COMEÇANDO PELO COMEÇO
o que VOCÊ
Para ajudar especialmente o jovem que tem
dúvidas com relação à carreira, indicarei a seguir
alguns caminhos para identificar quais são realmente
os seus sonhos e alcançar resultados extraordinários
na vida profissional e pessoal.
Quero iniciar falando sobre o conceito de Rudolf Steiner (1861-1925), educador, filósofo e cientista austríaco que desenvolveu a antroposofia. Para
ele, a nossa vida está dividida em três fases. Apesar de
cada biografia ser única e não existirem duas histórias
iguais há certas fases de desenvolvimento que são
comuns a todas as pessoas. As três grandes são:
D Até os 21 anos: fase do amadurecimento
biológico.
D Dos 21 aos 42 anos: fase do amadurecimento psicológico.
D Acima de 42 anos: fase do amadurecimento
espiritual.
Se dividirmos cada fase em três partes, teremos
os setênios e aí fica mais fácil entendermos quais
comportamentos e atitudes são esperados em cada
etapa de desenvolvimento.
vai ser quando
CRESCER?
Por Rosana Rodrigues*
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Vencer!
Quero começar, contando sobre o processo de escolha
da carreira de uma cliente, pois é interessante para mostrar
a importância de um bom planejamento. Ao refletir sobre
seu histórico profissional, ela se deu conta de que sua trajetória foi construída parte racionalmente, parte intuitivamente.
Racionalmente, por ter decidido, antes de iniciar o
ensino médio, que a área de Humanas seria o caminho mais
natural para ela. Tomou essa decisão baseando-se nos bons
resultados que apresentava nessas matérias. Também contribuiu o fato de passar a observar mais de perto e trocar
informações com alguns profissionais que admirava.
Intuitivamente, porque ela sabia o que mais gostava de
fazer, imaginava como poderia colocar seus sonhos em
prática e adorava criar "filmes" em sua cabeça. Neles, ela
visualizava exatamente aquilo que desejava. E, sem saber, já
estava trabalhando sua Missão de Vida, Visão e Valores,
conceitos que só conheceu anos depois.
Hoje ela tem absoluta certeza de que fez a escolha certa
e, mais tarde, procurou o trabalho de um coaching para melhorar sua performance. Está segura, no entanto, de que
poderia ter economizado alguns passos e investido em outras atividades se tivesse tido, desde o início, uma orientação
especializada.
SETÊNIO
FASE
1º setênio (0 a 7 anos) . . . . . . . . . .Infantil
2º setênio (7 a 14 anos) . . . . . . . . .Juvenil
3º setênio (14 a 21 anos) . . . . . . . .Adolescente
4º setênio (21 a 28 anos) . . . . . . . .Emotiva
5º setênio (28 a 35 anos) . . . . . . . .Racional
6º setênio (35 a 42 anos) . . . . . . . .Consciente
7º setênio (42 a 49 anos) . . . . . . . .Imaginativa
8º setênio (49 a 56 anos) . . . . . . . .Inspirativa
9º setênio (56 a 63 anos) . . . . . . . .Intuitiva
KEYSTONE
Saiba quais são os
PRIMEIROS PASSOS
para o jovem
escolher e planejar
a sua carreira
Como você pode ver, o 3º e o 4º setênios
englobam justamente a etapa em que a maioria das
pessoas escolhe o curso que irá fazer, assim como o
início da vida profissional.
Na fase adolescente, é comum se formular perguntas como: "Quem sou eu?", "O que vim fazer
neste mundo?", "O que quero ser na vida?". Tais
questões ficam ainda mais difíceis de serem respondidas quando se sofre a pressão:
D Dos pais - cuja preocupação principal é se o
filho vai escolher uma profissão que lhe dê estabili-
Vencer!
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COMEÇANDO PELO COMEÇO
dade financeira e segurança, e não pretende seguir o
seu coração.
