFEZ, 1988) e na síntese de hormônios
esteróides (MACDONALD, 1989).
4.2
HORMÔNIOS SEXUAIS
Os testículos, assim como os ovários, produzem vários hormônios que são muito
importantes na regulação do processo reprodutivo. Esses hormônios podem estimular ou inibir
as secreções hipofisárias pelo fenômeno de feedback hormonal.
4.2.1
ANDRÓGENOS
Os andrógenos são produzidos principalmente nos testículos, nas adrenais e nos
ovários.
Nos testículos, são as células de Leydig que sintetizam esses hormônios, sendo que
temos a produção da Testosterona e da Androstenediona (MIES FILHO, 1987).
23
A testosterona é o principal hormônio produzido pelos testículos, sendo que atua nos
túbulos seminíferos permitindo a espermatogênese normal. A testosterona ainda mantém a
estrutura e função das glândulas sexuais acessórias, com conseqüente manutenção dos
caracteres sexuais secundários.
Sabe-se que a testosterona tem função reguladora na secreção de LH por feedback
negativo.
Segundo J. DESIVAUX (1987), na fêmea, os andrógenos tendem a inibir a ação dos
estrógenos, suprimindo o estro.
Segundo HAFEZ (1988), o impulso sexual e a posição na ordem social dos animais é
totalmente dependente dos andrógenos.
4.2.2
ESTRÓGENOS
Na fêmea, em associação com outros hormônios, os estrógenos garantem o
desenvolvimento do tipo feminino, bem como a regulação do ciclo estral. Nas fêmeas não
gestantes esse estrógeno deve ser produzido pelos folículos de Graaf. Esses estrógenos ainda
podem ser produzidos na placenta e pela córtex supra-renal (J.DERIVAUX, 1987).
Nos machos, os estrógenos regulam o eixo testículos – hipófise – hipotálamo, sendo
que são muito potentes na inibição da secreção de gonadotrofinas hipofisárias
(MACDONALD, 1989).
4.2.3
INIBINA
É uma substância de natureza protéica encontrada no sêmen, nos extratos testiculares
ou do epidídimo, bem como no fluído folicular, na fêmea. Essa inibina atua a nível hipofisário,
inibindo o FSH (J. DERIVAUX, 1987).
24
4.2.4
PROGESTERONA
É um hormônio produzido pelo corpo lúteo do ovário, pela placenta, pelas adrenais e
testículos.
Na fêmea, o corpo lúteo produz progesterona, que inibe a ação do LH hipofisário, com
conseqüente degeneração do corpo lúteo e nova onda de FSH recomeçando o ciclo (J.
DERIVAUX, 1987).
25
5
FISIOLOGIA DO APARELHO REPRODUTOR MASCULINO E
FEMININO
5.1
GAMETOGÊNESE
É o processo pelo qual irão se formar as células sexuais como o espermatozóide e o
óvulo. Tanto a espermatogênese, como a ovulogênese, tem processos de diferenciação
semelhantes, sendo que ocorrem três etapas equivalentes. Existe uma fase de proliferação,
uma fase de crescimento e a terceira etapa de diferenciação, onde ocorre a meiose (J.
DERIVAUX, 1987).
5.1.1
ESPERMATOGÊNESE
A espermatogênese é um processo de divisão e diferenciação celular que leva a
formação do espermatozóide.
Para que se inicie a espermatogênese, as células germinativas primordiais que estão na
gônada fetal dividem-se várias vezes antes de originar os gonócitos. No macho, esses
gonócitos sofrem diferenciação antes da puberdade, formando as espermatogônias do Tipo
AO. Essas espermatogônias Tipo AO se dividem várias vezes, formando tipos A1, A2, A3,
A4, tipo intermediário (In) e espermatogônia Tipo B.
Essas espermatogônias sofrem divisão meiótica originando os espermatócitos de 1ª
ordem, sendo que estes por sua vez, sofrem a primeira divisão reducional, originando os
espermatócitos de 2ª ordem. Estes sofrem nova divisão originando as espermátides.
As espermátides são células características, haplóides, com núcleo pobre em
cromatina, centríolos livres, corpos cromatóides e mitocôndrias.
As espermátides se diferenciarão em espermatozóides.
26
Para que se facilite a compreensão, a espermatogênese é dividida em duas fases: a
espermatocitogênese e a espermiogênese.
5.1.2
ESPERMATOCITOGÊNESE
Fazendo um esquema sucinto da espermatogênese, temos que a espermatocitogênese
compreende as seguintes fases:
ESPERMATOGÔNIA

ESPERMATÓCITO
DE
1ª
ORDEM

ESPERMATÓCITO DE 2ª ORDEM  ESPERMÁTIDES
É importante lembrar que todos os tipos de espermatogônias e as várias divisões
mitóticas e mesmo reducionais já foram citadas no item anterior.
5.1.3
ESPERMIOGÊNESE
Cada espermátide formada dará origem a um espermatozóide. Esse processo é
constituído de diversas modificações morfológicas, mas sem divisões nas espermátides.
