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Classificação do artigo 6 mar 2015 O Globo
CRISTIANE JUNGBLUT E EVANDRO ÉBOLI opais@ oglobo.com. br
Renan ataca Janot, diz que houve
excessos e que não foi ouvido
Na lista da Lava­Jato, senador afirma que procurador está em eleição
Presidente do Senado diz que Janot está “em processo de reeleição” e se queixa por não ter sido
ouvido. ­BRASÍLIA­ Após ter sido incluído na lista dos investigados na Operação Lava­Jato pelo procurador­
geral da República, Rodrigo Janot, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB­AL), defendeu ontem a
criação de regras para a recondução de chefe do Ministério Público, inclusive com a desincompatibilização
do cargo. Renan disse que Janot está em “processo de reeleição” e criticou o fato de não ter sido ouvido
com antecedência antes de ter seu nome incluído.
AILTON DE FREITAS
Reação. Renan propôs que procurador­geral e todos os chefes de Executivo se afastem do
cargo para tentar reeleição
Quanto à sua inclusão na lista de investigados, Renan disse que sempre foi praxe ouvir os citados em
depoimentos e que isso não ocorreu. Repetiu que não tem informação sobre sua inclusão no processo.
— Só lamento que o Ministério Público não tenha ouvido as pessoas como é praxe pra que as pessoas
questionadas possam se defender, apresentar as suas razões. Mas isso tudo é da democracia. Quando há
excesso, quando há pessoas citadas injustamente, a democracia depois corrige tudo isso — disse Renan.
Renan aproveitou um debate em plenário sobre a reeleição de cargos do Executivo para citar a
questão do Ministério Público. Frisou que o senador Luiz Henrique (PMDB­SC) foi governador e se afastou
do cargo (desincompatibilizou­se) para concorrer.
— Essa (a desincompatibilização) é uma prática que deveria valer para todas as eleições, do Executivo,
até mesmo do Ministério Público. Estamos com o procurador­geral da República em processo de reeleição
para a sua recondução ao Ministério Público. Quem sabe nós, mais adiante, não vamos ter que, a exemplo
do que estamos fazendo com as reeleições do Executivo, também ter que regrar esse sistema que o
Ministério Público tornou eletivo — disse Renan.
O nome do procurador­geral da República tem que ser aprovado pelo Senado, após uma sabatina. É
permitida a recondução. Janot assumiu em setembro de 2013 e termina seu mandato em setembro e
pode ser reconduzido.
Em mais uma alfinetada, Renan disse que o antecessor de Janot, Roberto Gurgel, fez o pagamento
retroativo aos magistrados de R$ 275 milhões relativos a auxílio­ moradia e acrescentou que esse ato
teve influência na sua recondução.
— O saudoso doutor Gurgel, pagou de uma só vez R$ 275 milhões ao Ministério Público, de vários
anos de ajuda­moradia. De uma só vez, em pleno processo eleitoral, ele pagou R$ 275 milhões. E é
evidente que isso ajudou no próprio processo de recondução — disse Renan.
CARDOZO REAGE A TUCANOS
Ontem, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reagiu às acusações feitas pelo senador Aécio
Neves ( PSDB­ MG) de que o governo teria agido para incluir nomes de políticos da oposição na lista de
Janot.
— Minha manifestação é de repúdio a manifestações feitas por parlamentares da oposição no sentido
de que autoridades do governo tenham agido para incluir ou retirar nomes da lista apresentada pelo
procurador­geral da República nas investigações da Operação Lava­jato. É inaceitável esse tipo de
afirmação. O governo conhece muito claramente o campo de suas atribuições e afirmo, em alto e bom
som que, se no passado governos usavam esse expediente, nós não fazemos — disse Cardozo.
Em nota o PSDB reagiu a Cardozo: “A imprensa tem noticiado as controversas e questionáveis
movimentações do ministro da Justiça nos últimos meses. Elas mostram que o senhor Cardozo tem se
comportado cada vez mais como militante partidário e como advogado de defesa do PT do que como
ministro da Justiça.
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