D Dos educadores - assim como os pais, na
melhor das intenções, pressionam o aluno para conseguir a aprovação nas universidades de primeira
linha, sem, no entanto, verificar se o que a instituição
propõe está de acordo com seus sonhos.
D Do mercado - que oferece cada vez menos
empregos e prega o conceito da empregabilidade, o
qual dita regras para se obter um emprego como se
você fosse igual a todos os outros.
Em seguida, na fase emotiva, como o próprio
nome já expressa, passamos por grandes variações emocionais. Apesar de ter adquirido muito conhecimento
teórico na vida escolar e possuir muita energia, ainda
não temos experiência suficiente para colocar os
conhe0cimentos em prática. Portanto, a primeira tarefa
para a escolha da carreira é descobrir a sua Missão de
Vida, Visão de Futuro e seus Principais Valores. Você
precisa saber o que quer realizar na sua vida (MISSÃO),
como quer fazê-lo (VISÃO) e também em que você
acredita (VALORES). Fazer algumas perguntas para si
mesmo podem lhe ajudar nessa descoberta:
D O que gostaria de realizar na vida para se
considerar completamente realizado?
D Se tivesse todo o dinheiro que necessita, o que
mudaria na sua vida e o que não mudaria?
D Quais são as três coisas mais importantes da sua
vida?
D Quais são os seus valores? No que você acredita?
Com essas respostas, que, convenhamos, não são
fáceis obter, podemos partir para a segunda tarefa,
que é identificação de suas inclinações profissionais.
Para isso, costumo utilizar o teste de "âncoras de carreira", desenvolvido por Edgar H. Schein, capaz de
identificar o que é realmente importante para você na
sua carreira. Ao final da avaliação, você descobre se
sua inclinação profissional está entre:
D Ser um especialista.
D Ser um gerente geral.
D Ter autonomia / independência.
D Ter segurança / estabilidade.
D Criar o seu próprio negócio.
D Dedicar-se a uma causa social.
D Ter grandes desafios.
D Aliar trabalho com vida pessoal e ter qualidade
de vida.
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Vencer!
A TERCEIRA ETAPA que proponho é uma
revisão do seu passado, desde a infância até os dias
atuais. Pense nos seguintes aspectos:
Infância
- Qual foi a primeira profissão que pensou em
seguir?
- O que mais gostava de fazer quando era criança?
Família
- Qual a carreira profissional dos seus pais e
familiares mais próximos?
- Qual a influência deles nas escolhas que fez ou
pretende fazer?
Colégio e faculdade
- Quais matérias você mais se interessa e as que
menos gosta?
- Como é o relacionamento com os professores?
Empregos anteriores
- Como foi o processo de escolha dos empregos?
- Quais atividades que mais gosta e menos gosta
no dia-a-dia do trabalho?
Atividades de lazer
- O que costuma fazer nas horas vagas?
Trabalhos voluntários
- Que tipo de trabalho já realizou?
Por mais simples que possa parecer, ao rever seu
histórico você toma consciência de alguns padrões
em suas escolhas. Tive um cliente que, ao relatar seu
histórico no primeiro encontro se deu conta de que
suas escolhas foram norteadas pelas crenças de seu
pai, uma pessoa extremamente conservadora. Isso fez
com que ele entendesse seus processos de escolha até
então e, a partir daí, decidisse como gostaria que elas
acontecessem dali em diante. Com essa auto-avaliação, é possível você identificar melhor o seu perfil e
o que realmente gosta de fazer.
A QUARTA ETAPA
Não menos importante é descobrir quais são
suas forças. Segundo Peter Drucker, "a maioria das
pessoas pensa que sabe o que faz de melhor.
Normalmente elas estão erradas." Segundo ele, uma
excelente maneira de descobri-las é solicitando a
opinião dos outros. Sugiro um exercício simples e
poderoso que pode ajudá-lo!