Segundo MIES FILHO (1987), a espermiogênese pode ser descrita, considerando as
modificações morfológicas que ocorrem, da seguinte maneira: o núcleo da espermátide forma
a cabeça do espermatozóide; o aparelho de Golgi forma o acrossoma e o seu restante origina a
gota citoplasmática; as mitocôndrias e os centríolos originam o aparelho locomotor do
espermatozóide e a membrana das espermátides forma a membrana do espermatozóide.
Todo esse processo ocorre no sinstício Sertoliano, de onde se libertam os
espermatozóides recém formados. O citoplasma das células de Sertoli irá manter o equilíbrio
iônico, secretar fluido e selecionar proteínas do plasma sangüíneo, sendo estas condições,
essenciais para a gametogênese.
27
Ao atravessarem o epidídimo, os espermatozóides recém formados completam a
maturação. Eles eliminam a gota citoplasmática, adquirem resistência e característica
fecundante.
5.1.4
ESPERMIAÇÃO
É o processo de liberação das células germinativas para a luz dos túbulos seminíferos.
Segundo FAURETT (1975) as espermátides alongadas vão sendo expulsas para a luz
dos túbulos e esta expulsão continua até que reste apenas uma haste delgada de citoplasma
unindo o cólo da célula espermática e o corpo residual. O rompimento desta haste é que dá
origem a Gota Citoplasmática do espermatozóide.
Os espermatozóides que estão na luz do túbulo seminífero ainda não têm motilidade
própria, passando para o epidídimo através da atividade contrátil da cápsula testicular e dos
túbulos seminíferos (MACDONALD, 1989).
5.1.5
ESPERMATOZÓIDE
São células haplóides alongadas, altamente especializadas, com função de
transportarem o material genético paterno até o óvulo, fecundando-o.
O espermatozóide é composto pela cabeça, com o núcleo e o acrossoma e pela cauda,
que é subdividida em colo, peça intermediária, peça principal e peça terminal.
5.1.6
CICLO ESPERMÁTICO
Uma “Série Espermatogênica” começa a partir de uma espermatogônia do tipo A.
Existiram várias séries em estágios evolutivos diferentes em um mesmo local do túbulo
seminífero (COLE et al, 1984).
28
De acordo com Bernaltson e Desjardns (in MACDONALD, 1989) são descritos 12
estágios em cada ciclo espermatogênico, ocorrendo em seqüência e ocasionando a onda
espermatogênica.
Segundo J. Derivaux (1987), em 41 dias o espermatozóide está na cabeça do epidídimo
e com 52 dias está no ejaculado.
MIES FILHO (1987) considera que o espermatozóide leva aproximadamente 53 dias
para se formar e mais 8 a 11 dias para completar o trânsito epididimário e ser ejaculado,
totalizando em média 63 dias de ciclo.
5.1.7
EJACULAÇÃO
A ejaculação depende de um controle nervoso, sendo que os impulsos nervosos
propiciam contrações musculares da parede dos vasos eferentes, conduto deferente, epidídimo,
glândulas acessórias, pênis e uretra peniana.
Os estímulos nervosos são dados pelos nervos simpáticos autônomos do plexo pélvico
(HAFEZ, 1988).
O ejaculado é formado pelos espermatozóides em suspensão no plasma seminal, que
possui secreções adicionadas por órgãos acessórios e testículos.
5.1.8
OVULOGÊNESE
A ovulogênese é o conjunto de transformações sofridas pela célula germinativa
indiferenciada até dar origem ao óvulo.
As células germinais proliferam-se, surgindo as ovogônias e o epitélio folicular. As
ovogônias se multiplicam por mitose dando origem aos ovócitos de 1ª ordem. Este ovócito de
29
1ª ordem mantém-se sem divisões durante longo tempo, permanecendo nesta fase desde o
folículo primário até o folículo maduro.
Com o rompimento do folículo, esse ovócito sofre uma divisão reducional, originando
dois elementos de tamanho desigual. Um é o ovócito de 2ª ordem e o outro é uma célula
pequena, que fica alojada entre o ovócito e a zona pelúcida, conhecido como corpúsculo polar.
Ocorre então uma segunda divisão celular deste ovócito, surgindo o 2º corpúsculo
polar e também o óvulo maduro ou ovotídio.
30
6
ESTAÇÃO DE MONTA
No sistema de criação extensivo de bovinos para corte, a fertilidade do rebanho
apresenta variações vinculadas às condições climáticas. Sendo assim, o estabelecimento de
uma estação de monta (EM) limitada é uma decisão importante e de grande impacto na
fertilidade. Estação de monta é a época do ano em ocorre o manejo reprodutivo, onde os
touros são colocados juntos as vacas e quando podemos utilizar a inseminação artificial. A
duração e a época podem variar de acordo com a localização da propriedade e da finalidade da
produção (AGIPER, 2003).
