PEQUENOS NEGÓCIOS APICULTURA: a criar abelhas arte de Desde sua criação, em setembro de 2007, a Comissão de Estudo Especial de Cadeia Apícola (ABNT/CEE-87) vem desempenhando papel estratégico para o desenvolvimento da apicultura brasileira, contribuindo nos processos de padronização de equipamentos e utensílios, e na comprovação da qualidade dos produtos apícolas brasileiros. Por meio das normas técnicas, produzidas no âmbito da ABNT/CEE-87, inúmeros processos, como sistemas de produção no campo para os principais produtos apícolas (mel, própolis e pólen), com mercados, tanto internos como externos altamente demandantes, assim como, aspectos voltados ao controle da qualidade desses produtos (normas de métodos de ensaio) e de padronização de equipamentos e utensílios (colmeia, centrífuga) e de segurança e durabilidade (vestimentas apícolas) vêm sendo trabalhados no âmbito da Comissão, com inúmeras normas publicadas. 22 • boletim ABNT | Set/Out 2015 Pequenos_negocios.indd 22 29/09/2015 15:05:35 “Alguns desses aspectos abordados pela ABNT/ CEE-87 são demandas históricas do setor, como é o caso da norma da colmeia langstroth, que objetivou estabelecer os padrões de dimensão e de qualidade de sua construção e uso de materiais. Esse utensílio fundamental para a prática de uma apicultura racional apresentava uma situação de total despadronização dimensional, o que leva a uma série de repercussões negativas, tanto do ponto de vista do manejo das abelhas, como da vida útil dos materiais e sua relação com os equipamentos a serem utilizados para a retirada do mel dos favos, que dependem de um padrão de quadros para a sua correta fabricação e utilização”, relata o coordenador da comissão, Ricardo Camargo. Set/Out 2015 | boletim ABNT • 23 Pequenos_negocios.indd 23 29/09/2015 15:05:38 PEQUENOS NEGÓCIOS Segundo o coordenador, a disponibilização de normas para o setor permite que os órgãos oficiais venham a utilizá-la como padrão técnico referencial e assim seus requisitos possam ser inseridos na descrição de processos licitatórios em compras governamentais, o que impede que materiais de baixa qualidade e sem a devida padronização dimensional possam vir a serem escolhidos nesses processos, apenas por apresentarem menor preço, contribuindo para a competitividade e credibilidade dos Pequenos Negócios. “Tal aspecto é fundamental para se evitar a concorrência desleal nesse setor, onde empresas oportunistas acabam entrando nesse cenário, sem a devida competência técnica para a fabricação desses equipamentos, o que irá afetar diretamente na condução da atividade e no seu desenvolvimento”, comenta Ricardo. Para o coordenador, o conceito de normalização ainda precisa ser amplamente difundido junto aos diferentes atores dessa cadeia produtiva, para que essa cultura possa ser devidamente incorporada ao seu planejamento setorial. Entretanto, o setor já dispõe de exemplos positivos do uso da norma como vantagem mercadológica, onde algumas empresas tiveram ao incorporar em seus sistemas de industrialização as normas já disponíveis, como é o caso da norma da colmeia, onde as empresas que passaram a seguir os requisitos estabelecidos nessa norma para a fabricação das colmeias, apresentaram forte crescimento comercial. Isso mostra, que mesmo sem a devida incorporação do conceito de normalização nesse segmento, o setor reconhece o diferencial da aplicação de uma norma técnica em seu negócio, e passa a dar preferência aqueles produtos ou serviços que demonstrem sua aplicação. 24 • boletim ABNT | Set/Out 2015 Pequenos_negocios.indd 24 29/09/2015 15:05:39 “Apesar do potencial de produção e crescimento que a apicultura brasileira apresenta, esse setor ainda tem desenvolvimento tecnológico abaixo do que pode ser observado em outros países desenvolvidos, principalmente nos aspectos de automação e uso de equipamentos para minimização do esforço físico envolvido na atividade. Pela alta diversidade biológica de nossos biomas, os produtos apícolas produzidos no País também apresentam características e propriedades diferenciadas dos produtos encontrados no mercado internacional, o que leva a uma necessidade de tipificação para sua devida valoração”, explica Ricardo. Esse aspecto vem sendo abordado na norma de tipificação e caracterização da própolis brasileira e que já se encontra em fase final de elaboração para envio à Consulta Nacional. O mesmo caminho trilhado pelo produto própolis, deverá ser seguido para os outros produtos como o mel e pólen apícola, o que demandará novos processos de elaboração de normas para essa finalidade. A disponibilidade de normas com essas características permite que o setor venha a fazer uso delas em processos de certificação e denominação de origem e identificação geográfica, assim como está ocorrendo para as própolis vermelha produzida no estado de Alagoas e com a própolis verde produzida no estado de Minas Gerais, contribuindo assim para sua valoração e agregação de valor no mercado internacional desse produto. Set/Out 2015 | boletim ABNT • 25 Pequenos_negocios.indd 25 29/09/2015 15:05:41 PEQUENOS NEGÓCIOS Outro fator positivo que pode ser observado nesse processo de normalização do setor apícola é o fato de que o arcabouço legal para esses produtos, principalmente aqueles voltados ao seu controle de qualidade, como é o caso dos Regulamentos Técnicos de Identidade e Padrão estão desatualizados e as normas que vem sendo produzidas estão levando em consideração o que “mudou” no cenário internacional para essa classe de produtos e assim disponibilizando materiais atuais ao setor, permitindo que os próprios órgãos regulamentadores dessa atividade venham a utilizá-los como referência, tanto em processos de revisões da legislação existente, como na construção de novas legislações para produtos ainda não contemplados. eb e e ABNT o e e em o e e o Ne io o e o o m t i b ilei o o e o “Essa última situação é claramente evidenciada, quando consideramos a situação da meliponicultura brasileira (criação racional das abelhas sem ferrão), que está totalmente desassistida de arcabouço legal para seus produtos. Dessa forma, oficinas de levantamento de demandas já estão sendo realizadas em todas as regiões do País e onde o processo de construção de normas técnicas para o setor, por sua agilidade operacional e participação efetiva de todos os elos da cadeia permitirá que em breve sejam disponibilizados aos meliponicultores materiais referenciais de suma importância para o desenvolvimento do setor, que além dos gargalos regulatórios atuais, ainda enfrenta uma situação de despadronização generalizada e carência de materiais orientadores e referenciais”, finaliza Ricardo. O Sebrae e a ABNT oferecem ao Pequeno Negócio o acesso às normas técnicas brasileiras por 1/3 do preço. Algumas normas estão disponíveis, gratuitamente, mediante cadastro, que podem auxiliar os empresários a se tornarem mais competitivos no mercado. Acesse: www.abnt.org.br/paginampe e saiba mais sobre o convênio. 26 • boletim ABNT | Set/Out 2015 Pequenos_negocios.indd 26 29/09/2015 15:05:41