Faça uma lista, o mais completa que puder, com
diversos adjetivos. Exemplo:
Abusado, confiável, envolvido, agitado, confidente,
especialista, agressivo, conservador, estável, alerta,
consistente, ético, ambicioso, constante, exato, amigável,
controlado, expansivo, amistoso, conservador, expressivo,
analista criativo, arrogante, curioso, fechado.
Depois, escolha e anote os adjetivos que mais
retratam suas características. Seja o mais honesto possível! Em seguida, peça para uma pessoa que o conheça bem, que escolha os adjetivos que o retratam,
sem que veja aqueles você já escolheu. Por fim, compare os resultados e verifique se há diferenças em
como você se vê e como é visto pela outra pessoa. Se
os adjetivos que a outra pessoa não percebeu forem,
em sua opinião, importantes para o alcance de seus
objetivos, estabeleça um plano de ação para alcançálos. Assim, você pode passar para a análise dos próximos passos:
QUE CURSO FAZER?
É aqui que você decide se o curso que pretende
fazer ou está fazendo alinha-se aos seus objetivos e ao
seu perfil. Uma cliente, seguindo apenas o conceito da
"empregabilidade", matriculou-se no MBA de uma
renomada instituição. Porém, durante o programa de
coaching, já no terceiro e último módulo do curso,
percebeu que a maior parte do conteúdo das aulas não
estava de acordo com seus planos futuros. Por estar na
reta final, decidiu concluí-lo, mas percebeu o grande
desperdício de tempo e dinheiro que veio da falta de
planejamento. Ou seja, se ela tivesse feito essa análise
anteriormente, talvez tivesse descoberto que as competências que buscava desenvolver no MBA não
estavam alinhadas aos seus objetivos.
EM QUAL UNIVERSIDADE ESTUDAR?
Existem manuais que podem lhe orientar sobre
as principais informações a serem analisadas na escolha da universidade. Segundo os especialistas, os pontos mais importantes são:
DVerificar se a universidade é credenciada pelo
MEC.
DChecar se a universidade disponibiliza os recursos
necessários (instalações, equipamentos, bibliotecas).
DChecar a qualificação do corpo docente.
DConversar com alunos e ex-alunos para colher a
opinião deles sobre a universidade.
D Analisar a distância da residência e/ ou do
trabalho.
DEstudar o valor da mensalidade e despesas
(moradia, alimentação, transporte).
DConferir a qualidade do curso oferecido através
do Exame Nacional de Cursos ("Provão").
Acima de tudo isso, você precisa entender que o
sucesso nessa escolha só se concretizará se assumir a
responsabilidade pelo curso, dedicando-se aos estudos e envolvendo-se ao máximo com o ambiente
acadêmico e com tudo o que ele pode proporcionar.
Mas saiba: isso você só irá conseguir se estiver totalmente identificado com o curso que escolheu.
TRABALHO X UNIVERSIDADE
Se você optar pela vida acadêmica para, por
exemplo, ser um pesquisador, é possível que tenha
que dedicar praticamente todo o seu tempo aos estudos. Alguns podem contar com a ajuda financeira
dos pais, outros não. Para isso, existem algumas alternativas, como financiamento para cobrir o pagamento da mensalidade do curso ou bolsa de estudos,
como bolsa-alimentação, bolsa-moradia etc.
Por outro lado, você pode optar em desenvolver
uma carreira dentro de organizações. Nesse caso, é
possível trabalhar enquanto estuda, ou se dedicar
somente à universidade. Lembre-se que fazendo isso
será interessante investir em uma universidade de
primeira linha que justifique sua falta de experiência
na prática.
Entendo que o casamento trabalho X universidade só pode ser uma união feliz, se houver uma
coerência entre o seu perfil e a atividade que realiza
no seu dia-a-dia. Se o que você aprende na universidade estiver alinhado a tudo isso, excelente! Grande
parte dos jovens que me procuram estão insatisfeitos
ou porque trabalham apenas em função do dinheiro,
frustrados por não poder colocar em prática aquilo
que vivenciam na universidade, ou, justamente ao
contrário, porque descobriram no seu trabalho a sua
paixão e fazem um curso que não tem nenhuma
relação com o mesmo.