A escolha da época da estação de monta deve ser feita nos meses em que há maior
disponibilidade de nutrientes para alimentação animal. No Brasil Central ocorre nos meses de
novembro a fevereiro. Nestes meses os pastos apresentam maior produção de matéria verde.
Em um sistema de criação sem estação de monta definida, a maior parte das coberturas,
cerca de 80%, ocorrem no período de maior disponibilidade forrageira. Isto se deve ao fato de
que a maior disponibilidade de nutrientes faz com que as fêmeas apresentem cios com maior
freqüência e de melhor qualidade. (EMBRAPA GADO DE CORTE, 2004)
Para o pleno êxito de qualquer programa de seleção de gado de corte, objetivando o
aumento da produção e produtividade, uma prática de manejo importante a ser introduzida é o
estabelecimento de uma estação de monta fixa, combinada a um eficiente sistema de
identificação de animais, com a finalidade de tomar decisões objetivas e acertadas, quando à
permanência ou não de uma fêmea no rebanho, eliminando assim os critérios subjetivos de
seleção (SERENA, J. R. B., et al 1996).
31
As principais vantagens da estação de monta são:
a) Oferecer as fêmeas bovinas pastos de qualidade, com nutrientes que permitam a ela
emprenhar;
b) Concentrar os trabalhos de monta natural e da inseminação artificial;
c) Permitir a utilização de touros de alta capacidade reprodutiva com elevado número
de vacas;
d) Concentrar a época de nascimento;
e) Concentrar a faixa etária dos lotes;
f) Formar lotes mais uniformes;
g) Favorecer a seleção de vacas com melhor habilidade materna,
h) Concentrar e racionalizar a mão-de-obra;
i) Oferecer um maior e mais fácil controle das propriedades;
j) Custo zero;
k) Maior pressão de seleção;
As principais desvantagens são:
a) Não ter bezerros de todas as idades;
b) Mão de obra mais tecnificada;
6.1
OBJETIVOS
O principal objetivo da estação de monta é oferecer a fêmea bovina um bom estado
nutricional e conseqüentemente corpóreo na época do acasalamento. Com a estação de monta
ocorrendo nos meses de novembro a fevereiro, as parições ocorrem nos meses de agosto a
novembro.
32
Como o bezerro provoca maior desgaste em sua mãe, pela amamentação, a partir do
terceiro mês, considerando a estação de monta citada acima, a matriz tem tempo de se
recuperar do parto para a estação seguinte. No maior pico de lactação, esta fêmea vai estar na
época de maior disponibilidade forrageira.
Outro fator importante a ser lembrado é a desmama executada aos 7 meses de idade
dos bezerros. Com a utilização desta estação de monta, as desmamas serão feitas nos meses de
março a julho, época em que a qualidade das pastagens é pior. Neste caso, as matrizes não
sofrem com a lactação, nesta época de escassez nutricional, recuperando-se para o novo parto
e para a próxima estação de monta.
A estação de monta bem definida permite o melhor aproveitamento da mão de obra,
bem como a implantação de um cronograma anual dos manejos e das atividades a serem
realizadas durante o ano. Segue abaixo um quadro de atividades a serem realizadas na
propriedade.
33
Tabela 1- Cronograma mensal das principais atividades de manejo, para o período de monta de
três meses (novembro a janeiro), no Brasil Central.
ATIVIDADE
Exame
andrológico
Diagnóstico
gestação
Nascimentos e
cura umbigo
Desmama
Descartes
Castração
Vermifugação
estratégica
Vacina contra
Paratifo
Vacina contra
Paratifo
Vacina contra
Carbúnculo
Sintomático
Vacina contra
Brucelose
Vacina contra
Botulismo
J
F
M A
M
*
J
J
A
S
O
N
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
OBSERVAÇÕES
Machos para reprodução
60 dias após final da monta
*
*
D
*
*
Vacina contra *
Raiva
Fonte: EMBRAPA GADO DE CORTE
*
*
*
Cura do umbigo logo após o
nascimento
Aos 6-7 meses de idade
Selecionar por idade e desempenho
Machos destinados ao abate
Bezerros(as) da desmama até animais
de 30 meses de idade
Vacas prenhas ao redor do 8º mês de
gestação
Bezerros entre 15 e 20 dias de idade
Bezerros: 1ª dose: 4-6 meses de idade
2ª dose: 6 meses após 1ª
Fêmeas do 4º ao 8º mês de idade.
Marcar "V" na face.
Nas áreas endêmicas: 1ª dose: 4º mês
de idade; 2ª dose: 40 dias após 1ª;
Repetir uma dose anualmente
Anualmente, nas áreas endêmicas, a
partir dos 3 meses de idade
Com esta estação de monta, a época de nascimento ocorre durante a estação seca,
época na qual são baixas as incidências de doenças respiratórias, endo e ectoparasitas. Assim
os bezerros estão menos susceptíveis a doenças e parasitoses, o que diminui a incidência de
bezerros refugos.
