fotos: MAURICIO MORAIS Jornal dos Empregados do itaú Unibanco | Sindicato dos BancÁrios e FinanciÁrios de SÃo Paulo, Osasco e regiÃo | CUT | MAIO 2014 A secretária-geral do Sindicato, Ivone Silva, entre o diretor da UNI Europa Márcio Monzani e a diretora da UNi Americas Adriana Rosenzvaig. No detalhe, Ivone assina acordo que defende trabalhadores do Itaú de práticas como assédio moral e discriminações em geral. Acordo rege práticas na América Latina Documento norteia princípios como respeito à organização dos trabalhadores e combate ao assédio moral T rabalhadores da América Latina e representantes do banco Itaú assinaram no final de março o Acordo Marco Global. O documento é resultado de dois anos de intensos debates e negociações e conduz princípios básicos das relações de trabalho a serem adotadas pela empresa nos países onde atua. Além do Brasil, a instituição financeira está na Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai. Entre os fundamentos do acordo estão o respeito às normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o combate aos assédios moral e sexual, a garantia de liberdade de organização sindical e a abolição de qual- quer tipo de discriminação no emprego, independentemente de etnia, religião, opinião política, gênero ou orientação sexual. O acordo foi assinado pelos representantes do Itaú, pela UNI Global Union – que representa 20 milhões de trabalhadores no mundo –, pelo Sindicato e demais entidades de bancários dos países envolvidos, pelas confederações Contraf-CUT e Contec. “A assinatura desse acordo significa um avanço no sentido de garantir e reconhecer o direito dos trabalhadores de se organizarem. E de fazer com que a empresa busque implementar, em todos esses países, uma política de contratação sem discriminação. Temos de buscar por meio do diálogo social um constante avanço sustentável e esse acordo é um exemplo disso”, disse o dirigente sindical André Luis Rodrigues, diretor regional da UNI Américas Finanças, braço da UNI Global Union. A secretária-geral do Sindicato, Ivone Silva, destacou o processo de negociação do acordo. “Apesar de ter durado dois anos, houve muita acessibilidade das partes envolvidas. Foi um processo intenso, com diversas reuniões, telefonemas e trocas de e-mails, que envolveu diferentes países e culturas diversas”, afirmou, reforçando a participação dos sindicatos de cada país signatário. O secretário-geral da UNI Global Union, Philip Jennings, ressaltou que o Brasil e suas instituições mantêm hoje um papel muito mais estratégico do que há dez anos. Para o secretário jurídico do Sindicato, Carlos Damarindo, o acordo é uma importante ferramenta para pavimentar a defesa e a organização dos bancários em seus respectivos países. “As instituições financeiras hoje atuam em nível global, por isso os trabalhadores também precisam lutar pela ampliação e proteção dos seus direitos em nível internacional”, afirma o dirigente. 2 Itaunido • maio 2014 assédio moral Itaú lucra e explora como nunca Ganhos são obtidos através da cobrança por metas abusivas, o que gera adoecimento O Itaú atingiu lucro líquido de R$ 4,5 bilhões no primeiro trimestre de 2014, crescimento de 29% em relação aos primeiros três meses de 2013. Por outro lado, nos últimos 12 meses, já são 2.759 vagas a menos. Para os funcionários remanescentes, resta se desdobrarem para lidar com o acúmulo de tarefas dos demitidos e atingir as metas abusivas por meio dos programas Prad e Agir. Para piorar, todos são cobrados pelas metas, mas apenas 20% são contemplados pelo Prad. No Agir, a situação é mais absurda. Ninguém recebe a remuneração variável. O depoimento de uma bancária que sofreu perseguição e assédio moral do seu superior para o cumprimento de metas corrobora. "Passei mal no trabalho. Chorava o tempo todo. Emagreci 10 quilos, não conseguia ir nem na esquina de casa", conta a bancária, que desenvolveu síndrome do pânico e depressão, e está afastada desde 2012. Ela conta que durante este tempo a falta de apoio do banco foi total. "O RH não me ligou uma vez sequer para saber como eu estava. Não conseguia nem passar na frente do lugar onde trabalhava que o sofrimento voltava na minha cabeça. Demorei muito para perceber, mas existe vida além do trabalho", relata emocionada. “A ampliação das agências com horário estendido e agências sem vigilantes também fazem parte da estratégia do Itaú para crescimento dos lucros. O bancário acaba trabalhando além de sua jornada, muitas vezes não tem nem horário de almoço e ainda vive o temor da falta de segurança”, ressalta a dirigente Valeska Pincovai. No ano passado, o banco lucrou R$ 15,69 bilhões, o maior da história no Brasil. “Exigimos do Itaú a contratação de trabalhadores e o fim das demissões imotivadas, afinal, quem tanto trabalhou para o seu crescimento merece respeito!”, afirma Valeska. perseguição Doentes devem passar por médico do banco Bancários temem que medida sirva para identificar trabalhadores para demissões O Itaú tem obrigado os operadores de atendimento do CAT e do ITM que apresentam atestado com afastamento de mais de cinco dias a passar por consulta no médico do trabalho contratado pelo banco. Segundo o dirigente sindical Sergio Lopes, o Serginho, o Itaú alega