QUE TIPO DE TRABALHO REALIZAR?
Para responder a essa dúvida, é necessário ana-
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COMEÇANDO PELO COMEÇO
lisar o planejamento de carreira. Se você definiu que
seu objetivo é ser o presidente de uma grande organização, é interessante que transite na linha do tempo,
analisando quais seriam os passos necessários para
alcançar essa meta. Exemplo:
NORTON GOMES
A idéia é que você possa traçar um plano de
ação, elaborando a sua meta passo a passo, preferencialmente, começando pelo objetivo de longo prazo.
Com isso você pode analisar cada oportunidade com
a meta em vista.
No exemplo, coloquei o estágio ou um programa de trainee como as duas opções iniciais de trabalho. Não quer dizer que essa seja a regra, mas é o
caminho que o jovem que está estudando ou é
recém-formado procura normalmente seguir. E por
isso, achei interessante salientar, sucintamente, a
diferença entre um e outro.
O estágio não é um emprego. É um complemento do aprendizado dos cursos médio, técnico ou
superior, regido pela lei nº 6.494 de 07 de dezembro
de 1977 e regulamentado através do decreto nº
87.497 de 18 de agosto de 1982. É a oportunidade
que você terá de colocar em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula, de modo que possa
vivenciá-los no dia-a-dia e, assim, refletir sobre a
escolha do seu caminho profissional.
Já como trainee você será um funcionário que irá
participar de um programa estruturado de treinamento e desenvolvimento para que, em um curto
espaço de tempo, possa assumir uma posição gerencial. No geral, para participar de um programa de
trainee, você precisa ter entre 22 e 30 anos, estar cursando o ensino superior ou ser recém-formado e ter
o domínio de, pelo menos, um idioma.
EM QUE EMPRESA TRABALHAR?
A linha de raciocínio aqui é muito parecida com
a que sugeri na escolha da universidade. Alguns pontos importantes para você levar em consideração
antes de aceitar uma proposta de emprego:
DLocalização da empresa: avalie a cidade, o
bairro e as próprias instalações da empresa.
DPerfil da empresa: verifique quais são as vantagens e desvantagens de trabalhar em uma empresa
de pequeno, médio ou grande porte; nacional ou
multinacional; qual o segmento de atuação (indústria, comércio ou serviços).
DRemuneração: lembre-se de analisar não só o
salário, mas também bônus, benefícios, incentivos e
comissões.
DCargo: veja quais são as metas propostas, o
nível de responsabilidade e autoridade e quais recursos estarão disponíveis para a realização do seu
trabalho.
DCultura da empresa: verifique, por exemplo,
se o clima de trabalho é participativo, conservador ou
burocrático, o grau de profissionalismo entre os colegas, as atividades sociais internas.
DTipo de liderança: principalmente para você
que está começando, ter um líder com perfil orientador, que dá feedback constante e tolera os erros de
aprendizagem pode fazer toda a diferença no sucesso
de sua carreira profissional.
Para finalizar, converse com pessoas que têm
profissões e atuam em segmentos em que você pensa
investir. Não há nada melhor do que trocar informações com quem já percorreu o caminho e pode lhe
mostrar a realidade de forma mais clara e objetiva.
Não há uma fórmula para o sucesso. A auto-avaliação
e o autoconhecimento são as melhores ferramentas
que você pode utilizar para definir o rumo de sua
vida profissional e pessoal. Pense: quando você tiver
80 anos e refletir sobre a vida que teve, como irá se
sentir?
Você é 100% responsável por sua felicidade! !
* Rosana Rodrigues é psicóloga e consultora de
desenvolvimento pessoal e profissional, responsável
pelo desenvolvimento e coordenação do Programa
de Coaching para Jovens Profissionais da
Crescimentum (www.crescimentum.com.br)