O maior controle do rebanho deverá ocorrer nas vacas que ficarem vazias após a
estação de monta. Estas matrizes devem ser descartadas, pois como unidade de produção,
representam prejuízo financeiro a propriedade. Ver o quadro abaixo.
34
O descarte de matrizes vazias permite ainda uma pressão de seleção maior.
Tabela 2- Custo anual de um matriz vazia
Custos
Quantidade
Pasto 7% da @*/UA**/mês
1 ano
sal= 1 saco/cab/ano
R$28,00 saco de sal
Medicação = R$10,00/cab/ano
1 Peão p/ 500 vacas
1 real mes/vaca
custo bezerro***
IA= R$ 20,00 /vaca
Imposto = 3,75%
Custo Total
*cotação da Arroba (@) segundo a DBO outubro de 2007 = R$ 63,22.
R$
47,794
28,00
10,00
12,00
428,00
20,00
545,79
**Uma vaca corresponde a 0,9 unidade animal (UA). 1 UA = uma vaca de 450 Kg.
*** Preço do bezerro nelore macho no Mato Grosso do Sul segundo a DBO outubro de 2007.
Fonte: Autor
Outro controle importante que a implantação da estação de monta propicia é a
definição de lotes de bezerros, que serão de mesma idade, favorecendo lotes mais uniformes.
Este aparte de bezerros em lotes uniformes possibilita ainda identificar mais facilmente
os melhores e piores indivíduos, permitindo conseqüentemente uma avaliação das melhores
mães.
Os lotes uniformes permitem um manejo mais eficiente para cada categoria animal,
segundo sua finalidade e necessidade.
6.2
EMPREGO DA ESTAÇÃO DE MONTA
Para a implantação de uma estação de monta em uma propriedade onde os touros
permanecem o ano todo junto às vacas, deve-se inicialmente fazer uma estação de monta de
180 dias ou seis meses. Deve ser feita uma redução de um a dois meses a cada ano,
dependendo do resultado da estação de monta, da curva de nascimento e das condições
35
nutricionais da propriedade. Deve-se fazer esta redução gradativa até que se atinja a estação de
monta de três a quatro meses.
É importante lembrar que a implantação de uma estação de monta de três ou quatro
meses, não deve ser executada diretamente nas propriedades sem estação de monta. Esta
implantação deve ser gradual, pois caso contrário poderá acarretar em uma taxa de natalidade
muito baixa e conseqüente prejuízo financeiro.
Para se empregar uma estação de monta eficiente, quatro fatores básicos devem ser
considerados: condições fisiológicas das matrizes para o exercício da função reprodutiva,
época de nascimento das crias, época de desmama das crias, e época de abate dos produtos.
A adequação da estação de monta deve seguir a análise de uma curva de nascimento
dos bezerros. Para isto deve-se fazer o diagnóstico de gestação e posteriormente uma previsão
de nascimento, bem como uma previsão da disponibilidade forrageira e de possíveis
suplementações para as matrizes.
6.3
VACAS NA ESTAÇÃO DE MONTA
O intervalo que vai do parto ao reinício da atividade ovariana pode ser um obstáculo ao
aumento da eficiência reprodutiva em vacas. A existência de longo intervalo pós-parto nos
rebanhos aumenta a duração da temporada de partos e está associada com baixa fertilidade. O
anestro pós-parto é o maior responsável por grandes intervalos entre partos. Este é
influenciado pela idade, nutrição, amamentação, estação e presença de touro. Logo após o
parto desencadeia-se uma competição por energia entre os processos de lactação, manutenção
e reprodução. Considerando-se estes aspectos, o primeiro a ser prejudicado, no caso de um
balanço energético negativo, será o processo de reprodução.
36
Os aspectos importantes na reprodução das fêmeas são a idade em que atingem à
puberdade e a extensão na qual esta idade se relaciona à fertilidade na primeira estação de
monta e ao subseqüente desempenho reprodutivo nas futuras estações.
A natureza de
crescimento compreende uma série de transformações em tamanho e estrutura até o animal
atingir a idade adulta. O animal cresce sob estímulos hereditários, sendo que a manifestação
deste, depende da ação de hormônios e principalmente ação de fatores externos, tais como
alimentação, sanidade, genética entre outros (MANCIO, A. B. 2005).
A eficiência produtiva dos sistemas de produção de bovinos de corte está na
dependência de que cada vaca produza, todos os anos, um bezerro bem desenvolvido.
Normalmente, avalia-se a produtividade das vacas com base somente no desenvolvimento dos
seus bezerros até a desmama. Em geral, as vacas maiores, produzem mais leite e desmamam
bezerros mais pesados, porém os requerimentos para a manutenção dependem do tamanho das
vacas, fator que também deve influenciar a eficiência de produção.
