Periodicidade: Diária Temática: Cultura i Classe: Informação Geral Dimensão: 944 05122014 Âmbito: Nacional Imagem: S/Cor Tiragem: 80000 Página (s): 32 Kilimanjaro biográfico Umsafari em que a neve é gasolina Ler toda a obra de Hemingway não é pêra doce mas foi o que fez Rodrigo Francisco Veja o resultado a partir de hoje em Almada do num safari com Hemingway entre leo MIGUEL BRANCO pardos e elefantes entre cana de pesca e A savana africana oferece nos a sujida de e um tostão É barata a luz laranja que esconde um homem que sucumbe à gan grena que as ligaduras cobrem Sorte a dos abutres que ameaçam a cama do seu fim azar o de Harry que à boleia da sua bebida de eleição whisky com soda recor da todas as linhas que esqueceu de trans por para o papel Acampamento de rico com vista para a neve que lá em cima aclara o cume do Kilimanjaro e onde Harry alter ego de Ernest Hemingway pela mão de Rodri go Francisco e da Companhia de Teatro de Almada em co produção com o Tea tro Nacional D Maria II descortina o autor norte americano através de con tos e outras prosas Kilimanjaro basea do em grande medida em As neves do Kilimanjaro está no Teatro Municipal Joaquim Benite em Almada a parir de hoje e até dia 14 Quantos não gostariam de ter embarca caçadeira enfim mundanismos que sem pre foram de travo doce para os seus lei tores sentimento que o dramaturgo de serviço Rodrigo Francisco partilha Hemingway é um autor que me acom panhou bastante na juventude e que foi responsável pela minha entrada na lite ratura Era um grande existencialista escon dido Não há na literatura exemplos que não sejam dramaturgos e que tenham atingido um nível de perfeição de diálogo como ele conta É exactamente por aí que segue este enre do onde a linearidade não podia existir não estivéssemos nós perante um texto sobre Hemingway pela excelência da escrita do autor que o próprio definiu em comparação com um iceberg de um ice berg apenas se consegue vislumbrar um sétimo do seu tamanho total O que fica a faltar está submerso o que fica a faltar é silêncio O importante não é o que é dito é o que não é dito Aquilo que pedi aos actores foi que materializassem aquilo que não é dito e em algumas cenas isso funciona de forma incrível afirma Rodri go Francisco homem que em dois anos leu tudo o que podia ter lido sobre Hemingway toda a sua ficção biogra fias correspondência até meio dos anos 30 E mais houvesse mais leria Foi um bocado complicado ler tudo confesso Depois de ter tudo lido quis fazer o contrário do que o Hemingway fazia ou seja ele servia se das suas próprias expe riências para criar ficção eu parti da fic ção para enxertar as suas próprias vivên cias admite Tudo coisas que o caro leitor vai poder testemunhar de uma forma não conven cional É que o palco mais parece uma are na livre de mobiliário e enquadramentos reais fixos um quadrado central com qua tro bancadas laterais onde os actores são ougladiadores será o inverso e Hemingway Fazia mea sua faltapresa que o espectador como Hemingway estivesse mais de perto a ver o que está a aconte cer E todo este cenário que não existe ser visse só como dispositivo para as perso nagens diz o dramaturgo O mesmo que para ter uma grande ins piração hemingwayana se deslocou a Bil bau e por lá ficou durante uma semana entre esplanadas e corridas de touros Foi uma experiência algo traumatizante Entrei de tal maneira na sua vida que às tantas estava a ler uma biografia sobre ele e fiquei traumatizado com a morte deste homem que eu sabia que tinha morrido em 61 É como se ele tivesse morrido várias vezes Aí vai mais uma