que a medida faz parte de um programa de prevenção e saúde do trabalhador. Porém, para os funcionários, a medida não passa de uma forma de ampliar a perseguição e discriminação aos adoecidos. “É um desrespeito com o bancário, pois se o perito do INSS já o afastou, não tem porque passar por um médico designado pelo empregador”, opina o dirigente. Segundo denúncias, o médico do Itaú poderá contestar o atestado apresentado. “Há um conflito de interesses, já que há a possibilidade do médico contratado pelo emprega- dor não ser favorável ao bancário”, afirma o dirigente Antônio Soares, o Tonhão. Transtornos – Outro problema é que, muitas vezes, os adoecidos não podem comparecer para levar o atestado. Quem não levar o atestado em 48 horas terá falta injustificada. “Esse fato mostra que o trabalhador adoecido não serve mais para o banco. Vamos pressionar por mudanças”, afirma Tonhão. Bancários querem ambulatórios de volta! Os funcionários dos CAs Vila Mariana e Teodoro Sampaio querem os ambulatórios de volta. Este foi o resultado da consulta realizada por dirigentes sindicais aos bancários das duas concentrações. O Itaú, no entanto, já anunciou que não voltará atrás na extinção do serviço, mesmo após enfáticos protestos. No dia 14 de abril, ambas as concentrações, que abrigam cerca de 800 trabalhadores, ficaram fechadas o dia todo. Três dias depois, os prédios foram novamente interditados pelo Sindicato e só voltaram a funcionar depois que o banco aceitou propor uma solução alternativa ao fim dos postos de saúde. O dirigente sindical Maikon Azzi ressalta que muitos funcionários com problemas crônicos de saúde como pressão alta, diabetes e doenças cardíacas utilizam o serviço dos ambulatórios. “Eles dizem temer o fim do atendimento e dependerem de um socorro que custará a chegar aos locais. Por isso nós vamos continuar com os protestos até que o banco apresente uma solução”, afirma o dirigente. atestados médicos Afastados sofrem com fim do atendimento especializado Funcionários em licença enfrentam problemas para entregar documentos; solicitações agora são entregues ao gestor A extinção do atendimento a funcionários no balcão do Centro Administrativo da Praça Patriarca tem causado muitos transtornos aos bancários licenciados que precisam entregar documentos sobre afastamentos. Desde janeiro, todas as solicitações devem agora ser entregues diretamente ao gestor imediato. Uma bancária que desenvolveu depressão por causa do trabalho e teve que pedir afastamento conta que quase perdeu o direito ao salário pago durante a licença médica por causa da demora. “Mandei dois e-mails com o atestado de afastamento do INSS para o gestor, que encaminhou para área de licenças, e eles diziam que não recebiam. Finalmente disseram que receberam no dia 10 de março. O banco só deu entrada no INSS no dia 12 de março. A pericia foi marcada para o dia 19 de março. O banco me ligou de um dia para o outro me avisando da perícia. Falei com meu supervisor e ele disse que isso está acontecendo o tempo todo”, conta a bancária, que continua afastada. A mudança produziu tanta demora e confusão, que afastados chegam a receber telegramas avisando sobre risco de demissão ou abandono de emprego. De acordo com as dirigentes sindicais Marta Soares e Valeska Pincovai, o atendi- mento tornou-se moroso porque gestores não receberam orientação. “Agora o envio é por fax e e-mail. Muitas vezes, os documentos estão ilegíveis e o atendimento ao afastado, que já não era bom, passou a ser um total descaso”, afirma a secretária de Saúde do Sindicato, Marta Soares. “O gestor recebe os documentos e não encaminha porque não sabe o que fazer. O bancário doente fica em casa e ainda recebe comunicado de abandono de emprego”, conta a dirigente Valeska Pincovai. O Sindicato cobrou a solução do problema, mas ainda não obteve resposta. [email protected] • Editado pela Secretaria de Imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região-CUT • Presidenta: Juvandia Moreira • Diretor de Imprensa: Ernesto Shuji Izumi • Diretores responsáveis: Adriana Oliveira Magalhães, Aladim Takeyoshi Iastani, Aline Molina (Fetec-CUT), Ana Tércia Sanches, André Luis Rodrigues, Antônio Alves de Souza, Andréa Aniela (Fetec-CUT), Andréa Barcelos (Fetec-CUT) Antônio Inácio Pereira Junior, Antonio Soares (Fetec-CUT), Carlos Alberto Garcia (Fetec-CUT), Carlos Miguel B. Damarindo, Clarice Torquato Gomes da Silva, Daniel Santos Reis, Érica Godoy (Fetec-CUT), Francisco Cezar B. de Lima (Contraf-CUT), Ivone Maria da Silva, Jair Alves dos Santos (Fetec-CUT), José do Egito Sombra, Julio Cesar Silva Santos, Luis Claudio Marcolino (Honorário), Maikon Azzi (Contraf-CUT), Manoel Elídio Rosa, Márcia do Carmo Nascimento Basqueira, Maria Cristina Castro, Maria Helena Francisco, Marta Soares dos Santos, Mauro Gomes, Nelson Ezídio Bião da Silva, Onísio Paulo Machado, Paulo A. Silva (Fetec-CUT), Rogério Castro Sampaio, Sérgio Francisco, Sérgio Luis Lopes (Fetec-CUT), Valeska Pincovai (Fetec-CUT) e Valter Madalena (Fetec-CUT) • Redação: Rodolfo Wrolli • Diagramação: Yone Shinzato • Correspondência: Rua São Bento, 413, 2º andar, Subsecretaria de Bancos • CEP 01011-100 • Tel. 3188-5200, fax 3104-3354 • Impresso na Bangraf 11 2940-6400.