Trabalhos com diferentes grupos genéticos de gado de corte verificaram que as vacas
maiores consumiram mais alimentos. O aumento no peso das vacas resulta em aumento no
peso dos bezerros ao nascimento e a desmama. O aumento na produção de leite está associado
a aumento no consumo de alimentos. Vacas com maior potencial leiteiro desmamam bezerros
mais pesados, entretanto quando o peso da desmama está relacionado ao peso da vaca, as
vacas maiores não eram as mais produtivas. Dessa maneira, na avaliação dos sistemas de
produção de bezerros de corte, deve-se levar em conta não somente o desenvolvimento dos
bezerros e o peso das matrizes, mas também a sua eficiência reprodutiva (OLIVEIRA, J. de A
L. et. al, 1995).
37
As matrizes que iniciam a estação de monta devem apresentar boa condição corporal,
estar ciclando normalmente, apresentar boas características de úbere e tetas e estarem livres de
doenças que comprometam a fertilidade. Na maioria das doenças reprodutivas, o sinal mais
freqüente desta presença em um plantel, é a repetição de cio e os abortos (SILVA, R. A. et al
2005).
A avaliação da condição corporal das vacas, apesar de subjetiva, é uma ferramenta
muito útil no manejo reprodutivo, pois permite avaliar o estado nutricional do rebanho em
determinado período. Dessa forma é possível corrigir o manejo nutricional a tempo, para que
os animais tenham condições mínimas no momento desejado. Além disso, existe alta
correlação entre a condição corporal ao parto e o desempenho reprodutivo pós-parto. Ou seja,
as fêmeas que tiverem melhor condição corporal no terço final da gestação irão apresentar cio
mais cedo. Esta avaliação deve ser realizada na época de desmama, início do período de seca,
pois
assim
as
fêmeas
prenhes
que
estiverem
muito
magras
devem
receber
suplementação.(FZEA- USP, 2005).
Vacas em descanso reprodutivo por mais de quatro meses, em geral estão livre de
tricomonose e campilobacteriose. O controle para brucelose é recomendado, descartando-se os
animais positivos nos exames sorológicos. As fêmeas prenhes devem receber boa alimentação
e água de qualidade e devem ser manejadas tranqüilamente evitando o estresse (SILVA, R. A.
et al 2005).
6.4
TOUROS NA ESTAÇÃO DE MONTA
Os touros têm importância fundamental nos índices reprodutivos. Em torno de 95% das
vacas e novilhas em condições de reprodução são servidas pela monta natural, restando menos
38
de 5% para o serviço de inseminação artificial. Vale considerar que a influência dos touros não
se limita apenas ao aporte da metade de seus genes à sua descendência, uma vez que, pelo fato
de se poder aplicar neles um diferencial de seleção maior do que nas fêmeas, tornam-se
responsáveis por 70% ou mais do melhoramento genético que se pode conseguir nas
características de uma população (MARQUES, D. C. 2003).
Um touro infértil ou sub-fértil em um rebanho traz grandes prejuízos, pois aumentará o
número de vacas vazias. Antes da estação de monta os touros devem passar por um exame
andrológico e por outros exames complementares para confirmar se está apto para a estação de
monta. O objetivo primordial do exame andrológico é de se realizar uma estimativa da
fertilidade potencial do reprodutor e identificar anormalidades no trato genital ou no
comportamento sexual que possam comprometer sua fertilidade.
Um touro pode ser considerado sub-fértil quando tem problemas no sêmen, não
consegue executar o ato sexual ou quando é portador de alguma doença venérea
(NOGUEIRA, E. 2004). O quadro a seguir mostra as principais causas de baixa fertilidade ou
infertilidade identificadas em touros usados em rebanhos no Brasil.
Tabela 3- Principais causas de baixa fertilidade ou infertilidade identificadas em touros usados em
rebanhos no Brasil
Causa
Degeneração testicular
Imaturidade sexual
Maturidade sexual retardada
Hipoplasia testicular
Espermiogênese imperfeita
Espermatocistite
Disfunção do epidídimo
Fonte: EMBRAPA GADO DE CORTE
Freqüência
21,5
11,9
3,5
3,5
2,9
2,7
2,1
39
A vantagem da estação de monta para o touro, é que este animal passa por um longo
período em descanso. A relação touro/vaca pode variar de acordo com a raça, região e
tamanho da fazenda. A relação de touro/vaca mais comum é em torno de um touro para 30
vacas. Existem pesquisas onde se utilizou até um touro para 80 a 100 vacas. A maior
vantagem da redução da relação touro/vaca é a economia proporcionada nos custos de
produção dos bezerros (SERENO, J. R. B. 2005).
Existe diferença significativa entre os tipos de acasalamentos, sendo o acasalamento
múltiplo, em que existe mais de um macho no rebanho, superior ao individual, onde só tem
um macho no plantel. Essas informações são importantes para as regiões de manejo extensivo,
onde se utilizam grandes áreas com mais de um touro. Estudos realizados nos EUA
evidenciam que a detecção de cio foi igualmente boa quando utilizado as proporções de 1:25,
1:44 e 1:60, informando que o número de touros por piquete não afetou o número de detecções
de cios. No Pantanal, observou-se que quando o acasalamento era individual, o touro montava
mais freqüentemente nos períodos de temperatura mais agradáveis, nas manhãs ou tarde.
