Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 19 a 21 de outubro de 2011 RESULTADO PRELIMINAR DA ANÁLISE DO CONSUMO DE ARTRÓPODES POR Tayassu pecari (MAMMALIA, ARTYIODACTYLA) CRIADO EM SISTEMA SEMI-EXTENSIVO NA REGIÃO OESTE DE GOIÁS. Rander Carlos Santos de Souza (UEG/UnU Iporá – PVIC/UEG) [email protected] Douglas Henrique Bottura Maccagnan (UEG/UnU Iporá) [email protected] Introdução O queixada, Tayassu pecari (Link, 1795) (Mammalia: Artiodactyla), é um mamífero de médio porte comumente encontrado em bandos com grande número de indivíduos e esta distribuído por todos os biomas brasileiros (MAMEDE & ALHO, 2008). Com valor comercial, este animal tem sido criado de forma semi-extensiva em algumas regiões do país. De maneira geral, o queixada tem dois picos reprodutivos anuais que estão diretamente relacionados com a disponibilidade de alimento (ALTRICHTER et al, 2001). Este animal é onívoro alimentando-se de matéria vegetal variada, invertebrados e outros pequenos animais (MAMEDE e ALHO, 2008, SALAZAR, 2007), sendo que boa parte desse material é obtido pelo revolvimento do folhiço depositado sobre o solo. Os artrópodes de solo são constituídos principalmente por insetos, aranhas, escorpião, diplópodes e quilópodes, sendo que eles podem ser encontrados em grande número em meio ao folhiço. Esses animais desempenham importantes funções, como auxiliando na decomposição, atuando como reguladores da população de outros organismos através da predação e ainda servem como recurso alimentar para uma gama de vertebrados terrestres de todas as classes (TRIPLEHORN e JOHNSON, 2011). Devido a presença do exoesqueleto rígido, partes desses organismos podem ser facilmente encontrados nas fezes de seus predadores, possibilitando assim a identificação em famílias e ordem (CHEIDA e RODRIGUES, 2010). A compreensão da interação desses artrópodes com o queixada é de grande importância para o entendimento ecológico entre as partes, bem como gerará subsídios para a otimização da criação do queixada para fins comerciais. Com este fim, na Unidade universitária da UEG de Iporá esta sendo realizada pesquisa com o intuito avaliar o consumo de artrópodes pelo queixada e o impacto deste sobre a população das presas. Objetivo O presente trabalho teve por objetivo apresentar análise preliminar do consumo de artrópodes de solo pelo queixada (Tayassu pecari) criado em sistema semi-extensivo. 1 Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 19 a 21 de outubro de 2011 Metodologia Área de estudo O Centro de Tecnologia Agroecológica de Pequenos Agricultores (AGROTEC) (16° 14’ 960” S 51° 16’ 936” W) está inserido a 3 km da zona urbana do município de Diorama, distante 250 km de Goiânia (PPP-ECOS, 2010; AGROTEC, 2008). Possui 125 hectares compostos por formações vegetais de mata seca, mata ciliar, cerrado strictu sensu, campo sujo úmido, veredas, além de áreas de capões. Entre outras atividades, a AGROTEC se dedica a criação experimental do queixada (Tayassu pecari), na modalidade semi-extensiva, para fins comerciais. Análise das fezes do queixada Entre os meses de junho e agosto, com periodicidade quinzenal, foram coletadas aleatoriamente amostras fecais recentes e conservadas do queixada, totalizando seis amostras. Ainda em campo estas foram acondicionadas individualmente em saco de papel devidamente etiquetado e transportadas ao laboratório de ciências biológicas da Universidade Estadual de Goiás de Iporá. Em laboratório foi utilizado a metodologia adaptada de Bertolla e dos Reis (2010) e Quintela et al (2008), onde as amostras foram lavadas individualmente em água corrente sobre peneira com malha de 1 milímetro. O material obtido foi então seco em estufa a 45ºC por 48 horas. O material seco provindo de cada amostra foi então triado onde foi separando as partes de artrópodes do montante de fibras vegetais com o auxilio de pinças e de lupa. Tanto as partes de artrópode como as fibras vegetais foram posteriormente pesados em balança com precisão de 1-5g. Os resultados são apresentados no texto na forma de média ± desvio padrão. Resultados e Discussão Das amostras fecais analisadas, todas apresentaram partes de artrópodes. A partir da pesagem do material triado obteve-se a média de 0,284 ± 0,123 gramas de partes de artrópodes por amostra fecal, o que correspondeu a porcentagem de 2,72 ± 1,6 do peso total da amostra. O resultado encontrado é semelhante ao apresentado pela análise do conteúdo estomacal do queixada nos trabalhos de Salazar (2007) e Barreto et al (1997). Conclusão Partes de artrópodes são preservadas nas fezes do queixada indicando seu consumo. Porém, pela pequena proporção não é possível determinar se esta foi voluntária. Agradecimentos Ao Centro de Tecnologia Agroecológico de Pequenos Agricultores (AGROTEC) por disponibilizar a área de estudo. 2 Anais do IX Seminário de Iniciação Científica, VI Jornada de Pesquisa e Pós-Graduação e Semana Nacional de Ciência e Tecnologia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS 19 a 21 de outubro de 2011 Referências AGROTEC – Centro de Tecnologia Agroecológica de Pequenos Agricultores. Unidade de Proteção de Fitoterápicos PHYTOBRASIL. Memento Terapêutico: medicamentos fitoterápicos. Diorama, GO: AGROTEC/PHYTOBRASIL. 2008. 42 p. ALTRICHTER, M.; DREWS, C.; CARRILLO, E. SÁENZ, J. Sex Ratio and breeding of white-lipped peccaries Tayassu pecari (Artiodactyla: Tayassuidae) in a Costa Rican rain forest. Revista de Biologia Tropical, v 49, n. 1, 383-389. 2001. BARRETO, G. R.; HERNANDEZ, O. E.; OJASTI, J. Diet of peccaries (Tayassy tajacu and T. peccary) in a dry forest of Venezuela. Journal Zoology. Londres v. 241, n. 2. 279284.1997 BERTOLLA, L.; dos REIS, N. R. Técnicas de estudo em ecologia de Lontra longicaudis. In: REIS, N. R.; PERACCHI, A. L.; ROSSANEIS, B. K.; FREGONEZI, M. N. Técnicas de estudo aplicadas aos mamíferos silvestres brasileiros. Rio de Janeiro, Technical Books, p. 122 -136. 2010. CHEIDA, C. C.; RODRIGUES, F. H. G. Introdução ás técnicas de estudo em campo para mamíferos carnívoros terrestres. In: REIS, N. R.; PERACCHI, A. L.; ROSSANEIS, B. K.; FREGONEZI, M. N. Técnicas de estudo aplicadas aos mamíferos silvestres brasileiros. Rio de Janeiro, Technical Books, p. 89-121. 2010. MAMEDE, S. B.; ALHO, C. J. R. Impressões do Cerrado & Pantanal: subsídios para a observação de mamíferos silvestres não voadores. Ed. UFMS. Campo Grande. 208p. 2008. PPP-ECOS, Programa de Pequenos Projetos Ecossociais. Long live the Cerrado! Brasília: Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). 2010. 40 p. QUINTELA, F. M.; PORCIUNCULA, R. A.; COLARES, E. P. 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