MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA PROCURADORIA FEDERAL DOS DIREITOS DO CIDADÃO Informativo PFDC nº 59/2006 Brasília, 29 de junho de 2006. A Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão, Ela Wiecko, anunciou ontem, durante entrevista coletiva na Procuradoria Geral da República, a identificação, por amostra de DNA, da ossada de Luiz José da Cunha, ex-dirigente da Ação Libertadora Nacional (ALN). Também participaram da entrevista a viúva de Luiz da Cunha, Amparo Araújo, o Presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Marco Antônio Barbosa, e a relatora da Comissão Especial, Suzana Keniger Lisboa. Luiz Cunha, ou Crioulo, como era conhecido o militante, foi morto aos 29 anos de idade, após ser preso numa emboscada preparada pelo DOI-CODI, em 13 de julho de 1973. A versão oficial afirma que ele foi morto a tiros, mas as fotos de seu corpo evidenciam que ele teria sido torturado antes de morrer. "Não conhecemos a história verdadeira, só temos a versão oficial", afirma a relatora Suzana Lisboa. A Comissão recebeu ontem, dia 28/06, o laudo que confirma como sendo de Luiz Cunha a ossada encontrada há 15 anos, numa cova de indigente, no Cemitério de Perus, em São Paulo. "O DNA de ossada é uma tecnologia nova no Brasil e autoridades, na época, não pagaram o exame fora do país", afirma a viúva Amparo Araújo. O exame, realizado pelo laboratório Genomic - Engenharia Molecular, de São Paulo, comparou parte de um osso com marca de ferimento à bala com amostras de sangue da mãe e de um irmão de Cunha. O MPF em São Paulo atua no caso desde 1999, quando instaurou procedimento administrativo para apurar os motivos que levaram à não-conclusão do exame de DNA necessário à identificação da ossada de Flávio Molina, também encontrada em Perus. Com a intervenção do MPF, os restos mortais de Molina, Cunha e outros militantes políticos mortos no auge da repressão militar foram transferidos da Unicamp para o Instituto Médico Legal de São Paulo. Em 2005, o IML/SP ainda não havia apresentado previsão para a conclusão do exame. O MPF solicitou então, à Comissão Especial, que enviasse a ossada para um laboratório particular. A atuação foi da Procuradora da República Eugênia Fávero (PRSP). Durante a coletiva, a Dra. Ela Wiecko ressaltou a importancia da participação do MPF para esclarecimento das mortes e desaparecimentos de militantes políticos, como no caso da Guerrilha do Araguaia. A PFDC lembrou ainda que, em outubro do ano passado, durante a 85ª Reunião do Comitê de Direitos Humanos da ONU, realizada em Genebra, a demora na apuração das denúncias de tortura e dos casos de mortos e desaparecidos políticos durante o período da ditadura militar foi um dos pontos em que o 2º Relatório Brasileiro Relativo ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos mereceu críticas do Comitê. Anexo, arquivo com a cronologia do caso Luiz José da Cunha. Mais informações podem ser obtidas no site www.desaparecidospoliticos.org.br. Assessoria de Documentação, Informação e Divulgação - ADID Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão - PFDC/MPF Tel: 3031-6009 Fax: 3031-6112 [email protected] Contato: Helena Lúcia, Marlene e Valéria SAF Sul, Quadra 04 – Lote 03 - Bloco B – Sala 303 CEP: 70.050-900 – Brasília – DF Telefones: 3031-6000 – 3031-6006/6112 (fax) e-mail: [email protected]