Enquanto que em acasalamentos múltiplos, devido à concorrência entre reprodutores, a monta
ocorria em qualquer horário do dia. Logo, para a bovinocultura extensiva, o acasalamento
múltiplo se torna mais interessante. (SERENO, J. R. B. 2005)
Em um lote de fêmeas devem ser usados touros de mesma idade e tamanho, com
finalidade de reduzir disputa e a influência de touros mais agressivos. No caso de touros
dominantes serem sub-férteis a fertilidade do rebanho será seriamente reduzida. (NOGUEIRA,
E. 2005).
40
Não se recomenda colocar touros zebuínos e europeus juntos no mesmo lote, pois as
fêmeas bovinas zebuínas têm predileção por touros de sua raça. No entanto, podem-se
misturar touros europeus de raças diferentes ou de raças sintéticas e compostas sem
problemas.
A suplementação anterior a estação de monta é importante, para que estes animais
cheguem ao início desta estação com uma condição corporal adequada. A perda de peso que
ocorre durante a estação de monta deve vir da gordura armazenada, e não da musculatura, em
especial em touros jovens. A perda rápida da condição corporal, baixa a fertilidade e a libido
do touro, devendo ser evitada. Os touros superalimentados cansam-se facilmente, podendo
também haver deposição de gordura nos tecidos reprodutivos, piorando o desempenho dos
animais (NOGUEIRA, E. 2004).
6.5
ESTAÇÃO DE NOVILHAS
Após o parto, todas as fêmeas, tanto vacas como novilhas, passam por um período
chamado de anestro puerperal, em que ocorre a involução do útero. Esta fase dura de 30 a 45
dias e neste período não há manifestação de cio. Este período de anestro sofre interferência de
inúmeros fatores como condição corporal ao parto, oferta de alimento, sanidade, clima,
potencial leiteiro da vaca e principalmente a presença do bezerro. No caso de novilhas de
primeira cria, além destes aspectos, o período de anestro é naturalmente mais problemático
porque esta fêmea com primeira cria ao pé ainda está se desenvolvendo. Isto impõe uma maior
exigência nutricional, já que as necessidades de manutenção e lactação são acrescidas pelas
exigências de energia e proteína para o crescimento. Para contornar este maior tempo
requerido para o retorno à atividade reprodutiva e com base em resultados de pesquisa e de
41
dados coletados em propriedades, são propostas algumas técnicas alternativas de manejo.
Fatores relevantes como época de início da estação de monta, época de parição e duração do
período de monta constitui-se em variáveis importantes para o estabelecimento da estação
para novilhas (AGIPER, 2003).
A Embrapa Gado de Corte traz uma proposta de antecipação em 30 dias da primeira
estação, em relação ao restante do rebanho, com uma duração de 30 a 45 dias. Isto permite
uma concentração das parições mais cedo, sendo que as fêmeas poderiam estar ciclando
quando colocados com vacas adultas na próxima estação de monta. A proposta de manejo da
Embrapa Gado de Corte para a região central do Brasil, é que o início e o término da EM para
novilhas sejam antecipados em pelo menos 30 dias, em relação ao das vacas, a fim de
proporcionar maior tempo para o restabelecimento da atividade reprodutiva.
A antecipação da estação de monta para as novilhas em 30 a 45 dias é uma prática
adequada, tendo em vista o maior tempo necessário para esta categoria animal voltar a ovular
após a parição. Esta estação deve ser de curta duração, com 45 dias ou a metade daquela
estabelecida para as vacas adultas, visando concentrar os nascimentos no início da estação de
parição, possibilitando um maior período para recuperação dos efeitos da gestação (AGIPER,
2003).
Para a estação de monta de novilhas devem ser usados touros leves, para não prejudicar
estas fêmeas jovens, evitando possíveis acidentes. Geralmente são utilizados touros jovens.
Como peso ideal para serem selecionadas ao programa reprodutivo, as novilhas Nelore
devem apresentar de 270 Kg a 300 Kg de peso vivo. Normalmente este é atingido, em criações
extensivas, por volta dos 24 meses. No entanto, em condições de pastagens melhoradas, pode
42
ser reduzido para 18 a 20 meses. Já em novilhas com meio sangue europeu, com peso vivo em
torno de 300 kg, a partir dos 12 a 18 meses, já é possível se evidenciar a presença de cio.
Cada raça tem seu peso ideal à primeira concepção e este peso deve ser respeitado, se o
criador desejar que este animal atinja seu total desenvolvimento. As novilhas provenientes de
cruzamentos são mais precoces, e, portanto, atingem a maturidade sexual mais cedo, quando
comparadas às fêmeas zebuínas. Contudo para expressarem maior potencial, necessitam de
alimentação de maior qualidade (EMBRAPA GADO DE CORTE, 2000).
