Vestibular UERJ 2016
Gabarito Comentado
Questão 1
Esta questão direciona o candidato para a análise das diferentes etapas dentro da narrativa; portanto, está relacionado
ao elemento tempo. Talvez alguns acabem, simplesmente, caracterizando-as como passado e presente. Ocorre que essa
resposta estaria inadequada dado que toda a narrativa ocorre no passado. Desse modo, devem-se especificar os tempos
passados da vida da protagonista na ordem em que aparecem no texto: a adolescência e a infância.
Por fim, era necessário transcrever a passagem do tempo passado para outro mais passado; o que fica evidente no
período “Houve tempo em que Clarete se chamava simplesmente Clara.”.
Questão 2
Trata-se de uma questão voltada para a análise sintática das orações e para as suas classificações.
Em “certificando-se de que não ia chover”, a oração “de que não ia chover” complementa o verbo “certificando-se” e,
assim, é seu objeto indireto e uma oração subordinada substantiva objetiva indireta. Por outro lado, em “Clarete também teve
o bom senso de não insistir”, a oração “de não insistir” complementa o substantivo “senso” e, assim, é seu complemento
nominal e uma oração subordinada completiva nominal reduzida de infinitivo.
Inclusive, vale destacar que o gabarito não inclui a especificação “reduzida de infinitivo”; o que - para nós - é importante
para que se ofereça a classificação completa.
Questão 3
O discurso indireto livre, em que se confundem as vozes do narrador e do personagem, contribui para a análise
psicológica e marca extrema aproximação entre narrador e personagem. Certamente, os segmentos “Que nome!” e “Que
esquisitice, já se viu?” evidenciam melhor esse recurso devido ao tom que assumem.
Posteriormente, a questão pede o evento da narrativa - sem necessidade de transcrição - que causa o discurso direto
“Que amor!”. Essa fala da personagem se justifica em razão de ela ter se admirado do chapéu da moça sentado à sua frente,
o qual lhe atraiu a atenção.
Questão 4
Apesar de o enunciado perguntar a respeito de prosa urbana modernista, as características relativas a conteúdo e
linguagem nele presentes não exigem que se conheça especificamente a prosa modernista, mas o modo de composição
modernista e seus temas.
Em se tratando do conteúdo, o leitor percebe a reprodução de uma interação comum e despretensiosa entre os
personagens; o que remete ao tema do cotidiano, do banal, do corriqueiro, do prosaico. Quanto à linguagem, termos como
“idiota” e “zureta” evidenciam a informalidade comum ao Modernismo.
Questão 5
Trata-se de questão puramente gramatical, que explora pronome relativo e sintaxe de regência.
Ao trocar o pronome relativo “que” por “a qual”, devem-se juntar a preposição “a” e “a qual” de modo a obter-se “à qual”.
O mesmo se aplica à junção entre “a qual” e “em”, que forma “na qual”.
Questão 6
Como o enunciado pediu o foco narrativo, os candidatos tendem a responder “terceira pessoa onisciente”. Ocorre que
a Banca põe em seu gabarito oficial: “Uma das respostas”. Por isso, preocupa-nos que ela tire ponto de alunos que optem
pela classificação completa. Fica aqui a recomendação de que, em questões sobre foco narrativo, o mais seguro é apontar
apenas se ele é de primeira ou de terceira pessoa.
A seguir, é preciso relacionar esse foco ao tempo psicológico. O leitor deve perceber que a visão distanciada e plena
do narrador permitiu-lhe saber e expor o estado de espírito do personagem antes da prova de natação.
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Gabarito Comentado
Questão 7
O estado de tensão do personagem está sugerido pelos vocábulos “sacrifício”, “condenado” e “execução”. Deve-se,
portanto, atentar para uma inferência a partir de pistas vocabulares no trecho.
Por fim, quando se pede o recurso do último parágrafo que enfatiza esse estado de Eduardo, o candidato deve observar
os adjetivos “desprotegido” e “nu” ou a reiteração do substantivo “sacrifício”. Talvez, como o enunciado se mostrou abrangente
ao cobrar o “recurso”, alguns acabem respondendo o uso metafórico de “nu”.
Questão 8
Certamente, parece fácil ao candidato que os traços que, associados, parecem inconciliáveis são a pobreza e a
felicidade. A seguir, pedem-se duas figuras de linguagem “que reforçam o significado do verso”: antítese entre “pobre” /
“mendigo” x “ditoso”; repetição ou anáfora do “sou”; gradação dada a sequência crescente entre os vocábulos.
Vale frisar que, como a questão fala de “traços que podem ser considerados inconciliáveis”, alguns devem ter se sentido
induzidos a responder paradoxo. Ocorre que, ao mesmo tempo, a questão modaliza o pedido com o verbo auxiliar “podem”,
que aponta para a não obrigatoriedade do absurdo ou da incoerência entre os vocábulos presentes. Grosso modo, é possível
ser feliz mesmo que pobre.
Questão 9
O candidato nesta questão tem de aplicar a regra básica de concordância, segundo a qual o verbo concorda com o
sujeito. No caso de “Oito dias lá vão que ando cismado”, o verbo “vão” concorda com o sujeito “Oito dias”.
A troca de “ir” por “fazer” exige que o candidato aplique uma regra mais específica: quando o verbo “fazer” expressa
tempo, ele se torna impessoal; por isso, permanece na terceira do singular.
Questão 10
O candidato deve saber que a primeira geração romântica (também denominada nacionalista ou indianista) explora
temas como o índio, a natureza e o Brasil. No poema lido, o resgate temático da pátria fica claro no verso “Minha pátria é o
vento que respiro,”.
A diferença de abordagem desse tema, por outro lado, reside em o poema não assumir ufanismo no tratamento da
pátria; senão em meramente utilizá-la subjetivamente e relacioná-la a seu sentimento.
Professores: Raphael Hormes e Thiago Braga.
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