A redução da idade ao primeiro parto, promove diminuição do intervalo entre gerações,
possibilitando maior intensidade de seleção nas fêmeas, além de aumentar a vida útil das
mesmas. Outra vantagem é a diminuição de categorias animais em desenvolvimento dentro da
fazenda, com conseqüente aumento da taxa de desfrute do rebanho. Por esses motivos, a
redução da idade ao primeiro parto, é uma das práticas de manejo que causam maior impacto
no desempenho econômico do sistema produtivo de bovinos de corte (CEZAR, I. M., 2005).
6.6
ESTAÇÃO DE OUTONO
Outro manejo possível para novilhas seria a estação de monta de outono. Este manejo
possibilita antecipar a estação de monta para o início do mês de Março ou Abril, com duração
de 60 dias. Neste caso as novilhas entram em estação de monta mais cedo.
A principal vantagem deste manejo é identificar os animais mais precoces.
As experiências realizadas em grandes lotes de novilhas nelore demonstram que a taxa
de concepção alcançada foi baixa, em torno de 17%, quando não se tinham informações que
pudessem predizer sua fertilidade. Entretanto, quando as filhas dessas novilhas precoces,
gestantes em torno dos 18 meses idade, entram em reprodução na mesma idade das mães,
43
também aos 18 meses, mais de 70% delas tornam-se gestantes. Outra vantagem deste manejo é
evitar a etapa crítica de reconcepção da vaca primípara, pois com esta técnica, a vaca
primípara entrará na segunda estação sem bezerro ao pé.
Sendo assim, a precocidade da novilha é fator preponderante para uma boa taxa de
desfrute e conseqüente desempenho econômico do rebanho. Porém, além da precocidade, a
probabilidade de reconcepção deve ser considerada, pois a parição precoce tornar-se-ia inútil
ou, até mesmo prejudicial, se os eventos reprodutivos posteriores dessa novilha ficassem
prejudicados. (MARQUES, D. C. 2003)
A temporada de outono deve ser curta, com no máximo 60 dias. As novilhas que
ficarem vazias seguem para a estação de monta normal e as prenhas podem seguir pra
programas de inseminação artificial na próxima estação. Esta estação permite identificar as
linhagens de fêmeas mais precoces, com uma seleção rápida para este fator (DBO, 2004).
6.7
MÉTODOS
ALTERNATIVOS
DE
DESMAME
PARA
MELHORAR
A
EFICIÊNCIA REPRODUTIVA
A amamentação intensa atrasa o aparecimento do cio pós-parto pela influência
inibitória que o estímulo da mamada pelo bezerro exerce sobre os elementos regulatórios
controladores da liberação das gonadotrofinas hipofisárias.
Algumas alternativas de manejo podem ser usadas como objetivo de melhorar a
eficiência reprodutiva. Tanto a desmama precoce dos bezerros, como a interrupção da
amamentação por curto espaço de tempo ou a redução na freqüência de amamentação para
uma ou duas mamadas diárias podem ser adotadas, desde que as matrizes estejam ganhando
peso quando o bezerro é removido. (RODRIGUES, A. de A. et al,2003)
44
6.7.1
MAMADA INTERROMPIDA E AMAMENTAÇÃO CONTROLADA
O objetivo desta técnica é propiciar condições favoráveis para as matrizes, visando
melhorar a eficiência reprodutiva das vacas. O método consiste na separação dos bezerros de
suas mães por períodos que variam entre 48 e 72 horas, em bezerros com idade superior a 45
dias. Da mesma forma, a amamentação controlada uma vez ao dia pode ser utilizada para
desaleitar precocemente os bezerros e melhorar os índices reprodutivos do rebanho sem
prejudicar o desenvolvimento do bezerro (MANCIO, B. M. 2005).
Bezerros que sofrem estes manejos podem ser desmamados com peso inferior, porém
estas técnicas favorecem a desmama do bezerro, oferecendo menor estresse ao bezerro e a
matriz no momento da desmama, pois ambos estarão acostumados ao manejo (SEGUI, M. S.
comunicação pessoal).
6.7.2
DESMAMA PRECOCE
Pesquisas revelam que bezerros desmamados acima dos três meses de idade e mantidos
em pastagens de boa qualidade não têm seu crescimento prejudicado (GRAWUNDER, 1986).
O desmame do animal em idade muito jovem, antes dos 90 dias, embora forneça um anestro
puerperal curto, não é recomendado para os trópicos. Quando realizado em bezerros com
idade superior a 90 dias, ou acima de 100 Kg de peso vivo, torna-se uma prática possível,
deste que os bezerros recebam uma alimentação de boa qualidade. Neste caso a suplementação
é indicada, pois a diferença de peso que ocorre inicialmente tende a ser corrigida com as
suplementações.
A técnica do desmame precoce, quando cercada dos cuidados para não prejudicar o
desenvolvimento dos bezerros, pode ser vantajosa para o rebanho. Esta técnica pode elevar a
45
taxa de prenhez, pois reduz o período de anestro pós-parto, permitindo recuperação rápida da
condição corporal da matriz. Possibilita menores intervalos entre partos e entre gerações no
rebanho.
Observa-se também que as vacas descarte, que não conceberam durante a estação de
monta, estarão aptas para o abate em torno de seis meses. Deve-se atentar para o custo da
suplementação dos bezerros, pois este fator pode inviabilizar esta técnica.
A maior vantagem atribuída ao desmame precoce, é reduzir o número de animais
ociosos no rebanho, melhorando as condições para os demais animais que permanecem na
propriedade, bem como possibilitar precocidade das bezerras e dar rotatividade ao ciclo
produtivo (MANCIO, A. B. 2005).
6.8
INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL
Na estação reprodutiva, com a inseminação artificial associada ao repasse com touro,
costuma-se utilizar os primeiros 60 dias para a inseminação artificial. Neste período a fêmea
tem condições de apresentar até três cios. Após esse período, as matrizes são colocadas com
touro para fazer repasse.
A inseminação permite um rápido ganho genético no rebanho, pois os sêmens
utilizados são de touros selecionados. Conforme a necessidade do rebanho pode ser escolhido
o touro que melhor imprima as características e correções do plantel.
A fertilidade do rebanho inseminado pode ser drasticamente reduzida, se não forem
tomados todos os cuidados quanto ao momento correto de inseminação, ao emprego adequado
de técnicas de descongelamento e inseminação, ao uso do sêmen de fertilidade comprovada e
aos cuidados com o estado sanitário de fêmeas (EMBRAPA GADO DE CORTE, 2004).
46
O maior problema da inseminação artificial na pecuária de corte extensiva é a
visualização correta do cio. Para ajudar na visualização do cio é importante a utilização de
rufiões com buçal marcador.
6.9
DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO
O diagnóstico de gestação deve ser efetuado por um veterinário a partir dos 40 dias
após o final da estação de monta ou da inseminação artificial. Com o uso de ultra-som esse
diagnóstico poderá ser feito antes, em torno dos 28 dias. Normalmente é realizado somente em
torno de 60 dias por palpação retal. Durante a estação reprodutiva é aconselhável fazer
diagnóstico de gestação, em datas estratégicas, não só para simplesmente constatar a prenhês,
mas principalmente para identificarmos o estágio reprodutivo das fêmeas e problemas como
repetições de cio, anestros prolongados, cios irregulares, falhas nas observações de cio e
outros. Tudo isto é necessário para poder diagnosticar possíveis falhas e corrigi-las, evitando
possíveis prejuízos (VANZIN, 2005).
A maneira mais prática de efetuar o diagnóstico de gestação é pelo toque retal,
efetuado por um médico veterinário, o qual insere seu braço pelo reto do animal e,
manipulando o aparelho genital, é capaz de detectar possíveis modificações em sua estrutura,
que podem ser gestações ou não, anormalidades, distúrbios ou malformações. Pode-se realizar
o corte da vassoura do rabo quando o diagnóstico da gestação for positivo. Devem ser feitas
anotações, facilitando a identificação dos matrizes prenhes (EMBRAPA GADO DE CORTE,
2004).
Com o diagnóstico de gestação nas matrizes é possível fazer uma previsão de
nascimento e da taxa de fertilidade dos lotes. No caso de problemas neste índice de fertilidade
47
deve-se abrir mão de técnicas para a melhora desta taxa, minimizando impactos financeiros
negativos.
O reconhecimento do estado de gestação do animal representa considerável valor
econômico. Geralmente, o diagnóstico precoce da gestação é requerido após a cobertura ou
inseminação, para identificar o mais rápido possível os animais não gestantes, de modo que o
tempo de produção perdido em função de infertilidade possa ser reduzido com tratamento
adequado ou descarte (JAINUDEEN e HAFEZ, 1995).
48
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o aumento das exportações de carne bovina pelo Brasil, a pecuária de corte
precisa se adequar constantemente às novas exigências do mercado externo. A produção de
carne bovina brasileira ainda tem muita a evoluir, pois apresenta vários pontos que podem ser
maximizados. Faz-se cada vez mais importante a especialização e tecnificação de todo o
processo produtivo, desde o início da cria ainda nas propriedades, passando pelo abate e
processamento, finalizando com o transporte e conservação deste alimento até o consumidor
final.
Considerando-se todo esse processo produtivo, a estação de monta torna-se uma
ferramenta para aumentar o índice de fertilidade dos rebanhos e organizar o sistema de
produção das propriedades. O emprego da estação da monta permite ainda um maior controle
e levantamento de dados das propriedades, considerando-se novas exigências dos mercados
externos como, por exemplo, a rastreabilidade, atualmente uma realidade na pecuária mundial.
A implantação da estação de monta deve ser feita com custo irrisório, mas de maneira
organizada e coerente com o momento e realidade de cada propriedade.
49
8
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Meu especial agradecimento aos meus pais que sempre